boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
entende que o material probatório acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />
N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />
fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />
propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />
de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />
existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />
por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />
Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />
Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />
médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />
capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />
Por derradeiro, d<strong>es</strong>cabida a realização de nova perícia médica por ou<strong>tr</strong>o <strong>es</strong>pecialista, sob pena de se negar vigência à<br />
legislação que regulamenta a profissão de médico, a qual não exige <strong>es</strong>pecialização para o diagnóstico de doenças ou para<br />
a realização de perícias. Argüição de nulidade rejeitada.<br />
Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />
Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />
Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 24, na<br />
forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />
Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />
que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />
Boaventura João Andrade<br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />
23 - 0005980-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005980-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />
SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x ANTONIA MARIA RODRIGUES CAMPELO<br />
(ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.).<br />
Proc<strong>es</strong>so n.º 0005980-63.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de Vitória<br />
Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
Recorrida: ANTONIA MARIA RODRIGUES CAMPELO<br />
Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />
E M E N T A<br />
RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />
LABORAL VERIFICADA. RESTRIÇÃO FUNCIONAL COMPROMETEDORA DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE HABITUAL.<br />
DIB COINCIDENTE COM A DATA DA CESSAÇÃO INDEVIDA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.<br />
SENTENÇA MANTIDA.<br />
Este recurso inominado foi interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS às fls. 54-57, em razão de<br />
sentença que julgou parcialmente procedent<strong>es</strong> os pedidos, condenando a autarquia recorrente a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício de<br />
auxílio-doença previdenciário NB 534.394.142-3, d<strong>es</strong>de a data da c<strong>es</strong>sação indevida, a dizer 21.10.2010. Sustenta o<br />
recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que a recorrida não se apr<strong>es</strong>enta incapaz para exercício de sua atividade habitual, conforme<br />
concluiu o perito do Juízo. Aduz que não há nos autos elemento de prova apto a infirmar tal conclusão e ensejar a<br />
conc<strong>es</strong>são do benefício pretendido. Caso assim não se entenda, pugna que ao menos seja fixada DIB na data da<br />
realização da perícia judicial, sem qualquer condenação anterior àquela data, na <strong>es</strong>teira de reiterada jurisprudência do<br />
Colendo Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a<br />
sentença, julgando-se improcedente a pretensão autoral ou, subsidiariamente, procedida à alteração da DIB.<br />
As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 65-71.<br />
A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />
cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />
cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />
for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />
ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />
A condição de segurada e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. A qu<strong>es</strong>tão que reman<strong>es</strong>ce cinge-se, pois, a<br />
aferir a existência ou não de incapacidade laborativa.<br />
Consoante análise pericial do Juízo (fls. 31-33), a recorrida (41 anos) foi examinada e diagnosticada com l<strong>es</strong>ão neurológica<br />
do membro superior direito (qu<strong>es</strong>ito nº 01), patologia que, en<strong>tr</strong>etanto, não a incapacita para o exercício da atividade habitual<br />
de inspetora <strong>es</strong>colar/adminis<strong>tr</strong>adora (qu<strong>es</strong>itos nºs 08 e 09). Consignou, todavia, o expert que a periciada “consegue