boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
15 - 0005906-43.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005906-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) REGINA LUCIA HOLZ<br />
(ADVOGADO: DIMAS PINTO VIEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE<br />
LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).<br />
Proc<strong>es</strong>so n.º 0005906-43.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° de JEF Vitória<br />
Recorrente: REGINA LUCIA HOLZ<br />
Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />
E M E N T A<br />
RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />
LABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES.<br />
RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />
Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 54-62, em razão de sentença que julgou improcedente o<br />
pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.<br />
Sustenta a recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que o magis<strong>tr</strong>ado sentenciante baseou-se apenas e tão somente no laudo pericial para<br />
formar seu convencimento, d<strong>es</strong>prezando prova <strong>es</strong>sencial consubstanciada nos laudos médicos particular<strong>es</strong> coligidos, os<br />
quais at<strong>es</strong>tam a incapacidade total e definitiva para o labor. Aduz que percebera auxílio-doença previdenciário por<br />
aproximadamente 03 (<strong>tr</strong>ês) anos, o qual foi c<strong>es</strong>sado pela autarquia previdenciária, muito embora subsistisse a incapacidade<br />
laborativa. Assevera, por fim, correr o risco de agravamento de sua doença caso compelida a retornar ao <strong>tr</strong>abalho. Com<br />
base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedent<strong>es</strong> os pedidos deduzidos na inicial.<br />
As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 66-69.<br />
A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />
cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />
cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />
for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />
ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />
D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa da<br />
recorrente.<br />
Consoante análise pericial do Juízo (fls. 34-35), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de ortopedia, a recorrente (57 anos) foi<br />
examinada e diagnosticada com dor na região lombar, tendo sido submetida a ar<strong>tr</strong>od<strong>es</strong>e da coluna lombar para <strong>tr</strong>atamento<br />
de <strong>es</strong>pondilolist<strong>es</strong>e lombar. Trata-se de patologia de ordem degenerativa que, no entanto, não a incapacita para o exercício<br />
de sua atividade habitual de costureira (qu<strong>es</strong>itos n°s 07, 08 e 09). Qu<strong>es</strong>tionado sobre as característic as da doença,<br />
asseverou o expert que a periciada apr<strong>es</strong>entou limitação na flexão da coluna lombar, com t<strong>es</strong>te de lasegue negativo, t<strong>es</strong>te<br />
de SLR normal e marcha normal (qu<strong>es</strong>ito n° 02). Sobr e as limitaçõ<strong>es</strong> funcionais que impediriam o d<strong>es</strong>empenho da atividade<br />
habitual, informou que a recorrente não pode carregar p<strong>es</strong>o, inexistindo óbice à realização de <strong>tr</strong>abalho sentada (qu<strong>es</strong>ito n°<br />
11). Quanto à eventual nec<strong>es</strong>sidade de adaptaçõ<strong>es</strong> no posto de <strong>tr</strong>abalho, elucidou que conquanto não tenha sido verificada<br />
incapacidade, a realização de intervalos e mudanças de posição podem ajudar a periciada a apr<strong>es</strong>entar melhor<br />
d<strong>es</strong>empenho (qu<strong>es</strong>ito n° 15).<br />
Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />
provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />
determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />
após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />
acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />
N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />
fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />
propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />
de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />
existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />
por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />
Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />
Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />
médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />
capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />
Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />
Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />
Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 29, na<br />
forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />
Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />
que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />
Boaventura João Andrade