17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL<br />

RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:<br />

ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-31, 51<br />

ADENILSON VIANA NERY-11, 115, 117, 118, 124, 127, 128, 3, 52, 6, 72, 74, 77, 98<br />

ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-57<br />

ADRIANA ZANDONADE-135, 136, 28, 68, 81<br />

ADRIANA ZAPALA RABELO-99<br />

ADRIANE ALMEIDA DE OLIVEIRA-67<br />

ALAN ROVETTA DA SILVA-57<br />

ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA LOPES-110<br />

ALECIO JOCIMAR FAVARO-135, 136, 137, 138<br />

ALEXANDRE RABELLO DE FREITAS-101<br />

ALFREDO ANGELO CREMASCHI-69<br />

ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-143, 85, 87, 91, 92<br />

Allan Titonelli Nun<strong>es</strong>-139, 153<br />

ALMIR GORDILHO MATTEONI DE ATHAYDE-114<br />

ALMIR MELQUIADES DA SILVA-103<br />

AMANDA MACEDO TORRES MOULIN OLMO-108<br />

ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-146, 33<br />

ANA MERCEDES MILANEZ-112<br />

ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-84<br />

ANA PAULA CESAR-8<br />

ANDRÉ CAMPANHARO PÁDUA-122<br />

ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-108, 11, 115, 117, 119, 124, 127, 47, 50, 52, 59, 60, 65, 74, 75,<br />

ANDRÉ DIAS IRIGON-4, 69, 8<br />

ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES-73<br />

ANILSON BOLSANELO-113<br />

Antonio Carlos Carara Ponciano-149<br />

ANTONIO HERMELINDO RIBEIRO NETO-105, 44<br />

ANTÔNIO JUSTINO COSTA-121<br />

ANTONIO VALDEMIR PEREIRA COUTINHO-62, 63<br />

ARY RABELO PAULUCIO-101<br />

BRIAN CERRI GUZZO-137<br />

BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-148<br />

BRUNO MIRANDA COSTA-12, 147, 26, 58, 91, 96<br />

BRUNO SANTOS ARRIGONI-44<br />

CARLOS ALBERTO AMORIM DE ASSIS-89<br />

CARLOS GOMES MAGALHÃES JÚNIOR-58<br />

CARLOS VINICIUS SOARES CABELEIRA-2<br />

Carolina Augusta da Rocha Rosado-30, 79<br />

CATARINE MULINARI NICO-151, 93<br />

CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-149<br />

CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-23, 25, 88, 97<br />

CLÁUDIO LÉLIO DOS ANJOS-104<br />

CLEBER ALVES TUMOLI-100, 34<br />

CLEBSON DA SILVEIRA-112, 82<br />

DANIELA DE CASTRO NEVES-79<br />

DÁRIO DELGADO-83<br />

DIMAS PINTO VIEIRA-15<br />

DOURIVAN DANTAS DIAS-24<br />

DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-142<br />

EDGARD VALLE DE SOUZA-109, 110, 111, 120, 126<br />

EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-46<br />

EDUARDO FRANCISCO DE SOUZA-144<br />

EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA-34


EDUARDO SOARES CARARRA-135, 136, 137, 138<br />

EDUARDO VAGO DE OLIVEIRA-37<br />

ELAINE CRISTINA ARPINI-61<br />

ELIZABETH GAVA DE SOUZA-79<br />

ELIZETE PENHA DA LUZ-99<br />

ELVIMARA LOPES GONCALVES-71<br />

ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-35<br />

EMILENE ROVETTA DA SILVA-57<br />

ERALDO AMORIM DA SILVA-48<br />

ERIKA SEIBEL PINTO-157, 84<br />

ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-106, 40, 45<br />

EUGENIO CANTARINO NICOLAU-21<br />

EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI-55, 56, 64<br />

FABIANO ODILON DE BESSA LURETT-103<br />

FERNANDA ANDRADE SANTANA-122<br />

Filipe Domingos Commetti-123<br />

FLAVIO TELES FILOGONIO-32, 55<br />

FRANCELINO JOSÉ HENRIQUES-20<br />

GABRIELA PARMA MARÇAL-79<br />

GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS-75<br />

GISELLE PEREIRA DIAS VILLARREAL-123<br />

GLEIS APARECIDA AMORIM DE CASTRO-48<br />

GUILHERME WAYAND DA SILVA SOUTO-137<br />

GUSTAVO CABRAL VIEIRA-23, 25<br />

GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-138, 140, 155, 54<br />

GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-154, 27<br />

GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS-125, 40<br />

HELEN FREITAS DE SOUZA JUDICE-13<br />

HELTON TEIXEIRA RAMOS-158, 32, 83<br />

Hordalha Gom<strong>es</strong> Soar<strong>es</strong> Oliveira-8<br />

INGRID SILVA DE MONTEIRO-141<br />

Isabela Boechat B. B. de Oliveira-143, 16, 93, 97<br />

IZAEL DE MELLO REZENDE-112<br />

JAILTON AUGUSTO FERNANDES-132, 3, 71, 98<br />

JAMILSON SERRANO PORFIRIO-29<br />

JANAINA RODRIGUES LIMA-9<br />

JEFFERSON R. MOURA-9<br />

JERIZE TERCIANO ALMEIDA-13<br />

JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-149, 85, 89, 94<br />

JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-149<br />

JOSE APARECIDO BUFFON-104, 72<br />

JOSE CARLOS BENINCA-17<br />

JOSE GERALDO NUNES FILHO-30<br />

JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-10, 95<br />

JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-1, 130, 45<br />

JOSÉ OLIVEIRA DA SILVA-99<br />

JOSE OLIVEIRA DE SOUZA-119<br />

JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-18<br />

JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-20, 31<br />

KAMILA MEIRELLES PAULO-20<br />

Karina Rocha Mitleg Bayerl-144<br />

KÉZIA NICOLINI-131, 5<br />

Kleison Ferreira-141, 156<br />

LEONARDO JUNHO GARCIA-101<br />

LEONARDO PIZZOL VINHA-55, 56, 64, 66<br />

LIDIANE DA PENHA SEGAL-146, 78, 84


LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA-142<br />

LILIAN BELISARIO DOS SANTOS-102<br />

LILIAN MAGESKI ALMEIDA-30<br />

LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE-14<br />

LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA-39, 48<br />

LUCIANO ANTONIO FIOROT-2, 95<br />

Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho-46<br />

LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO-146<br />

LUCIANO PEREIRA CHAGAS-101<br />

LUDMYLLA MARIANA ANSELMO-34<br />

Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-42<br />

LUIZ ALBERTO LIMA MARTINS-136<br />

LUIZ CARLOS BARRETO-16, 96<br />

LUIZ CLAUDIO SOBREIRA-36<br />

MANOEL FERNANDES ALVES-60<br />

MANOELA MELLO SARCINELLI-26<br />

MARCELA BRAVIN BASSETTO-17, 70, 83<br />

MARCELA REIS SILVA-116, 123, 133, 134<br />

MARCELO MATEDI ALVES-55, 56, 64, 66, 82<br />

MARCIA RIBEIRO PAIVA-88<br />

MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA NEVES-79<br />

MARCO HENRIQUE KAMHAJI-134<br />

Marcos Figueredo Marçal-78, 80, 92<br />

MARCOS JOSÉ DE JESUS-24<br />

MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-121, 43<br />

MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-152, 153, 154, 155, 27, 28, 54, 68, 81<br />

MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO-132, 75<br />

MARIA DO CARMO NETTO FERREIRA-36<br />

MARIA ISABEL PONTINI-108<br />

MARIA MARGARIDA MELO MAGNAGO-90<br />

MARIA REGINA COUTO ULIANA-107, 41, 47, 50, 65<br />

MARIANA MARCHEZI BRUSCHI-33<br />

MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-112<br />

MARILENE NICOLAU-12<br />

MARIO SERGIO NEMER VIEIRA-133<br />

MATHEUS GUERINE RIEGERT-99<br />

MICHELE ITABAIANA DE CARVALHO PIRES-30<br />

MILA VALLADO FRAGA-13<br />

NEIDE DEZANE MARIANI-56<br />

OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO-38<br />

OSCARLENE BARROSO L. MEIRA-156<br />

PAULA GHIDETTI NERY LOPES-11, 98<br />

Paulo Henrique Vaz Fidalgo-103, 131, 37, 5<br />

PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO-104, 49<br />

PEDRO INOCENCIO BINDA-105, 44<br />

RAFAEL ALMEIDA DE SOUZA-94<br />

RAMON RAIMUNDO BATISTA DOS SANTOS-100<br />

RENATA BUFFA SOUZA PINTO-86<br />

RENATA GÓES FURTADO-157<br />

RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS-7<br />

RICARDO FIGUEIREDO GIORI-70<br />

RISONETE MARIA OLIVEIRA MACEDO-71<br />

ROBNEI BATISTA DE BARROS-105, 106, 44<br />

RODOLFO GOMES AMADEO-145<br />

RODOLFO PRANDI CAMPAGNARO-158<br />

RODRIGO BARBOSA DE BARROS-62, 63


odrigo peixoto pimentel-36<br />

RODRIGO SALES DOS SANTOS-34, 67<br />

RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-102, 107, 109, 111, 118, 120, 126, 128, 129, 41, 49<br />

ROGERIO SIMOES ALVES-32, 83<br />

RONALDO DE SOUZA GUIMARAES-7<br />

ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-76, 87, 90<br />

SAMYRA CARNEIRO PERUCHI-20<br />

SANTOS MIRANDA NETO-12<br />

SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-112<br />

SEBASTIAO EDELCIO FARDIN-113<br />

SEBASTIÃO FERNANDO ASSIS-131, 5<br />

SELCO DALTO-101<br />

SELMA SEGATO VIEIRA-53<br />

SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR-39, 42<br />

SHIZUE SOUZA KITAGAWA-66<br />

SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-145, 15, 150<br />

SIRO DA COSTA-114, 4<br />

TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-14, 148, 18<br />

THIAGO AARÃO DE MORAES-147<br />

Thor Lincoln Nun<strong>es</strong> Grünewald-21, 22<br />

UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-1, 122, 125, 130, 19, 22, 29, 51, 53, 61, 9<br />

Valber Cruz Cereza-116, 38, 43<br />

VERA LÚCIA FÁVARES-76<br />

VILMAR LOBO ABDALAH JR.-64<br />

VINICIUS DINIZ SANTANA-150<br />

Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-57<br />

VINÍCIUS RIETH DE MORAES-99<br />

WESLEY LOUREIRO DA CUNHA-139, 140<br />

WILLIAN PEREIRA PRUCOLI-80<br />

WILLIAN SILVA SALLES-10<br />

Expediente do dia<br />

26/11/2012<br />

1ª Turma Recursal<br />

JUIZ(a) FEDERAL DR(a). ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

DIRETOR(a) DE SECRETARIA<br />

Nro. Boletim 2012.000195<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

1 - 0000562-04.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000562-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x EDINA MARIA FOLLI AMANCIO (ADVOGADO:<br />

JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000562-04.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de Linhar<strong>es</strong><br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida: EDINA MARIA FOLLI AMANCIO<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIME<br />

DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO<br />

MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 96-101 em razão da sentença<br />

de fls. 90-94 que julgou procedente o pedido inaugural, condenando o recorrente ao pagamento do benefício de<br />

aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo mensal, com data de início (DIB) fixada na data de en<strong>tr</strong>ada do


equerimento (DER), a dizer, 18.03.2011. Sustenta a Autarquia Previdenciária, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, o não<br />

preenchimento dos requisitos legais ensejador<strong>es</strong> da conc<strong>es</strong>são do pleiteado benefício pelas seguint<strong>es</strong> razõ<strong>es</strong>: i)<br />

d<strong>es</strong>caracterização do regime de economia familiar e, via de consequência, da qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial da recorrida,<br />

por ter seu <strong>es</strong>poso laborado na função de gerente de propriedade rural en<strong>tr</strong>e os anos de 1992 e 2003, consoante por ele<br />

m<strong>es</strong>mo afirmado nos autos do proc<strong>es</strong>so nº 2011.50.53.000343-5; ii) d<strong>es</strong>continuidade do período laborativo fora dos lind<strong>es</strong><br />

permitidos pelo art. 143 da Lei nº 8.213,1991. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se<br />

improcedente o pedido deduzido na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 109-112.<br />

Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o <strong>tr</strong>abalhador rural preencha o requisito<br />

referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda que<br />

d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo do benefício, por tempo igual ao número de<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência<br />

<strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991.<br />

In casu, verifica-se que a recorrida nasceu em 21.02.1956 (fl. 10) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por<br />

idade em 18.03.2011 (fl. 75), indeferido ao argumento de não ter sido comprovado o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

de carência exigido por lei.<br />

Ocorre que, para comprovação do exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido por lei, a recorrida juntou aos<br />

autos: 1) certidão de casamento, celebrado em 27.07.1974, em que consta a profissão do seu marido como lavrador, (fl.<br />

09); 2) <strong>es</strong>critura pública de <strong>tr</strong>ansmissão de imóvel rural, lavrada em 22.08.1974, na qual figura como adquirente seu sogro,<br />

Sr. LEOPOLDO AMANCIO, também qualificado como lavrador (fls. 15-23); 3) certidão de regis<strong>tr</strong>o emitida pelo Cartório do<br />

1º Ofício da Comarca de Aracruz/ES na qual aparece o nome do Sr. LEOPOLDO AMANCIO como proprietário do imóvel<br />

regis<strong>tr</strong>ado sob a ma<strong>tr</strong>ícula n. 410 e situado no local denominado Sertão do Gongo, Aracruz/ES (fls. 24-25); 4) Certificado de<br />

Cadas<strong>tr</strong>o de Imóvel Rural (CCIR) referente aos anos de 2003 a 2005, em que consta a informação de que o Sítio<br />

Esperança, situado em Cachoeira do Riacho, Aracruz, é um minifúndio com 1,53 módulos rurais, regis<strong>tr</strong>ado em 01.07.1976<br />

em nome de LEOPOLDO AMANCIO sob a ma<strong>tr</strong>ícula 410 no 1º Ofício (fl. 26); 5) certidão de nº 358, expedida pelo INCRA -<br />

Superintendência Regional do Estado do Espírito Santo, donde é possível aferir a informação de que LUCIENE<br />

GONÇALVES FERREIRA AMANCIO, nora da recorrida conforme documento de fl. 33, “... é assentado(a) no Projeto de<br />

Assentamento PA NOVA ESPERANÇA, localizado no(s) município(s) de ARACRUZ, inscrito(a) no Sistema de Informaçõ<strong>es</strong><br />

de Projetos de Reforma Agrária – SIPRA, sob o código ES 001000000071, onde d<strong>es</strong>envolve atividad<strong>es</strong> rurais em regime de<br />

economia familiar no lote/gleba/parcela rural n. 02 - , que lh<strong>es</strong> foi d<strong>es</strong>tinada d<strong>es</strong>de 30/10/2008, conforme Proc<strong>es</strong>so<br />

Adminis<strong>tr</strong>ativo/INCRA/ n. 54340..001543/2008-88” (grifei) (fl. 32); 6) Documento de fl. 33, intitulado “Espelho da Unidade<br />

Familiar - Identificação”, emitido em nome de LUCIENE GONÇALVES FERREIRA AMANCIO, nora da recorrida, e em cuja<br />

parte final consta a seguinte observação: “DEPENDENTE SOGRO. ANTONIO BATISTA AMANCIO CPF 577.293.877-00 E<br />

SOGRA EDNA MARIA FOLLI AMANCIO NASCDA LINARES CPF 952.341.287-68 MORAM NO PA DESDE 22/12/2006.”<br />

(sic); 7) prontuário de ambulatório, emitido pela Prefeitura Municipal de Linhar<strong>es</strong>/ES, em que foi qualificada como lavradora<br />

(fls. 43-44); 8) ficha de ma<strong>tr</strong>ícula de seu filho, na qual foi consignada sua profissão enquanto <strong>tr</strong>abalhadora braçal (fls.<br />

47-49), den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os.<br />

A certidão de casamento con<strong>tr</strong>aído em 27.07.1974, donde se ex<strong>tr</strong>ai a qualificação profissional do marido da recorrida<br />

(lavrador), constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo<br />

verbete sumular nº 6 da Turma Nacional de Uniformização -TNU.<br />

Por seu turno, as provas t<strong>es</strong>temunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

nec<strong>es</strong>sário ao adimplemento da carência exigida, 180 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, consoante a tabela prevista no art. 142 da Lei nº 8.213/1991.<br />

Por oportuno, <strong>tr</strong>ago à colação r<strong>es</strong>umo dos depoimentos lançados pelo magis<strong>tr</strong>ado sentenciante:<br />

“DEPOIMENTO PESSOAL: nasceu em 1956; r<strong>es</strong>ide atualmente no assentamento nova <strong>es</strong>perança, em Aracruz. Está há 8<br />

anos no assentamento; r<strong>es</strong>ide ali numa casa que era de seu filho Leopoldo; o terreno <strong>es</strong>tá no nome da nora, LUCIENE<br />

FERREIRA GONÇALVES AMANCIO. Ant<strong>es</strong> de morar no assentamento morava no terreno de seu sogro, em Cachoeira do<br />

Riacho, Aracruz. A propriedade tinha meio alqueire; plantava lá (ainda tem) café, mandioca, milho e frutas. No<br />

assentamento planta café e feijão, milho, abóbora aipim. Está com 15 mil pés de café novo (com 1 ano de plantado). O<br />

marido da autora <strong>tr</strong>abalha também no assentamento.”<br />

“TESTEMUNHA MANOEL: tem 56 anos. Conhece EDINA há mais de 20 anos, de cachoeira do riacho, Aracruz. É lavrador.<br />

EDINA sempre <strong>tr</strong>abalhou na roça, plantando feijão, milho, mandioca, fazia farinha. Conhece seu marido, ANTONIO<br />

BATISTA NUNES. El<strong>es</strong> tem 6 filhos. Agora ela mora no assentamento nova <strong>es</strong>perança.”<br />

“TESTEMUNHA MARIA JOSÉ: tem 34 anos; conhece EDINA d<strong>es</strong>de 1996, quando ela <strong>tr</strong>abalhava no terreno dela e o<br />

marido dela <strong>tr</strong>abalhava no Dr. Candido (fazenda). A depoente mora no assentamento mas é p<strong>es</strong>cadora. Saía para vender<br />

peixe e encon<strong>tr</strong>ava a autora (era caminho). EDINA planta mandioca, café, coco, quiabo e tem fruiteiras no terreno. R<strong>es</strong>ide<br />

no assentamento nova <strong>es</strong>perança d<strong>es</strong>de 2003 mas continua <strong>tr</strong>abalhando no terreno del<strong>es</strong> na cachoeirinha do riacho (são<br />

uns 20 e poucos km do assentamento). No assentamento EDINA ajuda seu filho no plantio do assentamento (café,<br />

mandioca, milho, feijão, cria galinhas e porcos).”


“TESTEMUNHA EDINA BENTO: tem 34 anos; é p<strong>es</strong>cadora. Conhece EDINA MARIA há mais ou menos 15 anos, no brejo<br />

grande. EDINA MARIA <strong>tr</strong>abalhava no terreno que tinha na cachoeirinha, plantando café, mandioca, aipim. R<strong>es</strong>ide no<br />

assentamento nova <strong>es</strong>perança d<strong>es</strong>de 2003, continua <strong>tr</strong>abalhando na roça com café e lavoura branca.”<br />

Consignou, ademais, o magis<strong>tr</strong>ado sentenciante que “a Autora r<strong>es</strong>pondeu com muita segurança às perguntas feitas por Dr.<br />

Pedro Sá, Procurador do INSS, sobre plantio e colheita de milho e sobre criação de galinhas e de porcos”, o que corrobora<br />

a t<strong>es</strong>e de que recorrida <strong>es</strong>teve diretamente envolvida com o exercício de atividad<strong>es</strong> rurais, juntamente com sua família, por<br />

todo lapso temporal legalmente exigido.<br />

Ainda que assim não fosse, não se pode olvidar a d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sidade de comprovação documental de todo o período laborado<br />

na atividade rural, sendo suficiente a apr<strong>es</strong>entação de início de prova material, d<strong>es</strong>de que validada por prova t<strong>es</strong>temunhal<br />

idônea. N<strong>es</strong>se sentido, consolidada a jurisprudência do C. Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e da TNU. Confira-se:<br />

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVA<br />

MATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos da<br />

consolidada jurisprudência do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigida<br />

prova documental de todo o período laborado nas lid<strong>es</strong> camp<strong>es</strong>inas, sendo suficiente a apr<strong>es</strong>entação de início de prova<br />

material, d<strong>es</strong>de que corroborada por via t<strong>es</strong>temunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempo<br />

postulado quando a comprovação t<strong>es</strong>temunhal se mos<strong>tr</strong>a insuficiente para empr<strong>es</strong>tar eficácia à prova material colacionada.<br />

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Minis<strong>tr</strong>o OG FERNANDES, SEXTA<br />

TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei)<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DE<br />

ECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOS<br />

IRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTE<br />

TESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de período<br />

de labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), las<strong>tr</strong>eado no início de prova material, com base em certidõ<strong>es</strong> de nascimento dos<br />

irmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova t<strong>es</strong>temunhal. 2. Acórdão da Turma Recursal<br />

reforma sentença n<strong>es</strong>sa parte, por entender que tais documentos, caracterizador<strong>es</strong> do início de prova material, só tem<br />

aptidão para comprovar a atividade rural d<strong>es</strong>sa data em diante (1973), a d<strong>es</strong>considerar, portanto, todo o período anterior<br />

então reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 d<strong>es</strong>ta Turma Nacional não exige que o início de prova material<br />

abranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e d<strong>es</strong>ta TNU assenta entendimento de que<br />

havendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se d<strong>es</strong>eja comprovar, caberá aos ou<strong>tr</strong>os<br />

elementos do contexto probatório constant<strong>es</strong> dos autos, geralmente a prova t<strong>es</strong>temunhal, ampliar a sua eficácia probatória,<br />

quer para fim re<strong>tr</strong>ospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim de<br />

reformar o acórdão n<strong>es</strong>sa parte, a r<strong>es</strong>taurar os termos da r. sentença. (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERAL<br />

PAULO RICARDO ARENA FILHO, DOU 30/08/2011.)<br />

Decerto o fato de o marido da recorrida ter mantido vínculo empregatício, conforme se verifica à fl. 76, não gera, por si só,<br />

pr<strong>es</strong>unção d<strong>es</strong>favorável, porquanto o art. 143 da Lei nº 8.213/1991 contempla tanto o segurado <strong>es</strong>pecial (inciso VII do art.<br />

11) quanto o empregado rural (inciso I do art. 11), convindo recordar, a bem d<strong>es</strong>te particular, que empregado rural é “toda<br />

p<strong>es</strong>soa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, pr<strong>es</strong>ta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob<br />

a dependência d<strong>es</strong>te e mediante salário” (Lei nº 5.889/1973, art. 2º).<br />

Com efeito, da dicção do art. 2º da Lei nº 5.889/1973 exsurge nítido que a distinção en<strong>tr</strong>e empregado rural e urbano não<br />

r<strong>es</strong>ide no local em que <strong>es</strong>te <strong>tr</strong>abalha ou exerce a atividade, mas na natureza do empregador.<br />

Apropriada, ou<strong>tr</strong>ossim, a lembrança da orientação vertida na Súmula nº 41 da TNU, verbis: “A circunstância de um dos<br />

integrant<strong>es</strong> do núcleo familiar d<strong>es</strong>empenhar atividade urbana não implica, por si só, a d<strong>es</strong>caracterização do <strong>tr</strong>abalhador<br />

rural como segurado <strong>es</strong>pecial, condição que deve ser analisada no caso concreto.”<br />

Diante disso, forçoso concluir que o vínculo empregatício do marido da recorrida firmado com proprietário rurícola, frise-se,<br />

ainda que vi<strong>es</strong>se a ser considerado urbano, não constitui óbice ao deferimento do pretendido benefício, porquanto o fato<br />

constitutivo do direito da recorrida r<strong>es</strong>tou plenamente comprovado pelo robusto conjunto probatório existente nos autos.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%<br />

sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).<br />

ACÓRDÃO


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

92001 - RECURSO/SENTENÇA PENAL<br />

2 - 0001610-70.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001610-9/01) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (PROCDOR: CARLOS<br />

VINICIUS SOARES CABELEIRA.) x GIANCARLO STABILE (DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 0001610-70.2012.4.02.5050/01 – classe 92001<br />

RECURSO/SENTENÇA PENAL<br />

Recorrente: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL<br />

Recorrido: GIANCARLOS STABILE<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

Relatório<br />

O Ministério Público <strong>Federal</strong> interpôs Apelação (fls. 30-33), objetivando a reforma da sentença proferida nas fls. 26-28 na<br />

qual foi rejeitada a denúncia oferecida em face de GIANCARLOS STABILE qualificado na fls 03 por entender, em r<strong>es</strong>umo,<br />

não configurada a moldura do tipo previsto no art. 330 do Código Penal, na forma do art. 395, inciso III, do Código de<br />

Proc<strong>es</strong>so Penal.<br />

De início, releva <strong>tr</strong>anscrever excertos das razõ<strong>es</strong> recursais oferecidas pelo MPF in litteris:<br />

“(...) 1) A sentença deve ser anulada porque não obedeceu ao rito previsto no art. 81 da Lei nº 9099/95, que diz que a<br />

denúncia deve ser recebida em audiência, depois de dada a palavra ao defensor para r<strong>es</strong>ponder à acusação, enquanto que<br />

no pr<strong>es</strong>ente caso o MM. Juiz rejeitou a denúncia de plano, violando assim a lei federal no artigo citado. Em razão disso,<br />

requeiro seja anulada a sentença qu<strong>es</strong>tionada e determinada ao juízo de piso que marque audiência de ins<strong>tr</strong>ução e<br />

julgamento, ocasião própria para a avaliação do recebimento ou não da denúncia.<br />

2) Quanto ao mérito, observo que o caso pr<strong>es</strong>ente não se <strong>tr</strong>ata de prisão civil de depositário infiel pelo óbvio motivo de que<br />

não é uma causa civil, mas uma acusação criminal com base no código penal.<br />

3) A vedação à prisão civil não impede a existência e constitucionalidade do tipo penal de d<strong>es</strong>obediência, nem que seja a<br />

d<strong>es</strong>obediência de uma ordem judicial de penhora. A r<strong>es</strong>ponsabilidade criminal exige a prova do dolo e das elementar<strong>es</strong> do<br />

tipo penal em um proc<strong>es</strong>so com ampla def<strong>es</strong>a, depois de acusação formalizada pelo Ministério Público, e o <strong>tr</strong>ânsito em<br />

julgado da decisão. Além disso, dificilmente ocorrerá, de fato, a prisão, uma vez que há diversos mecanismo de substituição<br />

por penas r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivas de direito e multas. (Grifei)<br />

4) A vedação à prisão civil não é uma canonização, aprovação, conc<strong>es</strong>são de imunidade ou louvor à impunidade do sujeito<br />

que ignora a ordem judicial devidamente cientificada p<strong>es</strong>soalmente e que, além disso, compareceu p<strong>es</strong>soalmente em juízo<br />

e se comprometeu a cumpri-la. É uma vedação à medida de coação de prisão em proc<strong>es</strong>so civil, que não repercute na<br />

possibilidade de persecução criminal. (Grifei)<br />

5) Lembrem-se, Excelentíssimos Julgador<strong>es</strong>, que a m<strong>es</strong>ma alegação de inconstitucionalidade em razão da vedação à<br />

prisão civil foi rejeitada de forma definitiva e pacífica no caso do crime do art. 168A do Código Penal, que se refere ao não<br />

recolhimento de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> previdenciárias d<strong>es</strong>contadas dos empregados. O que é o empregador que não um<br />

depositário do dinheiro d<strong>es</strong>contado dos empregados em face da Previdência? No entanto a constitucionalidade do art. 168A<br />

foi devidamente firmada e reafirmada pelos nossos <strong>tr</strong>ibunais superior<strong>es</strong>.<br />

6) No caso pr<strong>es</strong>ente, o sujeito não foi acusado em razão de não ter pago a dívida. Bastaria ele justificar que não havia<br />

faturamento para penhorar ou apr<strong>es</strong>entar ou<strong>tr</strong>a justificativa fundamentada. Ele foi acusado porque d<strong>es</strong>obedeceu<br />

injustificadamente a ordem judicial de penhora e nem m<strong>es</strong>mo se preocupou em se reportar à autoridade emissora da ordem<br />

legítima. Por on<strong>tr</strong>o lado, se ele <strong>es</strong>tiv<strong>es</strong>se sendo acusado por dívida, o pagamento seria causa imediata de extinção do<br />

proc<strong>es</strong>so, o que não é possível no proc<strong>es</strong>so por crime de d<strong>es</strong>obediência.<br />

Além de tudo, não se <strong>tr</strong>ata de depositário de um carro alienado fiduciariamente que <strong>es</strong>tá sendo executado por um banco,


mas de um empregador condenado pela <strong>Justiça</strong> do Trabalho que se nega a pagar os direitos CONSTITUCIONALMENTE<br />

PROTEGIDOS de seus empregados, que tem, inclusive, CARÁTER ALIMENTÍCIO.<br />

8) Peço a Vossas Excelências que <strong>tr</strong>atem o pr<strong>es</strong>ente caso com atenção, uma vez que boa parte da efetividade dos direitos<br />

sociais do <strong>tr</strong>abalho depende de penhoras de faturamento que ficariam completamente inviabilizadas se não pud<strong>es</strong>se nem<br />

em t<strong>es</strong>e haver r<strong>es</strong>ponsabilidade criminal, já que a prisão civil não existe m<strong>es</strong>mo. (Grifei)<br />

9) A tolerância com o crime de d<strong>es</strong>obediência a ordens judiciais tanto mal tem <strong>tr</strong>azido ao sistema constitucional brasileiro<br />

em que as autoridad<strong>es</strong> públicas e os particular<strong>es</strong> não têm mais qualquer r<strong>es</strong>peito por liminar<strong>es</strong> e ordens judiciais, confiant<strong>es</strong><br />

na impunidade que conseguem na prática, em razão da ineficiência do proc<strong>es</strong>so penal. Qual não será o r<strong>es</strong>ultado se <strong>es</strong>sa<br />

impunidade prtática virar direito de d<strong>es</strong>cumprir a ordem judicial?...”<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas nas fls. 41-48, nas quais aduziu, em r<strong>es</strong>umo: (i) a atipicidade da conduta a<strong>tr</strong>ibuída ao<br />

recorrido, na linha da dou<strong>tr</strong>ina e da jurisprudência d<strong>es</strong>tacadas; (ii) a vedação constitucional à prisão por dívidas, consoante<br />

a jurisprudência colacionada; e (iii) a inadequação do tipo penal à teleologia privada da execução em causa, para assim<br />

concluir pela manutenção da sentença recorrida.<br />

Passo ao voto.<br />

I) Quanto à pretendida anulação da sentença, em virtude da inobservância do rito previsto no art. 81 da Lei nº 9.099/1995 e<br />

consequente impossibilidade de prolação de sentença; regis<strong>tr</strong>e-se, foi oferecida denúncia (fls. 03-05) e o Juiz <strong>Federal</strong> em<br />

atendimento aos critérios da informalidade, economia proc<strong>es</strong>sual e da celeridade (art. 62 da Lei nº 9.099/1995), após<br />

analisar detidamente os documentos e os elementos fáticos e jurídicos oferecidos pelo Ministério Público <strong>Federal</strong> concluiu,<br />

d<strong>es</strong>de logo, segundo seu livre convencimento adequadamente motivado e embasado, diga-se, no art. 92 da referida Lei –<br />

que autoriza expr<strong>es</strong>samente a aplicação subsidiaria do Código Penal e do Código de Proc<strong>es</strong>so Penal – no sentido da<br />

atipicidade da conduta, e da ausência de justa causa para a ação penal, na forma do art. 395, inciso III, do CPP.<br />

Frise-se, se o juiz pode e deve, caso a caso, em infraçõ<strong>es</strong> penais de maior potencial ofensivo, rejeitar liminarmente a<br />

denúncia (art. 395 do CPP), de modo algum se identifica óbice legal ou fático que o impeça – em infraçõ<strong>es</strong> de menor<br />

potencial ofensivo – uma vez constatando, d<strong>es</strong>de logo, motivadamente, a ausência de justa causa, como n<strong>es</strong>te caso.<br />

Efetivamente, considero que pensar diferentemente pelo fato de tal não ocorrer mediante audiência – sem que daí se<br />

ex<strong>tr</strong>aia a ocorrência de prejuízo para as part<strong>es</strong> (arts. 563 e 564 do CPP) – importa a primazia injustificada do formal, em<br />

de<strong>tr</strong>imento do <strong>es</strong>sencial. Portanto, não reconheço defeito na regular atuação jurisdicional em qu<strong>es</strong>tão, e voto, no ponto, pelo<br />

d<strong>es</strong>acolhimento da pretensão anulatória.<br />

.<br />

II) Quanto à qu<strong>es</strong>tão de fundo, envolvendo a atipicidade ou não da conduta, impende d<strong>es</strong>tacar que a matéria fática<br />

ensejadora da causa de pedir em primeiro grau teve origem conforme se encon<strong>tr</strong>am os atos proc<strong>es</strong>suais da <strong>Justiça</strong> do<br />

Trabalho, a seguir re<strong>tr</strong>atados:<br />

Na fl. 13 vemos o mandado de penhora de renda mensal expedido pela MM Juíza do Trabalho da 3ª Vara do Trabalho de<br />

Vitória/ES, para cons<strong>tr</strong>ição de 30% (<strong>tr</strong>inta por cento) da renda da sociedade empr<strong>es</strong>ária Mercearia Ouro Minas Ltda. – Me,<br />

até o limite mensal de R$ 1.000,00 (mil reais) para pagamento do débito no montante de R$ 14.437,15 (quatorze mil<br />

qua<strong>tr</strong>ocentos e <strong>tr</strong>inta e sete reais e quinze centavos), com atualização até 01/06/2011.<br />

Realizada a penhora (fl. 14) foi nomeado fiel depositário Giancarlo Stábile denunciado/recorrido.<br />

A penhora deu-se em 14/07/2011 e até 16/08/2011 o recorrido não efetuara o pagamento. Isso levou o MM Juiz do Trabalho<br />

a determinar as providências <strong>es</strong>tampadas na fl. 15.<br />

Em razão disso, o recorrido compareceu à Secretaria do Juízo em 22 de setembro de 2011 (fl. 17) e se comprometeu a<br />

pagar mensalmente a quantia determinada en<strong>tr</strong>e os dias 5 e 10 de cada mês.<br />

R<strong>es</strong>salte-se, o Juiz do Trabalho referiu na fl. 15 pagamento de parcela pela reclamada (fls. 156 do proc<strong>es</strong>so <strong>tr</strong>abalhista).<br />

Na fl. 20 o m<strong>es</strong>mo Juiz do Trabalho, após verificada a falta de pagamento conforme fl. 174 do proc<strong>es</strong>so original, determinou<br />

nova intimação do recorrido para efetuar o pagamento no prazo de 05 dias, das parcelas alusivas aos m<strong>es</strong><strong>es</strong> de outubro e<br />

novembro de 2011, com a cominação de possível instauração de inquérito policial com vistas à apuração da prática do<br />

crime de d<strong>es</strong>obediência previsto no art. 330 do Código Penal.<br />

Em 16 de dezembro de 2011 o recorrido foi notificado, conforme certificado na fl. 23.<br />

Esse o subs<strong>tr</strong>ato fático ensejador da denúncia.<br />

Por oportuno, o Código Penal assim dispõe sobre o crime de d<strong>es</strong>obediência, in verbis:


Art. 330. D<strong>es</strong>obedecer ordem legal de funcionário público:<br />

Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) m<strong>es</strong><strong>es</strong>, e multa.<br />

Pois bem. O intuito claro da ordem judicial acima <strong>tr</strong>anscrita – embora o recorrido tenha comparecido em juízo e se<br />

comprometido a pagar o débito, e até ter iniciado o pagamento – foi r<strong>es</strong>ponsabilizar subsidiária e casuisticamente o<br />

recorrido na <strong>es</strong>fera penal.<br />

Buscou-se conferir eficácia aos atos da execução, mediante a convolação, repita-se, casuística, da prisão civil por dívida de<br />

“depositário infiel” – ante o óbice decorrente da incorporação ao ordenamento jurídico-constitucional brasileiro, mercê do<br />

pacto de São José da Costa Rica do qual o Brasil é signatário – pela clara criminalização da conduta a<strong>tr</strong>ibuída ao recorrido<br />

(art. 330 do Código Penal), de modo a obrigá-lo à satisfação do crédito em execução.<br />

Frise-se, o tipo penal em tela, pr<strong>es</strong>supõe segundo entendimento assentado no âmbito, v.g., do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> a<br />

previsão expr<strong>es</strong>sa de sançõ<strong>es</strong> civil ou adminis<strong>tr</strong>ativa cumulada com a sanção de natureza penal .<br />

Pois bem. Da forma como se observa a dinâmica do fato re<strong>tr</strong>atado acima, não se demons<strong>tr</strong>ou o indispensável dolo<br />

consistente na não en<strong>tr</strong>ega deliberada do rendimento penhorado mediante r<strong>es</strong>istência clara ou ardil; ant<strong>es</strong>, pr<strong>es</strong>umiu-se.<br />

Demais disso, de fato a natureza da sanção proc<strong>es</strong>sual civil aplicável ao caso (arts. 600 e 601 ambos do Código de<br />

Proc<strong>es</strong>so Civil) de modo algum veicula regra cumulativa com a <strong>es</strong>fera penal. Não se pode ex<strong>tr</strong>air cumulatividade, ante a<br />

simpl<strong>es</strong> referência a sançõ<strong>es</strong> de natureza material e proc<strong>es</strong>sual constante do art. 601 do CPC.<br />

Vale aqui lembrar, por oportuno, que no proc<strong>es</strong>so nº 0002371-69.2010.4.02.5051 d<strong>es</strong>ta relatoria, houve cons<strong>tr</strong>utiva<br />

divergência inaugurada pelo voto-vista do eminente Juiz <strong>Federal</strong> Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong>, acompanhado pelo<br />

eminente Juiz <strong>Federal</strong> Bruno Du<strong>tr</strong>a, vencido o relator, versando o m<strong>es</strong>mo tipo penal de d<strong>es</strong>obediência (art. 330 do CP).<br />

D<strong>es</strong>ta feita, no entanto, colho o ensejo para realçar, r<strong>es</strong>peitosamente, que o ar<strong>es</strong>to <strong>tr</strong>anscrito no voto-vista divergente <strong>tr</strong>ata<br />

de situaçõ<strong>es</strong> fáticas com nuanc<strong>es</strong> important<strong>es</strong> diversas. No ar<strong>es</strong>to em apreço, da relatoria da Minis<strong>tr</strong>a Eliana Calmon, a<br />

p<strong>es</strong>soa incriminada claramente durante <strong>tr</strong>ês anos, pôs-se a driblar a justiça e a não pr<strong>es</strong>tar contas, conforme acentuou a<br />

Minis<strong>tr</strong>a. Enquanto que, n<strong>es</strong>te caso, embora não se tenha demons<strong>tr</strong>ado que o recorrido não quer pagar ou que <strong>es</strong>tá<br />

driblando a <strong>Justiça</strong> – vez que compareceu em juízo e até iniciou o pagamento – deliberadamente r<strong>es</strong>olveu-se contornar o<br />

óbice da supr<strong>es</strong>são da prisão civil por dívidas do ordenamento jurídico.<br />

Já em relação ao segundo ar<strong>es</strong>to <strong>tr</strong>azido no r<strong>es</strong>peitável voto-vista, da relatoria da D<strong>es</strong>embargadora <strong>Federal</strong> Maria Helena<br />

Cisne, datado de 17/04/2008, cujas premissas jurídicas – em parte – não enseja discordância, ele expr<strong>es</strong>sa entendimento<br />

anterior ao julgamento pelo Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> do RE 466343/SP, relatoria do Minis<strong>tr</strong>o Cezar Peluso, em 3.12.2008,<br />

o qual levou ao cancelamento do enunciado da Súmula nº . 619 do STF. Portanto, sem embargo de entendimento em<br />

sentido con<strong>tr</strong>ário, não se aplica, ao menos por inteiro, à matéria sob exame.<br />

Regis<strong>tr</strong>e-se, ou<strong>tr</strong>ossim, que não se pode tolerar qualquer atitude comissiva ou omissiva, de não acatamento às ordens<br />

judiciais, ou que simpl<strong>es</strong>mente seja anteparo à impunidade; nem tampouco se entender que a supr<strong>es</strong>são da prisão de<br />

depositário infiel consubstancia cânone para impedir, sempre, a configuração do crime de d<strong>es</strong>obediência; no que concordo,<br />

no ponto, com o Procurador da República recorrente.<br />

Acontece que <strong>es</strong>tamos diante de qu<strong>es</strong>tão <strong>es</strong>pecífica de lege ferenda, importa dizer, o paralelismo com o tipo previsto no art.<br />

168-A do Código Penal e com o entendimento jurisprudencial d<strong>es</strong>tacado pelo MPF sobre a matéria, não se mos<strong>tr</strong>a<br />

juridicamente aceitável, basta lembrarmos que para a viabilidade da punição na forma do referido artigo em se <strong>tr</strong>atando de<br />

con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> sociais d<strong>es</strong>contadas dos empregados e não recolhidas pelo empregador, tal se deu pela Lei nº 9.983, de<br />

14.7.2000 discutida e promulgada para <strong>es</strong>pecificamente criar a figura da apropriação indébita previdenciária.<br />

E, no caso d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, por equiparação, analogia, buscou-se incriminar conduta que se quer foi objeto de apuração, p.<br />

ex.: a) se os requisitos do art. 677 do CPC foram atendidos; b) se caso fortuito ou ocorrência de força maior se verificou ou<br />

não; e c) se os elementos configurador<strong>es</strong> de depositário – tendo em conta não se ter penhorado dinheiro em depósito, mas<br />

quantias futuras sujeitas às incertezas do funcionamento da p<strong>es</strong>soa jurídica e do faturamento, se perfectibilizaram etc.<br />

Regis<strong>tr</strong>e-se, embora o Juiz do Trabalho tenha assentado em suas falas cominatórias o propósito de se instaurar inquérito<br />

policial para apurar o quadro fático d<strong>es</strong>tinado a reunir ou não, elementos configurador<strong>es</strong> do crime de d<strong>es</strong>obediência.<br />

Nou<strong>tr</strong>o vértice, há de se ter em conta, além de reiterados ar<strong>es</strong>tos do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no sentido de que quando a<br />

cominação prevista em Lei civil, proc<strong>es</strong>sual civil ou adminis<strong>tr</strong>ativa não prevê a cumulação expr<strong>es</strong>sa com reprimenda de<br />

índole penal, não se pode inferir diversamente para incriminar; o magistério que se encon<strong>tr</strong>a na Decisão proferida pela<br />

Minis<strong>tr</strong>a Cármen Lúcia (habeas corpus nº 96020/SP, julgado em 27/04/2009, Dje-082 DIVULG 05/05/2009, publicação em<br />

06/05/2009, no qual <strong>tr</strong>ata até m<strong>es</strong>mo da higidez jurídica de penhora de faturamento, e para tanto <strong>tr</strong>anscreve voto da lavra do<br />

Minis<strong>tr</strong>o Teori Albino Zavaski, in litteris:<br />

“`(...) N<strong>es</strong>te caso, ap<strong>es</strong>ar de haver ‘depositário judicial’, a penhora é sobre faturamento, o que significa dizer que não há<br />

propriamente depósito. É penhora atípica. É diferente. É comum se fazer confusão en<strong>tr</strong>e penhora de depósito em dinheiro,


em conta corrente, e penhora de faturamento. Penhora de faturamento é penhora sobre ingr<strong>es</strong>sos futuros. Assim sendo, o<br />

encargo de reter futuros ingr<strong>es</strong>sos de recursos não é o m<strong>es</strong>mo que encargo de fiel depositário, pois no momento em que há<br />

a d<strong>es</strong>ignação não existe depósito algum Concedo a ordem de habeas corpus. É o voto´”<br />

Assim colocado, independentemente de qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> relacionadas, v.g., com a regra do art. 677 do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil,<br />

com o caráter ex<strong>tr</strong>emo e excepcional da medida judicial em qu<strong>es</strong>tão, em cujos d<strong>es</strong>dobramentos, aliás, não se percebe a<br />

pr<strong>es</strong>ença de advogado etc., certo é que a matéria de fundo é de índole proc<strong>es</strong>sual civil e civil (art. 652 do Código Civil).<br />

Transmudou-se, deliberadamente, não a partir da demons<strong>tr</strong>ação de conduta típica, a não continuidade do pagamento, para<br />

a <strong>es</strong>fera penal, mediante um arranjo punitivo. Seguiu-se o intuito acusatório, diga-se, por analogia, porquanto nas<br />

circunstâncias a conduta a<strong>tr</strong>ibuída ao recorrido não atende à moldura do art. 330 do Código Penal.<br />

N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, alinho-me às razõ<strong>es</strong> adotadas em primeiro grau de jurisdição, para votar no sentido do não provimento<br />

da apelação e da confirmação da r. sentença.<br />

Custas inexigíveis (art. 4º, inciso III, da Lei nº 9.289/1996).<br />

Vitória, 04 de novembro de 2012<br />

BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

EMENTA<br />

APELAÇÃO. AÇÃO PENAL. DESOBEDIENCIA NÃO CONFIGURADA. ATIPICIDADE. DENÚNCIA REJEITADA.<br />

SENTENÇA CONFIRMADA. IMPROVIMENTO.<br />

Acórdão<br />

Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo, negar<br />

provimento à apelação, na forma da ementa que integra o julgado.<br />

Vitória, 04 de novembro de 2012<br />

BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

3 - 0000308-05.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000308-0/01) PEDRO SILVA DOS SANTOS (ADVOGADO: ADENILSON<br />

VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000308-05.2009.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São Mateus<br />

Recorrente : PEDRO SILVA DOS SANTOS<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator : Juiz <strong>Federal</strong> PABLO COELHO CHARLES GOMES<br />

E M E N T A


RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL PREEXISTENTE AO INGRESSO NO RGPS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão de conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não <strong>es</strong>tava incapaz no<br />

momento de sua inscrição no Regime Geral da Previdência Social (RGPS), que sua incapacidade só ocorreu após o seu<br />

ingr<strong>es</strong>so no RGPS, devido ao agravamento de sua doença. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja reformada a sentença, julgando-se<br />

procedente o pedido deduzido na inicial. As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se na fl. 57.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

A con<strong>tr</strong>ovérsia nos autos <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ita à preexistência da incapacidade laboral ao ingr<strong>es</strong>so no RGPS.<br />

Na análise pericial do Juízo (fls. 43-44), o recorrente (28 anos) foi examinado e diagnosticado com Lupus Eritematoso<br />

Sistêmico com poliar<strong>tr</strong>algia (qu<strong>es</strong>ito nº 02 - fl. 43), patologias que o incapacitam total e definitivamente para qualquer<br />

atividade laborativa (qu<strong>es</strong>itos nº 08 e 09 – fl. 44). Ao ser qu<strong>es</strong>tionado sobre a data de início da incapacidade, em qu<strong>es</strong>ito de<br />

nº 07 (fl. 43), asseverou o perito que o recorrente encon<strong>tr</strong>a-se incapaz d<strong>es</strong>de o ano de 2002.<br />

Da análise detida dos autos, verifica-se que o recorrente ingr<strong>es</strong>sou no RGPS em abril de 2005 (fl. 26), vertendo um total de<br />

apenas cinco con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>.<br />

Considerando que no ano de 2002 a incapacidade laborativa já <strong>es</strong>tava consolidada, r<strong>es</strong>ta patente a subsunção do pr<strong>es</strong>ente<br />

caso ao parágrafo único do art. 59 da Lei nº 8.213/1991, 1ª parte, que assim orienta: “não será devido o auxílio-doença ao<br />

segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da l<strong>es</strong>ão invocada como causa para<br />

o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progr<strong>es</strong>são ou agravamento d<strong>es</strong>sa doença ou l<strong>es</strong>ão”.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício<br />

da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO,<br />

mantendo-se a sentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

PABLO COELHO CHARLES GOMES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

4 - 0000951-92.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000951-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x MARIA ODETE POLVERINE ELOI (ADVOGADO: SIRO<br />

DA COSTA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000951-92.2011.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro<br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida: MARIA ODETE POLVERINE ELOY<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIME<br />

DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO


MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 124-130, em razão de sentença<br />

de fls. 120-122 que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade rural, com DIB fixada<br />

na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, a dizer, 25.04.2011, determinando a implementação do benefício den<strong>tr</strong>o de 30<br />

(<strong>tr</strong>inta) dias, a contar da prolação daquele decisum; condenando, ou<strong>tr</strong>ossim, a Autarquia ré ao pagamento do valor das<br />

pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas, observada a pr<strong>es</strong>crição quinquenal. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, inexistir nos<br />

autos prova suficiente do exercício de atividade rural, ao argumento de que o fato do marido da recorrida usufruir de<br />

benefício de auxílio-doença enquanto comerciário, possuir vínculos urbanos e, ainda, ter laborado como autônomo,<br />

d<strong>es</strong>caracterizariam o regime de economia familiar, implicando a perda da qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial. D<strong>es</strong>sa forma,<br />

requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 131-133.<br />

Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o <strong>tr</strong>abalhador rural preencha o requisito<br />

referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda que<br />

d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo do benefício, por tempo igual ao número de<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência<br />

<strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991.<br />

In casu, verifica-se que a recorrida nasceu em 15.02.1951 (fl. 13) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por<br />

idade em 20.01.2011 (fl. 44), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

de carência exigido por lei.<br />

Ocorre que, para comprovação do exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido por lei, a recorrida juntou aos<br />

autos: 1) carteira do sindicato rural de Cachoeiro de Itapemirim/ES emitida em 11.12.1985 (fl. 14); 2) con<strong>tr</strong>atos de parceria<br />

agrícola datados em 06.05.2010 (no qual consta a informação de que a recorrida <strong>tr</strong>abalhou na propriedade do<br />

parceiro/outorgante com con<strong>tr</strong>ato verbal de 11.12.1985 a 31.12.2003 que, por aquele ato, <strong>tr</strong>ansformava-se em <strong>es</strong>crito) e<br />

21.07.2010, no qual figura a recorrida como parceira/outorgada (fls. 15-19); 3) certidõ<strong>es</strong> da justiça eleitoral das quais se<br />

infere sua qualificação de <strong>tr</strong>abalhadora rural (fls. 20-21); 4) ficha de <strong>tr</strong>atamento odontológico emitida pela Secretaria<br />

Municipal de Saúde de Cachoeiro de Itapemirim/ES, em que foi consignada a profissão de lavradora (fls. 22-23); 5) ficha do<br />

Sistema Único de Saúde- SUS datada em 16.08.2010, na qual aparece a informação de exercer labor rural (fl. 24); 6) ficha<br />

de cadas<strong>tr</strong>o, também com sua qualificação enquanto lavradora (fl. 25); 7) ficha da prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim/ES<br />

datada em 19.04.2007, em que a recorrida figura com a m<strong>es</strong>ma qualificação profissional (fl. 27); 8) cadas<strong>tr</strong>o de p<strong>es</strong>soa<br />

física e con<strong>tr</strong>ibuinte individual datada em 17.01.2011, na qual aparece como segurada <strong>es</strong>pecial (fl. 29); 9) <strong>es</strong>critura pública<br />

lavrada em 17.08.2004, em que consta como outorgante/vendedor EDUARDO ELOY, sogro da recorrida (fls. 30-31).<br />

A carteira do Sindicato Rural de Cachoeiro de Itapemirim/ES emitida em 11.12.1985 (fl. 14), constitui início de prova<br />

material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete sumular nº 6 da Turma<br />

Nacional de Uniformização -TNU.<br />

Por seu turno, as provas t<strong>es</strong>temunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

nec<strong>es</strong>sário ao adimplemento da carência exigida, 150 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, consoante a tabela prevista no art. 142 da Lei nº 8.213/1991.<br />

Por oportuno, <strong>tr</strong>ago à colação r<strong>es</strong>umo dos depoimentos lançados pelo magis<strong>tr</strong>ado sentenciante:<br />

“Em seu depoimento p<strong>es</strong>soal, a Parte Autora declarou que <strong>tr</strong>abalha para o Sr. Sérgio Zanelato. Relatou que recebe metade<br />

do que colhe. Disse que vende milho, feijão. Na última vez que vendeu seu feijão foi em março do ano passado e o milho no<br />

fim do ano. Informou que <strong>es</strong>te ano não colheu nada porque <strong>es</strong>tá com depr<strong>es</strong>são e foi proibida de <strong>tr</strong>abalhar. Relatou que o<br />

<strong>es</strong>poso tem mantido a casa, pois <strong>es</strong>tá com problemas de depr<strong>es</strong>são. Informou que usa o dinheiro da roça para comprar<br />

remédios, roupas. Lembrou que no ano passado vendeu cinco sacos de milho por R$ 22,00 reais cada. Vendeu também o<br />

feijão por R$ 40,00 a saca, tendo vendido 1 saca e meia. Relatou que colhe feijão e milho apenas uma vez por ano.<br />

Informou que vende ovos e galinha, que lhe ajudam na d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>a. Informou que vende cerca de 20 dúzias de ovos por mês,<br />

por R$ 4,00 cada dúzia. Afirmou que planta também mandioca. Disse que quando faz cercas, o pa<strong>tr</strong>ão lhe paga por fora.<br />

Lembrou que <strong>tr</strong>abalhou para o Sr. Jair Nascimento por um pouco mais de um ano. Em Santa Fé de Cima, <strong>tr</strong>abalhou para o<br />

Sr. Eduardo Eloi. Relatou que nunca teve ou<strong>tr</strong>a atividade além da rural.” (sic)<br />

“A t<strong>es</strong>temunha ouvida, Sr. Carlos Meneguelli declarou que conhece a autora há muito tempo e sabe que ela <strong>tr</strong>abalhou nas<br />

terras do sogro, Sr. Eduardo. Pelo que sabe, a Sra. Maria Odete <strong>tr</strong>abalhou por mais de 10 anos para o sogro. Após, sabe<br />

que a autora foi morar próximo a localidade de Castelo, e continuou <strong>tr</strong>abalhando na atividade rural. Lembrou que nas terras<br />

do sogro havia lavoura de café e autora <strong>tr</strong>abalhava com o <strong>es</strong>poso.”<br />

“A t<strong>es</strong>temunha ouvida, Sr. Antonio informou que conhece a autora da localidade de Mangueira d<strong>es</strong>de 1990, informou que<br />

n<strong>es</strong>ta época a autora <strong>tr</strong>abalhava para o sogro. Atualmente a autora continua <strong>tr</strong>abalhando na roça. Informou que conheceu o<br />

<strong>es</strong>poso da autora e sabe que ele também <strong>tr</strong>abalhava na roça.”<br />

“A t<strong>es</strong>temunha ouvida, Sra. Andréia disse que conhece a autora, pois mora perto da fazenda do Sr. Américo Zanelato e<br />

sabe que o <strong>es</strong>poso da autora é caseiro d<strong>es</strong>ta m<strong>es</strong>ma fazenda. Informou que já viu a autora <strong>tr</strong>abalhando, capinando,<br />

colhendo. Sabe que lá há milho, mandioca, feijão e há também algumas galinhas. Não sabe informar o que a autora faz<br />

com o que produz.”


Ainda que assim não fosse, não se pode olvidar a d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sidade de comprovação documental de todo o período laborado<br />

na atividade rural, sendo suficiente a apr<strong>es</strong>entação de início de prova material, d<strong>es</strong>de que validada por prova t<strong>es</strong>temunhal<br />

idônea. N<strong>es</strong>se sentido, consolidada a jurisprudência do C. Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e da TNU. Confira-se:<br />

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVA<br />

MATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos da<br />

consolidada jurisprudência do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigida<br />

prova documental de todo o período laborado nas lid<strong>es</strong> camp<strong>es</strong>inas, sendo suficiente a apr<strong>es</strong>entação de início de prova<br />

material, d<strong>es</strong>de que corroborada por via t<strong>es</strong>temunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempo<br />

postulado quando a comprovação t<strong>es</strong>temunhal se mos<strong>tr</strong>a insuficiente para empr<strong>es</strong>tar eficácia à prova material colacionada.<br />

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Minis<strong>tr</strong>o OG FERNANDES, SEXTA<br />

TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei)<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DE<br />

ECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOS<br />

IRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTE<br />

TESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de período<br />

de labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), las<strong>tr</strong>eado no início de prova material, com base em certidõ<strong>es</strong> de nascimento dos<br />

irmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova t<strong>es</strong>temunhal. 2. Acórdão da Turma Recursal<br />

reforma sentença n<strong>es</strong>sa parte, por entender que tais documentos, caracterizador<strong>es</strong> do início de prova material, só tem<br />

aptidão para comprovar a atividade rural d<strong>es</strong>sa data em diante (1973), a d<strong>es</strong>considerar, portanto, todo o período anterior<br />

então reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 d<strong>es</strong>ta Turma Nacional não exige que o início de prova material<br />

abranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e d<strong>es</strong>ta TNU assenta entendimento de que<br />

havendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se d<strong>es</strong>eja comprovar, caberá aos ou<strong>tr</strong>os<br />

elementos do contexto probatório constant<strong>es</strong> dos autos, geralmente a prova t<strong>es</strong>temunhal, ampliar a sua eficácia probatória,<br />

quer para fim re<strong>tr</strong>ospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim de<br />

reformar o acórdão n<strong>es</strong>sa parte, a r<strong>es</strong>taurar os termos da r. sentença. (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERAL<br />

PAULO RICARDO ARENA FILHO, DOU 30/08/2011.)<br />

Importa salientar que, o fato de o marido da recorrida ter d<strong>es</strong>envolvido atividade urbana nos períodos de 09.1977 a 12.1977,<br />

03.1979 a 12.1980, 03.1981 a 09.1982, 11.1982 a 01.1984, 05.2007 a 07.2010 e 03.2011 a 07.2011 (fl. 48) não prejudica a<br />

contagem do tempo de atividade rural. N<strong>es</strong>se diapasão, quadra recordar a orientação da Súmula nº 41 da TNU: “A<br />

circunstância de um dos integrant<strong>es</strong> do núcleo familiar d<strong>es</strong>empenhar atividade urbana não implica, por si só, a<br />

d<strong>es</strong>caracterização do <strong>tr</strong>abalhador rural como segurado <strong>es</strong>pecial, condição que deve ser analisada no caso concreto”. Ao<br />

depois, o regime de economia familiar somente <strong>es</strong>taria d<strong>es</strong>caracterizado se a renda obtida na atividade urbana fosse<br />

suficiente para a manutenção da família, de forma a tornar dispensável a atividade agrícola (art. 11, inc. VII, §1º, da Lei nº<br />

8.213/1991).<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%<br />

sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).<br />

Oportunamente, proceda a Secretaria d<strong>es</strong>ta 1ª Turma Recursal/ES à retificação da autuação, fazendo constar como parte<br />

recorrida d<strong>es</strong>te feito MARIA ODETE POLVERINE ELOY ao invés de MARIA ODETE POLVERINE ELOI.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS


5 - 0000467-44.2006.4.02.5054/01 (2006.50.54.000467-2/01) VALDEMIRA DE SOUZA NOGUEIRA (ADVOGADO:<br />

SEBASTIÃO FERNANDO ASSIS, KÉZIA NICOLINI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2006.50.54.000467-2/01<br />

Recorrente : VALDEMIRA DE SOUZA NOGUEIRA<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – REAQUISIÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO –<br />

PRIMEIRA CONTRIBUIÇÃO RECOLHIDA APÓS SURGIMENTO DA INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente<br />

o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença. Sustenta a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que, no caso, não se<br />

(re) filiou ao INSS com a doença já d<strong>es</strong>envolvida, mas com ela em d<strong>es</strong>envolvimento, e que cumpriu o requisito do artigo 24,<br />

parágrafo único, da Lei nº 8.213/91, visto que con<strong>tr</strong>ibuiu com 1/3 das pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> nec<strong>es</strong>sárias para a obtenção do<br />

auxílio-doença, o que a fez readquirir a qualidade de segurada. Requer, assim, a reforma da sentença.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido,<br />

quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por<br />

mais de 15 (quinze) dias consecutivos, não sendo devido o benefício àquele que se filiar já portador da doença ou da l<strong>es</strong>ão<br />

invocada como causa do benefício.<br />

No caso dos autos, o juiz a quo entendeu que deve incidir o parágrafo único, primeira parte, do art. 59 da Lei nº 8.213/91,<br />

pois a autora (re) filiou-se ao Regime já acometida da moléstia incapacitante, não sendo hipót<strong>es</strong>e de progr<strong>es</strong>são nem<br />

agravamento do fator incapacitante para a profissão da autora (manicure).<br />

A autora <strong>es</strong>teve vinculada ao RGPS no período de 24/04/1995 a 31/12/1995. Após <strong>es</strong>se período, há um vínculo com a<br />

empr<strong>es</strong>a Lus<strong>tr</strong>age Acabamento e Man. em Madeiras Nobr<strong>es</strong> Ltda, com início em 03/05/1999 e sem a data da c<strong>es</strong>sação<br />

(ex<strong>tr</strong>ato do CNIS – fl. 37). O INSS alega em sua cont<strong>es</strong>tação que a autora <strong>es</strong>teve vinculada até 30/05/1999. A partir da<br />

competência “03/2005” recolheu como con<strong>tr</strong>ibuinte individual (fls. 38/39), requerendo o benefício de auxílio-doença em<br />

17/10/2005.<br />

O primeiro laudo pericial (fls. 52/53) at<strong>es</strong>ta que a recorrente tem sequelas de AVC, com incapacidade total e definitiva para<br />

o <strong>tr</strong>abalho. Concluiu o perito que a incapacidade existe d<strong>es</strong>de o início de 2005. Na segunda análise pericial (fl. 92, com<br />

r<strong>es</strong>posta a qu<strong>es</strong>itos complementar<strong>es</strong> na fl. 106) ficou evidenciada a incapacidade laborativa da recorrente, em decorrência<br />

de um AVC isquêmico, com data de início em abril de 2005 (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito complementar nº. 01 do INSS, fl. 106), que<br />

acarreta a incapacidade parcial e temporária para a realização da sua atividade habitual. O perito afirmou que o período de<br />

recuperação é de 02 (dois) anos em média. Além disso, afirmou que não havia incapacidade no mês de março de 2005<br />

(qu<strong>es</strong>ito nº 03 do INSS, fl. 106).<br />

Um dos requisitos para a obtenção do auxílio-doença é o preenchimento do período de carência que corr<strong>es</strong>ponde a 12<br />

(doze) m<strong>es</strong><strong>es</strong>. Compulsando as provas existent<strong>es</strong> nos autos, verifico que a autora, ant<strong>es</strong> de sua inscrição como con<strong>tr</strong>ibuinte<br />

individual, havia recolhido 09 (nove) con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> (vínculo existente na CTPS, ex<strong>tr</strong>ato do CNIS e cont<strong>es</strong>tação). Ou seja,<br />

possuía a qualidade de segurada, mas não havia preenchido o período de carência nec<strong>es</strong>sário. Após a perda da qualidade<br />

de segurada, a recorrente voltou a con<strong>tr</strong>ibuir como con<strong>tr</strong>ibuinte individual (primeiro recolhimento em 12/04/2005 – fl. 38).<br />

Ant<strong>es</strong> do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (17/10/2005), recolheu mais 07 (sete) con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>. Alega a recorrente que con<strong>tr</strong>ibuiu<br />

(como con<strong>tr</strong>ibuinte individual) com mais de 1/3 da carência do benefício (in casu, 04 m<strong>es</strong><strong>es</strong>), o que faria com que pud<strong>es</strong>se<br />

reaproveitar as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> passadas já pagas e que, somadas, ul<strong>tr</strong>apassam a carência nec<strong>es</strong>sária.<br />

Porém, não se deve confundir o reaproveitamento de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> passadas com a reaquisição da qualidade de segurado.<br />

Para <strong>es</strong>ta última, deve ser verificada a data do recolhimento da primeira con<strong>tr</strong>ibuição sem a<strong>tr</strong>aso, o que se deu em 12 de<br />

abril de 2005 (fl. 38). O perito do Juízo (fl. 106) foi categórico ao afirmar que a pericianda <strong>es</strong>tava capaz no mês de março e<br />

incapaz no mês de abril. Assim, verifico que a recorrente recolheu sua primeira con<strong>tr</strong>ibuição já incapaz, motivo pelo qual<br />

não faz jus ao benefício pleiteado. Sendo assim, não merece reforma a sentença prolatada pelo Juízo a quo, que<br />

considerou, corretamente, que a recorrente refiliou-se ao RGPS já incapaz.<br />

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.<br />

Sem custas e honorários advocatícios em virtude de a recorrente fazer jus ao benefício da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E, NO MÉRITO, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

6 - 0000148-09.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000148-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ISABEL JESUS SOUZA<br />

(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000148-09.2011.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São Mateus<br />

Recorrente: ISABEL JESUS DE SOUZA<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIME<br />

DE ECONOMIA FAMILIAR NÃO CARACTERIZADO. REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS. RECURSO<br />

CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 42-44, em razão de sentença de fls. 37-40 que julgou<br />

improcedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de aposentadoria rural por idade. Sustenta a recorrente,<br />

em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que há nos autos documentos comprobatórios do exercício de atividade rural em regime de<br />

economia familiar pelo período de carência legalmente exigido. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,<br />

julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 51-66.<br />

Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o <strong>tr</strong>abalhador rural preencha o requisito<br />

referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda que<br />

d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo do benefício, por tempo igual ao número de<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência<br />

<strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991.<br />

In casu, verifica-se que a recorrente nasceu em 09.09.1948 (fl. 05) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por<br />

idade em 27.07.2010 (fl. 06), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

de carência exigido por lei.<br />

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrente juntou aos autos: 1) cópia da CTPS<br />

com o regis<strong>tr</strong>o de vínculos empregatícios enquanto rurícula, com data de admissão a partir de 18.05.2000 (fls. 07-08) e 2)<br />

certidão de óbito de seu <strong>es</strong>poso, datada em 19.05.2006, em que consta sua qualificação como lavrador/aposentado (fl. 10).<br />

A cópia da CTPS em que constam vínculos empregatícios da recorrente como rural com data de admissão a partir de<br />

18.05.2000, constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada<br />

pelo verbete sumular nº 6 da Turma Nacional de Uniformização -TNU.<br />

Contudo, as provas t<strong>es</strong>temunhais colhidas em audiência não confirmaram o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

nec<strong>es</strong>sário ao adimplemento da carência exigida, 132 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº<br />

8.213/1991. Por oportuno, <strong>tr</strong>ago à colação r<strong>es</strong>umo dos depoimentos lançados pelo magis<strong>tr</strong>ado sentenciante:<br />

“Realizada audiência, a própria autora declarou que, d<strong>es</strong>de a aposentadoria do cônjuge, <strong>tr</strong>abalha apenas na época das<br />

safras de pimenta e macadâmia, alguns m<strong>es</strong><strong>es</strong> por ano, sendo que no r<strong>es</strong>tante do ano fica apenas em casa, provendo seu<br />

sustento com a aposentadoria do cônjuge e, a partir de 2006, com a pensão por morte.”<br />

“A primeira t<strong>es</strong>temunha declarou que conhece a autora há cerca de vinte anos e que nos períodos de safra ele <strong>tr</strong>abalha<br />

com diarista. Afirmou que a demandante <strong>tr</strong>abalha cerca de qua<strong>tr</strong>o a seis m<strong>es</strong><strong>es</strong> por ano.”<br />

“A segunda t<strong>es</strong>temunha declarou que conhece a autora há cerca de dez anos e que a demandante <strong>tr</strong>abalha na colheita de<br />

macadâmia e pimenta, cerca de qua<strong>tr</strong>o a seis m<strong>es</strong><strong>es</strong> por ano.”<br />

Sem embargo da caracterização de início de prova material, importa d<strong>es</strong>tacar que o fato de a percepção de benefício<br />

previdenciário evidenciar-se como base do sustento familiar constitui óbice à conc<strong>es</strong>são do benefício pretendido, porquanto<br />

denota que o <strong>tr</strong>abalho rural d<strong>es</strong>envolvido pela recorrente não é indispensável à manutenção do sustento da família,<br />

r<strong>es</strong>tando, pois, d<strong>es</strong>caracterizado o regime de economia familiar.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.


N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 14, na forma,<br />

r<strong>es</strong>salvado o entendimento d<strong>es</strong>te relator, do art. 12 da Lei n° 1.060/1950.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

7 - 0000417-22.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000417-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x MARIA DA PENHA MARTINS (ADVOGADO: RONALDO<br />

DE SOUZA GUIMARAES.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE LABORAL ANTERIOR<br />

AO INGRESSO NO RGPS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementa<br />

constant<strong>es</strong> dos autos, que passam a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

8 - 0000694-67.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000694-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x GLORIA SOUZA DO AMPARO (ADVOGADO: Hordalha<br />

Gom<strong>es</strong> Soar<strong>es</strong> Oliveira, ANA PAULA CESAR.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000694-67.2011.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro<br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida: GLÓRIA SOUZA DO AMPARO<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIME<br />

DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO<br />

MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 234-243, em razão de sentença<br />

de fls. 229-232 que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade rural, com DIB fixada<br />

na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, a dizer, 08.09.2010, determinando a implementação do benefício den<strong>tr</strong>o de 30<br />

(<strong>tr</strong>inta) dias, a contar da prolação daquele decisum; condenando, ou<strong>tr</strong>ossim, a Autarquia ré ao pagamento do valor das<br />

pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas, observada a pr<strong>es</strong>crição quinquenal. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que os


documentos acostados pela recorrida não comprovam o efetivo exercício de atividade rural pelo período legalmente exigido.<br />

Argumenta, ou<strong>tr</strong>ossim, a nec<strong>es</strong>sidade de existência de início de prova material contemporânea ao tempo labor, não<br />

admitindo a legislação de regência comprovação por meio de prova exclusivamente t<strong>es</strong>temunhal. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja<br />

conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 244-255.<br />

Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o <strong>tr</strong>abalhador rural preencha o requisito<br />

referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda que<br />

d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo do benefício, por tempo igual ao número de<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência<br />

<strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991.<br />

In casu, verifica-se que a recorrida nasceu em 15.08.1955 (fl. 23) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por<br />

idade em 08.09.2010 (fl. 21), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

de carência exigido por lei.<br />

Ocorre que, para comprovação do exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido por lei, a recorrida juntou aos<br />

autos: 1) carteira do sindicato dos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> rurais de Iúna e Irupi - ES, com data de filiação em 31.01.2001 (fl. 24); 2)<br />

recibos de mensalidad<strong>es</strong> do referido sindicato, relativos ao período de 01.01.2000 à 28.02.2007 e 01.03.2007 a 31.12.2008<br />

(fl. 27); 3) declaração da Secretaria Municipal de Educação de Iúna/ES datada em 05.09.2010, informando que quando da<br />

ma<strong>tr</strong>ícula de seus filhos a recorrida afirmou ser lavradora, (fl. 29); 4) atas dos r<strong>es</strong>ultados finais <strong>es</strong>colar<strong>es</strong> de seus filhos<br />

datadas em 19.12.1986, 20.12.1989, 25.01.1989, 19.12.1989, 21.12.1987, 06.01.1992, 18.02.1991, 06.01.1993, 21.12.1987<br />

e 25.01.1989, as quais at<strong>es</strong>tam a frequência em <strong>es</strong>cola de zona rural (fls. 30-47); 5) con<strong>tr</strong>ato de compra e venda, em que<br />

consta como outorgado comprador o ex-companheiro da recorrida, datado em 01.01.1997(fls. 56-57); 6) certificado de<br />

cadas<strong>tr</strong>o de imóvel rural datado em 30.12.2002, em que consta como proprietário o ex-companheiro da recorrida, (fl. 58); 7)<br />

con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola datado em 04.08.2006, em que figura como parceira/ outorgada (fls. 67-68); den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os.<br />

A declaração da Secretaria Municipal de Educação de Iúna em conjunto com a ata dos r<strong>es</strong>ultados finais <strong>es</strong>colar<strong>es</strong> da filha<br />

da recorrida com data de 19.12.1986, donde se ex<strong>tr</strong>ai a qualificação profissional da recorrida (lavradora), constituem início<br />

de prova material contemporâneo à época dos fatos e têm sua validade probatória amparada pelo verbete sumular nº 6 da<br />

Turma Nacional de Uniformização -TNU.<br />

Por seu turno, as provas t<strong>es</strong>temunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

nec<strong>es</strong>sário ao adimplemento da carência exigida, 150 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, consoante a tabela prevista no art. 174 da Lei nº 8.213/1991.<br />

Por oportuno, <strong>tr</strong>ago à colação r<strong>es</strong>umo dos depoimentos lançados pelo magis<strong>tr</strong>ado sentenciante:<br />

“Em seu DEPOIMENTO PESSOAL, a parte autora relata que tem 56 anos e <strong>tr</strong>ês filhos (Luciene, Rogério e Viviane) com um<br />

companheiro, mas <strong>es</strong>tá atualmente separada. Relatou que veio do Rio de Janeiro, do bairro da Pavuna para morar na roça,<br />

porque o companheiro era de Irupi. Está separada há seis anos. Quando veio do RJ foi morar nas terras do sogro na<br />

condição de meeira. Informou que m<strong>es</strong>mo tendo se separado ainda mora nas terras do sogro. Informou que nos dias atuais<br />

<strong>tr</strong>abalha com o Sr. David há seis anos. A propriedade onde <strong>tr</strong>abalha hoje é vizinha da que <strong>tr</strong>abalhava ant<strong>es</strong> de se separar.<br />

Informou que o con<strong>tr</strong>ato com o Sr. David <strong>es</strong>tá terminando. Lembrou que na época em que era casada pegava café e<br />

capinava. Informou que o genro a ajuda a “panhar” o café e que <strong>tr</strong>oca dia com alguns vizinhos. Seu companheiro se chama<br />

Elio Tiengo, teve filhos com ele. A filha caçula, de nome Luciene, <strong>es</strong>tá com vinte e nove anos. Começou a viver com o Sr.<br />

Elio quando ainda morava no Rio de Janeiro, aproximadamente em 1976. Afirma que não tinha con<strong>tr</strong>ato com o sogro. Só<br />

tem um con<strong>tr</strong>ato a partir de 2006.”<br />

“Afirma ainda, que n<strong>es</strong>te período, não exerceu ou<strong>tr</strong>a atividade, que não fosse na roça, também não ficou doente. No ano<br />

passado, declara que colheu dezoito sacas (dividiu com o pa<strong>tr</strong>ão, ficou com quarenta por cento disto, aproximadamente<br />

oito), guardou e foi vendendo aos poucos. Acha que n<strong>es</strong>te ano vai colher mais. No ano passado, vendeu cada saca por uns<br />

R$220,00 (duzentos e vinte reais). Declara que mora sozinha, num “barraquinho” de <strong>tr</strong>ês cômodos, na propriedade do<br />

ex-sogro, bem próximo à casa da filha. Cultiva também feijão e milho para d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>a. Relata que não possui ou<strong>tr</strong>a fonte de<br />

renda. Os filhos a ajudam nas épocas de colheita. Cultiva dois mil pés de café. O genro também é <strong>tr</strong>abalhador rural, cultiva<br />

umas oito mil covas. Atualmente, não <strong>es</strong>tá pagando ao Sindicato, porque não tem dinheiro. Os remédios para hipertensão<br />

ela recebe da Prefeitura.”<br />

“O Sr. ELIO TIENGO, foi ouvido na condição de informante. É ex-marido da Autora, <strong>es</strong>tão separados há uns seis ou sete<br />

anos. Declara que a Autora mora numa casinha na propriedade que era do pai, que agora foi herdada pelo informante.<br />

Mora no m<strong>es</strong>mo terreno que a filha del<strong>es</strong>. Começaram a viver juntos no Rio de Janeiro, os <strong>tr</strong>ês filhos do casal nasceram no<br />

Rio de Janeiro. Depois, como a família do informante era do Espírito Santo, vieram morar aqui. Pelo que se lembra, quando<br />

vieram morar no ES, a filha mais nova, de vinte e nove anos, era bem pequena. Quando saíram do Rio de Janeiro, já<br />

vieram direto morar na propriedade de seus pais, o informante foi <strong>tr</strong>abalhar na propriedade como meeiro. Declara que<br />

<strong>tr</strong>abalhou com carteira assinada um tempo no Rio de Janeiro, depois teve um comércio de “secos e molhados” em Iúna, por<br />

aproximadamente um pouco mais de um ano. Afirma que <strong>es</strong>ta mercearia era na roça. Relata que a Autora não a ajudava<br />

n<strong>es</strong>te comércio, ela <strong>tr</strong>abalhava na roça. O informante declara que depois que<br />

veio para cá, não teve ou<strong>tr</strong>o <strong>tr</strong>abalho, além da roça e d<strong>es</strong>te comércio. Afirma que <strong>tr</strong>abalharam uns nove anos na<br />

propriedade de seu pai, depois o informante adquiriu um pedaço de terra.”


“A t<strong>es</strong>temunha ouvida, Sr. DAVID GONÇALVES DE MORAES, relata que tem um con<strong>tr</strong>ato de parceria com a Autora.<br />

Declara que na sua propriedade a Autora cultiva dois mil pés de café. Relata que quando a Autora fez o con<strong>tr</strong>ato, em 2006,<br />

ela já <strong>tr</strong>abalhava lá há uns dois ou <strong>tr</strong>ês anos (aproximadamente na época em que se separou do Sr. Elio). D<strong>es</strong>de que<br />

conhece a Autora, pode afirmar que ela sempre <strong>tr</strong>abalhou na roça. A t<strong>es</strong>temunha não se recorda se o companheiro da<br />

Autora, Sr. Elio, já teve uma mercearia.”<br />

Ainda que assim não fosse, não se pode olvidar a d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sidade de comprovação documental de todo o período laborado<br />

na atividade rural, sendo suficiente a apr<strong>es</strong>entação de início de prova material, d<strong>es</strong>de que validada por prova t<strong>es</strong>temunhal<br />

idônea. N<strong>es</strong>se sentido, consolidada a jurisprudência do C. Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e da TNU. Confira-se:<br />

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVA<br />

MATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos da<br />

consolidada jurisprudência do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigida<br />

prova documental de todo o período laborado nas lid<strong>es</strong> camp<strong>es</strong>inas, sendo suficiente a apr<strong>es</strong>entação de início de prova<br />

material, d<strong>es</strong>de que corroborada por via t<strong>es</strong>temunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempo<br />

postulado quando a comprovação t<strong>es</strong>temunhal se mos<strong>tr</strong>a insuficiente para empr<strong>es</strong>tar eficácia à prova material colacionada.<br />

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Minis<strong>tr</strong>o OG FERNANDES, SEXTA<br />

TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei)<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DE<br />

ECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOS<br />

IRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTE<br />

TESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de período<br />

de labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), las<strong>tr</strong>eado no início de prova material, com base em certidõ<strong>es</strong> de nascimento dos<br />

irmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova t<strong>es</strong>temunhal. 2. Acórdão da Turma Recursal<br />

reforma sentença n<strong>es</strong>sa parte, por entender que tais documentos, caracterizador<strong>es</strong> do início de prova material, só tem<br />

aptidão para comprovar a atividade rural d<strong>es</strong>sa data em diante (1973), a d<strong>es</strong>considerar, portanto, todo o período anterior<br />

então reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 d<strong>es</strong>ta Turma Nacional não exige que o início de prova material<br />

abranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e d<strong>es</strong>ta TNU assenta entendimento de que<br />

havendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se d<strong>es</strong>eja comprovar, caberá aos ou<strong>tr</strong>os<br />

elementos do contexto probatório constant<strong>es</strong> dos autos, geralmente a prova t<strong>es</strong>temunhal, ampliar a sua eficácia probatória,<br />

quer para fim re<strong>tr</strong>ospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim de<br />

reformar o acórdão n<strong>es</strong>sa parte, a r<strong>es</strong>taurar os termos da r. sentença. (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERAL<br />

PAULO RICARDO ARENA FILHO, DOU 30/08/2011.)<br />

D<strong>es</strong>tarte, à luz da prova t<strong>es</strong>temunhal colhida, cotejada com os documentos carreados, tenho que faz jus a recorrida ao<br />

pleiteado benefício.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%<br />

sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

9 - 0000263-61.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000263-3/01) VILMA MARIA DOS SANTOS (ADVOGADO: JEFFERSON R.


MOURA, JANAINA RODRIGUES LIMA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN<br />

CRUZ RODRIGUES.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

INCAPACIDADE LABORAL – DOENÇA ANTERIOR À FILIAÇÃO AO RGPS – AUSÊNCIA DA QUALIDADE DE<br />

SEGURADO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 90/92, que julgou improcedente<br />

o seu pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, VILMA<br />

MARIA DOS SANTOS (59 anos de idade), em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portadora de a<strong>tr</strong>ofia nas mãos e se encon<strong>tr</strong>a<br />

incapacitada para o exercício de atividade laboral; afirma a recorrente que sua incapacidade sobreveio à (nova) filiação no<br />

RGPS, por força de agravamento. Assim, requer a reforma da sentença, julgando procedente o pedido exposto na inicial. O<br />

INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o<br />

caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15<br />

(quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado<br />

que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de<br />

atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. A recorrente requereu o benefício de auxílio-doença em 19/10/2009. Porém, teve seu pedido indeferido, sob a alegação<br />

de que não foi constatada, em exame realizado pela perícia médica do INSS, a incapacidade para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a<br />

sua atividade habitual (fl. 50).<br />

4. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 69/72), que a<br />

autora é portadora de <strong>es</strong>pondiloar<strong>tr</strong>ose/osteoar<strong>tr</strong>ite aos níveis da coluna vertebral, punhos, interfalang<strong>es</strong> das mãos e tíbio<br />

fibular distal <strong>es</strong>querda e que segundo relatos da parte autora, a data do início da doença ocorreu há aproximadamente<br />

cinco anos. Verifica-se, também, que a autora apr<strong>es</strong>enta invalidez permanente para o exercício de atividad<strong>es</strong> laborais.<br />

5. De acordo com o CNIS de fl. 88, verifica-se que a autora possuiu vínculo urbano até abril de 1999, voltando a con<strong>tr</strong>ibuir<br />

para a Previdência Social, como con<strong>tr</strong>ibuinte individual, em junho de 2008. Conforme relatos da autora, ao perito médico<br />

judicial, a data de início da doença ocorreu há aproximadamente cinco anos, ou seja, a perícia médica foi realizada em<br />

15/12/2010, assim, a data de início da doença ocorreu em 2005, ano em que a autora não possuía mais a qualidade de<br />

segurada. D<strong>es</strong>te modo, quando a autora voltou a con<strong>tr</strong>ibuir para a Previdência Social, em junho de 2008, já era portadora<br />

de doença incapacitante. A incapacidade laborativa é fato incon<strong>tr</strong>overso, detectado pela perícia e admitido pelo INSS. A<br />

autora-recorrente, contudo, afirma que a incapacidade sobreveio por motivo de agravamento de sua doença, fato que, se<br />

comprovado, lhe daria direito ao benefício previdenciário.<br />

5. Não obstante a obscuridade do laudo pericial quanto à data de início da incapacidade (DII), há nos autos elementos de<br />

prova indicativos de que tal incapacidade preexistia à (re)filiação da autora-recorrente no RGPS, o que ocorreu em junho de<br />

2008. Com efeito, da leitura do laudo de densitome<strong>tr</strong>ia óssea da coluna lombar de fl. 19, afirma-se que a autora possui<br />

osteoporose em face da avaliação densitomé<strong>tr</strong>ica de L1-L4; que possui déficit de massa óssea de cerca de 28%, “...<br />

encon<strong>tr</strong>ando-se a densidade óssea -2,7 d<strong>es</strong>vio-padrão abaixo da média.” Afirma-se também no referido laudo que “o risco<br />

de fratura DOBRA a cada d<strong>es</strong>vio padrão negativo.”. Este laudo foi lavrado em 26/01/2005. Analisando seu teor, afere-se<br />

que a autora recorrente sofria risco de fratura de coluna lombar elevadíssimo, se comparada com uma p<strong>es</strong>soa sem a<br />

osteoporose detectada. Visto que tal laudo de densitome<strong>tr</strong>ia foi lavrado em janeiro de 2005, r<strong>es</strong>ta evidente que a<br />

incapacidade já existia em 2008, quando a autora novamente se filiou ao RGPS.<br />

6. Vale r<strong>es</strong>saltar, quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito<br />

Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial, produzido pelo juízo, é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS


10 - 0000700-43.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000700-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUA DE CARVALHO FREIRE<br />

(ADVOGADO: WILLIAN SILVA SALLES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ<br />

GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000700-43.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF<br />

Recorrente: LUÃ DE CARVALHO FREIRE<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. MISERABILIDADE NÃO AFERIDA EM<br />

CONCRETO, NÃO OBSTANTE ADMITIDA A FLEXIBILIZAÇÃO DO CRITÉRIO OBJETIVO DE MISERABILIDADE.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA. MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 78-79, em razão de sentença (fls. 71-72) que julgou<br />

improcedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do Benefício de Pr<strong>es</strong>tação Continuada - BPC previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993<br />

(Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta o recorrente, em r<strong>es</strong>umo, que o gasto com medicamentos<br />

ul<strong>tr</strong>apassa em muito a quantia lançada no relatório social, fazendo-se nec<strong>es</strong>sária a utilização nos momentos de crise de<br />

medicação excepcional além dos valor<strong>es</strong> d<strong>es</strong>pendidos com consultas médicas. Assinala que em virtude de permanecer em<br />

casa durante o todo o dia, acaba por consumir grande quantidade de alimentos, p<strong>es</strong>ando atualmente 110 kg. Ademais, que<br />

o grupo familiar possui um débito no importe de R$ 4.629,00 referente às taxas condominiais em aberto, correndo o risco de<br />

ter o imóvel penhorado em futura ação de cobrança. Assevera, ainda, que o irmão encon<strong>tr</strong>a-se pr<strong>es</strong>o no município de<br />

Guarapari e que sua genitora d<strong>es</strong>pende a cada visita quinzenal em média R$ 30,00, além de pagar ou<strong>tr</strong>os R$ 30,00 a<br />

p<strong>es</strong>soa incumbida de r<strong>es</strong>guardá-lo durante a ausência. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se<br />

procedente o pedido deduzido na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 95-100.<br />

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com a<br />

redação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada corr<strong>es</strong>ponde à garantia de um salário-mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa com<br />

deficiência e ao idoso com 65 (s<strong>es</strong>senta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover a<br />

própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família será<br />

composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um del<strong>es</strong>, a madrasta ou o padrasto, os<br />

irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menor<strong>es</strong> tutelados, d<strong>es</strong>de que vivam sob o m<strong>es</strong>mo teto (§1º).<br />

Consigne-se, anteriormente à alteração promovida pela Lei nº 12.435/2011 a definição de família pela LOAS <strong>es</strong>tava<br />

condicionada ao art. 16 da Lei nº 8.213/1991. Tal preceptivo elenca como dependent<strong>es</strong> do segurado: (i) o cônjuge, a<br />

companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; e<br />

(ii) o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido.<br />

Por sua vez, na <strong>es</strong>teira do novel § 2º, in<strong>tr</strong>oduzido pela Lei nº 12.470/2011 e ex<strong>tr</strong>aído mutatis mutandis da Convenção sobre<br />

Direitos das P<strong>es</strong>soas com Deficiência da Organização das Naçõ<strong>es</strong> Unidas - ONU , considera-se p<strong>es</strong>soa com deficiência<br />

aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação<br />

com diversas barreiras, podem obs<strong>tr</strong>uir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condiçõ<strong>es</strong> com as<br />

demais p<strong>es</strong>soas; e, na forma do §3º, incapaz de prover a manutenção da p<strong>es</strong>soa com deficiência ou idosa a família cuja<br />

renda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo.<br />

Inter<strong>es</strong>sante regis<strong>tr</strong>ar, n<strong>es</strong>sa linha, a supr<strong>es</strong>são da expr<strong>es</strong>são “para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho”, ínsita no extinto<br />

inciso II do §2º do art. 20 . Com efeito, doravante considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do parágrafo 2º,<br />

acima epigrafado, apenas aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos (§ 10), r<strong>es</strong>tando, à evidência,<br />

revogado o requisito da dupla incapacidade.<br />

A bem de ver, a revogação da dupla incapacidade veio ao encon<strong>tr</strong>o da jurisprudência sumulada da Turma Nacional de<br />

Uniformização - TNU assente em que: “para os efeitos do art. 20, §2º, da Lei nº 8.742, de 1993, incapacidade para a vida<br />

independente não é só aquela que impede as atividad<strong>es</strong> mais elementar<strong>es</strong> da p<strong>es</strong>soa, mas também a impossibilita de<br />

prover ao próprio sustento” (verbete nº 29), sub<strong>tr</strong>aindo da ordem jurídica a tênue linha que ex<strong>tr</strong>emava aquela primeira da<br />

incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

Importa realçar, arrematando a parte in<strong>tr</strong>odutória da exposição, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovaçõ<strong>es</strong><br />

<strong>tr</strong>azidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº 12.470/2011 aos casos em que o requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo é anterior à sua<br />

en<strong>tr</strong>ada em vigor, d<strong>es</strong>de que mais benéficas à parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, os<br />

efeitos financeiros da condenação para a data da publicação das r<strong>es</strong>pectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem,<br />

conforme se tenham por implementados os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial com supedâneo em uma


ou ou<strong>tr</strong>a.<br />

Lançadas as premissas, regis<strong>tr</strong>e-se, a con<strong>tr</strong>ovérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita,<br />

<strong>es</strong>pecificamente se é possível ou não a flexibilização do critério objetivo de aferição.<br />

Ant<strong>es</strong> de ingr<strong>es</strong>sar na análise de mérito, propriamente dita, convém explicitar – para a correta figuração da situação fática<br />

relacionada com a causa de pedir recursal –, aspectos referent<strong>es</strong> ao histórico clínico e ao perfil profissigráfico do recorrente.<br />

Consoante a análise pericial de fls. 42-44 <strong>es</strong>te foi diagnosticado com Esquizofrenia (CIC-101-F20), apr<strong>es</strong>entando sinais e<br />

sintomas de alucinaçõ<strong>es</strong> visuais e delírios persecutórios d<strong>es</strong>de o ano de 2010. O juízo crítico e a percepção da realidade<br />

<strong>es</strong>tão comprometidos de maneira definitiva. Apr<strong>es</strong>enta-se incapaz de diferenciar o ou<strong>tr</strong>o de si m<strong>es</strong>mo. A doença é incurável<br />

e de prognóstico r<strong>es</strong>ervado. Os medicamentos atualmente disponíveis apenas amenizam o quadro clínico da doença<br />

mental que o acomete. Regis<strong>tr</strong>e-se, ademais, atualmente o recorrente conta com 24 anos de idade, tendo exercido a<br />

profissão de embalador (atualmente d<strong>es</strong>empregado).<br />

De par com isso, cabe sumariar o teor do relatório social de fls. 48-55. No que tange à composição familiar, consta da<br />

r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito “b” (fl. 52) que o recorrente (24 anos) r<strong>es</strong>ide com a mãe, Sra. Maria Guiomar Galdino de Carvalho, com<br />

64 anos de idade à época da feitura do relatório (10.7.2012). Por sua vez, segundo a r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito nº “d” (fl. 52),<br />

tem-se que a renda familiar advém dos proventos de aposentadoria da genitora, no importe de R$ 1.463,00 (um mil<br />

qua<strong>tr</strong>ocentos e s<strong>es</strong>senta e <strong>tr</strong>ês reais).<br />

As d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as totalizam R$ 603,96 (seiscentos e <strong>tr</strong>ês reais e noventa e seis centavos), dis<strong>tr</strong>ibuídos en<strong>tr</strong>e medicação de uso<br />

contínuo, consultas e cuidados médicos (fl. 53).<br />

Averbe-se, ou<strong>tr</strong>ossim, o apartamento onde r<strong>es</strong>ide a família é próprio (pertencente à genitora), com padrõ<strong>es</strong> simpl<strong>es</strong>, de<br />

alvenaria, composto por qua<strong>tr</strong>o cômodos (dois quartos, uma sala e uma cozinha acoplada à área de serviço) e um banheiro.<br />

O piso é de cerâmica e o teto de laje cimentada; observou-se que as janelas do imóvel – feitas em madeira – apr<strong>es</strong>entam<br />

deteriorização com risco de d<strong>es</strong>abamento (fl. 53). Ademais, a família não é assistida por nenhum programa assistencial do<br />

governo.<br />

Como se vê, do cotejo en<strong>tr</strong>e o montante da renda familiar (R$ 1.463,00) e a composição legal da família (recorrente e mãe)<br />

r<strong>es</strong>ulta que objetivamente não foi preenchido o requisito atinente à renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo (renda<br />

per capita = R$ 731,00; ¼ do salário mínimo = R$ 155,5).<br />

D<strong>es</strong>cortina-se no horizonte do recorrente, en<strong>tr</strong>etanto, a possibilidade de aferição da miserabilidade à conta de ou<strong>tr</strong>os<br />

elementos referent<strong>es</strong> à situação econômico-financeira do beneficiário, à exceção de gastos (i) com aquisição de<br />

medicamentos ou consultas médicas, porquanto fornecidos pelo Sistema Único de Saúde – SUS, importante mecanismo de<br />

promoção da equidade no atendimento das nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> de saúde da população e (ii) que provenham das nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong><br />

básicas do dia-a-dia, como energia elé<strong>tr</strong>ica, gás de cozinha e alimentos, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os, pois que carecem da nec<strong>es</strong>sária<br />

uniformidade.<br />

Sabe-se, n<strong>es</strong>sa linha, que a Terceira Seção do egrégio Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, por ocasião do julgamento do REsp<br />

1.112.557/MG pelo rito dos recursos repetitivos, assentou o entendimento de que “a limitação do valor da renda per capita<br />

familiar não deve ser considerada a única forma de se comprovar que a p<strong>es</strong>soa não possui ou<strong>tr</strong>os meios para prover a<br />

própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a nec<strong>es</strong>sidade,<br />

ou seja, pr<strong>es</strong>ume-se absolutamente a miserabilidade quando comprovada a renda per capita inferior a ¼ do<br />

salário-mínimo”.<br />

Vale <strong>tr</strong>anscrever a ementa do julgado. Verbis:<br />

“RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 105, III, ALÍNEA C DA CF. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO<br />

ASSISTENCIAL. POSSIBILIADE DE DEMONSTRAÇÃO DA CONDIÇÃO DE MISERABILIADE DO BENEFICIÁRIO POR<br />

OUTROS MEIOS DE PROVA, QUANDO A RENDA PER CAPITA DO NÚCLEO FAMILIAR FOR SUPERIOR A ¼ DO<br />

SALÁRIO MÍNIMO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.<br />

A CF/88 prevê em seu art. 203, caput e inciso V a garantia de um salário mínimo de benefício mensal, independente de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição à Seguridade Social, à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de<br />

prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.<br />

Regulamentado o comando constitucional, a Lei 8.742/93, alterada pela Lei 9.720/98, dispõe que será devida a conc<strong>es</strong>são<br />

de benefício assistencial aos idosos e às p<strong>es</strong>soas portadoras de deficiência que não possuam meios de prover à própria<br />

manutenção, ou cuja família possua renda mensal per capita inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo.<br />

O egrégio Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, já declarou, por maioria de votos, a constitucionalidade d<strong>es</strong>sa limitação legal relativa<br />

ao requisito econômico, no julgamento da ADI 1.232/DF (Rel. para o acórdão Min. NELSON JOBIM, DJU 1.6.2001).<br />

En<strong>tr</strong>etanto, diante do compromisso constitucional com a dignidade da p<strong>es</strong>soa humana, <strong>es</strong>pecialmente no que se refere à<br />

garantia das condiçõ<strong>es</strong> básicas de subsistência física, <strong>es</strong>se dispositivo deve ser interpretado de modo a amparar<br />

irr<strong>es</strong><strong>tr</strong>itamente ao cidadão social e economicamente vulnerável.<br />

A limitação do valor da renda per capita familiar não deve ser considerada a única forma de se comprovar que a p<strong>es</strong>soa<br />

não possui ou<strong>tr</strong>os meios para prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, pois é apenas um elemento<br />

objetivo para se aferir a nec<strong>es</strong>sidade, ou seja, pr<strong>es</strong>ume-se absolutamente a miserabilidade quando comprovada a renda per<br />

capita inferior a ¼ do salário-mínimo.


Além disso, em âmbito judicial vige o princípio do livre convencimento motivado do Juiz (art. 131 do CPC) e não o sistema<br />

de tarifação legal de provas, motivo pelo qual <strong>es</strong>sa limitação do valor da renda familiar per capita não deve ser tida como<br />

único meio de prova da condição de miserabilidade do beneficiário. De fato, não se pode admitir a vinculação do magis<strong>tr</strong>ado<br />

a determinado elemento probatório, sob pena de cercear o seu direito de julgar.<br />

Recurso Especial provido.”<br />

N<strong>es</strong>se m<strong>es</strong>mo rumo, o verbete nº 11 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização – TNU:<br />

“A renda mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um quarto) do salário mínimo não impede a conc<strong>es</strong>são do benefício<br />

assistencial previsto no art. 20, §3º da Lei nº 8.742 de 1993, d<strong>es</strong>de que comprovada, por ou<strong>tr</strong>os meios, a miserabilidade do<br />

postulante.”<br />

Assim, ainda que a renda per capita familiar mensal per capita seja superior a ¼ do salário mínimo, apr<strong>es</strong>enta-se possível a<br />

aferição da condição de hipossuficiência econômica por ou<strong>tr</strong>os meios.<br />

No caso em apreço, o recorrente alega que o relatório social não re<strong>tr</strong>ata fielmente todos os gastos usualmente d<strong>es</strong>pendidos<br />

com medicamentos, os quais são ilus<strong>tr</strong>ados no quadro a seguir:<br />

Haldoldecanoato<br />

R$ 95,70<br />

Fernegan (3 caixas)<br />

R$ 35,40<br />

Clorpromazina (3 caixas)<br />

R$ 14,40<br />

Biperideno (3 caixas)<br />

R$ 112,25<br />

Aldol (2 caixas)<br />

R$ 16,40<br />

Diazepan (3 caixas)<br />

R$ 25,50<br />

Viverdal (3 caixas)<br />

R$ 79,74<br />

E, ademais, as seguint<strong>es</strong> d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as:<br />

R$ 95,00 e R$ 50,00<br />

Medicação excepcional e consultas, se crise<br />

R$ 500,00<br />

Alimentação<br />

R$ 90,00<br />

Gás de cozinha<br />

R$ 327,96<br />

Condomínio<br />

R$ 4.629,00<br />

Débito para com o condomínio<br />

R$ 60<br />

Gastos decorrent<strong>es</strong> de visita a familiar pr<strong>es</strong>o<br />

As alegadas d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as totalizam em média R$ 1.357,35 (um mil, <strong>tr</strong>ezentos e cinqüenta e sete reais e <strong>tr</strong>inta e cinco<br />

centavos). Verifica-se, contudo, à luz do que já exposto, a impossibilidade de dedução de tais valor<strong>es</strong> da renda familiar, pelo<br />

que não preenchido o requisito referente à renda mínima, nos termos do item nº 14 d<strong>es</strong>te julgado.


Tenha-se pr<strong>es</strong>ente que a caracterização do <strong>es</strong>tado de pobreza não configura, por si só e nec<strong>es</strong>sariamente, causa eficiente<br />

de incidência do art. 20 da Lei nº 8.742/1993; para os fins assistenciais “pobreza” e “miserabilidade” são situaçõ<strong>es</strong> distintas.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas ou condenação em honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong>.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

11 - 0001043-38.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001043-6/01) DIVINO JOSE DA SILVA (ADVOGADO: PAULA GHIDETTI<br />

NERY LOPES, ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE<br />

COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0001043-38.2009.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São Mateus<br />

Recorrente : DIVINO JOSE DA SILVA<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator : Juiz <strong>Federal</strong> PABLO COELHO CHARLES GOMES<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PERDA DA<br />

QUALIDADE DE SEGURADO. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão de conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em<br />

suas razõ<strong>es</strong> recursais, que há nos autos laudos médicos que comprovam a existência de incapacidade d<strong>es</strong>de a c<strong>es</strong>sação<br />

do benefício. Alega que não há de se falar em perda da qualidade de segurado, pois na época em que o benefício foi<br />

c<strong>es</strong>sado indevidamente, mantinha a qualidade de segurado, devendo o benefício ser r<strong>es</strong>tabelecido. Aduz, ainda, pelo<br />

recebimento de danos morais, uma vez que o fato de não poder <strong>tr</strong>abalhar acarreta grav<strong>es</strong> privaçõ<strong>es</strong> na sua vida. D<strong>es</strong>sa<br />

forma, requer seja reformada a sentença, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong><br />

encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 55-58.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 do<br />

aludido diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou<br />

não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que<br />

lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da capacidade laboral da recorrente já que constatado o não preenchimento da qualidade de<br />

segurado.<br />

Com efeito, de acordo com o art. 15, II, da Lei nº 8.213/1991 perde a qualidade de segurado o <strong>tr</strong>abalhador que deixa de<br />

con<strong>tr</strong>ibuir para o sistema previdenciário após 12 m<strong>es</strong><strong>es</strong> da c<strong>es</strong>sação das con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>.<br />

Compulsando os autos, verifico que o benefício foi c<strong>es</strong>sado em 23.08.2006 (fl. 35) e o recorrente requereu


adminis<strong>tr</strong>ativamente o auxílio-doença na data de 06.08.2009 (fl. 08), época em que não mais ostentava a qualidade de<br />

segurado.<br />

A par do que já foi exposto, ap<strong>es</strong>ar de at<strong>es</strong>tar a existência de incapacidade total e definitiva para o labor habitual, o laudo<br />

pericial (fls. 38-40) não foi apto a aferir a data de início da incapacidade (qu<strong>es</strong>ito nº 06 - fl. 39). Contudo, o laudo referiu que<br />

os documentos de fls. 10/18 “... confirmam a incapacidade par suas atividad<strong>es</strong> laborativas.” (fl. 39, n. 10).<br />

Os documentos de fls. 10/18 são laudos e exam<strong>es</strong>; apenas <strong>tr</strong>ês del<strong>es</strong> referem a períodos posterior<strong>es</strong> à data da c<strong>es</strong>sação<br />

do benefício (23/08/06) e anterior<strong>es</strong> à data da en<strong>tr</strong>ada do novo requerimento (agosto de 2009); <strong>tr</strong>atam-se: (i) do at<strong>es</strong>tado de<br />

fls. 17/18, lavrado em 21/02/08, que, contudo, é in<strong>es</strong>pecífico à r<strong>es</strong>peito da incapacidade laborativa; (ii) dos at<strong>es</strong>tados de fls.<br />

10 e 11, de abril e junho de 2009, que, embora indiquem a incapacidade laboral, re<strong>tr</strong>ocedem apenas qua<strong>tr</strong>o m<strong>es</strong><strong>es</strong> ant<strong>es</strong> da<br />

data da en<strong>tr</strong>ada do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo; e, portanto, não são hábeis a excluir a conclusão a que chegou o Juízo a<br />

quo, qual seja, a de que o autor perdera a qualidade de segurado.<br />

Quanto à correção da condenação em danos morais pela c<strong>es</strong>sação do auxílio-doença, obviamente que não assiste razão<br />

ao recorrente. Com efeito, convém não confundir a c<strong>es</strong>sação abrupta e injustificada do benefício com aquela decorrente do<br />

exercício regular do direito-dever de fiscalização e auditoria, em que o segurado é submetido periodicamente a exam<strong>es</strong><br />

médico-periciais. Somente naquela primeira hipót<strong>es</strong>e é que, eventualmente, pode ser devida a fixação de condenação em<br />

danos morais.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

10. Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do<br />

benefício da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO,<br />

mantendo-se a sentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

12 - 0006215-30.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006215-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CESAR ROSA PASSOS<br />

(ADVOGADO: SANTOS MIRANDA NETO, MARILENE NICOLAU.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0006215-30.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de Vitória<br />

Recorrente: CESAR ROSA PASSOS<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 52-58, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido de<br />

r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença ou conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez. Sustenta o<br />

recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que os laudos médicos particular<strong>es</strong> coligidos comprovam sua incapacidade total e definitiva para o<br />

labor. Assevera que, além de ser portador de sequela de poliomielite no membro inferior direito, teve seu quadro de saúde<br />

agravado por um acidente vascular cerebral- AVC sofrido no ano de 2007. Aduz que, a d<strong>es</strong>peito de seu labor não exigir<br />

<strong>es</strong>forço físico, requer muita atenção, o que se mos<strong>tr</strong>a inviabilizado pelas fort<strong>es</strong> e contínuas dor<strong>es</strong> sentidas ao permanecer<br />

muito tempo sentado. Argumenta que a Constituição da República tem por fundamento a promoção do bem <strong>es</strong>tar de todos<br />

sem qualquer forma de discriminação, além de assegurar o r<strong>es</strong>peito à dignidade da p<strong>es</strong>soa humana (art. 1º, inciso III, da<br />

CR). Invoca, ou<strong>tr</strong>ossim, o art. 196 da Carta Magna que preconiza ser a saúde direito de todos e dever do Estado, bem como<br />

o art. 201, que disciplina a previdência social. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a<br />

sentença, concedendo-lhe o benefício de auxílio-doença previdenciário.


Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa do<br />

recorrente.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 26-29), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de ortopedia, o recorrente (56 anos) foi<br />

examinado e diagnosticado com sequela de poliomielite em membro inferior direito (qu<strong>es</strong>ito nº 01), patologia de origem<br />

infecciosa que, en<strong>tr</strong>etanto, não o incapacita para sua atividade habitual de contador (qu<strong>es</strong>itos nº 07, 08 e 09). Em suas<br />

conclusõ<strong>es</strong> de fl. 28, consignou o perito que, em relação ao acidente vascular cerebral (AVC) não foi verificada sequela.<br />

At<strong>es</strong>tou que o autor tem boa mobilidade dos membros superior e inferior sem alteraçõ<strong>es</strong> neurológicas ou de força.<br />

Informou, ainda, que o periciado pode ter apr<strong>es</strong>entado ataque isquêmico <strong>tr</strong>ansitório que recuperou sem sequelas. Por fim,<br />

asseverou que o recorrente encon<strong>tr</strong>a-se totalmente apto para o labor habitual, uma vez que realiza sua atividade sentado e<br />

sem <strong>es</strong>forço físico.<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Por derradeiro, cabe r<strong>es</strong>saltar que a dor não pode ser cientificamente comprovada, motivo pelo qual, em casos como <strong>es</strong>te,<br />

a incapacidade pode ser avaliada com base em regra de pr<strong>es</strong>unção. En<strong>tr</strong>etanto, inexistem elementos de prova nos autos<br />

dos quais se possa inferir a severidade do quadro clínico at<strong>es</strong>tado.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 18, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

13 - 0004009-98.2007.4.02.5001/01 (2007.50.01.004009-4/01) UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO - UFES<br />

(PROCDOR: HELEN FREITAS DE SOUZA JUDICE.) x MARIA IGNEZ PFISTER (ADVOGADO: MILA VALLADO FRAGA,<br />

JERIZE TERCIANO ALMEIDA.) x LAURA DA SILVA FERREIRA x OS MESMOS.<br />

E M E N T A<br />

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO – REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA DE MAGISTÉRIO – INSERÇÃO DE<br />

NOVA CLASSE – AUSÊNCIA DE DECRÉSCIMO REMUNERATÓRIO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO DA UFES<br />

CONHECIDO E PROVIDO. RECURSO DAS AUTORAS CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recursos inominados, interpostos por LAURA DA SILVA FERREIRA, MARIA IGNÊZ PFISTER e


UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, em face da sentença de fls. 109/117, que julgou parcialmente<br />

procedente os pedidos iniciais, para determinar à UFES que se abstiv<strong>es</strong>se de exigir das autoras a reposição de parcelas<br />

por elas recebidas indevidamente.<br />

2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, a UFES alega que os valor<strong>es</strong> recebidos indevidamente pelas autoras já teriam sido<br />

d<strong>es</strong>contados e, por isso, não haveria possibilidade de cumprimento da antecipação de tutela determinada na sentença.<br />

Aduz, ainda, que o direito brasileiro obriga à devolução de valor<strong>es</strong> recebidos de maneira indevida, independentemente da<br />

boa ou má-fé. As autoras apr<strong>es</strong>entaram con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> ao recurso da UFES, pedindo o cumprimento da tutela antecipada, a<br />

fim de que a ré devolva os valor<strong>es</strong> já d<strong>es</strong>contados, por terem sido recebidos de boa-fé.<br />

3. Já as autoras, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, aduzem que a criação de uma nova classe na carreira do magistério pela Lei nº<br />

11.344/06, <strong>tr</strong>ouxe prejuízo imediato aos aposentados no cálculo da rubrica decorrente do art. 192 da Lei nº 8.112/90, visto<br />

que <strong>es</strong>tão excluídas da possibilidade de ascensão à nova classe. Alegam, ainda, que a aposentadoria constitui ato jurídico<br />

perfeito e, portanto, imune a inovaçõ<strong>es</strong> legislativas, além de que o ato da Adminis<strong>tr</strong>ação foi tomado sem oportunidade de<br />

def<strong>es</strong>a às autoras. Aduzem que houve violação ao princípio isonômico, tendo em vista que os aposentados não <strong>es</strong>tariam<br />

recebendo os aumentos no vencimento básico e demais parcelas, diferentemente dos prof<strong>es</strong>sor<strong>es</strong> da ativa. A UFES<br />

apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> ao recurso, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

4. As autoras são prof<strong>es</strong>soras aposentadas pela UFES. Seus proventos são acr<strong>es</strong>cidos da vantagem anteriormente prevista<br />

no art. 192, da Lei nº 8.112/90, que garantia, quando da aposentadoria, o recebimento de uma diferença de vencimentos da<br />

classe imediatamente superior ou a inferior, caso o servidor se encon<strong>tr</strong>asse no topo da carreira. A sentença a quo<br />

antecipou, em parte, os efeitos da tutela para determinar à UFES que se abstiv<strong>es</strong>se de exigir das autoras a reposição das<br />

parcelas por elas recebidas. Observa-se, porém, que as notificaçõ<strong>es</strong> de r<strong>es</strong>sarcimento ao Erário ocorreram em 28/09/2006<br />

(fls. 77 e 80), sendo que em março e abril de 2007 as parcelas foram d<strong>es</strong>contadas das autoras (fls. 134 e 139). A ação,<br />

en<strong>tr</strong>etanto, foi ajuizada apenas em 18/04/2007, quando os d<strong>es</strong>contos já haviam sido realizados. Não obstante, a parte<br />

dispositiva da sentença determinou também a r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong>, caso o d<strong>es</strong>conto já houv<strong>es</strong>se sido realizado (o que de<br />

fato ocorreu).<br />

5. Quanto ao recurso das autoras, deve-se analisar, primeiramente, que não houve mudança no ato de aposentação. O<br />

direito à vantagem do art. 192, da Lei nº 8.112/90, permaneceu incólume. A Adminis<strong>tr</strong>ação Pública apenas adequou a<br />

situação jurídica das autoras à norma superveniente. Além disso, não há qualquer prejuízo n<strong>es</strong>ta alteração de class<strong>es</strong><br />

<strong>tr</strong>azida pela lei, porquanto não gerou dec<strong>es</strong>so remuneratório, sendo, por tal motivo, d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sário abrir oportunidade para o<br />

con<strong>tr</strong>aditório e a ampla def<strong>es</strong>a. Convém assinalar, conforme entendimento predominante, que o servidor público não<br />

adquire direito a determinado regime jurídico, inclusive no que tange à forma de cálculo de remuneração, ou percentual de<br />

gratificação, d<strong>es</strong>de que observado a regra da irredutibilidade de vencimentos. N<strong>es</strong>se sentido:<br />

EMENTA: DIREITOS CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. ESTABILIDADE FINANCEIRA. MODIFICAÇÃO DE<br />

FORMA DE CÁLCULO DA REMUNERAÇÃO. OFENSA À GARANTIA CONSTITUCIONAL DA IRREDUTIBILIDADE DA<br />

REMUNERAÇÃO: AUSÊNCIA. JURISPRUDÊNCIA. LEI COMPLEMENTAR N. 203/2001 DO ESTADO DO RIO GRANDE<br />

DO NORTE: CONSTITUCIONALIDADE. 1. O Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> pacificou a sua jurisprudência sobre a<br />

constitucionalidade do instituto da <strong>es</strong>tabilidade financeira e sobre a ausência de direito adquirido a regime jurídico. 2. N<strong>es</strong>ta<br />

linha, a Lei Complementar n. 203/2001, do Estado do Rio Grande do Norte, no ponto que alterou a forma de cálculo de<br />

gratificaçõ<strong>es</strong> e, conseqüentemente, a composição da remuneração de servidor<strong>es</strong> públicos, não ofende a Constituição da<br />

República de 1988, por dar cumprimento ao princípio da irredutibilidade da remuneração. 3. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário ao qual<br />

se nega provimento. (STF. RE 563965, Minis<strong>tr</strong>a Carmen Lúcia)<br />

6. Não merece prosperar, também, o argumento de violação ao princípio da isonomia. A regra de paridade não é absoluta,<br />

já que a extensão aos inativos das melhorias da remuneração concedidas aos servidor<strong>es</strong> em atividade não implica a<br />

nec<strong>es</strong>sidade de paridade en<strong>tr</strong>e proventos e vencimentos, pois nos últimos é permitido incluir vantagens pecuniárias que, por<br />

sua natureza, só podem ser a<strong>tr</strong>ibuídas aos servidor<strong>es</strong> que se encon<strong>tr</strong>am em atividade. Ademais, não é lícito ao Poder<br />

Judiciário, que não exerce função legislativa, conceder aumentos sob a justificativa da isonomia, conforme entendimento<br />

abaixo declinado:<br />

“ADMINISTRATIVO. SERVIDORES. URP. 26,05%. CÁLCULO. REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA. CONTRADITÓRIO.<br />

AMPLA DEFESA. DECADÊNCIA. COISA JULGADA. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. No caso dos autos, o SIAPE não<br />

suprimiu a parcela paga, nem efetuou redução re<strong>tr</strong>oativa aos planos de carreira implementados no ano de 2001/2002<br />

(re<strong>es</strong><strong>tr</strong>uturaçõ<strong>es</strong> de cargos dos servidor<strong>es</strong> técnico-adminis<strong>tr</strong>ativos das instituiçõ<strong>es</strong> federais de ensino decorrente da MP nº<br />

2.150-39, reeditada até a MP n.º 2.229-43, de 06/09/2001 e, posteriormente, pela Lei n.º 10.302/2001; e dos prof<strong>es</strong>sor<strong>es</strong> de<br />

1º, 2º e 3º graus de instituição federal de ensino, advinda da Lei nº 10.405, de 10/01/2002), ele apenas evitou que houv<strong>es</strong>se<br />

novo reajuste ilegal, decorrente da incidência do percentual de 26,05% sobre os novos patamar<strong>es</strong> remuneratórios<br />

in<strong>tr</strong>oduzidos no ano de 2006 (por força da MP 295, de 29/05/2006, convertida na Lei 11.344, de 08/09/2006, que operou a<br />

re<strong>es</strong><strong>tr</strong>uturação da carreira de Magistério de Ensino Superior de Instituiçõ<strong>es</strong> Federais de Ensino e pela Lei 11.091/2005,<br />

atinente ao novo plano de carreira dos técnicos adminis<strong>tr</strong>ativos). 2. Não há nec<strong>es</strong>sidade de garantir o con<strong>tr</strong>aditório e ampla<br />

def<strong>es</strong>a aos servidor<strong>es</strong>. A Adminis<strong>tr</strong>ação apenas impediu a incidência de 26,05% sobre os novos patamar<strong>es</strong> remuneratórios<br />

in<strong>tr</strong>oduzidos no ano de 2006, visto que consubstanciaria nova ilegalidade, ou seja, não ocorreu decréscimo remuneratório.<br />

Também não é o caso de que se cogite de decadência, pois não houve anulação de ato adminis<strong>tr</strong>ativo, nem revisão de<br />

valor<strong>es</strong>, mas tão somente adequação da forma de cálculo no SIAPE, a fim de que os pagamentos futuros da vantagem não<br />

incidissem sobre os novos vencimentos. 3. Como não ocorreu supr<strong>es</strong>são da parcela ou redução re<strong>tr</strong>oativa aos planos de<br />

carreira de 2001/2002, é irrelevante a alegação de ofensa à coisa julgada formada nos Mandados de Segurança referidos<br />

nos autos (2001.71.01.001282-2 e 2001.71.01.001283-4, fls. 237/242 e 257/262), que d<strong>es</strong>tinaram-se a evitar a supr<strong>es</strong>são


da vantagem no ano de 2001. 4. Ao alterar a forma de cálculo da URP no SIAPE, tomando por base o valor da parcela em<br />

junho/2006, a atuação da Adminis<strong>tr</strong>ação significou mero cumprimento do princípio da legalidade, bem como não atingiu<br />

qualquer garantia constitucional ou legal dos servidor<strong>es</strong> substituídos. (AC 200671010051540, MARGA INGE BARTH<br />

TESSLER, TRF4 - QUARTA TURMA, D.E. 22/03/2010.)<br />

7. O Recurso da UFES merece ser provido. Com efeito, no que refere à r<strong>es</strong>tituição de valor<strong>es</strong> pagos indevidamente a<br />

servidor<strong>es</strong> públicos, o STF acr<strong>es</strong>centou ou<strong>tr</strong>os requisitos além da boa fé para que a reposição ao erário não seja<br />

obrigatória. O TRF da 2ª Região, analisando caso idêntico ao que ora me deparo, reputou válida a nec<strong>es</strong>sidade de<br />

reposição ao erário, visto que inexistia dúvida plausível sobre a interpretação, validade ou incidência da norma infringida, no<br />

momento da edição do ato que autorizou o pagamento do valor impugnado. Eis o teor da ementa:<br />

REMESSA NECESSÁRIA E APELAÇÃO. DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO APOSENTADO.<br />

VANTAGEM DO ART. 192, LEI 8.112/90. MANUTENÇÃO DA FORMA DO CÁCULO COM BASE NA REMUNERAÇÃO DE<br />

PROFESSOR TITULAR. AUSÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO. REPOSIÇÃO AO ERÁRIO. BOA FÉ<br />

INSUFICIENTE. PROVI MENTO. 1. Trata-se de rem<strong>es</strong>sa nec<strong>es</strong>sária e apelação interposta con<strong>tr</strong>a sentença que concedeu a<br />

segurança pleiteada pelos impe<strong>tr</strong>ant<strong>es</strong>. Est<strong>es</strong>, servidor<strong>es</strong> públicos aposentados, pretendiam a manutenção do pagamento<br />

da vantagem prevista no art. 192, da Lei nº 8.112/90, com base na diferença de remuneração en<strong>tr</strong>e as class<strong>es</strong> de prof<strong>es</strong>sor<br />

adjunto e titular, abs<strong>tr</strong>aindo-se a nova classe de prof<strong>es</strong>sor associado instituída pela Lei nº 11.344/2006, bem como que seja<br />

sustado qualquer d<strong>es</strong>conto de seus proventos, a título de reposição ao erário. 2. Os apelados pretendem, em verdade, a<br />

manutenção da forma de cálculo de seus proventos, ou seja, que continuem sendo calculados com base na remuneração<br />

percebida pelo prof<strong>es</strong>sor titular, que era, à época de suas aposentadorias, a classe imediatamente superior àquela em que<br />

se encon<strong>tr</strong>avam posicionados. 3. Tal pretensão encon<strong>tr</strong>a óbice no princípio de que o servidor não possui direito adquirido a<br />

regime jurídico, sendo-lhe garantido, tão somente, a irredutibilidade de seus vencimentos. Sendo assim, diante da<br />

modificação in<strong>tr</strong>oduzida pela MP nº 295/06, correta a Adminis<strong>tr</strong>ação ao adequar a situação dos apelados à novel legislação,<br />

diante do princípio da legalidade. 4. Não há re<strong>tr</strong>oatividade da lei, ou afronta ao princípio da segurança jurídica. As<br />

aposentadorias dos apelados não foram abaladas, nem seus proventos. Modificou-se apenas a base de cálculo,<br />

adotando-se como parâme<strong>tr</strong>o o novo cargo criado pela MP acima referida. 5. A hipót<strong>es</strong>e não comportava instauração de<br />

procedimento adminis<strong>tr</strong>ativo, eis que se revelava evidente e claro o equívoco no cálculo dos proventos dos apelados.<br />

Assim, <strong>tr</strong>atava-se apenas de verificar a correção (objetiva) dos valor<strong>es</strong> a partir dos referenciais normativos aplicáveis à<br />

<strong>es</strong>pécie. 6. O Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> acr<strong>es</strong>centou ou<strong>tr</strong>os requisitos além da boa fé para que a reposição ao erário não<br />

seja obrigatória, in verbis: “ii] ausência, por parte do servidor, de influência ou interferência para a conc<strong>es</strong>são da vantagem<br />

impugnada; iii] existência de dúvida plausível sobre a interpretação, validade ou incidência da norma infringida, no momento<br />

da edição do ato que autorizou o pagamento da vantagem impugnada; iv] interpretação razoável, embora errônea, da lei<br />

pela Adminis<strong>tr</strong>ação." 7. No caso em tela, ainda que haja boa-fé dos apelados, falta-lh<strong>es</strong> o terceiro requisito acima elencado,<br />

qual seja, existência de dúvida plausível sobre a interpretação, validade ou incidência da norma infringida, no momento da<br />

edição do ato que autorizou o pagamento do valor impugnado. O que ocorreu foi mero equívoco da Adminis<strong>tr</strong>ação, ou seja,<br />

o ato adminis<strong>tr</strong>ativo era inválido e, com tal, passível de anulação. 8. Rem<strong>es</strong>sa nec<strong>es</strong>sária e apelação providas.<br />

Proc<strong>es</strong>so AMS 200650010121260. AMS - APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA – 72678. Relator D<strong>es</strong>embargador<br />

<strong>Federal</strong> GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA Sigla do órgão TRF2 Órgão julgador SEXTA TURMA<br />

ESPECIALIZADA Fonte E-DJF2R - Data::03/12/2010 - Página::243/244)<br />

8. Den<strong>tr</strong>o do contexto acima exposto, reputo válido o procedimento adotado pela UFES, no sentido de apurar os valor<strong>es</strong><br />

pagos a maior e efetivar os correlatos d<strong>es</strong>contos nos vencimentos das autoras.<br />

9. Recurso das autoras conhecido e improvido. Recurso da UFES conhecido e provido, determinando-se a reforma na<br />

sentença no que refere à determinação de que a UFES proced<strong>es</strong>se à r<strong>es</strong>tituição de valor<strong>es</strong> eventualmente d<strong>es</strong>contados e<br />

se abstiv<strong>es</strong>se de proceder a d<strong>es</strong>contos de valor<strong>es</strong> pagos a maior. Por conseqüência, revoga-se a antecipação de tutela e<br />

julga-se improcedente o pedido.<br />

10. Custas ex lege. Condenação de cada autora ao pagamento de R$ 200,00 (duzentos reais) a título de honorários<br />

advocatícios.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DAS AUTORAS, bem como<br />

CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO DA UFES, na forma da ementa constante dos autos, que passa a<br />

integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

14 - 0002611-27.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002611-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOELMA DA SILVA MIRANDA<br />

(ADVOGADO: LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).


Proc<strong>es</strong>so n.º 0002611-27.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de Vitória<br />

Recorrente: JOELMA DA SILVA MIRANDA<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 89-92, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido de<br />

r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta a<br />

recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que a moléstia da qual padece a incapacita total e definitivamente para o labor. Aduz que foi<br />

prejudicada quando da realização da perícia médica oficial por não ter fornecido exame de TC do Crânio solicitado pelo<br />

expert, não possuindo, todavia, condiçõ<strong>es</strong> financeiras para arcar com os custos do referido exame. Com base nisso, requer<br />

seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, concedendo-lhe o benefício de aposentadoria por invalidez.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 96-99.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa da<br />

recorrente.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 74-75), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de ortopedia e <strong>tr</strong>aumatologia, a<br />

recorrente (31 anos) foi examinada, não sendo, todavia, diagnosticada qualquer patologia (qu<strong>es</strong>ito nº 01). Consignou o<br />

expert que durante o exame pericial não se evidenciaram sinais e sintomas de l<strong>es</strong>ão osteomuscular incapacitante.<br />

Constatou que a recorrente foi submetida à cirurgia para <strong>tr</strong>atamento de l<strong>es</strong>ão no ombro direito, apr<strong>es</strong>entando cura conforme<br />

at<strong>es</strong>tam os exam<strong>es</strong> pós-operatórios (qu<strong>es</strong>ito nº 02). Informou que a emissão de seu parecer pr<strong>es</strong>cinde da realização de<br />

exame complementar (qu<strong>es</strong>ito nº 06). N<strong>es</strong>se quadrante, concluiu pela plena capacidade laborativa (qu<strong>es</strong>itos nº 09 e 14).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 69, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente


15 - 0005906-43.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005906-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) REGINA LUCIA HOLZ<br />

(ADVOGADO: DIMAS PINTO VIEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE<br />

LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0005906-43.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° de JEF Vitória<br />

Recorrente: REGINA LUCIA HOLZ<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 54-62, em razão de sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.<br />

Sustenta a recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que o magis<strong>tr</strong>ado sentenciante baseou-se apenas e tão somente no laudo pericial para<br />

formar seu convencimento, d<strong>es</strong>prezando prova <strong>es</strong>sencial consubstanciada nos laudos médicos particular<strong>es</strong> coligidos, os<br />

quais at<strong>es</strong>tam a incapacidade total e definitiva para o labor. Aduz que percebera auxílio-doença previdenciário por<br />

aproximadamente 03 (<strong>tr</strong>ês) anos, o qual foi c<strong>es</strong>sado pela autarquia previdenciária, muito embora subsistisse a incapacidade<br />

laborativa. Assevera, por fim, correr o risco de agravamento de sua doença caso compelida a retornar ao <strong>tr</strong>abalho. Com<br />

base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedent<strong>es</strong> os pedidos deduzidos na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 66-69.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa da<br />

recorrente.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 34-35), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de ortopedia, a recorrente (57 anos) foi<br />

examinada e diagnosticada com dor na região lombar, tendo sido submetida a ar<strong>tr</strong>od<strong>es</strong>e da coluna lombar para <strong>tr</strong>atamento<br />

de <strong>es</strong>pondilolist<strong>es</strong>e lombar. Trata-se de patologia de ordem degenerativa que, no entanto, não a incapacita para o exercício<br />

de sua atividade habitual de costureira (qu<strong>es</strong>itos n°s 07, 08 e 09). Qu<strong>es</strong>tionado sobre as característic as da doença,<br />

asseverou o expert que a periciada apr<strong>es</strong>entou limitação na flexão da coluna lombar, com t<strong>es</strong>te de lasegue negativo, t<strong>es</strong>te<br />

de SLR normal e marcha normal (qu<strong>es</strong>ito n° 02). Sobr e as limitaçõ<strong>es</strong> funcionais que impediriam o d<strong>es</strong>empenho da atividade<br />

habitual, informou que a recorrente não pode carregar p<strong>es</strong>o, inexistindo óbice à realização de <strong>tr</strong>abalho sentada (qu<strong>es</strong>ito n°<br />

11). Quanto à eventual nec<strong>es</strong>sidade de adaptaçõ<strong>es</strong> no posto de <strong>tr</strong>abalho, elucidou que conquanto não tenha sido verificada<br />

incapacidade, a realização de intervalos e mudanças de posição podem ajudar a periciada a apr<strong>es</strong>entar melhor<br />

d<strong>es</strong>empenho (qu<strong>es</strong>ito n° 15).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 29, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade


Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

16 - 0008144-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.008144-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDUARDO BRANDÃO DOS<br />

SANTOS (ADVOGADO: LUIZ CARLOS BARRETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0008144-64.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEF de Vitória<br />

Recorrente: EDUARDO BRANDÃO DOS SANTOS<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 94-100, em razão de sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez. Sustenta o<br />

recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que os laudos médicos particular<strong>es</strong> coligidos at<strong>es</strong>tam de forma inequívoca sua incapacidade total e<br />

definitiva para o labor. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se<br />

procedent<strong>es</strong> os pedidos deduzidos na inicial. Eventualmente, requer a realização de nova perícia médica dada a divergência<br />

existente en<strong>tr</strong>e o laudo oficial e os laudos particular<strong>es</strong>.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 104-107.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa do<br />

recorrente.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 79-81), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de cardiologia, o recorrente (53 anos) foi<br />

examinado e diagnosticado com doença coronária crônica, com Infarto Agudo do Miocárdio – IAM em setembro de 2010 e<br />

Angioplastia Transluminal Coronária – ATC em circunflexa e diagonal (qu<strong>es</strong>ito n° 01). Trata-se de patol ogia de origem<br />

multifatorial com component<strong>es</strong> hereditários comportamentais e etários que, no entanto, não incapacita para o exercício da<br />

atividade habitual de motorista (qu<strong>es</strong>itos n°s 07, 0 8 e 09). Qu<strong>es</strong>tionado sobre as características da doença, <strong>es</strong>clareceu o<br />

perito que a “insuficiência coronariana é uma deficiência na irrigação miocárdica ocasionada pela diminuição da luz ou<br />

diâme<strong>tr</strong>o interno de uma ou mais artérias coronárias. O proc<strong>es</strong>so de diminuição do diâme<strong>tr</strong>o interno de uma artéria<br />

coronária ocorre principalmente devido ao depósito de col<strong>es</strong>terol na camada média da artéria [...] Implica sempre em<br />

doença grave que se não <strong>tr</strong>atada pode evoluir para infarto agudo do miocárdio” (qu<strong>es</strong>ito n° 02). Quanto à possibilidade de<br />

agravamento da doença em virtude do d<strong>es</strong>empenho da atividade habitual, asseverou que não há risco de agravamento,<br />

pois além da doença <strong>es</strong>tar con<strong>tr</strong>olada, a profissão de motorista não exige capacidade cardiopulmonar otimizada (qu<strong>es</strong>ito n°<br />

10). No que concerne às limitaçõ<strong>es</strong> funcionais no d<strong>es</strong>empenho da atividade habitual, afirmou que o recorrente pode subir e<br />

d<strong>es</strong>cer <strong>es</strong>cadas, mas não deve carregar p<strong>es</strong>o (qu<strong>es</strong>ito n° 11).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 73, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa


que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

17 - 0000348-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000348-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x SELMO RAMALHETE MAGRI (ADVOGADO:<br />

JOSE CARLOS BENINCA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000348-85.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEF de Vitória<br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrido: SELMO RAMALHETE MAGRI<br />

Relator:Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS<br />

LEGAIS NÃO PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Serviço Social – INSS às fls. 79-82, em razão da sentença<br />

que julgou parcialmente procedente os pedidos deduzidos na inicial, condenando o INSS a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício de<br />

auxílio-doença NB 124.001.147-1 d<strong>es</strong>de a c<strong>es</strong>sação, a dizer 22.11.2011, e a convertê-lo em aposentadoria por invalidez<br />

com DIB em 09.04.2012. Sustenta o recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que a perícia judicial concluiu pela incapacidade parcial e<br />

definitiva, razão pela qual não faz jus o recorrido ao benefício de aposentadoria por invalidez. Aduz, ou<strong>tr</strong>ossim, que se<br />

afigura precoce concluir pela insuscetibilidade de reabilitação do recorrido por inexistência de atividade compatível na região<br />

onde r<strong>es</strong>ide. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se<br />

improcedente a pretensão autoral.<br />

Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

A condição de segurado e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. Assim, a qu<strong>es</strong>tão que reman<strong>es</strong>ce diz com a<br />

natureza e extensão da incapacidade laboral.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fl. 40), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de gas<strong>tr</strong>oenterologia, o recorrido (33 anos) foi<br />

examinado e diagnosticado com diabet<strong>es</strong> tipo II, insulino dependente, cica<strong>tr</strong>iz abdominal com grande herniação supra<br />

umbilical, perda parcial de tecido da parede abdominal, patologia de origem adquirida que o incapacita para sua atividade<br />

habitual de lavrador (qu<strong>es</strong>itos nºs 07, 08 e 09). Qu<strong>es</strong>tionado sobre as características da doença, r<strong>es</strong>pondeu o expert que o<br />

paciente era alcoolista; apr<strong>es</strong>entou quadro de pancreatite aguda necro hemorrágica em 10.01.2011; foi operado no<br />

HUCAM, apr<strong>es</strong>entando fístula <strong>es</strong>tercoral que levou à colocação de uma colostomia, a qual permaneceu até 2011 quando foi<br />

feita cirurgia para recons<strong>tr</strong>ução do cólon (qu<strong>es</strong>ito nº 02). Asseverou que o periciado não possui condiçõ<strong>es</strong> de <strong>tr</strong>abalhar<br />

como lavrador por <strong>es</strong>tar impedido de pegar p<strong>es</strong>o, dada a fragilidade de sua parede abdominal (qu<strong>es</strong>itos nºs 09 e 16).<br />

Quanto à possibilidade de reabilitação, informou que o periciado pode perfeitamente ser reabilitado para funçõ<strong>es</strong> como a de<br />

vigilante, porteiro, balconista, vendedor de jornal etc (qu<strong>es</strong>itos nºs 15 e 17). Concluiu, assim, pela incapacidade parcial e<br />

definitiva.<br />

N<strong>es</strong>se contexto, o magis<strong>tr</strong>ado prolator da sentença, no alvi<strong>tr</strong>e de que o recorrido não <strong>es</strong>tá obrigado a migrar da sua região<br />

para buscar emprego e que dificilmente conseguirá d<strong>es</strong>empenhar algum tipo de atividade que lhe garanta sustento den<strong>tr</strong>o<br />

de sua limitação física e profissional, entendeu que se <strong>tr</strong>ata, em verdade, de incapacidade total e definitiva, concedendo o<br />

benefício da aposentadoria por invalidez.<br />

Todavia, em que p<strong>es</strong>em os bem lançados argumentos, merece parcial reforma a sentença recorrida.<br />

Preconiza a Súmula nº 47 da Turma Nacional de Uniformização – TNU que “uma vez reconhecida a incapacidade parcial<br />

para o <strong>tr</strong>abalho, o juiz deve analisar as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais e sociais do segurado para a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por<br />

invalidez”.<br />

N<strong>es</strong>se viés, considerando notadamente que o recorrido encon<strong>tr</strong>a-se com apenas 33 anos de idade, não se afigura prudente<br />

ou razoável d<strong>es</strong>cartar a priori a possibilidade de recolocação profissional, r<strong>es</strong>peitadas as limitaçõ<strong>es</strong> diagnosticadas pelo<br />

perito e o contexto social do segurado, sendo m<strong>es</strong>mo prematura a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez.<br />

Oportuno repisar que a ordem social tem como base o primado do <strong>tr</strong>abalho (Constituição da República, art. 193) e que a<br />

pr<strong>es</strong>tação previdenciária concedida em primeiro grau somente deve ser paga quando efetivamente devida, sob pena de<br />

vilipendiar-se o equilíbrio do sistema financeiro e atuarial do sistema previdenciário.<br />

D<strong>es</strong>se modo, mais adequada ao caso é a conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de auxílio-doença até a reabilitação do<br />

segurado, devendo ser excluída da condenação a aposentadoria por invalidez.<br />

Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para reformar a sentença, excluindo a condenação do INSS a<br />

promover a implantação do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, permanecendo incólume o comando de<br />

r<strong>es</strong>tabelecimento de auxílio-doença d<strong>es</strong>de 22.11.2011, até a reabilitação do segurado.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em


vista o disposto no art. 55 da Lei nº 8.213/1991.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar total provimento, na forma da<br />

ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

18 - 0000237-04.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000237-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROZIMAR MARIA DA SILVA<br />

ANDRADE (ADVOGADO: JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -<br />

INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000237-04.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEF de Vitória<br />

Recorrente: ROZIMAR MARIA DA SILVA ANDRADE<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator:Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA<br />

RECURSAL/ES. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 81-90, em razão de sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.<br />

Sustenta a recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que o magis<strong>tr</strong>ado sentenciante baseou-se apenas e tão somente no laudo pericial para<br />

formar seu convencimento, d<strong>es</strong>prezando prova <strong>es</strong>sencial consubstanciada nos laudos médicos particular<strong>es</strong> coligidos, os<br />

quais at<strong>es</strong>tam a incapacidade total e definitiva para o labor. Pugna sejam levados em consideração o histórico clínico e<br />

suas condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedent<strong>es</strong> os pedidos<br />

deduzidos na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 94-99.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa da<br />

recorrente.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 34-35), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de ortopedia e <strong>tr</strong>aumatologia, a<br />

recorrente (49 anos) foi examinada, não sendo, todavia, diagnosticada patologia do ponto de vista ortopédico (qu<strong>es</strong>ito n°<br />

01). Consignou o expert que durante o exame pericial a recorrente apr<strong>es</strong>entou-se assintomática, com exame físico e<br />

radiológicos normais (qu<strong>es</strong>itos n° 02 e 09). Conclui u, pois, pela plena capacidade laborativa (qu<strong>es</strong>itos nº 09 e 14).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Por derradeiro, no caso vertente, as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais da recorrente (idade, condição social, grau de ins<strong>tr</strong>ução, etc.), em<br />

cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não são aptas a infirmar a conclusão jurisdicional adotada.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 61, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

19 - 0000487-62.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000487-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x JOEL JOSÉ RODRIGUES FRANKOVIAKY.<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000487-62.2011.4.02.5053/01– Juízo de Origem: 1ª VF de Linhar<strong>es</strong><br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrido: JOEL JOSÉ RODRIGUES FRANKOVIAKY<br />

Relator:Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL VERIFICADA. LAUDO<br />

PERICIAL FAVORÁVEL. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Serviço Social – INSS às fls. 56-58, em razão de sentença<br />

que julgou procedente o pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento de auxílio-doença previdenciário (NB 531.439.541-6), d<strong>es</strong>de a data de<br />

sua c<strong>es</strong>sação, a dizer 31.03.2011, fixando-se como DIP a data de prolação da sentença. Sustenta a Autarquia<br />

Previdenciária, em sínt<strong>es</strong>e, que a perícia judicial concluiu pela capacidade laborativa com r<strong>es</strong><strong>tr</strong>içõ<strong>es</strong>, o que não se equipara<br />

à incapacidade laboral, razão pela qual não faz jus o recorrido ao postulado benefício. Pugna sejam considerados os laudos<br />

médicos emitidos pelos peritos do INSS, os quais at<strong>es</strong>tam a existência de capacidade laborativa em momento posterior ao<br />

da c<strong>es</strong>sação do benefício. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença,<br />

julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.<br />

Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

A condição de segurado e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. A qu<strong>es</strong>tão que reman<strong>es</strong>ce diz com a<br />

existência ou não de incapacidade laboral.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 31-34), realizado por <strong>es</strong>pecialista na área de ortopedia, o recorrido (57 anos) foi<br />

examinado e diagnosticado com sequela de fratura em perna direita, l<strong>es</strong>ão de origem <strong>tr</strong>aumática que o incapacita para o<br />

exercício de sua atividade habitual de <strong>tr</strong>abalhador rural/meeiro (qu<strong>es</strong>itos do INSS n°s 02 e 06). Qu<strong>es</strong>ti onado sobre a relação<br />

en<strong>tr</strong>e a patologia e o constatado impedimento para o labor, consignou o perito que há incapacidade para o exercício de<br />

qualquer atividade que demande <strong>es</strong>forço físico, sobrecarga na perna direita e deambulação constante (qu<strong>es</strong>ito do Juízo 04,<br />

alínea “d”). Quanto à possibilidade de reabilitação, asseverou que o recorrido pode exercer qualquer função que não exija<br />

<strong>es</strong>forço físico, nem sobrecarga intensa em perna direita (qu<strong>es</strong>ito do INSS n° 12). Concluiu, pois, pela existência de<br />

incapacidade parcial e definitiva (qu<strong>es</strong>ito do Juízo n° 04, alínea “b”).<br />

Em qu<strong>es</strong>itos complementar<strong>es</strong> (fl. 45), repisou o expert que em decorrência da fratura experimentada, o recorrido apr<strong>es</strong>enta<br />

incapacidade parcial e definitiva para atividad<strong>es</strong> com <strong>es</strong>forços intensos e constant<strong>es</strong> nas pernas. Esclareceu, por oportuno,<br />

que o periciado pode exercer den<strong>tr</strong>o de sua atividade habitual qualquer tarefa que não demande <strong>es</strong>forços intensos na perna<br />

direita ou m<strong>es</strong>mo ser habilitado para ou<strong>tr</strong>a função.<br />

Ora, ainda que se admita que o recorrido <strong>es</strong>teja apto para exercer tarefas que não demandem <strong>es</strong>forço físico, não se pode<br />

d<strong>es</strong>curar que a atividade rural a que ele se dedica não comporta tal possibilidade. Não é possível ao lavrador <strong>es</strong>colher<br />

executar apenas tarefas lev<strong>es</strong>. Ao con<strong>tr</strong>ário, o labor na lavoura exige vigor físico, demandando a realização movimentos<br />

incompatíveis com a limitação física apr<strong>es</strong>entada pelo recorrido.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, há que se ter em mente que a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho é requisito que deve ser analisado à luz dos<br />

princípios basilar<strong>es</strong> que norteiam a Constituição da República, como o da dignidade da p<strong>es</strong>soa humana, da justiça social e<br />

da redução das d<strong>es</strong>igualdad<strong>es</strong>, e, igualmente, sob a ótica da proteção ao direito fundamental à saúde (CF, art. 6º).<br />

Assim, considerando a limitação funcional apontada pelo perito, consistente impossibilidade de realização de <strong>es</strong>forço físico<br />

intenso, sobrecarga na perna direita e deambulação constante, tenho que o recorrido encon<strong>tr</strong>a-se, de fato, incapacitado<br />

para o ofício de meeiro, o qual, saliente-se, demanda <strong>es</strong>forço físico intenso e permanência por longos períodos em pé.<br />

Por derradeiro, calha gizar que, padecendo da referida limitação, o recorrido dificilmente atingirá a média dos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong><br />

da sua categoria profissional sem o sacrifício da <strong>es</strong>tabilidade do seu quadro clínico. Por irradiação do princípio da dignidade<br />

da p<strong>es</strong>soa humana (CR, inc. III do art. 1º) e do direito fundamental à saúde (CR, art. 6º) deve, pois, ser reconhecida a<br />

incapacidade laboral parcial e definitiva no pr<strong>es</strong>ente caso.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, fixados em 10%<br />

sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

20 - 0004836-88.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004836-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LECIRA DE CASTRO SOUZA<br />

SALLES (ADVOGADO: SAMYRA CARNEIRO PERUCHI, KAMILA MEIRELLES PAULO, FRANCELINO JOSÉ<br />

HENRIQUES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO<br />

JUNQUEIRA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0004836-88.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de Vitória<br />

Recorrente: LECIRA DE CASTRO SOUZA SALLES<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL NÃO VERIFICADA.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 149-157, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido<br />

de r<strong>es</strong>tabelecimento de benefício previdenciário de auxílio-doença, bem como o de indenização a título de dano moral.<br />

Sustenta a recorrente, em r<strong>es</strong>umo, a “nulidade” do laudo pericial, porquanto omisso e genérico em muitos pontos. Aduz<br />

ainda, que os laudos e ou<strong>tr</strong>os documentos médicos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados (fls. 21, 22,23, 24 e 31), at<strong>es</strong>tam de forma<br />

inequívoca que sua incapacidade laboral se <strong>es</strong>tendera por período superior àquele da fruição do auxílio-doença concedido<br />

no período de 06/11/2008 a 31/12/2008 (NB 534.555.306.-4). Assim, requer o conhecimento e o provimento do recurso,<br />

anulando-se a sentença para reabrir a ins<strong>tr</strong>ução proc<strong>es</strong>sual e, subsidiariamente, a reforma da sentença, julgando-se<br />

procedente o pedido inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 165-167.<br />

Sobre a matéria preceitua o art. 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991 que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual<br />

por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

D<strong>es</strong>cabe pronunciamento acerca da condição de segurada e do período de carência, porquanto não con<strong>tr</strong>overtidos <strong>es</strong>s<strong>es</strong><br />

pontos, além de o proc<strong>es</strong>so demons<strong>tr</strong>ar o recebimento de benefício pela recorrente contemporâneo à causa de pedir<br />

recursal.<br />

A recorrente cen<strong>tr</strong>a sua irr<strong>es</strong>ignação na alegada deficiência das r<strong>es</strong>postas constant<strong>es</strong> do laudo médico pericial judicial (fl.<br />

106), por entender viciado, porquanto omisso em alguns pontos e genérico, o que indica a ausência de análise cuidadosa e<br />

pormenorizada da matéria fática.<br />

Em 13/11/2012, ontem, recebi o Advogado da recorrente portando memoriais os quais enfatizam as qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> até aqui<br />

delineadas, em prol das razõ<strong>es</strong> da recorrente. Pois bem. Vemos que a perícia foi realizada por médico da <strong>es</strong>pecialidade<br />

ortopedia. Vale dizer, exatamente a área da patologia ostentada na causa. Por seu turno, a recorrente (com 38 anos) de<br />

idade foi examinada e diagnosticada com l<strong>es</strong>ão de menisco medial e l<strong>es</strong>ão condral femoral medial II no joelho <strong>es</strong>querdo; e<br />

assim, submetida a <strong>tr</strong>atamento cirúrgico ar<strong>tr</strong>oscópico em 09.09.2008 (qu<strong>es</strong>ito do Juízo nº 01). O perito consignou que a<br />

patologia é degenerativa, en<strong>tr</strong>etanto, não a incapacita para suas atividad<strong>es</strong> habituais de auxiliar adminis<strong>tr</strong>ativa (qu<strong>es</strong>itos do<br />

Juízo nºs 09 e 11). Qu<strong>es</strong>tionado sobre as características da doença, asseverou o perito que as l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> podem provocar<br />

incapacidade temporária para realizar atividad<strong>es</strong> vigorosas com o joelho <strong>es</strong>querdo, mas que isso impede, todavia, que se<br />

<strong>tr</strong>abalhe sentado ou com pouca locomoção, pouco tempo após o procedimento cirúrgico, e que, na maioria dos casos tal<br />

l<strong>es</strong>ão não impede o exercício de cargos burocráticos. (qu<strong>es</strong>ito do Juízo nº 04).<br />

Em laudo complementar (fl. 129), afirmou que o grau de seriedade da cirurgia é pequeno (qu<strong>es</strong>ito da parte autora nº 01) e<br />

que o tempo médio de recuperação após o procedimento cirúrgico é en<strong>tr</strong>e 15 a 30 dias, podendo, após <strong>es</strong>se prazo, a<br />

periciada realizar todas as suas atividad<strong>es</strong> (qu<strong>es</strong>itos da recorrente nºs 02 e 07).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. No caso em apreço, após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo<br />

entende que o material probatório acostado – não obstante a ênfase da irr<strong>es</strong>ignação da recorrente – <strong>es</strong>ta não se apr<strong>es</strong>enta<br />

apta a infirmar a análise e as conclusõ<strong>es</strong> da perícia judicial <strong>es</strong>pecializada, produzidos em duas oportunidad<strong>es</strong> (fls. 106 e<br />

129) – aí incluídos qu<strong>es</strong>itos <strong>es</strong>pecíficos formulados pela recorrente.<br />

Com efeito, a causa de pedir recursal assenta-se, como sói acontecer, na contingência etiológica <strong>es</strong>pecífica, da qual possa<br />

se inferir a pr<strong>es</strong>ença de incapacidade temporária ou definitiva para o <strong>tr</strong>abalho. Este o núcleo con<strong>tr</strong>oversial. Para dirimi-lo,<br />

em matéria previdenciária (art. 12, § 2º, da Lei nº 10.259/2001) o juiz poderá determinar a realização de exame técnico, do<br />

que intimará as part<strong>es</strong>, tanto para <strong>es</strong>tas apr<strong>es</strong>entarem qu<strong>es</strong>itos, quanto para indicarem assistent<strong>es</strong>.<br />

No caso em julgamento, ao exame compareceu o assistente técnico do INSS (fl. 106), enquanto que a recorrente não se<br />

utilizou d<strong>es</strong>sa faculdade.


11. N<strong>es</strong>se diapasão, oportuno lembrar entendimento sufragado no âmbito d<strong>es</strong>ta Turma Recursal, no sentido de que: “o<br />

médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar<br />

(<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais<br />

indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por<br />

isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.”<br />

(Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011 por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz<br />

<strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

12. Já a alegativa da recorrente acerca da prevalência, in casu, da documentação médica particular apr<strong>es</strong>entada, nela<br />

incluídos laudos médicos, após analisados, não se mos<strong>tr</strong>am aptos a superar fática e clinicamente, as conclusõ<strong>es</strong> do laudo<br />

médico judicial, m<strong>es</strong>mo porque <strong>es</strong>te textualmente assentou na r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito nº 9 que na data da perícia, isto é, em<br />

05 de março de 2010 não constatou incapacidade da recorrente para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

13. Assim colocado, tendo em relevo a contingência na qual se assenta a causa de pedir, incide na <strong>es</strong>pécie o entendimento<br />

expr<strong>es</strong>so no Enunciado de nº 08 d<strong>es</strong>ta Turma Recursal, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral,<br />

enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a<br />

r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

14. Oportuno rememorar que o exc<strong>es</strong>so de objetividade não invalida a prova pericial. Importa que o laudo pericial seja<br />

conclusivo e que inequivocamente revele a conclusão formada pelo perito. Nos juizados <strong>es</strong>peciais, os atos proc<strong>es</strong>suais são<br />

regidos pela simplicidade e pela informalidade (art. 2º da Lei 9.099/95), razão pela qual o laudo pericial não precisa conter<br />

fundamentação detalhada.<br />

15. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

16. N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, conheço do recurso, mas nego-lhe provimento.<br />

17. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 159,<br />

na forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950, r<strong>es</strong>salvado, no ponto, o entendimento do relator.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

21 - 0000143-81.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000143-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x IRACENILDA MARIA DIAS (ADVOGADO:<br />

Thor Lincoln Nun<strong>es</strong> Grünewald.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000143-81.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de Linhar<strong>es</strong><br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida: IRACENILDA MARIA DIAS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL VERIFICADA. LIMITAÇÃO FUNCIONAL COMPROMETEDORA DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE LABORATIVA<br />

HABITUAL. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 84-87, em razão de sentença<br />

que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de auxílio-doença, com DIB fixada em 08.08.2011<br />

(data da perícia judicial) e DIP coincidente com a data de prolação da sentença. Sustenta o recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que a<br />

recorrida possui plena capacidade laborativa, conforme at<strong>es</strong>tou o perito do Juízo. Argumenta que não há razão para<br />

d<strong>es</strong>considerar as conclusõ<strong>es</strong> da perícia judicial, porquanto gozam de tecnicismo, co<strong>es</strong>ão e imparcialidade. Com base nisso,<br />

requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 97-101.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

A condição de segurada e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. A qu<strong>es</strong>tão que reman<strong>es</strong>ce cinge-se, pois, a<br />

existência ou não de incapacidade laboral.<br />

Na análise pericial do Juízo (fls. 60-63), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de ortopedia, a recorrida (49 anos) foi examinada<br />

e diagnosticada com ar<strong>tr</strong>ose e discopatia em coluna e lombar (qu<strong>es</strong>ito do INSS nº 01), patologia de ordem degenerativa<br />

que, en<strong>tr</strong>etanto, não a incapacita para suas atividad<strong>es</strong> habituais de doméstica (qu<strong>es</strong>itos do INSS nºs 02 e 06 e qu<strong>es</strong>ito do


Juízo nº 04). Sobre as características da doença, informou o expert que ar<strong>tr</strong>ose é uma afecção de caráter degenerativo das<br />

articulaçõ<strong>es</strong> do corpo humano, de evolução lenta e normal a todos os ser<strong>es</strong> humanos que não a incapacita para o exercício<br />

da atividade habitual (qu<strong>es</strong>ito do INSS nº 04). Em r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito do Juízo nº 06, consignou que a recorrida pode<br />

d<strong>es</strong>empenhar qualquer atividade que não exija atividad<strong>es</strong> com sobrecarga de p<strong>es</strong>o ex<strong>tr</strong>emo em coluna lombar.<br />

Embora a conclusão exarada pelo perito judicial tenha sido pela capacidade laborativa, é nec<strong>es</strong>sário recapitular que o juiz<br />

não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, seja judicial ou adminis<strong>tr</strong>ativo, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou<br />

fatos provados nos autos (CPC, art. 436).<br />

De par com isso, não é ocioso enfatizar que a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho é requisito que deve ser analisado à luz dos<br />

princípios basilar<strong>es</strong> que norteiam a Constituição da República, como o da dignidade da p<strong>es</strong>soa humana, da justiça social e<br />

da redução das d<strong>es</strong>igualdad<strong>es</strong>, e, igualmente, sob a ótica da proteção ao direito fundamental à saúde (CF, art. 6º).<br />

N<strong>es</strong>se contexto, o magis<strong>tr</strong>ado prolator da sentença, no correto alvi<strong>tr</strong>e de que a r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição funcional apontada pelo perito<br />

(sobrecarga de p<strong>es</strong>o em coluna lombar) prejudica severamente o ofício de doméstica, entendeu que a recorrida<br />

encon<strong>tr</strong>a-se, em verdade, incapacitada temporariamente para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

Por derradeiro, calha gizar que, padecendo da referida limitação, a recorrida dificilmente atingirá a média dos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong><br />

da sua categoria profissional sem o sacrifício da <strong>es</strong>tabilidade do seu quadro clínico. Por irradiação do princípio da dignidade<br />

da p<strong>es</strong>soa humana (CR, inc. III do art. 1º) e do direito fundamental à saúde (CR, art. 6º) deve, pois, ser reconhecida a<br />

incapacidade laboral parcial e definitiva no pr<strong>es</strong>ente caso.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%<br />

sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

22 - 0000630-51.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000630-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BENEDITA LIRIO DA<br />

FONSECA (ADVOGADO: Thor Lincoln Nun<strong>es</strong> Grünewald.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000630-51.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1º VF de Linhar<strong>es</strong><br />

Recorrente: BENEDITA LIRIO DA FONSECA<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL NÃO VERIFICADA. INEXISTÊNCIA DE PATOLOGIA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 56-74, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido de<br />

conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta a<br />

recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que sua incapacidade laboral decorre do somatório de enfermidad<strong>es</strong> que não foram devidamente<br />

analisadas pelo perito do Juízo, razão pela qual mister se faz a realização de nova perícia. Com base nisso, requer seja<br />

conhecido e provido o recurso para anular a sentença, convertendo-se o feito em diligência para reabrir a ins<strong>tr</strong>ução<br />

proc<strong>es</strong>sual.<br />

Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa da<br />

recorrente.<br />

Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 41-42), feita por <strong>es</strong>pecialista na área de neurologia, a recorrente (49 anos) foi<br />

examinada, não sendo, todavia, diagnosticada patologia neurológica alguma (qu<strong>es</strong>itos nºs 01 e 02).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. No caso em apreço, após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo


entende que o material probatório acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Por derradeiro, d<strong>es</strong>cabida a realização de nova perícia médica por ou<strong>tr</strong>o <strong>es</strong>pecialista, sob pena de se negar vigência à<br />

legislação que regulamenta a profissão de médico, a qual não exige <strong>es</strong>pecialização para o diagnóstico de doenças ou para<br />

a realização de perícias. Argüição de nulidade rejeitada.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 24, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

23 - 0005980-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005980-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x ANTONIA MARIA RODRIGUES CAMPELO<br />

(ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0005980-63.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de Vitória<br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida: ANTONIA MARIA RODRIGUES CAMPELO<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL VERIFICADA. RESTRIÇÃO FUNCIONAL COMPROMETEDORA DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE HABITUAL.<br />

DIB COINCIDENTE COM A DATA DA CESSAÇÃO INDEVIDA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS às fls. 54-57, em razão de<br />

sentença que julgou parcialmente procedent<strong>es</strong> os pedidos, condenando a autarquia recorrente a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício de<br />

auxílio-doença previdenciário NB 534.394.142-3, d<strong>es</strong>de a data da c<strong>es</strong>sação indevida, a dizer 21.10.2010. Sustenta o<br />

recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que a recorrida não se apr<strong>es</strong>enta incapaz para exercício de sua atividade habitual, conforme<br />

concluiu o perito do Juízo. Aduz que não há nos autos elemento de prova apto a infirmar tal conclusão e ensejar a<br />

conc<strong>es</strong>são do benefício pretendido. Caso assim não se entenda, pugna que ao menos seja fixada DIB na data da<br />

realização da perícia judicial, sem qualquer condenação anterior àquela data, na <strong>es</strong>teira de reiterada jurisprudência do<br />

Colendo Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a<br />

sentença, julgando-se improcedente a pretensão autoral ou, subsidiariamente, procedida à alteração da DIB.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 65-71.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

A condição de segurada e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. A qu<strong>es</strong>tão que reman<strong>es</strong>ce cinge-se, pois, a<br />

aferir a existência ou não de incapacidade laborativa.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 31-33), a recorrida (41 anos) foi examinada e diagnosticada com l<strong>es</strong>ão neurológica<br />

do membro superior direito (qu<strong>es</strong>ito nº 01), patologia que, en<strong>tr</strong>etanto, não a incapacita para o exercício da atividade habitual<br />

de inspetora <strong>es</strong>colar/adminis<strong>tr</strong>adora (qu<strong>es</strong>itos nºs 08 e 09). Consignou, todavia, o expert que a periciada “consegue


<strong>es</strong>crever e digitar, porém <strong>es</strong>tá com movimentos mais lentos” (qu<strong>es</strong>ito nº 09). Sobre as características da doença, at<strong>es</strong>tou<br />

que a recorrida apr<strong>es</strong>enta hipo<strong>tr</strong>ofia muscular na mão e antebraço direito (qu<strong>es</strong>ito nº 02). No que concerne à origem da<br />

enfermidade, asseverou não ser possível <strong>es</strong>tabelecê-la, visto que o “médico assistente não fez o diagnóstico etiológico da<br />

doença” (qu<strong>es</strong>ito nº 07). Quanto às limitaçõ<strong>es</strong> funcionais que impediriam o d<strong>es</strong>empenho da atividade habitual, informou<br />

inexistirem limitaçõ<strong>es</strong> (qu<strong>es</strong>ito nº 11).<br />

Embora a conclusão exarada pelo perito judicial tenha sido pela capacidade laborativa, nec<strong>es</strong>sário recapitular que o juiz não<br />

<strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos provados nos autos (art. 436<br />

do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil).<br />

Diante disso e com base nos demais elementos de prova constant<strong>es</strong> dos autos, o douto magis<strong>tr</strong>ado sentenciante entendeu<br />

pela existência de incapacidade laborativa, ponderando que “se a limitação funcional não impedir o segurado de exercer<br />

parcela das funçõ<strong>es</strong> próprias da atividade habitual, mas implicar redução significativa da produtividade, comparativamente<br />

aos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> da m<strong>es</strong>ma categoria profissional, caracteriza-se a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. Entendimento em<br />

sentido con<strong>tr</strong>ário implica ofensa ao princípio constitucional da dignidade da p<strong>es</strong>soa humana”. (grifo nosso)<br />

Ora, inqu<strong>es</strong>tionável o acerto do decisum, uma vez que r<strong>es</strong>tou comprovado pelos laudos médicos particular<strong>es</strong> coligidos que<br />

a recorrida apr<strong>es</strong>enta sequelas neurológicas irreversíveis (fls. 17 e 18) que implicam perda da capacidade de preensão,<br />

pinça e movimentos finos da mão direita (fl. 20), tornando-a inapta para o exercício de suas atividad<strong>es</strong> laborativas por<br />

tempo indeterminado (fl. 16).<br />

N<strong>es</strong>se contexto, não há como negar que a continuidade do exercício profissional tende a agravar a <strong>es</strong>tabilidade do quadro<br />

clínico da recorrida, circunstância que não se coaduna com o princípio da dignidade humana (art. 1º, inciso III, da<br />

Constituição da República), repr<strong>es</strong>entando, para mais, mácula ao direito fundamental à saúde (CR, art. 6º).<br />

Faz jus, portanto, a recorrida ao benefício de auxílio-doença até a recuperação da capacidade laborativa ou reabilitação<br />

para profissão compatível com a limitação física apr<strong>es</strong>entada.<br />

De igual modo, irretocável a sentença no que tange à fixação da DIB. De fato, os Tribunais não têm apr<strong>es</strong>entado<br />

uniformidade de entendimento quanto ao termo inicial dos benefícios decorrent<strong>es</strong> de incapacidade. Importa, d<strong>es</strong>tacar,<br />

contudo, o posicionamento que vem sendo adotado pela TNU – Turma Nacional de Uniformização ao enfrentar o tema.<br />

Confira-se:<br />

EMENTA-VOTO - PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. DIB. FIXAÇÃO. LIVRE CONVENCIMENTO DO<br />

MAGISTRADO. PERITO NÃO FIXA DATA DO INÍCIO DA INCAPACIDADE. DIB FIXADA NA DATA DA PERÍCIA.<br />

PRECEDENTES DA TNU. 1. Esta TNU já firmou entendimento no sentido de que “o termo inicial dos benefícios, seja por<br />

incapacidade, seja no de pr<strong>es</strong>tação continuada deve ser assim fixado: a) na data de elaboração do laudo pericial, se o<br />

médico não precisar o início da incapacidade e o juiz não possuir ou<strong>tr</strong>os elementos nos autos para sua fixação (Precedente:<br />

PEDILEF n.º 200936007023962); b) na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, se a perícia constatar a existência da<br />

incapacidade em momento anterior a <strong>es</strong>te pedido (Precedente: PEDILEF n.º 00558337620074013400); e c) na data do<br />

ajuizamento do feito, se não houver requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo e a perícia constatar o início da incapacidade em momento<br />

anterior à propositura da ação (Precedente: PEDILEF n.º 00132832120064013200). Em todos os casos, se privilegia o<br />

princípio do livre convencimento motivado que permite ao magis<strong>tr</strong>ado a fixação da data de início do benefício mediante a<br />

análise do conjunto probatório (Precedente: PEDILEF n.º 05017231720094058500)” (Cf. PEDILEF n.º<br />

0501152-47.2007.4.05.8102, Rel. Juiz <strong>Federal</strong> Paulo Ricardo Arena Filho, j. 25 mai. 2012). 2. Hipót<strong>es</strong>e em que a sentença,<br />

mantida pelo acórdão, d<strong>es</strong>tacou: “Regis<strong>tr</strong>e-se, por fim, que o início do benefício deve corr<strong>es</strong>ponder à data do ajuizamento<br />

da ação (13/10/2008), haja vista que o médico/perito não soube determinar, com base nas informaçõ<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>tadas, a data<br />

do início da incapacidade”. Assim, à luz do entendimento pacificado no âmbito da TNU, e considerando a ausência de<br />

elementos para fixação do início da incapacidade pelo perito, deve-se fixar a DIB na data da realização da perícia. 3.<br />

Recurso conhecido e provido. (PEDIDO 05065426120084058102, JUIZ FEDERAL ANTÔNIO FERNANDO SCHENKEL DO<br />

AMARAL E SILVA, DOU 03/08/2012.) (grifo nosso)<br />

No caso em apreço, existem elementos de prova que permitem concluir que na data da indevida c<strong>es</strong>sação do benefício, a<br />

dizer 21.10.2010 (fl. 12), a recorrida encon<strong>tr</strong>ava-se, de fato, incapaz (fl. 16). Logo, correta a fixação da DIB como<br />

coincidente com aquela data.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, fixados em 10%<br />

sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

24 - 0001698-11.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001698-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x GENARO FRANCISCO DE OLIVEIRA<br />

(ADVOGADO: DOURIVAN DANTAS DIAS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0001698-11.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEF de Vitória<br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS


Recorrido: GENARO FRANCISCO DE OLIVEIRA<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS LEGAIS NÃO<br />

PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 74-78, em razão de sentença<br />

que julgou improcedente a pretensão de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício previdenciário auxílio-doença e procedente a<br />

conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que o recorrido não preenche os requisitos<br />

para a conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por invalidez, porquanto a perícia médica constatou a apenas a existência<br />

de incapacidade laborativa parcial. Aduz, ou<strong>tr</strong>ossim, que, dadas as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais do recorrido, afigura-se plenamente<br />

possível a sua reabilitação. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se<br />

improcedent<strong>es</strong> os pedidos deduzidos na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 83-87.<br />

A aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 da Lei nº 8.213/1991, uma vez cumprida, quando for o caso,<br />

a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e<br />

insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto<br />

permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

A condição de segurado e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. A qu<strong>es</strong>tão que reman<strong>es</strong>ce diz, pois, com a<br />

natureza e extensão da incapacidade laboral.<br />

Consoante a análise pericial do Juízo (fls. 43-44), realizada por médico <strong>es</strong>pecialista em ortopedia, o recorrente (46 anos) foi<br />

examinado, sendo constatada incapacidade definitiva para a profissão de vigilante ou ou<strong>tr</strong>a atividade que requeira alto<br />

d<strong>es</strong>empenho (qu<strong>es</strong>ito n° 02). Qu<strong>es</strong>tionado sobre a possibilidade de reabilitação, asseverou o perito que ser ela possível;<br />

porém o periciado ficará com sequela definitiva para deambulação o que, todavia, não obsta o exercício de profissão que<br />

não exija <strong>es</strong>forço para andar e ficar durante muito tempo em pé (qu<strong>es</strong>ito n° 05).<br />

N<strong>es</strong>se contexto, o magis<strong>tr</strong>ado prolator da sentença, no alvi<strong>tr</strong>e de que o recorrido dificilmente conseguirá d<strong>es</strong>empenhar<br />

algum tipo de atividade que lhe garanta sustento den<strong>tr</strong>o de sua limitação física e profissional, notadamente diante de suas<br />

condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais, entendeu que se <strong>tr</strong>ata, em verdade, de incapacidade total e definitiva.<br />

Todavia, em que p<strong>es</strong>em os bem lançados argumentos, merece parcial reforma a sentença recorrida.<br />

Preconiza a Súmula nº 47 da Turma Nacional de Uniformização – TNU que “uma vez reconhecida a incapacidade parcial<br />

para o <strong>tr</strong>abalho, o juiz deve analisar as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais e sociais do segurado para a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por<br />

invalidez”.<br />

N<strong>es</strong>se viés, considerando notadamente que o recorrido encon<strong>tr</strong>a-se com apenas 46 anos de idade, não se afigura prudente<br />

ou razoável d<strong>es</strong>cartar a priori a possibilidade de recolocação profissional, r<strong>es</strong>peitadas as limitaçõ<strong>es</strong> diagnosticadas pelo<br />

perito e o contexto social do segurado, sendo m<strong>es</strong>mo prematura a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez.<br />

Oportuno repisar que a ordem social tem como base o primado do <strong>tr</strong>abalho (Constituição da República, art. 193) e que a<br />

pr<strong>es</strong>tação previdenciária concedida em primeiro grau somente deve ser paga quando efetivamente devida, sob pena de<br />

vilipendiar-se o equilíbrio do sistema financeiro e atuarial do sistema previdenciário.<br />

Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para reformar a sentença, excluindo a condenação do INSS ao<br />

pagamento de aposentadoria por invalidez.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em<br />

vista o disposto no art. 55 da Lei nº 8.213/1991.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar total provimento, na forma da<br />

ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

25 - 0001689-83.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001689-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JAIME DOS SANTOS<br />

PARADELLAS (ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -<br />

INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0001689-83.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2° JEF de Vitória<br />

Recorrente: JAIME DOS SANTOS PARADELLAS<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE


E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA<br />

RECURSAL/ES. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 105-123, em razão de sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente,<br />

em sínt<strong>es</strong>e, que é portador de <strong>tr</strong>anstorno falciforme do tipo anemia falciforme que o incapacita para o exercício de sua<br />

atividade habitual de ajudante de pedreiro. Assevera que já <strong>es</strong>teve em gozo de auxílio-doença, cujo pagamento, no entanto,<br />

fora indevidamente c<strong>es</strong>sado pelo INSS. Argumenta que, a d<strong>es</strong>peito do <strong>tr</strong>atamento medicamentoso empreendido, não<br />

apr<strong>es</strong>enta melhora em seu quadro clínico. Aduz, ou<strong>tr</strong>ossim, que o laudo pericial afigura-se con<strong>tr</strong>overso, visto que, muito<br />

embora o perito tenha reconhecido a existência da patologia, concluiu pela plena capacidade laborativa. Com base nisso,<br />

requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se procedent<strong>es</strong> os pedidos deduzidos na<br />

inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 129-132.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa do<br />

recorrente.<br />

Consoante o laudo pericial em Juízo (fls. 45-56), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de hemetologia, o recorrente (28 anos)<br />

foi examinado e diagnosticado com <strong>tr</strong>anstorno falciforme (CID 10 como D57) em seu tipo anemia falciforme, patologia de<br />

ordem genética que, no entanto, não o incapacita para a atividade habitual de <strong>es</strong>toquista (qu<strong>es</strong>itos n°s 01, 02 e 06).<br />

Qu<strong>es</strong>tionado sobre as características da doença, asseverou o expert que “a doença por si não é incapacitante para o<br />

<strong>tr</strong>abalho, uma vez que há várias modalidad<strong>es</strong> de expr<strong>es</strong>são genética que levam a diferent<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entaçõ<strong>es</strong> da anemia<br />

falciforme” (qu<strong>es</strong>ito n° 06). Em r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito nº 08, afirmou que “não há evidências orgânicas de que a anemia<br />

falciforme <strong>es</strong>teja perturbando a fisiologia do autor, mas, ao con<strong>tr</strong>ário, parece <strong>es</strong>tar ele se beneficiando”. Concluiu o laudo<br />

pericial consignando que o recorrente “é portador de anemia falciforme, com uma variante tendente à elevação da<br />

hemoglobina fetal, submetendo-se à terapêutica apropriada com o fármaco hidróxi-uréia, havendo evidências clínicas e<br />

laboratoriais de que o <strong>tr</strong>atamento obteve êxito, devendo ser continuado conforme orientação médica (...) Pode exercer<br />

atividad<strong>es</strong> laborais em geral, exceto aquelas que venham a ser vetadas pelo médico coordenador do Programa de Con<strong>tr</strong>ole<br />

Médico da Saúde Ocupacional do empregador” (qu<strong>es</strong>ito nº 14).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

D<strong>es</strong>cabida a alegação sobre a mudança de profissão, uma vez que a r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição apr<strong>es</strong>entada pelo perito à fl. 49 (qu<strong>es</strong>ito nº<br />

06) diz r<strong>es</strong>peito ao <strong>tr</strong>abalhador de cons<strong>tr</strong>ução civil quando d<strong>es</strong>ignado para exercer atividade em grand<strong>es</strong> alturas, o que não<br />

é o caso do recorrente.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 33, na<br />

forma do art. 12 da Lei n 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.


Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

26 - 0003666-47.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003666-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MARIA MIRANDA (ADVOGADO: MANOELA<br />

MELLO SARCINELLI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0003666-47.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de Vitória<br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida: MARIA MIRANDA<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL TOTAL E DEFINITIVA VERIFICADA. DIB FIXADA NA DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS às fls. 88-91, em razão<br />

de sentença que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez, com DIB fixada em 08.04.2010 -<br />

data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Sustenta o recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que os benefícios por incapacidade possuem<br />

caráter substitutivo, d<strong>es</strong>tinando-se a acobertar o risco social da incapacidade impeditiva do exercício de atividade habitual<br />

garantidora da subsistência. Aduz, ou<strong>tr</strong>ossim, que a recorrida exerceu atividade remunerada de forma ininterrupta até, no<br />

mínimo, agosto de 2011, o que obsta a re<strong>tr</strong>oação da DIB à data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, sob pena ensejar<br />

enriquecimento sem causa. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso, para reformar a sentença,<br />

fixando-se como termo inicial do benefício de aposentadoria por invalidez a data da sentença.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 98-103.<br />

A matéria con<strong>tr</strong>oversa nos autos diz r<strong>es</strong>peito à fixação da DIB.<br />

Com efeito, os Tribunais não têm apr<strong>es</strong>entado uniformidade de entendimento quanto ao termo inicial dos benefícios<br />

decorrent<strong>es</strong> de incapacidade. Importa, d<strong>es</strong>tacar, contudo, o posicionamento que vem sendo adotado pela TNU – Turma<br />

Nacional de Uniformização ao enfrentar o tema. Confira-se:<br />

EMENTA-VOTO - PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. DIB. FIXAÇÃO. LIVRE CONVENCIMENTO DO<br />

MAGISTRADO. PERITO NÃO FIXA DATA DO INÍCIO DA INCAPACIDADE. DIB FIXADA NA DATA DA PERÍCIA.<br />

PRECEDENTES DA TNU. 1. Esta TNU já firmou entendimento no sentido de que “o termo inicial dos benefícios, seja por<br />

incapacidade, seja no de pr<strong>es</strong>tação continuada deve ser assim fixado: a) na data de elaboração do laudo pericial, se o<br />

médico não precisar o início da incapacidade e o juiz não possuir ou<strong>tr</strong>os elementos nos autos para sua fixação (Precedente:<br />

PEDILEF n.º 200936007023962); b) na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, se a perícia constatar a existência da<br />

incapacidade em momento anterior a <strong>es</strong>te pedido (Precedente: PEDILEF n.º 00558337620074013400); e c) na data do<br />

ajuizamento do feito, se não houver requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo e a perícia constatar o início da incapacidade em momento<br />

anterior à propositura da ação (Precedente: PEDILEF n.º 00132832120064013200). Em todos os casos, se privilegia o<br />

princípio do livre convencimento motivado que permite ao magis<strong>tr</strong>ado a fixação da data de início do benefício mediante a<br />

análise do conjunto probatório (Precedente: PEDILEF n.º 05017231720094058500)” (Cf. PEDILEF n.º<br />

0501152-47.2007.4.05.8102, Rel. Juiz <strong>Federal</strong> Paulo Ricardo Arena Filho, j. 25 mai. 2012). 2. Hipót<strong>es</strong>e em que a sentença,<br />

mantida pelo acórdão, d<strong>es</strong>tacou: “Regis<strong>tr</strong>e-se, por fim, que o início do benefício deve corr<strong>es</strong>ponder à data do ajuizamento<br />

da ação (13/10/2008), haja vista que o médico/perito não soube determinar, com base nas informaçõ<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>tadas, a data<br />

do início da incapacidade”. Assim, à luz do entendimento pacificado no âmbito da TNU, e considerando a ausência de<br />

elementos para fixação do início da incapacidade pelo perito, deve-se fixar a DIB na data da realização da perícia. 3.<br />

Recurso conhecido e provido. (PEDIDO 05065426120084058102, JUIZ FEDERAL ANTÔNIO FERNANDO SCHENKEL DO<br />

AMARAL E SILVA, DOU 03/08/2012.) (grifo nosso)<br />

E, ainda, não se pode olvidar o teor da Súmula nº 22 da m<strong>es</strong>ma TNU, segundo a qual: “Se a prova pericial realizada em<br />

juízo dá conta de que a incapacidade já existia na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, <strong>es</strong>ta é o termo inicial do benefício<br />

assistencial”.<br />

No caso em apreço, o perito do Juízo foi categórico ao afirmar que na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, a dizer,<br />

08.04.2010 (fl. 17), a incapacidade possivelmente existia (fl. 46, qu<strong>es</strong>ito nº 7.1). Logo, correta a fixação da DIB coincidente<br />

com aquela data.<br />

Nou<strong>tr</strong>o vértice, não há que se falar em enriquecimento sem causa. A manutenção de vínculo laboral durante o período em<br />

que já se encon<strong>tr</strong>ava incapacitada para o exercício de atividade laborativa habitual não milita em d<strong>es</strong>favor da recorrida,<br />

porquanto, ante a negativa da autarquia previdenciária de conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário postulado, ou<strong>tr</strong>a alternativa<br />

não lhe r<strong>es</strong>tou senão <strong>tr</strong>abalhar, sob pena de indigência.<br />

Consoante bem lançado pelo magis<strong>tr</strong>ado sentenciante, “(...) o <strong>tr</strong>abalho remunerado em período em que at<strong>es</strong>tada a<br />

incapacidade não pr<strong>es</strong>supõe aptidão física, mormente quando o laudo pericial é categórico em afirmar a data de início da<br />

incapacidade. Muito ao con<strong>tr</strong>ário, <strong>tr</strong>abalhar doente prejudica a saúde do obreiro e o próprio <strong>tr</strong>abalho. O exercício de<br />

atividade laborativa sem condiçõ<strong>es</strong> de saúde não pode prejudicar o segurado, ainda mais considerando a nec<strong>es</strong>sidade de<br />

manutenção do próprio sustento”.<br />

No m<strong>es</strong>mo sentido já decidiu a TNU:<br />

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CANCELAMENTO. ATIVIDADE LABORAL.<br />

JURISPRUDÊNCIA DA TNU NA LINHA DO ACÓRDÃO RECORRIDO. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. 1. Pretende o INSS


a modificação de acórdão, que deu parcial provimento ao recurso que interpôs, modificando os critérios relativos aos juros<br />

de mora, mas mantendo a sentença por seus próprios fundamentos em relação ao r<strong>es</strong>tante da condenação. A sentença de<br />

1º grau julgou parcialmente procedente o pedido, condenando a autarquia a r<strong>es</strong>tabelecer o auxílio-doença da parte autora<br />

d<strong>es</strong>de a sua c<strong>es</strong>sação (30/10/2009), bem como ao pagamento das pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas. Aduz o INSS que as parcelas<br />

referent<strong>es</strong> ao período em que o segurado exerceu atividade remunerada devem ser abatidas das parcelas vencidas<br />

referente ao auxílio-doença concedido, face à impossibilidade de percepção de salário concomitantemente com pagamento<br />

de benefício previdenciário por incapacidade. Apr<strong>es</strong>enta como paradigmas acórdãos da 2ª Turma Recursal da Seção<br />

Judiciária do Ceará e da 1ª Turma Recursal da Seção Judiciária do Mato Grosso. 2. Verifico, no entanto, que o acórdão<br />

recorrido se alinha com a posição d<strong>es</strong>ta Turma Nacional, que considera que o <strong>tr</strong>abalho exercido pelo segurado em período<br />

de incapacidade decorre da nec<strong>es</strong>sidade de sobrevivência, implicando ofensa ao princípio da dignidade humana, motivo<br />

pelo qual não impede o pagamento de benefício previdenciário equivocadamente indeferido, sob pena de o Judiciário<br />

recompensar a falta de eficiência do INSS. (Cf. Pedilef 20087252041361, Rel. Juiz Fed. Antônio Fernando Schenkel do<br />

Amaral e Silva, DOU 13/05/2011; Pedilef 200650500062090, Juiz <strong>Federal</strong> Antônio Fernando Schenkel do Amaral e Silva,<br />

DOU 25/11/2011). A circunstância a<strong>tr</strong>ai a aplicação da Qu<strong>es</strong>tão de Ordem n.º 13 d<strong>es</strong>ta Corte, impedindo o conhecimento<br />

d<strong>es</strong>te incidente. 3. Incidente não conhecido. (PEDIDO 200972540067463, JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS<br />

LEMOS FERNANDES, DOU 25/05/2012.)<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pela recorrente fixados em<br />

10% sobre o valor da condenação, nos mold<strong>es</strong> do art. 20, § 3º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

27 - 0002559-02.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002559-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x RONALDO GONÇALVES VIANNA (ADVOGADO: MARIA<br />

DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 0002559-02.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de Vitória<br />

Recorrente: UNIÃO<br />

Recorrido: RONALDO GONÇALVES VIANNA<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTAÇÃO DE<br />

APOSENTADORIA. BIS IN IDEM. MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ E PELA TNU. RECURSO CONHECIDO E, NO<br />

MÉRITO, PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela UNIÃO às fls. 83-94, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido de<br />

declaração de inexigibilidade do imposto de renda incidente sobre as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> no período em que vigorou a Lei nº<br />

7.713/1988, e procedente o pleito de r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong> cobrados a título de imposto de renda sobre a complementação<br />

de aposentadoria, declarando a inexistência de relação jurídico-<strong>tr</strong>ibutária en<strong>tr</strong>e as part<strong>es</strong> relativamente à incidência do<br />

referido imposto sobre as parcelas de complementação de aposentadoria que já foram <strong>tr</strong>ibutadas na época da vigência da<br />

Lei nº 7.713/1988 (01.01.1989 a 31.12.1995), condenando a UNIÃO a r<strong>es</strong>tituir ao con<strong>tr</strong>ibuinte o que fora recolhido<br />

indevidamente a título de imposto de renda sobre aposentadoria complementar que, proporcionalmente, corr<strong>es</strong>ponder às<br />

parcelas de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas pelo autor no período de vigência da Lei nº 7.713/1988 (1º.01.89 a 31.12.95). Argui a<br />

recorrente, preliminarmente, nulidade da sentença por violação dos arts. 460 e 472, ambos do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil;<br />

inépcia da inicial por cumulação de pedidos incompatíveis en<strong>tr</strong>e si e pr<strong>es</strong>crição em relação a qualquer montante de <strong>tr</strong>ibuto<br />

pago nos 05 anos anterior<strong>es</strong> ao ajuizamento d<strong>es</strong>ta ação. No mérito, pugna pela improcedência de todos os pedidos<br />

deduzidos na exordial e, eventualmente, pela adoção de ou<strong>tr</strong>o critério para apuração do valor a ser r<strong>es</strong>tituído ao<br />

con<strong>tr</strong>ibuinte. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para, assim, reformar a sentença.<br />

Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

Inicialmente, importa reforçar que o tema da lide é afeto à competência dos Juizados Especiais Federais, na medida em<br />

que, no Conflito de Competência nº 101.969/ES, DJE 12.03.2009, o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> reafirmou o<br />

posicionamento daquela corte “no sentido de que a eventual nec<strong>es</strong>sidade de perícia não exclui da competência dos<br />

Juizados Especiais o julgamento das causas cujo proveito econômico não exceda s<strong>es</strong>senta salários mínimos”.<br />

Os pedidos de inexigibilidade de imposto de renda e r<strong>es</strong>tituição sobre o que foi indevidamente cobrado sobre a<br />

complementação de aposentadoria são complementar<strong>es</strong> e compatíveis en<strong>tr</strong>e si, inexistindo, pois, a inépcia declarada pela<br />

recorrente.<br />

Por sua vez, no que pertine à pr<strong>es</strong>crição, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, quando do julgamento do Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário nº


566.621/RS, assentou o entendimento de que, nas açõ<strong>es</strong> de repetição ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário ajuizadas<br />

após o decurso da vacatio legis de 120 dias prevista na Lei Complementar nº 118/2005, o prazo pr<strong>es</strong>cricional é de 05<br />

(cinco) anos, a d<strong>es</strong>peito da data do pagamento indevido. Assim, se a ação tiver sido proposta depois de 09.06.2005, a<br />

consagrada t<strong>es</strong>e dos “cinco mais cinco” não pode ser aplicada para regular a pr<strong>es</strong>crição.<br />

Quanto ao termo a quo do prazo pr<strong>es</strong>cricional, há de ser considerado o mês em que o beneficiário efetivamente passou a<br />

perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei<br />

9.250/1995 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996 (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX,<br />

PRIMEIRA TURMA, julgado em 20.05.2010, DJe 14.06.2010).<br />

Como o recorrido aposentou-se em 13.10.2004 (fl. 23) e a pr<strong>es</strong>ente ação foi ajuizada em 01.04.2009 (fl. 01), não <strong>es</strong>tá<br />

pr<strong>es</strong>crita a pretensão de obter o r<strong>es</strong>sarcimento das retençõ<strong>es</strong> do imposto de renda sobre o benefício.<br />

Superadas as qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> prévias, passa-se agora ao exame do mérito. N<strong>es</strong>sa seara, r<strong>es</strong>ta pacificado pela jurisprudência do<br />

Colendo STJ e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais que “não incide imposto de renda sobre os<br />

benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos<br />

beneficiários (excluídos os aport<strong>es</strong> das pa<strong>tr</strong>ocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/1988, ou seja, en<strong>tr</strong>e 01.01.1989 e<br />

31.12.1995 ou en<strong>tr</strong>e 01.01.1989 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. (PEDILEF<br />

200685005020159, Relatora Juíza <strong>Federal</strong> Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009) (grifo nosso).<br />

Diante disso, para reconhecimento da procedência do pedido mister sejam preenchidos os seguint<strong>es</strong> requisitos: (1) que<br />

tenham ocorrido con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> por parte do autor no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária<br />

a exibição integral da documentação comprobatória eis que a aferição do valor do bis in idem <strong>tr</strong>ibutário poderá ser feita na<br />

fase de cumprimento da sentença e (2) que <strong>es</strong>teja aposentado. No caso em comento, os documentos colacionados pela<br />

parte autora demons<strong>tr</strong>am o preenchimento de ambos os requisitos, tais sejam: con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> no período de janeiro de 1989<br />

a dezembro de 1995 (fl. 24) e aposentadoria em 13.10.2004 (fl. 23).<br />

Relativamente aos critérios de apuração do indébito, assiste razão à recorrente, visto que deverá ser observado o seguinte:<br />

As con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas pela parte autora no período compreendido en<strong>tr</strong>e janeiro de 1989 até dezembro de 1995, e não<br />

en<strong>tr</strong>e janeiro de 1989 e a data de aposentadoria como disposto na sentença de fl. 79, já que a aposentadoria deu-se<br />

posteriormente a janeiro de 1996, deverão ser atualizadas monetariamente pelos índic<strong>es</strong> constant<strong>es</strong> do Manual de<br />

Orientação de Procedimentos para os Cálculos da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, aprovado pela R<strong>es</strong>olução 561/CJF, de 02.07.2007, do<br />

Conselho da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título de<br />

complementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declaraçõ<strong>es</strong> Anuais de Ajuste do IRPF dos exercícios<br />

imediatamente seguint<strong>es</strong> à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encon<strong>tr</strong>o de contas, pelos<br />

m<strong>es</strong>mos índic<strong>es</strong> determinados no item anterior, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo a<br />

fixar-se o valor a ser r<strong>es</strong>tituído, quantia <strong>es</strong>ta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de ou<strong>tr</strong>o índice de<br />

correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Minis<strong>tr</strong>a Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em<br />

25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).<br />

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz <strong>Federal</strong> MARCOS<br />

ROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do e. Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 4ª Região, no julgamento em Reexame Nec<strong>es</strong>sário<br />

do proc<strong>es</strong>so nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):<br />

“Suponha-se que o crédito relativo às con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> vertidas en<strong>tr</strong>e 1989 e 1995 corr<strong>es</strong>ponda a R$ 150.000,00, e que o<br />

beneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.<br />

Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, <strong>es</strong>te<br />

último valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foi<br />

efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta, ainda,<br />

um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997<br />

corr<strong>es</strong>pondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, o<br />

IR efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta,<br />

ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”<br />

A operação acima mencionada deverá ser repetida suc<strong>es</strong>sivamente, até o <strong>es</strong>gotamento do crédito. Na hipót<strong>es</strong>e em que,<br />

após r<strong>es</strong>tituírem-se todos os valor<strong>es</strong>, ainda r<strong>es</strong>tar crédito, a dedução do saldo credor pode ser efetuada diretamente na<br />

base de cálculo das declaraçõ<strong>es</strong> de imposto de renda referent<strong>es</strong> aos futuros exercícios financeiros, atualizada pelos índic<strong>es</strong><br />

da tabela de Precatórios da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> até a data do acerto anual. Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o<br />

complemento de benefício até o <strong>es</strong>gotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiver sido pago será objeto de repetição.<br />

Por todo o exposto, dou parcial provimento ao recurso apenas e tão somente no que concerne ao método para o cálculo do<br />

indébito.<br />

A UNIÃO deverá efetuar, no prazo de 60 (s<strong>es</strong>senta) dias, a revisão adminis<strong>tr</strong>ativa das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de<br />

renda p<strong>es</strong>soa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do imposto devido à parcela relativa ao crédito do<br />

con<strong>tr</strong>ibuinte, na forma fixada por <strong>es</strong>ta ementa, ciente o autor que deverá providenciar junto à sua pa<strong>tr</strong>ocinadora a soma das<br />

importâncias por ele vertidas referent<strong>es</strong> ao período pleiteado judicialmente.<br />

Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a UNIÃO informar ao Juízo o valor total da r<strong>es</strong>tituição a ser<br />

requisitado, o qual não poderá ul<strong>tr</strong>apassar o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais (s<strong>es</strong>senta salários mínimos),<br />

aferido por ocasião da propositura da ação.<br />

Após a revisão das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de renda e da apuração do valor da r<strong>es</strong>tituição devida, no caso de ainda<br />

haver saldo de crédito em favor do con<strong>tr</strong>ibuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do imposto<br />

devido nos exercícios financeiros seguint<strong>es</strong>, até o <strong>es</strong>gotamento do saldo credor.<br />

Custas isentas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios ante a<br />

sucumbência recíproca (CPC, art. 21).<br />

A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, conhecer do recurso e a ele dar parcial provimento, na forma da<br />

ementa que passa a integrar o julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

28 - 0001129-15.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001129-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x ELIMARIO SCHUINA NUNES (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA<br />

DOMENEGHETTI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 0001129-15.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de Vitória<br />

Recorrente: UNIÃO<br />

Recorrido: ELIMARIO SCHUINA NUNES<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTAÇÃO DE<br />

APOSENTADORIA. BIS IN IDEM. MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ E PELA TNU. RECURSO CONHECIDO E, NO<br />

MÉRITO, PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela UNIÃO às fls. 58-65, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido de<br />

declaração de inexigibilidade do imposto de renda incidente sobre as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> no período em que vigorou a Lei nº<br />

7.713/1988, e procedente o pleito de r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong> cobrados sobre a complementação de aposentadoria,<br />

declarando a inexistência da relação jurídico-<strong>tr</strong>ibutária en<strong>tr</strong>e as part<strong>es</strong> relativamente à incidência do referido imposto sobre<br />

as parcelas de complementação de aposentadoria que já foram <strong>tr</strong>ibutadas no período de vigência da Lei nº 7.713/1988<br />

(1º.01.89 a 31.12.95), condenando UNIÃO a r<strong>es</strong>tituir ao con<strong>tr</strong>ibuinte o que fora recolhido indevidamente a título de imposto<br />

de renda sobre sua aposentadoria complementar que, proporcionalmente, corr<strong>es</strong>ponder às parcelas de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong><br />

efetuadas pelo autor no período de vigência da Lei nº 7.713/1988 (1º.01.89 a 31.12.95). Argui a recorrente, preliminarmente,<br />

nulidade da sentença por violação do art. 460 do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil e pr<strong>es</strong>crição, tendo em vista que o pedido de<br />

devolução alcança valor<strong>es</strong> pagos há mais de dez anos do ajuizamento da ação, quando, em verdade, é de 05 (cinco) anos<br />

o prazo pr<strong>es</strong>cricional para repetição em casos como o pr<strong>es</strong>ente, contatos da data do pagamento indevido, nos termos do<br />

art. 168, inciso I, do Código Tributário Nacional, conjugado com os arts. 3º e 4º da Lei Complementar nº 118/2005. No<br />

mérito, pugna pela improcedência de todos os pedidos deduzidos na exordial e, eventualmente, pela adoção de ou<strong>tr</strong>o<br />

critério para apuração do valor a ser r<strong>es</strong>tituído ao con<strong>tr</strong>ibuinte. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso<br />

para, assim, reformar a sentença.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 70-79.<br />

Inicialmente, importa reforçar que o tema da lide é afeto à competência dos Juizados Especiais Federais, na medida em<br />

que, no Conflito de Competência nº 101.969/ES, DJE 12.03.2009, o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> reafirmou o<br />

posicionamento daquela corte “no sentido de que a eventual nec<strong>es</strong>sidade de perícia não exclui da competência dos<br />

Juizados Especiais o julgamento das causas cujo proveito econômico não exceda s<strong>es</strong>senta salários mínimos”.<br />

Os pedidos de inexigibilidade de imposto de renda e r<strong>es</strong>tituição sobre o que foi indevidamente cobrado sobre a<br />

complementação de aposentadoria são complementar<strong>es</strong> e compatíveis en<strong>tr</strong>e si, inexistindo a nulidade invocada pela<br />

recorrente.<br />

Por sua vez, no que pertine à pr<strong>es</strong>crição, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, quando do julgamento do Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário nº<br />

566.621/RS, assentou o entendimento de que, nas açõ<strong>es</strong> de repetição ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário ajuizadas<br />

após o decurso da vacatio legis de 120 dias prevista na Lei Complementar nº 118/2005, o prazo pr<strong>es</strong>cricional é de 05<br />

(cinco) anos, a d<strong>es</strong>peito da data do pagamento indevido. Assim, se a ação tiver sido proposta depois de 09.06.2005, a<br />

consagrada t<strong>es</strong>e dos “cinco mais cinco” não pode ser aplicada para regular a pr<strong>es</strong>crição.<br />

Quanto ao termo a quo do prazo pr<strong>es</strong>cricional, há que ser considerado o mês em que o beneficiário efetivamente passou a<br />

perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei<br />

9.250/1995 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996 (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX,<br />

PRIMEIRA TURMA, julgado em 20.05.2010, DJe 14.06.2010).<br />

Como o recorrido aposentou-se em 09.07.2005 (fl. 17) e a pr<strong>es</strong>ente ação foi ajuizada ant<strong>es</strong> de 16.02.2009 (fl. 18), não <strong>es</strong>tá<br />

pr<strong>es</strong>crita a pretensão de obter o r<strong>es</strong>sarcimento das retençõ<strong>es</strong> do imposto de renda sobre o benefício.<br />

Superadas as qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> prévias, passa-se agora ao exame do mérito. N<strong>es</strong>sa seara, r<strong>es</strong>ta pacificado pela jurisprudência do<br />

Colendo STJ e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais que “não incide imposto de renda sobre os<br />

benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos<br />

beneficiários (excluídos os aport<strong>es</strong> das pa<strong>tr</strong>ocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/1988, ou seja, en<strong>tr</strong>e 01.01.1989 e<br />

31.12.1995 ou en<strong>tr</strong>e 01.01.1989 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. (PEDILEF<br />

200685005020159, Relatora Juíza <strong>Federal</strong> Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009) (grifo nosso).<br />

Diante disso, para reconhecimento da procedência do pedido mister sejam preenchidos os seguint<strong>es</strong> requisitos: (1) que<br />

tenham ocorrido con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> por parte do autor no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária


a exibição integral da documentação comprobatória eis que a aferição do valor do bis in idem <strong>tr</strong>ibutário poderá ser feita na<br />

fase de cumprimento da sentença e (2) que <strong>es</strong>teja aposentado. No caso dos autos os documentos colacionados pela parte<br />

autora demons<strong>tr</strong>am o preenchimento dos dois requisitos, quais sejam: con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> no período de janeiro de 1989 a<br />

dezembro de 1995 (fls. 28-29) e aposentadoria em 09.07.2005 (fl. 17).<br />

Relativamente aos critérios de apuração do indébito, deverá ser observado o seguinte:<br />

As con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas pela parte autora no período compreendido en<strong>tr</strong>e janeiro de 1989 até dezembro de 1995<br />

deverão ser atualizadas monetariamente pelos índic<strong>es</strong> constant<strong>es</strong> do Manual de Orientação de Procedimentos para os<br />

Cálculos da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, aprovado pela R<strong>es</strong>olução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título de<br />

complementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declaraçõ<strong>es</strong> Anuais de Ajuste do IRPF dos exercícios<br />

imediatamente seguint<strong>es</strong> à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encon<strong>tr</strong>o de contas, pelos<br />

m<strong>es</strong>mos índic<strong>es</strong> determinados no item anterior, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo a<br />

fixar-se o valor a ser r<strong>es</strong>tituído, quantia <strong>es</strong>ta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de ou<strong>tr</strong>o índice de<br />

correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Minis<strong>tr</strong>a Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em<br />

25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).<br />

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz <strong>Federal</strong> MARCOS<br />

ROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do e. Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 4ª Região, no julgamento em Reexame Nec<strong>es</strong>sário<br />

do proc<strong>es</strong>so nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):<br />

“Suponha-se que o crédito relativo às con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> vertidas en<strong>tr</strong>e 1989 e 1995 corr<strong>es</strong>ponda a R$ 150.000,00, e que o<br />

beneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.<br />

Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, <strong>es</strong>te<br />

último valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foi<br />

efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta, ainda,<br />

um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997<br />

corr<strong>es</strong>pondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, o<br />

IR efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta,<br />

ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”<br />

A operação acima mencionada deverá ser repetida suc<strong>es</strong>sivamente, até o <strong>es</strong>gotamento do crédito. Na hipót<strong>es</strong>e em que,<br />

após r<strong>es</strong>tituírem-se todos os valor<strong>es</strong>, ainda r<strong>es</strong>tar crédito, a dedução do saldo credor pode ser efetuada diretamente na<br />

base de cálculo das declaraçõ<strong>es</strong> de imposto de renda referent<strong>es</strong> aos futuros exercícios financeiros, atualizada pelos índic<strong>es</strong><br />

da tabela de Precatórios da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> até a data do acerto anual. Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o<br />

complemento de benefício até o <strong>es</strong>gotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiver sido pago será objeto de repetição.<br />

Por todo o exposto, dou parcial provimento ao recurso apenas e tão somente no que concerne ao método para o cálculo do<br />

indébito.<br />

A UNIÃO deverá efetuar, no prazo de 60 (s<strong>es</strong>senta) dias, a revisão adminis<strong>tr</strong>ativa das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de<br />

renda p<strong>es</strong>soa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do imposto devido à parcela relativa ao crédito do<br />

con<strong>tr</strong>ibuinte, na forma fixada por <strong>es</strong>ta ementa, ciente o autor que deverá providenciar junto à sua pa<strong>tr</strong>ocinadora a soma das<br />

importâncias por ele vertidas referent<strong>es</strong> ao período pleiteado judicialmente.<br />

Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a UNIÃO informar ao Juízo o valor total da r<strong>es</strong>tituição a ser<br />

requisitado, o qual não poderá ul<strong>tr</strong>apassar o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais (s<strong>es</strong>senta salários mínimos),<br />

aferido por ocasião da propositura da ação.<br />

Após a revisão das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de renda e da apuração do valor da r<strong>es</strong>tituição devida, no caso de ainda<br />

haver saldo de crédito em favor do con<strong>tr</strong>ibuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do imposto<br />

devido nos exercícios financeiros seguint<strong>es</strong>, até o <strong>es</strong>gotamento do saldo credor.<br />

Custas isentas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios ante a<br />

sucumbência recíproca (CPC, art. 21).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, conhecer do recurso e a ele dar parcial provimento, na forma da<br />

ementa que passa a integrar o julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

29 - 0000838-35.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000838-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANERIA CRISTINA JAVARINI<br />

(ADVOGADO: JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000838-35.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de Linhar<strong>es</strong><br />

Recorrente: ANERIA CRISTINA JAVARINI<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE


E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 83-86, em razão de sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.<br />

Sustenta a recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que os laudos médicos particular<strong>es</strong> coligidos at<strong>es</strong>tam de forma inequívoca sua<br />

incapacidade total e definitiva para o labor. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a<br />

sentença, julgando-se procedent<strong>es</strong> os pedidos deduzidos na inicial. Eventualmente, requer a realização de nova perícia<br />

médica dada a divergência existente en<strong>tr</strong>e o laudo oficial e os laudos particular<strong>es</strong>.<br />

Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa da<br />

recorrente.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 68-70), a recorrente (40 anos) foi examinada e diagnosticada com nefrolitíase<br />

bilateral e adenoma supra renal <strong>es</strong>querdo (qu<strong>es</strong>ito do juízo nº 01 e qu<strong>es</strong>ito do INSS nº 01 ), patologias de ordem<br />

degenerativa que, en<strong>tr</strong>etanto, não a incapacitam para suas atividad<strong>es</strong> habituais de lavradora (qu<strong>es</strong>itos do juízo nºs 02 e 04 e<br />

qu<strong>es</strong>itos do INSS nºs 02 e 07). Esclareceu o expert que “adenoma de supra renal é um tumor benigno, são achados<br />

incidentais. L<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> pequenas e assintomáticas como a da parte autora devem ser feitos segmentos das imagens de <strong>tr</strong>ês a<br />

seis m<strong>es</strong><strong>es</strong> para confirmar a <strong>es</strong>tabilidade de cr<strong>es</strong>cimento. Nefrolitíase são formaçõ<strong>es</strong> sólidas originadas de acúmulos de<br />

substâncias que por aumento de excreção ou por distúrbio de funcionamento deixam de ser excretadas pelas vias urinárias”<br />

(qu<strong>es</strong>ito do INSS nº 04).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 54, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

30 - 0004242-74.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004242-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIAS TEODORO DE JESUS<br />

(ADVOGADO: MICHELE ITABAIANA DE CARVALHO PIRES, JOSE GERALDO NUNES FILHO, LILIAN MAGESKI<br />

ALMEIDA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0004242-74.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF


Recorrente : ELIAS TEODORO DE JESUS<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator : Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORAL NÃO<br />

VERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 78-82, em razão de sentença que julgou improcedente a pretensão<br />

de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a perda da visão do<br />

olho <strong>es</strong>querdo enseja incapacidade para qualquer atividade laborativa. Alega que diante de suas condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais e<br />

sociais (54 anos, deficiente visual, pouca ins<strong>tr</strong>ução), a sua reinserção no mercado de <strong>tr</strong>abalho torna-se muito difícil, razão<br />

pela qual deve ser concedida a aposentadoria por invalidez.<br />

Ademais, sustenta que não consegue d<strong>es</strong>empenhar a função para a qual foi reabilitado, pois o uso do computador causa<br />

<strong>tr</strong>anstornos à sua vista. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido<br />

na inicial. Eventualmente, pleiteia por nova reabilitação em função que não prejudique sua visão.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 87-90.<br />

A aposentadoria por invalidez, conforme se depreende do artigo 42 da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que uma<br />

vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e<br />

insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto<br />

permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurado e do período de carência, até porque o recorrente encon<strong>tr</strong>a-se auferindo<br />

benefício previdenciário.<br />

Consoante o laudo pericial (fls. 51-54) produzido por médico oftalmologista, o recorrente (com 55 anos de idade) foi<br />

examinado e diagnosticado com visão subnormal do olho <strong>es</strong>querdo (qu<strong>es</strong>ito nº 01 – fl. 53), patologia que, no entanto, não o<br />

incapacita para o exercício da atividade para a qual foi reabilitado, qual seja de operador de computador com<br />

montagem/manutenção em equipamento de informática (qu<strong>es</strong>ito nº 06 - fl. 53). Em r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito nº 14 (fl. 54), o<br />

perito informou que o recorrente apr<strong>es</strong>enta boa acuidade no olho direito, r<strong>es</strong>tando apto para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

Pois bem. O recorrente tem a profissão de soldador e em 12/07/2005 sofreu um acidente que o levou à perda de 80%<br />

(oitenta por cento) da visão do olho <strong>es</strong>querdo (sentença de fls. 75-76) atingido por um prego no ambiente de <strong>tr</strong>abalho.<br />

Na m<strong>es</strong>ma sentença acha-se ainda consignado:<br />

O autor, que tem a idade de 53 anos recebeu o benefício de auxílio-doença no período de 03/08/2005 a 09/02/2009 (NB<br />

138.964.413-5), diagnóstico cegueira e visão subnormal (CID10 H54), tendo sido reabilitado para a função de operador de<br />

computador com montagem/manutenção em equipamento de informática, conforme Certificado de Reabilitação Profissional<br />

juntado aos autos às fls. 31.<br />

Atualmente recebe o benefício de auxílio-acidente d<strong>es</strong>de 10/02/2009 (NB 534.619.120-4).<br />

Os laudos médicos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados pela autora (fls. 32/37) elencaram a doença sofrida pelo autor, mas, não<br />

constataram sua incapacidade.<br />

Insta salientar que, conforme cont<strong>es</strong>tação da autarquia-ré (fls. 59/63) o autor, a partir do dia seguinte à c<strong>es</strong>sação do auxílio<br />

doença, passou a receber o auxílio-acidente previdenciário (NB 543.619.120-4) devido à consolidação das l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> sofridas.<br />

Por sua vez, o recorrente alega que, ao con<strong>tr</strong>ário da conclusão da perícia-médica, não tem condiçõ<strong>es</strong> de exercer, seja a<br />

função para a qual foi reabilitado, sejam ou<strong>tr</strong>as ocupaçõ<strong>es</strong>, porquanto seus olhos lacrimejam, ardem e doem.<br />

Com efeito, a limitação para o <strong>tr</strong>abalho, seja na ocupação para a qual foi reabilitado (operador de computador com<br />

montagem/manutenção em equipamento de informática), ou em ocupação diversa, certo é que ele não apr<strong>es</strong>enta, nem<br />

demons<strong>tr</strong>a qualquer ou<strong>tr</strong>a situação <strong>es</strong>pecial condizente com a contingência nec<strong>es</strong>sária à obtenção de aposentadoria por<br />

invalidez, vale dizer, incapacidade total e permanente; conforme bem analisado na sentença recorrida. Frise-se, não se<br />

pode simpl<strong>es</strong>mente inferir: primeiro que a sintomatologia alegada é permanente e, segundo, que <strong>es</strong>se quadro seja apto a<br />

configurar incapacidade total, con<strong>tr</strong>ariando toda a apreciação e conclusão médica <strong>es</strong>pecializada.<br />

Por ou<strong>tr</strong>o lado, não se identifica, não obstante as alegaçõ<strong>es</strong> do recorrente, a impr<strong>es</strong>cindibilidade, na constância do<br />

recebimento de auxílio doença regular – o que implica reavaliação pericial normal pelo INSS – de realização de nova<br />

perícia ou a submissão a nova reabilitação, considerando as possibilidad<strong>es</strong> reais de <strong>tr</strong>abalho do recorrente.


No que tange à alegação recursal de que há documento médico particular que at<strong>es</strong>te a incapacidade total e definitiva do<br />

recorrente, oportuno d<strong>es</strong>tacar o entendimento consolidado no Enunciado nº 08 d<strong>es</strong>ta Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo,: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 39, na forma,<br />

r<strong>es</strong>salvado o entendimento d<strong>es</strong>te relator, do art. 12 da Lei n° 1.060/1950.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

31 - 0000603-05.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000603-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x CARLITO PEREIRA DA SILVA<br />

(ADVOGADO: ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.).<br />

RECURSO Nº 0000603-05.2010.4.02.5053/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: CARLITO PEREIRA DA SILVA<br />

REDATOR PARA O ACÓRDÃO: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. PENSÃO DESCONSIDERADA DO<br />

CÁLCULO DA RENDA FAMILIAR PER CAPITA. VALORES REVERTIDOS PARA O SUSTENTO DOS NETOS QUE NÃO<br />

PODEM SER CONSIDERADOS PARA EFEITOS DE BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. REQUISITOS<br />

PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS às fls. 42-50, em razão de<br />

sentença (fls. 36-41) que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do Benefício de Pr<strong>es</strong>tação Continuada – BPC, previsto<br />

no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta o recorrente, em r<strong>es</strong>umo, que o<br />

parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao <strong>es</strong>tabelecer que não será computado para os fins do cálculo da<br />

renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seus membros. Aduz que se o legislador<br />

tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer ou<strong>tr</strong>os benefícios, a exemplo dos previdenciários, teria<br />

assentado a dire<strong>tr</strong>iz de forma expr<strong>es</strong>sa. Invoca, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os, o art. 195, § 5º da Constituição da República, onde se<br />

encon<strong>tr</strong>a gravada a “regra da con<strong>tr</strong>apartida”, e seus arts. 2º e 44, <strong>es</strong>quadros do princípio da separação dos poder<strong>es</strong>.<br />

Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.<br />

Eventualmente, requer a fixação da data de início do benefício (DIB) na data da prolação da sentença ou da citação.<br />

2. As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 54-58.<br />

3. A sentença de origem concedeu o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada ao autor pois, ap<strong>es</strong>ar de entender que o seu<br />

cônjuge percebia pensão no valor de um salário mínimo, d<strong>es</strong>considerou tais rendimentos do cálculo da renda familiar per<br />

capita, por força de aplicação analógica do art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Embora concorde com o<br />

posicionamento do relator de que a hipót<strong>es</strong>e dos autos não se enquadra nos casos de aplicação analógica do referido<br />

dispositivo legal, na medida em que o cônjuge do autor não é p<strong>es</strong>soa idosa para fins de percepção de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada (61 anos atualmente), a sentença deve ser mantida por fundamentos diversos.<br />

4. Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com<br />

a redação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011),<br />

o benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada corr<strong>es</strong>ponde à garantia de um salário-mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa com<br />

deficiência e ao idoso com 65 (s<strong>es</strong>senta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover a<br />

própria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família será<br />

composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um del<strong>es</strong>, a madrasta ou o padrasto, os


irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menor<strong>es</strong> tutelados, d<strong>es</strong>de que vivam sob o m<strong>es</strong>mo teto (§1º).<br />

5. Lançadas <strong>es</strong>tas premissas, regis<strong>tr</strong>e-se que a con<strong>tr</strong>ovérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita.<br />

6. Ant<strong>es</strong> de ingr<strong>es</strong>sar na análise de mérito propriamente dita, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 25/28. No<br />

que tange à composição familiar, consta da r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito nº 1 (fl. 25) que o recorrido (68 anos) r<strong>es</strong>ide com a <strong>es</strong>posa,<br />

Sra. Maria Delmiro Pereira, com 59 anos de idade à época da confecção do relatório (25/01/2011), e <strong>tr</strong>ês netos: Carla,<br />

Carlos Daniel e Giovana Pereira Ramos, de 10, 9 e 12 anos, r<strong>es</strong>pectivamente. Est<strong>es</strong> não r<strong>es</strong>idem com a genitora – que,<br />

aparentemente, mora em uma casa vizinha, no m<strong>es</strong>mo quintal - porque o homem com quem ela se uniu maritalmente não<br />

os aceita (fl. 27). Por sua vez, segundo a r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito nº 2 (fl. 25), tem-se que a renda familiar advém da pensão em<br />

virtude da morte do filho mais velho, auferida pela <strong>es</strong>posa do recorrido, no importe de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais).<br />

7. Conforme dicção expr<strong>es</strong>sa de dispositivo acima <strong>tr</strong>anscrito, em regra, os netos, embora r<strong>es</strong>ident<strong>es</strong> com o casal idoso, não<br />

podem ser considerados para o cálculo da renda familiar per capita, de modo que, em uma análise primária, poder-se-ia<br />

concluir que a renda familiar por cabeça seria superior à prevista na legislação (1/2 salário mínimo por p<strong>es</strong>soa), o que<br />

afastaria a conc<strong>es</strong>são do benefício.<br />

8. Esta, contudo, não é a solução a ser adotada no pr<strong>es</strong>ente caso. Compulsando os autos, observo que a pensão<br />

supostamente auferida pela <strong>es</strong>posa do requerente é devida em razão da morte de seu filho mais velho. Também se infere<br />

que <strong>es</strong>te filho falecido é o pai dos netos menor<strong>es</strong> que r<strong>es</strong>idem com o casal, visto que a mãe del<strong>es</strong> se uniu maritalmente a<br />

ou<strong>tr</strong>o homem. Ora, n<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, há que se concluir que a pensão por morte é de titularidade dos netos do requerente,<br />

filho do de cujus, pois, como se sabe, nos termos da legislação previdenciária, os d<strong>es</strong>cendent<strong>es</strong> preferem aos ascendent<strong>es</strong><br />

no recebimento de pensão alimentícia. Assim, pelos elementos <strong>tr</strong>azidos aos autos, conclui-se que a <strong>es</strong>posa do requerente<br />

apenas “aufere” a pensão alimentícia por cuidar de seus netos, sendo, portanto, mera adminis<strong>tr</strong>adora.<br />

9. Assim, a meu ver, para que a pensão integrasse o cálculo da renda familiar per capita da família, os menor<strong>es</strong> deveriam<br />

ser levados em consideração, de modo que, de uma forma ou de ou<strong>tr</strong>a, o requisitos da miserabilidade r<strong>es</strong>taria preenchido.<br />

10. Em suma, entendo que a sentença de conc<strong>es</strong>são do benefício deve ser mantida, embora por fundamento diverso.<br />

11. Recurso conhecido e, no mérito, improvido.<br />

12. Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de<br />

honorários advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput,<br />

da Lei n. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, por maioria de votos, vencido o douto relator,<br />

NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> – Redator para o acórdão<br />

32 - 0005093-50.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005093-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: FLAVIO TELES FILOGONIO.) x SONIA MARIA NOGUEIRA SANT'ANA (ADVOGADO: ROGERIO SIMOES<br />

ALVES, HELTON TEIXEIRA RAMOS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.005093-0/01– Juízo de origem: 1º JEF<br />

Embargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Embargado: SONIA MARIA NOGUEIRA SANT’ANA<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICA. GDATA. OBSCURIDADE. OMISSÃO. TERMO FINAL DA<br />

PARIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS em razão de acórdão<br />

proferido pela Turma Recursal. Alega o embargante que o julgado é obscuro no que diz r<strong>es</strong>peito ao período de junho de<br />

2002 a abril de 2004, em relação ao qual não há condenação, vale dizer, se seria devida a gratificação “GDAMP” de<br />

18.02.2004 a 30.04.2004. Ademais, que há omissão no julgado, porquanto não delimitado termo final para o pagamento das<br />

gratificaçõ<strong>es</strong> que sucederam a Gratificação de Atividade Técnica Adminis<strong>tr</strong>ativa - GDATA. D<strong>es</strong>sa forma, requer sejam<br />

sanados os apontados vícios.<br />

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer <strong>es</strong>tejam


pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> os pr<strong>es</strong>supostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida, <strong>es</strong>ta última d<strong>es</strong>de que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se que<br />

<strong>es</strong>te aponta a existência de obscuridade e omissão no julgado.<br />

No que tange à primeira alegativa, argumenta o embargante que:<br />

“As condenaçõ<strong>es</strong> da sentença foram en<strong>tr</strong>e fevereiro e maio de 2002 e a partir de maio de 2004 (fl. 37). Já a decisão da<br />

Turma Recursal foi no sentido de que (fl. 54):<br />

“Não há que se reparar a sentença para impor uma limitação à percepção da GDATA em virtude da nova gratificação criada<br />

pela Lei nº 10.876/2004, uma vez que a condenação do INSS <strong>es</strong>tá r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita ao pagamento das diferenças en<strong>tr</strong>e o total de<br />

pontos efetivamente pagos e os devidos”.<br />

Surgiu uma dúvida quanto ao período no qual não houve condenação em sentença – de junho de 2002 a abril de 2004 –<br />

mas no qual em parte do m<strong>es</strong>mo (partir de 18/02/2004) a autora passou a receber GDAMP.<br />

Seria devida <strong>es</strong>ta gratificação – a GDAMP de 18/02/2004 a 30/04/2004, período em que não houve condenação em<br />

sentença ao pagamento da GDATA?”(fl. 57).“<br />

Observa-se, contudo, que a sentença expr<strong>es</strong>samente consignou que “no período de 01.06.2002 e 30.04.2004, nenhuma<br />

diferença é devida, pois o STF entendeu que tanto os servidor<strong>es</strong> ativos quanto os inativos deveriam receber GDATA no<br />

valor corr<strong>es</strong>pondente a 10 pontos, de acordo com o art. 5º, parágrafo único, da Lei 10.404/2002, equiparável ao art. 2º, II, da<br />

m<strong>es</strong>ma Lei, o que já foi concedido pela Adminis<strong>tr</strong>ação”, disposição em nada alterada n<strong>es</strong>ta sede.<br />

Quanto ao segundo pleito, o de fixação do termo final das gratificaçõ<strong>es</strong> que sucederam a GDATA, com razão o<br />

embargante.<br />

De fato, cumpre integrar o acórdão recorrido de modo a que o termo final da paridade coincida com o início do ciclo relativo<br />

à primeira avaliação comprovadamente implementada, no valor equivalente a 80 (oitenta) pontos; em conformidade com o<br />

entendimento expr<strong>es</strong>so no Enunciado nº 105 das Turmas Recursais dos JEFs da Seção Judiciária do Estado do rio de<br />

Janeiro (Publicado no DJe de 14.09.2011).<br />

Embargos de declaração conhecidos e parcialmente providos, consoante a fundamentação acima exposta.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e prover parcialmente os embargos de declaração, na<br />

forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

33 - 0005577-65.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005577-0/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS<br />

BARBOSA.) x HELDER MAGNO DA SILVA (ADVOGADO: MARIANA MARCHEZI BRUSCHI.).<br />

E M E N T A<br />

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO CIVIL – REMOÇÃO A PEDIDO – INTERESSE PÚBLICO – LEI 8.112/90 –<br />

APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA - AJUDA DE CUSTO - PAGAMENTO DEVIDO – ENTENDIMENTO CONSOLIDADO DA TNU –<br />

JUROS DE MORA - 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM REDAÇÃO DATA PELA LEI Nº 11.960/2009 – APLICAÇÃO ÀS AÇÕES<br />

EM CURSO.<br />

Trata-se de recurso interposto pela União <strong>Federal</strong> con<strong>tr</strong>a sentença que julgou procedente o pedido, condenando-a ao<br />

pagamento ao autor, Procurador da República, do valor corr<strong>es</strong>pondente ao subsídio do mês de outubro de 2006, a título de<br />

ajuda de custo, em razão de sua remoção, a pedido, da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro para a<br />

Procuradoria da República n<strong>es</strong>te Estado. Alega a recorrente que a incompetência do JEF, eis que o pedido importa na<br />

nec<strong>es</strong>sidade de se anular ato adminis<strong>tr</strong>ativo consubstanciado no art. 6º do Edital nº 12/2006, segundo o qual “as remoçõ<strong>es</strong><br />

decorrent<strong>es</strong> d<strong>es</strong>te concurso ocorrerão sem qualquer ônus adicional para o Ministério Público <strong>Federal</strong>”. No mérito, invoca os<br />

princípios da legalidade <strong>es</strong><strong>tr</strong>ita e da moralidade adminis<strong>tr</strong>ativa, bem como o artigo 227, I, a e III, a da Lei Complementar<br />

75/93 - norma <strong>es</strong>pecial que afasta a aplicação subsidiária da Lei nº 8.112/90 -, e argumenta que o preenchimento da vaga


por remoção depende única e exclusivamente da vontade p<strong>es</strong>soal do inter<strong>es</strong>sado. Em relação aos juros de mora, alega que<br />

deve prevalecer o disposto no art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, com a redação incluída pela MP 457, de 10/02/2009, convertida<br />

na Lei nº 11.960/2009. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 139/165.<br />

Não se <strong>tr</strong>ata de ação para anulação ou cancelamento de ato adminis<strong>tr</strong>ativo, ao con<strong>tr</strong>ário do que sustenta a recorrente, eis<br />

que o pedido não engloba a anulação do edital do concurso de remoção. Trata-se apenas de aferir se, à luz da legislação<br />

em vigor, o autor faz jus à percepção da vantagem pretendida. Afastada, pois, a alegada incompetência do JEF.<br />

A Turma Nacional de Uniformização consolidou o entendimento de que há direito à ajuda de custo no caso do Procurador<br />

da República removido em razão de concurso de remoção, por entender - com base no art. 287 da LC 75/93 - aplicável<br />

subsidiariamente a Lei nº 8.112/1990, cujo artigo 53 contém disposição geral aplicável aos servidor<strong>es</strong> públicos civis da<br />

União, não conflitante com qualquer disposição <strong>es</strong>pecial do Estatuto do Ministério Público da União, bem como por<br />

entender que a remoção n<strong>es</strong>sa hipót<strong>es</strong>e (concurso de remoção) atende primariamente o inter<strong>es</strong>se do serviço e apenas<br />

secundariamente o inter<strong>es</strong>se do agente. Veja-se o acórdão:<br />

DIREITO ADMINISTRATIVO. REMOÇÃO “A PEDIDO”. ALTERAÇÃO DE DOMICÍLIO. PROCURADOR DA REPÚBLICA.<br />

INAMOVIBILIDADE. CONCURSO DE REMOÇÃO (EDITAL). INTERESSE PÚBLICO. LEI Nº. 8.112/1990 (RJU).<br />

APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 287 E 277 DA LEI COMPLEMENTAR Nº. 75/1993 (LOMP).<br />

DIREITO À AJUDA DE CUSTO. PRECEDENTES DESTA TNU. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO DO STJ EM RELAÇÃO<br />

À MAGISTRATURA. SIMETRIA. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO. DEVOLUÇÃO À TURMA RECURSAL DE<br />

ORIGEM, PARA ADEQUAÇÃO DO JULGADO. ARTS. 7º VII, “A” E 15, §§ 1º E 3º, DA RESOLUÇÃO CJF Nº. 22 DE 4 DE<br />

SETEMBRO DE 2008 (RI/TNU).<br />

1 - Trata-se de Pedido de Uniformização interposto em face de acórdão que negou provimento a recurso inominado de<br />

sentença que julgou improcedente pedido de pagamento de ajuda de custo por remoção “a pedido” de membro do<br />

Ministério Público <strong>Federal</strong> em decorrência de “Concurso de Remoção” promovido pela Instituição.<br />

2 - O acórdão recorrido fixou a t<strong>es</strong>e de que apenas remoção “de ofício”, não “a pedido”, enseja o pretendido pagamento,<br />

nos termos do disposto no art. 277 da Lei Complementar nº. 75/1993 – Estatuto do Ministério Público da União – (“Os<br />

membros do Ministério Público da União farão jus, ainda, às seguint<strong>es</strong> vantagens: I - ajuda de custo em caso de: a)<br />

remoção de ofício, promoção ou nomeação que importe em alteração do domicílio legal, para atender às d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as de<br />

instalação na nova sede de exercício em valor corr<strong>es</strong>pondente a até <strong>tr</strong>ês m<strong>es</strong><strong>es</strong> de vencimentos”). Fixou, ainda, a t<strong>es</strong>e de<br />

que o <strong>tr</strong>atamento exaustivo das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de pagamento de ajuda de custo pela LC nº. 75/1993, lei <strong>es</strong>pecial, afasta a<br />

aplicação, ainda que subsidiária, da Lei nº. 8.112/1990 – Regime Jurídico dos Servidor<strong>es</strong> Públicos Civis da União –, lei<br />

geral, conforme art. 287, LC nº. 75/1993 (“Aplicam-se subsidiariamente aos membros do Ministério Público da União as<br />

disposiçõ<strong>es</strong> gerais referent<strong>es</strong> aos servidor<strong>es</strong> públicos, r<strong>es</strong>peitadas, quando for o caso, as normas <strong>es</strong>peciais contidas n<strong>es</strong>ta<br />

lei complementar.”).<br />

3 – omissis<br />

4 – omissis<br />

5 - O art. 277, I, “a”, da LC nº. 75/1993 não previu todas as hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de conc<strong>es</strong>são da vantagem ajuda de custo por<br />

remoção; com efeito, refere-se apenas àquela de ofício, de caráter eminentemente punitivo, fundada no inter<strong>es</strong>se público e<br />

decidida pelo voto da maioria absoluta dos membros do órgão colegiado competente, assegurada ampla def<strong>es</strong>a. Não tendo<br />

a LC nº. 75/1993 <strong>tr</strong>atado exaustivamente do tema, aplica-se subsidiariamente a Lei nº. 8.112/1990, como previsto em seu<br />

art. 287. O art. 53 d<strong>es</strong>sa última lei contém disposição geral aplicável aos servidor<strong>es</strong> públicos civis da União não conflitante<br />

com qualquer disposição <strong>es</strong>pecial do Estatuto do Ministério Público da União, confira-se: “A ajuda de custo d<strong>es</strong>tina-se a<br />

compensar as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as de instalação do servidor que, no inter<strong>es</strong>se do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com<br />

mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o<br />

cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício na m<strong>es</strong>ma sede”.<br />

6 - Gozando os membros do Ministério Público da garantia constitucional da inamovibilidade (art. 128, § 5º, I, “b”, CF), sua<br />

remoção pr<strong>es</strong>supõe manif<strong>es</strong>tação de vontade, materializada na formulação de “pedido”. O edital publicado pela<br />

Adminis<strong>tr</strong>ação, por sua vez, revela a existência de vagas e o inter<strong>es</strong>se público em provê-las. A remoção n<strong>es</strong>sa hipót<strong>es</strong>e<br />

atende primariamente o inter<strong>es</strong>se do serviço e apenas secundariamente o inter<strong>es</strong>se do agente. Fazem jus, portanto, os<br />

membros do MPF ao pagamento de ajuda de custo quando a remoção no inter<strong>es</strong>se público importa em alteração do<br />

domicílio.<br />

7 - Precedent<strong>es</strong> da TNU: PEDILEF nº. 2006.51.51.002075-6, Rel. Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê Muniz, DJU 18.2.2008;<br />

PEDILEF nº. 200251520015144, Relª Juíza <strong>Federal</strong> Mônica Sifuent<strong>es</strong>, DJU 29.9.2004.<br />

8 - Consolidação no STJ, ademais, de entendimento que acolhe idêntica ratio acerca do pagamento de ajuda de custo à<br />

magis<strong>tr</strong>atura (art. 65, I, LC nº. 35/1979 – LOMAN), carreira simé<strong>tr</strong>ica à do Ministério Público (cf. CNJ, PP nº.<br />

0002043-22.2009.2.00.0000, Rel. Conselheiro Gilberto Valente Martins, pub. DJe 14.12.2010), verbis: “3. A jurisprudência<br />

d<strong>es</strong>ta Corte firmou-se no sentido de que o magis<strong>tr</strong>ado faz jus à ajuda de custo, seja na remoção ex officio, seja na levada a<br />

efeito a pedido do inter<strong>es</strong>sado, uma vez que em ambas <strong>es</strong>tá pr<strong>es</strong>ente o inter<strong>es</strong>se público. Precedent<strong>es</strong>: AgRg no REsp<br />

945.420/SC, Rel. Minis<strong>tr</strong>a Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 27.9.2010; AgRg no REsp 779.276/SC, Rel. Celso Limongi<br />

(D<strong>es</strong>embargador Convocado do TJ-SP), Sexta Turma, DJe 18.5.2009; AgRg no Ag 1.354.482/SC, Rel. Min. Cas<strong>tr</strong>o Meira,<br />

Segunda Turma, DJe 18.2.2011”. (Proc<strong>es</strong>so AgRg no AREsp 64318/RS - 2011/0242466-9, Segunda Turma, Rel. Minis<strong>tr</strong>o<br />

Humberto Martins, pub. DJe 5.3.2012).<br />

9 - Incidente de uniformização conhecido e provido. Devolução dos autos à Turma Recursal de origem para adequação do<br />

julgado à premissa de direito uniformizada.<br />

10 - O julgamento d<strong>es</strong>te incidente de uniformização, que reflete o entendimento consolidado da Turma Nacional de<br />

Uniformização, r<strong>es</strong>ultará na devolução às Turmas de origem de todos os ou<strong>tr</strong>os recursos que versem sobre o m<strong>es</strong>mo<br />

objeto a fim de que mantenham ou promovam a adequação do acórdão recorrido à t<strong>es</strong>e jurídica firmada, em cumprimento<br />

ao disposto nos arts. 7º VII, “a” e 15, §§ 1º e 3º, da R<strong>es</strong>olução CJF nº. 22 de 4 de setembro de 2008 (RI/TNU).<br />

(PEDIDO 200837007015970, JUIZ FEDERAL ALCIDES SALDANHA LIMA, DOU 20/07/2012.)


4. Quanto aos juros de mora a sentença encon<strong>tr</strong>a-se em sentido con<strong>tr</strong>ário ao da jurisprudência pacificada na TNU,<br />

segundo a qual a norma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009, se aplica<br />

imediatamente a todas as açõ<strong>es</strong> em curso, independentemente de terem sido propostas ant<strong>es</strong> ou depois da mencionada<br />

inovação legislativa. N<strong>es</strong>se sentido, a partir de junho de 2009, nos débitos da Fazenda Nacional, qualquer que seja a sua<br />

natureza, incluídos os débitos previdenciários, devem ser observados os índic<strong>es</strong> de correção monetária e juros de mora<br />

aplicáveis às cadernetas de poupança (PEDIDO 05048748820094058500, JUIZ FEDERAL ADEL AMÉRICO DE OLIVEIRA,<br />

DOU 01/06/2012).<br />

5. Recurso conhecido e provido em parte, apenas quanto aos juros de mora.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

34 - 0008223-48.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.008223-1/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: RODRIGO<br />

SALES DOS SANTOS, CLEBER ALVES TUMOLI.) x JADER ADAME LOUZADA (DEF.PUB: LUDMYLLA MARIANA<br />

ANSELMO, EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA.).<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – DANO MATERIAL - SAQUE INDEVIDO – RESPONSABILIDADE<br />

OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA – DANO MORAL INEXISTENTE - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,<br />

PROVIDO PARCIALMENTE.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica <strong>Federal</strong>, ora recorrente, em face de sentença que julgou<br />

procedente a pretensão de condenação da Empr<strong>es</strong>a Pública no pagamento de indenização a título de danos materiais e<br />

morais. Sustenta a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que em procedimento de verificação não ficou caracterizada<br />

qualquer fraude no uso do cartão da parte autora. Alega, ainda, que não houve a retirada de todo o dinheiro da conta<br />

corrente, fato atípico em se <strong>tr</strong>atando de clonagem, e que a recorrida não <strong>tr</strong>ouxe aos autos qualquer prova de que tenha<br />

sofrido dano moral. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o pr<strong>es</strong>ente recurso, julgando-se procedente o pedido<br />

deduzido na inicial. Eventualmente, requer a redução da quantia fixada a título de danos morais.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),<br />

<strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos<br />

seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do<br />

Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong> financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

In casu, o recorrido alega ter sido vítima de <strong>tr</strong>ês saqu<strong>es</strong> indevidos em sua conta corrente nos dias 6, 8 e 21 de maio de<br />

2008 (fls.129/130), totalizando o valor de R$ 3.000,00 (<strong>tr</strong>ês mil reais). Em 06.06.2008 regis<strong>tr</strong>ou ocorrência perante a Polícia<br />

Civil (fl. 20) e diligenciou junto à recorrente, sendo-lhe informado, em 09.07.2008, que não foram encon<strong>tr</strong>ados indícios de<br />

falha ou irregularidade nos procedimentos adotados pela CEF (fl. 23). É importante regis<strong>tr</strong>ar que o cartão magnético foi<br />

retido pela CEF para fins de averiguação dos saqu<strong>es</strong> indevidos.<br />

Considerando a dificuldade de comprovação por parte da autora de que não teria efetuado os saqu<strong>es</strong> cont<strong>es</strong>tados, ligada à<br />

complexidade da prova negativa, e tendo em conta, ainda, a possibilidade da instituição financeira produzir prova em<br />

sentido con<strong>tr</strong>ário, mediante apr<strong>es</strong>entação das fitas de gravação do circuito interno e câmeras instaladas nos terminais de<br />

auto-atendimento e caixas 24 horas, não r<strong>es</strong>ta dúvida de que a CEF é que teria condiçõ<strong>es</strong> de identificar quem efetuou os<br />

saqu<strong>es</strong> indevidos, devendo, assim, ser invertido o ônus da prova, nos termos do artigo 6.º, VIII, do CDC.<br />

A gravação juntada pela CEF à fl. 157 não é apta a comprovar a conclusão da CEF de que provavelmente ocorreu a<br />

utilização do cartão por alguém próximo do Sr. Jader Adame Louzada, seja um amigo, um parente, que tinha conhecimento<br />

de sua senha. A par disso, os ex<strong>tr</strong>atos de fls. 51/131 comprovam que, efetivamente, o recorrido somente realizava saqu<strong>es</strong><br />

diretamente no banco ou em casas lotéricas.<br />

Não se d<strong>es</strong>incumbindo a instituição financeira de comprovar a culpa exclusiva ou concorrente do cliente no saque<br />

fraudulento realizado por terceiro, d<strong>es</strong>ponta a r<strong>es</strong>ponsabilidade da CEF em reparar o dano material decorrente.<br />

Já o dano moral configura-se sempre que alguém, injustamente, causa l<strong>es</strong>ão a inter<strong>es</strong>se não pa<strong>tr</strong>imonial relevante. O<br />

recorrido não logrou demons<strong>tr</strong>ar que o saque indevido foi capaz de ensejar qualquer abalo à sua honra ou l<strong>es</strong>ão psicológica<br />

suficiente para configurar um dano que mereça ser indenizado. Assim, o aborrecimento decorrente do evento danoso não<br />

passou de um mero dissabor a que qualquer cidadão <strong>es</strong>tá propenso a vivenciar nas relaçõ<strong>es</strong> sociais modernas, o que<br />

afasta a possibilidade de caracterização dos danos morais na forma pretendida. R<strong>es</strong>salte-se que a análise das filmagens<br />

corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> em nada con<strong>tr</strong>ibuiria para se concluir sobre a r<strong>es</strong>ponsabilidade do próprio autor pelos saqu<strong>es</strong> efetuados,<br />

ao con<strong>tr</strong>ário do que r<strong>es</strong>tou assentado na sentença como fundamento para a condenação em danos morais.<br />

Merece parcial reparo, portanto, a sentença proferida pelo Juízo “a quo”.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento, tão somente para d<strong>es</strong>constituir a condenação da CEF no<br />

pagamento de danos morais ao autor, mantida a condenação em danos materiais.<br />

Custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado


Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PARCIAL<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

35 - 0000541-08.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000541-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x JOSILENE DE JESUS OLIVEIRA.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – INSS – SALÁRIO-MATERNIDADE – EMPREGADA DOMÉSTICA – REQUISITOS PREENCHIDOS –<br />

REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO NÃO RECEBIDO PELO INSS – INTERESSE DE AGIR CONFIGURADO -<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, em face da sentença de fls.<br />

30/31, que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de salário maternidade. Alega o recorrente que não<br />

houve prévio requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo do benefício salário-maternidade, pugnando pela extinção do proc<strong>es</strong>so por<br />

ausência de inter<strong>es</strong>se de agir. Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. A autora aduz, na inicial, que procurou o réu INSS para obtenção do salário-maternidade bem como que a Previdência<br />

Social, negando-se à <strong>tr</strong>amitação dos documentos próprios par ao benefício almejado, alega que a autora não <strong>es</strong>taria regular<br />

perante o PIS-PASEP, tendo que providenciar atos junto à empregadora. Ato seguinte, foi até a co-ré CEF para r<strong>es</strong>olver a<br />

situação; contudo, permaneceu a informação de irregularidade.<br />

3. Conquanto não haja nos autos comprovação da negativa do INSS de receber o requerimento, não se pode pr<strong>es</strong>umir a<br />

má-fé da autora nem há motivos para considerar inverídicos os fatos por ela narrados na inicial, mormente em face de tê-la<br />

ins<strong>tr</strong>uído com documento relativo ao PIS, expedido pela CEF em 30/01/2009 (fl. 10), m<strong>es</strong>ma data em que ajuizada a ação,<br />

sem assistência de advogado.<br />

4. Correta, pois, a sentença ao rejeitar a preliminar de carência de ação aduzida na cont<strong>es</strong>tação do INSS.<br />

5. R<strong>es</strong>salte-se que no julgamento do Recurso Especial nº 1.310.042-PR, ocorrido em 15/05/2012, a 2ª Turma do STJ<br />

assentou o entendimento no sentido de que o inter<strong>es</strong>se proc<strong>es</strong>sual do segurado e a utilidade da pr<strong>es</strong>tação jurisdicional<br />

concretizam-se nas hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de a) recusa de recebimento do requerimento ou b) negativa de conc<strong>es</strong>são do benefício<br />

previdenciário, seja pelo concreto indeferimento do pedido, seja pela notória r<strong>es</strong>istência da autarquia à t<strong>es</strong>e jurídica<br />

<strong>es</strong>posada (g.n.), bem como de que a aplicação dos critérios acima deve observar a pr<strong>es</strong>cindibilidade do exaurimento da via<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa para ingr<strong>es</strong>so com ação previdenciária, conforme Súmulas 89/STJ e 213/ex-TFR.<br />

6. A d<strong>es</strong>peito de não haver o INSS con<strong>tr</strong>overtido o mérito, r<strong>es</strong>salto <strong>es</strong>tar correta a sentença ao conceder o benefício, eis que<br />

a autora comprovou filiação ao RGPS na condição de empregada doméstica na data do afastamento, conforme<br />

documentos de fls. 07 e 09.<br />

7. Recurso conhecido e improvido.<br />

8. Sem custas. Sem condenação em honorários, tendo em vista que a autora não constituiu advogado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante<br />

dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

36 - 0005748-22.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005748-0/01) CARLOS ROBERTO AZEVEDO COSTA (ADVOGADO:<br />

rodrigo peixoto pimentel, MARIA DO CARMO NETTO FERREIRA.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ<br />

CLAUDIO SOBREIRA.).<br />

E M E N T A<br />

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – TAXA INDEVIDAMENTE UTILIZADA – DIREITO À RECOMPOSIÇÃO DA CONTA<br />

VINCULADA – RESPEITO À PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA – ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA – TERMO DE ADESÃO NOS<br />

TERMOS DA LEI COMPLEMENTAR Nº 110/2001 – RENÚNCIA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO<br />

– SENTENÇA REFORMADA<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO<br />

RECURSO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

37 - 0000628-49.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000628-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS


(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x ALDEIR JOSE VIEIRA (ADVOGADO: EDUARDO VAGO DE OLIVEIRA.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei refere-se exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 97/101, que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia ao r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à parte autora,<br />

d<strong>es</strong>de a data da suspensão adminis<strong>tr</strong>ativa. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo<br />

de miserabilidade da recorrida, e que não é devida a aplicação analógica do art. 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso.<br />

Assim, aduz que a renda da aposentadoria por idade da genitora (repr<strong>es</strong>entante) não deve ser excluída do cômputo para<br />

cálculo da renda per capita .<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93, a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem tê-lo<br />

provido por sua família. A condição de portadora de deficiência da parte autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos.<br />

4. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita.<br />

6. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que<br />

deve ser feita uma análise da situação de miserabilidade, com base no critério objetivo da renda per capita da família para<br />

fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal, haja vista que<br />

aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor excluído para fins de<br />

percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o INSS e percebe, na<br />

velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o princípio<br />

constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade. Portanto, deve ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria<br />

por invalidez da genitora no cálculo da renda per capita.<br />

7. O INSS alega que a renda familiar per capita é superior a ¼ do salário mínimo. Ao se analisar a renda familiar,<br />

constata-se que a genitora do autor é a única p<strong>es</strong>soa do grupo familiar que aufere renda, no valor de R$ 510,00 (quinhentos<br />

e dez reais, fl. 59) proveniente de aposentadoria. Porém, por analogia ao art. 34 da lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) o<br />

valor auferido pela genitora não irá ser computado para fins de cálculo da renda per capita familiar.<br />

8. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág. 03 - anexo)”. É possível, ainda, verificar tal entendimento na jurisprudência mais recente:<br />

“O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar. 4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e<br />

da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido por<br />

maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto no<br />

parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. (5ª Turma Recursal – TRSP: Proc<strong>es</strong>so 00161457720074036302 –<br />

02/03/2012)”<br />

9. De acordo com o relatório social (fls. 68/76), verifica-se que o número de p<strong>es</strong>soas r<strong>es</strong>ident<strong>es</strong> sob o m<strong>es</strong>mo teto é de 02<br />

p<strong>es</strong>soas, sendo elas, a parte autora e sua mãe. A <strong>es</strong><strong>tr</strong>utura física do imóvel é precária, não contém rede de <strong>es</strong>goto, nem<br />

condiçõ<strong>es</strong> físicas adequadas, além de possuir infra<strong>es</strong><strong>tr</strong>utura irregular, sendo imóvel sem boa habitabilidade. Constatou-se,<br />

também, que da renda proveniente de um salário mínimo, são gastos R$ 55,00 (cinquenta e cinco reais) em conta de água,<br />

luz e gás, R$ 200,00 (duzentos reais) em medicamentos para a mãe da parte autora, bem como R$ 250,00(duzentos e<br />

cinquenta reais) com alimentação.<br />

10. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.


38 - 0000621-66.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000621-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x MARIA DAS NEVES COTTA (ADVOGADO: Valber Cruz Cereza.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 59/62) que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à autora d<strong>es</strong>de a data da<br />

prolação da sentença. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo de miserabilidade da<br />

recorrida, pois não é devida a aplicação analógica do artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, e, por isso, a renda da<br />

aposentadoria do <strong>es</strong>poso não deve ser excluída do cômputo da renda per capita da autora. Requer, assim, seja julgado<br />

totalmente improcedente o pedido. A parte autora não apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no artigo 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso e que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem de<br />

tê-la provida por sua família. A condição de idosa da autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fl. 11). A m<strong>es</strong>ma requereu o<br />

benefício adminis<strong>tr</strong>ativamente em 09/01/2009, tendo <strong>es</strong>te sido negado sob a alegação de não enquadramento no art. 20, §<br />

3º da Lei nº 8.742/93 (fl. 14).<br />

4. O artigo 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

7. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 21/26) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seu<br />

marido, é o benefício de aposentadoria compulsória no valor de um salário mínimo mensal recebido pelo <strong>es</strong>poso (75 anos)<br />

da recorrida (fl. 17). Por meio do referido relatório social, verificou-se ainda, que o casal possui diversos gastos com<br />

alimentação, energia, água, gás e que a requerente não possui meios de prover sua própria manutenção. Deve-se, assim,<br />

ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria do cônjuge no cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte, preenchido o<br />

requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial.<br />

9. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento do INSS no que diz r<strong>es</strong>peito à alegada violação dos dispositivos constitucionais de que<br />

<strong>tr</strong>atam os artigos 194, Parágrafo único e 203, caput (legalidade); artigo 194, inciso III (seletividade e dis<strong>tr</strong>ibutividade); artigo<br />

195, § 5º (prévia fonte de custeio), bem como o artigo 34, Parágrafo único, do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), verifico<br />

que não procedem tais alegaçõ<strong>es</strong>. Não há que se falar em violação d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> dispositivos, uma vez que o pr<strong>es</strong>ente juízo de<br />

mérito foi alcançado, valendo-se o magis<strong>tr</strong>ado dos meios de interpretação da norma (hermenêutica), da jurisprudência, dos<br />

critérios de razoabilidade e proporcionalidade e, ainda, do livre convencimento motivado, que lhe são peculiar<strong>es</strong>.<br />

10. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

39 - 0000658-93.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000658-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x TEONILA BICALHO (ADVOGADO: SERGIO DE LIMA FREITAS<br />

JUNIOR.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 65/67) que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à autora d<strong>es</strong>de a data da<br />

juntada do laudo da assistente social. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo de<br />

miserabilidade da recorrida, pois não é devida a aplicação analógica do artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, e,<br />

por isso, a renda da aposentadoria do <strong>es</strong>poso não deve ser excluída do cômputo da renda per capita da autora. Requer,<br />

assim, seja julgado totalmente improcedente o pedido. A parte autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela<br />

manutenção da sentença.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no artigo 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso e que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem de<br />

tê-la provida por sua família. A condição de idosa da autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fl. 16). A m<strong>es</strong>ma requereu o<br />

benefício adminis<strong>tr</strong>ativamente em 10/04/2008, tendo sido o m<strong>es</strong>mo negado, sob a alegação de que a renda per capita era<br />

igual ou superior a ¼ (um quarto) do salário mínimo mensal (fl. 36).<br />

4. O artigo 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

7. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 40/41) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seu<br />

convivente, é o benefício de aposentadoria por idade rural no valor de um salário mínimo mensal recebido pelo<br />

companheiro (80 anos) da recorrida (vide INFBEN em fl. 20). Por meio do referido relatório social, verificou-se ainda que o<br />

casal possui gastos com alimentação, energia, água, gás de cozinha e, principalmente, com medicamentos, e que a renda<br />

mensal percebida pelo companheiro tem sido insuficiente para suprir as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> básicas da família. Deve-se, assim,<br />

ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria do m<strong>es</strong>mo no cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte, preenchido o<br />

requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial.<br />

9. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento do INSS no que diz r<strong>es</strong>peito à constitucionalidade e alegada violação dos dispositivos<br />

constitucionais de que <strong>tr</strong>atam os artigos 1º (Regime Democrático de Direito) e 2º (separação e independência en<strong>tr</strong>e os<br />

poder<strong>es</strong> republicanos); artigo 195, § 5º (precedência da fonte de custeio); artigo 203, inciso V (r<strong>es</strong>erva legal em matéria de


enefício de amparo social), bem como o artigo 20, § 3º da Lei nº 8.742/93 c/c artigo 34, Parágrafo único, do Estatuto do<br />

Idoso (Lei nº 10.741/03), verifico que não procedem tais alegaçõ<strong>es</strong>. Não há que se falar em violação d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> dispositivos,<br />

uma vez que o pr<strong>es</strong>ente juízo de mérito foi alcançado pelos meios de interpretação da norma (hermenêutica), da<br />

jurisprudência, dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade e, ainda, do livre convencimento motivado, que são<br />

peculiar<strong>es</strong> ao magis<strong>tr</strong>ado.<br />

10. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

40 - 0000001-48.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000001-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x THEREZINHA SILVA DE AZEVEDO OLIVEIRA (ADVOGADO: GUSTAVO<br />

SABAINI DOS SANTOS.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei refere-se exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença (fls. 70/75) que julgou procedente o pedido<br />

inicial de THEREZINHA SILVA DE AZEVEDO OLIVEIRA, condenando a autarquia ao r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício<br />

assistencial à parte autora, d<strong>es</strong>de a data de sua c<strong>es</strong>sação (01/01/2009). Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que o<br />

entendimento do juízo a quo acerca do art. 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, em não contabilizar o benefício<br />

previdenciário (aposentadoria por idade do <strong>es</strong>poso) para fins de cálculo da renda familiar per capita, seria uma inovação<br />

legislativa, e não uma interpretação analógica, impossibilitando, portanto, sua aplicação pelo Poder Judiciário.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possua meios de prover o próprio sustento e nem de tê-lo<br />

provido por sua família. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial<br />

concedido a qualquer membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

4. A alegação do INSS de que a aplicação analógica do art. 34, parágrafo único, implica ilegalidade, não merece prosperar.<br />

O entendimento firmado na sentença a quo sustenta-se nas interpretaçõ<strong>es</strong> sistemática e teleológica, que são plenamente<br />

acolhidas no âmbito jurídico. Na técnica sistemática, cabe ao magis<strong>tr</strong>ado considerar aquel<strong>es</strong> dispositivos legais que se<br />

interrelacionam, analisando-os de forma conjunta, para que sejam inseridos da melhor forma possível no contexto jurídico.<br />

Já a técnica teleológica permite ao magis<strong>tr</strong>ado analisar a finalidade social da lei, ou seja, a intenção que o legislador<br />

possuía ao elaborar a norma.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do<br />

Idoso, possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos<br />

por ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário,<br />

defendido pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício<br />

assistencial pode ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação<br />

absolutamente paradoxal, haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício<br />

assistencial tem seu valor excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que<br />

aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade.<br />

Essa situação, além de violar o princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade. A dignidade<br />

da p<strong>es</strong>soa humana não pode ser ferida por mera interpretação literal, podendo, assim, o poder judiciário realizar<br />

interpretaçõ<strong>es</strong> teleológicas e sistemáticas do ordenamento jurídico.<br />

6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág. 03 - anexo)”. É possível, ainda, verificar tal entendimento na jurisprudência mais recente:<br />

“O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e<br />

da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido por<br />

maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto no<br />

parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. (5ª Turma Recursal – TRSP: Proc<strong>es</strong>so 00161457720074036302 –<br />

02/03/2012)”


7. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento do INSS no que diz r<strong>es</strong>peito à alegada violação dos dispositivos constitucionais de que<br />

<strong>tr</strong>atam os artigos 194, Parágrafo único e 203, caput (legalidade); artigo 194, inciso III (seletividade e dis<strong>tr</strong>ibutividade); artigo<br />

195, § 5º (prévia fonte de custeio), arts. 2º e 44 (princípio da separação de poder<strong>es</strong>); bem como o artigo 34, Parágrafo<br />

único, do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), verifico que não procedem tais alegaçõ<strong>es</strong>. Não há que se falar em violação<br />

d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> dispositivos, visto que o entendimento do Juízo foi alcançado tendo-se em conta os meios de interpretação da norma<br />

(hermenêutica), da jurisprudência, dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade e, ainda, do livre convencimento, que<br />

são peculiar<strong>es</strong> ao magis<strong>tr</strong>ado.<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 57/59) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela recorrida (77 anos<br />

de idade), seu marido (77 anos de idade) e sua filha (50 anos de idade), é o benefício de aposentadoria por idade no valor<br />

de um salário mínimo recebido pelo <strong>es</strong>poso da recorrida (vide fl. 67). Deve-se, portanto, com base na interpretação<br />

sistemática, ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria do m<strong>es</strong>mo no cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte,<br />

preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial, visto que a renda per capita é nula. É<br />

possível verificar que a c<strong>es</strong>sação do benefício assistencial realizado pelo INSS é, evidentemente, indevida.<br />

9. Sendo assim, ao verificar que a autora preenchia, no momento da c<strong>es</strong>sação indevida realizada pela autarquia federal,<br />

todos os requisitos para o aferimento do benefício assistencial, não merecem guarida os argumentos apr<strong>es</strong>entados no<br />

pedido recursal do INSS.<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

41 - 0000456-50.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000456-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x PAULO ROBERTO CARDOSO (ADVOGADO: MARIA REGINA<br />

COUTO ULIANA.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000456-50.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000456-0/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 91/95, que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia ao r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à parte autora,<br />

d<strong>es</strong>de a data da suspensão adminis<strong>tr</strong>ativa. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo<br />

de miserabilidade do recorrido, não sendo devida a aplicação analógica do art. 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso.<br />

Assim, aduz que a renda da aposentadoria por invalidez da genitora (repr<strong>es</strong>entante) não deve ser excluída do cômputo para<br />

cálculo da renda per capita.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93, a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento. A condição<br />

de portadora de deficiência da parte autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos.<br />

4. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita.<br />

6. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que<br />

deve ser feita uma análise da situação de miserabilidade, com base no critério objetivo da renda per capita da família para<br />

fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal, haja vista que<br />

aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor excluído para fins de<br />

percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o INSS e percebe, na<br />

velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o princípio<br />

constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade. Portanto, deve ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria<br />

por invalidez da genitora no cálculo da renda per capita.<br />

7. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não


deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág. 03 - anexo)”. É possível, ainda, verificar tal entendimento na jurisprudência mais recente:<br />

“O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e<br />

da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido por<br />

maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto no<br />

parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. (5ª Turma Recursal – TRSP: Proc<strong>es</strong>so 00161457720074036302 –<br />

02/03/2012)”<br />

8. Segundo relatório social (fl. 54), realizado pela Prefeitura Municipal de Boa Esperança/ES, a parte autora r<strong>es</strong>ide em casa<br />

própria com sua mãe juntamente com seus 2 (dois) irmãos maior<strong>es</strong> de idade e seu sobrinho. Além disso, relata que a parte<br />

autora recebia benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, que garantia a relativa <strong>es</strong>tabilidade familiar, mas que veio a ser c<strong>es</strong>sada<br />

em virtude da mãe receber pensão por morte do marido. Com a perda do beneficio de pr<strong>es</strong>tação continuada, a família vem<br />

enfrentando várias dificuldad<strong>es</strong>, como a compra de medicamentos para o <strong>tr</strong>atamento do requerente e de sua mãe. A<br />

assistente social ainda afirma que a família se encon<strong>tr</strong>a em situação de risco social devido à ausência do benefício,<br />

devendo ter sua situação reavaliada.<br />

9. De acordo com o relatório social mais recente (fls. 61/62), verifica-se que a parte autora r<strong>es</strong>ide numa casa pertencente à<br />

família, onde moram também seus 2 (dois) irmãos, seu sobrinho e a sua mãe. Constatou-se que o grupo familiar se<br />

mantém com uma renda mensal de 01 (um) salário mínimo, recebido pela genitora do requerente proveniente da pensão<br />

por morte do marido. Alega, ainda, que a renda mensal não é suficiente para suprir as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as do lar, sendo que o<br />

benefício que ant<strong>es</strong> a parte autora recebia custeava a alimentação e a compra de roupas.<br />

10. Como a renda da genitora não foi computada no cálculo da renda per capita, a renda familiar é zero. Assim, r<strong>es</strong>ta, por<br />

conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

42 - 0000574-92.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000574-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x FRANCISCA OLIVEIRA DOS SANTOS (ADVOGADO: SERGIO<br />

DE LIMA FREITAS JUNIOR.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 92/94) que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à autora d<strong>es</strong>de a data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo de<br />

miserabilidade da recorrida. Além disso, sustenta que não é devida a aplicação analógica do artigo 34, parágrafo único do<br />

Estatuto do Idoso, e, por isso, a renda da aposentadoria do <strong>es</strong>poso não deve ser excluída do cômputo da renda per capita<br />

da autora. Requer, assim, seja julgado totalmente improcedente o pedido. A parte autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>,<br />

pugnando pela manutenção da sentença.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no artigo 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem de<br />

tê-la provida por sua família. A condição de idosa da autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fl. 18).


4. O artigo 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

7. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 63/66) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seu<br />

marido, é o benefício de aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo mensal recebido pelo <strong>es</strong>poso (83 anos) da<br />

recorrida (vide INFBEN em fl. 42). Por meio do referido relatório social, verificou-se ainda, que o casal possui gastos com<br />

alimentação, energia, água, gás de cozinha e, principalmente, com medicamentos, exam<strong>es</strong> médicos e <strong>tr</strong>ansporte para<br />

<strong>tr</strong>atamento de saúde em Cachoeiro de Itapemirim e Alegre e que, portanto, a renda mensal não vem suprindo tais<br />

d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as. Deve-se, assim, ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria do m<strong>es</strong>mo no cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por<br />

conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial.<br />

9. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento do INSS no que diz r<strong>es</strong>peito à alegada violação dos dispositivos constitucionais de que<br />

<strong>tr</strong>atam os artigos 194, parágrafo único e 203, caput (legalidade); artigo 194, inciso III (seletividade e dis<strong>tr</strong>ibutividade); artigo<br />

195, § 5º (prévia fonte de custeio), bem como o artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), verifico<br />

que não procedem tais alegaçõ<strong>es</strong>. Não há que se falar em violação d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> dispositivos, uma vez que o Juízo a quo<br />

utilizou-se dos meios de interpretação da norma (hermenêutica), da jurisprudência, dos critérios de razoabilidade e<br />

proporcionalidade e, ainda, do livre convencimento motivado, que lhe são peculiar<strong>es</strong>.<br />

10. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

43 - 0001937-17.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001937-6/01) ALZIRA MARIA POLONINI REBONATO (ADVOGADO:<br />

Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA<br />

BRITO.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 20, PARÁGRAFO PRIMEIRO DA<br />

LEI Nº 8.742/93 – FILHOS NÃO INCLUÍDOS NO CÁLCULO DA RENDA PER CAPITA FAMILIAR – ART. 34, PARÁGRAFO<br />

ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – RENDA DO ESPOSO DESCONSIDERADA –<br />

CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE NÃO CONSTATADA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA


MANTIDA.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 98/99, que julgou improcedente o<br />

pedido inicial de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada. Alega a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que a assistente social foi conclusiva em afirmar o seu <strong>es</strong>tado de miserabilidade, nec<strong>es</strong>sitando do benefício para<br />

sua sobrevivência digna. Aduz, ainda, que o grupo familiar para fins de conc<strong>es</strong>são do benefício pleiteado é aquele previsto<br />

no artigo 16 da Lei nº 8.213/91, motivo pelo qual os rendimentos de seus filhos, todos maior<strong>es</strong> de 21 anos, não devem ser<br />

computados para fins de averiguação da renda per capita. Requer, d<strong>es</strong>tarte, seja considerado unicamente o rendimento de<br />

seu <strong>es</strong>poso quando da análise acerca da renda familiar, reformando-se a sentença a quo, para julgar totalmente<br />

procedent<strong>es</strong> os pedidos aduzidos na inicial. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

3. Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo, a<br />

família é composta, conforme o § 1º do referido artigo de lei, pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na<br />

ausência de um del<strong>es</strong>, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menor<strong>es</strong> tutelados,<br />

d<strong>es</strong>de que vivam sob o m<strong>es</strong>mo teto.<br />

4. Ora ap<strong>es</strong>ar da afirmação da assistente social, em p<strong>es</strong>quisa sócio-econômica (fls. 20/23), de que a composição familiar<br />

da autora seria de 06 (seis) membros, verificou-se que, em verdade, os filhos da autora não vivem sob o m<strong>es</strong>mo teto,<br />

havendo provas de que os m<strong>es</strong>mos con<strong>tr</strong>aíram casamento (fls. 35 e 36) e, ainda, regis<strong>tr</strong>o de nascimento de uma neta -<br />

prole de sua filha - (fl.34), motivos pelos quais <strong>es</strong>t<strong>es</strong> não se incluem na composição da família a que se refere o § 1º do<br />

artigo 20 da Lei nº 8.742/93, não havendo que se falar, por sua vez, no cômputo da renda dos filhos para fins de cálculo da<br />

renda per capita familiar.<br />

5. A renda de seu <strong>es</strong>poso, decorrente de aposentadoria no valor de 1 (um) salário mínimo, deve também ser<br />

d<strong>es</strong>considerada quando da averiguação da renda per capita familiar. Explica-se:<br />

6. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita. Com efeito, deve ser<br />

adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, possibilitando a<br />

d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por ou<strong>tr</strong>os membros<br />

da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido pela autarquia<br />

previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode ser excluído<br />

para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal, haja vista que<br />

aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor excluído para fins de<br />

percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o INSS e percebe, na<br />

velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o princípio<br />

constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

7. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica de<br />

da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

8. Todavia, ainda que d<strong>es</strong>consideradas as rendas obtidas pelos filhos e pelo <strong>es</strong>poso para análise do cumprimento do<br />

requisito objetivo para conc<strong>es</strong>são do benefício, é evidente, no caso sub examen, que a autora possui totais condiçõ<strong>es</strong> de<br />

prover sua própria manutenção. Isto se infere na medida em que se observa, conforme parecer sócio-econômico (fls.<br />

20/23), as condiçõ<strong>es</strong> e benfeitorias do local de moradia, inclusive, a quantidade de recursos instalados, os equipamentos<br />

que a autora possui e os móveis da casa. A recorrente mora, frisa-se, em bairro que apr<strong>es</strong>enta infra-<strong>es</strong><strong>tr</strong>utura urbana<br />

básica, com ruas pavimentadas, ac<strong>es</strong>so a água canalizada, rede elé<strong>tr</strong>ica, de <strong>es</strong>goto, comércio local, <strong>es</strong>cola (fls. 21/22).<br />

D<strong>es</strong>taca-se, ainda, o que afirma a assistente social em seu parecer quanto ao fato de que o casal (autora e cônjuge)<br />

planeja alugar a casa térrea ao nível da rua.<br />

9. O que se depreende, de fato e de forma indubitável, é que não há condição alguma de miserabilidade. Ora, não se pode<br />

considerar miserável, sob pena de se confundir e se perder os parâme<strong>tr</strong>os diferenciador<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> en<strong>tr</strong>e o <strong>es</strong>tado de<br />

pobreza e de miserabilidade, um indivíduo que amealha tantos bens quanto os relacionados pela assistente social em seu<br />

parecer, que possui tantos recursos e, ainda, que r<strong>es</strong>ide num pavimento de imóvel (próprio), com a possibilidade de aferir<br />

renda de aluguel sob ou<strong>tr</strong>o pavimento.<br />

10. Sendo assim, não r<strong>es</strong>tou constatada a condição de miserabilidade para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial.<br />

11. Recurso conhecido e improvido.<br />

12. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.


44 - 0000124-09.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000124-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x GEILZA ALVES PEREIRA (ADVOGADO: ROBNEI BATISTA DE BARROS,<br />

BRUNO SANTOS ARRIGONI, ANTONIO HERMELINDO RIBEIRO NETO.).<br />

TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS<br />

RECURSO Nº 0000124-09.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000124-8) – TURMA RECURSAL<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: GEILZA ALVES PEREIRA<br />

VARA ORIGINÁRIA: 1ª VF Colatina – Cível/Juizado Especial <strong>Federal</strong><br />

RELATOR: Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – REQUISITOS LEGAIS<br />

PREENCHIDOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão da sentença de fls. 50/52 que<br />

julgou procedente a pretensão de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que a recorrida não apr<strong>es</strong>entou início de prova material indicando atividade rural pelo período de carência<br />

nec<strong>es</strong>sário para a conc<strong>es</strong>são do benefício. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o pr<strong>es</strong>ente recurso, para que seja<br />

revogada a antecipação de tutela concedida e julgado improcedente o pedido externado na Inicial. As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong><br />

encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 69-71.<br />

2. Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o <strong>tr</strong>abalhador rural<br />

preencha o requisito referente à idade (60 anos, se homem, e 55, se mulher), bem como comprove o exercício de atividade<br />

rural, ainda que d<strong>es</strong>contínua, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício<br />

pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/91), carência que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº<br />

8.213/91.<br />

3. A recorrida nasceu em 16/02/1939 (fl. 11) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 02/03/2009<br />

(fl. 37), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período nec<strong>es</strong>sário à<br />

carência exigida.<br />

4. Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais<br />

Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus próprios<br />

fundamentos, den<strong>tr</strong>e os quais releva regis<strong>tr</strong>ar ipsis litteris:<br />

“A título de início de prova material, a parte demandante colacionou aos autos os seguint<strong>es</strong> documentos: documento de fls.<br />

31 que consta que a autora recebe benefício de pensão por morte do falecido marido, que foi reconhecido como <strong>tr</strong>abalhador<br />

rural pelo INSS; fichas de ma<strong>tr</strong>ícula <strong>es</strong>colar de seus filhos, em 1985 e 1994, constando ser lavradora (fls. 21/22), fichas de<br />

atendimento médico ambulatorial em 2002, 2005 e 2008 mencionando ser lavradora (fls. 23, 25 e 27). Reputa-se <strong>es</strong>sa<br />

documentação como suficiente início de prova material do direito alegado. A existência da prova documental, en<strong>tr</strong>etanto, é<br />

insuficiente para gerar a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria, sendo impr<strong>es</strong>cindível a complementação pela prova t<strong>es</strong>temunhal.As<br />

duas t<strong>es</strong>temunhas arroladas foram uníssonas no sentido da autora ter laborado por toda a vida na qualidade de<br />

<strong>tr</strong>abalhadora rural (meeira) em regime de economia familiar juntamente com seus familiar<strong>es</strong> (falecido marido, mãe, filhos<br />

etc); as t<strong>es</strong>temunhas <strong>es</strong>clareçam que a autora nunca <strong>tr</strong>abalhou com carteira assinada e que sempre viveu no campo.<br />

Considerando que a parte demandante é p<strong>es</strong>soa de situação financeira precária, de pouca ins<strong>tr</strong>ução e tendo em vista a<br />

consistência do conjunto probatório apr<strong>es</strong>entado nos autos, tornando verossímeis as alegaçõ<strong>es</strong> <strong>tr</strong>azidas na petição inicial.<br />

Entende-se que deve ser aplicada a teoria da carga dinâmica para a dis<strong>tr</strong>ibuição do ônus da prova. No caso, a autora, por<br />

ser ile<strong>tr</strong>ada, apr<strong>es</strong>enta documentos razoáveis em que consta a qualidade de <strong>tr</strong>abalhadora rural em regime de economia<br />

familiar. Esse contexto probatório é confirmado pela oitiva das t<strong>es</strong>temunhas”.<br />

5. Em acréscimo, quadra regis<strong>tr</strong>ar que à luz do verbete nº 14 da Turma Nacional de Uniformização “para a conc<strong>es</strong>são de<br />

aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corr<strong>es</strong>ponda a todo o período equivalente à<br />

carência do benefício”, pelo que o início de prova material apr<strong>es</strong>entado merece ser <strong>es</strong>tendido ao período posterior, por força<br />

dos depoimentos t<strong>es</strong>temunhais, todos coerent<strong>es</strong> e co<strong>es</strong>os.<br />

6. Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, <strong>es</strong>tampada no<br />

verbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se ao<br />

<strong>tr</strong>abalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, a toda evidência, chancela o<br />

exercício de atividade rural pelo tempo nec<strong>es</strong>sário ao adimplemento da carência legal, como na hipót<strong>es</strong>e vertente (72<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong>, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991).<br />

7. Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo a quo.<br />

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

9. Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,<br />

com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO,<br />

mantendo a sentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

45 - 0000903-98.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000903-0/01) MERCEDES PINHEIRO GONÇALVES (ADVOGADO: JOSÉ<br />

LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE<br />

VIEIRA.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE – TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO INFERIOR AO ESTABELECIDO NO<br />

ART. 142 DA LEI 8.213/91 - – TEMPO DE ATIVIDADE RURAL ANTERIOR – CÔMPUTO INDEVIDO PARA EFEITO DE<br />

CARÊNCIA – ART. 55, § 2º DA LEI 8.213/91 - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face da sentença de fls. 49/52, que julgou improcedente o<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade urbana. A sentença fundamenta-se no fato de que o período <strong>tr</strong>abalhado<br />

como rural não deve ser averbado para efeito de carência, conforme art. 55, § 2º, da Lei nº 8.213/90. Em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, a autora alega que, na data do requerimento, contava com 10 anos e 4 m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição, contudo <strong>tr</strong>abalhou<br />

de sua adol<strong>es</strong>cência até 1988 como lavradora, o que foi confirmado por prova material corroborada por t<strong>es</strong>temunhas. Diz<br />

que a regra contida no § 2º do art. 55 da Lei nº 8.213/91 não deve ser aplicada para aposentadoria por idade no valor de um<br />

salário mínimo, uma vez que tal dispositivo encon<strong>tr</strong>a-se no tópico da aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição. Sustenta<br />

que tem direito a somar o período urbano com o rural para todos os efeitos, inclusive de carência, para aposentadoria por<br />

idade, conforme § 3º do art. 48 da Lei nº 8.213/91. Pede a reforma da sentença para determinar ao recorrido que conceda o<br />

benefício, condenando-o ao pagamento dos valor<strong>es</strong> re<strong>tr</strong>oativos a 02/06/2008. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 62/65. A<br />

autora/recorrente, às fls. 67/68, requer a alteração do pedido, pretendendo a condenação do réu apenas às parcelas<br />

a<strong>tr</strong>asadas, ou seja, da data do indeferimento do benefício (02/06/2008) até a data em que o recorrido concederá o benefício<br />

no âmbito adminis<strong>tr</strong>ativo (03/06/2011)<br />

2. A conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade pr<strong>es</strong>supõe o preenchimento de certos requisitos, quais sejam: o<br />

cumprimento do período de carência nec<strong>es</strong>sário, exigido na própria Lei n° 8.213/91 e ainda que o segura do tenha 65 anos<br />

de idade se for do sexo masculino e 60, se do sexo feminino.<br />

3. Verifica-se que a recorrida nasceu em 29/05/1948 (fl. 11), portanto, completou 60 anos em 29/05/2008. Requereu o<br />

benefício previdenciário em 26/01/2005 (fl. 11). De acordo com o artigo art. 142 da Lei 8.213/91, a carência nec<strong>es</strong>sária é de<br />

162 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>, ou seja, 13 anos e 6 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, sendo incon<strong>tr</strong>overso que a autora contava com 10 anos e 4 m<strong>es</strong><strong>es</strong> de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição à época do requerimento.<br />

4. A pretensão de averbação do tempo de atividade rural anterior ao início da vigência da Lei 8.213/91, conjugando-se ao<br />

tempo de <strong>tr</strong>abalho urbano para fins de cumprimento da carência, encon<strong>tr</strong>a óbice no § 2º do art. 55 da Lei nº 8.213/91,<br />

segundo o qual o tempo de serviço do segurado <strong>tr</strong>abalhador rural, anterior à data de início de vigência d<strong>es</strong>ta Lei, será<br />

computado independentemente de recolhimento das con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> a ele corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong>, exceto para efeito de carência,<br />

conforme dispuser o Regulamento (g.n.).<br />

5. O art. 48 da Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento da carência exigida n<strong>es</strong>ta lei para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por<br />

idade, razão pela qual se aplicam também a <strong>es</strong>se benefício as regras relativas à carência, inclusive a exceção constante do<br />

§ 2º do art. 55 da Lei nº8.213/91, ao con<strong>tr</strong>ário do que alega a recorrente. Essa interpretação foi sufragada pela T.N.U. no<br />

julgamento do Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong> n.º 200770550015045, cuja ementa <strong>tr</strong>anscrevo<br />

abaixo:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. CONTRARIEDADE À JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO STJ.<br />

APOSENTADORIA POR IDADE URBANA. TEMPO DE SERVIÇO COMO EMPREGADO RURAL. CÔMPUTO PARA<br />

EFEITO DE CARÊNCIA ANTES DA LEI 8.213/1991, SEM COMPROVAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES. IMPOSSIBILIDADE.<br />

IMPROVIMENTO. 1. Cabe Pedido de Uniformização Nacional quando demons<strong>tr</strong>ado que o acórdão recorrido con<strong>tr</strong>aria a<br />

jurisprudência dominante do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>. 2. Só o tempo de serviço do empregado rural pr<strong>es</strong>tado após<br />

1991, ou anterior, se empregado de empr<strong>es</strong>a agroindus<strong>tr</strong>ial ou agrocomercial, pode ser computado para efeito de carência<br />

da aposentadoria por idade urbana. O tempo de serviço do empregado rural pr<strong>es</strong>tado ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº 8.213, de<br />

1991, e devidamente anotado na CTPS, salvo o do empregado de empr<strong>es</strong>a agroindus<strong>tr</strong>ial ou agrocomercial, não pode ser<br />

computado para efeito de carência do benefício de aposentadoria por idade mediante cômputo de <strong>tr</strong>abalho urbano. 3.<br />

Pedido de Uniformização Nacional conhecido e não provido.<br />

(TNU – Proc<strong>es</strong>so PEDIDO 200770550015045. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL.


Relator JUIZ FEDERAL JOSÉ ANTONIO SAVARIS Fonte DOU 11/03/2011).<br />

6. Recurso inominado conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista ser a recorrente beneficiária da<br />

gratuidade de justiça (fl. 37).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

46 - 0000337-24.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000337-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho.) x CELIA DIAS BENTO (ADVOGADO: EDSON ROBERTO<br />

SIQUEIRA JUNIOR.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 0000337-24.2010.4.02.5051/01-Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro<br />

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrido : CELIA DIAS BENTO<br />

Relator : Juiz <strong>Federal</strong> PABLO COELHO CHARLES GOMES<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. NÃO PREENCHIMENTO DOS<br />

REQUISITOS LEGAIS. PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO<br />

CONHECIDO E PROVIDO.<br />

. Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia ré, ora recorrente, con<strong>tr</strong>a sentença proferida pelo juiz a quo que<br />

julgou procedente a pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, que objetivava a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por<br />

idade. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, sustenta o recorrente, que r<strong>es</strong>tou comprovada a d<strong>es</strong>caracterização do regime de<br />

economia familiar no período de carência do benefício, deixando então a autora, de fazer jus ao benefício de aposentadoria<br />

por idade rural. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando improcedente o pedido deduzido na<br />

inicia. As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas à fls. 75-81.<br />

2. Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o <strong>tr</strong>abalhador rural<br />

preencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade<br />

rural, ainda que d<strong>es</strong>contínua, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício<br />

pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/91), carência <strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº<br />

8.213/91.<br />

A recorrente nasceu em 10.08.1953 (fl. 07), e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 06.08.2009<br />

(fl. 45), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período nec<strong>es</strong>sário à<br />

carência exigida.<br />

Na Certidão de casamento de fl. 16, o ex-marido da recorrida é qualificado como pedreiro e ela, do lar. Tal documento não<br />

constitui, pois, início de prova material.<br />

A autora ainda juntou aos autos: Declaraçõ<strong>es</strong> dos Srs. José Lop<strong>es</strong> Justo (fl. 22), Valdemar José Vieira (fl. 25) e José Uledir<br />

Tiengo (fl. 26) de que a autora <strong>tr</strong>abalhou em suas propriedad<strong>es</strong> rurais, na condição de diarista, nos períodos de 1985 a<br />

1990, 1990 a 1996 e 1996 a 2002, r<strong>es</strong>pectivamente. Uma das declaraçõ<strong>es</strong> foi confirmada em audiência pelo próprio<br />

declarante. Além disso, ou<strong>tr</strong>a t<strong>es</strong>temunha afirmou que <strong>tr</strong>abalhou com a autora em torno de 18 anos, fiscalizando seu<br />

<strong>tr</strong>abalho em lavoura.<br />

A jurisprudência consolidou-se no sentido de que a prova exclusivamente t<strong>es</strong>temunhal, sem o razoável início de prova<br />

material, não basta à comprovação do exercício de atividade rural para efeito de obtenção do benefício previdenciário ora<br />

pleiteado (verbete nº 149 da Súmula do E. Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>).<br />

Ademais, verifica-se na CTPS da autora (fls. 09/13), que ela manteve con<strong>tr</strong>atos de <strong>tr</strong>abalho com a Prefeitura Municipal de<br />

Iuna nos períodos de 01/02/1991 a 31/12/1997, 12/03/1998 a 31/12/1998, 01/12/1999 a 01/08/1999, 02/08/1999 a<br />

31/12/1999 e 03/04/2000 a 31/12/2000, nos cargos de “servente”, “operário” e “servente <strong>es</strong>colar”. Enfim, a autora exerceu,<br />

en<strong>tr</strong>e 1991 e 2000, atividad<strong>es</strong> urbanas. Além disto, a autora recebe pensão por morte decorrente do falecimento de seu<br />

marido, o qual era segurado urbano, como se depreende do ex<strong>tr</strong>ato Plenus de fl. 38, onde consta a atividade “comerciário”.<br />

Todo <strong>es</strong>se contexto re<strong>tr</strong>ata séria dúvida a r<strong>es</strong>peito da qualificação da autora como segurada <strong>es</strong>pecial.<br />

O fato constitutivo do direito não r<strong>es</strong>tou comprovado. Por conseqüência, merece reparo, portanto, a sentença recorrida.


Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido.<br />

Eventuais valor<strong>es</strong> percebidos em virtude da antecipação dos efeitos da tutela encon<strong>tr</strong>am-se salvaguardados, nos termos do<br />

Enunciado nº 52 d<strong>es</strong>ta Turma Recursal.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO,<br />

reformando-se a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

47 - 0000965-44.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000965-3/01) GENI JOSE DA LUZ (ADVOGADO: MARIA REGINA<br />

COUTO ULIANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA<br />

FONSECA FERNANDES GOMES.).<br />

TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000965-44.2009.4.02.5052/01 - Juízo de Origem: 1ª VF São Mateus<br />

Recorrente : GENI JOSE DA LUZ<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator : Juiz <strong>Federal</strong> PABLO COELHO CHARLES GOMES<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. PERÍODO DE CARÊNCIA<br />

COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E<br />

PROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em razão da sentença que julgou improcedente o pedido de<br />

conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, sustenta a recorrente que a certidão de casamento<br />

consiste em início de prova material, comprovando o efetivo exercício de atividade rurícola pelo período exigido de carência.<br />

D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se na fls. 93-96.<br />

Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o <strong>tr</strong>abalhador rural<br />

preencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade<br />

rural, ainda que d<strong>es</strong>contínua, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício<br />

pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência <strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei<br />

nº 8.213/1991.<br />

A recorrente nasceu em 26.04.1953 (fl. 14) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 17.06.2009 (fl.<br />

41), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período nec<strong>es</strong>sário à carência<br />

exigida. Considerando que completou 55 anos de idade em 26.04.2008, o tempo de carência corr<strong>es</strong>ponde a 162 m<strong>es</strong><strong>es</strong>.<br />

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrente juntou aos autos: certidão de<br />

casamento, realizado na data de 29.06.1970, em que consta a profissão do seu <strong>es</strong>poso como sendo lavrador, certidão <strong>es</strong>sa<br />

data de 02/10/2003 (fl. 12); CTPS em que constam con<strong>tr</strong>atos de <strong>tr</strong>abalho a partir do ano de 2003 (fl. 16); declaração de<br />

exercício de atividade rural, expedida pelo Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Pinheiros, datada de 17/06/2009, da qual<br />

consta data de filiação em 26/05/2008 (fl. 17); declaraçõ<strong>es</strong> particular<strong>es</strong>, datadas de 04/04/2009 e 25/05/2009, que at<strong>es</strong>tam<br />

labor rural no período de 01/02/1992 a 30/06/2003 (fls. 18, 19, 21 e 23); e <strong>es</strong>critura pública de compra e venda de imóvel,<br />

em que consta como comprador o Sr. Ilídio Cerqueira Filho (fls. 25/27).<br />

Conforme Súmula 34 da TNU, para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser<br />

contemporâneo à época dos fatos a provar.<br />

A Certidão de Casamento, ocorrido em 29/06/1970, contendo a qualificação profissional do marido da recorrente como<br />

lavrador, constituiria, em princípio, início de prova material contemporâneo à época dos fatos e teria sua validade probatória<br />

amparada pelo verbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, o que, contudo, não pode prevalecer, tendo


em vista ter sido expedida em 02/10/2003.<br />

A declaração emitida pelo Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Pinheiros, segundo a qual a autora exercia atividade rural<br />

na Fazenda Califórnia, de propriedade do Sr. Ilídio Cerqueira Filho no período de 01/02/1992 a 30/06/2003 não pode ser<br />

considerada contemporânea à época dos fatos, eis que datada de 17/06/2009, constando, ainda, data de filiação em<br />

26/05/2008. Ademais, tal declaração não foi homologada pelo INSS, como exige o art. 106, III, da Lei nº 8.213/91.<br />

As declaraçõ<strong>es</strong> particular<strong>es</strong> não repr<strong>es</strong>entam início de prova material, tendo o m<strong>es</strong>mo valor da prova t<strong>es</strong>temunhal.<br />

Os dois con<strong>tr</strong>atos de <strong>tr</strong>abalho constant<strong>es</strong> da CTPS, conquanto mencionem o cargo de “serviços gerais”, demons<strong>tr</strong>am a<br />

qualidade de empregada rural da autora, a partir de 01/07/2003, tendo em vista que os serviços eram pr<strong>es</strong>tados em<br />

fazendas (Fazenda Califórnia e Fazenda Pratinha), <strong>es</strong>pecificadas como <strong>es</strong>tabelecimentos de agropecuária e agricultura,<br />

r<strong>es</strong>pectivamente. Tal documento constitui início de prova material do exercício de atividade rural.<br />

Segundo entendimento assentado na Súmula 14 da TNU, para a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade, não se exige<br />

que o início de prova material, corr<strong>es</strong>ponda a todo o período equivalente à carência do benefício.<br />

A prova t<strong>es</strong>temunhal colhida em audiência confirma o exercício de atividade rural pela recorrente pelo tempo nec<strong>es</strong>sário ao<br />

adimplemento da carência exigida, 162 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991. Por<br />

oportuno, <strong>tr</strong>ago à colação r<strong>es</strong>umo dos depoimentos lançados pelo magis<strong>tr</strong>ado sentenciante:<br />

Realizada audiência, em seu depoimento p<strong>es</strong>soal, a autora, que <strong>es</strong>tá com 57 anos, disse que é casada com Ismael Pereira<br />

Luz e que mora em Pinheiros, na zona urbana, há 38 anos. Afirmou que parou de <strong>tr</strong>abalhar há dois anos, por problema de<br />

coluna e osteoporose. Ant<strong>es</strong>, porém, <strong>tr</strong>abalhou na fazenda de Ilídio, com cultura de café, durante 15 anos. Também<br />

menciona que nunca <strong>tr</strong>abalhou com ou<strong>tr</strong>a atividade e é analfabeta. Na época, <strong>tr</strong>abalhava com sua família, composta de<br />

cinco filhas e seu marido. Informou que seu marido era vigia da prefeitura à noite, recebendo um salário mínimo, mas<br />

mantinha o labor rural durante o dia.<br />

A t<strong>es</strong>temunha Maria de Lourd<strong>es</strong> Oliveira Mend<strong>es</strong> disse que conhece a autora há 12 anos e confirmou o depoimento.<br />

Já a t<strong>es</strong>temunha Devanilde de Souza Ferreira afirmou conhecer a autora há 10 anos e também confirmou o depoimento<br />

autoral.<br />

Por seu turno, a t<strong>es</strong>temunha Maria Áurea dos Santos Souza informou que conhece a demandante há mais de 12 anos e da<br />

m<strong>es</strong>ma forma confirmou o depoimento.<br />

Note-se que o fato de a autora ter parado de <strong>tr</strong>abalhar dois anos ant<strong>es</strong> da audiência realizada em 18/08/2010 não impede a<br />

conc<strong>es</strong>são do benefício. Isso porque a autora detinha a condição de segurada <strong>es</strong>pecial na data do adimplemento do<br />

requisito idade (55 anos), em 2008. O entendimento firmado na TNU é no sentido da nec<strong>es</strong>sidade de comprovação da<br />

atividade rural no período imediatamente anterior ao implemento da idade ou do requerimento do benefício. Isso porque em<br />

ambos os casos é inequívoco o implemento simultâneo dos requisitos para conc<strong>es</strong>são do benefício.<br />

O m<strong>es</strong>mo empregador identificado na CTPS, com a qual a autora manteve con<strong>tr</strong>ato de <strong>tr</strong>abalho no período de 01/07/2003 a<br />

01/01/2006 declara que ela exerceu atividade rural em sua propriedade (Fazenda Califórnia), como parceira agrícola, na<br />

lavoura de café e mandioca, no período de 01/02/1992 a 30/06/2003, constando dos autos, ainda, cópia da <strong>es</strong>critura pública<br />

de compra e venda da propriedade, adquirida em 21/05/1992 (fls. 25/27).<br />

Para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável à<br />

subsistência do <strong>tr</strong>abalhador e que seja exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de<br />

empregados permanent<strong>es</strong> (art. 11, VII e § 1º, da Lei n°. 8.213/1991), circunstâncias que verifico pr<strong>es</strong>e nt<strong>es</strong> no caso<br />

concreto, durante o período em que a autora manteve parceria agrícola. A partir de 01/07/2003, a autora passou a ser<br />

empregada rural (art. 11, I, a, da Lei nº 8.213/91).<br />

R<strong>es</strong>salte-se que a atividade urbana (vigilante da Prefeitura de Pinheiros durante a noite) exercida pelo marido da autora a<br />

partir de 22/11/2001 (fl. 38) não d<strong>es</strong>caracteriza o regime de economia familiar.<br />

Merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar a Autarquia Previdenciária a implantar o benefício<br />

de aposentadoria rural por idade em favor da recorrente no prazo de 30 (<strong>tr</strong>inta) dias. São devidos a<strong>tr</strong>asados d<strong>es</strong>de a data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (17.06.2009 – fl. 41). Sobre as pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas incidem, até 30/06/2009, correção<br />

monetária e juros de mora à taxa de 1% ao mês a partir da citação. D<strong>es</strong>ta data em diante, aplicam-se os índic<strong>es</strong> oficiais de<br />

remuneração básica e juros próprios da caderneta de poupança (art. 5º da Lei 11.960/2009).<br />

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei<br />

9.099/1995.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO,


eformando-se a sentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

48 - 0002524-39.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002524-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x MARIA MARGARIDA FELIX AGUIAR (ADVOGADO: GLEIS<br />

APARECIDA AMORIM DE CASTRO, ERALDO AMORIM DA SILVA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 0002524-39.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro<br />

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida : MARIA MARGARIDA FELIX AGUIAR<br />

Relator : Juiz <strong>Federal</strong> PABLO COELHO CHARLES GOMES<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM<br />

REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. DIB MANTIDA.<br />

SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente, em<br />

razão de sentença que julgou procedente a pretensão de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade rural. Em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, sustenta que não há provas nos autos de que a autora tenha exercido atividade rural pelo período exigido em lei<br />

para a conc<strong>es</strong>são do benefício e que não foram juntados quaisquer documentos de prova material contemporânea, apenas<br />

provas t<strong>es</strong>temunhais. Alega também que a DIB não pode começar a contar a partir da data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo,<br />

tendo em vista que naquele período, a autora não coletou provas suficient<strong>es</strong> para comprovar que ela fosse <strong>tr</strong>abalhadora<br />

rural. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 144-148.<br />

A recorrida nasceu em 04.03.1954 (fls. 09) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 10.03.2009<br />

(fls. 10), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o efetivo exercício de atividade rural (fls. 56-57).<br />

Considerando que a autora completou 55 anos em 04/03/2009, o período de carência corr<strong>es</strong>ponde a 168 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, conforme<br />

art. 142 da Lei nº 8.213/1990.<br />

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: Certidão de<br />

casamento, realizado em 1975 constando a profissão do marido da autora como lavrador (fls. 12); documento de identidade<br />

emitido pelo Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Muniz Freire (fl. 14); Documento de Cadas<strong>tr</strong>o do<br />

Trabalhador/Con<strong>tr</strong>ibuinte Individual recebido no Instituto Nacional do Seguro Social no ano de 1995, do qual consta no<br />

campo ocupação a qualificação de segurado <strong>es</strong>pecial da autora (fl. 15); Documentos referent<strong>es</strong> ao imóvel rural de seu<br />

marido, adquirido por meio de partilha de bens em razão da morte de seu pai, em 20/01/1984 (fls. 18/22); Comprovante de<br />

Pagamento de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, no ano de 1992 (fls. 24/25); Declaração de isenção de<br />

ITR relativo ao ano de 1997 (fl. 28), Certificado de Cadas<strong>tr</strong>o de Imóvel rural referente a 2003/2004/2005 (fl. 29); Recibos de<br />

en<strong>tr</strong>ega de declaração do ITR referent<strong>es</strong> aos exercícios de 2005 a 2008 (fls. 30/35); declaração de aptidão ao pronaf,<br />

referente ao ano agrícola de 08/2003 a 08/2004 (fl. 36); declaração para cadas<strong>tr</strong>o de imóvel rural no INCRA (fl. 37/39).<br />

O marido da autora recebe benefício de aposentadoria rural por idade d<strong>es</strong>de setembro de 2003 (fl. 49).<br />

A certidão de casamento, contendo a qualificação profissional do marido como lavrador, constitui início de prova material<br />

contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete nº 06 da Súmula da TNU. No<br />

pr<strong>es</strong>ente caso, além da referida certidão, a autora ins<strong>tr</strong>uiu os autos com prova material muito consistente. Além disso, foi<br />

produzida prova t<strong>es</strong>temunhal, que tem o condão de ampliar o início de prova material, abrangendo todo o período<br />

nec<strong>es</strong>sário à conc<strong>es</strong>são do benefício. Note-se que as t<strong>es</strong>temunhas afirmam que já viram a autora <strong>tr</strong>abalhando na lavoura.<br />

Para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável à<br />

subsistência do <strong>tr</strong>abalhador e que seja exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de<br />

empregados permanent<strong>es</strong> (art. 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91), circunstâncias que verifico pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> no caso concreto.<br />

R<strong>es</strong>salte-se que os benefícios de auxílio doença recebidos pela autora nos períodos de 10/1995 a 06/1996 (fl. 45), 09/1996<br />

a 02/1997 (fl. 46) e de auxílio acidente, a partir de 02/1997 (fl. 47), foram-lhe pagos pela autarquia previdenciária na<br />

qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial.<br />

O entendimento firmado pela TNU no sentido de condicionar a outorga de aposentadoria rural por idade àquel<strong>es</strong> que<br />

comprovem exercício de atividade rurícola no período imediatamente anterior ao requerimento, não impede a conc<strong>es</strong>são da<br />

aposentadoria no caso em que o segurado <strong>es</strong>pecial recebeu benefício de auxílio doença e/ou auxílio acidente no período<br />

imediatamente anterior ao requerimento.<br />

Observo que à época do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, em 10.03.2009, a autarquia já havia reconhecido a qualidade de<br />

segurada <strong>es</strong>pecial da autora, bem como já <strong>es</strong>tava apurado que a família da autora não con<strong>tr</strong>atava mão de obra de terceiros<br />

de forma constante, eram os próprios membros da família que cuidavam da terra, fato que caracteriza por completo o<br />

regime de economia familiar.<br />

Assim, comungo do m<strong>es</strong>mo entendimento que a magis<strong>tr</strong>ada em fixar a DIB do benefício em 10.03.2009, data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.


Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,<br />

nos mold<strong>es</strong> do art. 20, §3º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se a<br />

sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

49 - 0000206-33.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000206-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x NELSON BRITO AVELAR (ADVOGADO: PAULO WAGNER<br />

GABRIEL AZEVEDO.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE (SEGURADO ESPECIAL) – ADEQUAÇÃO DO ACÓRDÃO –<br />

ENTENDIMENTO DA TNU – EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO<br />

IMPLEMENTO DA IDADE OU DO REQUERIMENTO DO BENEFÍCIO – NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO –<br />

ATIVIDADE URBANA NOS DOIS ANOS ANTERIORES AO IMPLEMENTO DA IDADE – TEMPO DE SERVIÇO RURAL NO<br />

PERÍODO POSTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI Nº 8.213/91 – CÔMPUTO PARA EFEITO DE CARÊNCIA – POSSIBILIDADE<br />

– INTELIGÊNCIA DO ART. 55, § 2º, DA LEI Nº 8.213/91 – CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR<br />

IDADE PREVISTA NO ART. 48 CAPUT, DA LEI Nº 8.213/91 – POSSIBILIDADE.<br />

1. O INSS interpôs Pedido de Uniformização para Turma Nacional de Uniformização em face do acórdão de fls.<br />

192/193, que negou provimento ao recurso inominado por ele interposto, mantendo a sentença que julgou procedente o<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade a p<strong>es</strong>cador art<strong>es</strong>anal.<br />

2. Pela decisão de fls. 218/219, foi recebido o incidente de uniformização e determinado o encaminhamento dos autos ao<br />

relator do acórdão recorrido para adequação do julgado à t<strong>es</strong>e jurídica firmada pela TNU.<br />

3. A jurisprudência dominante da TNU firmou-se no sentido de que, em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, além<br />

dos requisitos da idade e da “carência”, exige a lei a comprovação do exercício do labor rural no período imediatamente<br />

anterior ao implemento da idade ou ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (arts. 39, I; 48, § 2º; e 143 da Lei nº 8.213/91), de modo<br />

a se pr<strong>es</strong>ervar a <strong>es</strong>pecialidade do regime não-con<strong>tr</strong>ibutivo dos rurícolas, nos julgamentos dos PEDILEF nº<br />

200670510009431 e PEDILEF nº 200570950016044, cujos acórdãos têm as seguint<strong>es</strong> ementas:<br />

I - PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE.<br />

II - CIDADÃO QUE, CONFORME A TABELA DO ART. 142 DA LEI Nº 8.213/91, TRABALHOU NO CAMPO PELO TEMPO<br />

EQUIVALENTE AO DA CARÊNCIA DA APOSENTADORIA NO ANO EM QUE COMPLETOU A IDADE MÍNIMA, MAS QUE<br />

JÁ ESTAVA AFASTADO DAS EFETIVAS LIDAS RURAIS E COM OFÍCIOS URBANOS HÁ TEMPOS ANTES DE ATINGIR<br />

A IDADE E DAR ENTRADA NO SEU REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.<br />

III - DESNECESSIDADE DO CUMPRIMENTO SIMULTÂNEO DOS REQUISITOS CARÊNCIA E IDADE PARA O DIREITO<br />

A BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO, CONFORME PREVÊ O ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 10.666, DE 2003 E RECONHECE A<br />

JURISPRUDÊNCIA.<br />

IV - A APOSENTADORIA RURAL, PORÉM, TEM REQUISITO ADICIONAL ESPECÍFICO DE QUE DEVE SER<br />

COMPROVADO O EFETIVO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL EM PERÍODO LOGO ANTECEDENTE AO<br />

REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. EXIGÊNCIA ESTA REITERADA NOS ARTS. 39, INCISO I; 48, § 2º; E 143, TODOS<br />

DA LEI Nº 8.213, DE 1991.<br />

V - CONSOANTE JÁ ASSENTADO PELA TNU, “COMO SE EXTRAI DOS ARTIGOS 39, INCISO I; 48, § 2º; E 143, TODOS<br />

DA LEI Nº 8.213, DE 1991, PREOCUPOU-SE O LEGISLADOR (PROVA DISTO É A REITERAÇÃO DA EXIGÊNCIA EM<br />

TRÊS ARTIGOS DISTINTOS) EM CONDICIONAR A OUTORGA DE APOSENTADORIA ÀQUELES QUE COMPROVEM<br />

EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURÍCOLA NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. TEVE POR<br />

ESCOPO, DESTARTE, AMPARAR AQUELES TRABALHADORES QUE ESTEJAM DE FATO À MARGEM DO MERCADO<br />

FORMAL DE TRABALHO E, MAIS ESPECIFICAMENTE, DO MERCADO URBANO. DESTINAM-SE AS NORMAS,<br />

PORTANTO, ÀQUELES QUE LABUTAM SEM PERSPECTIVA DE LOGRAR UMA APOSENTADORIA DO REGIME<br />

CONTRIBUTIVO. (...) O ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 10.666, DE 2003 (“NA HIPÓTESE DE APOSENTADORIA POR<br />

IDADE, A PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO NÃO SERÁ CONSIDERADA PARA A CONCESSÃO DESSE<br />

BENEFÍCIO, DESDE QUE O SEGURADO CONTE COM, NO MÍNIMO, O TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO<br />

CORRESPONDENTE AO EXIGIDO PARA EFEITO DE CARÊNCIA NA DATA DO REQUERIMENTO DO BENEFÍCIO”),<br />

COMO SE INFERE DE SEU PRÓPRIO TEOR – HÁ EXPRESSA REFERÊNCIA AO “TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO” – ESTÁ<br />

A TRATAR DAS APOSENTADORIAS POR IDADE URBANAS, EIS QUE, NAS RURAIS, INEXISTEM CONTRIBUIÇÕES


POR PARTE DO SEGURADO ESPECIAL” (PEDILEF N° 2007.72 .95.004435-1 – REL. JUÍZA FEDERAL JOANA<br />

CAROLINA LINS PEREIRA - J. EM 03/08/2009 - UNÂNIME).<br />

VI – PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PARCIALMENTE CONHECIDO E DESPROVIDO. (PEDILEF 200670510009431, JUIZ<br />

FEDERAL MANOEL ROLIM CAMPBELL PENNA, DJ 05/05/2010.)<br />

PREVIDENCIÁRIO. RURÍCOLA. IMPLEMENTO DA IDADE POSTERIOR À SAÍDA DO CAMPO. APOSENTADORIA.<br />

EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. REQUISITO.<br />

NÃO CUMPRIMENTO. ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 10.666, DE 2003. INAPLICABILIDADE.<br />

1. Pedido de Uniformização d<strong>es</strong>afiado em face de acórdão da Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, a qual<br />

negou provimento a incidente que buscava a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade a <strong>tr</strong>abalhadora rural que havia deixado<br />

o campo <strong>tr</strong>ês anos ant<strong>es</strong> do implemento do requisito idade, tendo, ulteriormente, laborado com vínculo urbano. Negado<br />

também o pedido alternativo de aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

2. Quanto à aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição, não aproveita à autora a alegada divergência en<strong>tr</strong>e o acórdão<br />

recorrido e aquele proferido pelo Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> no EDcl no AgRg no REsp. nº 603550/RS, eis que o colendo<br />

STJ, n<strong>es</strong>te último, proclamou que, ¿Para que o segurado faça jus à aposentadoria por tempo de serviço computando o<br />

período de atividade agrícola sem con<strong>tr</strong>ibuição, impõe-se que a carência tenha sido cumprida durante o tempo de <strong>tr</strong>abalho<br />

urbano¿. No caso dos autos, a demandante conta com apenas 77 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> de vínculo urbano, as quais se afiguram<br />

insuficient<strong>es</strong>, diante da exigência, arrimada no artigo 142 da Lei nº 8.213/1991, de 132 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>. Ausência de similitude<br />

fática (Qu<strong>es</strong>tão de ordem nº 22 da TNU).<br />

3. Os precedent<strong>es</strong> da Terceira Seção do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> relativos à d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sidade de implemento simultâneo<br />

dos requisitos para conc<strong>es</strong>são de uma aposentadoria por idade versam acerca da aposentadoria por idade de <strong>tr</strong>abalhador<br />

urbano, e não de <strong>tr</strong>abalhador rural, como se infere da análise do EREsp. nº 502420/SC (rel. Min. José Arnaldo da Fonseca,<br />

julg. 11.05.2005, DJ 23.05.2005), bem assim do EREsp. nº 649496/SC (rel. Min. Hamilton Carvalhido, julg. 08.03.2006, DJ<br />

10.04.2006) e do EREsp. nº 551997/RS (rel. Min. Gilson Dipp, julg. 27.04.2005, DJ 11.05.2005).<br />

4. Como se ex<strong>tr</strong>ai dos artigos 39, inciso I; 48, § 2º; e 143, todos da Lei nº 8.213, de 1991, preocupou-se o legislador (prova<br />

disto é a reiteração da exigência em <strong>tr</strong>ês artigos distintos) em condicionar a outorga de aposentadoria àquel<strong>es</strong> que<br />

comprovem exercício de atividade rurícola no período imediatamente anterior ao requerimento. Teve por <strong>es</strong>copo, d<strong>es</strong>tarte,<br />

amparar aquel<strong>es</strong> <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que <strong>es</strong>tejam de fato à margem do mercado formal de <strong>tr</strong>abalho e, mais <strong>es</strong>pecificamente, do<br />

mercado urbano. D<strong>es</strong>tinam-se as normas, portanto, àquel<strong>es</strong> que labutam sem perspectiva de lograr uma aposentadoria do<br />

regime con<strong>tr</strong>ibutivo.<br />

5. O artigo 3º, § 1º, da Lei nº 10.666, de 2003 (¿Na hipót<strong>es</strong>e de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado<br />

não será considerada para a conc<strong>es</strong>são d<strong>es</strong>se benefício, d<strong>es</strong>de que o segurado conte com, no mínimo, o tempo de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente ao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício¿), como se infere de<br />

seu próprio teor ¿ há expr<strong>es</strong>sa referência ao ¿tempo de con<strong>tr</strong>ibuição¿ ¿ <strong>es</strong>tá a <strong>tr</strong>atar das aposentadorias por idade<br />

urbanas, eis que, nas rurais, inexistem con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> por parte do segurado <strong>es</strong>pecial. 6. Pedido de uniformização conhecido<br />

em parte e, n<strong>es</strong>ta parte, improvido.<br />

(PEDILEF 200570950016044, JUÍZA FEDERAL JOANA CAROLINA LINS PEREIRA, TNU - Turma Nacional de<br />

Uniformização, DJ 29/05/2009.)<br />

4. O acórdão considerou, ao con<strong>tr</strong>ário d<strong>es</strong>se entendimento, que a perda da qualidade de segurado não impede a conc<strong>es</strong>são<br />

da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº 8.213/91 não exige a simultaneidade no implemento dos<br />

requisitos nec<strong>es</strong>sários ao deferimento do benefício (item 3), bem como que o fato de o recorrido ter passado a d<strong>es</strong>envolver,<br />

a partir de 2005 (já aos 58 anos de idade), atividade de vigilante junto à prefeitura do Município de Conceição da Barra-ES,<br />

onde sempre exerceu sua atividade p<strong>es</strong>queira, com a percepção de salário mínimo mensal, não d<strong>es</strong>caracteriza sua<br />

condição de p<strong>es</strong>cador art<strong>es</strong>anal, inserido no regime de economia familiar (item 10).<br />

5. De fato, o autor passou a exercer atividade urbana junto à Prefeitura de Conceição da Barra-ES a partir de 03/01/2005 (fl.<br />

74) e completou 60 anos de idade em 13/12/2006. Tendo em vista o entendimento firmado pela TNU, acima referido, há<br />

que ser adequado o acórdão e reformada a sentença.<br />

6. Há que se considerar, contudo, que o autor detém a qualidade de segurado empregado d<strong>es</strong>de 2005, quando passou a<br />

exercer atividade urbana, já tendo completado 65 anos de idade em 13/12/2011. Assim é que <strong>es</strong>tão cumpridos os requisitos<br />

para a conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade – art. 48 caput, sem a redução de idade prevista no § 1º -, uma<br />

vez cumprida a carência nec<strong>es</strong>sária para percepção da pr<strong>es</strong>tação, já que <strong>tr</strong>abalhou como p<strong>es</strong>cador no período de julho de<br />

1991 a dezembro de 2004 - conforme documentos de fls. 28/37 e depoimentos das t<strong>es</strong>temunhas, as quais, conforme<br />

consta expr<strong>es</strong>samente da sentença, corroboraram em uníssono o teor da prova documental produzida, comprovando-se<br />

mais de 360 m<strong>es</strong><strong>es</strong> de atividade. R<strong>es</strong>salte-se, n<strong>es</strong>te ponto, que a vedação contida no § 2º do art. 55 da Lei nº 8.213/91 ao<br />

cômputo do tempo de serviço do segurado <strong>tr</strong>abalhador rural para efeito de carência diz r<strong>es</strong>peito apenas ao período anterior<br />

à vigência da referida lei.<br />

7. Portanto, o autor faz jus ao benefício requerido – aposentadoria por idade – mas não à redução de idade prevista no § 1º<br />

do art. 48 da Lei nº 8.213/91, devendo ser reconhecido o direito apenas a partir da data em que completou 65 anos.<br />

8. R<strong>es</strong>salte-se que, conquanto o autor, em sua petição inicial, tenha requerido o benefício na qualidade de segurado<br />

<strong>es</strong>pecial, entendo não haver julgamento ex<strong>tr</strong>a petita na decisão que concede aposentadoria por idade na qualidade de<br />

segurado empregado, preenchidos os requisitos d<strong>es</strong>te benefício. Isso em face da relevância da qu<strong>es</strong>tão social envolvida,<br />

bem como dos princípios novit curia e narra mihi factum dabo tibi ius, os quais autorizam até m<strong>es</strong>mo a conc<strong>es</strong>são de<br />

benefício diverso do requerido, caso cumpridos os requisitos legais, conforme tem entendido a jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia,


valendo <strong>tr</strong>anscrever, a título exemplificativo, o ar<strong>es</strong>to abaixo:<br />

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. TRABALHADOR RURAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO.<br />

REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS. POSSIBILIDADE DE VERIFICAÇÃO DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS<br />

PARA A OBTENÇÃO DE BENEFÍCIO DIVERSO DO PLEITEADO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS<br />

PREENCHIDOS. CONCESSÃO. 1. Em relação ao período posterior à competência de outubro de 1991, o cômputo do<br />

tempo de serviço rural para fins de obtenção de benefícios diversos daquel<strong>es</strong> previstos no artigo 39 da Lei 8.213/91,<br />

inclusive a aposentadoria por tempo de serviço, pr<strong>es</strong>supõe con<strong>tr</strong>ibuição para a Previdência Social, consoante consagrado<br />

na Súmula 272 do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> ("O <strong>tr</strong>abalhador rural, na condição de segurado <strong>es</strong>pecial, sujeito à<br />

con<strong>tr</strong>ibuição obrigatória sobre a produção rural comercializada, somente faz jus à aposentadoria por tempo de serviço, se<br />

recolher con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> facultativas"). 2. Esta Corte tem entendido, em face da natureza pro misero do Direito previdenciário,<br />

e calcada nos princípios da proteção social e da fungibilidade dos pedidos (em equivalência ao da fungibilidade dos<br />

recursos), não consistir julgamento ul<strong>tr</strong>a ou ex<strong>tr</strong>a petita a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria diversa da pedida. 3. Assim, inviável<br />

a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por tempo de serviço ao <strong>tr</strong>abalhador rural, nada obsta a apreciação sobre a possibilidade de<br />

conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade, mediante aplicação dos princípios jura novit curia e narra mihi factum dabo tibi ius,<br />

sem que se cogite de violação aos limite da lide. 4. Hipót<strong>es</strong>e na qual pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> os requisitos para a obtenção do benefício<br />

de aposentadoria rural por idade.<br />

(AC 200304010489011, LORACI FLORES DE LIMA, TRF4 - TURMA SUPLEMENTAR, 19/07/2007)<br />

9. Assim, deve ser concedido o benefício de aposentadoria por idade (art. 48 caput da Lei nº 8.213/91), a partir de<br />

13/12/2011, data em que completou 65 anos de idade, tendo em vista a qualidade de segurado empregado do autor,<br />

verificada d<strong>es</strong>de janeiro de 2005.<br />

10. D<strong>es</strong>sa forma, com base no art. 543-B, § 3º do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, procedo à adequação do acórdão de fls.<br />

192/193 para dar parcial provimento ao recurso inominado do INSS e reformar a sentença para condenar o INSS a<br />

conceder ao autor (segurado empregado) aposentadoria por idade, com DIB em 13/12/2011.<br />

11. As parcelas vencidas deverão ser acr<strong>es</strong>cidas de correção monetária d<strong>es</strong>de o momento em que deveriam ter sido pagas<br />

e de juros de mora nos termos da Lei nº 11.960/2009. Deverá o INSS informar ao Juízo a quo os valor<strong>es</strong> a serem<br />

requisitados. Quanto à não liquidez d<strong>es</strong>ta decisão, r<strong>es</strong>salto o fato de que o INSS possui maior<strong>es</strong> condiçõ<strong>es</strong> de elaborar os<br />

cálculos dos valor<strong>es</strong> em a<strong>tr</strong>aso, e que tal posicionamento se coaduna com o Enunciado nº 04 da Turma Recursal do<br />

Espírito Santo. D<strong>es</strong>ta feita, após a apuração adminis<strong>tr</strong>ativa dos valor<strong>es</strong> em comento, a ser considerada como obrigação de<br />

fazer, na forma do art. 16 da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.<br />

12. Custas ex lege. Sem condenação em honorários.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, ADEQUAR O ACÓRDÃO DE FLS. 192/193<br />

E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DO INSS, na forma da ementa constante dos autos, que fica<br />

fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

50 - 0000964-59.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000964-1/01) ANDRE RODRIGUES DOS SANTOS (ADVOGADO: MARIA<br />

REGINA COUTO ULIANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA<br />

FONSECA FERNANDES GOMES.).<br />

TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS<br />

RECURSO Nº 2009.50.52.000964-1/01 – TURMA RECURSAL<br />

RECORRENTE: ANDRE RODRIGUES DOS SANTOS<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

VARA ORIGINÁRIA: VARA FEDERAL DE SÃO MATEUS<br />

RELATOR: Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL –<br />

COMPROVAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA<br />

REFORMADA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na<br />

forma do voto e ementa constant<strong>es</strong> dos autos, que ficam fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.


Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

51 - 0000899-61.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000899-2/01) JOSENILTO DE OLIVEIRA FERREIRA (ADVOGADO:<br />

ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN<br />

CRUZ RODRIGUES.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE<br />

LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto por JOSENILTO DE OLIVEIRA FERREIRA em face da sentença de fls.<br />

101/103, que julgou improcedente o pedido inicial de r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença ou conc<strong>es</strong>são da aposentadoria<br />

por invalidez. Afirma o recorrente que os laudos médicos colacionados aos autos comprovam sua incapacidade para o labor<br />

e que o magis<strong>tr</strong>ado não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da<br />

sentença.<br />

2. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em<br />

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe<br />

garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição. Já o auxílio-doença, será devido, conforme<br />

art. 59 da Lei nº 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar<br />

incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. O recorrente recebeu auxílio-doença en<strong>tr</strong>e os períodos de 23/11/2008 a 20/12/2008 (fl. 120), logo após requereu o<br />

benefício novamente, o qual foi indeferido por parecer con<strong>tr</strong>ário da perícia médica do INSS (fl. 18). Em seguida, foi feito<br />

pedido de reconsideração, que não foi acolhido (fl. 19).<br />

4. Submetido à perícia médica judicial, realizada em 17/11/2010 (fls. 57/60), foi constatado que o autor é portador de<br />

Espondiloar<strong>tr</strong>ose ao nível da coluna lombo-sacra (qu<strong>es</strong>ito nº 1 do juiz linha c). Ainda de acordo com o perito, o requerente,<br />

cuja profissão é pedreiro com 48 anos de idade, tem no momento, aptidão física e mental para exercer sua atividade<br />

habitual.<br />

5. Conforme exame pericial mais recente (fls. 80/83), realizado por ortopedista, datado de 29/08/2011, o autor apr<strong>es</strong>enta<br />

discopatia em coluna lombar (qu<strong>es</strong>ito nº 1 do INSS), <strong>es</strong>tando apto ao <strong>tr</strong>abalho (qu<strong>es</strong>ito nº 6 do INSS). Ainda em r<strong>es</strong>posta ao<br />

qu<strong>es</strong>ito nº 5 do juiz linha “c”, <strong>es</strong>te r<strong>es</strong>ponde: que não há como afirmar se o autor permaneceu incapacitado por todo o<br />

período compreendido en<strong>tr</strong>e seu início e a propositura da ação, haja vista não saber o quadro clínico apr<strong>es</strong>entado pelo autor<br />

naquela data.<br />

6. Quanto à juntada de laudos médicos particular<strong>es</strong>, regis<strong>tr</strong>o que o at<strong>es</strong>tado médico equipara-se a mero parecer de<br />

assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniõ<strong>es</strong> deve ser r<strong>es</strong>olvida em favor do parecer do perito do juízo.<br />

De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,<br />

enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a<br />

r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. O médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não<br />

lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação<br />

médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico<br />

perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico<br />

emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

7. Não havendo incapacidade laborativa n<strong>es</strong>te momento, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong><br />

recursais. Diante de tal fato, tomo como razão adicional de decidir os fundamentos da sentença.<br />

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

52 - 0000945-87.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000945-4/01) ANTONIO ALVES SOUZA E OUTROS (ADVOGADO:<br />

ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA<br />

FONSECA FERNANDES GOMES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 0000945-87.2008.4.02.5052/01<br />

Recorrente: ANTONIO ALVES SOUZA E OUTROS<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

E M E N T A


RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA –INCAPACIDADE NÃO CONSTATADA – BENEFÍCIO<br />

INDEVIDO – CERCEAMENTO DE DEFESA AFASTADO – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO –<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelos suc<strong>es</strong>sor<strong>es</strong> da autora, ora recorrent<strong>es</strong>, em face da sentença que julgou<br />

improcedente a pretensão de conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença. Sustentam os recorrent<strong>es</strong>, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que<br />

houve cerceamento de def<strong>es</strong>a pelo fato de o Juízo a quo ter indeferido o pedido formulado à fl. 32, que indagava ao perito<br />

se a autora possuía lombalgia quando do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega, ainda, que o laudo pericial con<strong>tr</strong>aria todos os<br />

laudos acostados aos autos e não r<strong>es</strong>ponde a qu<strong>es</strong>tionamentos de suma importância. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja reformada<br />

a sentença, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, requer seja conhecido e provido o Agravo<br />

Retido que suscita o cerceamento de def<strong>es</strong>a, sendo anulada a sentença e determinada a baixa dos autos para produção<br />

das provas requisitadas.<br />

2. O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade da autora<br />

originária.<br />

4. Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 29/30), a autora (41 anos de idade na data da perícia – falecida em<br />

14/08/2010, após a<strong>tr</strong>opelamento) foi examinada e diagnosticada com lombalgia (qu<strong>es</strong>ito n° 1), doença adq uirida (qu<strong>es</strong>ito n°<br />

3) que, no entanto, não a incapacita para o exercício de suas atividad<strong>es</strong> habituais de <strong>tr</strong>abalhadora rural (qu<strong>es</strong>itos n° 4 e 5).<br />

5. Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. Na hipót<strong>es</strong>e em<br />

apreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, <strong>es</strong>te Juízo entende que o<br />

material probatório acostado aos autos sinaliza o demérito da pleiteante aos pretendidos benefícios.<br />

6. Con<strong>tr</strong>a a alegação recursal de que há documento médico particular que at<strong>es</strong>ta a incapacidade da recorrente, importa<br />

d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do<br />

Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido<br />

pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de<br />

prevalecer sobre o particular”.<br />

7. Além disso, o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo<br />

paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o<br />

<strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença<br />

incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da<br />

incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

8. D<strong>es</strong>cabida a alegação de cerceamento de def<strong>es</strong>a fundada no indeferimento de produção das provas solicitadas. Os<br />

exam<strong>es</strong> clínicos e os documentos exibidos pela autora foram suficient<strong>es</strong> para sedimentar as conclusõ<strong>es</strong> do perito judicial.<br />

Assim, sendo suficient<strong>es</strong> as provas produzidas em Juízo, fica afastada a alegação de violação aos princípios do<br />

con<strong>tr</strong>aditório e da ampla def<strong>es</strong>a. Além disso, o Agravo Retido é recurso incompatível com o rito dos Juizados Especiais<br />

Federais.<br />

9. Por derradeiro, na hipót<strong>es</strong>e vertente, as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais da recorrente (idade, condição social, grau de ins<strong>tr</strong>ução,<br />

etc.), em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não têm o condão de alterar a conclusão jurisdicional<br />

adotada pelo magis<strong>tr</strong>ado.<br />

10. Não merece reparo, pois, a sentença proferida pelo Juízo a quo.<br />

11. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

12. Sem custas, na forma da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício<br />

da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong>


Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

53 - 0000551-43.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000551-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x JACIMAR CASOTTO (ADVOGADO: SELMA SEGATO VIEIRA.).<br />

VOTO<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 134/136, que julgou procedente<br />

o pedido da parte autora, condenando a autarquia previdenciária a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício de auxílio-doença d<strong>es</strong>de sua<br />

c<strong>es</strong>sação, em 02/06/2007, e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a partir da realização da perícia médica<br />

(20/09/2010).<br />

Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais:<br />

(a) que o autor não pode ser qualificado como <strong>tr</strong>abalhador rural, para que tenha sua capacidade analisada como tal, uma<br />

vez que <strong>es</strong>teve vinculado à Previdência Social como empr<strong>es</strong>ário, havendo, inclusive, diversas provas cabais acostadas aos<br />

autos de que o autor não é mais <strong>tr</strong>abalhador rural.<br />

(b) Caso mantida a condenação, requereu que a DIB seja fixada em momento posterior à c<strong>es</strong>sação do labor da parte<br />

autora, sob pena de configurar enriquecimento sem causa;<br />

(c) impossibilidade de cumular benefício por incapacidade e renda do <strong>tr</strong>abalho (d<strong>es</strong>contar os m<strong>es</strong><strong>es</strong> em que o autor<br />

<strong>tr</strong>abalhou);<br />

(d) a sentença fixou DIB da aposentadoria por invalidez em 20/09/2010; requereu o recorrente a fixação da data da<br />

c<strong>es</strong>sação da aposentadoria por invalidez (DCB) em 01/10/2010, visto que o recorrido <strong>es</strong>tava <strong>tr</strong>abalhando normalmente;<br />

(e) como o laudo pericial não logrou fixar a data de início da incapacidade, requereu seja a DIB fixada na data da realização<br />

da perícia;<br />

(f) o autor recebeu auxílio-doença en<strong>tr</strong>e 23/10/2008 e 23/04/2009 (adminis<strong>tr</strong>ativamente); requereu sejam tais valor<strong>es</strong><br />

d<strong>es</strong>contados, caso mantida a condenação.<br />

A parte autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

Este é o breve relatório. Passo a votar.<br />

2. Sabe-se que o auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91,<br />

será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de<br />

reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta<br />

condição.<br />

A parte autora requereu adminis<strong>tr</strong>ativamente o benefício de auxílio-doença em 23/04/2007 (fl. 89). O pedido foi deferido<br />

pelo INSS, sendo-lhe concedido o benefício de auxílio doença de nº 520.288.211-0. Todavia, o benefício foi c<strong>es</strong>sado em<br />

01/06/2007 e, ap<strong>es</strong>ar dos vários pedidos de prorrogação e novas perícias, a entidade ré não r<strong>es</strong>tabeleceu o benefício do<br />

autor.<br />

Após ser submetido à cirurgia da coluna, com implantação de parafusos e barras, o autor requereu novamente, em<br />

07/11/2008 (fl. 89), o benefício de auxílio doença, o qual lhe foi concedido até 23/02/2009, sendo prorrogado por uma única<br />

vez até o dia 23/04/2009, ap<strong>es</strong>ar dos diversos pedidos de prorrogação para que o benefício fosse mantido.<br />

De acordo com a perícia médica judicial (fls. 101/106), verifica-se que o autor apr<strong>es</strong>enta quadro degenerativo de<br />

<strong>es</strong>pondiloar<strong>tr</strong>ose, <strong>es</strong>tenose do canal vertebral cen<strong>tr</strong>al ao nível da região lombossacra, de modo que se encon<strong>tr</strong>a<br />

incapacitado de forma total e definitiva para o <strong>tr</strong>abalho. En<strong>tr</strong>etanto, em r<strong>es</strong>posta ao pedido de <strong>es</strong>clarecimento formulado<br />

pelo INSS, a perita do juízo afirma, em fl. 117, que considerando <strong>tr</strong>atar-se o autor de um empr<strong>es</strong>ário/comerciante, não<br />

sendo <strong>tr</strong>abalhador rural, haveria mudança na r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito quanto à invalidez definitiva passando a ser apto para a<br />

sua função de empr<strong>es</strong>ário.<br />

Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se que a qualidade de segurado do autor é fato<br />

incon<strong>tr</strong>overso nos autos. O motivo de divergência em qu<strong>es</strong>tão cinge-se quanto à qualificação laboral do autor, o que implica<br />

diretamente na constatação da existência ou inexistência de incapacidade para o exercício de determinada atividade<br />

profissional.<br />

Argui o INSS que há nos autos diversos documentos que comprovam a qualidade de empr<strong>es</strong>ário/comerciante do autor. O<br />

con<strong>tr</strong>ato de constituição de sociedade firmado em 2003 (fls. 18/21), que constitui uma empr<strong>es</strong>a de <strong>tr</strong>ansporte de cargas em<br />

geral, seria a prova cabal da qualidade de empr<strong>es</strong>ário do recorrido. Além disso, o Cadas<strong>tr</strong>o Nacional de Informaçõ<strong>es</strong><br />

Sociais - CNIS - (fl. 123) apr<strong>es</strong>enta, d<strong>es</strong>de 2004, uma série de recolhimentos efetuados pelo autor, na qualidade de


con<strong>tr</strong>ibuinte individual (empr<strong>es</strong>ário). Com razão o recorrente. Em que p<strong>es</strong>e as alegaçõ<strong>es</strong> do recorrido no sentido de que<br />

sempre <strong>tr</strong>abalhou na lavoura e de que a própria recorrente concedeu-lhe o benefício previdenciário na qualidade de<br />

segurado <strong>es</strong>pecial rural em 2000 (fl. 88), há que se d<strong>es</strong>tacar que o objeto de análise cinge-se aos anos posterior<strong>es</strong> à<br />

referida data, uma vez que há fort<strong>es</strong> indícios de que, a partir de 2003, o autor tenha exercido, não mais a atividade rural,<br />

mas sim, a atividade de empr<strong>es</strong>ário/comerciante, a qual, conforme <strong>es</strong>clarecimentos da perícia judicial em fl. 117, o recorrido<br />

<strong>es</strong>taria plenamente apto a exercer, não fazendo jus à aposentadoria por invalidez.<br />

O recorrido, em suas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, <strong>es</strong>clarece que os recolhimentos regis<strong>tr</strong>ados d<strong>es</strong>de 2004 na qualidade de con<strong>tr</strong>ibuinte<br />

individual (empr<strong>es</strong>ário) foram realizados pelo contador da empr<strong>es</strong>a de <strong>tr</strong>ansport<strong>es</strong> e que <strong>es</strong>s<strong>es</strong> recolhimentos não<br />

d<strong>es</strong>caracterizam a sua principal atividade que é o labor rural, a qual, por sua vez, r<strong>es</strong>tou comprovada a<strong>tr</strong>avés dos<br />

documentos acostados à inicial. Sem dúvida alguma, o recorrido exercia, até o ano de 2003, a atividade rurícola. En<strong>tr</strong>etanto,<br />

após o mencionado ano, faltam nos autos provas de que o autor tenha se mantido n<strong>es</strong>sa condição, e muitas são as provas<br />

de que <strong>es</strong>te tenha se dedicado à atividade empr<strong>es</strong>arial/comercial. Inclusive, no próprio con<strong>tr</strong>ato de constituição de<br />

sociedade firmado em junho de 2003 (fls. 18/21), o autor declara ser comerciante. Além disso, independente de quem tenha<br />

efetuado os recolhimentos (fls. 123), <strong>es</strong>t<strong>es</strong> constam em nome do autor e indicam a constância da atividade<br />

empr<strong>es</strong>arial/comercial.<br />

É de suma importância a discussão que ora se procede, tendo em vista o fato de que o conhecimento acerca da atividade<br />

laborativa d<strong>es</strong>envolvida pelo autor, de <strong>tr</strong>abalhador rural ou de empr<strong>es</strong>ário/comerciante, será justamente o que delineará a<br />

sua aptidão ou inaptidão, conforme o caso sub examen, de se adequar ao mercado de <strong>tr</strong>abalho, ou m<strong>es</strong>mo, de retornar ao<br />

exercício de suas funçõ<strong>es</strong> habituais.<br />

Ap<strong>es</strong>ar de ter sido constatada, num primeiro momento (fls. 101/106), a incapacidade total e permanente da parte autora<br />

pelo perito médico judicial, ficou evidente, num segundo momento (fl. 117), em <strong>es</strong>clarecimentos do perito, que <strong>es</strong>te havia<br />

considerado em suas primeiras r<strong>es</strong>postas a declaração do recorrido, o qual afirmava ser <strong>tr</strong>abalhador rural. Analisado como<br />

empr<strong>es</strong>ário/comerciante, condição que r<strong>es</strong>tou comprovada nos autos, o perito foi preciso ao informar que o diagnóstico da<br />

l<strong>es</strong>ão continuaria o m<strong>es</strong>mo, havendo, contudo, mudança no qu<strong>es</strong>ito quanto à invalidez definitiva passando a ser apto para a<br />

sua função de empr<strong>es</strong>ário.<br />

Tendo em vista que, conforme <strong>es</strong>clarecimentos supramencionados, a parte autora não se encon<strong>tr</strong>a incapacitada<br />

definitivamente, insubsistente se torna a confirmação do benefício de aposentadoria por invalidez concedido pela sentença.<br />

N<strong>es</strong>te pormenor, a sentença há de ser reformada.<br />

3. Quanto ao benefício de auxílio-doença, entende-se que o recorrido se encon<strong>tr</strong>a atualmente apto ao seu <strong>tr</strong>abalho<br />

habitual - empr<strong>es</strong>ário - e que não faz jus à conc<strong>es</strong>são de tal benefício. En<strong>tr</strong>etanto, não se pode negar ao autor o direito de<br />

reaver as parcelas devidas de auxílio-doença, decorrent<strong>es</strong> do período em que <strong>es</strong>teve incapacitado para sua atividade<br />

habitual e, ainda assim, teve o benefício c<strong>es</strong>sado indevidamente. N<strong>es</strong>te sentido, muitas são as provas que at<strong>es</strong>tam a<br />

condição de incapaz do autor, en<strong>tr</strong>e o período compreendido en<strong>tr</strong>e 02/06/2007 a 19/01/2011 (data da perícia judicial que<br />

verificou a capacidade laboral do recorrido). Os laudos e at<strong>es</strong>tados médicos particular<strong>es</strong> acostados aos autos, em fls. 34,<br />

41, 60/61, 65/67 e 107, produzidos no referido interregno temporal, revelam o acometimento de doenças/l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> na região<br />

lombossacra - consoante perícia médica judicial - e a incapacidade laboral do autor, tendo o INSS, contudo, c<strong>es</strong>sado o<br />

benefício.<br />

Assim sendo, deve o benefício ser r<strong>es</strong>tabelecido d<strong>es</strong>de sua c<strong>es</strong>sação em 02/06/2007 até a data de 19/01/2011, quando<br />

então foi constatado, a<strong>tr</strong>avés do <strong>es</strong>clarecimento do perito médico judicial, que o recorrido <strong>es</strong>tava apto para a sua função de<br />

empr<strong>es</strong>ário/comerciante (<strong>es</strong>clarecimentos do perito, fl. 117).<br />

Não obstante, devem ser d<strong>es</strong>contados os valor<strong>es</strong> já pagos a título d<strong>es</strong>te benefício, concedidos adminis<strong>tr</strong>ativamente en<strong>tr</strong>e<br />

23/10/2008 e 23/04/2009. Mais uma vez, também n<strong>es</strong>te pormenor, o recurso do INSS há de ser provido.<br />

4. O INSS também requereu a exclusão, da condenação, do pagamento do auxílio-doença nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> em que o<br />

autor efetivou recolhimentos a título de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária; afirma o recorrente a inviabilidade de se pagar benefício<br />

por incapacidade em período no qual o segurado <strong>es</strong>teve <strong>tr</strong>abalhando.<br />

Não obstante, ainda que a autora tenha efetuado recolhimentos como con<strong>tr</strong>ibuinte individual em períodos abarcados pela<br />

condenação fixada na sentença e exercido suas atividad<strong>es</strong> n<strong>es</strong>s<strong>es</strong> períodos, isso não retira o seu direito ao benefício. Deve<br />

ser levado em consideração que a p<strong>es</strong>soa, m<strong>es</strong>mo incapacitada, se sacrifica para assegurar seu próprio sustento e o de<br />

sua família. N<strong>es</strong>se sentido já decidiu o TRF da 2ª Região, como se depreende do julgado abaixo:<br />

AGRAVO INTERNO - PREVIDENCIÁRIO - AUXÍLIO-DOENÇA - EXERCÍCIO DE ATIVIDADE REMUNERADA - NÃO<br />

CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO - DECISÃO MANTIDA. 1. Agravo interno interposto pelo INSS em face da decisão que negou<br />

provimento à rem<strong>es</strong>sa oficial e à apelação. 2. Pedido da agravante no sentido da c<strong>es</strong>sação do benefício auxílio-doença,<br />

pois a doença que acomete a autora não r<strong>es</strong>ultou em incapacidade total, uma vez que ela continuou exercendo uma ou<strong>tr</strong>a<br />

atividade remunerada. 3. O exercício de ou<strong>tr</strong>a atividade remunerada não é argumento aceitável para excluir-se a pretensão<br />

ao benefício, pois até m<strong>es</strong>mo o segurado com doença grave irá se arrastar ao <strong>tr</strong>abalho, se <strong>es</strong>sa for a única saída para a<br />

sobrevivência. É justamente para erradicar <strong>es</strong>sa situação que a previdência social existe. 4. A c<strong>es</strong>sação do benefício<br />

demanda a comprovação, a<strong>tr</strong>avés da perícia, de que a patologia identificada como incapacitante não mais existe, regrediu a<br />

ponto de permitir a volta ao <strong>tr</strong>abalho ou, por fim, que o segurado tenha sido efetivamente reabilitado para nova função


compatível com sua limitação. 5. Agravo Interno conhecido, mas não provido. (AC 200651015180190, D<strong>es</strong>embargador<br />

<strong>Federal</strong> MARCELLO FERREIRA DE SOUZA GRANADO, TRF2 - PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, 12/11/2010)”<br />

5. Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E, NO MÉRITO, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO para reformar a<br />

sentença recorrida, julgando PROCEDENTE O PEDIDO DE CONCESSÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA, condenando o INSS a<br />

pagar ao autor tal benefício d<strong>es</strong>de sua c<strong>es</strong>sação, em 02/06/2007, até a data de 19/01/2011, excluindo-se o período no qual<br />

o autor recebeu tal benefício (en<strong>tr</strong>e 23/10/2008 e 23/04/2009); JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO DE<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, nos termos acima referidos, conforme fundamentação supra, devendo ser revogada<br />

a antecipação de tutela.<br />

Dado o caráter alimentar dos valor<strong>es</strong> recebidos, os m<strong>es</strong>mos não deverão ser r<strong>es</strong>tituídos.<br />

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na forma<br />

do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.<br />

É como voto.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ –– INCAPACIDADE PARA O LABOR<br />

RURAL – ATIVIDADE HABITUAL DE EMPRESÁRIO – INCAPACIDADE PARCIAL E TEMPORÁRIA – LAUDO MÉDICO<br />

PERICIAL – ESCLARECIMENTOS DO PERITO MÉDICO JUDICIAL – SENTENÇA REFORMADA – ANTECIPAÇÃO DE<br />

TUTELA REVOGADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, dar provimento PARCIAL ao recurso, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

54 - 0006298-17.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006298-0/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE<br />

RAPOSO.) x JOSE JACINTO BALDOTTO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA - COMPLEMENTAÇÃO DE<br />

APOSENTADORIA – AÇÃO AJUIZADA APÓS 08/06/2005 - PRESCRIÇÃO QUINQUENAL – ADEQUAÇÃO DO ACÓRDÃO<br />

- POSSIBILIDADE - EMBARGOS CONHECIDOS E PROVIDOS – SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela União <strong>Federal</strong> em face do acórdão de fls. 242/245, que deu parcial<br />

provimento ao recurso inominado por ela interposto, reformando, apenas quanto ao critério de liquidação do crédito, a<br />

sentença que julgou parcialmente procedente o pedido para declarar a inexigibilidade do imposto de renda incidente sobre o<br />

benefício de complementação ou suplementação de aposentadoria, auferido pela parte autora, na proporção<br />

corr<strong>es</strong>pondente às suas con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> recolhidas ao plano de previdência privada pelo período de m<strong>es</strong><strong>es</strong> em que ocorreu a<br />

<strong>tr</strong>ibutação prévia, na forma da Lei nº 7.713/89, bem como para condenar a União a r<strong>es</strong>tituir os valor<strong>es</strong> indevidamente<br />

d<strong>es</strong>contados da suplementação de aposentadoria.<br />

A embargante alega omissão quanto à nec<strong>es</strong>sidade de conversão do julgamento em diligência, pois o autor não apr<strong>es</strong>entou<br />

qualquer documento que indique a data de início de fruição do benefício não valendo para tanto aquele acostado à fl. 18 já<br />

que não fornece data segura, tanto que a própria ementa faz ilaçõ<strong>es</strong> a <strong>es</strong>se r<strong>es</strong>peito. Alega que tal documento é<br />

impr<strong>es</strong>cindível para verificação da própria existência do direito pretendido pelo autor e para que a ré possa aferir seu<br />

inter<strong>es</strong>se em recorrer do acórdão já que <strong>es</strong>te acolheu a pr<strong>es</strong>crição decenal. Aponta também erro material na forma de<br />

apuração do indébito, pois a aplicação da taxa selic deve ser feita somente com relação ao indébito <strong>tr</strong>ibutário, não devendo<br />

incidir sobre as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas pelo autor no período compreendido en<strong>tr</strong>e janeiro de 1989 e dezembro de 1995.<br />

Aponta, ainda, omissão quanto ao abatimento das quantias r<strong>es</strong>tituídas após cada declaração anual de ajuste. Pede seja<br />

sanada omissão e erro material no acórdão, com a extinção do feito sem r<strong>es</strong>olução do mérito face à ausência de<br />

documentos <strong>es</strong>senciais à demons<strong>tr</strong>ação do direito. Subsidiariamente, caso se entenda que o vício pode ser contornado,<br />

requer seja convertido o feito em diligência para que o autor comprove a data de início de fruição do benefício, declarando<br />

pr<strong>es</strong>crita a pretensão com relação aos valor<strong>es</strong> eventualmente recolhidos há mais de cinco anos do ajuizamento da ação.<br />

Requer, ainda, que a atualização dos valor<strong>es</strong> vertidos ao fundo pelo autor no período de 89/95 seja feita pelos índic<strong>es</strong> do<br />

manual de cálculos da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> para as açõ<strong>es</strong> condenatórias em geral, sem inclusão de SELIC, e seja autorizada a<br />

dedução das quantias já r<strong>es</strong>tituídas regularmente após cada declaração anual de ajuste.<br />

A r<strong>es</strong>peito dos documentos indispensáveis ao ajuizamento da ação, o acórdão, no item 5, afirma que tais documentos são<br />

apenas os nec<strong>es</strong>sários para evidenciar o recolhimento das con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> para o fundo de previdência privada no período de<br />

janeiro/1989 a dezembro/1995 e o recebimento de complementação de aposentadoria paga pelo fundo de previdência a<br />

partir de janeiro/1996, bem como afirma que o autor comprovou, com con<strong>tr</strong>achequ<strong>es</strong> contemporâneos, ter recolhido<br />

con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> para a Fundação Previ en<strong>tr</strong>e os anos de 1989 e 1995, que se aposentou após fevereiro/2003 e que recebe<br />

suplementação da entidade de previdência complementar com incidência de IRRF.<br />

Ao <strong>tr</strong>atar da pr<strong>es</strong>crição, no item 4, o acórdão afirma que o recorrido <strong>tr</strong>abalhou pelo menos até fevereiro/2003 (fl. 18), que


não deve ter se aposentado ant<strong>es</strong> d<strong>es</strong>sa época e que somente começou a receber o complemento da aposentadoria depois<br />

que parou de <strong>tr</strong>abalhar.<br />

O documento de fl. 18 consiste em cópia da CTPS da qual consta con<strong>tr</strong>ato de <strong>tr</strong>abalho com o Banco do Brasil S/A no<br />

período de 13/07/1981 a 16/02/2003.<br />

Conforme verificado em consulta ao Sistema de benefícios da Previdência Social (Plenus), o autor recebe aposentadoria<br />

por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição d<strong>es</strong>de 17/02/2003, exatamente como se deduziu no acórdão embargado. Diante disso, considero<br />

d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sário baixar o feito em diligência para fins de comprovação do início da complementação do benefício, devida<br />

d<strong>es</strong>de <strong>es</strong>sa data.<br />

O acórdão adotou a t<strong>es</strong>e da pr<strong>es</strong>crição decenal e, por isso, considerou não consumada a pr<strong>es</strong>crição.<br />

Ocorre que, no julgamento do RE 566.621/RS, em 04/08/2011 – véspera da s<strong>es</strong>são da Turma Recursal em que proferido o<br />

acórdão embargado -, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, por maioria, tendo como relatora a Minis<strong>tr</strong>a Ellen Gracie, pacificou o<br />

entendimento de que, nas açõ<strong>es</strong> de repetição de indébito ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário ajuizadas após 09/06/2005,<br />

o prazo pr<strong>es</strong>cricional é de 05 (cinco) anos. Segue informativo nº 634 do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>:<br />

“É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 [“Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I<br />

do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extinção do crédito <strong>tr</strong>ibutário ocorre,<br />

no caso de <strong>tr</strong>ibuto sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que <strong>tr</strong>ata o § 1º do art.<br />

150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei en<strong>tr</strong>a em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art.<br />

3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional”; CTN: “Art. 106.<br />

A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expr<strong>es</strong>samente interpretativa, excluída a aplicação<br />

de penalidade à infração dos dispositivos interpretados”]. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento,<br />

d<strong>es</strong>proveu, por maioria, recurso ex<strong>tr</strong>aordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v.<br />

Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípio<br />

da segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de ac<strong>es</strong>so à <strong>Justiça</strong>, com suporte implícito e<br />

expr<strong>es</strong>so nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às<br />

açõ<strong>es</strong> ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005. Os Minis<strong>tr</strong>os Celso de Mello e<br />

Luiz Fux, por sua vez, dissentiram apenas no tocante ao art. 3º da LC 118/2005 e afirmaram que ele seria aplicável aos<br />

próprios fatos (pagamento indevido) ocorridos após o término do período de vacatio legis. Vencidos os Minis<strong>tr</strong>os Marco<br />

Aurélio, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mend<strong>es</strong>, que davam provimento ao recurso.<br />

(RE 566621/RS, rel. Min. Ellen Gracie, 4.8.2011. (RE-566621)”<br />

No pr<strong>es</strong>ente caso, a complementação de aposentadoria do autor iniciou-se em 17/02/2003, enquanto a ação foi ajuizada<br />

em 23/10/2008, após decorrido prazo da pr<strong>es</strong>crição quinquenal.<br />

Entendo cabível a adequação do acórdão ainda não <strong>tr</strong>ansitado em julgado, em sede de embargos de declaração, em<br />

cumprimento aos princípios da economia proc<strong>es</strong>sual e da razoabilidade, tendo em vista que tal medida seria inevitável após<br />

a interposição de recurso ex<strong>tr</strong>aordinário ou pedido de uniformização de jurisprudência por parte da União <strong>Federal</strong>, por força<br />

do art. 543-B, § 3º do CPC, cabendo à própria relatoria proceder à posterior adequação.<br />

Pelo exposto, conheço e dou provimento aos embargos de declaração para adequar o acórdão de fls. 242/245 e dar<br />

provimento ao recurso inominado da União <strong>Federal</strong> para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido, julgando<br />

extinto o feito com r<strong>es</strong>olução do mérito, com fulcro no art. 269, IV, do CPC, em face da pr<strong>es</strong>crição.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PROVIMENTO para<br />

adequar o acórdão de fls. 242/245 e DAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DA UNIÃO FEDERAL, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

55 - 0000652-48.2007.4.02.5054/02 (2007.50.54.000652-1/02) DENILSON CARLOS DO CARMO (ADVOGADO:<br />

LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES, EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI.) x<br />

FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR: FLAVIO TELES FILOGONIO.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO - CONTRIBUIÇÃO PARA O PSS SOBRE<br />

O ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS –TRANSGRESSÃO AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE - LEGITIMIDADE PASSIVA<br />

DA FUNASA - EMBARGOS IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela Fundação Nacional de Saúde – FUNASA em face do acórdão de fls.<br />

162/163, que deu parcial provimento ao recurso inominado interposto pela parte autora, para reformar a sentença,<br />

declarando a inexistência de relação jurídica que tenha por objeto a incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre a<br />

parcela referente ao terço constitucional de férias, condenando a autarquia a c<strong>es</strong>sar os d<strong>es</strong>contos e a r<strong>es</strong>tituir todos os<br />

valor<strong>es</strong> que já tenham sido arrecadados ao T<strong>es</strong>ou Nacional, r<strong>es</strong>peitada a pr<strong>es</strong>crição quinquenal. Alega a embargante que o<br />

acórdão contém con<strong>tr</strong>adição em seu item 2, já que, se foi reconhecido que o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição é<br />

repassado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, não poderia condenar a FUNASA à obrigação de r<strong>es</strong>tituir ao autor os valor<strong>es</strong> já recolhidos<br />

a título de PSS sobre o terço de férias. Alega, ainda, omissão quanto à sua ilegitimidade, à luz do disposto no art. 40, § 20,<br />

da CF, diante da constatação de que o produto da arrecadação é d<strong>es</strong>tinado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, bem como omissão<br />

quanto à incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre o adicional de 1/3 de férias gozadas pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados<br />

ao RGPS, devendo ser oferecidos os fundamentos para o <strong>tr</strong>atamento diferenciado ora dado aos servidor<strong>es</strong> públicos.


Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> do embargante, verifica-se que <strong>es</strong>te aponta a existência de con<strong>tr</strong>adição e<br />

omissõ<strong>es</strong> na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

Conforme consta expr<strong>es</strong>samente do acórdão de fls. 162/163, A União havia sido condenada a r<strong>es</strong>tituir o indébito <strong>tr</strong>ibutário.<br />

A turma recursal declarou a ilegitimidade passiva da União, anulou a sentença e determinou o prosseguimento do feito com<br />

a citação da Funasa. Foi proferida sentença de improcedência em face da autarquia, que, em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> ao recurso do<br />

autor, argüiu sua ilegitimidade passiva.<br />

No item 2 do acórdão, considerou-se que, m<strong>es</strong>mo sendo o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária<br />

repassado para o T<strong>es</strong>ouro Nacional, mantém-se a legitimidade da autarquia para a causa, concluindo-se que a legitimação<br />

passiva para a causa é concorrente en<strong>tr</strong>e a União e autarquia, podendo o servidor público ajuizar a ação em face de<br />

qualquer um dos ent<strong>es</strong> legitimados, r<strong>es</strong>saltando, ainda, a possibilidade de ação regr<strong>es</strong>siva da FUNASA con<strong>tr</strong>a a União ou<br />

de compensação ex<strong>tr</strong>aproc<strong>es</strong>sual. Como se vê, não houve con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e as disposiçõ<strong>es</strong> constant<strong>es</strong> do acórdão, mas<br />

sim adoção de entendimento diverso do defendido pela autarquia.<br />

Quanto à t<strong>es</strong>e de que o regime deve ser o m<strong>es</strong>mo para o servidor público <strong>es</strong>tatutário e para os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados ao<br />

RGPS, r<strong>es</strong>tou afastada com a adoção da t<strong>es</strong>e de que a cobrança em tela <strong>tr</strong>ansgride o princípio da razoabilidade, sendo<br />

certo que o juízo não <strong>es</strong>tá obrigado a analisar todos os pontos alegados pelas part<strong>es</strong>.<br />

Não r<strong>es</strong>taram, assim, caracterizadas nem as omissõ<strong>es</strong> nem a con<strong>tr</strong>adição apontadas, pretendendo a embargante, na<br />

verdade, rediscutir, na via dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se<br />

tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou<br />

qualquer razão plausível que justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

56 - 0000134-58.2007.4.02.5054/02 (2007.50.54.000134-1/02) PAULO ROGERIO MANZINI DE SOUZA (ADVOGADO:<br />

EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI, LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x<br />

FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR: NEIDE DEZANE MARIANI.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO - CONTRIBUIÇÃO PARA O PSS SOBRE<br />

O ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS – TRANSGRESSÃO AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE - LEGITIMIDADE PASSIVA<br />

DA FUNASA - EMBARGOS IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela Fundação Nacional de Saúde – FUNASA em face do acórdão de fls.<br />

174/175, que deu parcial provimento ao recurso inominado interposto pela parte autora, para reformar a sentença,<br />

declarando a inexistência de relação jurídica que tenha por objeto a incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre a<br />

parcela referente ao terço constitucional de férias, condenando a autarquia a c<strong>es</strong>sar os d<strong>es</strong>contos e a r<strong>es</strong>tituir todos os<br />

valor<strong>es</strong> que já tenham sido arrecadados ao T<strong>es</strong>ou Nacional, r<strong>es</strong>peitada a pr<strong>es</strong>crição quinquenal. Alega a embargante que o<br />

acórdão contém con<strong>tr</strong>adição em seu item 2, já que, se foi reconhecido que o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição é<br />

repassado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, não poderia condenar a FUNASA à obrigação de r<strong>es</strong>tituir ao autor os valor<strong>es</strong> já recolhidos<br />

a título de PSS sobre o terço de férias. Alega, ainda, omissão quanto à sua ilegitimidade, à luz do disposto no art. 40, § 20,<br />

da CF, diante da constatação de que o produto da arrecadação é d<strong>es</strong>tinado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, bem como omissão<br />

quanto à incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre o adicional de 1/3 de férias gozadas pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados<br />

ao RGPS, devendo ser oferecidos os fundamentos para o <strong>tr</strong>atamento diferenciado ora dado aos servidor<strong>es</strong> públicos.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> do embargante, verifica-se que <strong>es</strong>te aponta a existência de con<strong>tr</strong>adição e<br />

omissõ<strong>es</strong> na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

Conforme consta expr<strong>es</strong>samente do acórdão de fls. 174/175, A União havia sido condenada a r<strong>es</strong>tituir o indébito <strong>tr</strong>ibutário.<br />

A turma recursal declarou a ilegitimidade passiva da União, anulou a sentença e determinou o prosseguimento do feito com<br />

a citação da Funasa. Foi proferida sentença de improcedência em face da autarquia, que, em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> ao recurso do<br />

autor, argüiu sua ilegitimidade passiva.<br />

No item 2 do acórdão, considerou-se que, m<strong>es</strong>mo sendo o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária<br />

repassado para o T<strong>es</strong>ouro Nacional, mantém-se a legitimidade da autarquia para a causa, concluindo-se que a legitimação<br />

passiva para a causa é concorrente en<strong>tr</strong>e a União e autarquia, podendo o servidor público ajuizar a ação em face de


qualquer um dos ent<strong>es</strong> legitimados, r<strong>es</strong>saltando, ainda, a possibilidade de ação regr<strong>es</strong>siva da FUNASA con<strong>tr</strong>a a União ou<br />

de compensação ex<strong>tr</strong>aproc<strong>es</strong>sual. Como se vê, não houve con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e as disposiçõ<strong>es</strong> constant<strong>es</strong> do acórdão, mas<br />

sim adoção de entendimento diverso do defendido pela autarquia.<br />

Quanto à t<strong>es</strong>e de que o regime deve ser o m<strong>es</strong>mo para o servidor público <strong>es</strong>tatutário e para os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados ao<br />

RGPS, r<strong>es</strong>tou afastada com a adoção da t<strong>es</strong>e de que a cobrança em tela <strong>tr</strong>ansgride o princípio da razoabilidade, sendo<br />

certo que o juízo não <strong>es</strong>tá obrigado a analisar todos os pontos alegados pelas part<strong>es</strong>.<br />

Não r<strong>es</strong>taram, assim, caracterizadas nem as omissõ<strong>es</strong> nem a con<strong>tr</strong>adição apontadas, pretendendo a embargante, na<br />

verdade, rediscutir, na via dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se<br />

tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou<br />

qualquer razão plausível que justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

57 - 0001719-86.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001719-7/01) SADIR EULARIO NASCIMENTO (ADVOGADO: ADMILSON<br />

TEIXEIRA DA SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO CONFIGURADA – APOSENTADORIA ESPECIAL – RENDA MENSAL –<br />

ART. 57, § 1º DA LEI Nº 8.213/91 - EMBARGOS CONHECIDOS E PROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 112/114, que reformou a sentença que<br />

julgara improcedente o pedido e o condenou a implantar o benefício previdenciário de aposentadoria <strong>es</strong>pecial, no valor<br />

integral do salário de con<strong>tr</strong>ibuição, devidos a<strong>tr</strong>asados d<strong>es</strong>de 05/08/2008, data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o<br />

embargante que o acórdão embargado é omisso quanto ao disposto no art. 57, § 1º, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual a<br />

aposentadoria <strong>es</strong>pecial consiste em renda mensal equivalente a 100% do salário de benefício e não do salário de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

Como dito, o acórdão condenou o INSS a implantar o benefício previdenciário de aposentadoria <strong>es</strong>pecial, no valor integral<br />

do salário de con<strong>tr</strong>ibuição, deixando de observar o disposto no art. 57, § 1º da Lei nº 8.213/91, sem nada aduzir a r<strong>es</strong>peito.<br />

Configura-se, pois, a omissão apontada, que passo a sanar.<br />

O benefício de aposentadoria <strong>es</strong>pecial rege-se pelo disposto nos artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213/91, <strong>es</strong>tando<br />

expr<strong>es</strong>samente previsto no parágrafo primeiro do art. 57 que a aposentadoria <strong>es</strong>pecial consistirá numa renda mensal<br />

equivalente a 100% (cem por cento) do salário de benefício. Não havendo qualquer razão exposta no acórdão embargado<br />

para a fixação da renda mensal no valor integral do salário de con<strong>tr</strong>ibuição, há que prevalecer a disposição legal.<br />

Embargos conhecidos e providos para, sanando a omissão ora reconhecida, declarar que a renda mensal do benefício de<br />

aposentadoria <strong>es</strong>pecial concedido no acórdão de fls. 112/114 corr<strong>es</strong>ponde ao valor integral do salário de benefício - e não<br />

do salário de con<strong>tr</strong>ibuição -, permanecendo inalterado, contudo, o r<strong>es</strong>ultado do julgamento.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

58 - 0001750-12.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001750-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x CÍCERO RODRIGUES PINHEIRO FILHO (ADVOGADO: CARLOS GOMES<br />

MAGALHÃES JÚNIOR.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO CONFIGURADA – PEDIDO DE ALTERAÇÃO DA DIB NÃO APRECIADO –<br />

LAUDO PERICIAL CONTRADITÓRIO – SENTENÇA MANTIDA – ACÓRDÃO INALTERADO - EMBARGOS CONHECIDOS<br />

E PROVIDOS EM PARTE.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 64/65, que negou provimento ao<br />

recurso inominado por ele interposto con<strong>tr</strong>a a sentença que o condenou a conceder o benefício de auxílio-doença ao autor,<br />

com DIB em 16/12/2008. Alega o embargante a nec<strong>es</strong>sidade de pronunciamento expr<strong>es</strong>so do órgão colegiado quanto à


fixação da DIB na data da juntada do laudo pericial em juízo.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

A sentença fixou a DIB em 16/12/2008 (data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo), uma vez que o perito afirmou que n<strong>es</strong>ta data<br />

o autor apr<strong>es</strong>entava instalado o quadro patológico verificado no momento do exame .pericial, conforme r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito<br />

nº 7.1 do laudo pericial de fl. 31. O acórdão manteve a sentença, sem se manif<strong>es</strong>tar expr<strong>es</strong>samente acerca do pedido<br />

constante do recurso inominado, no sentido de que, na eventualidade de ser mantida a procedência do pedido, fosse fixada<br />

a DIB na data da juntada aos autos do laudo pericial em juízo. Configura-se, pois, a omissão apontada, que passo a sanar.<br />

O pedido de modificação da DIB fixada na sentença <strong>es</strong>tá fundamentado, no recurso, no fato de que o ilus<strong>tr</strong>e perito foi<br />

categórico ao afirmar ser impossível dizer se em algum momento houve incapacidade. Ora, o acórdão considerou que a<br />

conclusão do perito de que o autor se encon<strong>tr</strong>a capacitado para o <strong>tr</strong>abalho, <strong>es</strong>tando apto a exercer sua atividade de<br />

motorista, é con<strong>tr</strong>aditória com as r<strong>es</strong><strong>tr</strong>içõ<strong>es</strong> funcionais apontadas no próprio laudo, que acarretam risco de agravamento da<br />

<strong>es</strong>pondilose. Entendeu-se, pois, que tais r<strong>es</strong><strong>tr</strong>içõ<strong>es</strong> r<strong>es</strong>ultam em uma incapacidade temporária. Uma vez que o perito afirma<br />

que pelos r<strong>es</strong>ultados dos exam<strong>es</strong>, em dezembro de 2008 a condição já <strong>es</strong>tava instalada, condição <strong>es</strong>sa que foi entendida<br />

como incapacidade temporária, não há razão para fixar a DIB na data do laudo pericial, como pretende o INSS, devendo o<br />

início do benefício re<strong>tr</strong>oagir àquela data.<br />

Embargos conhecidos e providos em parte apenas para reconhecer a omissão apontada, mantido, contudo, o acórdão<br />

embargado tal como lançado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PARCIAL<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

59 - 0001026-02.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001026-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x JOSE ALVES DE SOUZA.<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO NÃO CONFIGURADA – ATIVIDADE ESPECIAL DE VIGIA –<br />

COMPROVAÇÃO DE PORTE DE ARMA DE FOGO – DESNECESSIDADE – QUESTÃO ENFRENTADA NO<br />

JULGAMENTO - EMBARGOS IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 136/137, que deu parcial provimento ao<br />

recurso inominado por ele interposto em face da sentença que o condenou a conceder aposentadoria por tempo de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição, por considerar <strong>es</strong>pecial a atividade de vigilante exercida até 28/04/1995. Alega a embargante que o acórdão<br />

contém omissão quanto ao fato de que o enquadramento da atividade de vigia como <strong>es</strong>pecial depende da comprovação do<br />

uso de arma de fogo, conforme Súmula 10 da Turma Recursal da 4ª Região e entendimento da TNU. Pede seja sanada a<br />

omissão, a<strong>tr</strong>ibuindo-se efeitos infringent<strong>es</strong> aos embargos para julgar improcedente o pedido.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

In casu, a embargante alega omissão quanto à nec<strong>es</strong>sidade de porte de arma para caracterizar a periculosidade na<br />

atividade de vigia. Ocorre que a qu<strong>es</strong>tão foi enfrentada no julgamento do recurso inominado, conforme se depreende do<br />

teor da certidão de julgamento de fl. 135, da qual consta ter ficado “vencido o MM. Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong> que<br />

dava provimento ao recurso por não ter sido comprovado o uso de arma de fogo pelo vigilante”. Não se configura, pois, a<br />

omissão apontada.<br />

Não r<strong>es</strong>tou, assim, caracterizada nenhuma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> legais previstas para oposição de embargos declaratórios,<br />

d<strong>es</strong>cabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via<br />

dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

60 - 0000783-58.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000783-8/01) AURINDA FERREIRA DA FONSECA (ADVOGADO:


MANOEL FERNANDES ALVES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE<br />

COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E DE CONTRADIÇÃO ENTRE O ACÓRDÃO E<br />

DISPOSITIVO LEGAL E NÃO ENTRE AS DISPOSIÇÕES CONTIDAS NO PRÓPRIO ACÓRDÃO – EMBARGOS<br />

CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora em face do acórdão de fls. 110/111, que negou provimento ao<br />

recurso inominado por ela interposto em face da sentença que julgou improcedente o pedido de conc<strong>es</strong>são de<br />

aposentadoria rural por idade. A embargante alega que o acórdão contém con<strong>tr</strong>adição e omissão quanto à jurisprudência<br />

colacionada, bem como com as normas infraconstitucionais (art. 11, VII, a, 1, da Lei nº 8.213/91 e constitucionais (art. 1º, III,<br />

art. 194, I e § 8º; art. 201, I e §§ 1º e 7º, I e II).<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

A con<strong>tr</strong>adição referida no art. 48 da Lei nº 9.099/95, tal qual a referida no art. 535 do CPC, deve se configurar en<strong>tr</strong>e as<br />

disposiçõ<strong>es</strong> contidas na própria decisão. In casu, a embargante alega con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e o teor do acórdão e dispositivos<br />

legais e constitucionais, bem como omissão quanto a tais dispositivos, atacando, na verdade, o entendimento adotado no<br />

acórdão, intuito para o qual não se pr<strong>es</strong>tam os embargos declaratórios.<br />

Não r<strong>es</strong>tou, assim, caracterizada nenhuma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> legais previstas para oposição de embargos declaratórios,<br />

d<strong>es</strong>cabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via<br />

dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos<br />

embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que<br />

justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

61 - 0000153-62.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000153-7/01) IVANILDE DE SOUSA MORAIS (ADVOGADO: ELAINE<br />

CRISTINA ARPINI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ<br />

RODRIGUES.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE NA FORMA DO<br />

ART. 285-A DO CPC – ACÓRDÃO QUE MANTÉM A SENTENÇA POR AUSÊNCIA DE PROVA - EMBARGOS<br />

CONHECIDOS E PROVIDOS - SENTENÇA ANULADA.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora em face do acórdão de fl. 56 que negou provimento ao recurso<br />

inominado por ela interposto con<strong>tr</strong>a sentença que julgou improcedente o pedido de conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença,<br />

procedendo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 285-A do CPC.<br />

Alega a embargante que o acórdão deixou de analisar os pedidos contidos no recurso inominado para que, diante da<br />

irregular abreviação do feito, fosse determinada sua nulidade e regular proc<strong>es</strong>samento. Diz que houve omissão quanto ao<br />

alegado erro no procedimento do feito, em face da inaplicabilidade do art. 285-A do CPC à qu<strong>es</strong>tão que exige dilação<br />

probatória, bem como omissão quanto à ofensa ao devido proc<strong>es</strong>so legal.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> da embargante, verifica-se que <strong>es</strong>ta aponta a existência de omissão na<br />

decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

O acórdão de fl. 56, que confirmou a sentença de fls. 33/35, considerou não haver nenhum documento que comprove o<br />

<strong>es</strong>tado clínico da recorrente em 31/1/2000, faltando elementos para demons<strong>tr</strong>ar a persistência da incapacidade para o<br />

<strong>tr</strong>abalho sem solução de continuidade d<strong>es</strong>de o ano 2000.<br />

Nada obstante, não apreciou a alegação constante do recurso inominado de nec<strong>es</strong>sidade de dilação probatória.<br />

Configura-se, pois, a omissão apontada.<br />

Com efeito, não se <strong>tr</strong>atando de matéria exclusivamente de direito, não é possível o julgamento antecipado da lide na forma<br />

prevista no art. 285-A do CPC.


N<strong>es</strong>se passo, inevitável a anulação da sentença de primeiro grau, a fim de que se dê prosseguimento ao feito, inclusive<br />

com a possibilidade de produção de prova pelas part<strong>es</strong>, até prolação de nova sentença, ao final.<br />

R<strong>es</strong>salto a d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sidade de intimação do INSS para se manif<strong>es</strong>tar sobre os embargos, a d<strong>es</strong>peito dos efeitos<br />

infringent<strong>es</strong> dos m<strong>es</strong>mos, tendo em vista que a autarquia ainda não foi intimada do acórdão de fl. 56.<br />

Embargos conhecidos e providos para reconhecer a omissão apontada e, sanando-a, dar provimento ao recurso inominado<br />

da autora e anular a sentença de fls. 33/35.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

62 - 0001928-92.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001928-4/01) ER CONSULTORIA E TREINAMENTO LTDA (ADVOGADO:<br />

ANTONIO VALDEMIR PEREIRA COUTINHO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO ENTRE O ACÓRDÃO E DISPOSITIVO LEGAL E NÃO<br />

ENTRE AS DISPOSIÇÕES CONTIDAS NO PRÓPRIO ACÓRDÃO – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fl. 191, que reconheceu a legitimidade ativa<br />

da autora para, na condição de pr<strong>es</strong>tadora de serviço, cobrar r<strong>es</strong>tituição do valor da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária retido sobre<br />

o valor bruto da nota fiscal, bem como negou provimento ao recurso inominado por ela interposto, tendo em vista a sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual (cláusula sexta, item 6.2.2.1) por arrecadar a con<strong>tr</strong>ibuição incidente sobre a remuneração dos<br />

prof<strong>es</strong>sor<strong>es</strong>, segurados con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> individuais, e por não haver nos autos nenhuma prova documental da afirmação de<br />

que os funcionários do CEFETS envolvidos na segunda etapa de <strong>tr</strong>einamento eram remunerados pelo FUNCEFETES.<br />

Alega a embargante que <strong>es</strong>te colegiado foi con<strong>tr</strong>aditório à regra do art. 333, I e II do CPC, uma vez que foi provado o fato<br />

constitutivo do direito, com o con<strong>tr</strong>ato de pr<strong>es</strong>tação de serviço coma CST, a nota fiscal e o comprovante de retenção do<br />

imposto, além da RAIS negativa, comprovando a inexistência de empregados no quadro de funcionários da embargante. O<br />

fato modificativo do direito, qual seja, existência de empregados e falta de recolhimento dos impostos, é que não foi<br />

comprovado pela União, que o alegou. Argumenta a embargante que é p<strong>es</strong>soa jurídica distinta do CEFETES e do<br />

FINCEFETES, não tendo como obter cópia do con<strong>tr</strong>ato firmado en<strong>tr</strong>e aquelas empr<strong>es</strong>as, bem como ao recolhimento da<br />

con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

A con<strong>tr</strong>adição referida no art. 48 da Lei nº 9.099/95, tal qual a referida no art. 535 do CPC, deve se configurar en<strong>tr</strong>e as<br />

disposiçõ<strong>es</strong> contidas na própria decisão. In casu, a embargante alega con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e o teor do acórdão e o dispositivo<br />

legal invocado, art. 333, I e II, do CPC, atacando, na verdade, o entendimento adotado no acórdão, intuito para o qual não<br />

se pr<strong>es</strong>tam os embargos declaratórios.<br />

Não r<strong>es</strong>tou, assim, caracterizada nenhuma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> legais previstas para oposição de embargos declaratórios,<br />

d<strong>es</strong>cabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via<br />

dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos<br />

embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que<br />

justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

63 - 0001895-05.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001895-4/01) ER CONSULTORIA E TREINAMENTO LTDA (ADVOGADO:<br />

ANTONIO VALDEMIR PEREIRA COUTINHO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO ENTRE O ACÓRDÃO E DISPOSITIVO LEGAL E NÃO<br />

ENTRE AS DISPOSIÇÕES CONTIDAS NO PRÓPRIO ACÓRDÃO – RECONHECIMENTO DA INCOMPETÊNCIA<br />

ABSOLUTA EM FACE DA ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DA PARTE AUTORA PARA DEMANDAR EM JUIZADOS<br />

ESPECIAIS FEDERAIS – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIDOS - ACÓRDÃO E SENTENÇA ANULADOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fl. 246, que reconheceu a legitimidade ativa<br />

da autora para, na condição de pr<strong>es</strong>tadora de serviço, cobrar r<strong>es</strong>tituição do valor da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária retido sobre


o valor bruto da nota fiscal, bem como negou provimento ao recurso inominado por ela interposto, tendo em vista a sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual (cláusula sexta, item 6.2.2.1) por arrecadar a con<strong>tr</strong>ibuição incidente sobre a remuneração dos<br />

prof<strong>es</strong>sor<strong>es</strong>, segurados con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> individuais, e por não haver nos autos nenhuma prova documental da afirmação de<br />

que os funcionários do CEFETS envolvidos na segunda etapa de <strong>tr</strong>einamento eram remunerados pelo FUNCEFETES.<br />

Alega a embargante que <strong>es</strong>te colegiado foi con<strong>tr</strong>aditório à regra do art. 333, I e II do CPC, uma vez que foi provado o fato<br />

constitutivo do direito, com o con<strong>tr</strong>ato de pr<strong>es</strong>tação de serviço coma CST, a nota fiscal e o comprovante de retenção do<br />

imposto, além da RAIS negativa, comprovando a inexistência de empregados no quadro de funcionários da embargante. O<br />

fato modificativo do direito, qual seja, existência de empregados e falta de recolhimento dos impostos, é que não foi<br />

comprovado pela União, que o alegou. Argumenta a embargante que é p<strong>es</strong>soa jurídica distinta do CEFETES e do<br />

FINCEFETES, não tendo como obter cópia do con<strong>tr</strong>ato firmado en<strong>tr</strong>e aquelas empr<strong>es</strong>as, bem como ao recolhimento da<br />

con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária.<br />

Detecto causa que exclui a competência dos Juizados Especiais Federais para proc<strong>es</strong>sar e julgar <strong>es</strong>sa ação. Como se<br />

cuida de competência absoluta, a matéria é de ordem pública e deve ser aferida de ofício.<br />

São legitimados a figurar como autor<strong>es</strong> em ação que <strong>tr</strong>amite em Juizados Especiais Federais as p<strong>es</strong>soas físicas e, den<strong>tr</strong>e<br />

as p<strong>es</strong>soas jurídicas, somente as microempr<strong>es</strong>as e as empr<strong>es</strong>as de pequeno porte (artigo 6º, I, da Lei 10.259/01). No caso<br />

dos autos, afere-se que a empr<strong>es</strong>a autora não é microempr<strong>es</strong>a nem empr<strong>es</strong>a de pequeno porte, uma vez que, analisando a<br />

denominação lançada na petição inicial e no comprovante de inscrição no CNPJ, afere-se que do nome empr<strong>es</strong>arial não<br />

consta a expr<strong>es</strong>são “microempr<strong>es</strong>a” ou “ME”; nem consta a expr<strong>es</strong>são "empr<strong>es</strong>a de pequeno porte", ou “EPP”.<br />

À luz da legislação de regência, ao menos d<strong>es</strong>de 1994 existe a indispensabilidade de a microempr<strong>es</strong>a ser identificada pelas<br />

expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> “microempr<strong>es</strong>a” ou “ME”; e de a empr<strong>es</strong>a de pequeno porte ser identificada pelas expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> “empr<strong>es</strong>a de<br />

pequeno porte” ou “EPP”. É o que se infere do disposto no artigo 6º da Lei 8.864/94; no artigo 7º da Lei 9.841/99; e no artigo<br />

72 da Lei Complementar nº 123/2006, cujas redaçõ<strong>es</strong> seguem abaixo:<br />

Artigo 6º da Lei 8.864/94: “Art. 6° Feita a comuni cação, e independentemente de alteração do ato constitutivo, a<br />

microempr<strong>es</strong>a adotará, em seguida ao seu nome, a expr<strong>es</strong>são "microempr<strong>es</strong>a" ou, abreviadamente, "ME", e a empr<strong>es</strong>a de<br />

pequeno porte, a expr<strong>es</strong>são "empr<strong>es</strong>a de pequeno porte", ou "EPP". Parágrafo único. E privativo de microempr<strong>es</strong>a de<br />

empr<strong>es</strong>a de pequeno porte o uso das expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> de que <strong>tr</strong>ata <strong>es</strong>te artigo.”<br />

Artigo 7º da Lei 9.841/99: “Art. 7º Feita a comunicação, e independentemente de alteração do ato constitutivo, a<br />

microempr<strong>es</strong>a adotará, em seguida ao seu nome, a expr<strong>es</strong>são "microempr<strong>es</strong>a" ou, abreviadamente, "ME", e a empr<strong>es</strong>a de<br />

pequeno porte, a expr<strong>es</strong>são "empr<strong>es</strong>a de pequeno porte" ou "EPP". Parágrafo único. É privativo de microempr<strong>es</strong>a e de<br />

empr<strong>es</strong>a de pequeno porte o uso das expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> de que <strong>tr</strong>ata <strong>es</strong>te artigo.”<br />

Artigo 72 da Lei Complementar nº 123/2006: “Art. 72. As microempr<strong>es</strong>as e as empr<strong>es</strong>as de pequeno porte, nos termos da<br />

legislação civil, acr<strong>es</strong>centarão à sua firma ou denominação as expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> “Microempr<strong>es</strong>a” ou “Empr<strong>es</strong>a de Pequeno<br />

Porte”, ou suas r<strong>es</strong>pectivas abreviaçõ<strong>es</strong>, “ME” ou “EPP”, conforme o caso, sendo facultativa a inclusão do objeto da<br />

sociedade.”<br />

Essa determinação legal nos suc<strong>es</strong>sivos diplomas que regulam o <strong>tr</strong>atamento conferido às microempr<strong>es</strong>as e empr<strong>es</strong>as de<br />

pequeno porte também <strong>es</strong>teve – como <strong>es</strong>tá – pr<strong>es</strong>ente nas Ins<strong>tr</strong>uçõ<strong>es</strong> Normativas do Departamento Nacional de Regis<strong>tr</strong>o<br />

Comercial que <strong>tr</strong>atam da formação do nome empr<strong>es</strong>arial e da proteção a ele conferida. A ins<strong>tr</strong>ução que atualmente se<br />

encon<strong>tr</strong>a em vigor é a IN-DNRC nº 116/2011, cujo artigo 14 tem a seguinte redação:<br />

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 116, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2011.<br />

Dispõe sobre a formação do nome empr<strong>es</strong>arial, sua proteção e dá ou<strong>tr</strong>as providências.<br />

(...)<br />

Art. 14. As microempr<strong>es</strong>as e empr<strong>es</strong>as de pequeno porte acr<strong>es</strong>centarão à sua firma ou denominação as<br />

expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> “Microempr<strong>es</strong>a” ou “Empr<strong>es</strong>a de Pequeno Porte”, ou suas r<strong>es</strong>pectivas abreviaçõ<strong>es</strong>, “ME” ou “EPP”.<br />

À luz d<strong>es</strong>se contexto, a autora é uma sociedade empr<strong>es</strong>ária limitada, mas não posso considerá-la, nem supor, que se cuida<br />

de uma microempr<strong>es</strong>a ou empr<strong>es</strong>as de pequeno porte, visto que de sua denominação não consta nenhuma das<br />

expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> que a lei considera indispensáveis para tanto.<br />

Visto que a parte autora não é uma microempr<strong>es</strong>a nem é uma empr<strong>es</strong>a de pequeno porte, falta-lhe legitimação ativa para<br />

demandar em Juizado Especial <strong>Federal</strong>.<br />

Como a petição inicial foi subscrita por advogado (e, consequentemente, pode ser proc<strong>es</strong>sado em vara comum), reconheço<br />

a incompetência absoluta dos Juizados Especiais Federais para proc<strong>es</strong>sar e julgar a ação; uma vez que o acórdão não<br />

<strong>tr</strong>ansitou em julgado (por força dos embargos de declaração interpostos), reconheço a nulidade do acórdão e da sentença<br />

proferida pelo JEF, razão pela qual voto pela anulação de ambos e pela ulterior rem<strong>es</strong>sa dos autos a uma das varas cíveis<br />

com competência <strong>tr</strong>ibutária d<strong>es</strong>ta SJ-ES.<br />

Embargos de declaração não conhecidos. Acórdão e sentença anulados, em face da incompetência absoluta dos Juizados<br />

Especiais Federais, devendo os autos serem dis<strong>tr</strong>ibuídos en<strong>tr</strong>e uma das varas cíveis com competência <strong>tr</strong>ibutária d<strong>es</strong>ta<br />

SJ-ES.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NÃO CONHECER dos embargos de declaração e, de ofício,<br />

ANULAR acórdão e sentença proferidos, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

64 - 0000657-70.2007.4.02.5054/02 (2007.50.54.000657-0/02) GEROLINO PACATUBA (ADVOGADO: EUSTÁQUIO<br />

DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI, LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDAÇÃO<br />

NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR: VILMAR LOBO ABDALAH JR..).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO - CONTRIBUIÇÃO PARA O PSS SOBRE<br />

O ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS – TRANSGRESSÃO AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE - LEGITIMIDADE PASSIVA<br />

DA FUNASA - EMBARGOS IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela Fundação Nacional de Saúde – FUNASA em face do acórdão de fls.<br />

174/175, que deu parcial provimento ao recurso inominado interposto pela parte autora, para reformar a sentença,<br />

declarando a inexistência de relação jurídica que tenha por objeto a incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre a<br />

parcela referente ao terço constitucional de férias, condenando a autarquia a c<strong>es</strong>sar os d<strong>es</strong>contos e a r<strong>es</strong>tituir todos os<br />

valor<strong>es</strong> que já tenham sido arrecadados ao T<strong>es</strong>ou Nacional, r<strong>es</strong>peitada a pr<strong>es</strong>crição quinquenal. Alega a embargante que o<br />

acórdão contém con<strong>tr</strong>adição em seu item 2, já que, se foi reconhecido que o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição é<br />

repassado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, não poderia condenar a FUNASA à obrigação de r<strong>es</strong>tituir ao autor os valor<strong>es</strong> já recolhidos<br />

a título de PSS sobre o terço de férias. Alega, ainda, omissão quanto à sua ilegitimidade, à luz do disposto no art. 40, § 20,<br />

da CF, diante da constatação de que o produto da arrecadação é d<strong>es</strong>tinado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, bem como omissão<br />

quanto à incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre o adicional de 1/3 de férias gozadas pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados<br />

ao RGPS, devendo ser oferecidos os fundamentos para o <strong>tr</strong>atamento diferenciado ora dado aos servidor<strong>es</strong> públicos.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> do embargante, verifica-se que <strong>es</strong>te aponta a existência de con<strong>tr</strong>adição e<br />

omissõ<strong>es</strong> na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

Conforme consta expr<strong>es</strong>samente do acórdão de fls. 174/175, A União havia sido condenada a r<strong>es</strong>tituir o indébito <strong>tr</strong>ibutário.<br />

A turma recursal declarou a ilegitimidade passiva da União, anulou a sentença e determinou o prosseguimento do feito com<br />

a citação da Funasa. Foi proferida sentença de improcedência em face da autarquia, que, em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> ao recurso do<br />

autor, argüiu sua ilegitimidade passiva.<br />

No item 2 do acórdão, considerou-se que, m<strong>es</strong>mo sendo o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária<br />

repassado para o T<strong>es</strong>ouro Nacional, mantém-se a legitimidade da autarquia para a causa, concluindo-se que a legitimação<br />

passiva para a causa é concorrente en<strong>tr</strong>e a União e autarquia, podendo o servidor público ajuizar a ação em face de<br />

qualquer um dos ent<strong>es</strong> legitimados, r<strong>es</strong>saltando, ainda, a possibilidade de ação regr<strong>es</strong>siva da FUNASA con<strong>tr</strong>a a União ou<br />

de compensação ex<strong>tr</strong>aproc<strong>es</strong>sual. Como se vê, não houve con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e as disposiçõ<strong>es</strong> constant<strong>es</strong> do acórdão, mas<br />

sim adoção de entendimento diverso do defendido pela autarquia.<br />

Quanto à t<strong>es</strong>e de que o regime deve ser o m<strong>es</strong>mo para o servidor público <strong>es</strong>tatutário e para os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados ao<br />

RGPS, r<strong>es</strong>tou afastada com a adoção da t<strong>es</strong>e de que a cobrança em tela <strong>tr</strong>ansgride o princípio da razoabilidade, sendo<br />

certo que o juízo não <strong>es</strong>tá obrigado a analisar todos os pontos alegados pelas part<strong>es</strong>.<br />

Não r<strong>es</strong>taram, assim, caracterizadas nem as omissõ<strong>es</strong> nem a con<strong>tr</strong>adição apontadas, pretendendo a embargante, na<br />

verdade, rediscutir, na via dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se<br />

tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou<br />

qualquer razão plausível que justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

65 - 0000124-49.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000124-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x GERALDA DA SILVA REIS (ADVOGADO:<br />

MARIA REGINA COUTO ULIANA.).


E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO<br />

CONTINUADA – RENDA PER CAPITA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO - HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA<br />

AFERIDA POR OUTROS MEIOS – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no art. 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. O referido dispositivo,<br />

contudo, refere-se exclusivamente aos recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao julgamento dos embargos<br />

de declaração, razão pela qual passo a julgar.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 144/145, que negou provimento ao<br />

recurso por ele interposto con<strong>tr</strong>a sentença que julgou procedente o pedido e o condenou a conceder à parte autora o<br />

benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada no valor de um salário mínimo mensal, nos termos do art. 203, inciso V da CF, e do art.<br />

20 da Lei nº 8.742/93, d<strong>es</strong>de a data do indeferimento adminis<strong>tr</strong>ativo em 19/05/2005. Pretende o embargante que seja<br />

sanada omissão quanto à incidência dos artigos 195, § 5º e 203, V, da CF, bem como quanto à constitucionalidade do art.<br />

20, § 3º da Lei nº 8.742/93, r<strong>es</strong>saltando que os pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> embargos servem para prequ<strong>es</strong>tionar o acórdão recorrido.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

O acórdão embargado não foi omisso quanto aos dispositivos constitucionais e legais invocados pelo embargante, tendo-se<br />

considerado no julgamento que, conforme entendimento pacificado pela Terceira Seção do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>,<br />

ainda que a renda familiar mensal per capita seja superior a ¼ do salário mínimo, é possível a aferição da condição de<br />

hipossuficiência econômica do idoso ou portador de deficiência por ou<strong>tr</strong>os meios, tal como se aferiu no pr<strong>es</strong>ente caso.<br />

Não r<strong>es</strong>tou, assim, caracterizada nenhuma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> legais previstas para oposição de embargos declaratórios,<br />

d<strong>es</strong>cabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via<br />

dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

66 - 0000135-43.2007.4.02.5054/02 (2007.50.54.000135-3/02) JOSE AILTON PEREIRA (ADVOGADO: MARCELO MATEDI<br />

ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR: SHIZUE SOUZA<br />

KITAGAWA.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO - CONTRIBUIÇÃO PARA O PSS SOBRE<br />

O ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS – TRANSGRESSÃO AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE - LEGITIMIDADE PASSIVA<br />

DA FUNASA - EMBARGOS IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela Fundação Nacional de Saúde – FUNASA em face do acórdão de fls.<br />

175/176, que deu parcial provimento ao recurso inominado interposto pela parte autora, para reformar a sentença,<br />

declarando a inexistência de relação jurídica que tenha por objeto a incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre a<br />

parcela referente ao terço constitucional de férias, condenando a autarquia a c<strong>es</strong>sar os d<strong>es</strong>contos e a r<strong>es</strong>tituir todos os<br />

valor<strong>es</strong> que já tenham sido arrecadados ao T<strong>es</strong>ou Nacional, r<strong>es</strong>peitada a pr<strong>es</strong>crição quinquenal. Alega a embargante que o<br />

acórdão contém con<strong>tr</strong>adição em seu item 2, já que, se foi reconhecido que o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição é<br />

repassado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, não poderia condenar a FUNASA à obrigação de r<strong>es</strong>tituir ao autor os valor<strong>es</strong> já recolhidos<br />

a título de PSS sobre o terço de férias. Alega, ainda, omissão quanto à sua ilegitimidade, à luz do disposto no art. 40, § 20,<br />

da CF, diante da constatação de que o produto da arrecadação é d<strong>es</strong>tinado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, bem como omissão<br />

quanto à incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre o adicional de 1/3 de férias gozadas pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados<br />

ao RGPS, devendo ser oferecidos os fundamentos para o <strong>tr</strong>atamento diferenciado ora dado aos servidor<strong>es</strong> públicos.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> do embargante, verifica-se que <strong>es</strong>te aponta a existência de con<strong>tr</strong>adição e<br />

omissõ<strong>es</strong> na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

Conforme consta expr<strong>es</strong>samente do acórdão de fls. 175/176, A União havia sido condenada a r<strong>es</strong>tituir o indébito <strong>tr</strong>ibutário.<br />

A turma recursal declarou a ilegitimidade passiva da União, anulou a sentença e determinou o prosseguimento do feito com<br />

a citação da Funasa. Foi proferida sentença de improcedência em face da autarquia, que, em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> ao recurso do


autor, argüiu sua ilegitimidade passiva.<br />

No item 2 do acórdão, considerou-se que, m<strong>es</strong>mo sendo o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária<br />

repassado para o T<strong>es</strong>ouro Nacional, mantém-se a legitimidade da autarquia para a causa, concluindo-se que a legitimação<br />

passiva para a causa é concorrente en<strong>tr</strong>e a União e autarquia, podendo o servidor público ajuizar a ação em face de<br />

qualquer um dos ent<strong>es</strong> legitimados, r<strong>es</strong>saltando, ainda, a possibilidade de ação regr<strong>es</strong>siva da FUNASA con<strong>tr</strong>a a União ou<br />

de compensação ex<strong>tr</strong>aproc<strong>es</strong>sual. Como se vê, não houve con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e as disposiçõ<strong>es</strong> constant<strong>es</strong> do acórdão, mas<br />

sim adoção de entendimento diverso do defendido pela autarquia.<br />

Quanto à t<strong>es</strong>e de que o regime deve ser o m<strong>es</strong>mo para o servidor público <strong>es</strong>tatutário e para os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados ao<br />

RGPS, r<strong>es</strong>tou afastada com a adoção da t<strong>es</strong>e de que a cobrança em tela <strong>tr</strong>ansgride o princípio da razoabilidade, sendo<br />

certo que o juízo não <strong>es</strong>tá obrigado a analisar todos os pontos alegados pelas part<strong>es</strong>.<br />

Não r<strong>es</strong>taram, assim, caracterizadas nem as omissõ<strong>es</strong> nem a con<strong>tr</strong>adição apontadas, pretendendo a embargante, na<br />

verdade, rediscutir, na via dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se<br />

tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou<br />

qualquer razão plausível que justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

67 - 0009954-03.2006.4.02.5001/01 (2006.50.01.009954-0/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: RODRIGO<br />

SALES DOS SANTOS.) x ODILIO DE PAULA HONORIO (ADVOGADO: ADRIANE ALMEIDA DE OLIVEIRA.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PEDIDO DE ESCLARECIMENTOS – ATAQUE AO ENTENDIMENTO ADOTADO NO<br />

ACÓRDÃO EMBARGADO – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor em face do acórdão de fl. 176, que deu provimento ao recurso<br />

inominado interposto pela CEF con<strong>tr</strong>a a sentença que julgara procedente o pedido para condená-la ao pagamento da<br />

indenização securitária prevista no con<strong>tr</strong>ato de fls. 29 a partir de 02/02/2001 em diante, sendo abatido o valor já pago.<br />

O embargante busca <strong>es</strong>clarecimentos sobre: a) o liame e o fundamento jurídico que revoga direito adquirido, eis que já<br />

havia quitado seu débito a<strong>tr</strong>asado, por avença en<strong>tr</strong>e as part<strong>es</strong>, e o pleito da indenização se refere ao período en<strong>tr</strong>e o auxílio<br />

doença (02/02/2001) e a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez (30/04/2005), período em que nada recebeu pelo seu<br />

sinis<strong>tr</strong>o; b) a data inicial para o pagamento da indenização (se corr<strong>es</strong>ponde à data do sinis<strong>tr</strong>o ou a ou<strong>tr</strong>a data); c) a Circular<br />

da SUSEP nº 111, de 03/12/1999, não mencionada no acórdão.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

O embargante não aponta objetivamente nenhuma omissão, con<strong>tr</strong>adição ou obscuridade no acórdão, podendo-se<br />

considerar como dúvida, em princípio, o pedido de <strong>es</strong>clarecimento. Depreende-se, contudo, do teor do recurso, que o<br />

embargante pretende, à guisa de <strong>es</strong>clarecimentos, modificar o entendimento adotado no acórdão, alegando que <strong>es</strong>te<br />

r<strong>es</strong>ultou em revogação de direito adquirido.<br />

Com relação à data inicial para o pagamento da indenização (se corr<strong>es</strong>ponde à data do sinis<strong>tr</strong>o ou ou<strong>tr</strong>a data), o acórdão foi<br />

claro ao assentar que “o sinis<strong>tr</strong>o foi em 02/02/2011, data de início do benefício previdenciário de auxílio-doença”, bem como<br />

que “conforme <strong>es</strong>tabelecido na sentença, o termo a quo para cobertura do seguro é a data do sinis<strong>tr</strong>o que ocasionou a<br />

aposentadoria por invalidez”.<br />

A sentença r<strong>es</strong>tou reformada por se ter considerado no acórdão que “em que p<strong>es</strong>e ter a CEF efetivado cobrança de período<br />

posterior ao evento incapacitante, não houve pagamento a maior”, eis que o valor corr<strong>es</strong>pondente ao das parcelas em<br />

a<strong>tr</strong>aso quando do sinis<strong>tr</strong>o (R$ 7.215,93) foi pago com d<strong>es</strong>conto (R$ 5.860,46).<br />

Parece-me que o embargante entende fazer jus a receber o valor corr<strong>es</strong>pondente ao saldo devedor verificado na data do<br />

sinis<strong>tr</strong>o, a título de indenização, enquanto o acórdão considerou que tal valor era devido à CEF pela seguradora, a fim de<br />

ser revertido para o saldo devedor, de modo que <strong>es</strong>te r<strong>es</strong>tasse quitado. A prevalecer o entendimento do embargante, a<br />

seguradora <strong>es</strong>taria obrigada a duplo pagamento: cobrir o saldo devedor do embargante junto à CEF e indenizar o<br />

embargante em valor corr<strong>es</strong>pondente a <strong>es</strong>se saldo devedor. Não foi <strong>es</strong>se o entendimento adotado no acórdão.<br />

Não r<strong>es</strong>tou, assim, caracterizada nenhuma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> legais previstas para oposição de embargos declaratórios,<br />

d<strong>es</strong>cabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via<br />

dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado


Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

68 - 0007380-83.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007380-1/01) SYLVIO SOUZA ROCHA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA<br />

DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).<br />

TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS<br />

RECURSO Nº NUMERO – TURMA RECURSAL<br />

EMBARGANTE: UNIÃO FEDERAL<br />

EMBARGADO: V. ACÓRDÃO DE FLS. 68/70<br />

RELATOR: Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO -TRIBUTÁRIO– OMISSÃO – IMPOSTO DE RENDA INCIDENTE SOBRE VERBAS<br />

TRABALHISTAS – PRESCRIÇÃO QUINQUENAL – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.<br />

Cuida-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO em face de acórdão de fls. 68/70, que deu parcial provimento ao<br />

recurso inominado interposto pelo autor con<strong>tr</strong>a sentença que reconhecera a pr<strong>es</strong>crição e julgara extinto o feito no qual se<br />

pretendia a devolução, em dobro, dos valor<strong>es</strong> retidos a título de imposto de renda sobre as verbas r<strong>es</strong>cisórias de con<strong>tr</strong>ato<br />

de <strong>tr</strong>abalho. O acórdão afastou a pr<strong>es</strong>crição, aplicando o prazo de dez anos (cinco mais cinco), e reconheceu a<br />

procedência, em parte, do pedido.<br />

2. Aduz o embargante que a decisão é omissa por não ter apreciado a alegação constante das con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> no sentido de<br />

que, no caso concreto, é possível identificar ato que consiste na homologação expr<strong>es</strong>sa do auto-lançamento, repr<strong>es</strong>entado<br />

pela aceitação da declaração anual de ajuste, que corr<strong>es</strong>ponde ao pronunciamento referido no §4º do art. 150 do CTN,<br />

razão pela qual se pode contar o prazo pr<strong>es</strong>cricional de cinco anos.<br />

Assiste razão à embargante. O acórdão não se pronunciou sobre a alegação de que houve homologação expr<strong>es</strong>sa,<br />

inclusive com r<strong>es</strong>tituição, em 15/12/2000, do imposto de renda retido na fonte do exercício de 1999, constante das<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, nos itens 12 a 16.<br />

Havendo homologação expr<strong>es</strong>sa do recolhimento em 15/12/2000, conforme comprovado às fls. 62/63, mediante liberação<br />

da r<strong>es</strong>tituição do imposto recolhido a maior no exercício de 1999, não era cabível a aplicação da t<strong>es</strong>e da pr<strong>es</strong>crição decenal<br />

(cinco mais cinco) adotada no acórdão embargado, que considerou <strong>tr</strong>atar-se de homologação tácita.<br />

De qualquer forma, há que se levar em conta que, no julgamento do RE 566.621/RS, em 04/08/2011, o Supremo Tribunal<br />

<strong>Federal</strong>, por maioria, tendo como relatora a Minis<strong>tr</strong>a Ellen Gracie, pacificou o entendimento de que, nas açõ<strong>es</strong> de repetição<br />

de indébito ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário ajuizadas após 09/06/2005, o prazo pr<strong>es</strong>cricional é de 05 (cinco) anos.<br />

Segue informativo nº 634 do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>:<br />

“É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 [“Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I<br />

do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extinção do crédito <strong>tr</strong>ibutário ocorre,<br />

no caso de <strong>tr</strong>ibuto sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que <strong>tr</strong>ata o § 1º do art.<br />

150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei en<strong>tr</strong>a em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art.<br />

3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional”; CTN: “Art. 106.<br />

A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expr<strong>es</strong>samente interpretativa, excluída a aplicação<br />

de penalidade à infração dos dispositivos interpretados”]. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento,<br />

d<strong>es</strong>proveu, por maioria, recurso ex<strong>tr</strong>aordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v.<br />

Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípio<br />

da segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de ac<strong>es</strong>so à <strong>Justiça</strong>, com suporte implícito e<br />

expr<strong>es</strong>so nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às<br />

açõ<strong>es</strong> ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005. Os Minis<strong>tr</strong>os Celso de Mello e<br />

Luiz Fux, por sua vez, dissentiram apenas no tocante ao art. 3º da LC 118/2005 e afirmaram que ele seria aplicável aos<br />

próprios fatos (pagamento indevido) ocorridos após o término do período de vacatio legis. Vencidos os Minis<strong>tr</strong>os Marco<br />

Aurélio, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mend<strong>es</strong>, que davam provimento ao recurso.<br />

(RE 566621/RS, rel. Min. Ellen Gracie, 4.8.2011. (RE-566621)”<br />

No pr<strong>es</strong>ente caso, a r<strong>es</strong>cisão do con<strong>tr</strong>ato de <strong>tr</strong>abalho se deu em 03/05/1999, enquanto a ação foi ajuizada em 28/11/2008,<br />

após decorrido o prazo da pr<strong>es</strong>crição quinquenal.<br />

Assim é que deve ser mantida a sentença.<br />

Embargos de declaração conhecidos e providos para alterar o acórdão embargado e negar provimento ao recurso<br />

inominado do autor, mantendo a sentença.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PROVIMENTO, na


forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong><br />

69 - 0000281-88.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000281-0/01) JOSE BELLO PEREIRA (ADVOGADO: ALFREDO ANGELO<br />

CREMASCHI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO ENTRE O ACÓRDÃO EMBARGADO E ACÓRDÃO<br />

PROFERIDO EM OUTRO PROCESSO – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor em face do acórdão de fls. 118/120, que negou provimento ao<br />

recurso inominado por ele interposto em face da sentença que julgou improcedente a pretensão de r<strong>es</strong>tabelecimento do<br />

benefício previdenciário de auxílio-doença. Alega a embargante que o acórdão contém con<strong>tr</strong>adição com ou<strong>tr</strong>o julgado em<br />

caso análogo. Pede a reforma do acórdão.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

A con<strong>tr</strong>adição referida no art. 48 da Lei nº 9.099/95, tal qual a referida no art. 535 do CPC, deve se configurar en<strong>tr</strong>e as<br />

disposiçõ<strong>es</strong> contidas na própria decisão. In casu, a embargante alega con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e o teor do acórdão embargado e o<br />

de ou<strong>tr</strong>o acórdão, proferido em ou<strong>tr</strong>o proc<strong>es</strong>so, atacando, na verdade, o entendimento adotado no julgamento, intuito para o<br />

qual não se pr<strong>es</strong>tam os embargos declaratórios.<br />

Não r<strong>es</strong>tou, assim, caracterizada nenhuma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> legais previstas para oposição de embargos declaratórios,<br />

d<strong>es</strong>cabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via<br />

dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos<br />

embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que<br />

justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

70 - 0002221-91.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002221-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE IRIS ALMEIDA COSTA<br />

(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

MARCELA BRAVIN BASSETTO.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0002221-91.2010.4.02.5050/01 – 1° JEF<br />

Recorrente : JOSÉ IRIS ALMEIDA COSTA<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

V O T O<br />

Trata-se de recurso inominado, interposto por JOSÉ ÍRIS ALMEIDA COSTA (42 anos de idade, lavrador), em face da<br />

sentença de fls. 168/169, que julgou improcedente o seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença e/ou<br />

conversão em aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portador de uma série de<br />

enfermidad<strong>es</strong> como epilepsia, problemas renais e <strong>es</strong>tomacais, além de ar<strong>tr</strong>ose da coluna lombar e hérnia de disco,<br />

encon<strong>tr</strong>ando-se incapacitado para exercer atividade laborativa. Com isso, requer a reforma ou anulação da sentença,<br />

almejando que seu pedido inicial seja julgado procedente. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando pela manutenção da<br />

sentença.<br />

É o breve relatório. Passo a votar.<br />

A conc<strong>es</strong>são do benefício de auxílio-doença exige que o demandante atenda aos requisitos legais dispostos pelo art. 59 da<br />

Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> mensais e, ainda,<br />

<strong>es</strong>tar incapacitado para o <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos.<br />

A parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença nos seguint<strong>es</strong> períodos: 20/08/2004 a 30/10/2004, 01/11/2007 a<br />

31/03/2008, 17/06/2008 a 15/10/2008, 12/05/2009 a 31/12/2009 e de 14/09/2012 aos dias atuais (Informaçõ<strong>es</strong>: Sistema<br />

Plenus).


A condição de segurado <strong>es</strong>pecial e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos, r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ingindo a divergência com relação à<br />

incapacidade.<br />

O recorrente, lavrador, atualmente com 42 anos de idade, foi submetido à perícia médica judicial (fls. 143/144), realizada<br />

em 30/11/2010. O perito, durante a perícia médica judicial, constatou que o recorrente apr<strong>es</strong>entava ar<strong>tr</strong>ose na coluna<br />

lombar e hérnia de disco lombar, patologias que não induzem à incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho, conforme relatado. O perito<br />

judicial, no entanto, r<strong>es</strong>saltou que o autor apr<strong>es</strong>enta limitaçõ<strong>es</strong> para a realização de atividad<strong>es</strong> físicas que requeiram<br />

<strong>es</strong>forço ex<strong>tr</strong>emo, devendo, assim, evitar carregar p<strong>es</strong>o (qu<strong>es</strong>itos 9 e 10, fl. 143).<br />

Ao se analisar o conjunto probatório, verifica-se que o perito judicial se con<strong>tr</strong>adiz, afinal, o <strong>tr</strong>abalho de lavrador exige <strong>es</strong>forço<br />

físico ex<strong>tr</strong>emo e carregar p<strong>es</strong>o é tarefa que se pode considerar inerente a tal atividade laborativa.<br />

Seria praticamente impossível ao recorrente exercer a sua função habitual (lavrador) em vista das limitaçõ<strong>es</strong> físicas<br />

apontadas no laudo pericial.<br />

Den<strong>tr</strong>o de tal contexto, em linha de princípio, fixaria a DIB na data da perícia judicial.<br />

Não obstante, regis<strong>tr</strong>o que a ação foi proposta em maio de 2010, e há um at<strong>es</strong>tado anterior, anexado à inicial e datado de<br />

13/04/2010, que é claramente indicativo da incapacidade laborativa do autor-recorrente. Trata-se do at<strong>es</strong>tado de fls. 41/42,<br />

onde se afirma que o autor: (i) tem quadro epiléptico; (ii) é hipertenso; (iii) teve hérnia de disco lombar em 2009, sendo<br />

submetido a cirurgia que evoluiu para fibrose epidural envolvendo a raiz neural emergente de L5 na en<strong>tr</strong>ada do forame, o<br />

que causa dor constante, refratária e incapacitante; (iv) recentemente sofrera hemorragia dig<strong>es</strong>tiva alta; (v) “enfim, tem um<br />

quadro de várias patologias e agravos concomitant<strong>es</strong> que incapacitam sua vida p<strong>es</strong>soal, profissional e social” (fl. 41).<br />

Deve ser r<strong>es</strong>saltado que a própria autarquia previdenciária concedeu o benefício por incapacidade a partir de 14/09/2012,<br />

conforme verificado em consulta ao sistema Plenus em 05/11/2012.<br />

Constata-se, então, que a parte autora preenche o requisito referente à incapacidade, visto que se encon<strong>tr</strong>a definitivamente<br />

incapaz para exercer sua profissão habitual. Portanto, faz jus o autor ao benefício de auxílio-doença até que a autarquia<br />

federal o reabilite para ou<strong>tr</strong>o tipo de função que não demande intenso <strong>es</strong>forço físico, ou até que se recupere integralmente<br />

das l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entadas.<br />

Fixo a DIB na data em que foi lavrado o at<strong>es</strong>tado médico de fls. 41/42, subscrito pela Médica de Família do PSF de<br />

Itaguaçu em 13/04/2010.<br />

Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO DA PARTE AUTORA PARA, NO MÉRITO, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO,<br />

condenando, assim, a autarquia previdenciária pagar ao autor o benefício de auxílio-doença d<strong>es</strong>de 13/04/2010.<br />

O benefício deverá ser mantido até que o autor seja reabilitado para ou<strong>tr</strong>a função ou até que se recupere das l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong>,<br />

ficando o autor obrigado a comparecer a todas as perícias adminis<strong>tr</strong>ativas para as quais for regularmente notificado.<br />

Parcelas pagas sob o m<strong>es</strong>mo título deverão ser d<strong>es</strong>contadas. Sobre as pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas incidem os índic<strong>es</strong> oficiais de<br />

remuneração básica e juros próprios da caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).<br />

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na forma<br />

do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.<br />

É como voto.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE – AUXÍLIO-DOENÇA – PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL<br />

CONTRADITÓRIA – REABILITAÇÃO – LIMITAÇÃO FÍSICA – BENEFÍCIO POSTERIORMENTE CONCEDIDO NA<br />

ESFERA ADMINISTRATIVA – RECURSO DO AUTOR CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA<br />

REFORMADA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo em CONHECER DO RECURSO DA PARTE AUTORA PARA, NO<br />

MÉRITO, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, reformando-se a sentença, na forma do voto e ementa constant<strong>es</strong> dos<br />

autos, que ficam fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

(assinado ele<strong>tr</strong>onicamente)<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

71 - 0000063-57.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000063-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DARLAN MALAVASI


(ADVOGADO: ELVIMARA LOPES GONCALVES, RISONETE MARIA OLIVEIRA MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000063-57.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000063-9/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – RELATÓRIO SOCIAL – LAUDO<br />

MÉDICO PERICIAL CONCLUSIVO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo autor, DARLAN MALAVASI, menor, absolutamente incapaz, repr<strong>es</strong>entado<br />

por sua genitora LUZIA FREISLEBEN MALAVASI, em face da sentença de fls. 158/160, que julgou improcedente o seu<br />

pedido de condenação do INSS à conc<strong>es</strong>são do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada. Aduz o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que é portador de diabet<strong>es</strong> mellitus que o incapacita para a vida normal. Alega, ainda, que por morar em zona<br />

rural, precisa arcar com gastos de <strong>tr</strong>ansporte, para d<strong>es</strong>locar-se para a cidade mais próxima a fim de <strong>tr</strong>atar de sua doença.<br />

Com isso, requer a reforma da decisão.<br />

2. Nos termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />

considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />

forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />

capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

3. De acordo com o relatório social (fls. 102/104), o autor atualmente com 08 (oito) anos de idade, r<strong>es</strong>ide em casa própria<br />

com seus genitor<strong>es</strong> e um irmão. A renda familiar é proveniente do <strong>tr</strong>abalho do genitor, no valor de R$ 400,00(qua<strong>tr</strong>ocentos<br />

reais). Além disso, a assistente social afirma que o requerente recebe ajuda de sua avó paterna no valor de R$ 40,00<br />

(quarenta reais), bem como da Secretaria Municipal de Ação Social, que fornece uma c<strong>es</strong>ta básica mensal e da Secretaria<br />

Municipal de Saúde. A d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>a básica mensal é de R$ 70,00 (setenta reais) de energia elé<strong>tr</strong>ica, R$ 45,00 (quarenta e cinco<br />

reais) de gás, R$ 300,00 (<strong>tr</strong>ezentos reais) de medicamentos, R$ 200,00 (duzentos reais) de produtos agrícolas e R$ 80,00<br />

(oitenta reais) de <strong>tr</strong>ansporte.<br />

4. Ao se analisar o conjunto probatório nos autos, verifica-se que foi realizada perícia médica judicial (fls. 144/145) a fim de<br />

diagnosticar as moléstias que acometem a parte autora. O perito médico concluiu que ap<strong>es</strong>ar de o recorrente ser portador<br />

de diabet<strong>es</strong> mellitus, o m<strong>es</strong>mo não possui limitaçõ<strong>es</strong> que comprometam suas atividad<strong>es</strong> cotidianas. Em qu<strong>es</strong>ito do juízo de<br />

número 5, o perito r<strong>es</strong>ponde que é uma criança bem nu<strong>tr</strong>ida, ágil, inteligente, membros superior<strong>es</strong> e inferior<strong>es</strong> normais,<br />

abdômen normal, conversa e enxerga bem, audição normal e r<strong>es</strong>pondendo com coerência às perguntas feitas. Conclui que<br />

o autor <strong>es</strong>tá apto para a vida normal.<br />

5. O Ministério Público <strong>Federal</strong> se manif<strong>es</strong>tou pela improcedência da pretensão autoral (fls. 154/156 – verso), pelo fato de o<br />

autor não preencher o requisito da miserabilidade.<br />

6. No que tange ao requisito da incapacidade, de acordo com a perícia médica judicial (fls. 144/145), tal requisito não se<br />

encon<strong>tr</strong>a satisfeito, visto que o perito médico alegou não haver incapacidade da parte autora. Assim, a hipót<strong>es</strong>e dos autos<br />

revela que não é devido o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, tendo em vista que não ficou comprovada a incapacidade do<br />

recorrente.<br />

7. D<strong>es</strong>ta forma, não é devido o benefício pleiteado por não <strong>es</strong>tarem preenchidos os requisitos nec<strong>es</strong>sários à sua<br />

conc<strong>es</strong>são.<br />

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que o recorrente é beneficiário da assistência judiciária<br />

gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


72 - 0000708-19.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000708-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUAN ROZARIO DOS<br />

SANTOS (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

JOSE APARECIDO BUFFON.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000708-19.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000708-5/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS –<br />

PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL – INCAPACIDADE NÃO COMPROVADA – PREVALÊNCIA DA PERÍCIA JUDICIAL –<br />

SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por LUAN ROZARIO DOS SANTOS, em face da sentença (fls. 65/67) que<br />

julgou improcedente o seu pedido inicial de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada. Almeja o<br />

recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a sentença prolatada no juízo a quo seja declarada nula e que os autos retornem<br />

ao Juizado de origem para que sejam complementadas as r<strong>es</strong>postas relativas aos qu<strong>es</strong>itos do juízo ou que seja d<strong>es</strong>ignada<br />

nova perícia judicial. Subsidiariamente, o recorrente requer a reforma da sentença, suscitando que a incapacidade pode ser<br />

comprovada pelos laudos acostados aos autos, fazendo-se cumprir, portanto, todas as condiçõ<strong>es</strong> para que o benefício<br />

assistencial seja concedido. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possua meios de prover o próprio sustento e nem de tê-lo<br />

provido por sua família.<br />

3. A perícia médica judicial (fl. 54) constatou que o autor é portador de catarata congênita no olho <strong>es</strong>querdo (amaurose),<br />

sem indicação de <strong>tr</strong>atamento cirúrgico, apr<strong>es</strong>entando quadro <strong>es</strong>tável. Ao verificar tais qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong>, o jurisperito concluiu que o<br />

recorrente não se encon<strong>tr</strong>a incapaz, podendo exercer qualquer atividade, independente de <strong>es</strong>forço físico intenso.<br />

4. Quanto ao pedido de anulação da sentença, entendo que não assiste razão ao recorrente. A matéria foi suficientemente<br />

<strong>es</strong>clarecida pelo médico perito, que é <strong>es</strong>pecialista habilitado e capacitado para realização de perícias de forma imparcial.<br />

Ademais, como é possível perceber, os requisitos que o recorrente almeja que sejam r<strong>es</strong>pondidos em nada alterariam o<br />

r<strong>es</strong>ultado da perícia médica judicial. Sendo assim, não há que se falar em cerceamento de def<strong>es</strong>a, visto que o documento<br />

pericial foi conclusivo e suficiente, não havendo, consequentemente, qualquer nulidade acerca da produção de provas.<br />

5. No que tange à incapacidade, é possível perceber a clara incompatibilidade en<strong>tr</strong>e o laudo particular apr<strong>es</strong>entado (fl. 11) e<br />

o laudo subscrito pelo perito médico judicial (fl. 54). É importante, portanto, atentar ao Enunciado nº 08 da Turma Recursal<br />

do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em<br />

princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena incapacidade laborativa, há de prevalecer sobre o<br />

particular”. Não se dispõe, no caso dos autos, de elementos aptos a excluir a incidência do entendimento consolidado no<br />

referido enunciado.<br />

6. Por todo o exposto, ao se verificar que não houve cerceamento da def<strong>es</strong>a no que tange à perícia médica judicial e que o<br />

recorrente não preencheu o requisito da incapacidade exigido para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial (art. 20 da Lei nº<br />

8.742/93), não merecem guarida os argumentos apr<strong>es</strong>entados em sede recursal.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

73 - 0003638-16.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003638-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS x SEBASTIANA SOTERIA DA CUNHA (ADVOGADO: ANDRÉ VINICIUS MARQUES<br />

GONÇALVES.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator


PROCESSO: 0003638-16.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003638-9/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 54/57) que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à autora d<strong>es</strong>de a data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo referente à<br />

renda per capita mínima inferior a ¼ do salário mínimo. Além disso, sustenta que não é devida a aplicação analógica do<br />

artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, e, por isso, a renda da aposentadoria do <strong>es</strong>poso não deve ser excluída do<br />

cômputo da renda per capita. Requer, assim, seja reformada a sentença, julgando-se improcedente o pedido. A parte<br />

autora não apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no artigo 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem de<br />

tê-la provida por sua família. A condição de idosa da autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fl. 07).<br />

4. O artigo 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

7. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 15/19) constatou que a única fonte de renda da família, composta nos termos do § 1º do<br />

artigo 20 da Lei nº 8.742/93 pela autora e seu marido, é o benefício de aposentadoria por invalidez no valor de um salário<br />

mínimo mensal recebido pelo <strong>es</strong>poso (69 anos) da recorrida. Por meio do referido relatório social, verificou-se ainda, que o<br />

casal possui gastos com alimentação, energia, aluguel, conta de telefone e, principalmente, com medicamentos, uma vez<br />

que, tanto a autora quanto seu cônjuge, se apr<strong>es</strong>entam com idade avançada e saúde altamente debilitada em decorrência<br />

de diversas patologias incapacitant<strong>es</strong>, de forma que a renda mensal do <strong>es</strong>poso não vem suprindo tais d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as. Além<br />

disso, cabe d<strong>es</strong>tacar que a autora vive sob condição insalubre de moradia (pared<strong>es</strong> e teto com infil<strong>tr</strong>ação, ausência de<br />

janela, forte odor de mofo no interior da r<strong>es</strong>idência, en<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os). Deve-se, assim, ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria do<br />

m<strong>es</strong>mo no cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício de amparo assistencial.


9. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento do INSS no que diz r<strong>es</strong>peito à alegada violação dos dispositivos constitucionais de que<br />

<strong>tr</strong>atam os artigos 194, parágrafo único e 203, caput (legalidade); artigo 194, inciso III (seletividade e dis<strong>tr</strong>ibutividade); artigo<br />

195, § 5º (prévia fonte de custeio), bem como o artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03) e o artigo<br />

20, caput e § 3º da Lei nº 8.742/93, verifico que não procedem tais alegaçõ<strong>es</strong>. Não há que se falar em violação d<strong>es</strong>t<strong>es</strong><br />

dispositivos, uma vez que o Juízo a quo utilizou-se dos meios de interpretação da norma (hermenêutica) e recorreu ao<br />

entendimento jurisprudencial que se afigura dominante no pr<strong>es</strong>ente momento.<br />

10. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

74 - 0000212-58.2007.4.02.5052/02 (2007.50.52.000212-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x ADILSON DE DEUS<br />

PINHEIRO - Repr<strong>es</strong>entado por sua genitora. (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000212-58.2007.4.02.5052/02 (2007.50.52.000212-1/02)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – PORTADOR DE DEFICIÊNCIA – ART.<br />

34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS –<br />

SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 154/158, que julgou procedente o<br />

pedido inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à parte autora d<strong>es</strong>de<br />

a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo de<br />

miserabilidade do recorrido. Aduz, ainda, que não é devida a aplicação analógica do art. 34, parágrafo único do Estatuto do<br />

Idoso e que, portanto, a renda da aposentadoria da genitora não deve ser excluída do cômputo para cálculo da renda<br />

familiar per capita. Requer, assim, o recebimento do recurso nos efeitos devolutivo e suspensivo e, no mérito, que seja<br />

julgado totalmente improcedente o pedido. A parte autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da<br />

sentença.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93, a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento. A condição<br />

de portadora de deficiência da parte autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fls. 140/142).<br />

4. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita.<br />

6. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que<br />

deve ser feita uma análise da situação de miserabilidade, com base no critério objetivo da renda per capita da família para<br />

fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal, haja vista que


aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor excluído para fins de<br />

percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>a p<strong>es</strong>soa da família (idoso ou portador de deficiência), ao passo que aquele que<br />

con<strong>tr</strong>ibuiu para o INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa<br />

situação, além de violar o princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade. Portanto, deve<br />

ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria da genitora no cálculo da renda per capita.<br />

7. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág. 03 - anexo)”.<br />

8. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

9. O parecer socioeconômico (fls. 31/32) constatou que a única fonte de renda da família, composta pelo autor, sua mãe e<br />

irmã, é o benefício de aposentadoria no valor de um salário mínimo mensal recebido pela genitora do recorrido (fl. 28). Por<br />

meio do referido relatório social, verificou-se ainda, que devido a retardo mental grave com déficit motor em pé e mão direita<br />

(sequelas de meningite), o autor não tem condiçõ<strong>es</strong> de d<strong>es</strong>envolvimento intelectual, nec<strong>es</strong>sitando de auxílio constante de<br />

terceiros para realização de tarefas do cotidiano. Além disso, a sua genitora é idosa e faz uso de medicação contínua para<br />

osteoporose. A família não <strong>es</strong>tá incluída em atendimento assistencial dos Programas Sociais mantidos pelo poder público.<br />

Deve-se, assim, ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria da genitora no cálculo da renda familiar per capita. R<strong>es</strong>ta, por<br />

conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial.<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

75 - 0000453-95.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000453-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA BEATRIZ PEREIRA<br />

(ADVOGADO: GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS, MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO.) x<br />

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES<br />

GOMES.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000453-95.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000453-5/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS –<br />

RENDA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO – MISERABILIDADE NÃO VERIFICADA – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARIA BEATRIZ PEREIRA, em face da sentença (fls. 103/105) que julgou<br />

improcedente o seu pedido inicial de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada. Almeja a recorrente, em<br />

suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a referida sentença seja reformada. Seus argumentos se baseiam no moderno entendimento<br />

jurisprudencial que prevê a aplicação analógica do art. 34 da Lei n° 10.741/03. Sustenta a autora que, aplicando<br />

analogicamente o dispositivo, haveria a possibilidade de d<strong>es</strong>considerar o benefício previdenciário percebido pelo cônjuge,


atendendo, d<strong>es</strong>te modo, ao critério objetivo da renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo. O INSS apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />

considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />

forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />

capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

3. No pr<strong>es</strong>ente caso, o requisito da incapacidade permaneceu incon<strong>tr</strong>overso, sendo a perícia médica judicial (fls. 93/95)<br />

conclusiva no que concerne à impossibilidade da autora de exercer atividad<strong>es</strong> laborativas. A con<strong>tr</strong>ovérsia r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ingiu-se à<br />

renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

4. O parecer socioeconômico (fls. 44/46), datado de 15/10/2008, constatou que a fonte de renda da família, composta pela<br />

recorrente (59 anos de idade), seu cônjuge (60 anos de idade) e seu filho (21 anos de idade), era o benefício previdenciário<br />

de seguro-d<strong>es</strong>emprego percebido pelo marido, no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais), assim como o capital obtido<br />

a<strong>tr</strong>avés da venda de bebidas alcoólicas no bar da família. A recorrente não soube informar a renda que o bar<br />

proporcionava.<br />

5. Inicialmente, é cabível d<strong>es</strong>tacar que a analogia <strong>tr</strong>atada pelo art. 34 da Lei n° 10.741/93 (Estatuto dos Idosos), faz<br />

referência, exclusivamente, aos idosos. O parágrafo único do dispositivo <strong>es</strong>clarece: “O benefício já concedido a qualquer<br />

membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se<br />

refere a Loas.”. O legislador delimitou os sujeitos da d<strong>es</strong>consideração nos termos do caput. Ao observar isso, conclui-se<br />

que apenas aquel<strong>es</strong> maior<strong>es</strong> de 65 anos de idade terão a oportunidade de ter seus benefícios d<strong>es</strong>considerados. Sendo<br />

assim, sua aplicação torna-se impossível no pr<strong>es</strong>ente caso, visto que o cônjuge da recorrente possui 60 anos de idade, não<br />

sendo englobado no dispositivo.<br />

6. No que concerne ao requisito da miserabilidade, é possível verificar que não houve sua satisfação, afinal, conforme<br />

d<strong>es</strong>tacado no relatório social (fls. 44/46), o núcleo familiar era composto de <strong>tr</strong>ês p<strong>es</strong>soas, auferindo uma renda mensal de<br />

cerca de R$ 600,00 (seiscentos reais). Não havendo a possibilidade de realização da analogia, torna-se inviável<br />

d<strong>es</strong>considerar a renda obtida do benefício de seguro d<strong>es</strong>emprego. Assim, a hipót<strong>es</strong>e dos autos revela que não é devido o<br />

benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, pois a renda per capita disponível é, em muito, superior a ¼ do salário mínimo.<br />

7. Ap<strong>es</strong>ar de o critério referente ao quantum da renda familiar não ser considerado absoluto, podendo ser relativizado em<br />

casos excepcionais, cabe r<strong>es</strong>saltar que no caso em tela não foi constatada condição de miserabilidade. Por todo exposto,<br />

não r<strong>es</strong>tam preenchidos os requisitos legais para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial.<br />

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

76 - 0006217-97.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006217-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x JOANA MARIANO NUNES (ADVOGADO:<br />

VERA LÚCIA FÁVARES.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0006217-97.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006217-2/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.


1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 55/56) que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à autora d<strong>es</strong>de a data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo referente à<br />

renda per capita mínima inferior a ¼ do salário mínimo. Além disso, sustenta que não é devida a aplicação analógica do<br />

artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, e, por isso, a renda da aposentadoria do <strong>es</strong>poso não deve ser excluída do<br />

cômputo da renda per capita da autora. Requer, assim, seja reformada a sentença, julgando-se improcedente o pedido. A<br />

parte autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no artigo 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem de<br />

tê-la provida por sua família. A condição de idosa da autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fl. 12).<br />

4. O artigo 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

7. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 23/28) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seu<br />

marido, é o benefício de aposentadoria no valor de um salário mínimo mensal recebido pelo <strong>es</strong>poso (78 anos) da recorrida.<br />

Por meio do referido relatório social, verificou-se ainda, que o casal possui gastos com alimentação, energia, água, gás e,<br />

principalmente, com medicamentos, uma vez que, tanto a autora quanto seu cônjuge, se apr<strong>es</strong>entam com idade avançada<br />

e saúde altamente debilitada em decorrência de diversas patologias incapacitant<strong>es</strong>, de forma que a renda mensal do<br />

<strong>es</strong>poso não vem suprindo tais d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as. Além disso, cabe d<strong>es</strong>tacar que a autora vive sob condição razoável de moradia<br />

(piso de cerâmica e teto de laje), com mobília simpl<strong>es</strong> e de uso comum. O casal não recebe ajuda de nenhum familiar nem<br />

é assistido por programa assistencial do governo. Deve-se, assim, ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria do cônjuge no<br />

cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />

amparo assistencial.<br />

9. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados


Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

77 - 0000242-59.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000242-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x VALDELICE SILVA<br />

FERREIRA (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000242-59.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000242-3/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – REQUISITOS PREENCHIDOS –<br />

INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA INFERIDA DAS CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS – RENDA MENSAL<br />

FAMILIAR PER CAPITA NULA – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 71/73 (complementada pela sentença de<br />

fls. 79/81), que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada d<strong>es</strong>de a data do diagnóstico<br />

da doença. Afirma o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a autora não <strong>es</strong>tá total e definitivamente incapacitada para o<br />

exercício de atividad<strong>es</strong> laborativas, isto é, que não preenche o requisito da incapacidade para a conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />

amparo assistencial. Aduz, ainda, que a renda mensal familiar per capita supera o patamar legal de ¼ do salário mínimo.<br />

Requer, assim, seja reformada a sentença e julgados improcedent<strong>es</strong> os pedidos exordiais. Subsidiariamente, pugna para<br />

que a condenação se r<strong>es</strong><strong>tr</strong>inja ao pagamento de verbas vencidas referent<strong>es</strong> ao período de 10/11/2008 a 05/2009. A parte<br />

autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença. Ademais, requereu o pagamento das parcelas<br />

compreendidas en<strong>tr</strong>e outubro de 2010 e abril de 2011, visto que a sentença determinou que o pagamento ocorr<strong>es</strong>se a partir<br />

de outubro de 2010 (em sede de antecipação de tutela).<br />

2. Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />

considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />

forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />

capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

3. No que tange à incapacidade, a autora foi submetida à perícia médica judicial (fls. 60/67), onde ficou constatado que a<br />

m<strong>es</strong>ma é portadora de “alteraçõ<strong>es</strong> circulatórias ao nível das coronárias”. O médico perito caracterizou a incapacidade da<br />

autora como sendo de origem degenerativa (qu<strong>es</strong>ito 03 do Juízo) e afirmou que a m<strong>es</strong>ma se encon<strong>tr</strong>a incapacitada para o<br />

exercício de qualquer atividade que lhe garanta a subsistência, pois pela idade que apr<strong>es</strong>enta, sua empregabilidade<br />

apr<strong>es</strong>enta-se comprometida (qu<strong>es</strong>ito 04 do Juízo). Nos demais qu<strong>es</strong>itos, o médico foi enfático em afirmar que a autora não<br />

<strong>es</strong>tá incapacitada em definitivo para o <strong>tr</strong>abalho ou para o exercício dos atos da vida civil, porém sempre fazendo a r<strong>es</strong>salva<br />

de que a recorrida <strong>es</strong>teve incapacitada no período en<strong>tr</strong>e novembro de 2008 até maio de 2009.<br />

4. Ocorre que as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais da autora, como a obs<strong>tr</strong>ução da circulação sanguínea que a impede de realizar<br />

atividad<strong>es</strong> que nec<strong>es</strong>sitem de maior aporte de oxigênio, a experiência profissional ex<strong>tr</strong>emamente limitada às atividad<strong>es</strong> do<br />

lar e o baixo nível de ins<strong>tr</strong>ução (ensino fundamental incompleto) indicam que a incapacidade objetivamente tida por parcial,<br />

na realidade, é total e definitiva. Isso porque, além da incapacidade por si só, existem ou<strong>tr</strong>os fator<strong>es</strong> de ordem p<strong>es</strong>soal que<br />

não podem ser d<strong>es</strong>considerados. Não há atividade laboral compatível com a sua realidade funcional, pois os possíveis<br />

<strong>tr</strong>abalhos a serem exercidos pela recorrida serão de caráter físico, <strong>es</strong>tando incapacitada para a realização de tais funçõ<strong>es</strong>.<br />

5. O parecer socioeconômico (fls. 35/36) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seu<br />

marido, é o Benefício de Pr<strong>es</strong>tação Continuada no valor de um salário mínimo mensal recebido pelo <strong>es</strong>poso da recorrida.<br />

Por meio do referido relatório social, verificou-se, ainda, que o casal possui diversos gastos com alimentação, energia,<br />

água, gás e que a renda mensal percebida pelo companheiro tem sido insuficiente para suprir as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> básicas da<br />

família, uma vez que possuem gastos com alimentação <strong>es</strong>pecial, devido à dieta que o casal nec<strong>es</strong>sita fazer, medicamentos<br />

e exam<strong>es</strong>.<br />

6. Deve-se d<strong>es</strong>tacar, no caso sub examen, o aludido no artigo 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do<br />

Idoso). O referido dispositivo de lei determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer membro da família não<br />

deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.


7. Com efeito, o benefício assistencial percebido pelo cônjuge da requerente deve ser d<strong>es</strong>considerado no cálculo da renda<br />

per capita. Tem-se, por certo, que a renda da família, composta pela autora e o <strong>es</strong>poso, é nula. Não há que se falar em<br />

inexistência de miserabilidade, tampouco que a renda mensal familiar per capita seja superior ao patamar legal de ¼ do<br />

salário mínimo. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo<br />

assistencial.<br />

8. Houve o preenchimento de todos os demais requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada. D<strong>es</strong>se<br />

modo, diante do que fora exposto e argumentado, não merece qualquer reforma a sentença, cujos fundamentos utilizo<br />

como razão adicional de decidir.<br />

9. Quantos às parcelas vencidas en<strong>tr</strong>e a data da sentença (que antecipou os efeitos da tutela) e a efetiva implantação do<br />

benefício (ou seja, en<strong>tr</strong>e outubro de 2010 e abril de 2011), entendo que o pagamento deverá ocorrer juntamente com as<br />

parcelas vencidas ant<strong>es</strong> da prolação da sentença, visto que o ente público <strong>es</strong>tá sujeito ao regime <strong>es</strong>pecial de pagamento<br />

por precatório (ou RPV, caso seja <strong>es</strong>se o caso).<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Condenação do Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor da<br />

condenação, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

78 - 0003523-58.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003523-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA LUCIA DE SOUZA<br />

PENHA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

Marcos Figueredo Marçal.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0003523-58.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003523-5/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE LABORAL<br />

TEMPORÁRIA – LAUDO MÉDICO PERICIAL – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARIA LÚCIA DE SOUZA PENHA, em face da sentença de fls. 73/74, que<br />

julgou parcialmente procedente o seu pedido inicial, r<strong>es</strong>tabelecendo o benefício de auxílio-doença e rejeitando a sua<br />

conversão em aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, MARIA LÚCIA DE SOUZA PENHA (48 anos de idade,<br />

merendeira), em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portadora de doença que a incapacita de forma total e definitiva (hipertensão<br />

arterial severa e diabet<strong>es</strong> mellitus do tipo insulino-dependente), fazendo jus, assim, ao benefício da aposentadoria por<br />

invalidez. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o<br />

caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15<br />

(quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, conforme o art. 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao<br />

segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o<br />

exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se quanto à incapacidade definitiva ou não da parte autora. A perícia médica judicial constatou que a<br />

recorrente é portadora de hipertensão arterial sistêmica e diabet<strong>es</strong> mellitus. O jurisperito <strong>es</strong>clareceu, no 9º qu<strong>es</strong>ito, que a<br />

autora não se encon<strong>tr</strong>a, no momento, com aptidão física e mental para exercer a atividade habitual de merendeira, visto<br />

que isso aumentaria o risco de evento cérebro-vascular. Informa, ainda, no 14º qu<strong>es</strong>ito, que a incapacidade profissional da<br />

recorrente é temporária, até que se normalizem os níveis pr<strong>es</strong>sóricos.<br />

4. Não há razõ<strong>es</strong> para se d<strong>es</strong>considerar o laudo judicial de fls. 42/45. A matéria foi suficientemente <strong>es</strong>clarecida pelo perito<br />

médico judicial, que é <strong>es</strong>pecialista habilitado e capacitado para realização de perícias de forma imparcial. Importante<br />

atentar-se ao teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral,<br />

enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a<br />

r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.


5. Assim, não havendo incapacidade definitiva, requisito <strong>es</strong>sencial para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez, não<br />

merecem guarida os argumentos expostos no pleito recursal.<br />

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

79 - 0000024-23.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000024-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x ISACK BABISKI (ADVOGADO: ELIZABETH<br />

GAVA DE SOUZA, GABRIELA PARMA MARÇAL, DANIELA DE CASTRO NEVES, MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA<br />

NEVES.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000024-23.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000024-0/01)<br />

V O T O<br />

Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 43/45, que julgou procedente o pedido de<br />

ISACK BABISKI (41 anos de idade), condenando a autarquia previdenciária a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício previdenciário de<br />

auxílio-doença d<strong>es</strong>de 26/10/2010, assim como a pagar ao autor a quantia vencida, d<strong>es</strong>de 26/06/2010, d<strong>es</strong>contado o período<br />

em que recebeu ou<strong>tr</strong>o benefício (20/01/2011 a 05/08/2011). Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não houve<br />

comprovação capaz de ensejar o recebimento de auxílio-doença no período en<strong>tr</strong>e a conc<strong>es</strong>são dos dois benefícios<br />

previdenciários e, muito menos, no período após a c<strong>es</strong>sação ocorrida em 05/08/2011. A parte autora apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> intemp<strong>es</strong>tivamente, motivo pelo qual tal peça será d<strong>es</strong>considerada.<br />

É o breve relatório. Passo a votar.<br />

A conc<strong>es</strong>são do benefício de auxílio-doença exige que o demandante atenda aos requisitos legais dispostos pelo art. 59 da<br />

Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> mensais e, ainda,<br />

<strong>es</strong>tar incapacitado para o <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos.<br />

O recorrido, motorista, atualmente com 41 anos de idade, foi submetido à perícia médica judicial (fls. 28/31) realizada no dia<br />

13/04/2011. O perito, durante a perícia médica judicial, constatou que o recorrido apr<strong>es</strong>entava tuberculose pulmonar<br />

multirr<strong>es</strong>istente, patologia que provoca incapacidade temporária para o <strong>tr</strong>abalho, nec<strong>es</strong>sitando de afastamento por tempo<br />

superior a 15 dias.<br />

Observa-se que a parte autora recebeu o benefício previdenciário en<strong>tr</strong>e os períodos de 30/10/2008 a 26/10/2010 e<br />

20/01/2011 a 05/08/2011. Regis<strong>tr</strong>e-se que na data em que foi realizada a perícia judicial, em 13/04/11, o autor <strong>es</strong>tava no<br />

gozo de auxílio-doença concedido adminis<strong>tr</strong>ativamente, como r<strong>es</strong>saltou o INSS em seu recurso: “(...) De plano, cumpre<br />

d<strong>es</strong>tacar que O LAUDO MÉDICO ELABORADO PELO PERITO JUDICIAL, acostado à fls. 28/31, realizado em 13/04/2011,<br />

CORROBOROU O ENTENDIMENTO ADMINISTRATIVO ao consignar que, naquele momento, encon<strong>tr</strong>a-se incapaz o<br />

autor. À época, o autor encon<strong>tr</strong>ava-se em pleno gozo de benefício. Cumpre d<strong>es</strong>tacar que, no que tange ao período da<br />

incapacidade, o laudo pericial se limitou a at<strong>es</strong>tar tal condição naquele momento, 13/04/2011, e informar que a recuperação<br />

levaria mais do que 15 dias. (...)” (fl. 49). Aparentemente tal dado foi ignorado na sentença.<br />

Com efeito, na sentença prolatada pelo juízo a quo, o r<strong>es</strong>peitável magis<strong>tr</strong>ado condenou o INSS a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício<br />

de auxílio-doença d<strong>es</strong>de a sua c<strong>es</strong>sação em 05/08/2011, assim como a pagar a quantia referente ao período de 26/10/2010<br />

e 19/01/2011. O INSS argumenta que não existe material probatório suficiente para con<strong>tr</strong>ariar a c<strong>es</strong>sação adminis<strong>tr</strong>ativa<br />

após 05/08/11 e, menos ainda, para afirmar a incapacidade laborativa no período en<strong>tr</strong>e os dois benefícios.<br />

No que se refere ao período compreendido en<strong>tr</strong>e 27/10/2010 e 19/01/2011, pr<strong>es</strong>ume-se que a parte autora não obteve<br />

r<strong>es</strong>ultados positivos quanto à sua recuperação, visto que o decurso temporal en<strong>tr</strong>e a c<strong>es</strong>sação do benefício (26/10/2010) e<br />

a nova conc<strong>es</strong>são (20/01/2011) é consideravelmente pequeno. Devido a <strong>es</strong>te lapso temporal ser, evidentemente, curto,<br />

pr<strong>es</strong>supõe-se que a incapacidade temporária ainda acometia a autora, impossibilitando-a de exercer atividad<strong>es</strong><br />

profissionais. Os laudos particular<strong>es</strong> de fls. 9/12 reforçam a percepção de que o autor não <strong>es</strong>tava em condiçõ<strong>es</strong> de exercer


atividad<strong>es</strong> laborais no período mencionado. Logo, torna-se claro que a c<strong>es</strong>sação realizada pela autarquia federal foi<br />

indevida, fazendo a parte autora jus ao pagamento da quantia vencida durante <strong>es</strong>te período.<br />

No que concerne à c<strong>es</strong>sação realizada pela autarquia federal em 05/08/2011, é possível constatar que não há nos autos<br />

nenhum parecer médico ou ou<strong>tr</strong>a forma de prova que confirme a persistência da doença após a c<strong>es</strong>sação do benefício.<br />

Vale regis<strong>tr</strong>ar que a perícia judicial fora realizada em 13/04/11, quase qua<strong>tr</strong>o m<strong>es</strong><strong>es</strong> ant<strong>es</strong> da c<strong>es</strong>sação. Ademais, ainda é<br />

razoável verificar que o INSS r<strong>es</strong>peitou o tempo limite fixado pelo perito judicial, garantindo ao recorrido um prazo muito<br />

superior a 15 dias. Supõe-se, ainda, que a autarquia federal seguiu todos os procedimentos legais para que a c<strong>es</strong>sação<br />

fosse contemplada, realizando a perícia médica adminis<strong>tr</strong>ativa conforme os padrõ<strong>es</strong> <strong>es</strong>tabelecidos.<br />

Sendo assim, não havendo prova de que a incapacidade da parte autora <strong>es</strong>tendeu-se após a c<strong>es</strong>sação do benefício, em<br />

05/08/2011, inexiste a possibilidade de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença após a mencionada data.<br />

Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO DO INSS PARA, NO MÉRITO, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO e reformar a<br />

sentença recorrida quanto ao r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença após 05/08/2011. Quanto ao pagamento das<br />

parcelas compreendidas en<strong>tr</strong>e 27/10/2010 e 19/01/2011 a sentença deve ser mantida.<br />

Revoga-se a antecipação de tutela.<br />

Fica o autor d<strong>es</strong>obrigado a r<strong>es</strong>tituir os valor<strong>es</strong> recebidos relativamente ao período posterior a 05/08/11 em face do seu<br />

caráter alimentar.<br />

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na forma<br />

do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.<br />

É como voto.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE – CESSAÇÃO DEVIDA – INCAPACIDADE NÃO COMPROVADA<br />

– PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL RESPEITADA – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES – RECURSO DO INSS<br />

CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo em CONHECER DO RECURSO DO INSS PARA, NO MÉRITO,<br />

DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, reformando-se, em parte, a sentença, na forma do voto e ementa constant<strong>es</strong> dos<br />

autos, que ficam fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

80 - 0000100-90.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000100-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JUCIMAR NATALINO<br />

BOTELHO (ADVOGADO: WILLIAN PEREIRA PRUCOLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000100-90.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000100-6/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE<br />

LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por JUCIMAR NATALINO BOTELHO, em face da sentença de fls. 101/102,<br />

que julgou improcedente o seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez.<br />

Alega o recorrente, JUCIMAR NATALINO BOTELHO (42 anos de idade, auxiliar de obras – profissão declarada na peça<br />

inicial), em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portador de <strong>es</strong>pondiloar<strong>tr</strong>ose lombar, profusão discal en<strong>tr</strong>e l3-l4 e discopatia l4-l5.<br />

Com isso, requer a reforma da sentença, almejando que seu pedido inicial seja julgado procedente. O INSS apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o<br />

caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15<br />

(quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao segurado<br />

que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de


atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. Preliminarmente, reitero o entendimento firmado no juízo “a quo” acerca da aposentadoria por invalidez. Para que se<br />

caracterize tal benefício, é <strong>es</strong>sencial a demons<strong>tr</strong>ação da incapacidade total, definitiva e absoluta do segurado. Observa-se,<br />

no entanto, que o recorrente não se encon<strong>tr</strong>a em tais condiçõ<strong>es</strong>, conforme os laudos e exam<strong>es</strong> anexados na inicial e as<br />

perícias médicas judiciais (fls. 56/59 e 86/87), impossibilitando, consequentemente, a conc<strong>es</strong>são da pr<strong>es</strong>tação beneficiária.<br />

4. É possível verificar que a parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença por acidente de <strong>tr</strong>abalho no período de<br />

03/03/2009 a 01/05/2009. Após a c<strong>es</strong>sação do benefício, o recorrente formulou novos requerimentos, sendo todos<br />

indeferidos pela perícia médica adminis<strong>tr</strong>ativa da autarquia federal. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos,<br />

é possível constatar que as perícias médicas judiciais não detectaram, em nenhum momento, doença incapacitante, ou<br />

seja, aquela que gera no indivíduo a nec<strong>es</strong>sidade de afastamento da atividade profissional para que haja recuperação.<br />

5. Deve-se observar, ainda, que o segundo jurisperito, de fato, diagnosticou <strong>es</strong>pondiloar<strong>tr</strong>ose incipiente e quadro de dor na<br />

região lombar. En<strong>tr</strong>etanto, como justificado pelo próprio perito, tal patologia não incapacita para a realização da atividade<br />

habitual do recorrente (auxiliar de docas – profissão declarada pelo autor). Ap<strong>es</strong>ar de a parte autora apr<strong>es</strong>entar laudos que<br />

d<strong>es</strong>tacam sua enfermidade (fls. 13/38), vale r<strong>es</strong>saltar o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O<br />

laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial.<br />

O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

6. O requisito da incapacidade é <strong>es</strong>sencial para garantir o benefício de auxílio-doença. Não havendo o preenchimento de tal<br />

condição, torna-se impossível a conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

81 - 0001341-36.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001341-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GEMINIANA MARIA DE<br />

AZEVEDO CASTILHOS DOS REIS (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0001341-36.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001341-9/01)<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – TRIBUTÁRIO – AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA –<br />

COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA – LEIS 7.713/88 E 9.250/95 – PRAZO PRESCRICIONAL DE CINCO ANOS –<br />

AÇÃO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – ENTENDIMENTO DO SUPREMO<br />

TRIBUNAL FEDERAL NO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 566.621/RS EM 04/08/2011 –<br />

RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO.<br />

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União <strong>Federal</strong>, em face do acórdão que deu provimento ao recurso<br />

inominado interposto pela parte autora, no sentido de que não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência<br />

privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários, sob a égide<br />

da Lei nº 7.713/88, ou seja, en<strong>tr</strong>e 01/01/1989 e 31/12/1995 ou en<strong>tr</strong>e 01/01/1989 e a data de início da aposentadoria, se<br />

anterior a janeiro de 1996.<br />

Alega a União <strong>Federal</strong> que houve omissão na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma, visto que não abordou o argumento de<br />

que, do valor pleiteado pelo autor, devem ser deduzidas as verbas r<strong>es</strong>tituídas por ocasião do ajuste anual da Declaração de<br />

Imposto de Renda P<strong>es</strong>soa Física. Sustenta a embargante que a omissão em relação à apreciação d<strong>es</strong>te pedido importará<br />

em enriquecimento sem causa do autor. Requer, assim, que conste determinação expr<strong>es</strong>sa de dedução das verbas<br />

recebidas a título de r<strong>es</strong>tituição por ocasião do ajuste anual na DIRPF. Aduz, ainda, que a oposição dos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong><br />

embargos tem por <strong>es</strong>copo pugnar pela adequação do acórdão à orientação emanada do STF, a r<strong>es</strong>peito do prazo<br />

pr<strong>es</strong>cricional aplicável na repetição de <strong>tr</strong>ibuto sujeito a lançamento por homologação.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto, visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> da embargante, verifica-se que <strong>es</strong>ta aponta a existência de omissão e


obscuridade na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

Com razão a União <strong>Federal</strong>. O entendimento firmado no julgamento do acórdão de fls. 79/82 computou o prazo<br />

pr<strong>es</strong>cricional da seguinte forma:<br />

“O prazo pr<strong>es</strong>cricional das açõ<strong>es</strong> de compensação/repetição de indébito, relativamente às con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas en<strong>tr</strong>e<br />

01/01/89 e 31/12/95 ou en<strong>tr</strong>e 01/01/89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996, deve ser contado<br />

da seguinte forma: para quem se aposentou a partir de 09/06/2005 (vigência da Lei Complementar 118/2005), o prazo para<br />

se pleitear a r<strong>es</strong>tituição é de cinco anos a contar da data da aposentadoria; quem se aposentou ant<strong>es</strong> de 09/06/2005, deve<br />

obedecer ao regime previsto no sistema anterior (10 anos), limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da<br />

vigência da novel lei complementar.”<br />

Todavia, no julgamento do RE 566.621/RS, em 04/08/2011, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, por maioria, tendo como relatora a<br />

Minis<strong>tr</strong>a Ellen Gracie, pacificou o entendimento de que, nas açõ<strong>es</strong> de repetição de indébito ou compensação de indébito<br />

<strong>tr</strong>ibutário ajuizadas após 09/06/2005, o prazo pr<strong>es</strong>cricional é de 05 (cinco) anos.<br />

D<strong>es</strong>ta forma, curvo-me ao entendimento da Excelsa Corte e reconheço a pr<strong>es</strong>crição da pr<strong>es</strong>ente ação, visto que, en<strong>tr</strong>e a<br />

data da aposentadoria da parte autora e a data do ajuizamento da ação, <strong>tr</strong>anscorreram-se mais de 05 (cinco) anos. De fato,<br />

a data de início da aposentadoria da beneficiária é 01/10/2000 (fl. 16) e a pr<strong>es</strong>ente ação foi ajuizada apenas em 17/02/2009<br />

(fl. 01), apr<strong>es</strong>entando um interregno superior a 05 (cinco) anos.<br />

Sabe-se que o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> é<br />

inexigível (CPC, § 1º do art. 475-L), sendo prudente, por irradiação do direito fundamental a um proc<strong>es</strong>so sem dilaçõ<strong>es</strong><br />

indevidas, adequar o acórdão aos parâme<strong>tr</strong>os fixados pela Corte Superior.<br />

A objeção de que somente na fase executiva do proc<strong>es</strong>so caberia a pr<strong>es</strong>ente discussão cai por terra quando confrontada<br />

com as exigências do proc<strong>es</strong>so civil moderno, em que se requer uma tutela efetiva com o menor gravame para as part<strong>es</strong>.<br />

Daí a pertinência dos princípios da economia e celeridade, que orientam os Juizados Especiais (art. 2º, da lei 9.099/95).<br />

Ainda que <strong>es</strong>te julgador tenha entendimento de que é devida a compensação dos valor<strong>es</strong> pagos adminis<strong>tr</strong>ativamente, r<strong>es</strong>ta<br />

prejudicado o efeito, pelo reconhecimento da pr<strong>es</strong>crição.<br />

Embargos conhecidos e providos. Acórdão reformado para extinguir o proc<strong>es</strong>so com r<strong>es</strong>olução do mérito, nos termos do<br />

art. 269, IV do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, reconhecendo a pr<strong>es</strong>crição.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PROVIMENTO,<br />

EXTINGUINDO O PROCESSO, COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, NOS TERMOS DO ART. 269, IV DO CPC, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

82 - 0004377-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004377-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VITOR ANTONIO PIUMBINI<br />

(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR: CLEBSON DA<br />

SILVEIRA.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0004377-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004377-3/01)<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DE<br />

ENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente<br />

a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valor<strong>es</strong> efetuada pela ré, bem como a r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong><br />

recebidos a título de indenização de campo compensados com aquel<strong>es</strong> devidos em virtude da instituição da Gratificação de<br />

Atividade de Combate e Con<strong>tr</strong>ole de Endemias (GACEN).<br />

Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamento<br />

re<strong>tr</strong>oativamente ao mês de março de 2008; no entanto, o pagamento dos m<strong>es</strong><strong>es</strong> de março, abril, maio e junho somente foi<br />

creditado no mês de outubro, compensando-se tais valor<strong>es</strong> com aquel<strong>es</strong> recebidos a título de indenização de campo. Alega<br />

que foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.<br />

Ademais, que nenhuma compensação é devida, eis que de boa-fé e, notadamente, ante a ausência de previsão legal para a<br />

referida compensação. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido<br />

na inicial.<br />

A Gratificação de Atividade de Combate e Con<strong>tr</strong>ole de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a ela<br />

fazendo jus os agent<strong>es</strong> públicos encarregados do combate e con<strong>tr</strong>ole de endemias, submetidos ao regime <strong>es</strong>tatutário, na<br />

forma do seu artigo 54[1], em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº


8.216/1991.<br />

Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos os<br />

efeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção d<strong>es</strong>ta nos<br />

m<strong>es</strong>mos m<strong>es</strong><strong>es</strong> em que a GACEN é devida.<br />

Consigne-se, conquanto não autorizada expr<strong>es</strong>samente a compensação, na <strong>es</strong>pécie, não cabe invocar o princípio da<br />

legalidade abs<strong>tr</strong>atamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Con<strong>tr</strong>ole de<br />

Endemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e a<br />

moralidade, da qual se ex<strong>tr</strong>ai como corolário cardeal da atuação adminis<strong>tr</strong>ativa.<br />

No julgamento do Mandado de Segurança n. 25.641-DF, o STF evoluiu a sua jurisprudência no que refere à r<strong>es</strong>tituição de<br />

quantias recebidas de boa-fé por servidor público. Com efeito, no aludido julgamento, o STF afirmou que a r<strong>es</strong>tituição<br />

torna-se d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária quando concomitant<strong>es</strong> os seguint<strong>es</strong> requisitos: i) pr<strong>es</strong>ença de boa-fé do servidor; ii) ausência, por<br />

parte do servidor, de influência ou interferência para a conc<strong>es</strong>são da vantagem impugnada; iii) existência de dúvida<br />

plausível sobre a interpretação, validade ou incidência da norma infringida, no momento da edição do ato que autorizou o<br />

pagamento da vantagem impugnada; iv) interpretação razoável, embora errônea, da lei pela Adminis<strong>tr</strong>ação. (MS n. 25.641,<br />

Rel. Min. Eros Grau. Plenário, 22.11.2007). No caso dos autos, não <strong>es</strong>tão pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> os requisitos iii e iv acima indicados.<br />

N<strong>es</strong>sa ordem de idéias, justifica-se a intervenção adminis<strong>tr</strong>ativa, no sentido da compensação, na medida em que<br />

nec<strong>es</strong>sária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em d<strong>es</strong>favor dos cofr<strong>es</strong> públicos.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, ante o deferimento do benefício da<br />

assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

83 - 0005822-71.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005822-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO JOSE SILVA<br />

(ADVOGADO: HELTON TEIXEIRA RAMOS, DÁRIO DELGADO, ROGERIO SIMOES ALVES.) x INSTITUTO NACIONAL<br />

DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0005822-71.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005822-7/01)<br />

V O T O<br />

Trata-se de recurso inominado, interposto por ANTONIO JOSÉ SILVA, em face da sentença de fls. 186/187<br />

(complementada pela decisão de fl. 196) que extinguiu o proc<strong>es</strong>so sem r<strong>es</strong>olução do mérito com base no art. 51, III da Lei<br />

nº 9.099/95. Entendeu o magis<strong>tr</strong>ado a quo que o Juizado é absolutamente incompetente para apreciar pedidos cuja causa<br />

de pedir <strong>es</strong>teja relacionada a acident<strong>es</strong> de <strong>tr</strong>abalho. Sustentou, ainda, <strong>es</strong>tar d<strong>es</strong>cartada a rem<strong>es</strong>sa dos autos para o órgão<br />

jurisdicional competente (Vara de Acident<strong>es</strong> do Trabalho da Comarca da Capital) em virtude da aplicação do Enunciado 24<br />

do FONAJEF que assim dispõe: “Reconhecida a incompetência do JEF é cabível a extinção do proc<strong>es</strong>so, sem julgamento<br />

de mérito, nos termos do art. 1º da Lei nº 10.259/01 e do art. 51, III da Lei nº 9.099/95”.<br />

Sustenta o recorrente que a <strong>Justiça</strong> Estadual, a<strong>tr</strong>avés do magis<strong>tr</strong>ado a quo e do Tribunal de <strong>Justiça</strong>, afastou a competência<br />

da vara acidentária por não haver nexo de causalidade en<strong>tr</strong>e a hérnia discal e o acidente de <strong>tr</strong>abalho que o vitimou.<br />

R<strong>es</strong>salta que a doença que o acomete é de natureza degenerativa e que se manif<strong>es</strong>ta com o decorrer do tempo, conclusão<br />

a que chegou o próprio perito judicial. Concluiu alegando que o acidente de <strong>tr</strong>abalho ocorrido em 2002 apenas d<strong>es</strong>encadeou<br />

a referida doença, contudo, tal patologia preexistia àquele fatídico momento. Aduz que diante do <strong>tr</strong>ânsito em julgado do<br />

acórdão que julgou a ação acidentária <strong>es</strong>tá impossibilitado de requerer o benefício de aposentadoria por invalidez junto à<br />

<strong>Justiça</strong> Estadual.<br />

No mérito, afirma o autor-recorrente que <strong>es</strong>tá incapacitado para sua atividade habitual de armazenista e empilhadeirista de<br />

forma total e definitiva, motivo pelo qual faz jus à conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.<br />

O INSS, em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, aduz apenas que não cabe recurso de sentença terminativa, razão pela qual requer seja negado<br />

seguimento ao recurso.<br />

É o relatório do nec<strong>es</strong>sário. Passo a votar.<br />

Para o recebimento da aposentadoria por invalidez, mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditados


pelo art. 42 da Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong><br />

mensais e ter constatado a incapacidade total e permanente para o exercício de atividade profissional que lhe garanta a<br />

subsistência, com insuscetibilidade de reabilitação.<br />

No caso dos autos, os 03 (<strong>tr</strong>ês) requisitos acima encon<strong>tr</strong>am-se pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong>. A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se à <strong>Justiça</strong> competente<br />

para apreciar a demanda, se seria a <strong>Justiça</strong> Estadual (Vara de Acident<strong>es</strong> do Trabalho) ou a <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>. Para <strong>es</strong>clarecer<br />

a qu<strong>es</strong>tão, faz-se nec<strong>es</strong>sário identificar se a doença da qual o autor é portador decorre de acidente de <strong>tr</strong>abalho ou não.<br />

Conforme Cas<strong>tr</strong>o e Lazzari , dizer que o acidente de <strong>tr</strong>abalho decorre de um evento causado por agente externo significa<br />

que o mal que atinge o indivíduo não lhe é congênito, nem se <strong>tr</strong>ata de enfermidade preexistente. Porém, no pr<strong>es</strong>ente caso,<br />

embora tenha havido acidente de <strong>tr</strong>abalho, é certo que havia uma enfermidade preexistente. Com efeito, o acidente de<br />

<strong>tr</strong>abalho ocorreu em 2002 mas, em 1999, o autor recebera auxílio doença previdenciário (fl. 184).<br />

O recorrente sofreu acidente de <strong>tr</strong>abalho em 07/01/2002 (Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT, fl. 18). Passou a<br />

receber auxílio-doença por acidente do <strong>tr</strong>abalho em 26/02/2002. Uma Tomografia computadorizada da coluna lombar<br />

realizada em 29/02/2002 diagnosticou protusão discal póstero-lateral direita em L5-VT, obliterando o forame neural em<br />

corr<strong>es</strong>pondência, tocando a raiz nervosa, sugerindo hérnia discal (fl. 19). R<strong>es</strong>sonância magnética da coluna lombossacra,<br />

realizada em 25/11/2002, concluiu por discopatia degenerativa em L4-L5 e hérnia discal foraminal direita associada a rotura<br />

radial marginal do anel friboso em L4-L5 (fl. 25).<br />

O laudo pericial realizado na ação que <strong>tr</strong>amitou na <strong>Justiça</strong> Estadual (Vara de Acident<strong>es</strong> do Trabalho) concluiu que o autor<br />

era portador de incapacidade total e definitiva (fls. 83/87). Porém, o perito afirmou não existirem elementos que<br />

evidenciassem o nexo causal en<strong>tr</strong>e o <strong>tr</strong>abalho e a doença. Já o laudo judicial de fl. 171, realizado no âmbito d<strong>es</strong>sa <strong>Justiça</strong><br />

<strong>Federal</strong>, at<strong>es</strong>tou que a incapacidade é definitiva, de difícil melhora clínica e não faz qualquer referência ao acidente de<br />

<strong>tr</strong>abalho ant<strong>es</strong> referido.<br />

Em que p<strong>es</strong>e o recorrente <strong>es</strong>tar recebendo auxílio-doença acidentário, a dúvida surgida em relação ao motivo determinante<br />

que causou o atual diagnóstico (se decorrente do acidente do <strong>tr</strong>abalho ou proveniente da degeneração óssea) a<strong>tr</strong>ai a<br />

competência da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, particularmente, n<strong>es</strong>se caso, dos Juizados Especiais Federais. A regra geral para o<br />

julgamento de lid<strong>es</strong> relativas a benefícios previdenciários é a de que a competência é da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, visto que há uma<br />

autarquia federal (INSS) no pólo passivo. A ação será d<strong>es</strong>locada para a Vara Especializada em Acident<strong>es</strong> do Trabalho<br />

apenas se r<strong>es</strong>tar indubitável a ocorrência de doença/l<strong>es</strong>ão em virtude de tal infortúnio.<br />

Vale dizer: se a competência da <strong>Justiça</strong> Estadual para proc<strong>es</strong>sar e julgar as causas em que se pleiteia benefício<br />

previdenciário decorrente de acidente de <strong>tr</strong>abalho é uma exceção à regra geral, para que tal competência (da <strong>Justiça</strong><br />

Estadual) r<strong>es</strong>te configurada há de haver certeza de que o fator que deflagrou a incapacidade laborativa foi um acidente de<br />

<strong>tr</strong>abalho.<br />

No caso dos autos <strong>es</strong>sa certeza não existe.<br />

Sendo assim, como os peritos não puderam detectar nexo de causalidade en<strong>tr</strong>e o acidente e a doença, ou concausa que<br />

a<strong>tr</strong>aísse a competência do foro <strong>es</strong>pecializado da <strong>Justiça</strong> Estadual, competente é a <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> para o proc<strong>es</strong>samento e<br />

julgamento da pr<strong>es</strong>ente demanda, motivo pelo qual a sentença prolatada pelo Juízo a quo merece ser anulada para que<br />

ou<strong>tr</strong>a possa ser proferida em seu lugar com a devida análise do mérito.<br />

Diante o exposto, conheço do recurso inominado interposto pela parte autora e a ele dou provimento a fim de ANULAR A<br />

SENTENÇA e todos os atos proc<strong>es</strong>suais d<strong>es</strong>de então ocorridos.<br />

Sem custas. Sem honorários.<br />

É como voto.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – CONVERSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – DÚVIDA A<br />

RESPEITO DA CAUSA QUE CULMINOU NA LESÃO ATUAL – REGRA – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL –<br />

RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, ANULAR A SENTENÇA e determinar a rem<strong>es</strong>sa dos autos ao<br />

Juízo de origem, na forma do voto e ementa constant<strong>es</strong> dos autos, que ficam fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong>


Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

84 - 0002018-66.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002018-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x MARLENE DE OLIVEIRA E<br />

OUTROS (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL<br />

PINTO.).<br />

1ª Turma Recursal – 2º Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0002018-66.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002018-7/01)<br />

VOTO<br />

Trata-se de recurso inominado, interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, em face da sentença de fls.<br />

170/172, que julgou procedente o pedido inicial, condenando o recorrente a pagar aos autor<strong>es</strong> o montante de R$2.947,93<br />

(dois mil, novecentos e quarenta e sete reais e noventa e <strong>tr</strong>ês centavos) a título de danos materiais, relativo ao saque de<br />

FGTS. Aduz, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, preliminarmente, cerceamento de def<strong>es</strong>a, pois teria pedido a denunciação à lide da<br />

Caixa Econômica <strong>Federal</strong> e do dependente que sacou os valor<strong>es</strong> indevidamente, não havendo qualquer decisão sobre <strong>es</strong>te<br />

assunto; e pr<strong>es</strong>crição, já que o pagamento indevido teria sido realizado em 16/06/2004, mas a suposta certidão incorreta<br />

teria sido emitida em 23/01/2003, sendo <strong>es</strong>ta a data do ato ilícito. No mérito, alega o INSS que, se houve pagamento<br />

incorreto dos valor<strong>es</strong> do FGTS, os r<strong>es</strong>ponsáveis pelo ocorrido são a CEF e o dependente que recebeu os valor<strong>es</strong> de forma<br />

independente dos demais.<br />

Os recorridos-herdeiros apr<strong>es</strong>entaram con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença. A CEF não apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, ap<strong>es</strong>ar de devidamente intimada.<br />

Eis o relatório do nec<strong>es</strong>sário. Passo a votar.<br />

Em relação à preliminar de cerceamento de def<strong>es</strong>a, <strong>es</strong>ta não deve ser acolhida, pois o pedido feito pelo INSS foi, sim,<br />

objeto de análise por parte do juízo a quo, conforme decisão de fl. 146, que incluiu a CEF no pólo passivo, não incluindo a<br />

p<strong>es</strong>soa que realizou o saque.<br />

A preliminar de pr<strong>es</strong>crição também não merece ser acolhida. Ap<strong>es</strong>ar de a certidão ter sido emitida em 2003 e o pagamento<br />

indevido ter sido realizado em 2004, percebe-se que, d<strong>es</strong>de então, os autor<strong>es</strong> vem buscando obter adminis<strong>tr</strong>ativamente seu<br />

direito.<br />

A autora Marlene de Oliveira requereu um alvará na <strong>Justiça</strong> Estadual para levantar, junto à CEF, sua cota-parte e de seus<br />

filhos nos saldos do FGTS, em razão do falecimento de seu companheiro. Em 03/10/2003 havia na CEF o depósito de R$<br />

9.002,09 no saldo do de cujus (fl. 46). Em 15/07/2004 foi sacado o valor de R$ 7.861,16 pela dependente Salvia Terezinha<br />

da Silva (fls. 48/49). A CEF informou que o valor liberado foi efetuado a<strong>tr</strong>avés de certidão emitida pelo INSS (fl. 50).<br />

Analisando-se os autos, observa-se que existem oito dependent<strong>es</strong> do de cujus, den<strong>tr</strong>e el<strong>es</strong>: uma <strong>es</strong>posa falecida (Terezinha<br />

Batista da Silva); a filha (Salvia Terezinha da Silva); duas companheiras (Marlene de Oliveira e Vanilda Vieira); e os filhos<br />

(Rafael Oliveira e Silva, Raquel Oliveira e Silva, filhos de Marlene; e Salter Batista da Silva e Salvani Vieira de Oliveira).<br />

Em razão da quantidade de dependent<strong>es</strong> do falecido, o INSS expediu diversas certidõ<strong>es</strong> diferent<strong>es</strong> acerca do assunto:<br />

certidão de fl. 38, emitida em 30/03/1996, constando os nom<strong>es</strong> de Marlene de Oliveira, Terezinha Batista da Silva, Vanilda<br />

Vieira, Salter Batista da Silva e Salvani Vieira de A e Silva; certidão de fl. 57, emitida em março/2002, constando Vanilda<br />

Vieira, Salvani Vieira de A e Silva, Marlene de Oliveira e Salter Batista da Silva; certidão de fl. 60, emitida em 23/01/2003,<br />

constando como dependente Salvia Terezinha da Silva; e certidão de fl. 52, emitida em 08/10/2003, constando como<br />

dependent<strong>es</strong> Marlene de Oliveira, Rafael Oliveira e Silva, Raquel Oliveira e Silva, Salvia Terezinha da Silva, Terezinha<br />

Batista da Silva, Vanilda Vieira, Salter Batista da Silva e Salvani Vieira de Oliveira.<br />

Todas as referidas certidõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas pela CEF no momento em que elaborou ofício informando sobre os<br />

valor<strong>es</strong> liberados na conta do FGTS do de cujus (fl. 50), e todas foram emitidas em datas anterior<strong>es</strong> ao pagamento<br />

indevido. Importante notar que o pagamento objeto da pr<strong>es</strong>ente ação refere-se aos expurgos inflacionários dos planos<br />

econômicos, portanto, não era a primeira vez que a CEF <strong>es</strong>tava efetuando o pagamento dos valor<strong>es</strong> depositados na conta<br />

vinculada de FGTS do falecido, até porque o óbito ocorreu em 05/07/1992 (fl. 27).<br />

Considerando que, no momento do pagamento feito a somente um dos dependent<strong>es</strong>, a CEF sabia da existência dos<br />

demais, a r<strong>es</strong>ponsabilidade pelo equívoco deve ser imputado somente a ela, merecendo reforma a sentença a quo, de<br />

modo a considerá-la, den<strong>tr</strong>e os dois corréus, como a única r<strong>es</strong>ponsável pelo ato cometido.<br />

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E, NO MÉRITO, DOU-LHE PROVIMENTO para reformar a sentença de fls.<br />

170/172, de modo a julgar IMPROCEDENTE O PEDIDO EM RELAÇÃO AO INSS E JULGAR PROCEDENTE O PEDIDO<br />

EM RELAÇÃO À CEF, condenando-a ao r<strong>es</strong>sarcimento do valor de R$ 2.947,93, referente à cota-parte dos autor<strong>es</strong> no<br />

saldo de FGTS indevidamente sacado. Tal valor deverá ser acr<strong>es</strong>cido de juros de mora e correção monetária, nos termos<br />

do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, para as açõ<strong>es</strong> condenatórias em geral<br />

(Cap 4, item 4.2.1), com termo inicial a partir da data do efetivo prejuízo, conforme súmula 43 do STJ (16/06/2004, fl. 48).


Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na forma<br />

do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.<br />

É como voto.<br />

E M E N T A<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL – FGTS – SAQUE INDEVIDO – CERTIDÃO CONSTANDO TODOS OS HERDEIROS EM<br />

PODER DA CEF – RESPONSABILIDADE DO INSS AFASTADA – ATO ILÍCITO COMETIDO PELA CEF – RECURSO<br />

CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na<br />

forma do voto e ementa constant<strong>es</strong> dos autos, que ficam fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

85 - 0000148-15.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000148-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x ZITA POLETI<br />

ROSSETO (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000148-15.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000148-5/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 37/38) que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à autora d<strong>es</strong>de a data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo referente à<br />

renda per capita mínima inferior a ¼ do salário mínimo. Além disso, sustenta que não é devida a aplicação analógica do<br />

artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, e, por isso, a renda da aposentadoria do <strong>es</strong>poso não deve ser excluída do<br />

cômputo da renda per capita da autora. Requer, assim, seja reformada a sentença, julgando-se improcedente o pedido. A<br />

parte autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no artigo 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem de<br />

tê-la provida por sua família. A condição de idosa da autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fl. 03).<br />

4. O artigo 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.


6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

7. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 20/26) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seu<br />

marido, é o benefício de aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição no valor de um salário mínimo mensal recebido pelo<br />

<strong>es</strong>poso (81 anos) da recorrida. Por meio do referido relatório social, verificou-se ainda, que o casal possui gastos com<br />

alimentação, energia, água, conta de telefone e, principalmente, com medicamentos - não adquiridos via SUS (Sistema<br />

Único de Saúde) -, uma vez que, tanto a autora quanto seu cônjuge, se apr<strong>es</strong>entam com idade avançada e saúde<br />

altamente debilitada em decorrência de diversas patologias incapacitant<strong>es</strong>, de forma que a renda mensal do <strong>es</strong>poso não<br />

vem suprindo tais d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as. Além disso, cabe d<strong>es</strong>tacar que a autora vive sob condição razoável de moradia (antiga, com<br />

pared<strong>es</strong> infil<strong>tr</strong>adas, en<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os), com mobília simpl<strong>es</strong>, antiga e em mal <strong>es</strong>tado de uso. Deve-se, assim, ser d<strong>es</strong>considerada<br />

a aposentadoria do m<strong>es</strong>mo no cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a<br />

conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial.<br />

9. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento do INSS no que diz r<strong>es</strong>peito à alegada violação dos dispositivos constitucionais de que<br />

<strong>tr</strong>atam os artigos 194, parágrafo único e 203, caput (legalidade); artigo 194, inciso III (seletividade e dis<strong>tr</strong>ibutividade); artigo<br />

195, § 5º (prévia fonte de custeio), bem como o artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), verifico<br />

que não procedem tais alegaçõ<strong>es</strong>. Não há que se falar em violação d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> dispositivos, uma vez que o Juízo a quo<br />

utilizou-se dos meios de interpretação da norma (hermenêutica) e de entendimento amplamente predominante na<br />

jurisprudência.<br />

10. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL<br />

86 - 0000643-25.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000643-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: RENATA BUFFA SOUZA PINTO.) x DARCI MENDONCA MORENA.<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000643-25.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000643-8/01)<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO – PREQUESTIONAMENTO – INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO


EMBARGADO – RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.<br />

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União <strong>Federal</strong>, em face do acórdão de fls. 19/21, que julgou extinto o<br />

proc<strong>es</strong>so sem r<strong>es</strong>olução do mérito nos termos do art. 267, IV do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, por entender que o recurso de<br />

medida de urgência apr<strong>es</strong>entado pela União limitou-se a discutir o mérito da causa, expondo argumentos que seriam<br />

cabíveis apenas em sede de recurso inominado.<br />

Alega a embargante que existe omissão no referido acórdão, visto que o Colegiado não se manif<strong>es</strong>tou expr<strong>es</strong>samente<br />

sobre os dispositivos legais e constitucionais invocados no recurso de medida de urgência.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto, visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

Não assiste razão à embargante. A Jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia, ao decidir qu<strong>es</strong>tionamentos quanto às possibilidad<strong>es</strong> de<br />

interposição d<strong>es</strong>sa via recursal, assim já decidiu: “M<strong>es</strong>mo nos embargos de declaração com fins de prequ<strong>es</strong>tionamento,<br />

devem ser observados os limit<strong>es</strong> <strong>tr</strong>açados no art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, con<strong>tr</strong>adição, omissão e, por cons<strong>tr</strong>ução<br />

pretoriana integrativa, a hipót<strong>es</strong>e de erro material). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa”. (STJ - Primeira<br />

Turma, R<strong>es</strong>p. 11465-0-SP, rel. Min. Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).<br />

Todos os pontos nec<strong>es</strong>sários ao julgamento da causa foram devidamente analisados na decisão colegiada. O fato de o<br />

acórdão guerreado não ter se manif<strong>es</strong>tado expr<strong>es</strong>samente sobre os artigos de lei que a parte alega incidir à <strong>es</strong>pécie não<br />

leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, pois o julgador, d<strong>es</strong>de que fundamente<br />

suficientemente sua decisão, não <strong>es</strong>tá obrigado a r<strong>es</strong>ponder todas as alegaçõ<strong>es</strong> das part<strong>es</strong>, a ater-se aos fundamentos por<br />

elas apr<strong>es</strong>entados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de tal sorte que a insatisfação quanto ao<br />

d<strong>es</strong>linde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que <strong>es</strong>teja pr<strong>es</strong>ente alguma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong><br />

do art. 535 do CPC.<br />

Embargos de declaração conhecidos e não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, r<strong>es</strong>tando<br />

demons<strong>tr</strong>ada tão-somente a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

87 - 0005747-66.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005747-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAYTON GUEDES<br />

PEREIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).<br />

1ª Turma Recursal – 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0005747-66.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005747-4/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE<br />

LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por CLAYTON GUEDES PEREIRA, em face da sentença de fls. 73/74, que<br />

julgou improcedente o pedido inicial de conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez ou, subsidiariamente, de auxílio-doença.<br />

Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que sofre de <strong>tr</strong>anstornos psíquicos, encon<strong>tr</strong>ando-se impossibilitado de<br />

exercer suas atividad<strong>es</strong> laborativas. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. . A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em<br />

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe<br />

garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição. Já o auxílio-doença, será devido, conforme<br />

art. 59 da Lei 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar<br />

incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. A parte autora requereu adminis<strong>tr</strong>ativamente o benefício do auxílio-doença em 29/09/2009 (fl. 36), sendo-lhe negado por<br />

falta de incapacidade. Conforme perícia médica judicial, realizada em 07/01/2011, de fls. 48/49, o autor, vendedor, com 33


anos de idade, possui Transtornos Somatoform<strong>es</strong> (CID-10-F45), não apr<strong>es</strong>entando, n<strong>es</strong>te momento, incapacidade para<br />

exercer suas atividad<strong>es</strong> habituais, pois <strong>es</strong>tá lúcido, orientado, coerente, cooperativo, calmo, sem distúrbios do<br />

comportamento e/ou alteraçõ<strong>es</strong> senso-perceptivas dignas de nota.<br />

4. Não merece prosperar o pedido de reforma da sentença a quo sob a alegação de ter havido conflito com o contexto<br />

fático/probatório dos autos, quanto à existência ou não de incapacidade. Os documentos particular<strong>es</strong> servem apenas como<br />

parecer de assistente técnico, de forma que qualquer opinião divergente deve ser r<strong>es</strong>olvida pelo parecer do perito do juízo.<br />

Merece d<strong>es</strong>taque o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova<br />

unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo<br />

conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

5. Den<strong>tr</strong>o do contexto mencionado, regis<strong>tr</strong>o que o teor do novo laudo médico acostado aos autos pelo autor na fl.100,<br />

subscrito pelo Psiquia<strong>tr</strong>a Dr. Uliss<strong>es</strong> M. Santos em 18/09/12, não diverge, em linhas gerais, do teor do laudo assinado pelo<br />

m<strong>es</strong>mo psiquia<strong>tr</strong>a em 11/05/2009 e juntado aos autos com a inicial, na fl. 28. Depreende-se que o que há é disparidade<br />

en<strong>tr</strong>e a opinião do médico que acompanha o autor e o Perito do Juízo, sendo que, quanto a <strong>es</strong>te, há de se pr<strong>es</strong>umir a sua<br />

imparcialidade, o que não ocorre quanto àquele. Por isso incide, como regra geral, o Enunciado 08 da Turma Recursal do<br />

Espírito Santo, anteriormente <strong>tr</strong>anscrito.<br />

6. Não havendo incapacidade laborativa n<strong>es</strong>te momento, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong><br />

recursais. Diante de tal fato, tomo como razão adicional de decidir os fundamentos da sentença.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

88 - 0005169-06.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005169-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA PINTO<br />

NASCIMENTO (ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -<br />

INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0005169-06.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005169-1/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – CAPACIDADE LABORAL – ATIVIDADE HABITUAL – LAUDO MÉDICO<br />

PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARIA DA PENHA PINTO NASCIMENTO, em face da sentença de fls.<br />

50/51, que julgou improcedente o seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença e/ou conversão em aposentadoria por<br />

invalidez. Alega a recorrente, MARIA DA PENHA PINTO NASCIMENTO (60 anos de idade, costureira autônoma), em suas<br />

razõ<strong>es</strong> recursais, que é portadora de neoplasia no seio <strong>es</strong>querdo, não se encon<strong>tr</strong>ando capaz de exercer atividade<br />

profissional, almejando, portanto, que a sentença prolatada no juízo a quo seja reformada, no sentido de conceder-lhe o<br />

benefício previdenciário. O INSS não apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o<br />

caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15<br />

(quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, conforme o art. 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao<br />

segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o<br />

exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se quanto à incapacidade ou não da parte autora. A perícia médica judicial (fls. 33/35) constatou que<br />

a recorrente é portadora de carcinoma ductal infil<strong>tr</strong>ante da mama <strong>es</strong>querda operada (quadrantectomia). Importa salientar,<br />

ainda, que a recorrente apr<strong>es</strong>entou-se ao exame em bom <strong>es</strong>tado, lúcida, orientada, com seus movimentos amplos e<br />

pr<strong>es</strong>ervados, deambulando normalmente e com ausência de linfoedema no membro superior <strong>es</strong>querdo. Ao obter tais<br />

informaçõ<strong>es</strong> mencionadas e analisar os laudos dos médicos assistent<strong>es</strong> acostados aos autos, o perito judicial pôde concluir<br />

que a recorrente não apr<strong>es</strong>entava incapacidade que a impossibilitasse de exercer sua função como costureira autônoma.<br />

4. A recorrente afirmou, em sede de recurso inominado, que o perito do Juízo d<strong>es</strong>considerou os laudos e exam<strong>es</strong><br />

apr<strong>es</strong>entados durante a perícia judicial, que comprovavam que a parte autora era portadora de neoplasia no seio <strong>es</strong>querdo.<br />

Ocorre, no entanto, que tal informação não corr<strong>es</strong>ponde aos fatos, afinal, conforme é possível averiguar nos qu<strong>es</strong>itos de nº<br />

3, 4, 6 e 13, o perito médico legal deixa claro que os laudos e exam<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados foram utilizados para que houv<strong>es</strong>se a<br />

conclusão acerca da incapacidade.<br />

5. Por fim, é possível perceber a clara incompatibilidade en<strong>tr</strong>e os laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados (fls. 19/20) e o laudo


subscrito pelo perito médico judicial (fls. 33/35). É importante, portanto, atentar ao Enunciado nº 08 da Turma Recursal do<br />

Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em<br />

princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o<br />

particular”. Ao constatar isso, privilegia-se, em virtude de sua natureza, o laudo médico do perito judicial, que possui caráter<br />

imparcial e busca a verdade material acerca da condição do paciente, em de<strong>tr</strong>imento do laudo particular, que,<br />

costumeiramente, vem carregado de parcialidade, proveniente da relação contínua en<strong>tr</strong>e médico e paciente.<br />

6. Assim, conforme expôs o laudo pericial, não havendo incapacidade, requisito <strong>es</strong>sencial para a conc<strong>es</strong>são do benefício<br />

previdenciário, não merecem guarida os argumentos expostos no pleito recursal.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

89 - 0006528-88.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006528-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SILENI SIQUEIRA<br />

NASCIENTO KRUGER (ADVOGADO: CARLOS ALBERTO AMORIM DE ASSIS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO<br />

SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0006528-88.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006528-8/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fl. 66, que julgou improcedente o<br />

seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença. Alega a recorrente, Sileni Siqueira Nascimento Kruger (45<br />

anos de idade), em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não consegue ficar sentada por muito tempo, pois é portadora de hérnia<br />

discal, além de possuir dormência nas pernas, inchaços nos pés e dor<strong>es</strong> nos punhos. Alega, ainda, que o INSS indeferiu<br />

todos os seus pedidos de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença, não r<strong>es</strong>tando ou<strong>tr</strong>a alternativa senão retornar ao<br />

<strong>tr</strong>abalho. Assim, requer a reforma da sentença. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da<br />

sentença.<br />

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o<br />

caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15<br />

(quinze) dias consecutivos.<br />

3. A parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença en<strong>tr</strong>e 28/05/2009 e 02/12/2009 (fl. 65). Requereu a sua prorrogação<br />

em 25/11/2009 e a sua reconsideração em 29/01/2010 (fls. 18/19), tendo seus pedidos indeferidos sob o argumento de que<br />

não foi constatada, em exame realizado pela perícia médica do INSS, incapacidade para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua<br />

atividade habitual. Realizou um novo pedido de auxílio-doença em 28/09/2010 (fl. 17), também indeferido.<br />

4. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 58/59), que o<br />

perito não constatou nenhuma doença, l<strong>es</strong>ão, sequela ou deficiência física na parte autora. Alegou, ainda, que a recorrente<br />

possui aptidão física e mental para exercer sua atividade habitual de costureira, atingindo a média de rendimento<br />

alcançada, em condiçõ<strong>es</strong> normais, pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> da m<strong>es</strong>ma categoria profissional. Portanto, afirma que não há<br />

incapacidade para a atividade laboral habitual.<br />

5. Vale r<strong>es</strong>saltar, quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito<br />

Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

6. Assim, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos no pedido recursal.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da


Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

90 - 0002287-71.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002287-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIÃO ARAUJO<br />

(ADVOGADO: MARIA MARGARIDA MELO MAGNAGO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).<br />

1ª Turma Recursal – 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0002287-71.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002287-3/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por SEBASTIÃO ARAÚJO, em face da sentença de fls. 96/97, que julgou<br />

improcedente o seu pedido inicial. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a doença que o acomete, qual seja,<br />

neoplasia de próstata, é altamente incapacitante para o exercício de seu <strong>tr</strong>abalho de pintor autônomo e requer, assim, a<br />

conc<strong>es</strong>são do auxílio-doença. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. O auxílio-doença será devido, conforme art. 59 da Lei 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o<br />

período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze)<br />

dias consecutivos.<br />

3. Conforme perícia médica judicial, na área de ortopedia (fls. 68/69), realizada em 11/10/2010, o autor, atualmente com 59<br />

anos de idade, apr<strong>es</strong>enta poliar<strong>tr</strong>algia e adenocarcinoma prostático que, do ponto de vista ortopédico não induz<br />

incapacidade. O perito médico judicial da área de oncologia afirmou que o recorrente possui neoplasia de próstata operada,<br />

tomando por base os exam<strong>es</strong> e laudos apr<strong>es</strong>entados no momento da perícia (fls. 75/77). Ainda de acordo com o perito<br />

oncologista, o autor tem, no momento, aptidão física e mental para exercer suas atividad<strong>es</strong> habituais, apr<strong>es</strong>entando-se em<br />

bom <strong>es</strong>tado geral, lúcido, orientado, deambulando normalmente, com todos os seus movimentos pr<strong>es</strong>ervados, além <strong>es</strong>tar<br />

com a doença sob con<strong>tr</strong>ole.<br />

4. Os exam<strong>es</strong> e receituários, de fls. 09/22, colacionados aos autos pela parte autora, referem-se aos períodos de<br />

<strong>tr</strong>atamento da doença. O exame mais recente sobre o <strong>es</strong>tado de saúde do recorrente é o laudo médico pericial de fls.<br />

75/77, datado de 07/12/2010, que concluiu não haver incapacidade n<strong>es</strong>te momento.<br />

5. Não havendo incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

6. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o Recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

91 - 0003775-95.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003775-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x IVONE RODRIGUES (DEF.PUB: ALINE FELLIPE<br />

PACHECO SARTÓRIO.) x OS MESMOS.<br />

1ª Turma Recursal – 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0003775-95.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003775-8/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO – INCAPACIDADE COMPROVADA –<br />

EXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE NO MOMENTO DA CESSAÇÃO – LAUDOS PARTICULARES – CONVERSÃO EM<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – IMPOSSIBILIDADE – INCAPACIDADE DEFINITIVA NÃO COMPROVADA -<br />

RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS – SENTENÇA MANTIDA.


1. Trata-se de recursos inominados, interpostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e por IVONE RODRIGUES,<br />

em face da sentença de fls. 102/103, que julgou parcialmente procedente os pedidos iniciais, condenando o INSS a<br />

r<strong>es</strong>tabelecer o benefício do auxílio-doença, com efeitos re<strong>tr</strong>oativos à data do cancelamento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o INSS,<br />

em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que as perícias médicas judiciais concluíram pela inexistência de incapacidade laborativa,<br />

pugnando pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido de auxílio-doença. A parte autora<br />

aduz, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que, considerando suas condiçõ<strong>es</strong> sócio-culturais, encon<strong>tr</strong>a-se definitivamente<br />

incapacidade para exercer suas atividad<strong>es</strong> habituais.<br />

2. O auxílio-doença, conforme art. 59 da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o<br />

período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze)<br />

dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado que,<br />

<strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de<br />

atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. A autora recebeu auxílio-doença de 29/08/2006 a 20/11/2008 (fl. 101), quando foi indeferido seu pedido de prorrogação<br />

apr<strong>es</strong>entado em 18/11/2008 (fl. 07).<br />

4. O laudo médico judicial, de fls. 48/53, realizado em 30/10/2009 por perito <strong>es</strong>pecialista em ortopedia, constatou que a<br />

autora, empregada doméstica, atualmente com 51 anos de idade, apr<strong>es</strong>enta ar<strong>tr</strong>ose de coluna lombar e cervical sem<br />

comprometimento neurológico e sem alteração nos membros, não havendo incapacidade laboral.<br />

5. Foi realizada ou<strong>tr</strong>a perícia médica judicial, com perito <strong>es</strong>pecialista em clínica geral (fls. 86/89). Conforme o perito, a<br />

autora é portadora de insuficiência renal, tendinite das mãos e <strong>es</strong>pondilodiscoar<strong>tr</strong>ose da coluna cervical e lombar, as quais<br />

não incapacitariam para suas atividad<strong>es</strong> laborais. Aduz o perito, em r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 11, porém, que a parte autora<br />

possui limitaçõ<strong>es</strong> funcionais, pois não pode exercer atividade laboral que demande intensa movimentação e tensão na<br />

região cervical, nos dedos das mãos. Em r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 15, o perito disse que, para evitar agravamento das l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> a<br />

autora deve realizar pausa no <strong>tr</strong>abalho, exercícios laborativos durante a atividade laboral, terapia con<strong>tr</strong>a o <strong>es</strong><strong>tr</strong><strong>es</strong>s, redução<br />

da carga de <strong>tr</strong>abalho e redução da jornada de <strong>tr</strong>abalho.<br />

6. O Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, em seus artigos 131 e 436, permite ao juiz formar seu convencimento com base em ou<strong>tr</strong>os<br />

elementos ou fatos provados, não <strong>es</strong>tando ads<strong>tr</strong>ito apenas à conclusão obtida pelo perito, d<strong>es</strong>de que motive suas decisõ<strong>es</strong>.<br />

O segundo perito, ao recomendar redução da jornada e da carga de <strong>tr</strong>abalho, forneceu subsídios para o reconhecimento da<br />

existência de incapacidade parcial para a atividade laborativa. A autora, se reduzir sua jornada e carga de <strong>tr</strong>abalho, irá<br />

produzir menos do que a média alcançada pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> da m<strong>es</strong>ma categoria profissional, fato que poderá ocasionar<br />

sua saída do mercado de <strong>tr</strong>abalho.<br />

7. At<strong>es</strong>tados de médicos assistent<strong>es</strong> demons<strong>tr</strong>am que no m<strong>es</strong>mo período em que houve c<strong>es</strong>sação do benefício pelo INSS<br />

(20/11/2008), a autora <strong>es</strong>tava com os m<strong>es</strong>mos problemas anterior<strong>es</strong>, correndo risco de agravamento da doença<br />

(29/06/2009 – fl. 16, 22/05/2009 – fl. 18, 21/11/2008 – fl. 20). Assim, a parte autora faz jus ao recebimento do<br />

auxílio-doença, d<strong>es</strong>de a c<strong>es</strong>sação indevida.<br />

8. Quanto à aposentadoria por invalidez, a parte autora não tem direito, tendo em vista que não há nos autos elementos<br />

suficient<strong>es</strong> aptos a comprovar incapacidade definitiva para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

9. Comprovados a qualidade de segurado, o cumprimento do período de carência, bem como a incapacidade, no momento<br />

da c<strong>es</strong>sação indevida, para o d<strong>es</strong>empenho de atividade que lhe garanta o sustento, faz jus a autora ao r<strong>es</strong>tabelecimento do<br />

benefício de auxílio-doença. Diante de tal fato, tomo como razão adicional de decidir os fundamentos da sentença.<br />

10. Recursos conhecidos e improvidos. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, ante a sucumbência recíproca<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo em conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOS, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

92 - 0001053-54.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001053-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIZIARIA CANDIDA DA<br />

SILVA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).<br />

1ª Turma Recursal – 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0001053-54.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001053-6/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE<br />

LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – RECURSO CONHECIDO E


IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por ELIZIARIA CANDIDA DA SILVA, em face da sentença de fls. 106/107, que<br />

julgou improcedente o pedido inicial de r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença ou conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez.<br />

Afirma a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais que os laudos médicos colacionados aos autos comprovam sua<br />

incapacidade para o labor e que o magis<strong>tr</strong>ado não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>,<br />

pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em<br />

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe<br />

garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição. Já o auxílio-doença, será devido, conforme<br />

art. 59 da Lei 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar<br />

incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. A recorrente recebeu auxílio-doença en<strong>tr</strong>e os períodos de: 25/01/2008 a 20/07/2008 (fl. 53) e de 04/11/2008 a 15/12/2008<br />

(fl. 54). Em 26/06/2009, foi requerido o benefício novamente, o qual foi indeferido por parecer con<strong>tr</strong>ário da perícia médica do<br />

INSS (fl. 10).<br />

4. Conforme perícia médica judicial na área de ortopedia, realizada em 18/05/2010 (fls. 38/41), não foi detectada nenhuma<br />

patologia ortopédica digna de nota na recorrente, ap<strong>es</strong>ar das poliar<strong>tr</strong>algias. Ainda de acordo com o perito, a autora,<br />

empregada doméstica, atualmente com 58 anos de idade, tem, no momento, aptidão física e mental para exercer sua<br />

atividade habitual, por sua doença ser assintomática, não havendo incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

5. Não merece prosperar o pedido de reforma da sentença a quo sob a alegação de ter havido conflito com o contexto<br />

fático/probatório dos autos, quanto à existência ou não de incapacidade. Os documentos particular<strong>es</strong> servem apenas como<br />

parecer de assistente técnico, de forma que qualquer opinião divergente deve ser r<strong>es</strong>olvida pelo parecer do perito do juízo.<br />

Merece d<strong>es</strong>taque o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova<br />

unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo<br />

conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. Vale regis<strong>tr</strong>ar, ainda, que os<br />

laudos/at<strong>es</strong>tados acostados aos autos e indicativos da incapacidade datam de 06/01/09 (fl. 12), 25/06/08 (fl. 20), 29/10/08<br />

(fl. 22), 15/08/08 (fl. 23); todos em data bem anterior à da perícia judicial (maio de 2010, fls. 38/41).<br />

6. Não havendo incapacidade laborativa n<strong>es</strong>te momento, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong><br />

recursais. Diante de tal fato, tomo como razão adicional de decidir os fundamentos da sentença.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

93 - 0005090-61.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005090-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UBIRAMAR VALÉRIO<br />

BEZERRA (ADVOGADO: CATARINE MULINARI NICO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).<br />

1ª Turma Recursal – 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0005090-61.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005090-8/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por UBIRAMAR VALERIO BEZERRA, em face da sentença de fls. 90/91, que<br />

julgou improcedente o pedido inicial de conc<strong>es</strong>são do auxílio-doença, convertido, posteriormente, em aposentadoria por<br />

invalidez. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a nova atividade para a qual foi reabilitado também demanda<br />

<strong>es</strong>forço físico, encon<strong>tr</strong>ando-se incapaz de exercê-la. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da<br />

sentença.<br />

2. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em<br />

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe<br />

garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição. Já o auxílio-doença, será devido, conforme<br />

art. 59 da Lei 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar


incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. Em 07/05/2004, foi reconhecida a incapacidade do recorrente e a nec<strong>es</strong>sidade de reabilitação em ou<strong>tr</strong>a atividade. A partir<br />

de 20/05/2009, o autor passou a ser <strong>tr</strong>einado na função de chaveiro (fl. 27). O recorrente recebeu o auxílio-doença en<strong>tr</strong>e os<br />

períodos de 13/09/2005 a 12/02/2006 (fl. 28).<br />

4. Conforme perícia médica judicial, realizada em 10/11/2009, de fls. 53/56, o recorrente é portador de sequela de fratura da<br />

crista tibial do joelho direito com pr<strong>es</strong>ença de parafuso e ruela, apr<strong>es</strong>entando exame físico ortopédico normal, sem<br />

comprometimento muscular e articular, <strong>es</strong>tando apto para exercer sua atividade habitual. R<strong>es</strong>pondendo a qu<strong>es</strong>itos<br />

complementar<strong>es</strong>, o perito afirmou que a fratura no joelho encon<strong>tr</strong>a-se totalmente consolidada, podendo causar dor<strong>es</strong><br />

<strong>es</strong>poradicamente e que, subindo <strong>es</strong>cadas ou andando em lugar plano, as chanc<strong>es</strong> de cris<strong>es</strong> de dor são as m<strong>es</strong>mas (fl. 83).<br />

5. Não havendo incapacidade laborativa n<strong>es</strong>te momento, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong><br />

recursais.<br />

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

94 - 0004468-45.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004468-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NELMO MACHADO<br />

(ADVOGADO: RAFAEL ALMEIDA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).<br />

1ª Turma Recursal – 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0004468-45.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004468-6/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por NELMO MACHADO, em face da sentença de fls. 58/59, que julgou<br />

improcedente o pedido inicial de r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença, d<strong>es</strong>de a c<strong>es</strong>sação. Alega o recorrente, em suas<br />

razõ<strong>es</strong> recursais, que sofre de doença crônica, encon<strong>tr</strong>ando-se impossibilitado de exercer suas atividad<strong>es</strong> laborativas. O<br />

INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. O auxílio-doença será devido, conforme art. 59 da Lei 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o<br />

período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze)<br />

dias consecutivos.<br />

3. O recorrente recebeu o auxílio-doença de 30/06/2009 a 20/01/2010 (fl. 38). O autor requereu o r<strong>es</strong>tabelecimento do<br />

benefício no dia 23/02/2010 (fl. 11), o qual foi negado sob a justificativa de falta de incapacidade.<br />

4. Conforme perícia médica judicial, realizada em 22/11/2010, de fls. 46/47, o autor, ele<strong>tr</strong>icista e montador, com 48 anos de<br />

idade, realizou cirurgia para <strong>tr</strong>atamento de hérnia discal L3-L4 em 1988, não apr<strong>es</strong>entando, n<strong>es</strong>te momento, alteração da<br />

função da coluna vertebral. Afirma o perito <strong>tr</strong>atar-se de uma doença degenerativa que, atualmente, não induz em<br />

incapacidade, <strong>es</strong>tando o recorrente apto para exercer suas atividad<strong>es</strong> habituais.<br />

5. Não merece prosperar o pedido de reforma da sentença a quo sob a alegação de ter havido conflito com o contexto<br />

fático/probatório dos autos, quanto à existência ou não de incapacidade. Os documentos particular<strong>es</strong> servem apenas como<br />

parecer de assistente técnico, de forma que qualquer opinião divergente deve ser r<strong>es</strong>olvida pelo parecer do perito do juízo.<br />

Merece d<strong>es</strong>taque o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova<br />

unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo<br />

conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

6. Não havendo incapacidade laborativa n<strong>es</strong>te momento, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong><br />

recursais. Diante de tal fato, tomo como razão adicional de decidir os fundamentos da sentença.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

95 - 0003319-77.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003319-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUZIA CLEMENTE SOUZA<br />

(DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ<br />

GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0003319-77.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003319-0/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE –<br />

LAUDOS MÉDICOS PERICIAIS CONCLUSIVOS – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA<br />

MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, LUZIA CLEMENTE SOUZA (58 anos de idade), em face da<br />

sentença de fls. 92/93, que julgou improcedente o pedido de condenação do INSS à conc<strong>es</strong>são do benefício de pr<strong>es</strong>tação<br />

continuada. Aduz a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portadora de ar<strong>tr</strong>ose nos joelhos e inchaço e dor<strong>es</strong> nas<br />

articulaçõ<strong>es</strong>, possuindo diagnóstico de ar<strong>tr</strong>ose difusa em joelhos e coluna e ar<strong>tr</strong>algia em joelhos e coluna. D<strong>es</strong>se modo,<br />

requer a reforma da sentença, e caso os laudos periciais sejam considerados omissos, que seja o julgamento convertido<br />

em diligência, para que nova perícia seja realizada com médico <strong>es</strong>pecialista em reumatologia. O INSS apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. Nos termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />

considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />

forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />

capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

3. Ao se analisar o conjunto probatório nos autos, verifica-se que foram realizadas duas perícias médicas judiciais. Na<br />

primeira perícia (fls. 52/53), o perito médico, Dr. Marcelo Dettogni Sarmenghi, <strong>es</strong>pecialista em ortopedia e <strong>tr</strong>aumatologia,<br />

constatou que a recorrente não é portadora de doença e que não há incapacidade para o exercício de sua atividade habitual<br />

(doméstica). Na segunda perícia (fls. 68/71), o perito médico, Dr. Leonardo Q. Chav<strong>es</strong> M. Barros, clínico geral, constatou<br />

que a parte autora sofre de dor<strong>es</strong> articular<strong>es</strong>, porém não <strong>es</strong>tá incapacitada para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

4. A parte autora impugnou os laudos médicos periciais, alegando ser nec<strong>es</strong>sária a realização de nova perícia médica na<br />

área de reumatologia. Entendo não ser nec<strong>es</strong>sária a realização de nova perícia, pois foram realizadas duas perícias<br />

médicas judiciais, uma com perito <strong>es</strong>pecialista em ortopedia e <strong>tr</strong>aumatologia e ou<strong>tr</strong>a com perito clínico geral. O médico<br />

perito é profissional capacitado, podendo se pronunciar sobre qualquer patologia, em qualquer área médica. Além disso, a<br />

matéria foi suficientemente <strong>es</strong>clarecida pelos peritos médicos.<br />

5. Assim, a hipót<strong>es</strong>e dos autos revela que não é devido o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, tendo em vista que não ficou<br />

comprovada a incapacidade da recorrente.<br />

6. Vale r<strong>es</strong>saltar, quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito<br />

Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

7. D<strong>es</strong>sa forma, não é devido o benefício pleiteado por não <strong>es</strong>tarem preenchidos os requisitos nec<strong>es</strong>sários à sua<br />

conc<strong>es</strong>são.<br />

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que a recorrente é beneficiária da assistência judiciária<br />

gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

96 - 0005725-08.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005725-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARLEIDE MARIA COMPER<br />

MILANEZ (ADVOGADO: LUIZ CARLOS BARRETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

BRUNO MIRANDA COSTA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0005725-08.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005725-5/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE<br />

LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 83/84, que julgou improcedente<br />

o seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, Arleide Maria Comper<br />

Milanez, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portadora de <strong>es</strong>quizofrenia, ou<strong>tr</strong>os <strong>tr</strong>anstornos da personalidade, do<br />

comportamento adulto e epilepsia. Alega ainda, que a perícia médica judicial foi superficial. Com isso, requer a reforma ou<br />

nulidade da sentença, julgando procedente o pedido exposto na inicial. O INSS não apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em<br />

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe<br />

garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. A parte autora recebeu o benefício de auxílio doença de 13/07/2004 a 16/03/2005 e aposentadoria por invalidez no<br />

período de 17/03/2005 a 29/04/2011 (fl. 82). O benefício foi c<strong>es</strong>sado pelo fato de que não ser constatada, em exame<br />

realizado pela perícia médica do INSS, a incapacidade da recorrida.<br />

4. Preliminarmente, a recorrente requer a realização de nova perícia médica, em virtude da arguição de que a m<strong>es</strong>ma é<br />

superficial. Requer, ainda, que seja d<strong>es</strong>ignado o psiquia<strong>tr</strong>a da municipalidade que atende a parte autora para que emita o<br />

laudo, ou que seja oficiado à Unidade de Saúde de Cariacica obrigando <strong>es</strong>ta a en<strong>tr</strong>egar as cópias dos prontuários, haja<br />

vista que há mais de um ano não há médico psiquia<strong>tr</strong>a no posto médico.<br />

5. Verifico que não há razão para se realizar nova perícia médica, visto que a matéria foi suficientemente <strong>es</strong>clarecida pelo<br />

perito médico, que possui <strong>es</strong>pecialidade nas doenças em que a recorrente se queixa, além de não haver nenhuma nulidade<br />

que contamine a produção da prova.<br />

6. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 68/69), que a<br />

recorrente não apr<strong>es</strong>enta incapacidade para a atividade laboral, pois não é portadora de doença mental, encon<strong>tr</strong>a-se lúcida,<br />

orientada, coerente, cooperativa, calma bem humorada, e não apr<strong>es</strong>enta distúrbios do comportamento, limitaçõ<strong>es</strong><br />

funcionais e/ou alteraçõ<strong>es</strong> senso perceptivas. Com isso, o perito afirma que a recorrente encon<strong>tr</strong>a-se apta a exercer<br />

atividade laboral, não apr<strong>es</strong>entando incapacidade.<br />

7. Os at<strong>es</strong>tados de médico assistente apr<strong>es</strong>entados pela parte autora (fls. 17 e 19) corr<strong>es</strong>pondem ao período em que a<br />

m<strong>es</strong>ma <strong>es</strong>teve em gozo de benefício previdenciário, por isso não podem ser considerados, pois não comprovam a<br />

persistência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho após a c<strong>es</strong>sação do benefício.<br />

8. Vale r<strong>es</strong>saltar quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito<br />

Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

9. Assim, de acordo com o laudo médico pericial, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos<br />

expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistência


judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

97 - 0003870-91.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003870-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDSON GOSS (ADVOGADO:<br />

CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela<br />

Boechat B. B. de Oliveira.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0003870-91.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003870-4/01)<br />

VOTO<br />

Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 63/64, que julgou improcedente o<br />

seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença. Alega o recorrente, Edson Goss (40 anos de idade), em<br />

suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portador de Espondiloar<strong>tr</strong>ose Lombar e que sua incapacidade é insuscetível de reabilitação,<br />

considerada incurável. Com isso, requer seja reformada a sentença, julgando procedente o pedido exposto na inicial, a fim<br />

de se r<strong>es</strong>tabelecer o benefício de auxílio-doença, ou conceder aposentadoria por invalidez. Requer, ainda, o pagamento das<br />

parcelas re<strong>tr</strong>oativas à data do requerimento do benefício, compreendido en<strong>tr</strong>e o período de 31/05/2010 a 09/02/2011.<br />

O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença. Alega que o recorrente <strong>es</strong>tá em gozo do<br />

benefício de auxílio-doença d<strong>es</strong>de 10/02/2011.<br />

Este é o breve relatório. Passo a votar.<br />

Sabe-se que o auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido,<br />

quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por<br />

mais de 15 (quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida<br />

ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o<br />

exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

A parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença no período de 25/02/2006 a 30/05/2010, conforme fl. 06. Em<br />

26/05/2010 requereu prorrogação do auxílio-doença perante o INSS, o que veio a ser indeferido pelo fato de não ter sido<br />

constatada a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual (fl. 8).<br />

De acordo com a perícia médica judicial, verifica-se que o recorrente apr<strong>es</strong>enta quadro de Espondiloar<strong>tr</strong>ose Lombar, porém,<br />

o perito afirmou que não foi constatada a sua incapacidade. Assim, o Juízo a quo julgou improcedente o seu pedido de<br />

r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença, alegando a falta do requisito da incapacidade.<br />

Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se que, ao interpor o recurso (07/06/2011), o recorrente já<br />

vinha gozando do benefício de auxílio-doença d<strong>es</strong>de 10/02/2011 (fl. 85). Há, portanto, perda de inter<strong>es</strong>se superveniente no<br />

que refere ao período posterior a 10/02/11.<br />

O motivo da divergência em qu<strong>es</strong>tão r<strong>es</strong>ume-se então ao período em que o recorrente ficou sem receber o benefício,<br />

compreendido en<strong>tr</strong>e 31/05/2010 e 09/02/2011.<br />

A Perícia judicial foi realizada n<strong>es</strong>se interregno, mais precisamente em 26/11/2010 (fl. 38/39); a m<strong>es</strong>ma foi incisiva quanto a<br />

capacidade laborativa.<br />

O fato de o autor-recorrente tornar, após a perícia judicial, a receber auxílio-doença por força de decisão adminis<strong>tr</strong>ativa não<br />

implica na conclusão de que <strong>es</strong>taria incapacitado no período anterior a <strong>es</strong>sa nova conc<strong>es</strong>são. Com efeito, a doença de que<br />

padece o autor pode apr<strong>es</strong>entar momentos em que é viável o d<strong>es</strong>envolvimento da atividade laborativa; e pode ser que, em<br />

alguns momentos, a doença inviabilize o exercício de tal atividade. N<strong>es</strong>se ponto, reporto-me ao que observou o Juízo a quo<br />

na sentença:<br />

“(...)<br />

O perito diagnosticou uma doença degenerativa. Esse fato, porém, não é incompatível com a conclusão pela inexistência de


incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. O simpl<strong>es</strong> fato de <strong>es</strong>tar doente não garante para o segurado o direito ao auxílio-doença: é<br />

preciso ficar comprovado que a doença tenha causado alteraçõ<strong>es</strong> morfopsicofisiológicas que impeçam o d<strong>es</strong>empenho das<br />

funçõ<strong>es</strong> <strong>es</strong>pecíficas de uma atividade ou ocupação. Somente o médico detém conhecimentos técnicos para aquilatar se a<br />

doença diagnosticada inabilita o segurado para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

(...)”<br />

Em conclusão, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos.<br />

Ante o exposto, RECONHEÇO A AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL no que refere ao período posterior a 10/02/11; e<br />

no que refere ao período anterior a 10/02/11, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios.<br />

É como voto.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO ADMINSTRATIVO DE AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INTERESSE<br />

SUPERVENIENTE NO QUE REFERE AO PERÍODO POSTERIOR À NOVA CONCESSÃO – CONJUNTO PROBATÓRIO<br />

INDICATIVO DA CAPACIDADE LABORATIVA NO QUE REFERE AO PERÍODO ANTERIOR AO RESTABELECIMENTO<br />

ADMINISTRATIVO DO BENEFÍCIO - RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NO QUE REFERE AO PERÍODO EM<br />

QUE SUBSISTE INTERESSE DE AGIR, IMPROVIDO.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, em NÃO CONHECER do recurso no que refere ao período posterior a 10/02/11; e, no<br />

que refere ao período anterior a <strong>es</strong>sa data, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante dos<br />

autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

98 - 0000309-53.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000309-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AIMARA DOS SANTOS<br />

BONFIM (ADVOGADO: PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000309-53.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000309-4/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE NO<br />

MOMENTO DA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL CONCLUSIVO – NOVA PERÍCIA MÉDICA<br />

DESNECESSÁRIA – INCAPACIDADE CONSTATADA ENTRE O REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO E O LAUDO DO<br />

PERITO JUDICIAL – INCAPACIDADE QUE CONFIGURA LIMITAÇÃO LABORATIVA DE CURTO PRAZO – SENTENÇA<br />

MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, AIMARA DOS SANTOS BONFIM (26 anos de idade), em<br />

face da sentença de fl. 92/94, que julgou improcedente o pedido de condenação do INSS à conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada. Aduz a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial e que, por<br />

ser portadora de neoplasia maligna, nec<strong>es</strong>sita de <strong>tr</strong>atamento <strong>es</strong>pecífico, além de remédios fort<strong>es</strong>, sendo impossível a sua<br />

inclusão no mercado de <strong>tr</strong>abalho. Alega, ainda, que o indeferimento do pedido de nova perícia com médico <strong>es</strong>pecialista em<br />

oncologia cerceia o seu direito de def<strong>es</strong>a. D<strong>es</strong>se modo, requer seja anulada a sentença, deferindo o pedido de nova perícia,<br />

retornando os autos para que seja realizada perícia com oncologista e r<strong>es</strong>pondidos os qu<strong>es</strong>itos requeridos.<br />

Subsidiariamente, requer seja reformada a sentença, julgando procedente o pedido inicial. O INSS apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.


2. Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />

considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />

forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />

capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

3. Ao se analisar o conjunto probatório dos autos, verifica-se que foi realizada perícia médica a fim de diagnosticar as<br />

moléstias que acometem a autora. O perito médico, Dr. Leonardo Q. Chav<strong>es</strong> M. Barros, clínico geral, constatou que a parte<br />

autora não possui nenhum tipo de incapacidade e que, durante o exame clínico pericial, se apr<strong>es</strong>entou em bom <strong>es</strong>tado<br />

geral de saúde, fáci<strong>es</strong> normais, corada, hidratada, acianótica, eupnéica, sem qualquer aspecto de sofrimento, r<strong>es</strong>pondendo<br />

às perguntas que lhe foram formuladas sem dificuldade, claramente e em bom tom. Afirmou, ainda, não haver sequelas do<br />

<strong>tr</strong>atamento com quimioterapia e radioterapia e constatou a ausência de mama <strong>es</strong>querda. Assim sendo, r<strong>es</strong>tou configurado<br />

não haver incapacidade no momento da perícia.<br />

4. A parte autora impugnou o laudo médico pericial (fl. 83) e alegou no recurso inominado que o indeferimento do seu<br />

pedido por nova perícia cerceia o seu direito de def<strong>es</strong>a, aduzindo ser nec<strong>es</strong>sária a realização de nova perícia médica com<br />

<strong>es</strong>pecialista em oncologia. Sem razão a recorrente. Entendo não ser nec<strong>es</strong>sária a realização de nova perícia, pois a perícia<br />

médica judicial foi realizada com muita propriedade por perito clínico geral. O médico perito é profissional capacitado,<br />

podendo se pronunciar sobre qualquer patologia, em qualquer área médica. Além disso, a matéria foi suficientemente<br />

<strong>es</strong>clarecida pelo perito médico, não r<strong>es</strong>tando dúvidas quanto à capacidade da autora na data da realização do exame<br />

pericial.<br />

5. Em período anterior à data do exame pericial do juízo (17/12/2011), existem laudos médicos particular<strong>es</strong> (fls. 32/33, 57 e<br />

59 - datados de 01/12/2009, 29/07/2010 e 16/09/2010) que evidenciam ter havido incapacidade autoral decorrente da<br />

patologia classificada sob o CID-10: C 50.9 (neoplasia maligna da mama, não <strong>es</strong>pecificada) à época do indeferimento do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Tais documentos indicam que a parte autora <strong>es</strong>tava incapaz na época do requerimento<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo. Contudo, a perícia realizada em Juízo detectou que a m<strong>es</strong>ma não se encon<strong>tr</strong>ava incapaz para atividad<strong>es</strong><br />

laborativas. Den<strong>tr</strong>o de tal contexto, depreende-se que a autora sofreu um impedimento laborativo de curto prazo, o qual não<br />

gera direito à percepção do benefício de amparo social, por força do disposto no § 2º do artigo 20 da Lei 8.742/93 (§ 2o<br />

Para efeito de conc<strong>es</strong>são d<strong>es</strong>te benefício, considera-se p<strong>es</strong>soa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo<br />

prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obs<strong>tr</strong>uir sua<br />

participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condiçõ<strong>es</strong> com as demais p<strong>es</strong>soas)<br />

6. Em conclusão, a sentença há de ser mantida pelos seus próprios fundamentos.<br />

7. Recurso improvido. Sentença integralmente mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem honorários, visto que a parte autora goza da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

99 - 0002608-48.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.002608-5/01) EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS -<br />

ECT (ADVOGADO: ADRIANA ZAPALA RABELO, VINÍCIUS RIETH DE MORAES, MATHEUS GUERINE RIEGERT, JOSÉ<br />

OLIVEIRA DA SILVA.) x GABRIELE MONTENEGRO DA SILVA (ADVOGADO: ELIZETE PENHA DA LUZ.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2006.50.50.002608-5/01<br />

Recorrente: Empr<strong>es</strong>a Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT<br />

Recorrida: Gabriele Montenegro da Silva<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Relator para o acórdão: Juiz <strong>Federal</strong> BRUNO DUTRA<br />

2º Relator para o acórdão: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE


EMENTA<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS (ECT). REMESSA DE JÓIAS.<br />

AUSÊNCIA DE DECLARAÇÃO DE VALOR E DE CONTRATAÇÃO DE SEGURO. POSSIBILIDADE DE COMPROVAÇÃO<br />

POR OUTROS MEIOS DE PROVA. JUROS DE MORA NA RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL. DATA DA<br />

CITAÇÃO. ISENÇÃO DE CUSTAS. DECRETO-LEI Nº 509/1969. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

1. A sentença julgou o pedido parcialmente procedente, condenando a ECT a pagar, a título de dano moral, R$<br />

4.200,00 (qua<strong>tr</strong>o mil e duzentos reais); bem como R$ 814,94 (oitocentos e quatorze reais e noventa e qua<strong>tr</strong>o centavos) a<br />

título de dano material. A ECT interpôs recurso inominado, alegando que: (a) o Juízo a quo se equivocou ao afirmar a não<br />

recepção do artigo 17 da Lei n.º 6.538/1978 em face da atual Constituição; (b) equivocou-se o Juízo a quo ao adotar o<br />

entendimento de que, optando por não declarar o valor e não pagar o r<strong>es</strong>pectivo seguro, seria viável utilizar de ou<strong>tr</strong>os meios<br />

de prova para demons<strong>tr</strong>ar o dano; assim ocorre porque existe a garantia constitucional da inviolabilidade do sigilo da<br />

corr<strong>es</strong>pondência, e tal garantia <strong>tr</strong>az conseqüências diretas no campo do direito probatório e da r<strong>es</strong>ponsabilidade civil. N<strong>es</strong>ta<br />

ótica, quaisquer meios de prova que não a declaração do conteúdo ou do valor, pelo remetente, “não passarão de mera<br />

suposição acerca do que foi postado” (fl. 227). (c) não há como indenizar dano material em face da ausência de declaração<br />

de valor e conteúdo; (d) a comprovação do dano e sua extensão é pr<strong>es</strong>suposto do dever de indenizar; como a recorrida não<br />

declarou o conteúdo e o valor do objeto postado, é inviável verificar prejuízo material e, por consectário, eventuais danos<br />

ex<strong>tr</strong>apa<strong>tr</strong>imoniais; logo, não há como fixar indenização por danos morais; (e) a fixação em nove salários mínimos é<br />

exagerada e provoca enriquecimento ilícito; (f) a sentença diverge da orientação dominante no STJ e dos demais Juizados<br />

Especiais Federais; (g) os juros de mora devem ter termo inicial a partir da citação, visto que se <strong>es</strong>tá no campo de<br />

inadimplemento con<strong>tr</strong>atual; (h) a EBCT é isenta de custas, a teor do disposto no artigo 12 do Decreto-Lei n.º 509/1969; (i) a<br />

expedição de ofícios para MPF, MPT, CNJ, D<strong>es</strong>embargador Coordenador dos Juizados da 2ª Região, CGU e Pr<strong>es</strong>idência<br />

da ECT pelo fato de a recorrente não ter manif<strong>es</strong>tado inter<strong>es</strong>se em conciliar e por sonegar aos client<strong>es</strong> informaçõ<strong>es</strong> sobre o<br />

serviço opcional de valor declarado “mos<strong>tr</strong>a-se sem qualquer pertinência para o caso em apreço, afigurando-se uso<br />

d<strong>es</strong>proporcional e d<strong>es</strong>medido, pelo e. magis<strong>tr</strong>ado, de suas funçõ<strong>es</strong> jurisdicionais.” (fl. 243). Razão pela qual requereu que a<br />

Turma “... suspenda a determinação do Juízo singular para sejam expedidos ofícios supraindicados,...” (fl. 245). O autor,<br />

intimado, apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 260-272.<br />

2. A interpretação adotada pelo Juízo de primeiro grau no que refere ao art. 17 da Lei 6.538/1978 não colide com a<br />

parte dispositiva (que é a que efetivamente produz coisa julgada material) do julgamento da ADPF n.º 46. Assim ocorre<br />

porque ali o STF apenas assentou sobre a constitucionalidade do regime de monopólio.<br />

3. Da ausência de declaração do conteúdo da mercadoria postada.<br />

3.1. A sentença adotou o posicionamento de que o mero fato da não declaração da mercadoria e o não pagamento<br />

do seguro são eventos que não inviabilizam a indenização pelo valor integral da mercadoria remetida e ex<strong>tr</strong>aviada;<br />

valoração que pode ser feita a partir de ou<strong>tr</strong>os meios de prova. Com efeito, o entendimento adotado pela sentença<br />

converge com o adotado no âmbito da Turma Nacional de Unificação – TNU, como se depreende do seguinte julgado:<br />

EMENTA CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ECT. EXTRAVIO DE CORRESPONDÊNCIA SEM CONTEÚDO DECLARADO.<br />

POSSIBILIDADE DE COMPROVAÇÃO DO CONTEÚDO ATRAVÉS DE OUTRAS PROVAS ADMITIDAS EM DIREITO.<br />

IMPROVIMENTO DO INCIDENTE. 1. No caso dos autos, entenderam o Juiz monocrático e a Turma Recursal, a<strong>tr</strong>avés de<br />

análise do conjunto probatório constante dos autos, que, a d<strong>es</strong>peito da ausência de declaração de conteúdo, <strong>es</strong>taria<br />

devidamente demons<strong>tr</strong>ado que o objeto postado e ex<strong>tr</strong>aviado corr<strong>es</strong>ponderia, efetivamente, ao projetor que fora remetido<br />

ao autor por seu cunhado (que o adquiriu, em nome do demandante, e obteve o corr<strong>es</strong>pondente r<strong>es</strong>sarcimento em conta<br />

bancária). 2. D<strong>es</strong>tarte, o entendimento de que é incabível indenização por danos materiais em caso de ex<strong>tr</strong>avio de objeto<br />

postado sem declaração de conteúdo pode ser temperado, de maneira a se admitir que, quando comprovado o conteúdo da<br />

postagem por ou<strong>tr</strong>os meios admitidos em direito, é cabível a indenização. 3. Pedido de uniformização conhecido e<br />

improvido. (TNU – Proc<strong>es</strong>so PEDIDO 200584005066499 - PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI<br />

FEDERAL. Relator(a) JUÍZA FEDERAL JOANA CAROLINA LINS PEREIRA. Fonte DJ 25/02/2010).<br />

3.2. No julgado em primeiro grau, utilizou-se critério razoável para inferir o valor da mercadoria em qu<strong>es</strong>tão,<br />

concluindo que o dano material foi de R$ 814,94 (oitocentos e quatorze reais e noventa e qua<strong>tr</strong>o centavos). Todos os<br />

pontos do raciocínio do magis<strong>tr</strong>ado foram declinados na sentença objurgada, e nada há a corrigir na sentença sobre a<br />

qu<strong>es</strong>tão em exame, cuja fundamentação ora se adota.<br />

4. Por seu turno, a indenização a título de dano moral foi quantificada em R$ 4.200,00 (qua<strong>tr</strong>o mil e duzentos reais).<br />

O Juízo de primeiro grau utilizou a orientação do enunciado n.º 8 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do<br />

Rio de Janeiro (segundo a qual o valor da indenização é de até 20 salários mínimos para dano moral leve; de 20 a 40 para<br />

dano moral médio; e de 40 a 60 para dano moral grave). Considerou como leve o dano moral sofrido, fixando a indenização<br />

em patamar inferior a 20 salários mínimos. Assim, embora adequadamente explicitado o raciocínio adotado (fls. 216-217),<br />

convenho em dissentir, pontualmente, vale dizer, levando em conta a dinâmica da matéria fática e o grau da repercussão no<br />

âmbito subjetivo, considero razoável <strong>es</strong>tabelecer o valor da reparação a título de dano moral em R$ 2.500,00 (dois mil e<br />

quinhentos reais). Entendimento que prevaleceu apurando-se, in casu, o voto médio da composição da Turma. Vale dizer: o<br />

Juiz <strong>Federal</strong> BRUNO DUTRA votou no sentido de não ser cabível condenação a título de dano moral; o Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

PABLO COELHO CHARLES GOMES, para apenas reconhecer a isenção das custas proc<strong>es</strong>suais em prol da ECT; e o Juiz<br />

<strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE, no sentido apenas da redução do valor da condenação a título de dano moral.<br />

Esta a posição que, n<strong>es</strong>te caso, foi adotada como média en<strong>tr</strong>e os membros. Afora <strong>es</strong>se pormenor, encampa-se, quanto à<br />

matéria fático-jurídica, a fundamentação da sentença.<br />

5. Quanto aos juros de mora; no âmbito do dano material, a sentença fixou o termo inicial dos juros a contar da data<br />

da postagem da mercadoria; e o termo inicial para os juros em relação ao dano moral, a partir da prolação da sentença. Ou<br />

seja, adotou-se a data em que se supôs a ocorrência do fato ilícito. Não obstante, considerando <strong>es</strong>tar-se no campo da<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil con<strong>tr</strong>atual, o termo inicial dos juros de mora deve ser a data da citação (art. 219 do Código de


Proc<strong>es</strong>so Civil, em conjugação, a con<strong>tr</strong>ario sensu, com o enunciado da Súmula nº 54 do egrégio STJ. N<strong>es</strong>se pormenor, o<br />

recurso deve ser provido.<br />

6. Custas. Também deve ser acolhida a preliminar de equiparação da ECT à Fazenda Pública, no que tange à<br />

isenção das custas e prazos em dobro, de modo a garantir àquela as m<strong>es</strong>mas prerrogativas d<strong>es</strong>ta. N<strong>es</strong>se sentido:<br />

RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO<br />

ADMINISTRATIVO. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. ISENÇÃO DE CUSTAS PROCESSUAIS.<br />

RECURSO PROVIDO. 1. O Decreto-Lei 509/69 dispõe sobre a <strong>tr</strong>ansformação dos Correios e Telégrafos em empr<strong>es</strong>a<br />

pública, <strong>es</strong>tabelecendo, em seu art. 12, que "a ECT gozará de isenção de direitos de importação de materiais e<br />

equipamentos d<strong>es</strong>tinados aos seus serviços, dos privilégios concedidos à Fazenda Pública, quer em relação a imunidade<br />

<strong>tr</strong>ibutária, direta ou indireta, impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer no concernente a foro, prazos e<br />

custas proc<strong>es</strong>suais". 2. Analisando a referida norma, o Plenário do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no julgamento do RE<br />

220.906/DF (Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ de 14.11.2002), consagrou entendimento no sentido de que a Constituição<br />

<strong>Federal</strong> de 1988 recepcionou o disposto no art. 12 do Decreto-Lei 509/69, o qual <strong>es</strong>tendeu à Empr<strong>es</strong>a Brasileira de Correios<br />

e Telégrafos - ECT - os privilégios conferidos à Fazenda Pública, en<strong>tr</strong>e el<strong>es</strong> os concernent<strong>es</strong> a foro, prazos e custas<br />

proc<strong>es</strong>suais. 3. A Lei 9.289/96, em seu art. 4º, I, dispõe que "são isentos de pagamento de custas: a União, os Estados, os<br />

Município, os Territórios Federais, o Dis<strong>tr</strong>ito <strong>Federal</strong> e as r<strong>es</strong>pectivas autarquias e fundaçõ<strong>es</strong>". Nota-se, pois, que a lei não<br />

<strong>es</strong>tendeu às empr<strong>es</strong>as públicas a prerrogativa de isenção de custas proc<strong>es</strong>suais. No entanto, <strong>tr</strong>ata-se de norma geral a<br />

r<strong>es</strong>peito da isenção de custas proc<strong>es</strong>suais no âmbito da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>. Por sua vez, o Decreto-Lei 509/69 é norma<br />

<strong>es</strong>pecial, aplicável <strong>es</strong>pecificamente à ECT, <strong>es</strong>tendendo-lhe os m<strong>es</strong>mos privilégios da Fazenda Pública, relativos à<br />

imunidade <strong>tr</strong>ibutária, à impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, bem como a foro, prazos e custas proc<strong>es</strong>suais.<br />

E não há ainda, no ordenamento jurídico pá<strong>tr</strong>io, nenhuma norma <strong>es</strong>pecial que discipline em con<strong>tr</strong>ário a matéria. D<strong>es</strong>tarte,<br />

considerando que norma <strong>es</strong>pecial não pode ser revogada por norma geral, prevalece incólume o disposto no art. 12 do<br />

Decreto-Lei 509/69, isentando a ECT do recolhimento de custas proc<strong>es</strong>suais. 4. Ou<strong>tr</strong>ossim, como bem delineou o Ministério<br />

Público <strong>Federal</strong>, "o entendimento do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, sobre a isenção da ECT no pagamento de custas<br />

proc<strong>es</strong>suais, é posterior à publicação da Lei 9.289/1996, o que afasta, segundo o posicionamento da Suprema Corte, a<br />

alegação de que o Decreto-Lei 509/1969 teria sido revogado pela Lei 9.289/1996" (fl. 147). 5. Recurso <strong>es</strong>pecial<br />

provido. (RESP 200801984547, DENISE ARRUDA, STJ - PRIMEIRA TURMA, 01/12/2009)”<br />

7. Expedição de ofícios. O Juízo a quo já expediu os ofícios para as autoridad<strong>es</strong> referidas na sentença, por<br />

entender que os procurador<strong>es</strong> da ECT detêm autorização legal para <strong>tr</strong>ansigirem, mas não obstante, afirmam que a ECT não<br />

lh<strong>es</strong> confere poder para tanto. Segundo a empr<strong>es</strong>a pública recorrente, tal procedimento “mos<strong>tr</strong>a-se sem qualquer<br />

pertinência para o caso em apreço, afigurando-se uso d<strong>es</strong>proporcional e d<strong>es</strong>medido, pelo e. magis<strong>tr</strong>ado, de suas funçõ<strong>es</strong><br />

jurisdicionais.” (fl. 243). Razão pela qual requereu que a Turma “... suspenda a determinação do Juízo singular para sejam<br />

expedidos ofícios supraindicados,...” (fl. 245). O fato proc<strong>es</strong>sual da ausência de conciliação (não sendo de relevância o seu<br />

motivo) não se refere a uma matéria preliminar nem ao mérito da causa. No que refere a tal expedição de ofícios, não<br />

houve erro de procedimento, nem de julgamento. Se houve equívoco ou hipotético exc<strong>es</strong>so, cuida-se de matéria a ser<br />

r<strong>es</strong>olvida não em sede recursal, mas em ou<strong>tr</strong>a seara. Nada há, portanto, a deliberar no ponto.<br />

8. Recurso da ECT parcialmente provido para: (i) reduzir o valor a título de dano moral para R$ 2.500,00 (dois mil e<br />

quinhentos reais); (ii) reconhecer a isenção de custas proc<strong>es</strong>suais; e (iii) fixar a data da citação como termo inicial dos juros<br />

de mora da indenização pelo dano material.<br />

9. Custas inexigíveis. Sem honorários.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos<br />

Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO<br />

AO RECURSO, na forma do voto do 2º relator para o acórdão e da ementa constante dos autos, parte integrante do<br />

julgado.<br />

BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator para o acórdão<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

100 - 0004411-95.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.004411-4/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER<br />

ALVES TUMOLI.) x EVANDRO FIGUEIREDO GONÇALVES (ADVOGADO: RAMON RAIMUNDO BATISTA DOS<br />

SANTOS.) x ELIZÂNGELA LIPAUS PEREIRA (ADVOGADO: RAMON RAIMUNDO BATISTA DOS SANTOS.) x OS<br />

MESMOS.<br />

EMENTA<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (CAIXA). CONTRATO DE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL<br />

(FIES). INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE REGISTRO DE CRÉDITO DO CONTRATANTE E DE SUA FIADORA.<br />

NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO DA FIADORA A RESPEITO DO INADIMPLEMENTO DO AFIANÇADO.<br />

DOCUMENTOS ANEXADOS PELA RÉ APÓS A SENTENÇA, MAIS DE UM ANO APÓS A CONTESTAÇÃO. PRECLUSÃO.<br />

RECURSO DA CAIXA PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO DO COAUTOR IMPROVIDO.<br />

1. A sentença julgou o pedido do primeiro autor (con<strong>tr</strong>atante) improcedente; e julgou procedente o pedido da<br />

segunda autora (fiadora), fixando compensação, a título de danos morais, em R$20.400,00; condenou a CAIXA por


litigância de má-fé por deduzir pretensão con<strong>tr</strong>a texto expr<strong>es</strong>so de lei (art. 821, CC), bem como em 20% a título de<br />

honorários advocatícios.<br />

1.1. Após a sentença, a CAIXA acostou vários documentos alusivos à notificação da fiadora; e, depois, a CAIXA<br />

interpôs recurso inominado, requerendo a reversão da pena de litigância de má-fé; no que refere à notificação da fiadora<br />

sobre o débito do con<strong>tr</strong>atante, alegou que o fato de a informação à fiadora ser enviada pela credora direta ou pelo órgão de<br />

r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao crédito é indiferente no que diz r<strong>es</strong>peito aos propósitos do artigo 821 do CC; afirmou que a juntada de<br />

documentos feita após a sentença se justifica em face “da maneira inusitada como se deu a ciência da nec<strong>es</strong>sidade de<br />

enfrentamento de complexidade relativa à natureza jurídica da mora; requereu que se considere como fato não provado a<br />

alegação autoral de que não recebera a devida notificação a r<strong>es</strong>peito do débito, em face da ausência de inversão de ônus<br />

da prova (que não fora requerida); caso se considere ser o caso de fixação de indenização, que se considere como leve a<br />

sua culpa, reduzindo a indenização para montant<strong>es</strong> compatíveis com a jurisprudência da própria turma.<br />

1.2. O primeiro autor, Evandro, também interpôs recurso inominado. Alegou o primeiro autor que em agosto de 2008<br />

recebeu telefonema do setor de cobrança da Caixa, informando a existência da dívida e que deveria comparecer a uma<br />

agência; procurou a agência 0590 em Campo Grande, Cariacica, onde chegou às 12h, mas não conseguiu obter<br />

informação; retornou no ou<strong>tr</strong>o dia e “recebeu a prom<strong>es</strong>ssa de que após 48 horas seria providenciada a retirada da r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição<br />

do nome...”; que tais fatos deixaram de ser apreciados na sentença; razão pela qual requereu a fixação de compensação<br />

em danos morais. A segunda autora, Elizangela, não apelou.<br />

2. Todo o relato que a petição inicial <strong>tr</strong>az com relação ao primeiro autor (Evandro, que obtivera o financiamento em<br />

seu favor) <strong>es</strong>tá a re<strong>tr</strong>atar um fato lícito: recebera telefonema a r<strong>es</strong>peito do débito e se dirigiu até uma agência da CAIXA<br />

para providenciar a retirada de seu nome de cadas<strong>tr</strong>o de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição. Como bem observou o Juízo a quo, com relação ao<br />

devedor principal não há nec<strong>es</strong>sidade de notificação. Eventual demora de atendimento nos dias em que o autor se dirigira à<br />

agência da Caixa não <strong>es</strong>tá a indicar a ocorrência de qualquer dano moral, visto que <strong>es</strong>te fato (e tão somente ele) é<br />

corriqueiro; e a inicial não imputa, com relação a Evandro, qualquer ou<strong>tr</strong>o evento a denotar a ocorrência de fato que vi<strong>es</strong>se<br />

a provocar ofensa à seu nome, sua imagem, dignidade ou honra; o mero fato da negativação de seu nome foi lícito, visto<br />

que <strong>es</strong>tava inadimplemente. Em conclusão, a sentença há de ser mantida com relação ao primeiro autor.<br />

3. Recurso da Caixa.<br />

3.1. Eis o que dispõe o artigo 821 do Código Civil: “Art. 821. As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o<br />

fiador, n<strong>es</strong>te caso, não será demandado senão depois que se fizer certa e líquida a obrigação do principal devedor.”<br />

3.2. Diferentemente do que afirmou a sentença, tal artigo não refere à qu<strong>es</strong>tão da mora (se ex re ou ex persona) em<br />

hipót<strong>es</strong>e de fiança. Refere apenas à possibilidade de se <strong>es</strong>tipular fiança relativamente a uma obrigação futura (cuja<br />

existência pode ou não se configurar), o que se con<strong>tr</strong>apõe a uma obrigação atual (ou seja, já existente); e na hipót<strong>es</strong>e de<br />

obrigação futura, após sua certeza (ou seja, após vir a existir), havendo mora do devedor principal, <strong>es</strong>tipula que o fiador<br />

somente poderá ser executado (“demandado”) se a obrigação do devedor principal já <strong>es</strong>tiver liquidada (ou seja: a execução<br />

do fiador supõe a liquidez da obrigação).<br />

3.3. A nec<strong>es</strong>sidade de se constituir o fiador em mora, por meio de notificação, não decorre do dispositivo<br />

mencionado. Ao revés, decorre implicitamente da cláusula final do artigo 818 do Código Civil, verbis: “Art. 818. Pelo con<strong>tr</strong>ato<br />

de fiança, uma p<strong>es</strong>soa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso <strong>es</strong>te não a cumpra.” D<strong>es</strong>ta<br />

cláusula final decorre que a fiança é, via de regra, subsidiária. Não obstante, o con<strong>tr</strong>ato pode dispor diferentemente e<br />

<strong>es</strong>tipular solidariedade en<strong>tr</strong>e devedor e fiador. A regra em qu<strong>es</strong>tão não é cogente, podendo o con<strong>tr</strong>ato dispor diversamente;<br />

com efeito, a dou<strong>tr</strong>ina pá<strong>tr</strong>ia admite que se <strong>es</strong>tipule solidariedade sem que haja d<strong>es</strong>naturação da fiança (n<strong>es</strong>se sentido é a<br />

lição de Maria Helena Diniz). N<strong>es</strong>te segundo caso, seria dispensável a notificação do fiador, visto que poderia o credor<br />

exigir a pr<strong>es</strong>tação do devedor-afiançado ou do devedor-fiador.<br />

3.4. Não se juntou aos autos o con<strong>tr</strong>ato principal, mas somente seu termo aditivo, que nada dispôs a r<strong>es</strong>peito, de<br />

modo que tenho de supor que a fiança segue a regra geral, ou seja, é subsidiária; há, pois, no caso concreto nec<strong>es</strong>sidade<br />

de o credor notificar o fiador acerca da inadimplência do devedor principal.<br />

3.5. Em suma, havia nec<strong>es</strong>sidade de que o fiador fosse formalmente informado (notificado) da inadimplência do devedor<br />

principal e exortado a cumprir a pr<strong>es</strong>tação por aquele inadimplida. Não obstante, visto que tal nec<strong>es</strong>sidade não decorre do<br />

dispositivo referido na sentença (art. 823, CC) é equivocada a t<strong>es</strong>e de que a ré teria incorrido na hipót<strong>es</strong>e do artigo 17, I, do<br />

CPC. Por tal razão, o recurso há de ser provido, quando pleiteia a reversão da pena de litigância de má-fé.<br />

3.6. Documentos juntados após a sentença.<br />

3.6.1. A notificação a r<strong>es</strong>peito da inadimplência do devedor principal pode ser encaminhada pelo órgão de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao<br />

crédito em nome do credor (CAIXA) d<strong>es</strong>de que, obviamente, o faça ant<strong>es</strong> de efetivar a r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição cadas<strong>tr</strong>al. N<strong>es</strong>te sentido,<br />

procede a argumentação da recorrente; e os documentos que anexou tardiamente aparentemente indicam que o órgão de<br />

r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao crédito efetivou tal notificação ant<strong>es</strong> de fazer a inserção do nome.<br />

3.6.2. Não obstante tal fato, operou-se a preclusão da faculdade da CAIXA juntar os documentos que anexou após a<br />

prolação da sentença. Poderia tê-los juntado anteriormente, sendo digno de nota que a CAIXA cont<strong>es</strong>tou a ação em<br />

19/01/09 e juntou tais documentos mais de um ano depois, em 10/02/10. Logo, tais documentos não serão considerados:<br />

deverão ser d<strong>es</strong>en<strong>tr</strong>anhados e grampeados à capa dos autos.<br />

3.6.3. Por força da d<strong>es</strong>consideração acima referida, NÃO há nos autos comprovação de que a CAIXA notificara a<br />

fiadora Elizangela acerca da inadimplência do devedor-principal Evandro (1º autor) ant<strong>es</strong> da efetivação da r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição<br />

cadas<strong>tr</strong>al ao seu nome em órgão de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao crédito (SPC/Serasa).<br />

3.7. Em conclusão, persiste a obrigação de indenizar Elizangela por dano moral.<br />

3.7.1. Mensuração do dano. Conforme a orientação contida no enunciado n.º 8 da Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais do Rio de Janeiro, o valor da indenização é de até 20 salários mínimos para dano moral leve; de 20 a 40<br />

para dano moral médio; e de 40 a 60 para dano moral grave. Na petição inicial, a autora faz uma alegação genérica de que<br />

fora comprar um móvel e então d<strong>es</strong>cobriu que seu nome <strong>es</strong>tava inscrito no SPC; não se mencionou sequer o nome do<br />

<strong>es</strong>tabelecimento comercial onde houve o problema. A comprovação de que terceiros vieram a saber do fato seria difícil ou<br />

m<strong>es</strong>mo inviável de se efetivar. Den<strong>tr</strong>o de tal contexto, reputo como leve o dano moral sofrido por Elisângela, de modo que


eduzo a indenização ao patamar de 5 (cinco) salários mínimos, tomando por base o valor atualmente vigente.<br />

4. Recurso da CAIXA parcialmente provido, para: (i) excluir a condenação por litigância de má-fé, bem como seus<br />

consectários (condenação em honorários e custas); e (ii) reduzir a compensação devida a Elizângela para 5 salários<br />

mínimos, tendo por base o valor atualmente vigente, que deverá sofrer a incidência de juros de mora de 1% ao mês d<strong>es</strong>de<br />

a data do fato narrado na inicial (26/09/08). A partir da prolação d<strong>es</strong>ta sentença, deverá haver também a incidência de<br />

correção monetária (súmula 362 do STJ), além dos juros de mora. Contudo, em face da orientação recente da TNU no<br />

Pedido de Uniformização n.º 2008.71.63.004117-1, <strong>es</strong>tipulo que a partir da data da prolação da sentença deverá incidir,<br />

apenas, a Taxa Selic (cuja composição agrega juros e correção monetária, conforme orientação jurisprudencial pacífica).<br />

5. Recurso do autor Evandro improvido.<br />

6. Custas ex lege. Sem honorários.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos<br />

Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO<br />

AO RECURSO DA CAIXA, e em NEGAR PROVIMENTO ao RECURSO DO PRIMEIRO AUTOR, na forma do voto/ementa<br />

constante dos autos que faz parte integrante do julgado.<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

101 - 0001533-68.2006.4.02.5051/01 (2006.50.51.001533-3/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUCIANO<br />

PEREIRA CHAGAS, LEONARDO JUNHO GARCIA, SELCO DALTO.) x SERGIO BARBOSA JUNIOR (ADVOGADO:<br />

ALEXANDRE RABELLO DE FREITAS, ARY RABELO PAULUCIO.).<br />

E M E N T A<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – DESCONTOS EM<br />

FOLHA DE PAGAMENTO – PARCELAS NÃO DESCONTADAS POR CULPA DA CEF – INSCRIÇÃO INDEVIDA NA<br />

SERASA – DANO MORAL CONFIGURADO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela Caixa Econômica <strong>Federal</strong>, em face da sentença de fls. 83/89, que julgou<br />

parcialmente procedente os pedidos iniciais, condenando a CEF a pagar R$ 6.000,00 (seis mil reais) a título de danos<br />

morais. Aduz a CEF, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não cometeu qualquer ato ilícito, pois não foi de sua r<strong>es</strong>ponsabilidade a<br />

ocorrência do evento danoso e, por isso, requer a reforma da sentença para julgar improcedente o pedido de condenação<br />

em danos morais ou, se assim não for entendido, que o valor de tal condenação seja minorado. A parte autora apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. O autor firmou con<strong>tr</strong>ato de Empréstimo Consignação Caixa com a recorrente em fevereiro de 2005 (fls. 13/17), com a<br />

autorização de que a convenente/empregador (no caso, a Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim), d<strong>es</strong>contasse<br />

em folha de pagamento as pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> devidas.<br />

3. O autor foi informado de que a primeira parcela do citado con<strong>tr</strong>ato seria d<strong>es</strong>contada em março/2005. Não sendo<br />

d<strong>es</strong>contada a primeira parcela na data informada, o recorrido en<strong>tr</strong>ou em contato com a recorrente, sendo-lhe informado que<br />

era normal <strong>es</strong>te a<strong>tr</strong>aso e que no próximo mês viria o d<strong>es</strong>conto. No mês de abril não houve d<strong>es</strong>conto novamente e, em<br />

contato com a Caixa, recebeu a m<strong>es</strong>ma informação do mês anterior. Assim perdurou até o mês de junho, quando o autor<br />

recebeu uma carta de solicitação para comparecer na Caixa.<br />

4. Ainda conforme o autor, ao comparecer na CEF, uma funcionária do banco en<strong>tr</strong>ou em contato com uma funcionária da<br />

Prefeitura, que lhe informou não ter recebido o con<strong>tr</strong>ato para realizar os d<strong>es</strong>contos regularmente. O con<strong>tr</strong>ato só teria sido<br />

enviado em 08 de junho à Prefeitura, iniciando-se os d<strong>es</strong>contos.<br />

5. Na Caixa, o autor tentou quitar as duas parcelas em aberto, sendo proposta uma renegociação que, no entender do<br />

autor, era d<strong>es</strong>vantajosa, já que não teria dado causa ao a<strong>tr</strong>aso. Em decorrência d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> fatos, o nome do autor foi inscrito na<br />

SERASA, tendo havido suc<strong>es</strong>sivas inscriçõ<strong>es</strong> ao longo de 22 m<strong>es</strong><strong>es</strong> (julho de 2005 a abril de 2007 – fl. 69), causando-lhe<br />

diversos prejuízos, pois ficou sem crédito nenhum durante <strong>es</strong>te período, além de todo o cons<strong>tr</strong>angimento de ser visto como<br />

mau pagador.<br />

6. Em audiência, o autor pr<strong>es</strong>tou seu depoimento, confirmando todos os fatos narrados por ele na inicial. Disse que sempre<br />

procurou a CEF, sem nenhuma r<strong>es</strong>posta e que, quando foi quitar as duas primeiras parcelas, a recorrente queria cobrar<br />

juros e correção. A primeira t<strong>es</strong>temunha, preposta da CEF, afirmou que se não houver repasse do convenente para a CEF,<br />

as parcelas do con<strong>tr</strong>ato ficam em aberto; que não há inclusão de con<strong>tr</strong>atos no sistema sem averbação da convenente e que<br />

<strong>es</strong>ta averbação só é feita se a CEF encaminhar o con<strong>tr</strong>ato para a convenente; que não tem conhecimento nenhum do<br />

pr<strong>es</strong>ente caso, <strong>es</strong>pecificamente. A segunda t<strong>es</strong>temunha, uma funcionária da Prefeitura, confirmou a versão do autor,<br />

dizendo que a CEF não tinha enviado o con<strong>tr</strong>ato e, por isso, não houve o d<strong>es</strong>conto das parcelas em folha de pagamento;<br />

disse que, se a CEF tiv<strong>es</strong>se enviado o con<strong>tr</strong>ato, teria que ter uma cópia do m<strong>es</strong>mo, indicando ter sido recebido; afirmou que<br />

o con<strong>tr</strong>ato só foi enviado no mês de junho ou julho/2005. A terceira t<strong>es</strong>temunha, colega de <strong>tr</strong>abalho do recorrido, afirmou<br />

que um banco ligava direto para o <strong>tr</strong>abalho, querendo falar com o autor.<br />

7. Diante dos fatos, conclui-se que o autor não <strong>es</strong>teve em mora relativamente às duas primeiras parcelas do con<strong>tr</strong>ato e,<br />

assim, não poderiam ter sido cobrado juros e correção, nem muito menos ter seu nome inscrito junto à SERASA. R<strong>es</strong>tou


comprovado que a culpa do evento danoso foi da Caixa, pois ela não enviou o con<strong>tr</strong>ato à Prefeitura para que houv<strong>es</strong>se os<br />

devidos d<strong>es</strong>contos em folha de pagamento. Também r<strong>es</strong>tou <strong>es</strong>clarecido que, posteriormente, a CEF reconheceu o erro,<br />

depois de um ano, realocando as duas pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> iniciais ao final do prazo, com o d<strong>es</strong>conto regular no con<strong>tr</strong>acheque do<br />

recorrido, no valor original.<br />

8. O valor do dano moral arbi<strong>tr</strong>ado na sentença <strong>es</strong>tá em conformidade com a pr<strong>es</strong>ente situação, pois levou em<br />

consideração a culpa da CEF e a quantidade de tempo em que o nome do recorrido <strong>es</strong>teve inscrito indevidamente na<br />

SERASA, sendo aplicado um dano moral leve, que foi arbi<strong>tr</strong>ado den<strong>tr</strong>o dos parâme<strong>tr</strong>os do Enunciado nº 08 das Turmas<br />

Recursais do Rio de Janeiro.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

102 - 0002266-63.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002266-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x ROSILENE SILVA DE SOUZA (ADVOGADO: LILIAN BELISARIO<br />

DOS SANTOS.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0002266-63.2008.4.02.5051/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

RECORRIDO: ROSILENE SILVA DE SOUZA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DE SALÁRIO-MATERNIDADE – RURAL – NÃO<br />

COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE LABORAL EXERCIDA PELA SEGURADA PELO PERÍODO DE CARÊNCIA EXIGIDO<br />

(10 MESES) – AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA<br />

REFORMADA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

103 - 0000677-90.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000677-3/01) JOAQUINA MARIA DA SILVA (ADVOGADO: FABIANO<br />

ODILON DE BESSA LURETT, ALMIR MELQUIADES DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº 000677-90.2009.4.02.5054/01<br />

RECORRENTE: JOAQUINA MARIA DA SILVA<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINDADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE – RURAL – QUALIDADE DE


SEGURADO ESPECIAL NÃO COMPROVADA – AUSÊNCIA DE ATIVIDADE RURAL EM REGIME DE ECONOMIA<br />

FAMILIAR – SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, con<strong>tr</strong>a a sentença de fl. 69/71 que julgou<br />

improcedente o pedido de aposentadoria rural por idade da autora. Em suas razõ<strong>es</strong> (fls. 119/122), a recorrente sustenta que<br />

possui direito ao benefício de aposentadoria por idade, pois teria comprovado o exercício de atividade rural, em regime de<br />

economia familiar, pelo período de carência exigido por lei. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 72/82.<br />

Em primeiro lugar, é importante r<strong>es</strong>saltar que, nos termos do art. 143 da Lei nº 8.213/91, o <strong>tr</strong>abalhador rural referido na<br />

alínea “a” dos incisos I e IV, e nos incisos VI e VII do art. 11 da m<strong>es</strong>ma lei, além de comprovar a idade mínima (55<br />

anos/mulher) deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período<br />

imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente<br />

à carência do benefício postulado. Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser<br />

comprovado ao menos por início de razoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º<br />

da Lei nº 8.213/91. No entanto, levando-se em conta as condiçõ<strong>es</strong> em que são exercidas as atividad<strong>es</strong> rurícolas, não se<br />

deve exigir rigor ex<strong>tr</strong>emo na comprovação d<strong>es</strong>te <strong>tr</strong>abalho, que é exercido em regime de economia familiar na forma do art.<br />

11, inciso VII, § 1º da Lei nº 8.213/91.<br />

Nos termos da jurisprudência consolidada na Turma Nacional de Uniformização, para fins de obtenção de aposentadoria<br />

rural por idade, além dos requisitos da idade e do tempo de serviço, exige a lei a comprovação do exercício do labor rural<br />

no período imediatamente anterior ao implemento da idade ou ao requerimento do benefício. A parte autora completou 55<br />

anos em 1994, devendo preencher, assim, o período de carência de 72 m<strong>es</strong><strong>es</strong> (6 anos), nos termos do art. 142 da Lei nº<br />

8.213/91.<br />

A título de início de prova material, a recorrente colacionou aos autos os seguint<strong>es</strong> documentos: certidão de casamento<br />

constando seu marido como lavrador (fl.14) e documentação referente à filiação dele ao Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong><br />

Rurais (fls. 16/18). Contudo, o INSS alega que a autora não é <strong>tr</strong>abalhadora rural, pois seu marido manteve vários vínculos<br />

como <strong>tr</strong>abalhador urbano en<strong>tr</strong>e os anos de 1989 e 1998, percebendo aposentadoria na qualidade de comerciário d<strong>es</strong>de<br />

1995.<br />

Ap<strong>es</strong>ar do acervo documental repr<strong>es</strong>entar início de prova material acerca do <strong>tr</strong>abalho rural, a autora não logrou êxito em<br />

comprovar o exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo período de carência exigido por lei, pois o seu<br />

depoimento p<strong>es</strong>soal e a prova t<strong>es</strong>temunhal não corroboraram suficientemente a prova material. Em seu depoimento, a<br />

parte autora relatou que “<strong>tr</strong>abalhou por muitos anos como rural, nas terras do Sr. Gustavo e do Sr. Agenor, e que depois se<br />

mudou para Vitória com o <strong>es</strong>poso, o qual foi <strong>tr</strong>abalhar como vigia. Afirmou que durante os vinte anos que permaneceu em<br />

Vitória não possuiu nenhum vínculo empregatício nem urbano e nem rural, aduzindo ter retornado há cerca de cinco anos<br />

para roça, <strong>tr</strong>abalhando como meeira nas terras de seu filho”.<br />

Conforme r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ado, a autora morou em Vitória, sem exercer atividade rural no período de 1985 a 2005, de modo<br />

que não mais laborava no meio rural ao completar o requisito etário. Assim, por ter a recorrente permanecido por um longo<br />

período afastada da atividade rural, entendo que ficou d<strong>es</strong>caracterizado o conceito de segurada <strong>es</strong>pecial. D<strong>es</strong>se modo, não<br />

ficou comprovado que a autora laborou em regime de economia familiar pelo período de carência exigido.<br />

Por fim, ad argumentandum, nas assiste razão à recorrente ao sustentar que, se considerado apenas o lapso temporal<br />

anterior à sua ida para a zona urbana, já haveria direito ao benefício. Isto porque tal período não pode ser considerado para<br />

efeito de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade, visto que houve interrupção da atividade rural por período superior a 3<br />

(<strong>tr</strong>ês) anos, o que acarretou a perda da qualidade de segurado. N<strong>es</strong>se sentido tem se manif<strong>es</strong>tado a TNU:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL.<br />

INTERCALAÇÃO COM ATIVIDADE URBANA. ART. 143 DA LEI Nº 8.213/91. 1. Para fins de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria<br />

por idade rural, a d<strong>es</strong>continuidade admitida pelo art. 143 da Lei nº 8.213/91 é aquela que não importa em perda da condição<br />

de segurado rural, ou seja, é aquela em que o exercício de atividade urbana de forma intercalada não supera o período de 3<br />

(<strong>tr</strong>ês) anos. 2. Caso em que o período de atividade urbana foi exercido por mais de 8 (oito) anos (de 1989 a 1997), não<br />

tendo sido comprovado que, no período imediatamente anterior ao requerimento (1999), a autora tenha d<strong>es</strong>empenhado<br />

atividade rurícola pelo período de carência previsto no art. 142 da Lei nº 8.213/91 para o ano em que completou a idade<br />

(1999): 108 m<strong>es</strong><strong>es</strong> ou 9 anos, ou seja, d<strong>es</strong>de 1990. 3. Aposentadoria por idade rural indevida. 4. Pedido de uniformização<br />

improvido.<br />

(PEDILEF 200783045009515, JUÍZA FEDERAL JACQUELINE MICHELS BILHALVA, TNU - Turma Nacional de<br />

Uniformização, DJ 13/10/2009.)<br />

Em suma, não comprovado o exercício de labor rural em regime de economia familiar pelo período de carência exigido<br />

r<strong>es</strong>ta concluir que a recorrente não faz jus ao benefício de aposentadoria por idade.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuita<br />

deferida à fl. 83, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

104 - 0000305-03.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000305-1/01) NICY SILVARES MACIEL (ADVOGADO: CLÁUDIO LÉLIO<br />

DOS ANJOS, PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: JOSE APARECIDO BUFFON.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000305-03.2009.4.02.5003/01<br />

RECORRENTE: NICY SILVARES MACIEL<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADA ESPECIAL – NÃO<br />

COMPROVAÇÃO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL PELO PERÍODO EQUIVALENTE À CARÊNCIA DO<br />

BENEFÍCIO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente em face da sentença de fls. 64/67 que julgou<br />

improcedente o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, alega a autora que<br />

sempre exerceu labor rural em regime de economia familiar, tendo <strong>tr</strong>azido aos autos início razoável de prova material.<br />

Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> à fl.76.<br />

Em primeiro lugar, é importante r<strong>es</strong>saltar que nos termos do art. 39, I, da Lei 8.213/91, para fins de recebimento de<br />

aposentadoria rural por idade, o segurado <strong>es</strong>pecial previsto no inciso VII do artigo 11 d<strong>es</strong>ta lei, além de comprovar a idade<br />

mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos mold<strong>es</strong> do artigo 48, § 1º do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, deve demons<strong>tr</strong>ar o<br />

efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do<br />

benefício, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado.<br />

No pr<strong>es</strong>ente caso, a prova material cinge-se à certidão de casamento da autora, realizado em 1965, com a informação de<br />

que seu marido era lavrador (fl. 17). Há que se r<strong>es</strong>saltar que a própria autora afirma <strong>es</strong>tar separada de fato há,<br />

aproximadamente, 15 (quinze) anos. Diante disso, percebe-se que não há início de prova material contemporânea ao<br />

período que se pretende comprovar.<br />

Nos termos do art. 55, § 3°, da Lei nº 8.213/91, a comprovação do exercício de qualquer atividade abrangida pelo RGPS,<br />

inclusive a atividade rural, depende de prova material, cabendo à prova t<strong>es</strong>temunhal apenas a complementação daquela<br />

prova. No pr<strong>es</strong>ente caso, a parte autora não juntou aos autos prova material suficiente a comprovar a sua qualidade de<br />

segurada <strong>es</strong>pecial, visto que, o único documento que relaciona a recorrente ao labor rural faz referência a uma época muito<br />

remota. Diante da insuficiência de provas, fica evidente que a recorrente não logrou êxito em comprovar a sua qualidade de<br />

segurada <strong>es</strong>pecial rural, no período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado, tendo em vista que, a prova t<strong>es</strong>temunhal por si só<br />

não tem o condão de configurar a qualidade de rurícola da autora (súmula 149 do STJ).<br />

D<strong>es</strong>se modo, entendo que diante da insuficiência de prova material contemporânea aos fatos, a recorrente não logrou êxito<br />

em comprovar a sua qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial rural pelo período de carência exigido em lei, não fazendo jus,<br />

portanto ao benefício pleiteado.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência<br />

judiciária gratuita à fl. 35, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 55, caput, da Lei<br />

9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais


da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

105 - 0000126-76.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000126-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x EVA ANTONIA DE JESUS (ADVOGADO: ANTONIO HERMELINDO<br />

RIBEIRO NETO, ROBNEI BATISTA DE BARROS.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N°.0000126-76.2010.4.02.5054/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO(A): EVA ANTONIA DE JESUS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADA ESPECIAL –<br />

INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADA POR PROVA TESTEMUNHAL – RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 58/60, que julgou<br />

procedente o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, a autarquia<br />

previdenciária alega que não r<strong>es</strong>tou comprovado nos autos o efetivo exercício de atividade rural pelo tempo equivalente à<br />

carência exigida para o benefício, conforme disposto no art. 142 da Lei nº 8.213/91. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 77/79.<br />

Deve-se r<strong>es</strong>saltar que, nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria rural por<br />

idade, o segurado <strong>es</strong>pecial do inciso VII do artigo 11 d<strong>es</strong>ta lei, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60<br />

anos/homem), nos mold<strong>es</strong> do artigo 48, § 1º, do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, deve comprovar o efetivo exercício de atividade<br />

rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao<br />

número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado.<br />

Visando o reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início de razoável<br />

prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei 8213/91, e, para que tal atividade se<br />

enquadre no regime de economia familiar, faz-se nec<strong>es</strong>sário que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família seja indispensável à<br />

própria subsistência e ao d<strong>es</strong>envolvimento socioeconômico do núcleo familiar e que seja exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua<br />

dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 da supracitada lei. Vale<br />

mencionar que o inciso VII do artigo 11 da Lei 8213/91 permite que a atividade rural seja exercida individualmente.<br />

No caso sob exame, o ponto con<strong>tr</strong>overtido envolve, tão somente, a suposta ausência de comprovação de exercício de<br />

atividad<strong>es</strong> rurais em regime de economia familiar por período equivalente à carência do benefício. Ocorre que, em análise<br />

do caderno proc<strong>es</strong>sual, entendo que os elementos de prova produzidos nos autos revelam-se suficient<strong>es</strong> à demons<strong>tr</strong>ação<br />

da condição de segurada <strong>es</strong>pecial da parte recorrida e do efetivo d<strong>es</strong>empenho de labor rural pelo tempo exigido em lei.<br />

Com efeito, os documentos anexados aos autos compõem início razoável de prova material do <strong>tr</strong>abalho no campo, den<strong>tr</strong>e<br />

os quais podem ser citados: i) certidõ<strong>es</strong> de nascimento de seus seis filhos, mencionando que seu <strong>es</strong>poso exercia a<br />

profissão de lavrador (fl. 15/20); ii) con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola tendo a autora como parceira outorgada, com início em<br />

04/04/2008 e vencimento em 30/07/2011, mencionando ainda que a autora já mantinha parceria agrícola d<strong>es</strong>de abril de<br />

1999 (fl. 28/32); iii) fichas de ma<strong>tr</strong>icula <strong>es</strong>colar dos seis filhos da autora, das décadas de 80 e de 90, com a qualificação<br />

profissional de seu <strong>es</strong>poso como <strong>tr</strong>abalhador rural (fls. 35/42); e iv) ficha da Secretaria Municipal de Saúde de Barra de São<br />

Francisco – ES, referente ao ano de 2001, mencionando como profissão da autora a de lavradora (fl.34).<br />

É pr<strong>es</strong>cindível que o início de prova material seja contemporâneo de todo o período con<strong>tr</strong>overtido, d<strong>es</strong>de que a prova<br />

t<strong>es</strong>temunhal <strong>es</strong>tenda a sua eficácia probatória. A Súmula nº 14 da TNU, n<strong>es</strong>se sentido, permite a ampliação dos efeitos<br />

probatórios da prova material pela prova t<strong>es</strong>temunhal, salvo em caso de con<strong>tr</strong>adição, imprecisão ou inconsistência en<strong>tr</strong>e os<br />

depoimentos colhidos e os documentos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> nos autos. No caso sob exame, a prova t<strong>es</strong>temunhal foi unânime em<br />

afirmar que a autora exerceu labor rural pelo período nec<strong>es</strong>sário à conc<strong>es</strong>são do benefício em regime de economia familiar.<br />

D<strong>es</strong>ta feita, considerando que a prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos confirma o início de prova material, entendo<br />

comprovado o exercício de atividade rural por tempo equivalente ao período de carência do benefício.<br />

Preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art. 142 da<br />

Lei n.º 8.213/91), r<strong>es</strong>ta concluir que a recorrida faz jus ao benefício de aposentadoria por idade.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em<br />

10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

106 - 0000001-11.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000001-3/01) EDNÉIA HARTUICH DE MOURA (ADVOGADO: ROBNEI<br />

BATISTA DE BARROS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE<br />

VIEIRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000001-11.2010.4.02.5054/01<br />

RECORRENTE: EDNÉIA HARTUICH DE MOURA<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –<br />

DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR – ATIVIDADE URBANA EXERCIDA PELO CÔNJUGE<br />

DA AUTORA RESPONSÁVEL PELA MANUTENÇÃO DO GRUPO FAMILIAR – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –<br />

SENTENÇA MANTIDA<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença fls. 104/106, que julgou<br />

improcedente o pedido inicial de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, alega a autora que o<br />

fato de seu marido laborar no meio urbano não d<strong>es</strong>caracterizaria a sua condição de segurada <strong>es</strong>pecial, visto que jamais se<br />

afastou da roça, permanecendo no campo até os dias atuais. Ademais, sustenta a autora que existe nos autos prova<br />

robusta no sentido de comprovar o efetivo exercício do <strong>tr</strong>abalho rural pelo tempo exigido em lei. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.<br />

131/132.<br />

2. É importante r<strong>es</strong>saltar que, nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria rural<br />

por idade, o segurado <strong>es</strong>pecial do inciso VII do artigo 11 d<strong>es</strong>ta lei, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60<br />

anos/homem), nos mold<strong>es</strong> do artigo 48, § 1º do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, deve comprovar o efetivo exercício de atividade<br />

rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao<br />

número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado.<br />

3. Visando o reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início de<br />

razoável prova material contemporânea dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei nº 8.213/91 e, para que tal atividade se<br />

enquadre no regime de economia familiar, faz-se nec<strong>es</strong>sário que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família seja indispensável à<br />

própria subsistência e ao d<strong>es</strong>envolvimento socioeconômico do núcleo familiar e que seja exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua<br />

dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 do m<strong>es</strong>mo diploma legal.<br />

4. No caso em tela, o ponto con<strong>tr</strong>overtido cinge-se a se aferir se a renda obtida a<strong>tr</strong>avés do <strong>tr</strong>abalho rural da autora é<br />

<strong>es</strong>sencial à manutenção da família, tendo em vista que há nos autos suficiente início de prova material do direito alegado.<br />

5. Como é sabido o d<strong>es</strong>empenho de atividade urbana por um membro do grupo familiar não constitui, por si só, óbice à<br />

demons<strong>tr</strong>ação da condição de segurado <strong>es</strong>pecial por ou<strong>tr</strong>o componente da família, d<strong>es</strong>de que, a renda advinda da<br />

agricultura seja indispensável ao sustento do lar. Diante disso, após análise do caderno proc<strong>es</strong>sual, verificou-se que, não<br />

obstante haver indícios de efetivo labor rural por parte da recorrente, o d<strong>es</strong>envolvimento da referido labor camp<strong>es</strong>ino não<br />

pode ser caracterizado como atividade rural em regime de economia familiar, tendo em vista que a renda auferida pelo seu<br />

<strong>es</strong>poso mos<strong>tr</strong>ou-se a r<strong>es</strong>ponsável pela manutenção da família, o que d<strong>es</strong>autoriza o deferimento do benefício previdenciário<br />

de aposentadoria rural por idade.<br />

6. Com efeito, os elementos de prova produzidos nos autos revelaram que o <strong>es</strong>poso da autora, além de se encon<strong>tr</strong>ar<br />

aposentado na condição de comerciário, percebendo um valor de um salário mínimo, possui uma barbearia onde aufere<br />

uma renda mensal de, aproximadamente R$ 500,00 reais, conforme informação pr<strong>es</strong>tada pela parte autora em seu<br />

depoimento p<strong>es</strong>soal. D<strong>es</strong>sa forma, observa-se, claramente, que o labor rural não era indispensável à manutenção da<br />

família, já que o que mantinha o grupo familiar era a renda auferida pelo cônjuge da autora.<br />

7. Finalmente, d<strong>es</strong>taco que a prova t<strong>es</strong>temunhal colhida em audiência (CD-R de áudio – fl.107), quando analisada em<br />

cotejo com os demais documentos colacionados aos autos, não se revelou suficiente a at<strong>es</strong>tar, de maneira peremptória, a<br />

indispensabilidade do labor rural exercido pela autora. Pelo con<strong>tr</strong>ário. Em seu depoimento p<strong>es</strong>soal, a parte autora afirmou<br />

que a principal fonte de renda familiar advém do labor urbano exercido pelo seu <strong>es</strong>poso na barbearia e dos proventos<br />

previdenciários que o m<strong>es</strong>mo percebe (aposentadoria), haja vista que a sua agricultura é de subsistência.<br />

8. Assim, considerando que o grupo familiar da parte recorrente é composto apenas por ela e seu marido, entende-se que o<br />

<strong>tr</strong>abalho no campo perdeu seu caráter de <strong>es</strong>sencialidade na renda da família. Logo, a percepção do benefício de


aposentadoria rural por idade perderia seu caráter de natureza alimentar e passaria a ser utilizado como complemento à<br />

renda da família, se d<strong>es</strong>virtuando da função para a qual foi instituído.<br />

9. Por todo o exposto, r<strong>es</strong>tou comprovado que a recorrente não faz jus ao recebimento de aposentadoria rural por idade, na<br />

qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial.<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerando-se a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência<br />

judiciária gratuita à fl. 84, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

107 - 0000177-93.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000177-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x ANA RAMOS TRINDADE (ADVOGADO: MARIA REGINA COUTO<br />

ULIANA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000177-93.2010.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO(A): ANA RAMOS TRINDADE<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –<br />

INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL – EFICÁCIA DA PROVA DOCUMENTAL<br />

ESTENDIDA PELA PROVA ORAL – LABOR EXERCIDO EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR - INDISPENSABILIDADE<br />

DO LABOR RURAL COMPROVADA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 89/96, que julgou<br />

procedente o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, aduz o INSS que o fato<br />

do <strong>es</strong>poso da autora se encon<strong>tr</strong>ar aposentado na condição de indus<strong>tr</strong>iário impede que a m<strong>es</strong>ma seja considerada segurada<br />

<strong>es</strong>pecial. Ademais, alega que as provas produzidas nos autos não são suficient<strong>es</strong> para a comprovação do exercício de<br />

atividade rural, conforme a lei previdenciária aplicada ao caso. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 105/114.<br />

Nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria rural por idade, o segurado <strong>es</strong>pecial<br />

do inciso VII do artigo 11 d<strong>es</strong>ta lei, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos mold<strong>es</strong> do<br />

artigo 48, § 1º, do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, deve demons<strong>tr</strong>ar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma<br />

d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado. Vale mencionar que o inciso VII do artigo 11 da supracitada<br />

lei permite que a atividade rural seja exercida individualmente.<br />

Frise-se que, conforme orientação sedimentada no enunciado da Súmula nº 6 da Turma Nacional de Uniformização, a<br />

comprovação da condição de rurícola pode ser feita por certidão de casamento ou ou<strong>tr</strong>o documento que evidencie a<br />

condição de <strong>tr</strong>abalhador rural do cônjuge, uma vez que tais documentos constituem início razoável de prova material. É<br />

exatamente o que ocorre in casu.<br />

Para a comprovação da atividade rural, a título de início de prova material, a autora juntou aos autos os seguint<strong>es</strong><br />

documentos: i) certidão de casamento com o regis<strong>tr</strong>o da profissão do marido como lavrador, realizado em 1978 (fls. 16); ii)<br />

con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola celebrado pela autora, com início em 16/11/2004 e vencimento em 16/11/2009, contendo<br />

ainda cláusula re<strong>tr</strong>oativa ao ano de 1990 (fls. 19/21); iii) fichas de atendimento médico ambulatorial, dos anos de 2000 e<br />

2006, onde a autora é classificada como lavradora (fls. 38/39); iv) fichas de ma<strong>tr</strong>ícula <strong>es</strong>colar dos filhos da autora,<br />

referent<strong>es</strong> aos anos de 1986, 1992 e 2000, constando como profissão da m<strong>es</strong>ma a de lavradora (fls. 40/42); v) en<strong>tr</strong>evista<br />

rural, realizada em 10/12/2009, onde o INSS reconhece a qualidade de segura <strong>es</strong>pecial da autora em regime de economia<br />

familiar (fls. 45/46); e vi) termo de homologação de atividade rural, onde a autarquia previdenciária homologou o período de<br />

01/02/1990 a 10/05/2000 (fl. 56).


A prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos (CD-R de áudio – fl.88) confirmou que a recorrida sempre <strong>tr</strong>abalhou no campo<br />

com o auxílio de seu marido e, após o divórcio, com a ajuda de seus familiar<strong>es</strong> e filhos, comprovando, assim, o labor rural<br />

exercido em regime de economia familiar pela m<strong>es</strong>ma.<br />

Diante disso, reputo que os documentos colacionados aos autos, quando analisados conjuntamente à prova t<strong>es</strong>temunhal,<br />

proporcionam a satisfatória caracterização da recorrida como segurada <strong>es</strong>pecial. Aliás, é pr<strong>es</strong>cindível que o início de prova<br />

material seja contemporâneo de todo o período con<strong>tr</strong>overtido, d<strong>es</strong>de que a prova t<strong>es</strong>temunhal <strong>es</strong>tenda a sua eficácia<br />

probatória. A Súmula nº 14 da TNU, n<strong>es</strong>se sentido, permite a ampliação dos efeitos probatórios da prova material pela<br />

prova t<strong>es</strong>temunhal, salvo em caso de con<strong>tr</strong>adição, imprecisão ou inconsistência en<strong>tr</strong>e os depoimentos colhidos e os<br />

documentos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> nos autos. D<strong>es</strong>ta feita, considerando que a prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos confirma o início<br />

de prova material, de modo a abranger todo o período em que se discutia o efetivo exercício da atividade rural, entendo<br />

comprovado o exercício de atividade rural por tempo equivalente ao período de carência do benefício.<br />

No que tange ao fato do ex-<strong>es</strong>poso da autora ter exercido labor urbano, d<strong>es</strong>taco que a TNU tem decidido que o regime de<br />

economia familiar somente r<strong>es</strong>tará d<strong>es</strong>caracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício originário<br />

de labor urbano for suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou, em ou<strong>tr</strong>os<br />

termos, se a renda auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família (Súmula nº 41 da TNU).<br />

N<strong>es</strong>se passo, entendo que a aposentadoria percebida pelo ex-marido da autora não prejudica o reconhecimento da<br />

qualidade de segurado <strong>es</strong>pecial, já que, além de perceber parcos rendimentos, r<strong>es</strong>tou assente pelas t<strong>es</strong>temunhas que a<br />

autora sobrevivia do <strong>tr</strong>abalho rurícola. Ademais a autora se encon<strong>tr</strong>a separada de seu marido, conforme comprovado em<br />

audiência, há aproximadamente 11 anos. D<strong>es</strong>tarte, conclui-se que o <strong>tr</strong>abalho no campo exercido pela autora era<br />

indispensável para a manutenção da família, tendo em vista que ela nunca se afastou do campo, m<strong>es</strong>mo tendo seu<br />

ex-<strong>es</strong>poso exercido atividade urbana.<br />

Preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art. 142 da<br />

Lei n.º 8.213/91), r<strong>es</strong>ta concluir que a recorrida faz jus a conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.<br />

Sem custas, na forma da lei. Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no montante de 10 % (dez<br />

por cento) sobre o valor da condenação, conforme o artigo 20, § 3º do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

108 - 0000974-06.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000974-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x LOURDES LOPES CRISPIM (ADVOGADO:<br />

AMANDA MACEDO TORRES MOULIN OLMO, MARIA ISABEL PONTINI.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000974-06.2009.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO(A): LOURDES LOPES CRISPIM<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –<br />

INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL – LABOR EXERCIDO EM REGIME DE<br />

ECONOMIA FAMILIAR - INDISPENSABILIDADE DO LABOR RURAL COMPROVADA - RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 87/95, que julgou<br />

procedente o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, aduz o INSS que a<br />

renda r<strong>es</strong>ponsável pela manutenção do grupo familiar da autora não advinha do exercício do labor rural em regime de<br />

economia familiar e sim da pensão por morte percebida pela m<strong>es</strong>ma d<strong>es</strong>de 1990. Ademais, alega a autarquia previdenciária<br />

que o fato de o marido da autora ter exercido labor urbano até 2006 d<strong>es</strong>caracteriza a sua qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial.<br />

Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.110/114.


Nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria rural por idade, o segurado <strong>es</strong>pecial<br />

do inciso VII do artigo 11 d<strong>es</strong>ta lei, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos mold<strong>es</strong> do<br />

artigo 48, § 1º, do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, deve demons<strong>tr</strong>ar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma<br />

d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado. Vale mencionar que o inciso VII do artigo 11 da supracitada<br />

lei permite que a atividade rural seja exercida individualmente.<br />

Para a comprovação da atividade rural, a título de início de prova material, a autora juntou aos autos os seguint<strong>es</strong><br />

documentos: i) certidão de casamento com o regis<strong>tr</strong>o da profissão do marido como lavrador, realizado em 1978 (fls. 17); ii)<br />

carteirinha do Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Nova Venécia e Vila do Pavão, com admissão em 25/10/2002 (fl. 30);<br />

iii) comprovant<strong>es</strong> de pagamento das con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> sindicais, em nome da autora, referente as anos de 2002, 2003,<br />

1996,1997 (fl. 30 e 55); iv) fichas de atendimento médico ambulatorial, do ano de 2003, onde a autora é classificada como<br />

lavradora (fls. 46); e v) termo de homologação de atividade rural, onde a autarquia previdenciária homologou o período de<br />

25/10/2002 a 08/11/2007 (fl. 51).<br />

A prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos (CD-R de áudio – fl.86) confirmou que a recorrida sempre <strong>tr</strong>abalhou no campo de<br />

forma individual, nunca tendo se afastado das atividad<strong>es</strong> rurais. A segunda t<strong>es</strong>temunha, o Sr. João Canuto Sobrinho,<br />

afirmou que conhece a autora d<strong>es</strong>de pequena e que a m<strong>es</strong>ma sempre <strong>tr</strong>abalhou na roça, <strong>es</strong>tando, atualmente, laborando<br />

em seu próprio sítio que foi objeto de herança.<br />

Diante disso, reputo que os documentos colacionados aos autos, quando analisados conjuntamente à prova t<strong>es</strong>temunhal,<br />

proporcionam a satisfatória caracterização da recorrida como segurada <strong>es</strong>pecial. Aliás, é pr<strong>es</strong>cindível que o início de prova<br />

material seja contemporâneo de todo o período con<strong>tr</strong>overtido, d<strong>es</strong>de que a prova t<strong>es</strong>temunhal <strong>es</strong>tenda a sua eficácia<br />

probatória. A Súmula nº 14 da TNU, n<strong>es</strong>se sentido, permite a ampliação dos efeitos probatórios da prova material pela<br />

prova t<strong>es</strong>temunhal, salvo em caso de con<strong>tr</strong>adição, imprecisão ou inconsistência en<strong>tr</strong>e os depoimentos colhidos e os<br />

documentos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> nos autos. D<strong>es</strong>ta feita, considerando que a prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos confirma o início<br />

de prova material, de modo a abranger todo o período em que se discutia o efetivo exercício da atividade rural, entendo<br />

comprovado o exercício de atividade rural por tempo equivalente ao período de carência do benefício.<br />

No que tange ao fato do ex-<strong>es</strong>poso da autora ter exercido labor urbano, d<strong>es</strong>taco que a TNU tem decidido que o regime de<br />

economia familiar somente r<strong>es</strong>tará d<strong>es</strong>caracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício urbano<br />

for suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou, nou<strong>tr</strong>os termos, se a renda<br />

auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família (Súmula nº 41 da TNU).<br />

Diante disso, entendo que o fato de o marido da autora ter exercido labor urbano até 2006 não d<strong>es</strong>caracteriza a sua<br />

qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial, haja vista que a m<strong>es</strong>ma só permaneceu casada com o seu primeiro marido pelo período<br />

de dois anos. Ademais, sustenta o INSS que o labor rural exercido pela autora não era a principal fonte de renda familiar,<br />

tendo em vista que a m<strong>es</strong>ma percebe pensão por morte de seu ex-companheiro, d<strong>es</strong>de 1990. N<strong>es</strong>se passo, insta r<strong>es</strong>saltar<br />

que a jurisprudência é assente no sentido de que, em decorrência da relevância da qu<strong>es</strong>tão social e do caráter benéfico da<br />

legislação de benefícios previdenciários, é legítima a acumulação de aposentadoria com pensão por morte (Súmula nº 36<br />

da TNU), não devendo prosperar, portanto, tal alegação. D<strong>es</strong>tarte, conclui-se que o <strong>tr</strong>abalho no campo exercido pela autora<br />

era indispensável para a manutenção da família, tendo em vista que a m<strong>es</strong>ma nunca se afastou da roça, m<strong>es</strong>mo<br />

percebendo pensão por morte de seu ex-companheiro.<br />

Preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art. 142 da<br />

Lei n.º 8.213/91), r<strong>es</strong>ta concluir que a recorrida faz jus a conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.<br />

Sem custas, na forma da lei. Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no montante de 10 % (dez<br />

por cento) sobre o valor da condenação, conforme o artigo 20, § 3º do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

109 - 0000017-39.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000017-7/01) RUBENS MACHADO (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE<br />

SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2008.50.52.000017-7/01<br />

EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS


EMBARGADO: RUBENS MACHADO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DEFERIDA JUDICIALMENTE.<br />

IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA POR IDADE. POSSIBILIDADE DE ESCOLHA POR<br />

PARTE DO SEGURADO. DEDUÇÃO DE PARCELAS JÁ RECEBIDAS. POSSIBILIDADE. VEDAÇÃO AO<br />

ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. OMISSÃO RECONHECIDA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO<br />

COMPLEMENTADO.<br />

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 80/81, por<br />

intermédio dos quais o embargante aponta suposta con<strong>tr</strong>adição no julgado que deferiu benefício de aposentadoria por<br />

invalidez à p<strong>es</strong>soa já beneficiária de aposentadoria por idade. Assim, requer expr<strong>es</strong>sa manif<strong>es</strong>tação d<strong>es</strong>te juízo sobre a<br />

aposentadoria por idade já concedida ao autor, bem como sobre a impossibilidade de cumulação de benefícios de<br />

aposentadoria por idade e por invalidez, postulando, ainda, autorização para d<strong>es</strong>contar, dos valor<strong>es</strong> a<strong>tr</strong>asados, os valor<strong>es</strong><br />

recebidos adminis<strong>tr</strong>ativamente a título de aposentadoria por idade.<br />

Instado a se manif<strong>es</strong>tar, o embargado pede a manutenção da aposentadoria por invalidez (fls. 95/96).<br />

Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a suprir<br />

omissõ<strong>es</strong>, aportar clareza ou retificar eventuais con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> ou dúvidas existent<strong>es</strong> no bojo da decisão recorrida.<br />

No caso dos autos, o acórdão embargado deu provimento ao recurso interposto pela parte autora para, reformando a<br />

sentença de origem, conceder ao autor o benefício de aposentadoria por invalidez d<strong>es</strong>de 18/03/2009. Conforme já relatado,<br />

o INSS veio aos autos, em sede de embargos de declaração, para aduzir que o autor já se encon<strong>tr</strong>a aposentado por idade<br />

d<strong>es</strong>de 01/10/2009.<br />

Pois bem. Nos termos legais, é vedada a cumulação de benefício de aposentadoria por invalidez com aposentadoria por<br />

idade. É o que dispõe o art. 124, inciso II, da Lei nº 8.213/91. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, o acórdão embargado possui vício que deve<br />

ser sanado por <strong>es</strong>ta Turma Recursal. O autor, em sua manif<strong>es</strong>tação de fls. 95/96 manif<strong>es</strong>tou sua vontade de optar pela<br />

aposentadoria por invalidez, a qual mos<strong>tr</strong>a-se mais vantajosa por não sofrer a incidência do fator previdenciário quando do<br />

cálculo da renda mensal inicial. Tal opção é possível, senão vejamos:<br />

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA POR<br />

IDADE. IMPOSSIBILIDADE. DIREITO DE OPÇÃO PELO BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO. AGRAVO INTERNO<br />

PARCIALMENTE PROVIDO. I - Cuida-se de Agravo Interno em que o INSS afirma <strong>es</strong>tar a autora recebendo aposentadoria<br />

por idade, quando lhe foi concedida aposentadoria por invalidez. II - Era de r<strong>es</strong>ponsabilidade do INSS informar<br />

anteriormente a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por idade, o que teria levado a diversa a pr<strong>es</strong>tação jurisdicional, não sendo<br />

nec<strong>es</strong>sário chegar ao pr<strong>es</strong>ente Agravo. III - Diante da impossibilidade jurídica de acumulação de benefícios de<br />

aposentadoria, conforme art. 124, inciso II, da Lei 8213/91, deve-ser r<strong>es</strong>peitada a opção da parte autora, mantendo o<br />

r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença em 11.09.1985 até o inicio de sua aposentadoria por idade, em 23.09.1997, a vigorar<br />

até 15 dias após a intimação do INSS para implantar a aposentadoria por invalidez, r<strong>es</strong>salvando-se a compensação dos<br />

valor<strong>es</strong> pagos adminis<strong>tr</strong>ativamente para que não ocorram em duplicidade. IV - Agravo interno a que se dá parcial<br />

provimento.<br />

(AC 198551017319566, D<strong>es</strong>embargadora <strong>Federal</strong> MÁRCIA HELENA NUNES, TRF2 - PRIMEIRA TURMA<br />

ESPECIALIZADA, DJU - Data: 24/08/2009 - Página: 116)<br />

Por fim, r<strong>es</strong>salve-se a possibilidade de compensação dos valor<strong>es</strong> pagos adminis<strong>tr</strong>ativamente com os valor<strong>es</strong> dos a<strong>tr</strong>asados<br />

reconhecidos n<strong>es</strong>ta demanda, para que não ocorra pagamento em duplicidade.<br />

Embargos de declaração acolhidos. Acórdão complementado para determinar que o INSS implemente imediatamente o<br />

benefício de aposentadoria por invalidez, com DIB em 18/03/2009, em substituição à aposentadoria por idade concedida<br />

adminis<strong>tr</strong>ativamente, pagando as pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas nos termos <strong>es</strong>tabelecidos no acórdão embargado, r<strong>es</strong>salvando-se a<br />

possibilidade de compensação dos valor<strong>es</strong> pagos adminis<strong>tr</strong>ativamente.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

110 - 0000057-21.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000057-8/01) ANGELA MARIA PRATTI (ADVOGADO: EDGARD VALLE<br />

DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA<br />

LOPES.).


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000057-21.2008.4.02.5052/01<br />

EMBARGANTE: ANGELA MARIA PRATTI<br />

EMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO NO<br />

JULGADO. INOCORRÊNCIA. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.<br />

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 110/111, por<br />

intermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão ou dúvida no julgado no que tange aos a<strong>tr</strong>asados do<br />

r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio doença e quanto à qual benefício se refere a DIB citada no acórdão.<br />

Não há omissão a ser sanada. O acórdão embargado deu provimento ao recurso para reformar parcialmente a sentença<br />

“condenando o INSS a converter o auxílio-doença em aposentadoria por invalidez com DIB na data do exame pericial<br />

judicial”. Assim, é clara a manutenção da condenação ao pagamento de auxílio-doença d<strong>es</strong>de a c<strong>es</strong>sação adminis<strong>tr</strong>ativa,<br />

conforme determinou a sentença, com a conversão do referido benefício em aposentadoria por invalidez a partir da data do<br />

exame pericial. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, devem ser pagos todos os a<strong>tr</strong>asados, seja a título de auxílio-doença, seja a título de<br />

aposentadoria por invalidez, sendo que a DIB do primeiro benefício é a data da c<strong>es</strong>sação adminis<strong>tr</strong>ativa e a do segundo é a<br />

data do exame pericial judicial. Assim, não há que se falar em omissão no julgado.<br />

Analiso, por oportuno, a petição do INSS de fls. 115/117. Como é cediço, a aposentadoria por invalidez pode ser c<strong>es</strong>sada<br />

caso seja verificada a recuperação da capacidade laborativa. Deve ser ob<strong>es</strong>ervado, contudo, o procedimento disposto no<br />

art. 47 da Lei nº 8.213/91. Assim, é lícito ao INSS c<strong>es</strong>sar o benefício, m<strong>es</strong>mo que concedido judicialmente, d<strong>es</strong>de que<br />

observados as disposiçõ<strong>es</strong> legais pertinent<strong>es</strong>, o que não r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ado nos autos. Assim, por ora, indefiro o pedido<br />

de c<strong>es</strong>sação do benefício. R<strong>es</strong>salte-se que eventual discussão acerca da (in)correção do procedimento de c<strong>es</strong>sação deve<br />

ser objeto de nova demanda, sob pena de se perpetuar o curso do pr<strong>es</strong>ente proc<strong>es</strong>so.<br />

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

111 - 0000266-53.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000266-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x ABIGAIL RAMOS SABADIM (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE<br />

SOUZA.).<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2009.50.52.000266-0/01<br />

EMBARGANTE: ABIGAIL RAMOS SABADIM<br />

EMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. INCAPACIDADE ANTERIOR AO<br />

INGRESSO NO RGPS. TESE EXPRESSAMENTE DEFENDIDA NO ACÓRDÃO EMBARGADO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO<br />

NO JULGADO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.<br />

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 106/107, por<br />

intermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão no julgado. Sustente a embargante, em sínt<strong>es</strong>e, que os<br />

indeferimentos adminis<strong>tr</strong>ativos não se deram em razão de doença preexistente, mas sim por perícia médica con<strong>tr</strong>ária.<br />

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismo<br />

da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como ins<strong>tr</strong>umento de rediscussão de matéria já debatida.<br />

Ademais, é cediço que, embora haja a possibilidade de oposição de suc<strong>es</strong>sivos embargos de declaração, os últimos devem<br />

cingir-se a apontar vícios existent<strong>es</strong> na decisão dos embargos de declaração precedent<strong>es</strong>.


No caso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito<br />

já decidido em sede de julgamento dos embargos de declaração. As t<strong>es</strong><strong>es</strong> defendidas nos embargos de fls. 111/112 são<br />

idênticas às expostas nos embargos de fls. 96/102, as quais foram rechaçadas pelo acórdão de fls. 106/107. Com efeito, o<br />

acórdão embargado aduziu que:<br />

O acórdão embargado não padece de omissão passível do manejo da referida peça proc<strong>es</strong>sual. No supracitado acórdão,<br />

verifica-se que foram claros e coerent<strong>es</strong> os argumentos que propiciaram à Turma Recursal dar provimento ao recurso da<br />

autarquia previdenciária. R<strong>es</strong>tou claro que a incapacidade da autora é anterior ao seu ingr<strong>es</strong>so na Previdência Social<br />

(fevereiro de 2007). O perito médico judicial afirmou que a l<strong>es</strong>ão já <strong>es</strong>tava <strong>es</strong>tabelecida em 29/11/2001. Ademais, a própria<br />

autora <strong>tr</strong>ouxe laudo médico particular de 04/12/2006 que indica que a m<strong>es</strong>ma é portadora de neoplasia em <strong>es</strong>tágio clínico<br />

avançado.<br />

Assim, não há que se falar em omissão no julgado, r<strong>es</strong>saltando-se que a teoria dos motivos determinant<strong>es</strong>, embora acatada<br />

por <strong>es</strong>te magis<strong>tr</strong>ado, por repr<strong>es</strong>entar t<strong>es</strong>e diversa da acolhida e não omissão, con<strong>tr</strong>adição ou obscuridade do julgado, não<br />

pode ser rediscutida em sede de embargos de declaração visando afastar a conclusão obtida em sede de julgamento de<br />

recurso inominado,.<br />

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

112 - 0001540-92.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001540-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x VALDINEIA MARIA TINELLI (ADVOGADO: IZAEL DE MELLO REZENDE,<br />

SARITA DO NASCIMENTO FREITAS, MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS, ANA MERCEDES MILANEZ.).<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2008.50.50.001540-0/01<br />

EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

EMBARGADO: VALDINEIA MARIA TINELLI<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

COMPROVADA. CEGUEIRA. ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO. INCAPACIDADE ANTERIOR AO INGRESSO RGPS.<br />

AUSÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS.<br />

ACÓRDÃO MANTIDO.<br />

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 96/97, por<br />

intermédio dos quais o embargante aponta suposta con<strong>tr</strong>adição no julgado, aduzindo que as provas dos autos indicam que<br />

a doença incapacitante é preexistente ao ingr<strong>es</strong>so da parte autora no RGPS.<br />

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismo<br />

da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como ins<strong>tr</strong>umento de rediscussão de matéria já debatida.<br />

Ademais, a con<strong>tr</strong>adição sanável pela via dos embargos de declaração somente se configura nas hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> em que o<br />

decisum apr<strong>es</strong>enta, em seu interior, assertivas antinômicas, inconciliáveis en<strong>tr</strong>e si, capaz<strong>es</strong> de torná-lo incoerente ou de<br />

deixarem dúvidas acerca do posicionamento do julgador em relação a determinados pontos. Este, porém, não é o caso dos<br />

autos, na medida em que o embargante aponta, apenas, supostas con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> com as provas dos autos.<br />

Há que se r<strong>es</strong>saltar que o julgador é livre para formar o seu convencimento, d<strong>es</strong>de que haja fundamentação adequada.<br />

Conforme já afirmado, o inconformismo da parte vencida com a valoração conferida pelo magis<strong>tr</strong>ado às provas dos autos<br />

não é capaz de autorizar a oposição de embargos de declaração. Para tanto, deve a parte manejar o recurso adequado.<br />

Com efeito, o acórdão embargado d<strong>es</strong>tacou, coerentemente, os motivos que formaram o convencimento da Turma<br />

Recursal, não havendo que se falar con<strong>tr</strong>adição interna, senão vejamos:<br />

(...)<br />

4. Ao se analisar os documentos constant<strong>es</strong> dos autos, bem como as alegaçõ<strong>es</strong> da parte autora, verifica-se que ela possui<br />

uma moléstia rara. O laudo médico judicial de fls. 33/34 constatou que a recorrida é portadora de “a<strong>tr</strong>ofia óptica bilateral de


caráter irreversível, a qual lhe causa cegueira em ambos os olhos, e consequentemente gera uma incapacidade laboral total<br />

e definitiva (qu<strong>es</strong>itos 14/15). O expert não conseguiu definir o momento exato do surgimento d<strong>es</strong>sa doença, en<strong>tr</strong>etanto<br />

afirmou que a recorrida apr<strong>es</strong>entou baixa de acuidade visual em junho de 2007 (qu<strong>es</strong>ito 11), conforme consta em laudo<br />

médico oftalmológico (fl. 20).<br />

5. Com base nos demais documentos anexados (fls. 52/53), constata-se que a doença denominada de A<strong>tr</strong>ofia Óptica de<br />

Leber causa cegueira repentina (fl. 52). Essa enfermidade é proveniente de uma m<strong>es</strong>ma família e ainda <strong>es</strong>tá sendo<br />

<strong>es</strong>tudada por p<strong>es</strong>quisador<strong>es</strong> para identificar os fator<strong>es</strong> que intensificam sua manif<strong>es</strong>tação e os possíveis <strong>tr</strong>atamentos<br />

preventivos. O próprio recorrente admite nas alegaçõ<strong>es</strong> recursais que, em perícia adminis<strong>tr</strong>ativa, não conseguiu “fixar uma<br />

data precisa para o início da incapacidade da recorrida” (fls. 78). Além disso, como já dito, há informaçõ<strong>es</strong> científicas nos<br />

autos que afirmam que a doença acomete repentinamente a visão do seu portador.<br />

6. Em 19/06/2007, o médico particular at<strong>es</strong>tou que a recorrida era portadora de perda quase total da visão em ambos os<br />

olhos (perda de 90 % da acuidade visual), de caráter permanente e irreversível, sendo acometida da cegueira en<strong>tr</strong>e maio e<br />

junho do m<strong>es</strong>mo ano. O perito judicial foi conclusivo ao afirmar que não é possível provar que a doença se manif<strong>es</strong>tou<br />

clinicamente ant<strong>es</strong> de maio de 2007, pois não há laudos que regis<strong>tr</strong>em alteraçõ<strong>es</strong> visuais ant<strong>es</strong> d<strong>es</strong>sa data, porém, n<strong>es</strong>te<br />

momento, a cegueira já <strong>es</strong>tava instalada. Assim, fixo o início da incapacidade da autora em 05/2007.<br />

7. A autora reingr<strong>es</strong>sou na Previdência em 02/2007. Após 03 m<strong>es</strong><strong>es</strong> foi acometida pela cegueira, doença que isenta a<br />

portadora de cumprir carência, nos termos dos artigos 26, II e 151 da Lei 8.213/91 c/c a Portaria Interministerial MPAS/MS<br />

2.998/2001, de 23/08/2001. Portanto, não há que se falar em anulação ou reforma da sentença a quo, já que a autora voltou<br />

a con<strong>tr</strong>ibuir em período anterior (fevereiro de 2007 - fls. 71/72) ao início de sua incapacidade.<br />

Assim, não há que se falar em omissão no julgado.<br />

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

113 - 0000300-22.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000300-0/01) DANIEL EDUARDO DE ALMEIDA (ADVOGADO: ANILSON<br />

BOLSANELO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SEBASTIAO EDELCIO FARDIN.).<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2009.50.54.000300-0/01<br />

EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

EMBARGADO: DANIEL EDUARDO DE ALMEIDA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. QUALIDADE DE<br />

SEGURADO ESPECIAL COMPROVADA. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO QUANTO À ANÁLISE DA INDISPENSABILIDADE DA<br />

RENDA DO TRABALHO RURAL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO JULGADO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO<br />

RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.<br />

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 152/153, por<br />

intermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão no julgado concernente na ausência de manif<strong>es</strong>tação sobre a<br />

indispensabilidade do labor rural, tendo em vista a existência de vínculos urbanos do cônjuge do autor.<br />

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismo<br />

da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como ins<strong>tr</strong>umento de rediscussão de matéria já debatida. No<br />

caso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito já<br />

decidido em sede de julgamento do recurso.<br />

O acórdão embargado, quanto aos vínculos urbanos da <strong>es</strong>posa do autor, aduziu que:<br />

Quanto ao fato de a <strong>es</strong>posa do recorrente ter regis<strong>tr</strong>ados diversos vínculos urbanos, <strong>tr</strong>ago entendimento jurisprudencial<br />

majoritário no sentido de que “Não d<strong>es</strong>caracteriza o regime de economia familiar o fato de o marido da segurada exercer<br />

atividade urbana.” (STJ - REsp 638.611/RS, Rel. Minis<strong>tr</strong>o Paulo Gallotti, Sexta Turma, julgado em 25.06.2004, DJ


24.10.2005 p. 396).<br />

Embora sucinto, o acórdão, a meu ver, <strong>es</strong>clarece suficientemente a qu<strong>es</strong>tão. Com efeito, consoante jurisprudência<br />

consolidada no Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e na Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados<br />

Especiais Federais , o <strong>tr</strong>abalho urbano d<strong>es</strong>empenhado pelo cônjuge, por si só, não d<strong>es</strong>caracteriza o exercício de atividade<br />

rural em regime de economia familiar pelo segurado <strong>es</strong>pecial. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, compulsando os autos, concluo que o<br />

<strong>tr</strong>abalho rural da autor sempre foi impr<strong>es</strong>cindível para o sustento da família. O labor urbano da <strong>es</strong>posa do embargado (fls.<br />

101/110) não afasta <strong>es</strong>sa conclusão, mormente porque sempre equivaleu a valor pouco superior ao mínimo legal vigente.<br />

Assim, o INSS não logrou êxito em comprovar que, devido ao <strong>tr</strong>abalho urbano do cônjuge do autor, a atividade rural era<br />

dispensável, de modo que não há que se falar em d<strong>es</strong>caracterização da condição de rurícola.<br />

Assim, não há que se falar em omissão, pretendendo o embargante apenas rediscutir o mérito do recurso.<br />

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

114 - 0001056-74.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001056-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ALMIR GORDILHO MATTEONI DE ATHAYDE.) x NERCIONINA CARVALHO SEVERINO (ADVOGADO:<br />

SIRO DA COSTA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001056-74.2008.4.02.5051/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: NERCIONINA CARVALHO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE – EXCLUSÃO DA<br />

RENDA DE FILHO MAIOR DE 21 ANOS – APLICAÇÃO DA REDAÇÃO ORIGINAL DO ART. 20, §1º DA LEI Nº 8.742/93 -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO DESDE A DATA DO<br />

REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO ATÉ A DATA DO INÍCIO DO RECEBIMENTO DA PENSÃO POR MORTE –<br />

IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 56/59, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que não foram preenchidos os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do benefício, uma<br />

vez que a renda familiar ul<strong>tr</strong>apassa ¼ do salário mínimo, ainda que se exclua a aposentadoria vertente do cômputo da<br />

renda. Ademais, sustenta o INSS que o direito à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial <strong>es</strong>tá condicionado à observância do<br />

critério de renda per capita objetivamente delineado no §3º, do art. 20 da Lei nº 8.743/93, não se admitindo sua conc<strong>es</strong>são<br />

em hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> ou<strong>tr</strong>as que não as legalmente contempladas. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.66/69.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social (fls.21/26), que o grupo familiar da parte autora é composto pela m<strong>es</strong>ma (idosa – 76<br />

anos), seu <strong>es</strong>poso (idoso/aposentado) e seu filho (51 anos- <strong>tr</strong>abalhador). A família r<strong>es</strong>ide em imóvel cedido, em bom<br />

<strong>es</strong>tado de conservação, na zona urbana. Porém, toda vez que há enchent<strong>es</strong>, a casa fica toda alagada. A fonte de renda<br />

familiar é proveniente da aposentadoria do cônjuge da requerente e do salário percebido pelo filho da m<strong>es</strong>ma, ambos no<br />

valor de um salário mínimo mensal. Por fim, r<strong>es</strong>salta a assistente social que a autora sofre de hipertensão arterial e ar<strong>tr</strong>ose,<br />

encon<strong>tr</strong>ando-se em <strong>tr</strong>atamento médico. A autora é idosa, dependente financeiramente de seu cônjuge e não possui meios<br />

de prover sua própria manutenção.<br />

4. Nos termos da jurisprudência consolidada na Turma Nacional de Uniformização, no caso concreto, para fins de obtenção<br />

do benefício assistencial, deve-se delimitar o conceito de grupo familiar ao previsto no art. 20, §1º da Lei nº 8.742/93, com a<br />

redação dada pela Lei nº 9.720/98, que exclui do cômputo da renda familiar a renda auferida por filho maior de 21 anos. As<br />

alteraçõ<strong>es</strong> do conceito de grupo familiar para fins de aferição da miserabilidade são inaplicáveis ao caso em qu<strong>es</strong>tão, pois


não pode a lei re<strong>tr</strong>oagir para retirar direito a benefício já adquirido pela parte autora. D<strong>es</strong>se modo, conforme interpretação<br />

r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itiva do disposto no art. 16 da Lei nº 8.213/91 e no art. 20, §1º da Lei nº 8.742/93, conclui-se que a renda auferida pelo<br />

filho da autora, maior e capaz, não deve integrar a renda familiar. Vejamos a ementa do citado precedente:<br />

EMENTA-VOTO ASSISTÊNCIA SOCIAL. UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL POR<br />

IDADE. CONCEITO JURÍDICO DE GRUPO FAMILIAR PARA FINS DE AFERIÇÃO DA MISERABILIDADE. EXCLUSÃO DA<br />

RENDA DO FILHO MAIOR DE 21 ANOS DO CÔMPUTO DA RENDA DO GRUPO FAMILIAR DA AUTORA. APLICAÇÃO<br />

DOS ARTIGOS 20, §1º DA LEI Nº 8.742/93 COM A REDAÇÃO ANTERIOR À LEI Nº 12.435/2011. INCIDENTE PROVIDO.<br />

(...) 3. O acórdão paradigma, por seu turno, na <strong>es</strong>teira do entendimento pacificado d<strong>es</strong>ta TNU, <strong>es</strong>posa entendimento<br />

localizado na antípoda do acórdão recorrido, quer quanto à adoção do conceito de grupo familiar – delimitando-o, para<br />

efeito da conc<strong>es</strong>são do benefício em qu<strong>es</strong>tão, no art. 20, § 1º da Lei nº 8.742/93, com a redação dada pela Lei nº 9.720/98-,<br />

quer quanto à expr<strong>es</strong>sa exclusão no cômputo da renda familiar daquela auferida por filho maior de 21 anos.<br />

4. Considero que o acórdão paradigma é o que capta com propriedade os objetivos da assistência social, perfilando-se ao<br />

entendimento de que na composição da renda, a noção de grupo familiar deve ser aferida conforme interpretação r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita<br />

do disposto no art. 16 da Lei nº 8.213/91 e no art. 20 da Lei nº 8.742/93, o que exclui do grupo familiar os filhos maior<strong>es</strong> não<br />

inválidos, genros, irmãos maior<strong>es</strong> de 21 anos, amigos etc. (PEDILEF nº 2007.70.53.002520-3/PR, Rel. Juíza Fed.<br />

Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 03.08.2009; PEDIFEF nº 2008.71.95.00162-7/RS, Rel. Derivaldo de F. B. Filho, DJ<br />

05.04.2010; PEDILEF 2004461841542217, Rel. Juiz Fed. Vladimir Santos Vitvsky, julgado em 17.03.2011, DOU<br />

17.06.2011). O filho da autora, maior e capaz, não integra o grupo familiar da recorrente, nos termos dos artigos 20, § 1º da<br />

Lei 8.742/93 e 16, I da Lei 8.213/91 e, portanto, a sua renda não pode ser computada para aferir a miserabilidade de sua<br />

mãe.<br />

5. Deve ser r<strong>es</strong>saltado que as alteraçõ<strong>es</strong> da Lei nº 8.742/93 promovidas pela Lei nº 12.435/2011, <strong>es</strong>pecialmente a nova<br />

redação do art. 20, § 1º que alterou o conceito de grupo familiar para fins de aferição da miserabilidade são inaplicáveis ao<br />

caso por não poderem re<strong>tr</strong>oagir para retirar do pa<strong>tr</strong>imônio jurídico da autora direito ao benefício já adquirido. A ação foi<br />

proposta em março de 2006, bem ant<strong>es</strong> da en<strong>tr</strong>ada em vigor da nova redação do art. 20, § 1º da Lei nº 8.742/93. Com<br />

efeito, d<strong>es</strong>de 2011, o conceito de família a que se refere o caput do art. 20 da Lei nº 8.742/93 compreende o requerente, o<br />

cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um del<strong>es</strong>, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e<br />

enteados solteiros e os menor<strong>es</strong> tutelados, d<strong>es</strong>de que vivam sob o m<strong>es</strong>mo teto.<br />

6. Com <strong>es</strong>sas consideraçõ<strong>es</strong>, dou provimento a <strong>es</strong>te incidente de uniformização, julgando procedente o pedido de<br />

conc<strong>es</strong>são de amparo assistencial com DIB em 18/10/2005 (data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo), reafirmando a premissa<br />

jurídica já pacífica n<strong>es</strong>ta TNU de que ant<strong>es</strong> do advento da Lei nº 12.435/2011, a renda do filho maior de 21 anos não pode<br />

ser considerada no cálculo da renda per capita do grupo familiar. (PEDILEF 200871950018329, JUÍZA FEDERAL SIMONE<br />

DOS SANTOS LEMOS FERNANDES, DOU 27/04/2012 – grifo nosso)<br />

5. Com relação à renda proveniente de aposentadoria por idade, percebida do cônjuge da parte autora, a Lei nº 10.741/03,<br />

em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente concedido a qualquer<br />

dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade, não será computado<br />

para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

7. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

8. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto


do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorria do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por idade, e que o m<strong>es</strong>mo possuía mais de 65 anos á<br />

época do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (77 anos de idade – fl. 22), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da<br />

aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial<br />

pleiteado.<br />

11. Contudo, em consulta ao Sistema PLENUS, foi constado que a autora é titular do benefício de pensão morte d<strong>es</strong>de<br />

13/09/2012 (fls.76/77), fato que a impede de receber o benefício assistencial, ante a impossibilidade de cumulação do<br />

benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada com qualquer ou<strong>tr</strong>o de natureza previdenciária.<br />

12. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, considerando que autora havia requerido adminis<strong>tr</strong>ativamente o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada<br />

quase cinco anos ant<strong>es</strong> do início do benefício de pensão por morte de seu marido, e tendo r<strong>es</strong>tado comprovado nos autos o<br />

preenchimento dos requisitos autorizador<strong>es</strong> do benefício assistencial na época do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, é devido à<br />

autora o recebimento das parcelas a<strong>tr</strong>asadas d<strong>es</strong>de o requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (05/12/2007 – fl. 08) até o início do<br />

recebimento do benefício de pensão por morte (14/09/2012 - fl. 77).<br />

12. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao recebimento das parcelas vencidas a título de benefício assistencial<br />

previsto na Lei nº 8.742/93 d<strong>es</strong>de a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (05/12/2007) até o início do recebimento do<br />

benefício de pensão por morte (14/09/2012).<br />

13. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

14. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

115 - 0001112-70.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001112-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x LEOZINO MANOEL DA SILVA (ADVOGADO:<br />

ADENILSON VIANA NERY.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001112-70.2009.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: LEOZINO MANOEL DA SILVA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE –<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – ALTERAÇÃO DA DIB<br />

PARA A DATA DA JUNTADA DO RELATÓRIO SOCIAL AOS AUTOS (13/07/2010) – RECURSO PARCIALMENTE<br />

PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM MÍNIMA PARTE.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 95/97, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei Nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que, embora a parte autora seja p<strong>es</strong>soa idosa com mais de 65 (s<strong>es</strong>senta e<br />

cinco) anos de idade, o requisito sócio-financeiro não se encon<strong>tr</strong>a cumprido, eis que a pensão no valor de um salário


mínimo recebido por sua companheira deve ser computada para fins de cálculo da renda familiar. Ademais, alega que a<br />

<strong>es</strong>posa do autor possui menos de 65 anos de idade, o que impossibilita ainda mais a utilização da regra do art. 34,<br />

parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 115/116.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Primeiramente, observa-se pelo relatório social (fls. 72/73), que o autor r<strong>es</strong>ide unicamente com sua companheira, Sr.<br />

Julia de J<strong>es</strong>us Santos Costa, a qual recebe pensão por morte no valor de um salário mínimo mensal. Foi relatado no<br />

m<strong>es</strong>mo documento que o requerente é <strong>tr</strong>abalhador rural, porém não se encon<strong>tr</strong>a em condiçõ<strong>es</strong> propícias de saúde à<br />

realização de <strong>tr</strong>abalho diário, já que é idoso e o <strong>tr</strong>abalho lhe exige muito <strong>es</strong>forço físico. Por fim, informa que a única renda<br />

mensal da família é proveniente da pensão da <strong>es</strong>posa e que <strong>es</strong>ta é insuficiente para arcar com as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as básicas do<br />

casal.<br />

4. No que se refere à alegação do INSS de que a <strong>es</strong>posa do autor possui menos de 65 anos de idade e que, portanto, não<br />

poderia ser aplicado analogicamente o art. 34, parágrafo único da 10.741/03, verifica-se que, de fato, a Sra. Julia de J<strong>es</strong>us<br />

Santos da Costa, companheira do autor e, conseqüentemente, integrante do grupo familiar (§1º, art. 20 da LOAS), à data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (30/03/2009 – fl. 65) contava com 64 anos de idade (data de nascimento: 02/07/1946 – fl. 59),<br />

idade <strong>es</strong>tá incompatível com o requisito etário nec<strong>es</strong>sário à aplicação da regra prevista no Estatuto do Idoso.<br />

5. A Lei 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Este juízo tem aplicado o entendimento de que o recebimento de ou<strong>tr</strong>o benefício previdenciário, que não seja o benefício<br />

de pr<strong>es</strong>tação continuada, de valor mínimo recebido por membro da família com pelo menos 65 anos de idade, deve ser<br />

excluído do cálculo da renda mensal para efeitos de conc<strong>es</strong>são de benefício assistencial ao idoso ou ao portador de<br />

deficiência.<br />

7. É coerente afirmar que o legislador, ao elaborar o texto do art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso, teve como<br />

<strong>es</strong>copo dizer que o benefício mensal de um salário mínimo, recebido por qualquer membro da família, como única fonte de<br />

recursos, não afasta a condição de miserabilidade do núcleo familiar. De fato, não interpretar <strong>es</strong>te dispositivo de maneira<br />

extensa acarreta em uma con<strong>tr</strong>adição latente, eis que a unidade familiar que con<strong>tr</strong>ibuiu para o sistema social por toda a vida<br />

certamente se sente punida, vez que, quem nunca con<strong>tr</strong>ibuiu acaba por ter mais direitos do que aquele que manteve o<br />

sistema da seguridade social.<br />

8. Cabe dizer que, no pr<strong>es</strong>ente caso, diante da insuficiência etária da companheira do recorrido à data do requerimento<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo, r<strong>es</strong>ta impossibilitada a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial ao autor em 30/03/2009 (DER – fl. 65). Por ou<strong>tr</strong>o<br />

lado, entendo que ainda subsiste o direito do autor ao recebimento do amparo social, mormente pelo fato de que a sua<br />

<strong>es</strong>posa já se encon<strong>tr</strong>ava muito perto de completar 65 anos de idade. D<strong>es</strong>se modo, deve sofrer alteração apenas a data de<br />

início do benefício, a qual deve ser fixada na data da juntada do relatório social aos autos, em 13/07/2010 (fl. 72), período<br />

em que a companheira do requerente já ostentava o requisito etário.<br />

9. Pelo exposto, faz jus o autor, ora recorrido, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93, a partir de 13/07/2010,<br />

devendo, portanto, ser modificada a DIB, ora fixada em sentença proferida pelo juiz de piso.<br />

10. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em mínima parte, apenas para alterar a DIB do<br />

benefício para 13/07/2010.<br />

11. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


116 - 0000755-93.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000755-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x ORLANDINA PERES DE SOUZA (ADVOGADO: Valber Cruz Cereza.) x OS<br />

MESMOS.<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 2009.50.51.000755-6/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS e ORLANDINA PERES DE SOUZA<br />

RECORRIDO: OS MESMOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE –<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – ALTERAÇÃO DA DIB<br />

- RECURSOS CONHECIDOS - RECURSO DO INSS IMPROVIDO - RECURSO DA AUTORA PROVIDO - SENTENÇA<br />

REFORMADA EM PARTE.<br />

1. Trata-se de recursos inominados interpostos pelo INSS e pela parte autora em face da sentença de fls. 107/109, que<br />

julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial revisto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da<br />

requerente idosa. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, sustenta o INSS a inaplicabilidade da regra prevista no art. 34, parágrafo único, do<br />

Estatuto do Idoso ao pr<strong>es</strong>ente caso, uma vez que o <strong>es</strong>poso da autora não se encon<strong>tr</strong>a em gozo de benefício assistencial de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada – idoso, e sim de aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição, não podendo, portanto, ser aplicada a<br />

regra do referido artigo. Ademais, sustenta o recorrente que não foram preenchidos os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício, uma vez que a renda familiar ul<strong>tr</strong>apassa ¼ do salário mínimo. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 128/130.<br />

2. Por sua vez, a parte autora (segundo recorrente) pretende, unicamente, a alteração da data inicial de conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício para a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (16/12/2008 – fl.13), haja vista que a m<strong>es</strong>ma já se encon<strong>tr</strong>ava em<br />

situação de miserabilidade, situação <strong>es</strong>sa constatada pela visita da assistente social. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 131/138.<br />

3. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um<br />

salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não<br />

possuir meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz<br />

de prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do<br />

salário mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

4. Observa-se, pelo relatório social (fls.24/27), que o grupo familiar da parte autora é composto pela m<strong>es</strong>ma (idoso – 87<br />

anos) e seu <strong>es</strong>poso (idoso/aposentado). Ambos r<strong>es</strong>idem em uma casa cedida, com seis cômodos (quarto, sala, banheiro,<br />

cozinha, copa e área de serviço), de alvenaria e com piso de cerâmica e teto de laje. No parecer social, a assistente<br />

informou que a autora é portadora de seqüelas de AVC, fibrilação arterial permanente, encon<strong>tr</strong>ando-se demenciada e com<br />

dificuldad<strong>es</strong> de locomoção. Devido à enfermidade e a idade avançada (87 anos), a autora tornou-se totalmente dependente<br />

de cuidados <strong>es</strong>peciais, nec<strong>es</strong>sitando assim con<strong>tr</strong>atar duas secretárias para a sua assistência. O <strong>es</strong>poso da requerente é<br />

aposentado e percebe o valor de uma renda mensal, o que é insuficiente para suprir as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> básicas do casal,<br />

dependendo da ajuda de terceiros para sobreviver. Por fim, insta r<strong>es</strong>saltar que é a sobrinha do casal quem ajuda nas<br />

d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as da casa, pagando, inclusive, o salário de uma das secretárias.<br />

5. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

7. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

8. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício


assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, entendo que o recurso do INSS não merece provimento. Isto porque, atendo-se ao fato de que a única<br />

renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de<br />

aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 65 anos (88 anos de idade – fl. 14), deve ser<br />

d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai<br />

o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

11. Por ou<strong>tr</strong>o lado, tenho que o recurso da autora merece provimento, para que a condenação imposta tenha como marco<br />

inicial a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (16/12/2008 – fl. 13), haja vista que a m<strong>es</strong>ma já se encon<strong>tr</strong>ava em situação de<br />

miserabilidade na época em que formulou o requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />

12. Finalmente, insta r<strong>es</strong>saltar que o Ministério Público se manif<strong>es</strong>tou pela procedência da pretensão autoral (fls. 104/105).<br />

13. Pelo exposto, faz jus a autora, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

14. Recurso conhecidos. Recurso do INSS improvido. Recurso da parte autora provido. Sentença reformada em pormenor.<br />

15. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,<br />

arbi<strong>tr</strong>ados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95 c/c<br />

artigo 21, parágrafo único, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DOS RECURSOS<br />

e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS E DAR PROVIMENTO AO RECURSO DA AUTORA, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

117 - 0000375-67.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000375-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x MARIA DELFINA SOUZA CERILO<br />

(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000375-67.2009.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: MARIA DELFINA SOUZA CERILO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 93/99, que julgou


procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que não se encon<strong>tr</strong>am pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> todos os requisitos legais cumulativos para a<br />

conc<strong>es</strong>são do benefício em qu<strong>es</strong>tão, pois, embora a parte autora seja p<strong>es</strong>soa idosa com mais de 65 (s<strong>es</strong>senta e cinco)<br />

anos de idade, o requisito sócio-financeiro não se encon<strong>tr</strong>a cumprido, eis que seu filho, maior e incapaz, recebe benefício<br />

assistencial no valor de um salário mínimo mensal. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> as fls. 109/110.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 59/63, que a autora possui 70 (setenta) anos de idade e r<strong>es</strong>ide com <strong>tr</strong>ês filhos e<br />

dois netos. Foi informado no m<strong>es</strong>mo documento que, embora a requerente <strong>es</strong>teja casada no civil, não vê o marido há mais<br />

de 10 (dez) anos e que a renda familiar é proveniente do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada que seu filho deficiente recebe,<br />

no valor de um salário mínimo, <strong>es</strong>tando os demais filhos d<strong>es</strong>empregados.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Este juízo tem aplicado o entendimento de que o recebimento de ou<strong>tr</strong>o benefício previdenciário, que não seja o benefício<br />

de pr<strong>es</strong>tação continuada, de valor mínimo recebido por membro da família com pelo menos 65 anos de idade, deve ser<br />

excluído do cálculo da renda mensal para efeitos de conc<strong>es</strong>são de benefício assistencial ao idoso ou ao portador de<br />

deficiência.<br />

6. É coerente afirmar que o legislador, ao elaborar o texto do art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso, teve como<br />

<strong>es</strong>copo dizer que o benefício mensal de um salário mínimo, recebido por qualquer membro da família, como única fonte de<br />

recursos, não afasta a condição de miserabilidade do núcleo familiar. No pr<strong>es</strong>ente caso, em que p<strong>es</strong>e a renda mensal do<br />

grupo familiar decorrer do benefício assistencial recebido pelo filho incapaz da autora, não tendo que se falar, portanto, na<br />

qu<strong>es</strong>tão etária, entendo que <strong>es</strong>te dispositivo deve ser interpretado de maneira extensa, sob pena de macular todo o<br />

entendimento jurisprudencial que vem sendo cons<strong>tr</strong>uído acerca da constatação de miserabilidade.<br />

7. Ora, se a aplicação por analogia do art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso, decorre justamente da simpl<strong>es</strong> lógica<br />

de que a percepção de um salário mínimo mensal percebido por membro da família não é capaz, por si só, de garantir a<br />

subsistência da família e de lh<strong>es</strong> proporcionar uma vida digna, então não seria errôneo concluir pelo m<strong>es</strong>mo entendimento<br />

em casos concretos em que o integrante da família deficiente é quem recebe o benefício assistencial.<br />

8. N<strong>es</strong>se sentido se manif<strong>es</strong>tam os <strong>tr</strong>ibunais pá<strong>tr</strong>ios, senão vejamos:<br />

ASSISTENCIAL E CONSTITUCIONAL. AGRAVO LEGAL. ART. 557, § 1º, DO CPC. BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA<br />

SOCIAL. ART. 203, V, DA CF. RENDA FAMILIAR PER CAPITA. ART. 20, §3º, DA LEI N.º 8.742/93. APLICAÇÃO<br />

ANALÓGICA DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 34 DA LEI Nº 10.741/2003. TERMO INICIAL. REQUISITOS LEGAIS<br />

PREENCHIDOS. 1. Para a conc<strong>es</strong>são do benefício de assistência social (LOAS) faz-se nec<strong>es</strong>sário o preenchimento dos<br />

seguint<strong>es</strong> requisitos: 1) ser p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou idoso com 65 (s<strong>es</strong>senta e cinco) anos ou mais (art. 34 do<br />

Estatuto do Idoso - Lei n.º 10.741 de 01.10.2003); 2) não possuir meios de subsistência próprios ou de tê-la provida por sua<br />

família, cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo (art. 203, V, da CF; art. 20, § 3º, e art. 38 da Lei n.º<br />

8.742 de 07.12.1993). 2. Preenchidos os requisitos legais ensejador<strong>es</strong> à conc<strong>es</strong>são do benefício. 3. O C. Supremo Tribunal<br />

<strong>Federal</strong> já decidiu não haver violação ao inciso V do art. 203 da Magna Carta ou à decisão proferida na ADIN nº 1.232-1-DF,<br />

a aplicação aos casos concretos do disposto supervenientemente pelo Estatuto do Idoso (art. 34, parágrafo único, da Lei n.º<br />

10.741/2003). 4. Por aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso, não somente os valor<strong>es</strong><br />

referent<strong>es</strong> ao benefício assistencial ao idoso devem ser d<strong>es</strong>contados do cálculo da renda familiar, mas também aquel<strong>es</strong><br />

referent<strong>es</strong> ao amparo social ao deficiente e os decorrent<strong>es</strong> de aposentadoria no importe de um salário mínimo. 5. Termo<br />

inicial do benefício mantido a partir da data da citação, por ser o momento em que o Réu toma ciência da pretensão (art.<br />

219 do CPC). 6. Agravo Legal a que se nega provimento.<br />

(AC 00073334220094039999, JUIZ CONVOCADO HELIO NOGUEIRA, TRF3 - SÉTIMA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:<br />

21/09/2012)<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo filho da autora, a título de benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, entendo que <strong>es</strong>te valor deve ser<br />

d<strong>es</strong>considerado, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício<br />

assistencial pleiteado.


11. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93.<br />

12. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

13. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

118 - 0000109-80.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000109-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x ELIAS PESSOTI (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000109-80.2009.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: ELIAS PESSOTI<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE –<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 40/44, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente idosa.<br />

Alega o INSS, que o valor percebido mensalmente pelo filho da parte autora a título de LOAS (deficiente) não pode deixar<br />

de ser considerado no cálculo da renda familiar per capita, tendo em vista não se <strong>tr</strong>atar o caso em qu<strong>es</strong>tão de aplicação da<br />

regra prevista no art. 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso. Ademais, sustenta o recorrente que não foram preenchidos<br />

os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do benefício, vez que o filho do demandante recebe LOAS, de modo que a renda familiar<br />

ul<strong>tr</strong>apassa ¼ do salário mínimo.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Primeiramente, informa o proc<strong>es</strong>so adminis<strong>tr</strong>ativo juntado aos autos (fls. 38), que o grupo familiar do autor era composto<br />

pelo autor (idoso/d<strong>es</strong>empregado), sua <strong>es</strong>posa (do lar) e um filho maior de idade, inválido, recebendo LOAS.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, o<br />

benefício assistencial (LOAS Deficiente) recebido por membro da família não deve ser computado para os fins da renda<br />

familiar per capita.<br />

6. N<strong>es</strong>se sentido se manif<strong>es</strong>tam os <strong>tr</strong>ibunais pá<strong>tr</strong>ios, senão vejamos:<br />

ASSISTENCIAL E CONSTITUCIONAL. AGRAVO LEGAL. ART. 557, § 1º, DO CPC. BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA<br />

SOCIAL. ART. 203, V, DA CF. RENDA FAMILIAR PER CAPITA. ART. 20, §3º, DA LEI N.º 8.742/93. APLICAÇÃO<br />

ANALÓGICA DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 34 DA LEI Nº 10.741/2003. TERMO INICIAL. REQUISITOS LEGAIS<br />

PREENCHIDOS. 1. Para a conc<strong>es</strong>são do benefício de assistência social (LOAS) faz-se nec<strong>es</strong>sário o preenchimento dos<br />

seguint<strong>es</strong> requisitos: 1) ser p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou idoso com 65 (s<strong>es</strong>senta e cinco) anos ou mais (art. 34 do


Estatuto do Idoso - Lei n.º 10.741 de 01.10.2003); 2) não possuir meios de subsistência próprios ou de tê-la provida por sua<br />

família, cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo (art. 203, V, da CF; art. 20, § 3º, e art. 38 da Lei n.º<br />

8.742 de 07.12.1993). 2. Preenchidos os requisitos legais ensejador<strong>es</strong> à conc<strong>es</strong>são do benefício. 3. O C. Supremo Tribunal<br />

<strong>Federal</strong> já decidiu não haver violação ao inciso V do art. 203 da Magna Carta ou à decisão proferida na ADIN nº 1.232-1-DF,<br />

a aplicação aos casos concretos do disposto supervenientemente pelo Estatuto do Idoso (art. 34, parágrafo único, da Lei n.º<br />

10.741/2003). 4. Por aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso, não somente os valor<strong>es</strong><br />

referent<strong>es</strong> ao benefício assistencial ao idoso devem ser d<strong>es</strong>contados do cálculo da renda familiar, mas também aquel<strong>es</strong><br />

referent<strong>es</strong> ao amparo social ao deficiente e os decorrent<strong>es</strong> de aposentadoria no importe de um salário mínimo. 5. Termo<br />

inicial do benefício mantido a partir da data da citação, por ser o momento em que o Réu toma ciência da pretensão (art.<br />

219 do CPC). 6. Agravo Legal a que se nega provimento.<br />

(AC 00073334220094039999, JUIZ CONVOCADO HELIO NOGUEIRA, TRF3 - SÉTIMA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:<br />

21/09/2012)<br />

7. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

8. Vale r<strong>es</strong>saltar que a aparte autora ajuizou a pr<strong>es</strong>ente ação em 22/01/2009, objetivando a conc<strong>es</strong>são do amparo social.<br />

Contudo, em 26/01/2009, o autor passou a receber o benefício de aposentadoria por idade, deferido adminis<strong>tr</strong>ativamente.<br />

D<strong>es</strong>sa forma, diante da impossibilidade de cumulação de benefício de amparo social com qualquer ou<strong>tr</strong>o no âmbito da<br />

seguridade social ou de ou<strong>tr</strong>o regime, não há que se falar mais em conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo social, mas tão<br />

somente no pagamento do valor dos a<strong>tr</strong>asados, referente ao período de 25/11/2008 (data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo,<br />

onde o autor se encon<strong>tr</strong>ava com 65 anos de idade e sem renda) a 25/01/2009 (dia anterior à data de conc<strong>es</strong>são da<br />

aposentadoria por idade).<br />

9. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento, d<strong>es</strong>taco que, muito embora o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> admita a figura do<br />

prequ<strong>es</strong>tionamento implícito e não caiba ao <strong>tr</strong>ibunal de origem manif<strong>es</strong>tar-se, propriamente, sobre o mérito de possível<br />

violação constitucional suscitada pelas part<strong>es</strong> litigant<strong>es</strong>, cumpre regis<strong>tr</strong>ar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo<br />

da sentença recorrida t<strong>es</strong>e de direito que possa ensejar, nem m<strong>es</strong>mo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto<br />

constitucional.<br />

10. Pelo exposto, faz jus o autor, ora recorrido, ao recebimento do valor dos a<strong>tr</strong>asados, referente ao período de 25/11/2008<br />

a 25/01/2009, a título do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

119 - 0000873-66.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000873-9/01) ASSUNTA MORO DA SILVA (ADVOGADO: JOSE<br />

OLIVEIRA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA<br />

FONSECA FERNANDES GOMES.) x OS MESMOS.<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 2009.50.52.000873-9/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS e ASSUNTA MORO DA SILVA<br />

RECORRIDO: OS MESMOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE –<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – DIB MANTIDA -<br />

RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS - SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recursos inominados interpostos pela parte autora e pelo INSS em face da sentença de fls. 65/69, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente


idosa. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, pretende a parte autora unicamente a alteração da data inicial de conc<strong>es</strong>são do benefício<br />

para a data do primeiro requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (16/18/2004 – fl. 06), haja vista que a m<strong>es</strong>ma já se encon<strong>tr</strong>ava em<br />

situação de miserabilidade. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 86/88.<br />

2. Por sua vez, sustenta o INSS (segundo recorrente) que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é<br />

r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação<br />

ampliativa para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso<br />

da autora não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Ademais, sustenta o<br />

recorrente que não foram preenchidos os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do benefício, uma vez que a renda familiar ul<strong>tr</strong>apassa<br />

¼ do salário mínimo. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 94/99.<br />

3. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um<br />

salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não<br />

possuir meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz<br />

de prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do<br />

salário mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

4. Observa-se, pelo relatório social (fls.39/41), que a autora r<strong>es</strong>ide unicamente com seu <strong>es</strong>poso, o Sr. João Vieira da Silva,<br />

o qual recebe aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo mensal. Ambos r<strong>es</strong>idem em uma casa própria,<br />

localizada em área de risco social, guarnecida com móveis e equipamentos simpl<strong>es</strong>. No parecer social, a assistente<br />

informou que a autora possui problemas oftalmológicos e de pr<strong>es</strong>são, nec<strong>es</strong>sitando de assistência contínua e não podendo<br />

ficar sem a medicação con<strong>tr</strong>olada. Por fim, ponderou a assistente social que o casal requer cuidados e alimentos <strong>es</strong>peciais,<br />

encon<strong>tr</strong>ando-se em situação de vulnerabilidade.<br />

5. A Lei 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

7. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

8. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, entendo que o recurso do INSS não merece provimento. Isto porque, atendo-se ao fato de que a única<br />

renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de


aposentadoria por idade, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 65 anos (79 anos de idade – fl. 58), deve ser d<strong>es</strong>considerado o<br />

valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do<br />

benefício assistencial pleiteado.<br />

11. Quanto, ao recurso da autora o m<strong>es</strong>mo não merece provimento, tendo em vista que a m<strong>es</strong>ma, após indeferimento do<br />

primeiro requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo de LOAS em 16/08/2004 (fl. 4), somente deu en<strong>tr</strong>ada com um novo requerimento em<br />

13/04/2009, ou seja, quase cinco anos após o primeiro indeferimento. Isto posto, conclui-se que a autora aceitou a decisão<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa proferida no ano de 2004, tanto que somente no ano de 2009 com a segunda negativa do INSS é que a<br />

m<strong>es</strong>ma ingr<strong>es</strong>sou com a pr<strong>es</strong>ente ação. D<strong>es</strong>tarte, deve ser mantida a DIB na data do último requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo de<br />

13/04/2009 (fl. 7).<br />

12. Pelo exposto, faz jus a autora, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93, d<strong>es</strong>de a data do segundo requerimento<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo (13/04/2009 – fl. 7).<br />

13. Recursos conhecidos e improvidos. Sentença integralmente mantida.<br />

14. Ante a sucumbência recíproca, os honorários sucumbenciais se compensam.<br />

15. Custas pro rata, isenta a parte ré (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). No que tange à parte autora, ante o deferimento de<br />

assistência judiciária gratuita à fl. 37, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei<br />

n.º 1.060/50.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DOS RECURSOS<br />

e, no mérito, NEGAR-LHES PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

120 - 0000268-23.2009.4.02.5052/02 (2009.50.52.000268-3/02) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x MARIA DA PENHA FIGUEREDO (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE<br />

SOUZA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000268-23.2009.4.02.5052/02<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: MARIA DA PENHA FIGUEIREDO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – INCAPACIDADE RECONHECIDA – ANÁLISE DAS<br />

CONDIÇÕES PESSOAIS - BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 81/84, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente.<br />

Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à percepção<br />

de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa para<br />

abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora não<br />

pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Ademais, sustenta o recorrente que a<br />

prova pericial concluiu pela capacidade laboral da parte autora, circunstância que não autoriza o deferimento do benefício<br />

assistencial, d<strong>es</strong>tinado, tão somente, aos indivíduos portador<strong>es</strong> de deficiência que os impeçam de obter recursos que lh<strong>es</strong><br />

garantam a subsistência. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 91/92.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls.20/22, que a autora (68 anos) r<strong>es</strong>ide com seu <strong>es</strong>poso (70 anos) e uma filha (15


anos), em uma casa cedida de difícil ac<strong>es</strong>so e em condiçõ<strong>es</strong> precárias. A casa é muito pobre, possuindo apenas duas<br />

camas e uma pequena m<strong>es</strong>a, pois os demais móveis e utensílios foram vendidos para comprar remédios. A renda familiar é<br />

proveniente de aposentadoria por invalidez, percebida pelo <strong>es</strong>poso da autora, no valor de um salário mínimo mensal. Por<br />

fim, relatou a assistente que a autora não consegue andar sem a ajuda de terceiros, nec<strong>es</strong>sitando fazer uso de vários<br />

medicamentos, pois sente muitas dor<strong>es</strong>.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorria do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por invalidez, e que o m<strong>es</strong>mo possuía mais de 65 anos á<br />

época do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (67 anos de idade – fl. 20), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da<br />

aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial<br />

pleiteado.<br />

10. Acerca da incapacidade, a perícia do juízo (fls.68/72) apurou que a autora é portadora de alteraçõ<strong>es</strong> degenerativas de<br />

coluna vertebral, en<strong>tr</strong>etanto concluiu pela capacidade laboral da parte. Ap<strong>es</strong>ar de tal conclusão, relata o jusperito que a<br />

patologia que acomete a autora é r<strong>es</strong>ultado do inexorável proc<strong>es</strong>so de envelhecimento do organismo, que limita as<br />

atividad<strong>es</strong> laborativas àquelas que não dependem de <strong>es</strong>forços físicos. Ademais, d<strong>es</strong>tacou o perito que a autora não possui<br />

condiçõ<strong>es</strong> de empregabilidade em razão de sua idade avançada.<br />

11. Pois bem. Embora o perito do juízo tenha r<strong>es</strong>salvado a possibilidade de exercício de atividad<strong>es</strong> que não demandem<br />

exigência física, após compulsar o caderno proc<strong>es</strong>sual, entendo que as limitaçõ<strong>es</strong> físicas da parte, aliadas às suas<br />

condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais – em <strong>es</strong>pecial, a idade avançada (68 anos – fl. 07), e a profissão de lavradora, reduzem, ou m<strong>es</strong>mo<br />

anulam, as chanc<strong>es</strong> de obtenção de ocupação remunerada que lhe garanta a subsistência material e que não exija <strong>es</strong>forço<br />

físico, notadamente se considerada a atual conjuntura do mercado de <strong>tr</strong>abalho, que, inegavelmente, privilegia os mais<br />

jovens e os que detêm maior e mais variada formação educacional e profissional.<br />

12. N<strong>es</strong>se diapasão, não se pode olvidar que o amparo assistencial constitui benefício d<strong>es</strong>tinado justamente àquel<strong>es</strong>


portador<strong>es</strong> de deficiências suficient<strong>es</strong> a comprometer a possibilidade de obtenção de <strong>tr</strong>abalho que assegure a subsistência<br />

do indivíduo e/ou de sua família. Assentada <strong>es</strong>sa premissa, entendo que a moléstia diagnosticada n<strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em<br />

conjunto com as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais, econômicas e sócio-culturais da parte, pode, sim, comprometer sua plena<br />

participação no mercado de <strong>tr</strong>abalho, em igualdade de condiçõ<strong>es</strong> com os demais indivíduos.<br />

10. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento, d<strong>es</strong>taco que, muito embora o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> admita a figura do<br />

prequ<strong>es</strong>tionamento implícito e não caiba ao <strong>tr</strong>ibunal de origem manif<strong>es</strong>tar-se, propriamente, sobre o mérito de possível<br />

violação constitucional suscitada pelas part<strong>es</strong> litigant<strong>es</strong>, cumpre regis<strong>tr</strong>ar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo<br />

da sentença recorrida t<strong>es</strong>e de direito que possa ensejar, nem m<strong>es</strong>mo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto<br />

constitucional.<br />

10. Pelo exposto, reunidos os requisitos legais de incapacidade e de miserabilidade faz jus a autora, ora recorrida, ao<br />

benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c”, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

121 - 0000943-86.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000943-7/01) MARIA DA PENHA SILVA (ADVOGADO: ANTÔNIO<br />

JUSTINO COSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA<br />

BRITO.) x OS MESMOS.<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 2009.50.51.000943-7/01<br />

RECORRENTE: MARIA DA PENHA SILVA E INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

RECORRIDO: OS MESMOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – ALTERAÇÃO DA DIB<br />

- RECURSOS CONHECIDOS - RECURSO DO INSS IMPROVIDO - RECURSO DA AUTORA PROVIDO - SENTENÇA<br />

REFORMADA EM PARTE.<br />

1. Trata-se de recursos inominados interpostos pelo INSS e pela parte autora em face da sentença de fls. 69/71, que julgou<br />

parcialmente procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da<br />

requerente idosa. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, sustenta o INSS que não foram preenchidos os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício, uma vez que a renda familiar ul<strong>tr</strong>apassa ¼ do salário mínimo. Ademais, alega que o <strong>es</strong>tudo social de fls. 29/32,<br />

apr<strong>es</strong>entou ou<strong>tr</strong>os elementos que afastam a caracterização do <strong>es</strong>tado de miserabilidade da autora. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.<br />

82/84.<br />

2. Por sua vez, a parte autora (segundo recorrente) pretende unicamente a alteração da data inicial de conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício para a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (20/03/2009 – fl.14), haja vista que a m<strong>es</strong>ma já se encon<strong>tr</strong>ava em<br />

situação de miserabilidade, situação <strong>es</strong>sa constatada pela visita da assistente social. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 90/99.<br />

3. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um<br />

salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não<br />

possuir meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz<br />

de prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do<br />

salário mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

4. Observa-se, pelo relatório social (fls.29/32), que o grupo familiar da parte autora é composto pela m<strong>es</strong>ma (idosa – 79<br />

anos) e seu <strong>es</strong>poso (idoso/aposentado). Ambos r<strong>es</strong>idem em uma casa cedida, localizada na zona urbana, abastecida pelos<br />

recursos de água, luz e <strong>es</strong>goto. O imóvel se encon<strong>tr</strong>a em médio <strong>es</strong>tado de conservação e higiene. Foi informado no m<strong>es</strong>mo


documento que a requerente encon<strong>tr</strong>a-se em <strong>tr</strong>atamento de saúde realizando exam<strong>es</strong> e fazendo uso contínuo de<br />

medicamentos Por fim, r<strong>es</strong>salta a assistente que a autora é idosa, frágil e não possui meios de prover a própria<br />

subsistência.<br />

5. A Lei 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

7. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

8. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, entendo que o recurso do INSS não merece provimento. Isto porque, atendo-se ao fato de que a única<br />

renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de<br />

aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 65 anos (87 anos de idade – fl. 13), deve ser<br />

d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai<br />

o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

11. Por ou<strong>tr</strong>o lado, tenho que o recurso da autora merece provimento, para que a condenação imposta tenha como marco<br />

inicial a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (20/03/2009 – fl.14), haja vista a comprovação em juízo do preenchimento dos<br />

pr<strong>es</strong>supostos de fato do direito pleiteado, o que implica a re<strong>tr</strong>oação dos efeitos, conforme o caso, à data do requerimento<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />

12. Pelo exposto, faz jus a autora, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

13. Recurso conhecidos. Recurso do INSS improvido. Recurso da parte autora provido. Sentença reformada em pormenor.<br />

14. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,<br />

arbi<strong>tr</strong>ados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95 c/c<br />

artigo 21, parágrafo único, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal


dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DOS RECURSOS<br />

e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS E DAR PROVIMENTO AO RECURSO DA AUTORA, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

122 - 0000776-63.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000776-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x ZULEITE ZORDAN ZULIANI (ADVOGADO: FERNANDA ANDRADE<br />

SANTANA, ANDRÉ CAMPANHARO PÁDUA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000776-63.2009.4.02.5053/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: ZULEITE ZORDAN ZULIANI<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE –<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 92/94, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a renda familiar é superior a 2 (dois) mil reais, o que supera o limite legal<br />

fixado em lei à percepção de benefício assistencial. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> as fls. 112/114.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls.64/68, que a autora r<strong>es</strong>ide com o <strong>es</strong>poso, <strong>tr</strong>ês filhos e <strong>tr</strong>ês netos, e que a renda do<br />

grupo familiar advém unicamente da aposentadoria por invalidez do senhor Francisco Zuliani, marido da requerente. Foi<br />

informado no m<strong>es</strong>mo documento que a autora, além de idosa, é portadora de diversas patologias, nec<strong>es</strong>sitando de<br />

medicação de uso contínuo, assim como seu <strong>es</strong>poso que sofreu um AVC, ficando com sequelas permanent<strong>es</strong> em seus<br />

membros inferior<strong>es</strong> e superior<strong>es</strong>.<br />

4. No que se refere à alegação do INSS de que a filha da autora, a Sra. Maria Aparecida Zordan Zuliane, recebe R$ 950,00<br />

(novecentos e cinqüenta reais) e de que sua neta, Pamela Santos Zuliana, recebe R$ 580,00 (quinhentos e oitenta), valor<strong>es</strong><br />

que, somados à aposentadoria percebida pelo <strong>es</strong>poso, ul<strong>tr</strong>apassam consideravelmente o limite legal de ¼ do salário<br />

mínimo vigente por membro da família, entendo que as rendas em qu<strong>es</strong>tão não podem ser computadas à renda do grupo<br />

familiar. A Sr. Maria Aparecida não r<strong>es</strong>ide mais com a mãe, em razão de se encon<strong>tr</strong>ar convivendo em união <strong>es</strong>tável com o<br />

Sr. Edson da Silva (fl. 86), de modo não faz mais parte do grupo familiar da requerente por ter constituído nova família. A<br />

neta da autora, por sua vez, também não pode ser considerada membro do núcleo familiar, eis que não se encaixa no<br />

conceito de “família” preconizado pelo art. 20, §1º, da LOAS.<br />

5. Sendo assim, tem-se que a renda familiar é composta unicamente pela aposentadoria por invalidez recebida pelo marido<br />

da autora.<br />

6. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

7. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

8. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

9. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,


senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

10. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício<br />

assistencial de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do<br />

<strong>es</strong>tatuto do Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não<br />

se <strong>tr</strong>ata de aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

11. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da autora, a título de aposentadoria por invalidez de <strong>tr</strong>abalhador rural (NB: 0904860124 – consulta<br />

ao PLENUS), entendo que deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda familiar<br />

passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

12. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93.<br />

13. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

14. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

123 - 0000557-90.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000557-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x SEBASTIANA VICENTE DE SOUZA (ADVOGADO: Filipe Domingos Commetti,<br />

GISELLE PEREIRA DIAS VILLARREAL.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000557-90.2008.4.02.5051/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: SEBASTIANA VICENTE DE SOUZA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 77/80, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa


para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora<br />

não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar, requer ainda, que a DIB seja<br />

alterada para a data da prolação da sentença. Sem con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 43/46), que a família da autora é formada por ela e seu <strong>es</strong>poso. Segundo o laudo<br />

da assistente social, a única renda da família é obtida a<strong>tr</strong>avés da aposentadoria de um salário mínimo de seu cônjuge, o<br />

imóvel que a autora r<strong>es</strong>ide é próprio em médio <strong>es</strong>tado de conservação e as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as <strong>es</strong>senciais da família totalizam R$<br />

302,07. A parte autora e seu cônjuge fazem uso de medicamento de uso diário (fl.36), razão pela qual a renda de um salário<br />

mínimo mensal não seria o suficiente para arcar com todas as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as básicas do casal.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de<br />

65 anos (77 anos de idade – fl. 50), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda<br />

familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado. D<strong>es</strong>ta forma, a alegação da<br />

recorrente para que seja alterada a DIB, também não merece prosperar, pois a recorrida já havia preenchido todos os<br />

requisitos nec<strong>es</strong>sários para a conc<strong>es</strong>são do benefício na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />

10. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93.


11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

124 - 0000493-14.2007.4.02.5052/01 (2007.50.52.000493-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x ESPÓLIO DE ROSA GREGÓRIO PIROLA<br />

(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.52.000493-2/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: ESPÓLIO DE ROSA GREGÓRIO PIROLA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 75/80, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa<br />

para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora<br />

não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 91/92.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. No caso em qu<strong>es</strong>tão, ante o falecimento da parte autora no curso do proc<strong>es</strong>so não foi possível a realização do relatório<br />

social. D<strong>es</strong>sa forma, com base no procedimento adminis<strong>tr</strong>ativo às fls.49/63, observa-se que a autora (idosa-73 anos) r<strong>es</strong>idia<br />

unicamente com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Jair Pirola, o qual recebia aposentadoria por invalidez no valor de um salário mínimo<br />

mensal.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)


7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorria do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por invalidez, e que o m<strong>es</strong>mo possuía mais de 65 anos á<br />

época do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (76 anos de idade – fl. 61), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da<br />

aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial<br />

pleiteado.<br />

10. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 d<strong>es</strong>de a data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (18/07/2007) até a data de seu óbito (17/03/2008).<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

125 - 0000147-89.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000147-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x AUZENY PEREIRA DOS SANTOS (ADVOGADO: GUSTAVO SABAINI<br />

DOS SANTOS.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000147-89.2009.4.02.5053/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: AUZENY PEREIRA DOS SANTOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO


IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 73/77, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa<br />

para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora<br />

não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.97/103.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. (61/64), que a autora r<strong>es</strong>ide unicamente com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Sebastião dos<br />

Santos, o qual recebe aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo mensal. Foi informado no m<strong>es</strong>mo documento<br />

que a requerente possui pr<strong>es</strong>são arterial alterada, razão pela qual a renda de um salário mínimo mensal não seria o<br />

suficiente para arcar com todas as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as básicas do casal.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por idade, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 76 anos (anos<br />

de idade – fl. 33), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a<br />

ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.


10. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento, d<strong>es</strong>taco que, muito embora o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> admita a figura do<br />

prequ<strong>es</strong>tionamento implícito e não caiba ao <strong>tr</strong>ibunal de origem manif<strong>es</strong>tar-se, propriamente, sobre o mérito de possível<br />

violação constitucional suscitada pelas part<strong>es</strong> litigant<strong>es</strong>, cumpre regis<strong>tr</strong>ar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo<br />

da sentença recorrida t<strong>es</strong>e de direito que possa ensejar, nem m<strong>es</strong>mo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto<br />

constitucional.<br />

11. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93.<br />

12. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

13. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

126 - 0000447-54.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000447-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x CARMEN PAULA DE SOUZA (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE<br />

SOUZA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.52.000447-3/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: CARMEN PAULA DE SOUZA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 49/53, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa<br />

para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora<br />

não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> interpostas<br />

intemp<strong>es</strong>tivamente.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 32/35, que a autora r<strong>es</strong>ide unicamente com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Perli de Souza, o qual<br />

recebe aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo mensal. Foi informado no m<strong>es</strong>mo documento que a<br />

requerente possui pr<strong>es</strong>são alta, col<strong>es</strong>terol alto e dor no nervo ciático, nec<strong>es</strong>sitando de assistência contínua e não podendo<br />

ficar sem a medicação nec<strong>es</strong>sária e seçõ<strong>es</strong> de fisioterapia. Quanto ao seu <strong>es</strong>poso, <strong>es</strong>te também se encon<strong>tr</strong>a debilitado,<br />

pois sofre da doença de Parkison, sendo dependente de medicação con<strong>tr</strong>olada.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.


6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por idade, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 65 anos (81<br />

anos de idade – fl. 14), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda familiar<br />

passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado. Contudo, com base no ter da<br />

petição de fls.73/74, o benefício assistencial deve ser concedido apenas no período de 31/07/2006 (requerimento<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo) à 30/12/2010 (data do falecimento do <strong>es</strong>poso da autora), haja vista ter a autora optado por perceber o<br />

benefício de pensão por morte, por ser <strong>es</strong>te mais vantajoso.<br />

10. Finalmente, quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento, d<strong>es</strong>taco que, muito embora o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> admita a figura do<br />

prequ<strong>es</strong>tionamento implícito e não caiba ao <strong>tr</strong>ibunal de origem manif<strong>es</strong>tar-se, propriamente, sobre o mérito de possível<br />

violação constitucional suscitada pelas part<strong>es</strong> litigant<strong>es</strong>, cumpre regis<strong>tr</strong>ar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo<br />

da sentença recorrida t<strong>es</strong>e de direito que possa ensejar, nem m<strong>es</strong>mo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto<br />

constitucional.<br />

11. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 no período de<br />

30/07/2006 à 30/12/2010.<br />

12. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

13. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

127 - 0000915-52.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000915-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x AMELIA CHAGAS DA SILVA (ADVOGADO:


ADENILSON VIANA NERY.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2008.50.52.000915-6/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: AMELIA CHAGAS DA SILVA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE –<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO APENAS PELO<br />

PERÍODO DE 11/2008 A 12/2008 – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 56/58, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a renda mensal familiar per capita é claramente superior a ¼ do salário<br />

mínimo, já que, tanto a autora, como seu marido, recebem aposentadoria por idade rural, o que torna ainda mais nítida a<br />

impossibilidade de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> as fls. 70/71.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 34/37, que a autora possui 66 (s<strong>es</strong>senta e seis) anos de idade e que seu grupo<br />

familiar é composto apenas por ela e seu <strong>es</strong>poso. De acordo com o documento em qu<strong>es</strong>tão, a renda familiar decorreria<br />

unicamente da aposentadoria recebida por seu marido no valor de um salário mínimo mensal.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do


Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. Ocorre que, conforme alegado pelo INSS em sede de razõ<strong>es</strong> recursais, foi deferido à autora o benefício da aposentadoria<br />

rural por idade (NB: 1480652315), com DIB em 08/12/2008, fato <strong>es</strong>te que impede a conc<strong>es</strong>são do benefício de pr<strong>es</strong>tação<br />

continuada, uma vez que inacumuláveis.<br />

10. Atendo-se aos fatos e ao direito, entendo que, diante do deferimento da aposentadoria por idade rural à parte<br />

requerente em 08/12/2008, ela somente faz jus ao benefício assistencial durante o período compreendido en<strong>tr</strong>e o<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo do amparo social e o deferimento da aposentadoria, isto é, de 04/11/2008 a 08/12/2008, o que<br />

equivale a exato um mês de conc<strong>es</strong>são do amparo assistencial, eis que em tal período a m<strong>es</strong>ma preenchia todos os<br />

requisitos exigidos à conc<strong>es</strong>são do BPC: maior de 65 anos e condição de miserabilidade do grupo familiar.<br />

11. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em parte.<br />

12. Sem condenação em honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

128 - 0000129-71.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000129-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x INAH LINHARES SANTOS (ADVOGADO: ADENILSON VIANA<br />

NERY.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000129-71.2009.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: INAH LINHARES SANTOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 43/47, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefícios assistenciais concedidoa a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação<br />

ampliativa para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso<br />

da autora não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.<br />

56/57.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social fls. 28/30, que a autora r<strong>es</strong>ide com seu <strong>es</strong>poso e que ambos possuem problemas de<br />

saúde, nec<strong>es</strong>sitando da aquisição contínua de medicamentos. Conforme o m<strong>es</strong>mo documento, a única renda do casal<br />

advém da aposentadoria por idade recebida pelo Sr. Benedito, marido da requerente, no valor de um salário mínimo.<br />

4. A Lei 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal familiar per capita a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a


aposentadoria de renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, com a d<strong>es</strong>consideração do valor proveniente da aposentadoria auferida pelo <strong>es</strong>poso da recorrida, a renda<br />

familiar passa a ser nula, fato que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado. Sendo assim, faz jus a parte<br />

autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

10. Recurso conhecido e improvido.<br />

11. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

129 - 0000756-75.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000756-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x HELENA SANT ANNA CLARINDO.<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.52.000756-5/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: HELENA SANT’ANNA CLARINDO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –


ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 40/44, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa<br />

para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora<br />

não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Sem con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 21/22), que a autora r<strong>es</strong>ide unicamente com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Aroldo Clarindo, o<br />

qual recebe aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo mensal. Foi informado no m<strong>es</strong>mo documento que a<br />

requerente possui pr<strong>es</strong>são arterial alterada, ar<strong>tr</strong>ose e baixa audição e que faz uso contínuo de medicaçõ<strong>es</strong>, razão pela qual<br />

a renda de um salário mínimo mensal não seria o suficiente para arcar com todas as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as básicas do casal.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por idade, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 65 anos (67


anos de idade – fl. 21), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda então passará<br />

a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

10. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

130 - 0000529-82.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000529-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x MARIA RIBEIRO DA COSTA (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES<br />

FERNANDES.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.53.000529-2/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: MARIA RIBEIRO DA COSTA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 104/109, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa<br />

para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora<br />

não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fl. 121/124.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 85/88, que a autora r<strong>es</strong>ide com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Jorge Nev<strong>es</strong> da Costa, sua filha,<br />

Ângela Ribeiro da Costa, e seu neto, Arthur Ribeiro da Costa dos Santos. A renda familiar advém da aposentadoria por<br />

idade recebida pelo marido da requerente, no valor de um salário mínimo mensal. Além disso, a filha da autora recebe<br />

aproximadamente R$ 100,00 (cem reais) por mês para cuidar do sobrinho, além de R$ 82,00 (oitenta e dois reais)<br />

provenient<strong>es</strong> do Programa de Transferência de Renda Bolsa Família.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:


A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, com a d<strong>es</strong>consideração da renda proveniente da aposentadoria auferida pelo <strong>es</strong>poso da recorrida, e<br />

levando-se em conta apenas o valor proveniente da renda mensal da filha solteira que r<strong>es</strong>ide com a requerente, no<br />

montante de R$ 100,00 (cem reais), conclui-se que a renda do grupo familiar é inferior a ¼ do salário mínimo vigente, fato<br />

que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

10. Sendo assim, faz jus a parte autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

131 - 0000807-80.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000807-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x ANEVINA ALTOÉ ALBANE (ADVOGADO: SEBASTIÃO FERNANDO ASSIS,<br />

KÉZIA NICOLINI.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.54.000807-1/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: ANEVINA ALTOÉ ALBANE<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – CORREÇAO


MONETÁRIA E JUROS DE MORA – ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.960/09 –<br />

APLICABILIDADE – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM MÍNIMA PARTE.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 41/47, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a autora r<strong>es</strong>ide com o marido, o qual aufere renda mensal no valor de um<br />

salário mínimo, proveniente de aposentadoria, razão pela qual sustenta que a renda per capita do grupo familiar da autora é<br />

de metade de um salário mínimo, bem superior, portanto, ao exigido por lei. Subsidiariamente, requer a reforma da<br />

sentença no que tange à aplicação da nova disciplina do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 para o cálculo da correção monetária e<br />

dos juros de mora. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fl. 58/60.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 22/27, que a autora r<strong>es</strong>ide unicamente com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Deucyr Albane, e que<br />

a única renda da família advém da aposentadoria recebida pelo marido da requerente, no valor de um salário mínimo<br />

mensal. No m<strong>es</strong>mo documento, a assistente social relatou que “a parte autora e seu cônjuge atualmente tem uma renda<br />

mensal familiar insuficiente para arcar com as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as mínimas nec<strong>es</strong>sárias, sendo que a idade, a situação de saúde, a<br />

falta de vínculos com a previdência social, fazem com que a parte autora e seu cônjuge <strong>es</strong>tejam em condiçõ<strong>es</strong> de<br />

vulnerabilidade social e econômica”.<br />

4. A Lei 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal familiar per capita a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, com a d<strong>es</strong>consideração da renda proveniente da aposentadoria auferida pelo <strong>es</strong>poso da recorrida,<br />

conclui-se que a renda familiar passa a ser nula, fato que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.


10. Sendo assim, faz jus a parte autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

11. Finalmente, no que tange aos juros e à correção monetária, assiste razão ao recorrente. A orientação majoritária<br />

delineada por <strong>es</strong>te colegiado e consolidada no Enunciado n.° 54 da Turma Recursal dos Juizados Especiai s Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo é no sentido de que deve ser aplicada a alteração legislativa engendrada no 1°-F da Lei<br />

n° 9.494/97 com o advento da Lei n° 11.960/09 inclu sive às causas de natureza previdenciária. Com efeito, na <strong>es</strong>teira na<br />

jurisprudência do STF, a partir de 30/06/2009, impõe-se a aplicação imediata dos índic<strong>es</strong> oficias da caderneta de poupança<br />

para efeito de cálculo de correção monetária e de juros de mora incident<strong>es</strong> sobre as condenaçõ<strong>es</strong> pecuniárias impostas à<br />

fazenda pública, incluídas as verbas consideradas alimentar<strong>es</strong>.<br />

12. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em mínima parte para declarar a aplicabilidade da<br />

disciplina pr<strong>es</strong>crita no art. 1º-F da Lei n.º 9.494/97, com redação conferida pela Lei n.º 11.960/09, à condenação imposta em<br />

face do recorrente a partir de 30/06/2009, mantida os juros de 1% no que tange às parcelas anterior<strong>es</strong> à referida data<br />

13. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 c/c art. 21, parágrafo único, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a<br />

integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

132 - 0000004-69.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000004-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.) x SANTINA CASSINI GUARNIER (ADVOGADO: MARIA DE LOURDES<br />

COIMBRA DE MACEDO.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000004-69.2010.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: SANTINA CASSINI GUARNIER<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 89/93, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o recorrente, em razõ<strong>es</strong> recursais, que o requisito sócio-financeiro não se encon<strong>tr</strong>a cumprido, pois deve ser<br />

computada a aposentadoria recebida pelo cônjuge da autora no valor de um salário mínimo, na medida em que a aplicação<br />

do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de<br />

uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários. Ademais,<br />

alega que a renda do filho também deve ser levada em conta, já que, por ser considerado membro da família, tem<br />

condiçõ<strong>es</strong> de arcar com o dever alimentar lhe imposto por lei. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 115/117.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 56/57, que a autora e seu <strong>es</strong>poso, os quais r<strong>es</strong>idiam em zona rural, moram,<br />

atualmente, com seus filhos. O casal possui dois filhos, ambos maior<strong>es</strong> e casados. A requerente mora, atualmente, com<br />

seu filho Victor Hugo e o seu marido com a filha. Foi relatado que a única renda financeira da família é proveniente da<br />

aposentadoria por invalidez recebida pelo senhor Adriano Guarnier, seu <strong>es</strong>poso, no valor de um salário mínimo, além da<br />

ajuda dos filhos.<br />

4. A Lei 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,


não será computado para fins de cálculo da renda mensal familiar per capita a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria por invalidez com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não<br />

deve ser computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. Ainda, há que se dizer que a renda do filho da autora não pode, de forma alguma, ser considerada para fins de computo<br />

na renda per capita familiar, pois o § 1º, do art. 20 da Lei nº 8.742.93 é claro quanto à exigência de que o filho seja solteiro<br />

para que possa ser considerado membro da família e, conseqüentemente, ter por computada a sua renda financeira à<br />

renda per capita familiar dos genitor<strong>es</strong>, o que não condiz com o pr<strong>es</strong>ente caso, já que o filho é casado e constituiu sua<br />

própria família, conforme informado no relatório social.<br />

10. Sobre o ponto, aliás, quadra d<strong>es</strong>tacar que o INSS, constantemente, vem sustentando argumentos con<strong>tr</strong>aditórios a<br />

depender do caso concreto. Se o filho casado, que vive sob o m<strong>es</strong>mo teto, não possui renda, a Autarquia defende a<br />

aplicação literal do dispositivo para que ele seja excluído do cálculo da renda familiar per capita. Se o filho casado possui<br />

renda, adota posicionamento totalmente con<strong>tr</strong>ário, defendendo uma chamada interpretação sistemática, que, na verdade, a<br />

meu ver, revela d<strong>es</strong>lealdade proc<strong>es</strong>sual.<br />

11. D<strong>es</strong>se modo, com a d<strong>es</strong>consideração da renda proveniente da aposentadoria auferida pelo <strong>es</strong>poso da recorrida, assim<br />

como da renda auferida por seu filho, conclui-se que a renda familiar passa a ser nula, fato que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do<br />

benefício assistencial pleiteado.<br />

12. Sendo assim, faz jus a parte autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

13. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

14. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.


BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

133 - 0000572-25.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000572-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x IZAURA RIBEIRO MACHADO (ADVOGADO: MARIO SERGIO NEMER VIEIRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000572-25.2009.4.02.5051/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: IZAURA RIBEIRO MACHADO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 76/80, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que os dois filhos que r<strong>es</strong>idem com a autora e seu <strong>es</strong>poso, por serem maior<strong>es</strong><br />

de idade, não podem compor o grupo familiar para efeitos de cálculo da renda per capita. Ademais, defende que a<br />

aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à percepção de benefício assistencial concedidos a<br />

idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de<br />

modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda<br />

mensal per capita do grupo familiar, que, n<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, supera o limite de ¼ do salário mínimo. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fl. 95.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 23/29, que a autora r<strong>es</strong>ide com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Benedito Ludgero Machado, e<br />

com seus dois filhos, Odeli Ribeiro Machado e Antônia Ribeiro Machado, os quais se encon<strong>tr</strong>am d<strong>es</strong>empregados,<br />

dependendo do amparo financeiro dos genitor<strong>es</strong>. A única renda da família advém da aposentadoria por invalidez de<br />

<strong>tr</strong>abalhador rural recebida pelo marido da requerente, no valor de um salário mínimo.<br />

4. O §1º do art. 20, da Lei nº 8.742/93 conceitua como família aquela composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro,<br />

os pais e, na ausência de um del<strong>es</strong>, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os<br />

menor<strong>es</strong> tutelados, d<strong>es</strong>de que vivam sob o m<strong>es</strong>mo teto. N<strong>es</strong>se diapasão, é perfeitamente possível encaixar como parte da<br />

família os filhos que r<strong>es</strong>idem com a requerente, eis que a nova redação dada pelo supracitado dispositivo legal da LOAS<br />

não mais exclui o filho maior para fins de computo na renda per capita familiar, salvo se não for solteiro, isto é, se já houver<br />

constituído uma nova família. Ainda que o relatório social juntado aos autos não informe diretamente o <strong>es</strong>tado civil dos filhos<br />

maior<strong>es</strong> que r<strong>es</strong>idem com os genitor<strong>es</strong>, é possível pr<strong>es</strong>umir que os m<strong>es</strong>mos não constituíram família, haja vista que<br />

r<strong>es</strong>idem sozinhos com os pais.<br />

5. No mais, ainda que os filhos não sejam considerados como integrant<strong>es</strong> do grupo familiar para efeitos de contabilizá-los<br />

no cálculo da renda per capita mensal, é possível aplicar analogicamente o art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/03, que<br />

<strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do<br />

grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade, não será computado para fins de cálculo da renda<br />

mensal familiar per capita a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria de renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

7. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

8. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:


INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo percebido<br />

pelo <strong>es</strong>poso da parte autora a título de aposentadoria por invalidez, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 65 anos (80 anos de<br />

idade – fl. 24), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria auferida pelo <strong>es</strong>poso da recorrida, de modo<br />

que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

11. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

12. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

13. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

134 - 0001225-27.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001225-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x INEZ LOUZADA DA SILVA (ADVOGADO: MARCO HENRIQUE KAMHAJI.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.51.001225-4/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: INEZ LOUZADA DA SILVA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 94/96, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que o <strong>es</strong>poso da demandante é aposentado por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição e recebe<br />

mais de um salário mínimo, razão pela qual sustenta que a autora não cumpriu o requisito de miserabilidade, já que a renda<br />

per capita do grupo familiar supera o limite de ¼ do salário mínimo por cada membro. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 110/111.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário


mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 62/66, que a autora r<strong>es</strong>ide somente com seu <strong>es</strong>poso e que a única renda do casal<br />

advém da aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição recebida pelo Sr. Arlindo Cunha da Silva, marido da requerente, no<br />

valor de um salário mínimo.<br />

4. D<strong>es</strong>de já, deixo aqui regis<strong>tr</strong>ado que muito me abisma a autarquia federal utilizar, como argumento de def<strong>es</strong>a, a afirmação<br />

de que o valor recebido pelo marido da autora é maior do que o salário mínimo, somente porque o montante auferido<br />

ul<strong>tr</strong>apassou R$ 9,36 (nove reais e <strong>tr</strong>inta e seis centavos) do valor do salário mínimo vigente à época. Mais audacioso, ainda,<br />

foi observar que o INSS também alegou que o <strong>es</strong>poso da autora recebeu quantia superior ao salário mínimo, somente<br />

porque, em 2010, auferiu ínfimos R$ 0,98 (noventa e oito centavos) a mais, isto é, em vez de receber R$ 510, 00<br />

(quinhentos e dez reais), recebeu R$ 510,98 (quinhentos e dez reais e noventa e oito centavos). Ora, a percepção de<br />

alguns centavos a mais não é capaz de caracterizar o valor recebido a mais como superior ao salário mínimo vigente à<br />

época, e muito menos suficiente para afastar a aplicação, por analogia, do art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/03.<br />

5. Cabe reiterar que a Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação<br />

continuada, anteriormente concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo<br />

menos 65 anos de idade, não será computado para fins de cálculo da renda mensal familiar per capita a que se refere à<br />

supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria de renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

7. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

8. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatutodo Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, com a d<strong>es</strong>consideração do valor proveniente da aposentadoria auferida pelo <strong>es</strong>poso da recorrida, a renda<br />

familiar passa a ser nula, fato que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

11. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

12. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

13. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por


cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

135 - 0000671-57.2007.4.02.5053/01 (2007.50.53.000671-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x ANGELO SPASSINI BERGAMI (ADVOGADO: EDUARDO SOARES CARARRA,<br />

ALECIO JOCIMAR FAVARO.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.53.000671-8/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): ANGELO SPASSINI BERGAMI<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA –<br />

MANDATO ELETIVO – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO À<br />

NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – JUÍZO DE RETRATAÇÃO – ART. 543-B, §3º, CPC – PARCELAS<br />

PRESCRITAS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

136 - 0000811-91.2007.4.02.5053/01 (2007.50.53.000811-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x LUIZ MAZOLINI (ADVOGADO: LUIZ ALBERTO LIMA MARTINS, ALECIO<br />

JOCIMAR FAVARO, EDUARDO SOARES CARARRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.53.000811-9/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): LUIZ MAZOLINI<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA –<br />

MANDATO ELETIVO – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO À<br />

NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – JUÍZO DE RETRATAÇÃO – ART. 543-B, §3º, CPC – PARCELAS<br />

PRESCRITAS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


137 - 0000646-47.2007.4.02.5052/01 (2007.50.52.000646-1/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUILHERME WAYAND<br />

DA SILVA SOUTO.) x AUREO COSME (ADVOGADO: ALECIO JOCIMAR FAVARO, BRIAN CERRI GUZZO, EDUARDO<br />

SOARES CARARRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.52.000646-1/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): AUREO COSME<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA –<br />

MANDATO ELETIVO – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO À<br />

NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – JUÍZO DE RETRATAÇÃO – ART. 543-B, §3º, CPC – PARCELAS<br />

PRESCRITAS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

138 - 0000673-27.2007.4.02.5053/01 (2007.50.53.000673-1/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE<br />

RAPOSO.) x VALMIR JOSE ARPINI (ADVOGADO: EDUARDO SOARES CARARRA, ALECIO JOCIMAR FAVARO.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.53.000673-1/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): VALMIR JOSE ARPINI<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA –<br />

MANDATO ELETIVO – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO À<br />

NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – JUÍZO DE RETRATAÇÃO – ART. 543-B, §3º, CPC – PARCELAS<br />

PRESCRITAS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

139 - 0000382-90.2008.4.02.5053/01 (2008.50.53.000382-5/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: Allan Titonelli Nun<strong>es</strong>.) x<br />

MARIA DO CARMO RIBEIRO DOS SANTOS BROEDEL (ADVOGADO: WESLEY LOUREIRO DA CUNHA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2008.50.53.000382-5/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): MARIA DO CARMO RIBEIRO DOS SANTOS BROEDEL<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA –<br />

MANDATO ELETIVO – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO À<br />

NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – JUÍZO DE RETRATAÇÃO – ART. 543-B, §3º, CPC – PARCELAS


PRESCRITAS – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

140 - 0000381-08.2008.4.02.5053/01 (2008.50.53.000381-3/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE<br />

RAPOSO.) x ADEMIR MORGAN DE OLIVEIRA (ADVOGADO: WESLEY LOUREIRO DA CUNHA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2008.50.53.000381-3/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): ADEMIR MORGAN DE OLIVEIRA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA –<br />

MANDATO ELETIVO – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO À<br />

NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – JUÍZO DE RETRATAÇÃO – ART. 543-B, §3º, CPC – PARCELAS<br />

PRESCRITAS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

141 - 0001660-54.2009.4.02.5001/01 (2009.50.01.001660-0/01) MILTON COSTA DA SILVA (ADVOGADO: INGRID SILVA<br />

DE MONTEIRO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: Kleison Ferreira.).<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2009.50.01.001660-0/01<br />

EMBARGANTE: MILTON COSTA DA SILVA<br />

EMBARGADO: UNIÃO FEDERAL<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA.<br />

COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. PRESCRIÇÃO CONSUMADA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO JULGADO.<br />

PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.<br />

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 117, por<br />

intermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão no julgado. Sustenta o embargante que o acórdão não<br />

observou que a incidência <strong>tr</strong>ibutária sofrida pelo embargante se refere à parcela de <strong>tr</strong>ato suc<strong>es</strong>sivo, eis que a violação ao<br />

bis in idem <strong>tr</strong>ibutário se renovaria mês a mês.<br />

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismo<br />

da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como ins<strong>tr</strong>umento de rediscussão de matéria já debatida.<br />

No caso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito<br />

já decidido em sede de julgamento do recurso inominado. A jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia consolidou o entendimento de que, no<br />

caso de r<strong>es</strong>tituição de valor<strong>es</strong> cobrados sobre a complementação de aposentadoria que já foram <strong>tr</strong>ibutadas na época da<br />

vigência da Lei nº 7.713/88 (1º/01/1989 a 31/12/95), tem-se que “o termo inicial da pr<strong>es</strong>crição é o mês em que o beneficiário<br />

efetivamente passou a perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a<br />

1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel.


Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).<br />

N<strong>es</strong>se m<strong>es</strong>mo sentido se manif<strong>es</strong>tou o acórdão embargado, senão vejamos:<br />

1. “Quando a aposentadoria do segurado, ou o r<strong>es</strong>gate em cota única, ocorrer na vigência da Lei 9.250/95, o termo<br />

a quo da pr<strong>es</strong>crição começará a fluir da data de sua aposentadoria, pois é a partir d<strong>es</strong>se momento que ocorrem os<br />

d<strong>es</strong>contos relativos ao imposto de renda. Por ou<strong>tr</strong>o lado, quando a aposentadoria ocorrer na vigência da Lei 7.713/88, o<br />

termo inicial a ser considerado é a partir da vigência da Lei 9.250/95, quando houve a mudança na sistemática de d<strong>es</strong>conto<br />

do imposto de renda.” (TRF 1ª Região - Apelação Cível – 2005.38.00024204-8 – DJ 19/12/2007).<br />

2. O recorrente se aposentou em 1997. Foi n<strong>es</strong>sa época que ele deve também ter começado a receber da entidade<br />

de previdência fechada o complemento da aposentadoria. E, por conseguinte, foi n<strong>es</strong>sa época que, com a incidência do<br />

imposto de renda sobre os valor<strong>es</strong> pagos pela entidade de previdência fechada, instaurou-se o bis in idem. De acordo com<br />

o primado da actio nata, o termo inicial do prazo de pr<strong>es</strong>crição deve, pois, ser fixado no mês da aposentadoria. Como a<br />

ação foi somente ajuizada em 2009, a pr<strong>es</strong>crição já <strong>es</strong>tava consumada, ainda que se considere o prazo de pr<strong>es</strong>crição de<br />

dez anos. Hipót<strong>es</strong>e de pr<strong>es</strong>crição do fundo de direito.<br />

Assim, não há que se falar em omissão no julgado.<br />

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

142 - 0008382-88.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.008382-0/01) NILTON RIBEIRO MARTINS (ADVOGADO: LIDIANE<br />

ZUMACH LEMOS PEREIRA, DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA.) x BANCO CENTRAL DO BRASIL x BANCO DO<br />

BRASIL S/A.<br />

PROCESSO Nº. 2008.50.50.008382-0/01<br />

RECORRENTE: NILTON RIBEIRO MARTINS<br />

RECORRIDO: BANCO CENTRAL DO BRASIL E BANCO DO BRASIL S/A<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO. CADERNETA DE POUPANÇA. PLANOS ECONÔMICOS. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS.<br />

ILEGITIMIDADE PASSIVA DO BANCO CENTRAL. POLO PASSIVO INTEGRADO POR ENTIDADE DE DIREITO<br />

PRIVADO NÃO CONTEMPLADA NO INCISO I DO ARTIGO 109 DA CF/88. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL<br />

PARA PROCESSAR E JULGAR O FEITO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 13/14, que<br />

extinguiu o feito, sem r<strong>es</strong>olução do mérito, com fulcro no art. 3º, caput, da Lei nº 10.259 c/c arts. 109, I, da CF/88 e 267, IV,<br />

do CPC. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, sustenta o autor que r<strong>es</strong>tou assente nos autos a r<strong>es</strong>ponsabilidade do Banco Cen<strong>tr</strong>al do<br />

Brasil, possuindo o m<strong>es</strong>mo legitimidade passiva para integrar a pr<strong>es</strong>ente ação, de modo que não haveria que se falar em<br />

incompetência da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>. Sem con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei 9.099/95).<br />

3. Não assiste razão ao autor ao sustentar a legitimidade passiva do Banco Cen<strong>tr</strong>al do Brasil no pr<strong>es</strong>ente feito. Nas açõ<strong>es</strong><br />

em que se busca o pagamento de diferença de correção monetária dos saldos de caderneta de poupança, a legitimidade<br />

passiva é dos bancos depositários. Diante disso, como foi o Banco do Brasil (banco depositário) que aplicou nos saldos das<br />

cadernetas de poupança índice inferior ao da inflação, não pode o BACEN ser r<strong>es</strong>ponsabilizado.<br />

5. N<strong>es</strong>se sentido, confiram-se os precedent<strong>es</strong> a seguir reproduzidos:<br />

CIVIL. PROCESSO CIVIL. CADERNETA DE POUPANÇA. MES DE MARÇO/90. INDICE DE CORREÇÃO. AGENTE<br />

FINANCEIRO. BANCO CENTRAL DO BRASIL. PARTE ILEGITIMA PASSIVA. COMPETENCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.<br />

1. A conta de poupança é um con<strong>tr</strong>ato que o poupador celebra com o <strong>es</strong>tabelecimento de crédito.<br />

2. Se a instituição financeira aplicou nos saldos das cadernetas de poupança índice inferior ao da inflação, não pode o<br />

Banco Cen<strong>tr</strong>al do Brasil ser r<strong>es</strong>ponsabilizado.


3. Não tem a <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> competência para julgar ação proposta con<strong>tr</strong>a o Banco do Brasil, o Banco Brasileiro de<br />

D<strong>es</strong>contos S/A, o Banco do Estado de São Paulo e o Banco do Estado de Goiás S/A. (5949 GO 96.01.05949-0, Relator:<br />

JUIZ TOURINHO NETO, Data de Julgamento: 24/06/1996, TRF1 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: 28/06/1996 DJ<br />

p.44695, grifo nosso)<br />

PROCESSUAL CIVIL. CADERNETA DE POUPANÇA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO BACEN. CONTA BANCÁRIA<br />

ABERTA ORIGINARIAMENTE NA MINAS CAIXA. ART. 284/CPC. INAPLICABILIDADE./CPC<br />

I - Nas açõ<strong>es</strong> em que se busca o pagamento de diferença de correção monetária dos saldos de caderneta de poupança, a<br />

legitimidade passiva é dos bancos depositários. Assim, aberta a conta perante a Minas Caixa, o Banco Cen<strong>tr</strong>al do Brasil é<br />

parte ilegítima para figurar no pólo passivo da relação proc<strong>es</strong>sual. Precedent<strong>es</strong> do STJ e d<strong>es</strong>ta Corte.<br />

II - Inaplicável, à <strong>es</strong>pécie, a regra do art. 284 do CPC, uma vez que a extinção do feito sem r<strong>es</strong>olução do mérito ocorreu em<br />

razão do reconhecimento da ausência de uma das condiçõ<strong>es</strong> da ação (legitimatio ad causam), decorrente do acolhimento<br />

da preliminar arguida na cont<strong>es</strong>tação pela parte indicada como legítima. 284CPC.<br />

III - Apelação da Autora a que se nega provimento. (2779 MG 0002779-59.2007.4.01.3801, Relator: DESEMBARGADOR<br />

FEDERAL JIRAIR ARAM MEGUERIAN, Data de Julgamento: 11/07/2011, TRF1- SEXTA TURMA, Data de Publicação:<br />

e-DJF1 p.84 de 25/07/2011, grifo nosso)<br />

3. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, reconhecida a ilegitimidade passiva do Banco Cen<strong>tr</strong>al para figurar no pr<strong>es</strong>ente feito, forçoso mos<strong>tr</strong>a-se a<br />

declaração da incompetência d<strong>es</strong>te Juízo. Isto porque as causas que envolvem sociedad<strong>es</strong> de economia mista federais –<br />

tais como o Banco do Brasil S/A – não se submetem ao crivo da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, pois elas não se encon<strong>tr</strong>am elencadas no<br />

rol do inciso I do art. 109 da Constituição. N<strong>es</strong>se sentido, já se posicionou o STJ, por meio da Súmula nº 42, in verbis:<br />

STJ Súmula nº 42 - 14/05/1992 - DJ 20.05.1992<br />

Competência - Cíveis e Criminais - Sociedade de Economia Mista<br />

Compete à <strong>Justiça</strong> Comum Estadual proc<strong>es</strong>sar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os<br />

crim<strong>es</strong> praticados em seu de<strong>tr</strong>imento.<br />

4. N<strong>es</strong>se diapasão, diante da incompetência dos Juizados Federais Cíveis para proc<strong>es</strong>sar e julgar a pr<strong>es</strong>ente ação, deve<br />

ser mantida a sentença proferida pelo juízo a quo.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a situação financeira da parte, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuita<br />

que ora defiro, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,<br />

NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

143 - 0004580-14.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004580-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JULIO VAGMAKER FILHO<br />

(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.° 0004580-14.2010.4.02.5050/0 1<br />

RECORRENTE: JULIO VAGMAKER FILHO<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DO AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA<br />

POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL CONSTATADA PELOS LAUDOS PERICIAIS – RECURSO<br />

CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA INTEGRALMENTE MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 101/102, que<br />

julgou improcedente o pleito autoral de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença e/ou de conc<strong>es</strong>são de<br />

aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong>, que os laudos periciais do juízo não se compatibilizam<br />

com sua real condição de saúde, bem como d<strong>es</strong>consideram os demais documentos médicos colacionados aos autos.<br />

Salienta que vem sofrendo cris<strong>es</strong> características de convulsõ<strong>es</strong>, perda de fala, con<strong>tr</strong>açõ<strong>es</strong> muscular<strong>es</strong>, sofrendo inclusive


paradas cardíacas, sintomas que seriam incompatíveis com sua função de encarregado de seção. Assim, r<strong>es</strong>saltando que<br />

o juiz não se encon<strong>tr</strong>a ads<strong>tr</strong>ito aos laudos periciais, postula pela reforma da sentença, com o consequente acolhimento dos<br />

pleitos iniciais. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 114/117.<br />

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).<br />

3. O auxílio-doença, como se ex<strong>tr</strong>ai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido,<br />

quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por<br />

mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art.42 da Lei n.º<br />

8.213/91, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo<br />

de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a<br />

subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

4. O autor, atualmente com 46 (quarenta e seis) anos de idade, alegou em sua inicial possuir doença cérebro-vascular<br />

isquêmica (necrose de coagulação), agravado por labirintinte isquêmica secundária, que afetaria o equilíbrio. Esteve em<br />

gozo de auxílio-doença de 13/09/2007 a 10/07/2009, c<strong>es</strong>sado por limite médico, após o que teve todos os requerimentos<br />

adminis<strong>tr</strong>ativos indeferidos.<br />

5. Visando comprovar o <strong>es</strong>tado de incapacidade, foram realizadas duas perícias médicas. A primeira perícia, realizada por<br />

<strong>es</strong>pecialista em neurologia (fls. 105/110), diagnosticou epilepsia e distúrbio psiquiá<strong>tr</strong>ico (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 01). Ao exame<br />

físico, o perito constatou que o autor se encon<strong>tr</strong>ava consciente, com ritmo cardíaco normal, marcha normal, sem déficit<br />

sensitivo, reflexos tendineos normais, eupneica e sons r<strong>es</strong>piratórios normais. Concluiu, assim, que, sob o ponto de vista<br />

neurológico, não havia incapacidade para sua atividade habitual.<br />

6. O recorrente impugnou o laudo pericial (fl. 78) sob o argumento de que também seria portador de doença psiquiá<strong>tr</strong>ica,<br />

tendo o juiz a quo deferido a realização de ou<strong>tr</strong>a perícia (fl. 85). O segundo laudo, elaborado por médico <strong>es</strong>pecialista em<br />

psiquia<strong>tr</strong>ia (fls. 91/92), diagnosticou <strong>tr</strong>anstorno do humor não <strong>es</strong>pecificado (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 01). O perito at<strong>es</strong>tou que o<br />

recorrente se apr<strong>es</strong>entou lúcido, orientado, coerente, cooperativo e calmo, sem sinais ou sintomas psicóticos. D<strong>es</strong>ta forma,<br />

d<strong>es</strong>cartou a existência de incapacidade para a atividade habitual do recorrente.<br />

7. Diante das conclusõ<strong>es</strong> periciais, em cotejo com os documentos médicos apr<strong>es</strong>entados pela parte, <strong>es</strong>te relator entende<br />

que inexistem nos autos elementos capaz<strong>es</strong> de balizarem a caracterização da incapacidade da parte para o labor em geral,<br />

sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, nec<strong>es</strong>sariamente, inaptidão funcional. Os documentos<br />

médicos juntados pela parte autora não são suficient<strong>es</strong> para afastar as conclusõ<strong>es</strong> da perícia médica judicial, mormente ao<br />

se considerar o Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito<br />

Santo:<br />

O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular.<br />

(DIO - Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 18/03/04, pág. 59).<br />

8. Com efeito, não me parece plausível deferir os benefícios previdenciários pretendidos – seja de auxílio-doença, seja de<br />

aposentadoria por invalidez – se constatada a capacidade para o <strong>tr</strong>abalho habitual do autor/recorrente a menos que os<br />

laudos particular<strong>es</strong> se mos<strong>tr</strong>em suficient<strong>es</strong> à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave<br />

falha no laudo oficial, hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> que não ocorreram no caso vertente.<br />

9. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em <strong>tr</strong>azer aos autos provas robustas, que pud<strong>es</strong>sem se<br />

sobrepor aos laudo periciais, o qual goza de pr<strong>es</strong>unção de veracidade. D<strong>es</strong>se modo, deve ser mantida a sentença proferida<br />

pelo juiz a quo, de modo a não ser concedido o pedido autoral.<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas e de<br />

honorários advocatícios, cujo valor, considerando-se a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo,<br />

ante o deferimento de assistência judiciária gratuita à fl. 58, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos<br />

termos do art. 12 da Lei 1.060/50.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

144 - 0006953-52.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006953-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EDUARDO FRANCISCO DE SOUZA.) x ROMARIO FERREIRA BRAGA (DEF.PUB:


Karina Rocha Mitleg Bayerl.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N. 0006953-52.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL<br />

RECORRIDO: ROMÁRIO FERREIRA BRAGA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – DESCONTOS EFETUADOS INDEVIDAMENTE SOBRE OS PROVENTOS<br />

DO RECORRIDO – IMPOSSIBILIDADE DE EFETUAR OS REFERIDOS DESCONTOS, HAJA VISTA O CARÁTER<br />

ALIMENTAR DO BENEFÍCIO E A AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ DA PARTE AUTORA, O QUE TAMBÉM ENSEJA A<br />

RESTITUIÇÃO DOS VALORES INDEVIDAMENTE DESCONTADOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 88/89, que julgou<br />

procedente o pedido da inicial e declarou a inexistência de débito r<strong>es</strong>ultante da revisão adminis<strong>tr</strong>ativa, bem como condenou<br />

o INSS a r<strong>es</strong>tituir os valor<strong>es</strong> efetivamente d<strong>es</strong>contados. Em razõ<strong>es</strong> recursais, o recorrente sustenta que o recebimento de<br />

boa-fé de verbas indevidas não tem o condão de eliminar o dever do autor em r<strong>es</strong>tituir aos cofr<strong>es</strong> públicos, sob pena de<br />

enriquecimento ilícito. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 123/129.<br />

2. A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei 9.099/95).<br />

3. Efetuar a cobrança de valor<strong>es</strong> que foram recebidos pela autora por equívoco unicamente do INSS acabaria por violar a<br />

relação de segurança e confiança que o m<strong>es</strong>mo tem com a autarquia, tendo em vista <strong>tr</strong>atar-se – a renda obtida com o<br />

benefício previdenciário – de quantia d<strong>es</strong>tinada a suprir as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> básicas do beneficiário. R<strong>es</strong>ta claro que o<br />

benefício percebido pela recorrida tinha por função precípua atender as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> condizent<strong>es</strong> com o padrão social.<br />

4. É de r<strong>es</strong>saltar que o autor agiu de boa-fé quando do recebimento dos benefícios pagos indevidamente pelo INSS. A<br />

boa-fé é pr<strong>es</strong>umida, sendo afastada apenas se houver prova em con<strong>tr</strong>ário. A autarquia previdenciária não d<strong>es</strong>caracterizou a<br />

má-fé da recorrida, de modo que o d<strong>es</strong>conto feito sobre os seus proventos não possui r<strong>es</strong>paldo. Segue jurisprudência que<br />

corrobora o entendimento pautado na boa-fé da recorrida: [...] 2- O art. 115 da Lei nº 8.213/91, que regulamenta a hipót<strong>es</strong>e<br />

de d<strong>es</strong>conto adminis<strong>tr</strong>ativo, sem nec<strong>es</strong>sária autorização judicial, nos casos em que a conc<strong>es</strong>são a maior se deu por ato<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo do Instituto agravante, não se aplica às situaçõ<strong>es</strong> em que o segurado é receptor de boa-fé, o que, conforme<br />

documentos acostados aos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> autos, se amolda ao vertente caso. Precedent<strong>es</strong>. 3- Agravo regimental a que se nega<br />

provimento. (STJ – Sexta Turma - AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 413977 – Relatora:<br />

Minis<strong>tr</strong>a Maria Thereza de Assis Moura – Julgado em: 19/02/2009 – Publicado em: 16/03/2009) (grifo nosso).<br />

5. Ademais, deve-se enfatizar que o risco de enriquecimento ilícito, alegado pelo INSS, é inferior ao risco de fazer com que<br />

o recorrido suporte ônus indevido, haja vista que as verbas que o m<strong>es</strong>mo recebeu são de caráter alimentar. Reitera-se: não<br />

é razoável que o recorrido suporte ônus pautado no erro da autarquia previdenciária.<br />

6. Por fim, deve-se frisar que, sendo devida a c<strong>es</strong>sação dos d<strong>es</strong>contos no benefício do recorrido, principalmente pelo fato<br />

de o m<strong>es</strong>mo não ter concorrido para o ato que propiciou o aumento de seus proventos, não deve o INSS apr<strong>es</strong>entar<br />

irr<strong>es</strong>ignação pela condenação também ao r<strong>es</strong>sarcimento dos valor<strong>es</strong> d<strong>es</strong>contados, haja vista <strong>tr</strong>atar-se de decorrência lógica<br />

da supracitada c<strong>es</strong>sação.<br />

7. Recurso conhecido e, no mérito, improvido. Sentença mantida.<br />

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

145 - 0005006-60.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005006-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x MARILZA BARROS DE<br />

VASCONCELLOS (ADVOGADO: RODOLFO GOMES AMADEO.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N. 0005006-60.2009.4.02.5050/01


RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL<br />

RECORRIDO: MARILZA BARROS DE VASCONCELLOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – DESCONTOS EFETUADOS INDEVIDAMENTE SOBRE OS PROVENTOS<br />

DA RECORRIDA – IMPOSSIBILIDADE DE EFETUAR OS REFERIDOS DESCONTOS, HAJA VISTA O CARÁTER<br />

ALIMENTAR DO BENEFÍCIO E A AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ DA PARTE AUTORA – DEVIDA A RESTITUIÇÃO DOS<br />

VALORES INDEVIDAMENTE DESCONTADOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 23/24, que julgou<br />

procedente o pedido da inicial e declarou a inexistência de débito r<strong>es</strong>ultante da revisão adminis<strong>tr</strong>ativa, bem como condenou<br />

o INSS a r<strong>es</strong>tituir os valor<strong>es</strong> efetivamente d<strong>es</strong>contados. Em razõ<strong>es</strong> recursais, o recorrente sustenta que a autora recebeu<br />

indevidamente o benefício de aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição no período de 1998 a setembro de 2002, assim,<br />

aduz que o d<strong>es</strong>conto era devido, que se <strong>tr</strong>ata de verba pública e, portanto, deve ser r<strong>es</strong>tituído. Sem con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei 9.099/95).<br />

3. Efetuar a cobrança de valor<strong>es</strong> que foram recebidos pela autora por equívoco unicamente do INSS acabaria por violar a<br />

relação de segurança e confiança que o m<strong>es</strong>mo tem com a autarquia, tendo em vista <strong>tr</strong>atar-se – a renda obtida com o<br />

benefício previdenciário – de quantia d<strong>es</strong>tinada a suprir as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> básicas do beneficiário. R<strong>es</strong>ta claro que o<br />

benefício percebido pela recorrida tinha por função precípua atender as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> condizent<strong>es</strong> com o padrão social.<br />

4. É de r<strong>es</strong>saltar que o autor agiu de boa-fé quando do recebimento dos benefícios pagos indevidamente pelo INSS. A<br />

boa-fé é pr<strong>es</strong>umida, sendo afastada apenas se houver prova em con<strong>tr</strong>ário. A autarquia previdenciária não d<strong>es</strong>caracterizou a<br />

má-fé da recorrida, de modo que o d<strong>es</strong>conto feito sobre os seus proventos não possui r<strong>es</strong>paldo. Segue jurisprudência que<br />

corrobora o entendimento pautado na boa-fé da recorrida: [...] 2- O art. 115 da Lei nº 8.213/91, que regulamenta a hipót<strong>es</strong>e<br />

de d<strong>es</strong>conto adminis<strong>tr</strong>ativo, sem nec<strong>es</strong>sária autorização judicial, nos casos em que a conc<strong>es</strong>são a maior se deu por ato<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo do Instituto agravante, não se aplica às situaçõ<strong>es</strong> em que o segurado é receptor de boa-fé, o que, conforme<br />

documentos acostados aos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> autos, se amolda ao vertente caso. Precedent<strong>es</strong>. 3- Agravo regimental a que se nega<br />

provimento. (STJ – Sexta Turma - AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 413977 – Relatora:<br />

Minis<strong>tr</strong>a Maria Thereza de Assis Moura – Julgado em: 19/02/2009 – Publicado em: 16/03/2009) (grifo nosso).<br />

5. Ademais, deve-se enfatizar que o risco de enriquecimento ilícito, alegado pelo INSS, é inferior ao risco de fazer com que<br />

a recorrida suporte ônus indevido, haja vista que as verbas que a m<strong>es</strong>ma recebeu são de caráter alimentar. Reitera-se: não<br />

é razoável que o recorrido suporte ônus pautado no erro da autarquia previdenciária.<br />

6. Por fim, deve-se frisar que, sendo devida a c<strong>es</strong>sação dos d<strong>es</strong>contos no benefício da autora, principalmente pelo fato dela<br />

não ter concorrido para o ato que propiciou o aumento de seus proventos, não deve o INSS apr<strong>es</strong>entar irr<strong>es</strong>ignação pela<br />

condenação também ao r<strong>es</strong>sarcimento dos valor<strong>es</strong> d<strong>es</strong>contados, haja vista <strong>tr</strong>atar-se de decorrência lógica da supracitada<br />

c<strong>es</strong>sação.<br />

7. Recurso conhecido e, no mérito, improvido. Sentença mantida.<br />

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

146 - 0003573-84.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003573-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MUNICÍPIO DE CARIACICA (ADVOGADO: LUCIANO KELLY DO<br />

NASCIMENTO.) x ANTONIO BATISTA FERREIRA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).<br />

PODER JUDICIÁRIO<br />

JUSTIÇA FEDERAL<br />

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO<br />

TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N. 0003573-84.2010.4.02.5050/01<br />

EMBARGANTE(S): UNIÃO FEDERAL E MUNICÍPIO DE CARIACICA<br />

EMBARGADO: ANTÔNIO BATISTA FERREIRA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO QUANTO À CONDENAÇÃO DOS RECORRENTES EM<br />

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – APLICAÇÃO DO ART. 55 DA LEI nº 9.099/95 – CONDENAÇÃO DOS RECORRENTES<br />

PARCIALMENTE VENCEDORES EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – IMPOSSIBILIDADE – ENUNCIADO Nº 97 DO<br />

FONAJEF – EMBARGOS ACOLHIDOS – ACÓRDÃO RFORMADO EM PARTE.<br />

1. Cuida-se de Embargos de Declaração interpostos em face do acórdão de fls. 176/181 proferido pela Turma Recursal, por<br />

intermédio dos quais aduzem as part<strong>es</strong> rés, ora embargant<strong>es</strong>, que houve omissão por parte do acórdão impugnado, pois,<br />

não obstante os recursos interpostos tenham sido parcialmente providos, foi-lh<strong>es</strong> imposto integralmente o ônus da<br />

sucumbência, o que se consubstanciaria numa evidente con<strong>tr</strong>adição à regra do art. 21 do CPC.<br />

2. Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, limitam-se a suprir omissõ<strong>es</strong>, aportar clareza ou retificar<br />

eventuais con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> no bojo da decisão recorrida.<br />

3. Na hipót<strong>es</strong>e dos autos se encon<strong>tr</strong>a caracterizada a con<strong>tr</strong>adição alegada, eis que, diante do parcial provimento dos<br />

recursos interpostos, deve-se aplicar a regra do art. 55 da Lei nº 9.099/95, que prevê a condenação ao pagamento de<br />

honorários advocatícios apenas do recorrente vencido.<br />

4. Com efeito, o acórdão preferido por <strong>es</strong>te juízo julgou parcialmente provido os recursos interpostos pela União <strong>Federal</strong> e<br />

Município de Cariacica, eis que julgou improcedente o pedido do autor no que tange ao fornecimento do medicamento<br />

VENOLOT 30. Assim, tem-se que os recorrent<strong>es</strong> não foram vencidos, mas sim parcialmente vencedor<strong>es</strong>, fato <strong>es</strong>te que não<br />

autoriza a condenação em honorários advocatícios no âmbito do juizado <strong>es</strong>pecial.<br />

5. N<strong>es</strong>se sentido, pronunciou-se o FONAJEF, por meio do Enunciado nº 97, senão vejamos: “O provimento, ainda que<br />

parcial, de recurso inominado afasta a possibilidade de condenação do recorrente ao pagamento de honorários de<br />

sucumbência”.<br />

6. Ante o exposto, acolho os embargos de declaração, em razão de ser indevida a condenação em honorário advocatícios<br />

dos recorrent<strong>es</strong> parcialmente vencedor<strong>es</strong>, de acordo com regra do art. 55 da Lei nº 9.099/95 e o Enunciado nº 97 do<br />

FONAJEF.<br />

7. Embargos de declaração acolhidos para excluir do acórdão de fls. 176/181 a condenação das rés ao pagamento em<br />

honorários advocatícios.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

147 - 0005429-83.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005429-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ANGELA MARIA DE SOUZA BARBOSA<br />

(ADVOGADO: THIAGO AARÃO DE MORAES.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0005429-83.2010.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO(A): ANGELA MARIA DE SOUZA BARBOSA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –<br />

APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODO<br />

BÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM<br />

PERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA


REFORMADA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,<br />

con<strong>tr</strong>a a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de<br />

aposentadoria por invalidez, nos mold<strong>es</strong> do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação do<br />

citado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem<br />

do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição. Sem<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. Em s<strong>es</strong>são plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> decidiu, em recurso submetido à<br />

sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que o<br />

auxílio-doença, den<strong>tr</strong>o do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com<br />

períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que <strong>es</strong>teja em gozo de auxílio-doença no<br />

interregno imediatamente anterior à conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez.<br />

3. N<strong>es</strong>se diapasão, regis<strong>tr</strong>e-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como<br />

tempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede a<br />

conversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gera<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez. Eis a ementa do julgado:<br />

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.<br />

1. O caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem de<br />

tempo ficto de con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regra<br />

proibitiva de tempo de con<strong>tr</strong>ibuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da m<strong>es</strong>ma Lei. E é aplicável somente às situaçõ<strong>es</strong><br />

em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento<br />

intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária. Entendimento, <strong>es</strong>se, que não<br />

foi modificado pela Lei nº 9.876/99.<br />

3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ul<strong>tr</strong>apassou os limit<strong>es</strong> da competência regulamentar porque apenas<br />

explicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.<br />

44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.<br />

4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à r<strong>es</strong>pectiva vigência ofende tanto o<br />

inciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição <strong>Federal</strong>. Precedent<strong>es</strong>: REs 416.827 e 415.454, ambos da<br />

relatoria do Minis<strong>tr</strong>o Gilmar Mend<strong>es</strong>.<br />

5. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”<br />

(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).<br />

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para d<strong>es</strong>constituir a condenação da Autarquia Previdenciária<br />

no recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebido<br />

durante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.<br />

6. Sem condenação ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nos<br />

termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

148 - 0006550-49.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006550-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.) x MORILDA REIS ALVES (ADVOGADO:<br />

BRUNO DE CASTRO QUEIROZ.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006550-49.2010.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO(A): MORILDA REIS ALVES<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA


E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –<br />

APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODO<br />

BÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM<br />

PERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,<br />

con<strong>tr</strong>a a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de<br />

aposentadoria por invalidez, nos mold<strong>es</strong> do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação do<br />

citado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem<br />

do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.83/88.<br />

2. Em s<strong>es</strong>são plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> decidiu, em recurso submetido à<br />

sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que o<br />

auxílio-doença, den<strong>tr</strong>o do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com<br />

períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que <strong>es</strong>teja em gozo de auxílio-doença no<br />

interregno imediatamente anterior à conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez.<br />

3. N<strong>es</strong>se diapasão, regis<strong>tr</strong>e-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como<br />

tempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede a<br />

conversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gera<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez. Eis a ementa do julgado:<br />

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.<br />

1. O caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem de<br />

tempo ficto de con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regra<br />

proibitiva de tempo de con<strong>tr</strong>ibuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da m<strong>es</strong>ma Lei. E é aplicável somente às situaçõ<strong>es</strong><br />

em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento<br />

intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária. Entendimento, <strong>es</strong>se, que não<br />

foi modificado pela Lei nº 9.876/99.<br />

3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ul<strong>tr</strong>apassou os limit<strong>es</strong> da competência regulamentar porque apenas<br />

explicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.<br />

44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.<br />

4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à r<strong>es</strong>pectiva vigência ofende tanto o<br />

inciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição <strong>Federal</strong>. Precedent<strong>es</strong>: REs 416.827 e 415.454, ambos da<br />

relatoria do Minis<strong>tr</strong>o Gilmar Mend<strong>es</strong>.<br />

5. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”<br />

(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).<br />

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para d<strong>es</strong>constituir a condenação da Autarquia Previdenciária<br />

no recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebido<br />

durante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.<br />

6. Sem condenação ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nos<br />

termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

149 - 0006980-35.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006980-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO


SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x MARIA<br />

EVANGELISTA DA SILVA (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY, Antonio Carlos Carara Ponciano,<br />

CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006980-35.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO(A): MARIA EVANGELISTA DA SILVA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –<br />

APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODO<br />

BÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM<br />

PERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,<br />

con<strong>tr</strong>a a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de<br />

aposentadoria por invalidez, nos mold<strong>es</strong> do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação do<br />

citado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem<br />

do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição. Sem<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. Em s<strong>es</strong>são plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> decidiu, em recurso submetido à<br />

sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que o<br />

auxílio-doença, den<strong>tr</strong>o do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com<br />

períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que <strong>es</strong>teja em gozo de auxílio-doença no<br />

interregno imediatamente anterior à conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez.<br />

3. N<strong>es</strong>se diapasão, regis<strong>tr</strong>e-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como<br />

tempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede a<br />

conversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gera<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez. Eis a ementa do julgado:<br />

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.<br />

1. O caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem de<br />

tempo ficto de con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regra<br />

proibitiva de tempo de con<strong>tr</strong>ibuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da m<strong>es</strong>ma Lei. E é aplicável somente às situaçõ<strong>es</strong><br />

em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento<br />

intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária. Entendimento, <strong>es</strong>se, que não<br />

foi modificado pela Lei nº 9.876/99.<br />

3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ul<strong>tr</strong>apassou os limit<strong>es</strong> da competência regulamentar porque apenas<br />

explicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.<br />

44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.<br />

4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à r<strong>es</strong>pectiva vigência ofende tanto o<br />

inciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição <strong>Federal</strong>. Precedent<strong>es</strong>: REs 416.827 e 415.454, ambos da<br />

relatoria do Minis<strong>tr</strong>o Gilmar Mend<strong>es</strong>.<br />

5. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”<br />

(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).<br />

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para d<strong>es</strong>constituir a condenação da Autarquia Previdenciária<br />

no recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebido<br />

durante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.<br />

6. Sem condenação ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nos<br />

termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

150 - 0004628-70.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004628-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DO CARMO<br />

(ADVOGADO: VINICIUS DINIZ SANTANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x OS MESMOS.<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004628-70.2010.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: MARIA DO CARMO<br />

RECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –<br />

APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODO<br />

BÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM<br />

PERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, ora recorrente, con<strong>tr</strong>a a sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nos mold<strong>es</strong> do § 5º do<br />

art. 29 da Lei nº 8.213/1991. A recorrente discute a interpretação do citado artigo para efeito de revisão da renda mensal<br />

inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado<br />

com períodos de atividade) como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição. Sem con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. Em s<strong>es</strong>são plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> decidiu, em recurso submetido à<br />

sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que o<br />

auxílio-doença, den<strong>tr</strong>o do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com<br />

períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que <strong>es</strong>teja em gozo de auxílio-doença no<br />

interregno imediatamente anterior à conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez.<br />

3. N<strong>es</strong>se diapasão, regis<strong>tr</strong>e-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como<br />

tempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede a<br />

conversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gera<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez. Eis a ementa do julgado:<br />

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.<br />

1. O caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem de<br />

tempo ficto de con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regra<br />

proibitiva de tempo de con<strong>tr</strong>ibuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da m<strong>es</strong>ma Lei. E é aplicável somente às situaçõ<strong>es</strong><br />

em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento<br />

intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária. Entendimento, <strong>es</strong>se, que não<br />

foi modificado pela Lei nº 9.876/99.<br />

3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ul<strong>tr</strong>apassou os limit<strong>es</strong> da competência regulamentar porque apenas<br />

explicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.<br />

44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.<br />

4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à r<strong>es</strong>pectiva vigência ofende tanto o<br />

inciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição <strong>Federal</strong>. Precedent<strong>es</strong>: REs 416.827 e 415.454, ambos da<br />

relatoria do Minis<strong>tr</strong>o Gilmar Mend<strong>es</strong>.<br />

5. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”<br />

(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).<br />

4. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

6. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuita<br />

deferida em sentença, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

151 - 0001221-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001221-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE CARLOS LUIS<br />

PEREIRA (ADVOGADO: CATARINE MULINARI NICO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001221-85.2012.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: JOSE CARLOS LUIS PEREIRA<br />

RECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –<br />

APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODO<br />

BÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM<br />

PERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, ora recorrente, con<strong>tr</strong>a a sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nos mold<strong>es</strong> do § 5º do<br />

art. 29 da Lei nº 8.213/1991. A recorrente discute a interpretação do citado artigo para efeito de revisão da renda mensal<br />

inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado<br />

com períodos de atividade) como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fl.37. Pugna pela manutenção da sentença.<br />

2. Em s<strong>es</strong>são plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> decidiu, em recurso submetido à<br />

sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que o<br />

auxílio-doença, den<strong>tr</strong>o do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com<br />

períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que <strong>es</strong>teja em gozo de auxílio-doença no<br />

interregno imediatamente anterior à conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez.<br />

3. N<strong>es</strong>se diapasão, regis<strong>tr</strong>e-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como<br />

tempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede a<br />

conversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gera<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez. Eis a ementa do julgado:<br />

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.<br />

1. O caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem de<br />

tempo ficto de con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regra<br />

proibitiva de tempo de con<strong>tr</strong>ibuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da m<strong>es</strong>ma Lei. E é aplicável somente às situaçõ<strong>es</strong><br />

em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento<br />

intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária. Entendimento, <strong>es</strong>se, que não<br />

foi modificado pela Lei nº 9.876/99.<br />

3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ul<strong>tr</strong>apassou os limit<strong>es</strong> da competência regulamentar porque apenas<br />

explicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.<br />

44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.<br />

4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à r<strong>es</strong>pectiva vigência ofende tanto o<br />

inciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição <strong>Federal</strong>. Precedent<strong>es</strong>: REs 416.827 e 415.454, ambos da<br />

relatoria do Minis<strong>tr</strong>o Gilmar Mend<strong>es</strong>.<br />

5. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”<br />

(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).<br />

4. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.


6. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuita<br />

deferida em sentença, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

152 - 0001074-64.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001074-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL x MARIA<br />

DE LOURDES BARCELLOS BOLONHA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001074-64.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): MARIA DE LOURDES BARCELLOS BOLONHA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

VOTO<br />

Trata-se de recurso inominado aviado pela União <strong>Federal</strong> em face da sentença de fls. 52/60, que julgou procedente o pleito<br />

autoral de r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong> indevidamente recolhidos a título de imposto de renda sobre os proventos de<br />

aposentadoria complementar.<br />

Em razõ<strong>es</strong> de recurso (fls. 72/79), a União <strong>Federal</strong> postula, en<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>as qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong>, a declaração da pr<strong>es</strong>crição da pretensão<br />

de r<strong>es</strong>tituição, eis que aplicável à hipót<strong>es</strong>e o prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 (cinco) anos.<br />

Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 83/95.<br />

É o breve relatório. Passo a proferir o voto.<br />

Para a averiguação de eventual pr<strong>es</strong>crição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito <strong>tr</strong>ibutário, cumpre-nos,<br />

primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo na hipót<strong>es</strong>e sob exame, qual seja, imposto de renda incidente<br />

sobre a suplementação/complementação de aposentadoria. N<strong>es</strong>se passo, vale rememorar que “o termo inicial da<br />

pr<strong>es</strong>crição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria<br />

complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”<br />

(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixada<br />

<strong>es</strong>ta premissa inicial, r<strong>es</strong>ta apurar qual o prazo a ser observado na hipót<strong>es</strong>e.<br />

Em recente decisão, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no julgamento do Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário n.º 566.621/RS, declarou a<br />

inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:<br />

LC 118/2005<br />

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário<br />

Nacional, a extinção do crédito <strong>tr</strong>ibutário ocorre, no caso de <strong>tr</strong>ibuto sujeito a lançamento por homologação, no momento do<br />

pagamento antecipado de que <strong>tr</strong>ata o § 1º do art. 150 da referida Lei.<br />

Art. 4º Esta Lei en<strong>tr</strong>a em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.<br />

106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmento<br />

declarado inconstitucional pelo STF)<br />

CTN<br />

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:<br />

I - em qualquer caso, quando seja expr<strong>es</strong>samente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos<br />

dispositivos interpretados.<br />

(...)<br />

Diante d<strong>es</strong>sa nova orientação, r<strong>es</strong>tou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seria


válida a aplicação do prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento<br />

por homologação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas a partir de então, r<strong>es</strong>tando inconstitucional apenas sua aplicação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas<br />

anteriormente a <strong>es</strong>sa data.<br />

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):<br />

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –<br />

DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –<br />

APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS<br />

AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, <strong>es</strong>tava consolidada a orientação da<br />

Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição<br />

ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.<br />

150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovação<br />

normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei<br />

supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de<br />

violação à autonomia e independência dos Poder<strong>es</strong>, porquanto a lei expr<strong>es</strong>samente interpretativa também se submete,<br />

como qualquer ou<strong>tr</strong>a, ao con<strong>tr</strong>ole judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação re<strong>tr</strong>oativa de novo e<br />

reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário <strong>es</strong>tipulado por lei nova, fulminando, de imediato,<br />

pretensõ<strong>es</strong> deduzidas temp<strong>es</strong>tivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõ<strong>es</strong><br />

pendent<strong>es</strong> de ajuizamento quando da publicação da lei, sem r<strong>es</strong>guardo de nenhuma regra de <strong>tr</strong>ansição, implicam ofensa ao<br />

princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do ac<strong>es</strong>so à <strong>Justiça</strong>.<br />

Afastando-se as aplicaçõ<strong>es</strong> inconstitucionais e r<strong>es</strong>guardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação do<br />

prazo reduzido relativamente às açõ<strong>es</strong> ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por <strong>es</strong>ta Corte<br />

no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> não apenas que<br />

tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as açõ<strong>es</strong> nec<strong>es</strong>sárias à tutela dos seus direitos.<br />

Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação do<br />

novo prazo na maior extensão possível, d<strong>es</strong>cabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se <strong>tr</strong>ata de lei geral,<br />

tampouco impede iniciativa legislativa em con<strong>tr</strong>ário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC<br />

118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às açõ<strong>es</strong> ajuizadas após o decurso da<br />

vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursos<br />

sobr<strong>es</strong>tados. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário d<strong>es</strong>provido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> – RExt n. 566.621 – Órgão<br />

julgador: Tribunal Pleno – Relatora: Minis<strong>tr</strong>a Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).<br />

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, r<strong>es</strong>saltou, em sínt<strong>es</strong>e, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, a<br />

redução de prazo veiculada na nova lei não poderia re<strong>tr</strong>oagir para fulminar, de imediato, pretensõ<strong>es</strong> que ainda poderiam ser<br />

deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em ou<strong>tr</strong>os termos, não se poderia entender que o legislador<br />

pud<strong>es</strong>se determinar que pretensõ<strong>es</strong> já ajuizadas ou por ajuizar <strong>es</strong>tiv<strong>es</strong>sem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,<br />

sem qualquer regra de <strong>tr</strong>ansição. N<strong>es</strong>se diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aos<br />

inter<strong>es</strong>sados ingr<strong>es</strong>sarem com suas açõ<strong>es</strong>, interrompendo os prazos pr<strong>es</strong>cricionais em curso, após o que o novo prazo<br />

deve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.<br />

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 <strong>es</strong>tabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias de<br />

hoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> tiveram prazo suficiente para<br />

tomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais açõ<strong>es</strong> para a tutela de seus direitos.<br />

As hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de pagamento indevido tuteláveis por açõ<strong>es</strong> ajuizadas após <strong>es</strong>te lapso temporal, é dizer, a partir da efetiva<br />

vigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – <strong>es</strong>tão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que tal<br />

circunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.<br />

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de r<strong>es</strong>tituição do<br />

IR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encon<strong>tr</strong>a-se atingida pela pr<strong>es</strong>crição, eis que o<br />

pagamento indevido data de 05/10/1999 (data de início do benefício de aposentadoria complementar – fl. 17) e a pr<strong>es</strong>ente<br />

ação foi ajuizada somente em 02/02/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que a<strong>tr</strong>ai a incidência do novo<br />

prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 anos à hipót<strong>es</strong>e, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.<br />

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, para, considerando a nova orientação<br />

jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> (RE 566.621/RS), DECLARAR A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO<br />

AUTORAL de r<strong>es</strong>tituição de indébito <strong>tr</strong>ibutário, pelo que julgo extinto o feito com julgamento de mérito, nos termos do artigo<br />

269, IV, do CPC.<br />

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, conforme pr<strong>es</strong>crição do art. 55 da<br />

Lei n.º 9.099/95.<br />

É o voto.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001074-64.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): MARIA DE LOURDES BARCELLOS BOLONHA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE<br />

APOSENTADORIA – BIS IN IDEM – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO<br />

JULGADO À NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E<br />

PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR A PRESCRIÇÃO<br />

DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

153 - 0002080-09.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002080-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA GENI BORGES<br />

BARBOSA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: Allan Titonelli Nun<strong>es</strong>.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002080-09.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: MARIA GENI BORGES BARBOSA<br />

RECORRIDO: UNIÃO FEDERAL<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE<br />

APOSENTADORIA – BIS IN IDEM – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO<br />

FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA<br />

MANTIDA<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 153/157, que<br />

julgou o feito extinto, com r<strong>es</strong>olução do mérito, ao acolher a pr<strong>es</strong>crição da pretensão autoral. Em suas razõ<strong>es</strong>, o(a)<br />

recorrente sustenta inocorrência da pr<strong>es</strong>crição do fundo de direito e repisa a postulação de repetição do indébito <strong>tr</strong>ibutário.


Para a averiguação de eventual pr<strong>es</strong>crição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito <strong>tr</strong>ibutário, cumpre-nos,<br />

primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo. N<strong>es</strong>se passo, vale rememorar que “o termo inicial da<br />

pr<strong>es</strong>crição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria<br />

complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”<br />

(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixada<br />

<strong>es</strong>ta premissa inicial, r<strong>es</strong>ta apurar qual o prazo a ser observado na hipót<strong>es</strong>e.<br />

Em recente decisão, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no julgamento do Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário n.º 566.621/RS, declarou a<br />

inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:<br />

LC 118/2005<br />

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário<br />

Nacional, a extinção do crédito <strong>tr</strong>ibutário ocorre, no caso de <strong>tr</strong>ibuto sujeito a lançamento por homologação, no momento do<br />

pagamento antecipado de que <strong>tr</strong>ata o § 1º do art. 150 da referida Lei.<br />

Art. 4º Esta Lei en<strong>tr</strong>a em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.<br />

106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmento<br />

declarado inconstitucional pelo STF)<br />

CTN<br />

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:<br />

I - em qualquer caso, quando seja expr<strong>es</strong>samente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos<br />

dispositivos interpretados.<br />

(...)<br />

Diante d<strong>es</strong>sa nova orientação, r<strong>es</strong>tou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seria<br />

válida a aplicação do prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento<br />

por homologação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas a partir de então, r<strong>es</strong>tando inconstitucional apenas sua aplicação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas<br />

anteriormente a <strong>es</strong>sa data.<br />

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):<br />

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –<br />

DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –<br />

APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS<br />

AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, <strong>es</strong>tava consolidada a orientação da<br />

Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição<br />

ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.<br />

150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovação<br />

normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei<br />

supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de<br />

violação à autonomia e independência dos Poder<strong>es</strong>, porquanto a lei expr<strong>es</strong>samente interpretativa também se submete,<br />

como qualquer ou<strong>tr</strong>a, ao con<strong>tr</strong>ole judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação re<strong>tr</strong>oativa de novo e<br />

reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário <strong>es</strong>tipulado por lei nova, fulminando, de imediato,<br />

pretensõ<strong>es</strong> deduzidas temp<strong>es</strong>tivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõ<strong>es</strong><br />

pendent<strong>es</strong> de ajuizamento quando da publicação da lei, sem r<strong>es</strong>guardo de nenhuma regra de <strong>tr</strong>ansição, implicam ofensa ao<br />

princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do ac<strong>es</strong>so à <strong>Justiça</strong>.<br />

Afastando-se as aplicaçõ<strong>es</strong> inconstitucionais e r<strong>es</strong>guardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação do<br />

prazo reduzido relativamente às açõ<strong>es</strong> ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por <strong>es</strong>ta Corte<br />

no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> não apenas que<br />

tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as açõ<strong>es</strong> nec<strong>es</strong>sárias à tutela dos seus direitos.<br />

Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação do<br />

novo prazo na maior extensão possível, d<strong>es</strong>cabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se <strong>tr</strong>ata de lei geral,<br />

tampouco impede iniciativa legislativa em con<strong>tr</strong>ário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC<br />

118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às açõ<strong>es</strong> ajuizadas após o decurso da<br />

vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursos<br />

sobr<strong>es</strong>tados. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário d<strong>es</strong>provido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> – RExt n. 566.621 – Órgão<br />

julgador: Tribunal Pleno – Relatora: Minis<strong>tr</strong>a Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).<br />

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, r<strong>es</strong>saltou, em sínt<strong>es</strong>e, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, a<br />

redução de prazo veiculada na nova lei não poderia re<strong>tr</strong>oagir para fulminar, de imediato, pretensõ<strong>es</strong> que ainda poderiam ser<br />

deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em ou<strong>tr</strong>os termos, não se poderia entender que o legislador


pud<strong>es</strong>se determinar que pretensõ<strong>es</strong> já ajuizadas ou por ajuizar <strong>es</strong>tiv<strong>es</strong>sem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,<br />

sem qualquer regra de <strong>tr</strong>ansição. N<strong>es</strong>se diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aos<br />

inter<strong>es</strong>sados ingr<strong>es</strong>sarem com suas açõ<strong>es</strong>, interrompendo os prazos pr<strong>es</strong>cricionais em curso, após o que o novo prazo<br />

deve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.<br />

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 <strong>es</strong>tabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias de<br />

hoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> tiveram prazo suficiente para<br />

tomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais açõ<strong>es</strong> para a tutela de seus direitos.<br />

As hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de pagamento indevido tuteláveis por açõ<strong>es</strong> ajuizadas após <strong>es</strong>te lapso temporal, é dizer, a partir da efetiva<br />

vigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – <strong>es</strong>tão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que tal<br />

circunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.<br />

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de r<strong>es</strong>tituição do<br />

IR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encon<strong>tr</strong>a-se atingida pela pr<strong>es</strong>crição, eis que o<br />

pagamento indevido data de 19/06/2002 (fl. 152 – data de início do benefício de aposentadoria complementar) e a pr<strong>es</strong>ente<br />

ação foi ajuizada somente em 18/03/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que a<strong>tr</strong>ai a incidência do novo<br />

prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 anos à hipót<strong>es</strong>e, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

Condenação do(a) recorrente vencido ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários de advogado, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa diante da sedimentada jurisprudência superior, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 200,00 (duzentos<br />

reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária à fl. 129, suspendo a exigibilidade de tais verbas<br />

sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

154 - 0001731-06.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001731-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA ROSA DO PRADO<br />

(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA<br />

DE OLIVEIRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001731-06.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: MARIA ROSA DO PRADO<br />

RECORRIDO: UNIÃO FEDERAL<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE<br />

APOSENTADORIA – BIS IN IDEM – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO<br />

FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA<br />

MANTIDA<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 29/33, que julgou o<br />

feito extinto, com r<strong>es</strong>olução do mérito, ao acolher a pr<strong>es</strong>crição da pretensão autoral. Em suas razõ<strong>es</strong>, o(a) recorrente<br />

sustenta inocorrência da pr<strong>es</strong>crição do fundo de direito e repisa a postulação de repetição do indébito <strong>tr</strong>ibutário.<br />

Para a averiguação de eventual pr<strong>es</strong>crição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito <strong>tr</strong>ibutário, cumpre-nos,<br />

primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo. N<strong>es</strong>se passo, vale rememorar que “o termo inicial da<br />

pr<strong>es</strong>crição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria<br />

complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”<br />

(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixada<br />

<strong>es</strong>ta premissa inicial, r<strong>es</strong>ta apurar qual o prazo a ser observado na hipót<strong>es</strong>e.<br />

Em recente decisão, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no julgamento do Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário n.º 566.621/RS, declarou a<br />

inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:


LC 118/2005<br />

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário<br />

Nacional, a extinção do crédito <strong>tr</strong>ibutário ocorre, no caso de <strong>tr</strong>ibuto sujeito a lançamento por homologação, no momento do<br />

pagamento antecipado de que <strong>tr</strong>ata o § 1º do art. 150 da referida Lei.<br />

Art. 4º Esta Lei en<strong>tr</strong>a em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.<br />

106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmento<br />

declarado inconstitucional pelo STF)<br />

CTN<br />

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:<br />

I - em qualquer caso, quando seja expr<strong>es</strong>samente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos<br />

dispositivos interpretados.<br />

(...)<br />

Diante d<strong>es</strong>sa nova orientação, r<strong>es</strong>tou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seria<br />

válida a aplicação do prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento<br />

por homologação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas a partir de então, r<strong>es</strong>tando inconstitucional apenas sua aplicação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas<br />

anteriormente a <strong>es</strong>sa data.<br />

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):<br />

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –<br />

DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –<br />

APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS<br />

AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, <strong>es</strong>tava consolidada a orientação da<br />

Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição<br />

ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.<br />

150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovação<br />

normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei<br />

supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de<br />

violação à autonomia e independência dos Poder<strong>es</strong>, porquanto a lei expr<strong>es</strong>samente interpretativa também se submete,<br />

como qualquer ou<strong>tr</strong>a, ao con<strong>tr</strong>ole judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação re<strong>tr</strong>oativa de novo e<br />

reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário <strong>es</strong>tipulado por lei nova, fulminando, de imediato,<br />

pretensõ<strong>es</strong> deduzidas temp<strong>es</strong>tivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõ<strong>es</strong><br />

pendent<strong>es</strong> de ajuizamento quando da publicação da lei, sem r<strong>es</strong>guardo de nenhuma regra de <strong>tr</strong>ansição, implicam ofensa ao<br />

princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do ac<strong>es</strong>so à <strong>Justiça</strong>.<br />

Afastando-se as aplicaçõ<strong>es</strong> inconstitucionais e r<strong>es</strong>guardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação do<br />

prazo reduzido relativamente às açõ<strong>es</strong> ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por <strong>es</strong>ta Corte<br />

no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> não apenas que<br />

tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as açõ<strong>es</strong> nec<strong>es</strong>sárias à tutela dos seus direitos.<br />

Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação do<br />

novo prazo na maior extensão possível, d<strong>es</strong>cabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se <strong>tr</strong>ata de lei geral,<br />

tampouco impede iniciativa legislativa em con<strong>tr</strong>ário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC<br />

118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às açõ<strong>es</strong> ajuizadas após o decurso da<br />

vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursos<br />

sobr<strong>es</strong>tados. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário d<strong>es</strong>provido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> – RExt n. 566.621 – Órgão<br />

julgador: Tribunal Pleno – Relatora: Minis<strong>tr</strong>a Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).<br />

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, r<strong>es</strong>saltou, em sínt<strong>es</strong>e, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, a<br />

redução de prazo veiculada na nova lei não poderia re<strong>tr</strong>oagir para fulminar, de imediato, pretensõ<strong>es</strong> que ainda poderiam ser<br />

deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em ou<strong>tr</strong>os termos, não se poderia entender que o legislador<br />

pud<strong>es</strong>se determinar que pretensõ<strong>es</strong> já ajuizadas ou por ajuizar <strong>es</strong>tiv<strong>es</strong>sem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,<br />

sem qualquer regra de <strong>tr</strong>ansição. N<strong>es</strong>se diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aos<br />

inter<strong>es</strong>sados ingr<strong>es</strong>sarem com suas açõ<strong>es</strong>, interrompendo os prazos pr<strong>es</strong>cricionais em curso, após o que o novo prazo<br />

deve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.<br />

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 <strong>es</strong>tabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias de<br />

hoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> tiveram prazo suficiente para<br />

tomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais açõ<strong>es</strong> para a tutela de seus direitos.<br />

As hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de pagamento indevido tuteláveis por açõ<strong>es</strong> ajuizadas após <strong>es</strong>te lapso temporal, é dizer, a partir da efetiva<br />

vigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – <strong>es</strong>tão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que tal<br />

circunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.


A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de r<strong>es</strong>tituição do<br />

IR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encon<strong>tr</strong>a-se atingida pela pr<strong>es</strong>crição, eis que o<br />

pagamento indevido data de 28/10/2002 (fl. 35 – data de início do benefício de aposentadoria complementar) e a pr<strong>es</strong>ente<br />

ação foi ajuizada somente em 03/03/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que a<strong>tr</strong>ai a incidência do novo<br />

prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 anos à hipót<strong>es</strong>e, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

Condenação do(a) recorrente vencido ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários de advogado, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa diante da sedimentada jurisprudência superior, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 200,00 (duzentos<br />

reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária à fl. 19, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais,<br />

nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

155 - 0003373-14.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003373-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x SERGIO LUIZ BARBEIRO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA<br />

DOMENEGHETTI.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0003373-14.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO: SÉRGIO LUIZ BARBEIRO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE<br />

APOSENTADORIA – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA –<br />

BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – CRITÉRIOS DE CÁLCULO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO E<br />

PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PORMENOR<br />

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União <strong>Federal</strong> em face da sentença de fls. 42/47, que julgou procedente o<br />

pedido autoral, no que concerne à r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong> cobrados sobre a complementação da sua aposentadoria,<br />

declarando a inexigibilidade da relação jurídico-<strong>tr</strong>ibutária en<strong>tr</strong>e <strong>es</strong>te e a ré no que se refere à incidência do imposto de renda<br />

sobre as parcelas de complementação de aposentadoria que já foram <strong>tr</strong>ibutadas na época da vigência da Lei nº 7.713/88<br />

(1º/01/1989 a 31/12/95), condenando a União a r<strong>es</strong>tituir à parte autora que fora recolhido, indevidamente, de imposto de<br />

renda sobre sua aposentadoria complementar que, proporcionalmente, corr<strong>es</strong>ponder às parcelas de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong><br />

efetuadas pelo autor no período da vigência da Lei nº 7.713/88. Em sede de recurso, a recorrente alega, preliminarmente, a<br />

incompetência dos Juizados Especiais Federais para o julgamento do feito e a inépcia da inicial. Suscita, também, a<br />

inocorrência de bis in idem <strong>tr</strong>ibutário e, por fim, postula a alteração dos critérios de cálculo fixados. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.<br />

66/74.<br />

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de incompetência dos Juizados Especiais Federais para o proc<strong>es</strong>samento e<br />

julgamento do feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia<br />

contábil. E isto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de<br />

s<strong>es</strong>senta salários mínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos nec<strong>es</strong>sários à<br />

confecção de eventual cálculo, não havendo falar em dificuldad<strong>es</strong> de grande porte n<strong>es</strong>se tocante. N<strong>es</strong>se sentido, CC<br />

0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. D<strong>es</strong>embargador <strong>Federal</strong> Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1<br />

p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Preliminar rejeitada.<br />

Igualmente afastada a alegação de inépcia da petição inicial, tendo em vista que a tutela pretendida na peça de ingr<strong>es</strong>so<br />

pode ser entendida como cumulação alternativa de pedidos. Com efeito, a parte postulou a inexigibilidade do imposto de<br />

renda recolhido sobre as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> vertidas à previdência privada en<strong>tr</strong>e 89/95 e a r<strong>es</strong>tituição da exação incidente sobre<br />

a complementação de aposentadoria. Embora se possa cogitar de possível exacerbação dos pedidos deduzidos – eis que<br />

parte pareceu pretender acusar a ilegalidade da <strong>tr</strong>ibutação tanto sobre as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>, quanto sobre o benefício de<br />

complementação –, não se pode falar, propriamente, em inépcia da peça v<strong>es</strong>tibular, notadamente porque o indivíduo tem,<br />

observada a boa-fé, ampla liberdade para peticionar perante o Judiciário. Preliminar afastada.


Em análise do mérito principal, importante regis<strong>tr</strong>ar que a matéria já se encon<strong>tr</strong>a pacificada pela jurisprudência do C.<br />

Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidou<br />

no sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de<br />

1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aport<strong>es</strong> das pa<strong>tr</strong>ocinadoras) sob a<br />

égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, en<strong>tr</strong>e 01.01.89 e 31.12.95 ou en<strong>tr</strong>e 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se<br />

anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza <strong>Federal</strong> Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de<br />

09.02.2009.<br />

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> por parte do autor no período de<br />

janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que a<br />

aferição do valor do bis in idem <strong>tr</strong>ibutário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que <strong>es</strong>teja aposentado.<br />

Na hipót<strong>es</strong>e dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demons<strong>tr</strong>am o preenchimento dos dois requisitos,<br />

quais sejam: con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (ex<strong>tr</strong>ato de fls. 06/07) e aposentadoria em<br />

31/05/2005 (fl. 16), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.<br />

Quanto aos critérios de cálculo do valor a ser r<strong>es</strong>tituído, a sentença impugnada merece reforma, em mínima parte, devendo<br />

a apuração do indébito observar a seguinte metodologia: as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas pela parte autora no período<br />

compreendido en<strong>tr</strong>e janeiro de 1989 até dezembro de 1995 deverão ser atualizadas monetariamente pelos índic<strong>es</strong><br />

constant<strong>es</strong> do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, aprovado pela R<strong>es</strong>olução<br />

561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título de<br />

complementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declaraçõ<strong>es</strong> Anuais de Ajuste do IRPF dos exercícios<br />

imediatamente seguint<strong>es</strong> à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encon<strong>tr</strong>o de contas, pelos<br />

m<strong>es</strong>mos índic<strong>es</strong> determinados no item anterior, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo a<br />

fixar-se o valor a ser r<strong>es</strong>tituído, quantia <strong>es</strong>ta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de ou<strong>tr</strong>o índice de<br />

correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Minis<strong>tr</strong>a Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em<br />

25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).<br />

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz <strong>Federal</strong> MARCOS<br />

ROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 4ª Região, no julgamento em Reexame Nec<strong>es</strong>sário<br />

do proc<strong>es</strong>so nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:<br />

“Suponha-se que o crédito relativo às con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> vertidas en<strong>tr</strong>e 1989 e 1995 corr<strong>es</strong>ponda a R$ 150.000,00, e que o<br />

beneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.<br />

Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, <strong>es</strong>te<br />

último valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foi<br />

efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta, ainda,<br />

um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997<br />

corr<strong>es</strong>pondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, o<br />

IR efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta,<br />

ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”<br />

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida suc<strong>es</strong>sivamente, até o<br />

<strong>es</strong>gotamento do crédito. Na hipót<strong>es</strong>e em que, após r<strong>es</strong>tituírem-se todos os valor<strong>es</strong>, ainda r<strong>es</strong>tar crédito, a dedução do saldo<br />

credor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declaraçõ<strong>es</strong> de imposto de renda referent<strong>es</strong> aos futuros<br />

exercícios financeiros, atualizada pelos índic<strong>es</strong> da tabela de Precatórios da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> até a data do acerto anual.<br />

Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o <strong>es</strong>gotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiver<br />

sido pago será objeto de repetição.<br />

A União <strong>Federal</strong> deverá ser intimada, após o <strong>tr</strong>ânsito em julgado, para efetuar, no prazo de 60 (s<strong>es</strong>senta) dias, a revisão<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de renda p<strong>es</strong>soa física da parte autora, para excluir da base de cálculo<br />

do imposto devido a parcela relativa ao crédito do con<strong>tr</strong>ibuinte, na forma fixada n<strong>es</strong>ta ementa. Eventual r<strong>es</strong>tituição<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa de imposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declaraçõ<strong>es</strong> de ajuste anual antigas, caberá<br />

ao autor o ônus de apr<strong>es</strong>entá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.<br />

Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao juízo o valor total da r<strong>es</strong>tituição devida, para<br />

ulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60<br />

(s<strong>es</strong>senta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).<br />

Após a revisão das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de renda e da apuração do valor da r<strong>es</strong>tituição devida, no caso de ainda<br />

haver saldo de crédito em favor do con<strong>tr</strong>ibuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do imposto<br />

devido nos exercícios financeiros seguint<strong>es</strong>, até o <strong>es</strong>gotamento do saldo credor. R<strong>es</strong>salte-se que as diligências indicadas a<br />

partir do tópico 12 não importam em manif<strong>es</strong>tação para além da matéria devolvida em sede recursal, tendo em vista se<br />

<strong>tr</strong>atarem de qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> adminis<strong>tr</strong>ativas, as quais visam a facilitar o <strong>tr</strong>âmite proc<strong>es</strong>sual após o julgamento, o qual foi no sentido<br />

da sentença de 1º grau. Tais diligências se amoldam aos princípios da economia e celeridade, princípios informador<strong>es</strong> dos<br />

Juizados Especiais.


Recurso CONHECIDO e PARCIALMENTE PROVIDO. Sentença reformada em mínima parte, exclusivamente no que diz<br />

r<strong>es</strong>peito ao método para o cálculo do indébito, nos termos da fundamentação supra.<br />

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários<br />

advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.<br />

9.099/95 c/c art. 21, parágrafo único, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

156 - 0005086-24.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005086-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: Kleison Ferreira.) x OSCARLENE BARROZO LOUREIRO (ADVOGADO: OSCARLENE BARROSO L.<br />

MEIRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0005086-24.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO: OSCARLENE BARROZO LOUREIRO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE<br />

APOSENTADORIA – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA –<br />

BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – CRITÉRIOS DE CÁLCULO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO E<br />

PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PORMENOR<br />

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União <strong>Federal</strong> em face da sentença de fls. 30/35, que julgou procedente o<br />

pedido autoral, no que concerne à r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong> cobrados sobre a complementação da sua aposentadoria,<br />

declarando a inexigibilidade da relação jurídico-<strong>tr</strong>ibutária en<strong>tr</strong>e <strong>es</strong>te e a ré no que se refere à incidência do imposto de renda<br />

sobre as parcelas de complementação de aposentadoria que já foram <strong>tr</strong>ibutadas na época da vigência da Lei nº 7.713/88<br />

(1º/01/1989 a 31/12/95), condenando a União a r<strong>es</strong>tituir à parte autora que fora recolhido, indevidamente, de imposto de<br />

renda sobre sua aposentadoria complementar que, proporcionalmente, corr<strong>es</strong>ponder às parcelas de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong><br />

efetuadas pelo autor no período da vigência da Lei nº 7.713/88. Em sede de recurso, a recorrente alega, preliminarmente, a<br />

incompetência dos Juizados Especiais Federais para o julgamento do feito. Suscita, também, a pr<strong>es</strong>crição da pretensão<br />

autoral, a inocorrência de bis in idem <strong>tr</strong>ibutário e, por fim, postula a alteração dos critérios de cálculo fixados. Sem<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de incompetência dos Juizados Especiais Federais para o proc<strong>es</strong>samento e<br />

julgamento do feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia<br />

contábil. E isto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de<br />

s<strong>es</strong>senta salários mínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos nec<strong>es</strong>sários à<br />

confecção de eventual cálculo, não havendo falar em dificuldad<strong>es</strong> de grande porte n<strong>es</strong>se tocante. N<strong>es</strong>se sentido, CC<br />

0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. D<strong>es</strong>embargador <strong>Federal</strong> Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1<br />

p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Preliminar rejeitada.<br />

No que se refere à pr<strong>es</strong>crição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> (RE 566.621/RS), vencida<br />

a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 (cinco) anos para a<br />

repetição de indébito de <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento por homologação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas a partir de então, r<strong>es</strong>tando<br />

inconstitucional sua aplicação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas anteriormente a <strong>es</strong>sa data (09.06.2005).<br />

Para a contagem d<strong>es</strong>se prazo, tem-se que “o termo inicial da pr<strong>es</strong>crição é o mês em que o beneficiário efetivamente<br />

passou a perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei<br />

9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX,<br />

PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).<br />

Fixadas <strong>es</strong>sas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar regis<strong>tr</strong>ada nos autos é<br />

a de 31/05/2005 (fl. 08), enquanto a pr<strong>es</strong>ente ação foi ajuizada em agosto de 2009 (fl. 01), informaçõ<strong>es</strong> suficient<strong>es</strong> a afastar<br />

a pr<strong>es</strong>crição da pretensão de r<strong>es</strong>sarcimento das retençõ<strong>es</strong> de imposto de renda efetuadas sobre o benefício de<br />

suplementação.


Em análise do mérito principal, importante regis<strong>tr</strong>ar que a matéria já se encon<strong>tr</strong>a pacificada pela jurisprudência do C.<br />

Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidou<br />

no sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de<br />

1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aport<strong>es</strong> das pa<strong>tr</strong>ocinadoras) sob a<br />

égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, en<strong>tr</strong>e 01.01.89 e 31.12.95 ou en<strong>tr</strong>e 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se<br />

anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza <strong>Federal</strong> Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de<br />

09.02.2009.<br />

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> por parte do autor no período de<br />

janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que a<br />

aferição do valor do bis in idem <strong>tr</strong>ibutário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que <strong>es</strong>teja aposentado.<br />

Na hipót<strong>es</strong>e dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demons<strong>tr</strong>am o preenchimento dos dois requisitos,<br />

quais sejam: con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (ex<strong>tr</strong>ato de fls. 06/07) e aposentadoria em<br />

31/05/2005 (fl. 16), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.<br />

Quanto aos critérios de cálculo do valor a ser r<strong>es</strong>tituído, a sentença impugnada merece reforma, em mínima parte, devendo<br />

a apuração do indébito observar a seguinte metodologia: as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas pela parte autora no período<br />

compreendido en<strong>tr</strong>e janeiro de 1989 até dezembro de 1995 deverão ser atualizadas monetariamente pelos índic<strong>es</strong><br />

constant<strong>es</strong> do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, aprovado pela R<strong>es</strong>olução<br />

561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título de<br />

complementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declaraçõ<strong>es</strong> Anuais de Ajuste do IRPF dos exercícios<br />

imediatamente seguint<strong>es</strong> à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encon<strong>tr</strong>o de contas, pelos<br />

m<strong>es</strong>mos índic<strong>es</strong> determinados no item anterior, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo a<br />

fixar-se o valor a ser r<strong>es</strong>tituído, quantia <strong>es</strong>ta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de ou<strong>tr</strong>o índice de<br />

correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Minis<strong>tr</strong>a Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em<br />

25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).<br />

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz <strong>Federal</strong> MARCOS<br />

ROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 4ª Região, no julgamento em Reexame Nec<strong>es</strong>sário<br />

do proc<strong>es</strong>so nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:<br />

“Suponha-se que o crédito relativo às con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> vertidas en<strong>tr</strong>e 1989 e 1995 corr<strong>es</strong>ponda a R$ 150.000,00, e que o<br />

beneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.<br />

Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, <strong>es</strong>te<br />

último valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foi<br />

efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta, ainda,<br />

um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997<br />

corr<strong>es</strong>pondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, o<br />

IR efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta,<br />

ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”<br />

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida suc<strong>es</strong>sivamente, até o<br />

<strong>es</strong>gotamento do crédito. Na hipót<strong>es</strong>e em que, após r<strong>es</strong>tituírem-se todos os valor<strong>es</strong>, ainda r<strong>es</strong>tar crédito, a dedução do saldo<br />

credor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declaraçõ<strong>es</strong> de imposto de renda referent<strong>es</strong> aos futuros<br />

exercícios financeiros, atualizada pelos índic<strong>es</strong> da tabela de Precatórios da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> até a data do acerto anual.<br />

Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o <strong>es</strong>gotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiver<br />

sido pago será objeto de repetição.<br />

A União <strong>Federal</strong> deverá ser intimada, após o <strong>tr</strong>ânsito em julgado, para efetuar, no prazo de 60 (s<strong>es</strong>senta) dias, a revisão<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de renda p<strong>es</strong>soa física da parte autora, para excluir da base de cálculo<br />

do imposto devido a parcela relativa ao crédito do con<strong>tr</strong>ibuinte, na forma fixada n<strong>es</strong>ta ementa. Eventual r<strong>es</strong>tituição<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa de imposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declaraçõ<strong>es</strong> de ajuste anual antigas, caberá<br />

ao autor o ônus de apr<strong>es</strong>entá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.<br />

Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao juízo o valor total da r<strong>es</strong>tituição devida, para<br />

ulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60<br />

(s<strong>es</strong>senta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).<br />

Após a revisão das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de renda e da apuração do valor da r<strong>es</strong>tituição devida, no caso de ainda<br />

haver saldo de crédito em favor do con<strong>tr</strong>ibuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do imposto<br />

devido nos exercícios financeiros seguint<strong>es</strong>, até o <strong>es</strong>gotamento do saldo credor. R<strong>es</strong>salte-se que as diligências indicadas a<br />

partir do tópico 12 não importam em manif<strong>es</strong>tação para além da matéria devolvida em sede recursal, tendo em vista se<br />

<strong>tr</strong>atarem de qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> adminis<strong>tr</strong>ativas, as quais visam a facilitar o <strong>tr</strong>âmite proc<strong>es</strong>sual após o julgamento, o qual foi no sentido<br />

da sentença de 1º grau. Tais diligências se amoldam aos princípios da economia e celeridade, princípios informador<strong>es</strong> dos<br />

Juizados Especiais.


Recurso CONHECIDO e PARCIALMENTE PROVIDO. Sentença reformada em mínima parte, exclusivamente no que diz<br />

r<strong>es</strong>peito ao método para o cálculo do indébito, nos termos da fundamentação supra.<br />

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários<br />

advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.<br />

9.099/95 c/c art. 21, parágrafo único, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL<br />

157 - 0007495-07.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007495-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x Juiz <strong>Federal</strong> do 2º Juizado Especial <strong>Federal</strong> x NILSON FRANCO DE<br />

ATHAYDE E OUTROS (ADVOGADO: RENATA GÓES FURTADO.).<br />

MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0007495-07.2008.4.02.5050/01<br />

IMPETRANTE: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF<br />

IMPETRADO: JUIZ FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE VITÓRIA/ES<br />

LISTISCONSORTE PASSIVO: NILSON FRANCO DE ATHAYDE E OUTROS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

VOTO<br />

Trata-se de mandado de segurança impe<strong>tr</strong>ado pela Caixa Econômica <strong>Federal</strong> – CEF em face de ato tido por coator<br />

praticado pelo Juízo <strong>Federal</strong> do 2º Juizado Especial <strong>Federal</strong> de Vitória/ES, que, nos autos da ação originária (Proc<strong>es</strong>so n.º<br />

0007495-07.2008.4.02.5050), negou seguimento ao recurso inominado interposto pela ora impe<strong>tr</strong>ante, por considerá-lo<br />

d<strong>es</strong>erto.<br />

Em sua decisão, a autoridade impe<strong>tr</strong>ada declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade do art. 24-A da Lei n.º<br />

9.028/1995, inserido pela Medida Provisória n.º 2.180-35, de 27.08.2001, por força da vinculação ao entendimento adotado<br />

pelo STF no julgamento da ADI n.º 2.736, no qual r<strong>es</strong>tou sedimentado que medida provisória não pode disciplinar matéria<br />

proc<strong>es</strong>sual, ainda que editada ant<strong>es</strong> do advento da EC n.º 32/01. Reconhecida a inconstitucionalidade da norma isentiva e<br />

considerando que a CEF não recolheu o preparo recursal, o juízo impe<strong>tr</strong>ado concluiu que o recurso inominado <strong>es</strong>tava<br />

d<strong>es</strong>erto e, por conseguinte, negou-lhe seguimento.<br />

Em face d<strong>es</strong>sa decisão, insurge-se o impe<strong>tr</strong>ante por meio do pr<strong>es</strong>ente mandado de segurança, no qual requer,<br />

liminarmente, a suspensão do ato impugnado e, em sede definitiva, a “cassação” do provimento que negou seguimento ao<br />

recurso inominado.<br />

Às fls. 218/219, consta decisão que deferiu o pedido liminar postulado, suspendendo a decisão judicial impugnada para<br />

determinar que a autoridade coatora se abstiv<strong>es</strong>se de negar seguimento ao recurso inominado da CAIXA por motivo de<br />

falta de preparo.<br />

Notificada, a autoridade não pr<strong>es</strong>tou informaçõ<strong>es</strong>.<br />

Manif<strong>es</strong>tação do Ministério Público <strong>Federal</strong> às fls. 234.<br />

É o sucinto relatório. Passo a proferir voto.<br />

O mandado de segurança tem por finalidade proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas<br />

data, quando o r<strong>es</strong>ponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de p<strong>es</strong>soa jurídica no<br />

exercício de a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> do Poder Público.<br />

Sua previsão se encon<strong>tr</strong>a no art. 5º, LXIX, da Constituição <strong>Federal</strong> de 1988, inserindo-se no núcleo dos direitos e garantias<br />

individuais de índole proc<strong>es</strong>sual d<strong>es</strong>tinados a serem manejados con<strong>tr</strong>a abuso de poder derivado da atuação dos<br />

repr<strong>es</strong>entant<strong>es</strong> da adminis<strong>tr</strong>ação pública em sentido amplo, en<strong>tr</strong>e os quais se inclui o juiz.


No exercício da função jurisdicional, o magis<strong>tr</strong>ado exerce parcela do poder do Estado e, n<strong>es</strong>sa função, deve r<strong>es</strong>peito,<br />

sobretudo, ao princípio da legalidade. Contudo, no d<strong>es</strong>empenho de sua peculiar atividade, o juiz não pode afastar-se da<br />

interpretação da norma legal, <strong>es</strong>tabelecendo as premissas para sua aplicação, extensão, alcance e efeitos, em busca da<br />

solução justa aplicável ao caso concreto.<br />

Conforme previsão inserta no art. 5º, III, da Lei nº 12.016/09, não se concederá mandado de segurança quando se <strong>tr</strong>atar de<br />

decisão judicial <strong>tr</strong>ansitada em julgado. Ocorre que o caso concreto revela hipót<strong>es</strong>e sui generis, já que a parte ora impe<strong>tr</strong>ante<br />

chegou a manejar o recurso cabível em face da sentença (recurso inominado), o qual, contudo, foi inadmitido pelo juízo a<br />

quo.<br />

Em face d<strong>es</strong>ta decisão, o único remédio admissível no âmbito dos JEFs consiste, justamente, na ação mandamental, visto<br />

que não há previsão legal de ou<strong>tr</strong>a medida proc<strong>es</strong>sual cabível.<br />

Dito isto, passo à análise do mérito do mandamus.<br />

A Emenda Constitucional n.º 32, de 12.09.2001, instituiu rol expr<strong>es</strong>so de limitação de matérias reguláveis por meio de<br />

medidas provisórias. No elenco de vedaçõ<strong>es</strong>, incluiu, no bojo do art.62, § 1º, inciso I, alínea “b”, da CR/88, a regulação de<br />

matéria relativa a direito proc<strong>es</strong>sual civil.<br />

A partir da alteração, portanto, afigura-se inconstitucional a edição de qualquer medida provisória que <strong>tr</strong>ate, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>as<br />

matérias, de direito proc<strong>es</strong>sual civil.<br />

O dispositivo legal declarado inconstitucional pela autoridade coatora, qual seja, o art. 24-A da Lei n º 9.028/95, que dispõe<br />

sobre o exercício das a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> institucionais da Advocacia-Geral da União, <strong>es</strong>tabelece o seguinte:<br />

Art. 24-A. A União, suas autarquias e fundaçõ<strong>es</strong>, são isentas de custas e emolumentos e demais taxas judiciárias, bem<br />

como de depósito prévio e multa em ação r<strong>es</strong>cisória, em quaisquer foros e instâncias. (Incluído pela Medida Provisória nº<br />

2.180-35, de 2001)<br />

Parágrafo único. Aplica-se o disposto n<strong>es</strong>te artigo a todos os proc<strong>es</strong>sos adminis<strong>tr</strong>ativos e judiciais em que for parte o<br />

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, seja no pólo ativo ou passivo, extensiva a isenção à p<strong>es</strong>soa jurídica que o<br />

repr<strong>es</strong>entar em Juízo ou fora dele. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001)<br />

Analisando a norma supracitada, em entendimento diverso do da autoridade coatora, entendo que a matéria nela <strong>tr</strong>atada,<br />

qual seja, isenção de custas, emolumentos e demais taxas judiciárias, subsume-se ao campo do Direito Tributário e não ao<br />

campo do Direito Proc<strong>es</strong>sual, na medida em que o referido artigo abriga típica norma excludente do crédito <strong>tr</strong>ibutário,<br />

isentando as p<strong>es</strong>soas referidas em seu caput e parágrafo único do pagamento da <strong>es</strong>pécie <strong>tr</strong>ibutária.<br />

A propósito, o Pleno do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no julgamento da ADIn nº 1.145-6/Paraíba, Relator Minis<strong>tr</strong>o Carlos<br />

Velloso, dispôs: "As custas, a taxa judiciária e os emolumentos constituem <strong>es</strong>péci<strong>es</strong> <strong>tr</strong>ibutárias, são taxas, segundo a<br />

jurisprudência iterativa do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>".<br />

Assim, m<strong>es</strong>mo que prevaleça o entendimento de que “medida provisória não pode disciplinar matéria proc<strong>es</strong>sual, ainda que<br />

editada ant<strong>es</strong> do advento da EC n.º 32/01”, <strong>es</strong>te não seria o caso dos autos, já que o art. 24-A da Lei nº 9.028/95 cuida de<br />

matéria de cunho <strong>es</strong><strong>tr</strong>itamente <strong>tr</strong>ibutário, que não exige <strong>tr</strong>atamento mediante edição de Lei Complementar e que, n<strong>es</strong>s<strong>es</strong><br />

termos, pode ser veiculada mediante Medida Provisória<br />

Ainda que assim não fosse, a própria EC n.º 32/01 r<strong>es</strong>salvou, em seu art. 2º, que “as medidas provisórias editadas em data<br />

anterior à da publicação d<strong>es</strong>ta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou<br />

até deliberação definitiva do Congr<strong>es</strong>so Nacional”.<br />

N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, <strong>es</strong>te relator entende que a MP nº 2.180-35 (de 27.08.2001), por ter sido editada ant<strong>es</strong> do advento da EC<br />

n.º32 (de 12.09.2001) e, portanto, sob ordem constitucional que não abrigava as limitaçõ<strong>es</strong> expr<strong>es</strong>sas quanto ao objeto das<br />

medidas provisórias, não se encon<strong>tr</strong>a eivada de vício de inconstitucionalidade, exatamente por força da r<strong>es</strong>salva delineada<br />

pelo legislador constituinte no bojo da referida emenda.<br />

Tecidas <strong>es</strong>sas consideraçõ<strong>es</strong>, as quais já seriam suficient<strong>es</strong> a formar o meu convencimento, importante, ainda, rememorar<br />

que o julgamento invocado pelo juízo impe<strong>tr</strong>ado como ratio decidendi não gera efeito vinculante sobre o pr<strong>es</strong>ente feito,<br />

porquanto veicula declaração de inconstitucionalidade de ou<strong>tr</strong>a norma legal, a saber, art. 29-C da Lei nº 8.036/90, inserido<br />

pela MP n.º2.164-41/01.<br />

D<strong>es</strong>se modo, ainda que envolva a m<strong>es</strong>ma discussão de fundo e a d<strong>es</strong>peito de ter sido proferido em sede de con<strong>tr</strong>ole<br />

abs<strong>tr</strong>ato de constitucionalidade (ADIN), o julgamento proferido pelo STF não enseja vinculação inafastável do Judiciário na<br />

análise de ou<strong>tr</strong>as normas de natureza alegadamente semelhante, mormente quando se precedo ao distinguishing pertinente<br />

ao caso, como realizado nos parágrafos precedent<strong>es</strong>.<br />

Calha regis<strong>tr</strong>ar que o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão em sede de julgamento de recurso repr<strong>es</strong>entativo


de con<strong>tr</strong>ovérsia (art. 543-C, CPC), por meio do qual reconhece a isenção pretendida pela CEF n<strong>es</strong>te mandando de<br />

segurança, senão vejamos:<br />

PROCESSUAL CIVIL. FGTS. ISENÇÃO DE CUSTAS. LEI 9.028/95, ART. 24-A,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO. CUSTAS. REEMBOLSO. CABIMENTO.<br />

1. Por força do parágrafo único do art. 24-A da Lei nº 9.028/95, a Caixa Econômica <strong>Federal</strong> - CEF, nas açõ<strong>es</strong> em que<br />

repr<strong>es</strong>ente o FGTS, <strong>es</strong>tá isenta do pagamento de custas, emolumentos e demais taxas judiciárias, isenção que, todavia,<br />

não a d<strong>es</strong>obriga de, quando sucumbente, reembolsar as custas adiantadas pela parte vencedora. 2. Recurso <strong>es</strong>pecial<br />

improvido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC.<br />

(STJ, 1ª Seção, REsp 1151364/PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marqu<strong>es</strong>, DJE Data: 16/02/2011)<br />

Por fim, friso que, no meu pensar, a matéria goza dos requisitos de relevância e urgência típicos das matérias que podem<br />

ser <strong>tr</strong>atadas por Medida Provisória. Isto porque o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é fundo de titularidade de todos<br />

os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong>, sendo a Caixa Econômica <strong>Federal</strong> mera agente operadora do fundo (art. 4º, Lei nº 8.036/90).<br />

Assim, a norma em qu<strong>es</strong>tão não <strong>es</strong>tá a tutelar inter<strong>es</strong>se da CEF como p<strong>es</strong>soa jurídica de direito privado exploradora de<br />

atividade econômica, mas o inter<strong>es</strong>se de todos os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que con<strong>tr</strong>ibuem para o FGTS.<br />

Ante o exposto, CONCEDO A SEGURANÇA, confirmando a liminar anteriormente deferida, para determinar que a<br />

autoridade impe<strong>tr</strong>ada possibilite a interposição do recurso inominado pela CAIXA ECONÔMIA FEDERAL,<br />

independentemente de preparo, por se <strong>tr</strong>atar de ação referente ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FGTS, do qual<br />

a impe<strong>tr</strong>ante é mera g<strong>es</strong>tora, encaminhando-o, posteriormente, para regular dis<strong>tr</strong>ibuição junto às Turmas Recursais.<br />

Sem condenação em custas proc<strong>es</strong>suais e em honorários advocatícios.<br />

É como voto.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0007495-07.2008.4.02.5050/01<br />

IMPETRANTE: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF<br />

IMPETRADO: JUIZ FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE VITÓRIA/ES<br />

LISTISCONSORTE PASSIVO: NILSON FRANCO DE ATHAYDE E OUTROS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

MANDADO DE SEGURANÇA – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – AÇÃO QUE CUIDA DO FUNGO DE GARANTIDA POR<br />

TEMPO DE SERVIÇO – FGTS – ISENÇÃO DO PAGAMENTO DE CUSTAS, EMOLUMENTOS E DEMAIS TAXAS<br />

JUDICIÁRIAS – ART. 24-A, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 9.028/95, INCLUÍDO PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº<br />

2.180/35 DE 27/08/2001 – INCONSTITUCIONALIDADE NÃO RECONHECIDA – POSSIBILIDADE DE MP SOBRE<br />

ISENÇÃO TRIBUTÁRIA – NORMA ANTERIOR AO ADVENTO DA EC Nº 32/01 – INAPLICABILIDADE DO<br />

ENTENDIMENTO SEDIMENTADO NO JULGAMENTO DA ADIN 2.736 PELO STF – ISENÇÃO RECONHECIDA –<br />

INTERPOSIÇÃO DE RECURSO INDEPENDENTEMENTE DE PREPARO – SEGURANÇA CONCEDIDA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONCEDER A SEGURANÇA, nos termos do voto do Relator, que<br />

passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


158 - 0001887-28.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001887-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL (ADVOGADO: RODOLFO PRANDI CAMPAGNARO.) x Juiz <strong>Federal</strong> do 2º Juizado Especial <strong>Federal</strong> x ELIAS<br />

VIEIRA DOS SANTOS (ADVOGADO: HELTON TEIXEIRA RAMOS.).<br />

MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0001887-28.2008.4.02.5050/01<br />

IMPETRANTE: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF<br />

IMPETRADO: JUIZ FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE VITÓRIA/ES<br />

LISTISCONSORTE PASSIVO: ELIAS VIEIRA DOS SANTOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

VOTO<br />

Trata-se de mandado de segurança impe<strong>tr</strong>ado pela Caixa Econômica <strong>Federal</strong> – CEF em face de ato tido por coator<br />

praticado pelo Juízo <strong>Federal</strong> do 2º Juizado Especial <strong>Federal</strong> de Vitória/ES, que, nos autos da ação originária (Proc<strong>es</strong>so n.º<br />

0001887-28.2008.4.02.5050), negou seguimento ao recurso inominado interposto pela ora impe<strong>tr</strong>ante, por considerá-lo<br />

d<strong>es</strong>erto.<br />

Em sua decisão, a autoridade impe<strong>tr</strong>ada declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade do art. 24-A da Lei n.º<br />

9.028/1995, inserido pela Medida Provisória n.º 2.180-35, de 27.08.2001, por força da vinculação ao entendimento adotado<br />

pelo STF no julgamento da ADI n.º 2.736, no qual r<strong>es</strong>tou sedimentado que medida provisória não pode disciplinar matéria<br />

proc<strong>es</strong>sual, ainda que editada ant<strong>es</strong> do advento da EC n.º 32/01. Reconhecida a inconstitucionalidade da norma isentiva e<br />

considerando que a CEF não recolheu o preparo recursal, o juízo impe<strong>tr</strong>ado concluiu que o recurso inominado <strong>es</strong>tava<br />

d<strong>es</strong>erto e, por conseguinte, negou-lhe seguimento.<br />

Em face d<strong>es</strong>sa decisão, insurge-se o impe<strong>tr</strong>ante por meio do pr<strong>es</strong>ente mandado de segurança, no qual requer,<br />

liminarmente, a suspensão do ato impugnado e, em sede definitiva, a “cassação” do provimento que negou seguimento ao<br />

recurso inominado.<br />

Às fls. 214/216, consta decisão que deferiu o pedido liminar postulado, suspendendo a decisão judicial impugnada para<br />

determinar que a autoridade coatora se abstiv<strong>es</strong>se de negar seguimento ao recurso inominado da CAIXA por motivo de<br />

falta de preparo.<br />

Notificada, a autoridade não pr<strong>es</strong>tou informaçõ<strong>es</strong>.<br />

Manif<strong>es</strong>tação do Ministério Público <strong>Federal</strong> às fls. 230.<br />

É o sucinto relatório. Passo a proferir voto.<br />

O mandado de segurança tem por finalidade proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas<br />

data, quando o r<strong>es</strong>ponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de p<strong>es</strong>soa jurídica no<br />

exercício de a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> do Poder Público.<br />

Sua previsão se encon<strong>tr</strong>a no art. 5º, LXIX, da Constituição <strong>Federal</strong> de 1988, inserindo-se no núcleo dos direitos e garantias<br />

individuais de índole proc<strong>es</strong>sual d<strong>es</strong>tinados a serem manejados con<strong>tr</strong>a abuso de poder derivado da atuação dos<br />

repr<strong>es</strong>entant<strong>es</strong> da adminis<strong>tr</strong>ação pública em sentido amplo, en<strong>tr</strong>e os quais se inclui o juiz.<br />

No exercício da função jurisdicional, o magis<strong>tr</strong>ado exerce parcela do poder do Estado e, n<strong>es</strong>sa função, deve r<strong>es</strong>peito,<br />

sobretudo, ao princípio da legalidade. Contudo, no d<strong>es</strong>empenho de sua peculiar atividade, o juiz não pode afastar-se da<br />

interpretação da norma legal, <strong>es</strong>tabelecendo as premissas para sua aplicação, extensão, alcance e efeitos, em busca da<br />

solução justa aplicável ao caso concreto.<br />

Conforme previsão inserta no art. 5º, III, da Lei nº 12.016/09, não se concederá mandado de segurança quando se <strong>tr</strong>atar de<br />

decisão judicial <strong>tr</strong>ansitada em julgado. Ocorre que o caso concreto revela hipót<strong>es</strong>e sui generis, já que a parte ora impe<strong>tr</strong>ante<br />

chegou a manejar o recurso cabível em face da sentença (recurso inominado), o qual, contudo, foi inadmitido pelo juízo a<br />

quo.<br />

Em face d<strong>es</strong>ta decisão, o único remédio admissível no âmbito dos JEFs consiste, justamente, na ação mandamental, visto<br />

que não há previsão legal de ou<strong>tr</strong>a medida proc<strong>es</strong>sual cabível.<br />

Dito isto, passo à análise do mérito do mandamus.<br />

A Emenda Constitucional n.º 32, de 12.09.2001, instituiu rol expr<strong>es</strong>so de limitação de matérias reguláveis por meio de<br />

medidas provisórias. No elenco de vedaçõ<strong>es</strong>, incluiu, no bojo do art.62, § 1º, inciso I, alínea “b”, da CR/88, a regulação de<br />

matéria relativa a direito proc<strong>es</strong>sual civil.<br />

A partir da alteração, portanto, afigura-se inconstitucional a edição de qualquer medida provisória que <strong>tr</strong>ate, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>as<br />

matérias, de direito proc<strong>es</strong>sual civil.


O dispositivo legal declarado inconstitucional pela autoridade coatora, qual seja, o art. 24-A da Lei n º 9.028/95, que dispõe<br />

sobre o exercício das a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> institucionais da Advocacia-Geral da União, <strong>es</strong>tabelece o seguinte:<br />

Art. 24-A. A União, suas autarquias e fundaçõ<strong>es</strong>, são isentas de custas e emolumentos e demais taxas judiciárias, bem<br />

como de depósito prévio e multa em ação r<strong>es</strong>cisória, em quaisquer foros e instâncias. (Incluído pela Medida Provisória nº<br />

2.180-35, de 2001)<br />

Parágrafo único. Aplica-se o disposto n<strong>es</strong>te artigo a todos os proc<strong>es</strong>sos adminis<strong>tr</strong>ativos e judiciais em que for parte o<br />

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, seja no pólo ativo ou passivo, extensiva a isenção à p<strong>es</strong>soa jurídica que o<br />

repr<strong>es</strong>entar em Juízo ou fora dele. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001)<br />

Analisando a norma supracitada, em entendimento diverso do da autoridade coatora, entendo que a matéria nela <strong>tr</strong>atada,<br />

qual seja, isenção de custas, emolumentos e demais taxas judiciárias, subsume-se ao campo do Direito Tributário e não ao<br />

campo do Direito Proc<strong>es</strong>sual, na medida em que o referido artigo abriga típica norma excludente do crédito <strong>tr</strong>ibutário,<br />

isentando as p<strong>es</strong>soas referidas em seu caput e parágrafo único do pagamento da <strong>es</strong>pécie <strong>tr</strong>ibutária.<br />

A propósito, o Pleno do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no julgamento da ADIn nº 1.145-6/Paraíba, Relator Minis<strong>tr</strong>o Carlos<br />

Velloso, dispôs: "As custas, a taxa judiciária e os emolumentos constituem <strong>es</strong>péci<strong>es</strong> <strong>tr</strong>ibutárias, são taxas, segundo a<br />

jurisprudência iterativa do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>".<br />

Assim, m<strong>es</strong>mo que prevaleça o entendimento de que “medida provisória não pode disciplinar matéria proc<strong>es</strong>sual, ainda que<br />

editada ant<strong>es</strong> do advento da EC n.º 32/01”, <strong>es</strong>te não seria o caso dos autos, já que o art. 24-A da Lei nº 9.028/95 cuida de<br />

matéria de cunho <strong>es</strong><strong>tr</strong>itamente <strong>tr</strong>ibutário, que não exige <strong>tr</strong>atamento mediante edição de Lei Complementar e que, n<strong>es</strong>s<strong>es</strong><br />

termos, pode ser veiculada mediante Medida Provisória<br />

Ainda que assim não fosse, a própria EC n.º 32/01 r<strong>es</strong>salvou, em seu art. 2º, que “as medidas provisórias editadas em data<br />

anterior à da publicação d<strong>es</strong>ta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou<br />

até deliberação definitiva do Congr<strong>es</strong>so Nacional”.<br />

N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, <strong>es</strong>te relator entende que a MP nº 2.180-35 (de 27.08.2001), por ter sido editada ant<strong>es</strong> do advento da EC<br />

n.º32 (de 12.09.2001) e, portanto, sob ordem constitucional que não abrigava as limitaçõ<strong>es</strong> expr<strong>es</strong>sas quanto ao objeto das<br />

medidas provisórias, não se encon<strong>tr</strong>a eivada de vício de inconstitucionalidade, exatamente por força da r<strong>es</strong>salva delineada<br />

pelo legislador constituinte no bojo da referida emenda.<br />

Tecidas <strong>es</strong>sas consideraçõ<strong>es</strong>, as quais já seriam suficient<strong>es</strong> a formar o meu convencimento, importante, ainda, rememorar<br />

que o julgamento invocado pelo juízo impe<strong>tr</strong>ado como ratio decidendi não gera efeito vinculante sobre o pr<strong>es</strong>ente feito,<br />

porquanto veicula declaração de inconstitucionalidade de ou<strong>tr</strong>a norma legal, a saber, art. 29-C da Lei nº 8.036/90, inserido<br />

pela MP n.º2.164-41/01.<br />

D<strong>es</strong>se modo, ainda que envolva a m<strong>es</strong>ma discussão de fundo e a d<strong>es</strong>peito de ter sido proferido em sede de con<strong>tr</strong>ole<br />

abs<strong>tr</strong>ato de constitucionalidade (ADIN), o julgamento proferido pelo STF não enseja vinculação inafastável do Judiciário na<br />

análise de ou<strong>tr</strong>as normas de natureza alegadamente semelhante, mormente quando se precedo ao distinguishing pertinente<br />

ao caso, como realizado nos parágrafos precedent<strong>es</strong>.<br />

Calha regis<strong>tr</strong>ar que o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão em sede de julgamento de recurso repr<strong>es</strong>entativo<br />

de con<strong>tr</strong>ovérsia (art. 543-C, CPC), por meio do qual reconhece a isenção pretendida pela CEF n<strong>es</strong>te mandando de<br />

segurança, senão vejamos:<br />

PROCESSUAL CIVIL. FGTS. ISENÇÃO DE CUSTAS. LEI 9.028/95, ART. 24-A,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO. CUSTAS. REEMBOLSO. CABIMENTO.<br />

1. Por força do parágrafo único do art. 24-A da Lei nº 9.028/95, a Caixa Econômica <strong>Federal</strong> - CEF, nas açõ<strong>es</strong> em que<br />

repr<strong>es</strong>ente o FGTS, <strong>es</strong>tá isenta do pagamento de custas, emolumentos e demais taxas judiciárias, isenção que, todavia,<br />

não a d<strong>es</strong>obriga de, quando sucumbente, reembolsar as custas adiantadas pela parte vencedora. 2. Recurso <strong>es</strong>pecial<br />

improvido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC.<br />

(STJ, 1ª Seção, REsp 1151364/PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marqu<strong>es</strong>, DJE Data: 16/02/2011)<br />

Por fim, friso que, no meu pensar, a matéria goza dos requisitos de relevância e urgência típicos das matérias que podem<br />

ser <strong>tr</strong>atadas por Medida Provisória. Isto porque o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é fundo de titularidade de todos<br />

os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong>, sendo a Caixa Econômica <strong>Federal</strong> mera agente operadora do fundo (art. 4º, Lei nº 8.036/90).<br />

Assim, a norma em qu<strong>es</strong>tão não <strong>es</strong>tá a tutelar inter<strong>es</strong>se da CEF como p<strong>es</strong>soa jurídica de direito privado exploradora de<br />

atividade econômica, mas o inter<strong>es</strong>se de todos os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que con<strong>tr</strong>ibuem para o FGTS.<br />

Ante o exposto, CONCEDO A SEGURANÇA, confirmando a liminar anteriormente deferida, para determinar que a<br />

autoridade impe<strong>tr</strong>ada possibilite a interposição do recurso inominado pela CAIXA ECONÔMIA FEDERAL,<br />

independentemente de preparo, por se <strong>tr</strong>atar de ação referente ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FGTS, do qual


a impe<strong>tr</strong>ante é mera g<strong>es</strong>tora, encaminhando-o, posteriormente, para regular dis<strong>tr</strong>ibuição junto às Turmas Recursais.<br />

Sem condenação em custas proc<strong>es</strong>suais e em honorários advocatícios.<br />

É como voto.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0001887-28.2008.4.02.5050/01<br />

IMPETRANTE: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF<br />

IMPETRADO: JUIZ FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE VITÓRIA/ES<br />

LISTISCONSORTE PASSIVO: ELIAS VIEIRA DOS SANTOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

MANDADO DE SEGURANÇA – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – AÇÃO QUE CUIDA DO FUNGO DE GARANTIDA POR<br />

TEMPO DE SERVIÇO – FGTS – ISENÇÃO DO PAGAMENTO DE CUSTAS, EMOLUMENTOS E DEMAIS TAXAS<br />

JUDICIÁRIAS – ART. 24-A, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 9.028/95, INCLUÍDO PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº<br />

2.180/35 DE 27/08/2001 – INCONSTITUCIONALIDADE NÃO RECONHECIDA – POSSIBILIDADE DE MP SOBRE<br />

ISENÇÃO TRIBUTÁRIA – NORMA ANTERIOR AO ADVENTO DA EC Nº 32/01 – INAPLICABILIDADE DO<br />

ENTENDIMENTO SEDIMENTADO NO JULGAMENTO DA ADIN 2.736 PELO STF – ISENÇÃO RECONHECIDA –<br />

INTERPOSIÇÃO DE RECURSO INDEPENDENTEMENTE DE PREPARO – SEGURANÇA CONCEDIDA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONCEDER A SEGURANÇA, nos termos do voto do Relator, que<br />

passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Total Acolher os embargos : 4<br />

Total Anular a sentença e julgar : prejudicado 1 o recurso<br />

Total Dar parcial provimento : 17<br />

Total Dar provimento : 23<br />

Total Dar provimento ao rec. do : autor 2 e negar o do réu<br />

Total Negar provimento : 105<br />

Total Rejeitar os embargos :<br />

5

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!