boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
2. Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />
garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />
meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />
considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />
forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />
capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />
3. Ao se analisar o conjunto probatório dos autos, verifica-se que foi realizada perícia médica a fim de diagnosticar as<br />
moléstias que acometem a autora. O perito médico, Dr. Leonardo Q. Chav<strong>es</strong> M. Barros, clínico geral, constatou que a parte<br />
autora não possui nenhum tipo de incapacidade e que, durante o exame clínico pericial, se apr<strong>es</strong>entou em bom <strong>es</strong>tado<br />
geral de saúde, fáci<strong>es</strong> normais, corada, hidratada, acianótica, eupnéica, sem qualquer aspecto de sofrimento, r<strong>es</strong>pondendo<br />
às perguntas que lhe foram formuladas sem dificuldade, claramente e em bom tom. Afirmou, ainda, não haver sequelas do<br />
<strong>tr</strong>atamento com quimioterapia e radioterapia e constatou a ausência de mama <strong>es</strong>querda. Assim sendo, r<strong>es</strong>tou configurado<br />
não haver incapacidade no momento da perícia.<br />
4. A parte autora impugnou o laudo médico pericial (fl. 83) e alegou no recurso inominado que o indeferimento do seu<br />
pedido por nova perícia cerceia o seu direito de def<strong>es</strong>a, aduzindo ser nec<strong>es</strong>sária a realização de nova perícia médica com<br />
<strong>es</strong>pecialista em oncologia. Sem razão a recorrente. Entendo não ser nec<strong>es</strong>sária a realização de nova perícia, pois a perícia<br />
médica judicial foi realizada com muita propriedade por perito clínico geral. O médico perito é profissional capacitado,<br />
podendo se pronunciar sobre qualquer patologia, em qualquer área médica. Além disso, a matéria foi suficientemente<br />
<strong>es</strong>clarecida pelo perito médico, não r<strong>es</strong>tando dúvidas quanto à capacidade da autora na data da realização do exame<br />
pericial.<br />
5. Em período anterior à data do exame pericial do juízo (17/12/2011), existem laudos médicos particular<strong>es</strong> (fls. 32/33, 57 e<br />
59 - datados de 01/12/2009, 29/07/2010 e 16/09/2010) que evidenciam ter havido incapacidade autoral decorrente da<br />
patologia classificada sob o CID-10: C 50.9 (neoplasia maligna da mama, não <strong>es</strong>pecificada) à época do indeferimento do<br />
requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Tais documentos indicam que a parte autora <strong>es</strong>tava incapaz na época do requerimento<br />
adminis<strong>tr</strong>ativo. Contudo, a perícia realizada em Juízo detectou que a m<strong>es</strong>ma não se encon<strong>tr</strong>ava incapaz para atividad<strong>es</strong><br />
laborativas. Den<strong>tr</strong>o de tal contexto, depreende-se que a autora sofreu um impedimento laborativo de curto prazo, o qual não<br />
gera direito à percepção do benefício de amparo social, por força do disposto no § 2º do artigo 20 da Lei 8.742/93 (§ 2o<br />
Para efeito de conc<strong>es</strong>são d<strong>es</strong>te benefício, considera-se p<strong>es</strong>soa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo<br />
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obs<strong>tr</strong>uir sua<br />
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condiçõ<strong>es</strong> com as demais p<strong>es</strong>soas)<br />
6. Em conclusão, a sentença há de ser mantida pelos seus próprios fundamentos.<br />
7. Recurso improvido. Sentença integralmente mantida.<br />
8. Custas ex lege. Sem honorários, visto que a parte autora goza da assistência judiciária gratuita.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />
Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />
constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />
ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />
Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />
NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />
99 - 0002608-48.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.002608-5/01) EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS -<br />
ECT (ADVOGADO: ADRIANA ZAPALA RABELO, VINÍCIUS RIETH DE MORAES, MATHEUS GUERINE RIEGERT, JOSÉ<br />
OLIVEIRA DA SILVA.) x GABRIELE MONTENEGRO DA SILVA (ADVOGADO: ELIZETE PENHA DA LUZ.).<br />
Proc<strong>es</strong>so nº 2006.50.50.002608-5/01<br />
Recorrente: Empr<strong>es</strong>a Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT<br />
Recorrida: Gabriele Montenegro da Silva<br />
Relator: Juiz <strong>Federal</strong> Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />
Relator para o acórdão: Juiz <strong>Federal</strong> BRUNO DUTRA<br />
2º Relator para o acórdão: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE