17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O dispositivo legal declarado inconstitucional pela autoridade coatora, qual seja, o art. 24-A da Lei n º 9.028/95, que dispõe<br />

sobre o exercício das a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> institucionais da Advocacia-Geral da União, <strong>es</strong>tabelece o seguinte:<br />

Art. 24-A. A União, suas autarquias e fundaçõ<strong>es</strong>, são isentas de custas e emolumentos e demais taxas judiciárias, bem<br />

como de depósito prévio e multa em ação r<strong>es</strong>cisória, em quaisquer foros e instâncias. (Incluído pela Medida Provisória nº<br />

2.180-35, de 2001)<br />

Parágrafo único. Aplica-se o disposto n<strong>es</strong>te artigo a todos os proc<strong>es</strong>sos adminis<strong>tr</strong>ativos e judiciais em que for parte o<br />

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, seja no pólo ativo ou passivo, extensiva a isenção à p<strong>es</strong>soa jurídica que o<br />

repr<strong>es</strong>entar em Juízo ou fora dele. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001)<br />

Analisando a norma supracitada, em entendimento diverso do da autoridade coatora, entendo que a matéria nela <strong>tr</strong>atada,<br />

qual seja, isenção de custas, emolumentos e demais taxas judiciárias, subsume-se ao campo do Direito Tributário e não ao<br />

campo do Direito Proc<strong>es</strong>sual, na medida em que o referido artigo abriga típica norma excludente do crédito <strong>tr</strong>ibutário,<br />

isentando as p<strong>es</strong>soas referidas em seu caput e parágrafo único do pagamento da <strong>es</strong>pécie <strong>tr</strong>ibutária.<br />

A propósito, o Pleno do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no julgamento da ADIn nº 1.145-6/Paraíba, Relator Minis<strong>tr</strong>o Carlos<br />

Velloso, dispôs: "As custas, a taxa judiciária e os emolumentos constituem <strong>es</strong>péci<strong>es</strong> <strong>tr</strong>ibutárias, são taxas, segundo a<br />

jurisprudência iterativa do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>".<br />

Assim, m<strong>es</strong>mo que prevaleça o entendimento de que “medida provisória não pode disciplinar matéria proc<strong>es</strong>sual, ainda que<br />

editada ant<strong>es</strong> do advento da EC n.º 32/01”, <strong>es</strong>te não seria o caso dos autos, já que o art. 24-A da Lei nº 9.028/95 cuida de<br />

matéria de cunho <strong>es</strong><strong>tr</strong>itamente <strong>tr</strong>ibutário, que não exige <strong>tr</strong>atamento mediante edição de Lei Complementar e que, n<strong>es</strong>s<strong>es</strong><br />

termos, pode ser veiculada mediante Medida Provisória<br />

Ainda que assim não fosse, a própria EC n.º 32/01 r<strong>es</strong>salvou, em seu art. 2º, que “as medidas provisórias editadas em data<br />

anterior à da publicação d<strong>es</strong>ta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou<br />

até deliberação definitiva do Congr<strong>es</strong>so Nacional”.<br />

N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, <strong>es</strong>te relator entende que a MP nº 2.180-35 (de 27.08.2001), por ter sido editada ant<strong>es</strong> do advento da EC<br />

n.º32 (de 12.09.2001) e, portanto, sob ordem constitucional que não abrigava as limitaçõ<strong>es</strong> expr<strong>es</strong>sas quanto ao objeto das<br />

medidas provisórias, não se encon<strong>tr</strong>a eivada de vício de inconstitucionalidade, exatamente por força da r<strong>es</strong>salva delineada<br />

pelo legislador constituinte no bojo da referida emenda.<br />

Tecidas <strong>es</strong>sas consideraçõ<strong>es</strong>, as quais já seriam suficient<strong>es</strong> a formar o meu convencimento, importante, ainda, rememorar<br />

que o julgamento invocado pelo juízo impe<strong>tr</strong>ado como ratio decidendi não gera efeito vinculante sobre o pr<strong>es</strong>ente feito,<br />

porquanto veicula declaração de inconstitucionalidade de ou<strong>tr</strong>a norma legal, a saber, art. 29-C da Lei nº 8.036/90, inserido<br />

pela MP n.º2.164-41/01.<br />

D<strong>es</strong>se modo, ainda que envolva a m<strong>es</strong>ma discussão de fundo e a d<strong>es</strong>peito de ter sido proferido em sede de con<strong>tr</strong>ole<br />

abs<strong>tr</strong>ato de constitucionalidade (ADIN), o julgamento proferido pelo STF não enseja vinculação inafastável do Judiciário na<br />

análise de ou<strong>tr</strong>as normas de natureza alegadamente semelhante, mormente quando se precedo ao distinguishing pertinente<br />

ao caso, como realizado nos parágrafos precedent<strong>es</strong>.<br />

Calha regis<strong>tr</strong>ar que o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão em sede de julgamento de recurso repr<strong>es</strong>entativo<br />

de con<strong>tr</strong>ovérsia (art. 543-C, CPC), por meio do qual reconhece a isenção pretendida pela CEF n<strong>es</strong>te mandando de<br />

segurança, senão vejamos:<br />

PROCESSUAL CIVIL. FGTS. ISENÇÃO DE CUSTAS. LEI 9.028/95, ART. 24-A,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO. CUSTAS. REEMBOLSO. CABIMENTO.<br />

1. Por força do parágrafo único do art. 24-A da Lei nº 9.028/95, a Caixa Econômica <strong>Federal</strong> - CEF, nas açõ<strong>es</strong> em que<br />

repr<strong>es</strong>ente o FGTS, <strong>es</strong>tá isenta do pagamento de custas, emolumentos e demais taxas judiciárias, isenção que, todavia,<br />

não a d<strong>es</strong>obriga de, quando sucumbente, reembolsar as custas adiantadas pela parte vencedora. 2. Recurso <strong>es</strong>pecial<br />

improvido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC.<br />

(STJ, 1ª Seção, REsp 1151364/PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marqu<strong>es</strong>, DJE Data: 16/02/2011)<br />

Por fim, friso que, no meu pensar, a matéria goza dos requisitos de relevância e urgência típicos das matérias que podem<br />

ser <strong>tr</strong>atadas por Medida Provisória. Isto porque o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é fundo de titularidade de todos<br />

os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong>, sendo a Caixa Econômica <strong>Federal</strong> mera agente operadora do fundo (art. 4º, Lei nº 8.036/90).<br />

Assim, a norma em qu<strong>es</strong>tão não <strong>es</strong>tá a tutelar inter<strong>es</strong>se da CEF como p<strong>es</strong>soa jurídica de direito privado exploradora de<br />

atividade econômica, mas o inter<strong>es</strong>se de todos os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que con<strong>tr</strong>ibuem para o FGTS.<br />

Ante o exposto, CONCEDO A SEGURANÇA, confirmando a liminar anteriormente deferida, para determinar que a<br />

autoridade impe<strong>tr</strong>ada possibilite a interposição do recurso inominado pela CAIXA ECONÔMIA FEDERAL,<br />

independentemente de preparo, por se <strong>tr</strong>atar de ação referente ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FGTS, do qual

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!