17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos (CD-R de áudio – fl.88) confirmou que a recorrida sempre <strong>tr</strong>abalhou no campo<br />

com o auxílio de seu marido e, após o divórcio, com a ajuda de seus familiar<strong>es</strong> e filhos, comprovando, assim, o labor rural<br />

exercido em regime de economia familiar pela m<strong>es</strong>ma.<br />

Diante disso, reputo que os documentos colacionados aos autos, quando analisados conjuntamente à prova t<strong>es</strong>temunhal,<br />

proporcionam a satisfatória caracterização da recorrida como segurada <strong>es</strong>pecial. Aliás, é pr<strong>es</strong>cindível que o início de prova<br />

material seja contemporâneo de todo o período con<strong>tr</strong>overtido, d<strong>es</strong>de que a prova t<strong>es</strong>temunhal <strong>es</strong>tenda a sua eficácia<br />

probatória. A Súmula nº 14 da TNU, n<strong>es</strong>se sentido, permite a ampliação dos efeitos probatórios da prova material pela<br />

prova t<strong>es</strong>temunhal, salvo em caso de con<strong>tr</strong>adição, imprecisão ou inconsistência en<strong>tr</strong>e os depoimentos colhidos e os<br />

documentos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> nos autos. D<strong>es</strong>ta feita, considerando que a prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos confirma o início<br />

de prova material, de modo a abranger todo o período em que se discutia o efetivo exercício da atividade rural, entendo<br />

comprovado o exercício de atividade rural por tempo equivalente ao período de carência do benefício.<br />

No que tange ao fato do ex-<strong>es</strong>poso da autora ter exercido labor urbano, d<strong>es</strong>taco que a TNU tem decidido que o regime de<br />

economia familiar somente r<strong>es</strong>tará d<strong>es</strong>caracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício originário<br />

de labor urbano for suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou, em ou<strong>tr</strong>os<br />

termos, se a renda auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família (Súmula nº 41 da TNU).<br />

N<strong>es</strong>se passo, entendo que a aposentadoria percebida pelo ex-marido da autora não prejudica o reconhecimento da<br />

qualidade de segurado <strong>es</strong>pecial, já que, além de perceber parcos rendimentos, r<strong>es</strong>tou assente pelas t<strong>es</strong>temunhas que a<br />

autora sobrevivia do <strong>tr</strong>abalho rurícola. Ademais a autora se encon<strong>tr</strong>a separada de seu marido, conforme comprovado em<br />

audiência, há aproximadamente 11 anos. D<strong>es</strong>tarte, conclui-se que o <strong>tr</strong>abalho no campo exercido pela autora era<br />

indispensável para a manutenção da família, tendo em vista que ela nunca se afastou do campo, m<strong>es</strong>mo tendo seu<br />

ex-<strong>es</strong>poso exercido atividade urbana.<br />

Preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art. 142 da<br />

Lei n.º 8.213/91), r<strong>es</strong>ta concluir que a recorrida faz jus a conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.<br />

Sem custas, na forma da lei. Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no montante de 10 % (dez<br />

por cento) sobre o valor da condenação, conforme o artigo 20, § 3º do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

108 - 0000974-06.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000974-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x LOURDES LOPES CRISPIM (ADVOGADO:<br />

AMANDA MACEDO TORRES MOULIN OLMO, MARIA ISABEL PONTINI.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000974-06.2009.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO(A): LOURDES LOPES CRISPIM<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –<br />

INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL – LABOR EXERCIDO EM REGIME DE<br />

ECONOMIA FAMILIAR - INDISPENSABILIDADE DO LABOR RURAL COMPROVADA - RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 87/95, que julgou<br />

procedente o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, aduz o INSS que a<br />

renda r<strong>es</strong>ponsável pela manutenção do grupo familiar da autora não advinha do exercício do labor rural em regime de<br />

economia familiar e sim da pensão por morte percebida pela m<strong>es</strong>ma d<strong>es</strong>de 1990. Ademais, alega a autarquia previdenciária<br />

que o fato de o marido da autora ter exercido labor urbano até 2006 d<strong>es</strong>caracteriza a sua qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial.<br />

Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.110/114.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!