boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
eformando-se a sentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />
Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
48 - 0002524-39.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002524-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x MARIA MARGARIDA FELIX AGUIAR (ADVOGADO: GLEIS<br />
APARECIDA AMORIM DE CASTRO, ERALDO AMORIM DA SILVA.).<br />
Proc<strong>es</strong>so nº. 0002524-39.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro<br />
Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
Recorrida : MARIA MARGARIDA FELIX AGUIAR<br />
Relator : Juiz <strong>Federal</strong> PABLO COELHO CHARLES GOMES<br />
E M E N T A<br />
RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM<br />
REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. DIB MANTIDA.<br />
SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />
Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente, em<br />
razão de sentença que julgou procedente a pretensão de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade rural. Em suas razõ<strong>es</strong><br />
recursais, sustenta que não há provas nos autos de que a autora tenha exercido atividade rural pelo período exigido em lei<br />
para a conc<strong>es</strong>são do benefício e que não foram juntados quaisquer documentos de prova material contemporânea, apenas<br />
provas t<strong>es</strong>temunhais. Alega também que a DIB não pode começar a contar a partir da data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo,<br />
tendo em vista que naquele período, a autora não coletou provas suficient<strong>es</strong> para comprovar que ela fosse <strong>tr</strong>abalhadora<br />
rural. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As<br />
con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 144-148.<br />
A recorrida nasceu em 04.03.1954 (fls. 09) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 10.03.2009<br />
(fls. 10), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o efetivo exercício de atividade rural (fls. 56-57).<br />
Considerando que a autora completou 55 anos em 04/03/2009, o período de carência corr<strong>es</strong>ponde a 168 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, conforme<br />
art. 142 da Lei nº 8.213/1990.<br />
Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: Certidão de<br />
casamento, realizado em 1975 constando a profissão do marido da autora como lavrador (fls. 12); documento de identidade<br />
emitido pelo Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Muniz Freire (fl. 14); Documento de Cadas<strong>tr</strong>o do<br />
Trabalhador/Con<strong>tr</strong>ibuinte Individual recebido no Instituto Nacional do Seguro Social no ano de 1995, do qual consta no<br />
campo ocupação a qualificação de segurado <strong>es</strong>pecial da autora (fl. 15); Documentos referent<strong>es</strong> ao imóvel rural de seu<br />
marido, adquirido por meio de partilha de bens em razão da morte de seu pai, em 20/01/1984 (fls. 18/22); Comprovante de<br />
Pagamento de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, no ano de 1992 (fls. 24/25); Declaração de isenção de<br />
ITR relativo ao ano de 1997 (fl. 28), Certificado de Cadas<strong>tr</strong>o de Imóvel rural referente a 2003/2004/2005 (fl. 29); Recibos de<br />
en<strong>tr</strong>ega de declaração do ITR referent<strong>es</strong> aos exercícios de 2005 a 2008 (fls. 30/35); declaração de aptidão ao pronaf,<br />
referente ao ano agrícola de 08/2003 a 08/2004 (fl. 36); declaração para cadas<strong>tr</strong>o de imóvel rural no INCRA (fl. 37/39).<br />
O marido da autora recebe benefício de aposentadoria rural por idade d<strong>es</strong>de setembro de 2003 (fl. 49).<br />
A certidão de casamento, contendo a qualificação profissional do marido como lavrador, constitui início de prova material<br />
contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete nº 06 da Súmula da TNU. No<br />
pr<strong>es</strong>ente caso, além da referida certidão, a autora ins<strong>tr</strong>uiu os autos com prova material muito consistente. Além disso, foi<br />
produzida prova t<strong>es</strong>temunhal, que tem o condão de ampliar o início de prova material, abrangendo todo o período<br />
nec<strong>es</strong>sário à conc<strong>es</strong>são do benefício. Note-se que as t<strong>es</strong>temunhas afirmam que já viram a autora <strong>tr</strong>abalhando na lavoura.<br />
Para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável à<br />
subsistência do <strong>tr</strong>abalhador e que seja exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de<br />
empregados permanent<strong>es</strong> (art. 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91), circunstâncias que verifico pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> no caso concreto.<br />
R<strong>es</strong>salte-se que os benefícios de auxílio doença recebidos pela autora nos períodos de 10/1995 a 06/1996 (fl. 45), 09/1996<br />
a 02/1997 (fl. 46) e de auxílio acidente, a partir de 02/1997 (fl. 47), foram-lhe pagos pela autarquia previdenciária na<br />
qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial.<br />
O entendimento firmado pela TNU no sentido de condicionar a outorga de aposentadoria rural por idade àquel<strong>es</strong> que<br />
comprovem exercício de atividade rurícola no período imediatamente anterior ao requerimento, não impede a conc<strong>es</strong>são da<br />
aposentadoria no caso em que o segurado <strong>es</strong>pecial recebeu benefício de auxílio doença e/ou auxílio acidente no período<br />
imediatamente anterior ao requerimento.<br />
Observo que à época do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, em 10.03.2009, a autarquia já havia reconhecido a qualidade de<br />
segurada <strong>es</strong>pecial da autora, bem como já <strong>es</strong>tava apurado que a família da autora não con<strong>tr</strong>atava mão de obra de terceiros<br />
de forma constante, eram os próprios membros da família que cuidavam da terra, fato que caracteriza por completo o<br />
regime de economia familiar.<br />
Assim, comungo do m<strong>es</strong>mo entendimento que a magis<strong>tr</strong>ada em fixar a DIB do benefício em 10.03.2009, data do<br />
requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />
Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.