17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

77 - 0000242-59.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000242-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x VALDELICE SILVA<br />

FERREIRA (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000242-59.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000242-3/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – REQUISITOS PREENCHIDOS –<br />

INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA INFERIDA DAS CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS – RENDA MENSAL<br />

FAMILIAR PER CAPITA NULA – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 71/73 (complementada pela sentença de<br />

fls. 79/81), que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada d<strong>es</strong>de a data do diagnóstico<br />

da doença. Afirma o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a autora não <strong>es</strong>tá total e definitivamente incapacitada para o<br />

exercício de atividad<strong>es</strong> laborativas, isto é, que não preenche o requisito da incapacidade para a conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />

amparo assistencial. Aduz, ainda, que a renda mensal familiar per capita supera o patamar legal de ¼ do salário mínimo.<br />

Requer, assim, seja reformada a sentença e julgados improcedent<strong>es</strong> os pedidos exordiais. Subsidiariamente, pugna para<br />

que a condenação se r<strong>es</strong><strong>tr</strong>inja ao pagamento de verbas vencidas referent<strong>es</strong> ao período de 10/11/2008 a 05/2009. A parte<br />

autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença. Ademais, requereu o pagamento das parcelas<br />

compreendidas en<strong>tr</strong>e outubro de 2010 e abril de 2011, visto que a sentença determinou que o pagamento ocorr<strong>es</strong>se a partir<br />

de outubro de 2010 (em sede de antecipação de tutela).<br />

2. Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />

considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />

forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />

capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

3. No que tange à incapacidade, a autora foi submetida à perícia médica judicial (fls. 60/67), onde ficou constatado que a<br />

m<strong>es</strong>ma é portadora de “alteraçõ<strong>es</strong> circulatórias ao nível das coronárias”. O médico perito caracterizou a incapacidade da<br />

autora como sendo de origem degenerativa (qu<strong>es</strong>ito 03 do Juízo) e afirmou que a m<strong>es</strong>ma se encon<strong>tr</strong>a incapacitada para o<br />

exercício de qualquer atividade que lhe garanta a subsistência, pois pela idade que apr<strong>es</strong>enta, sua empregabilidade<br />

apr<strong>es</strong>enta-se comprometida (qu<strong>es</strong>ito 04 do Juízo). Nos demais qu<strong>es</strong>itos, o médico foi enfático em afirmar que a autora não<br />

<strong>es</strong>tá incapacitada em definitivo para o <strong>tr</strong>abalho ou para o exercício dos atos da vida civil, porém sempre fazendo a r<strong>es</strong>salva<br />

de que a recorrida <strong>es</strong>teve incapacitada no período en<strong>tr</strong>e novembro de 2008 até maio de 2009.<br />

4. Ocorre que as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais da autora, como a obs<strong>tr</strong>ução da circulação sanguínea que a impede de realizar<br />

atividad<strong>es</strong> que nec<strong>es</strong>sitem de maior aporte de oxigênio, a experiência profissional ex<strong>tr</strong>emamente limitada às atividad<strong>es</strong> do<br />

lar e o baixo nível de ins<strong>tr</strong>ução (ensino fundamental incompleto) indicam que a incapacidade objetivamente tida por parcial,<br />

na realidade, é total e definitiva. Isso porque, além da incapacidade por si só, existem ou<strong>tr</strong>os fator<strong>es</strong> de ordem p<strong>es</strong>soal que<br />

não podem ser d<strong>es</strong>considerados. Não há atividade laboral compatível com a sua realidade funcional, pois os possíveis<br />

<strong>tr</strong>abalhos a serem exercidos pela recorrida serão de caráter físico, <strong>es</strong>tando incapacitada para a realização de tais funçõ<strong>es</strong>.<br />

5. O parecer socioeconômico (fls. 35/36) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seu<br />

marido, é o Benefício de Pr<strong>es</strong>tação Continuada no valor de um salário mínimo mensal recebido pelo <strong>es</strong>poso da recorrida.<br />

Por meio do referido relatório social, verificou-se, ainda, que o casal possui diversos gastos com alimentação, energia,<br />

água, gás e que a renda mensal percebida pelo companheiro tem sido insuficiente para suprir as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> básicas da<br />

família, uma vez que possuem gastos com alimentação <strong>es</strong>pecial, devido à dieta que o casal nec<strong>es</strong>sita fazer, medicamentos<br />

e exam<strong>es</strong>.<br />

6. Deve-se d<strong>es</strong>tacar, no caso sub examen, o aludido no artigo 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do<br />

Idoso). O referido dispositivo de lei determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer membro da família não<br />

deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!