17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

enefício de amparo social), bem como o artigo 20, § 3º da Lei nº 8.742/93 c/c artigo 34, Parágrafo único, do Estatuto do<br />

Idoso (Lei nº 10.741/03), verifico que não procedem tais alegaçõ<strong>es</strong>. Não há que se falar em violação d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> dispositivos,<br />

uma vez que o pr<strong>es</strong>ente juízo de mérito foi alcançado pelos meios de interpretação da norma (hermenêutica), da<br />

jurisprudência, dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade e, ainda, do livre convencimento motivado, que são<br />

peculiar<strong>es</strong> ao magis<strong>tr</strong>ado.<br />

10. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

40 - 0000001-48.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000001-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x THEREZINHA SILVA DE AZEVEDO OLIVEIRA (ADVOGADO: GUSTAVO<br />

SABAINI DOS SANTOS.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei refere-se exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença (fls. 70/75) que julgou procedente o pedido<br />

inicial de THEREZINHA SILVA DE AZEVEDO OLIVEIRA, condenando a autarquia ao r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício<br />

assistencial à parte autora, d<strong>es</strong>de a data de sua c<strong>es</strong>sação (01/01/2009). Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que o<br />

entendimento do juízo a quo acerca do art. 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, em não contabilizar o benefício<br />

previdenciário (aposentadoria por idade do <strong>es</strong>poso) para fins de cálculo da renda familiar per capita, seria uma inovação<br />

legislativa, e não uma interpretação analógica, impossibilitando, portanto, sua aplicação pelo Poder Judiciário.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possua meios de prover o próprio sustento e nem de tê-lo<br />

provido por sua família. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial<br />

concedido a qualquer membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

4. A alegação do INSS de que a aplicação analógica do art. 34, parágrafo único, implica ilegalidade, não merece prosperar.<br />

O entendimento firmado na sentença a quo sustenta-se nas interpretaçõ<strong>es</strong> sistemática e teleológica, que são plenamente<br />

acolhidas no âmbito jurídico. Na técnica sistemática, cabe ao magis<strong>tr</strong>ado considerar aquel<strong>es</strong> dispositivos legais que se<br />

interrelacionam, analisando-os de forma conjunta, para que sejam inseridos da melhor forma possível no contexto jurídico.<br />

Já a técnica teleológica permite ao magis<strong>tr</strong>ado analisar a finalidade social da lei, ou seja, a intenção que o legislador<br />

possuía ao elaborar a norma.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do<br />

Idoso, possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos<br />

por ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário,<br />

defendido pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício<br />

assistencial pode ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação<br />

absolutamente paradoxal, haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício<br />

assistencial tem seu valor excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que<br />

aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade.<br />

Essa situação, além de violar o princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade. A dignidade<br />

da p<strong>es</strong>soa humana não pode ser ferida por mera interpretação literal, podendo, assim, o poder judiciário realizar<br />

interpretaçõ<strong>es</strong> teleológicas e sistemáticas do ordenamento jurídico.<br />

6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág. 03 - anexo)”. É possível, ainda, verificar tal entendimento na jurisprudência mais recente:<br />

“O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e<br />

da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido por<br />

maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto no<br />

parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. (5ª Turma Recursal – TRSP: Proc<strong>es</strong>so 00161457720074036302 –<br />

02/03/2012)”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!