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A mensagem de Eclesiastes - Derek Kidner.pdf - Webnode

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Já <strong>de</strong>mos uma olhada nesta passagem para observar a frase <strong>de</strong>baixo do sol, que arma o<br />

cenário para o livro como um todo <strong>de</strong> acordo com esta introdução, a seqüencia consi<strong>de</strong>ra a vida<br />

<strong>de</strong>ntro dos limites mundanos que são iguais para todos os homens.<br />

Que proveito tem o homem...? é uma pergunta prática e característica. A palavra aqui<br />

traduzida como “proveito” extraída do mundo dos negócios, só se encontra neste livro nas<br />

Escrituras. 12 Mas antes <strong>de</strong> a excluirmos como cínica ou mercenária, lembremo-nos <strong>de</strong> uma<br />

pergunta parecida no Evangelho: “Que aproveita ao homem... ?” 13 Esta não é a única passagem<br />

em que Cristo e Coelet falam a mesma linguagem. É uma pergunta justa. Qualquer idéia<br />

romântica que pudéssemos ter, enfrentado uma situação <strong>de</strong>sesperadora, ela logo se evaporaria<br />

se não houvesse um outro tipo <strong>de</strong> situação. Mas quem nos garante que um dia a situação será<br />

outra? “A gente gasta a vida trabalhando, se esforçando, e a final que vantagem leva em tudo<br />

isso?” 14 – esta po<strong>de</strong>ria ser uma tradução livre <strong>de</strong>ste versículo.<br />

Ah! Mas existe quem ache que po<strong>de</strong> transformar o mundo em um lugar melhor, ou pelo<br />

menos <strong>de</strong>ixar alguma coisa para aqueles que virão <strong>de</strong>pois. Como se já esperasse esta resposta,<br />

Coelet aponta para o constante fazer e <strong>de</strong>sfazer na história da humanida<strong>de</strong>: gerações após<br />

gerações se levantam e caem, homens vêm e logo são esquecidos; tudo isto tendo como<br />

impassível cenário a terra, que vê todas as gerações passarem e continua existindo. Sem dúvida<br />

ela verá o último <strong>de</strong> nós que ficar em cena – e o que homem lucrará com isso?<br />

Além disso, por mais que a terra continue existindo, o próprio padrão do mundo é tão<br />

intranqüilo e repetitivo quanto o nosso. Tantas coisas que começam bem voltam atrás. Tantas<br />

jornadas acabam on<strong>de</strong> começaram. Coelet <strong>de</strong>staca três exemplos <strong>de</strong>sta rotina infinita da<br />

natureza, começando como mais óbvio <strong>de</strong> todos, o sol, que percorre a sua gran<strong>de</strong> curva no céu<br />

até o seu <strong>de</strong>clínio; e, tendo concluído, apressa-se 15 em repetir o que fez dia após dia. Os outros<br />

dois exemplos parecem a princípio oferecer uma válvula <strong>de</strong> escape do círculo vicioso – pois o<br />

que seria mais livre do que o vento ou menos reversível do que uma torrente? Mas acompanhe o<br />

processo até o fim e você retornará ao começo. O vento “volve-se e revolve-se”; e as águas, como<br />

é dito em Jó 36:27ss, são recolhidas para regar a terra novamente. Assim as coisas mais<br />

regulares do mundo, que nos falam em nome <strong>de</strong> Deus e <strong>de</strong> suas misericórdias que “se renovam a<br />

cada manhã”, dar-nos-ão uma resposta muito diferente se buscarmos algum significado nelas<br />

mesmas. O versículo 8 resume esse infindável ciclo taxando-o <strong>de</strong> indizível canseira. 16<br />

Tudo isto apresenta um espelho para o cenário humano. Como o oceano, os nossos<br />

sentidos são alimentados mais e mais, mas nunca se satisfazem. Como o ciclo da natureza,a<br />

nossa história está sempre retornando, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> cumprir a sua promessa. E a jornada<br />

continua, sem nunca chegarmos ao <strong>de</strong>stino. Debaixo do sol não existe um lugar para on<strong>de</strong> ir,<br />

nada que satisfaça completamente ou que seja realmente novo. Quanto a colocarmos as nossas<br />

esperanças na posterida<strong>de</strong>, no final a posterida<strong>de</strong> terá perdido qualquer lembrança dos que<br />

ficaram no passado (v.11).<br />

A esta altura, temos que fazer uma pausa para esclarecer duas coisas. Primeiro, o que<br />

vamos fazer com o famoso ditado: Não há nada novo <strong>de</strong>baixo do sol? Até que ponto ele é<br />

verda<strong>de</strong>iro? Talvez a própria forma como costumamos usá-lo nos dê a melhor resposta. Nós o<br />

enunciamos como um comentário geral sobre o cenário da humanida<strong>de</strong>, e não como um<br />

pronunciamento sobre as invenções. Ninguém – muito menos Coelet – há <strong>de</strong> negar a capacida<strong>de</strong><br />

inventiva do homem. Mas plus ça change, plus c’est La même chose: quanto mais as coisas<br />

mudam, mais se revelam as mesmas. As coisas antigas prosseguem em seu novo disfarce. Como<br />

raça, jamais apren<strong>de</strong>mos.<br />

12 A BLH força um pouco a tradução do v.12 dizendo: “Será que um rei po<strong>de</strong> fazer alguma coisa que seja<br />

nova? Não. Só po<strong>de</strong> fazer o que fizeram os reis que reinaram antes <strong>de</strong>le”<br />

13 Mc 8:36<br />

14 1:3 (BLH)<br />

15 A palavra aqui traduzida como volta (v.5) é literalmente o verbo “ofegar”, se <strong>de</strong> avi<strong>de</strong>z ou <strong>de</strong> cansaço o<br />

autor não diz. Em outras passagens o termo tem quase uma conotação <strong>de</strong> avi<strong>de</strong>z (p.e. Jó 5:5; 7:2; Sl<br />

119:131), mas o contexto é sombrio (cf. v.8) e a palavra po<strong>de</strong> indicar também <strong>de</strong>sespero (Is 42:14)<br />

16 Uma outra tradução do versículo 8a, favorecida por alguns comentaristas seria: “Todas as palavras são<br />

frágeis”, isto é, “a cena está além da <strong>de</strong>scrição”. Mas o adjetivo em outras passagens significa “cansado” (Dt<br />

25:18; 2Sm 17:2) e a passagem como um todo não está enfatizando a complexida<strong>de</strong>, mas o ciclo incessante<br />

da natureza.<br />

12

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