19.04.2013 Views

A mensagem de Eclesiastes - Derek Kidner.pdf - Webnode

A mensagem de Eclesiastes - Derek Kidner.pdf - Webnode

A mensagem de Eclesiastes - Derek Kidner.pdf - Webnode

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

controle, e a própria probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempos difíceis (v. 2b), tão freqüentemente enfatizados<br />

para nós em todo o livro, transformam-se em motivos para nos reanimar e levar à ativida<strong>de</strong>.<br />

Neste estado <strong>de</strong> espírito, po<strong>de</strong>mos agora voltar-nos para os prazeres da vida, assunto dos<br />

próximos versículos, não como se fossem ópio para nos tranqüilizar, mas como revigorantes<br />

dons <strong>de</strong> Deus.<br />

Alegra-te!<br />

11:7 Doce é a luz, e agradável aos olhos, ver o sol.<br />

8 Ainda que o homem viva muitos anos, regozije-se em todos eles; contudo, <strong>de</strong>ve lembrar-se<br />

<strong>de</strong> que há dias <strong>de</strong> trevas, porque serão muitos. Tudo quanto suce<strong>de</strong> é vaida<strong>de</strong>.<br />

9 Alegra-te, jovem, na tua juventu<strong>de</strong>, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocida<strong>de</strong>;<br />

anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que <strong>de</strong><br />

todas estas coisas Deus te pedirá contas.<br />

10 Afasta, pois, do teu coração o <strong>de</strong>sgosto e remove da tua carne a dor, porque a juventu<strong>de</strong> e<br />

a primavera da vida são vaida<strong>de</strong>.<br />

Com a sincerida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sempre, estes versículos combinam o <strong>de</strong>leite <strong>de</strong> viver com a<br />

serieda<strong>de</strong> da vida. Cada alegria aqui é confrontada com o seu oposto, ou o seu complemento; não<br />

há nenhuma tinta cor-<strong>de</strong>-rosa. A bem-aventurança <strong>de</strong> estar vivo é captada pela beleza da sentença<br />

que inicia a passagem: Doce é a luz ... (v. 7). E esta jovial radiância po<strong>de</strong> durar, como<br />

<strong>de</strong>staca o versículo 8a, até o final. Mas não além. O autor não se retrata <strong>de</strong> sua insistência em<br />

dizer que, por si mesmos, o tempo e todas as coisas temporais vão nos <strong>de</strong>sapontar, pois temos a<br />

eternida<strong>de</strong> em nossos corações (cf. 3:11). Essa luz tem <strong>de</strong> dar lugar aos dias <strong>de</strong> trevas e à<br />

<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> tudo que há <strong>de</strong>baixo do sol; e temos <strong>de</strong> enfrentar o fato, ou então seremos<br />

<strong>de</strong>struídos por ele. A alegria não precisa <strong>de</strong> pretextos para se intensificar. Mas como ela po<strong>de</strong><br />

sobreviver diante da morte e das frustrações do mundo é um segredo que apenas o próximo<br />

capítulo vai começar a <strong>de</strong>svendar.<br />

Enquanto isso o versículo 9 nos faz lembrar <strong>de</strong> um outro aspecto da alegria: sua relação<br />

com aquilo que é certo. À primeira vista este lembrete do julgamento parece uma espada <strong>de</strong><br />

Damocles pendurada sobre a nossa cabeça, para roubar à festa todo o seu sabor. Talvez seja<br />

verda<strong>de</strong>, mas apenas se a nossa alegria for uma paródia da verda<strong>de</strong>ira alegria. Os caminhos que<br />

satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos, ou, em outras palavras, a verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>vem ter um alvo que valha a pena alcançar, um "muito bem!" que <strong>de</strong>sejamos ouvir para ter<br />

satisfação. Caso contrário, a trivialida<strong>de</strong> ou, o que é pior ainda, o vício assume a direção. Seja qual<br />

for a conotação que a palavra "playboy" tenha para nós, sabemos que é uma pessoa que não relaciona<br />

a sua vida com coisa alguma que seja exigente, e muito menos com os valores eternos; é uma<br />

pessoa miserável. Assim este versículo, ao insistir que nossos caminhos interessam a Deus e são,<br />

portanto, significativos em toda a sua extensão, não rouba alegria alguma, mas apenas acaba com o<br />

vazio.<br />

A meu ver, o versículo 10 acompanha esta linha <strong>de</strong> pensamento. À primeira vista talvez não<br />

pareça mais que um simples escapismo, uma tentativa <strong>de</strong>sesperada <strong>de</strong> extrair o prazer <strong>de</strong> uma<br />

situação sem sentido. Mas ele adquire mais sentido 106 se for uma extensão do convite feito ao<br />

"jovem" do versículo 9 para regozijar-se na sua juventu<strong>de</strong>, porém <strong>de</strong> maneira responsável.<br />

Idolatrar a condição <strong>de</strong> jovem e temer perdê-la é <strong>de</strong>sastroso: prejudica o dom, mesmo enquanto<br />

ainda o <strong>de</strong>sfrutamos. Consi<strong>de</strong>rá-lo, por outro lado, como uma fase passageira, "bela no seu tempo"<br />

mas não além <strong>de</strong>le, é libertar-se <strong>de</strong> suas frustrações. O <strong>de</strong>sgosto do qual se fala neste versículo vem a<br />

nosso encontro mais <strong>de</strong> uma vez no livro como a amargura provocada por um mundo duro e frustrante.<br />

107 Ele tem o seu lugar para tornar-nos realistas, como <strong>de</strong>staca 7:3; não é motivo, contudo,<br />

para nos tornarmos pessimistas. Des<strong>de</strong> o seu início, este versículo afasta a <strong>de</strong>pressão; e a segunda<br />

linha, remove da tua carne a dor, po<strong>de</strong> muito bem ser um eco a reforçar a primeira, segundo o estilo da<br />

poesia hebraica. Mas também po<strong>de</strong> estar levando o pensamento um passo além, ao reino moral, uma<br />

vez que a palavra aqui traduzida por dor significa basicamente "mal" 108. Neste caso, ela sincroniza<br />

106 Observe a relação existente entre as duas frases: a segunda dá razão à primeira.<br />

107 Veja 1:18; 2:23; 7:3 (heb.).<br />

108 Isto não é mais que uma possibilida<strong>de</strong>, pois em geral é moralmente neutro (cf. 12:1). Contudo o conselho "remove da tua<br />

carne o mal" (ER, ERC) dá uma introdução mais a<strong>de</strong>quada para a linha final: porque a juventu<strong>de</strong> e a primavera da vida são<br />

vaida<strong>de</strong>.<br />

50

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!