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A mensagem de Eclesiastes - Derek Kidner.pdf - Webnode

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mais a seu favor além dos seus dotes naturais (4:13). A criança, ou "rapaz", do versículo 16, bem<br />

po<strong>de</strong> ser que seja um homem feito que nunca amadureceu (cf. Is 3:12), em contraste, por assim<br />

dizer, com o jovem Josias que "sendo ainda moço, começou a buscar o Deus <strong>de</strong> Davi", 100 para<br />

bênção do seu país. E a menção <strong>de</strong> nobres, ou "príncipes", não é um toque <strong>de</strong> esnobismo, mas<br />

apenas <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> política. Eles não são <strong>de</strong>scritos nas Escrituras como exemplos <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>, 101<br />

nem homens como Davi ou Jeroboão são <strong>de</strong>squalificados por não terem saído <strong>de</strong>sse círculo. A ênfase<br />

<strong>de</strong> ambos os versículos é dada pela profecia da <strong>de</strong>rrocada social em Isaías 3:1-5, on<strong>de</strong> os homens <strong>de</strong><br />

peso na comunida<strong>de</strong> seriam <strong>de</strong>sapossados:<br />

"Dar-lhes-ei meninos por príncipes,<br />

crianças governarão sobre eles...<br />

o menino se atreverá contra o ancião<br />

e o vil contra o nobre."<br />

Quanto aos cortesãos <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ntes (v. 16), Israel os conhecia muito bem. Os profetas pintam<br />

quadros fiéis <strong>de</strong> suas farras diárias (Is 5:11,22), sua ociosida<strong>de</strong> acalentada (Am 6:4ss.) e seu<br />

aviltamento até o estupor e a obscenida<strong>de</strong> (Is 28:7ss.). Em tais situações, a justiça e a verda<strong>de</strong><br />

transformam-se nos principais <strong>de</strong>sastres nacionais, "tropeçando pelas praças" (Is 59:14).<br />

Parece que os provérbios dos versículos 18 e 19 foram colocados aí especialmente por sua<br />

aplicação à vida dos po<strong>de</strong>rosos, seus mandos e <strong>de</strong>smandos, seu uso e abuso dos dons <strong>de</strong> Deus, como<br />

já vimos nos versículos anteriores. Então o versículo 20 volta-se mais explicitamente para essa<br />

gente.<br />

Certamente a preguiça (v. 18), que silenciosamente <strong>de</strong>strói uma casa negligenciada ou um<br />

espírito indolente, é tão fatal para um reino quanto para um prédio ou uma pessoa. Nada mais é<br />

preciso para que <strong>de</strong>sabe, e nada é mais <strong>de</strong>vastador. Sejam quais forem os prejuízos que possam ser<br />

consi<strong>de</strong>rados, o apodrecimento não está entre eles, pois o tempo está a seu favor. Quanto às<br />

autorida<strong>de</strong>s indolentes castigadas pelos profetas nas passagens que consi<strong>de</strong>ramos, sua própria<br />

<strong>de</strong>cadência iria espalhar a sua podridão à estrutura que os abrigava, até que esta <strong>de</strong>smoronasse<br />

sobre suas cabeças.<br />

No provérbio do versículo 19, as duas primeiras linhas po<strong>de</strong>m empatar com as cenas dos<br />

festins, boas e más, que dão início ao parágrafo (16ss.); mas em qualquer outro contexto nós as<br />

veríamos relacionadas à questão do dinheiro. Não é preciso ser cínico: a questão não é que todo<br />

homem tem o seu preço, mas que cada bem tem o seu uso; e a prata, na forma <strong>de</strong> dinheiro, é o mais<br />

versátil <strong>de</strong> todos. Nosso Senhor fez o mesmo tipo <strong>de</strong> observação em Lucas 16:9, e<br />

caracteristicamente <strong>de</strong>scortinou uma nova visão ao fazê-lo. No contexto atual, entretanto, as duas<br />

primeiras linhas dos provérbios talvez <strong>de</strong>staquem que comer para refazer as forças, e não para<br />

bebedice (v. 17), é uma coisa boa, ao passo que os excessos não têm sentido. Os dons <strong>de</strong> Deus são<br />

todos eles bons, e o seu uso a<strong>de</strong>quado e agradável é perfeitamente suficiente.<br />

Com o versículo 20 retornamos explicitamente aos homens do po<strong>de</strong>r, inclusive do po<strong>de</strong>r<br />

financeiro (a que o versículo 19c vai se referir especificamente). Eles não são uma companhia<br />

agradável. Para o leitor do século vinte, há algo <strong>de</strong> familiar em sua hipersensibilida<strong>de</strong> em relação aos<br />

diz-que-diz, mas eles não precisam <strong>de</strong> espionagem eletrônica. Eles não teriam atingido alturas<br />

vertiginosas, nem permanecido lá, sem um sexto sentido para com os dissi<strong>de</strong>ntes.<br />

Prático como sempre, o escritor vê isso como um fato da vida, e conclui o capítulo com o<br />

conselho <strong>de</strong> que se aprenda a conviver com isso. Sobreviver é o primeiro passo, embora não seja <strong>de</strong><br />

forma alguma o último. Agora ele já po<strong>de</strong> nos conduzir adiante até o clímax do livro.<br />

<strong>Eclesiastes</strong> 11:1-12:8 -<br />

Em direção do alvo<br />

Agora o passo torna-se mais acelerado. O cenário permanece inalterado: tem as mesmas<br />

sombras profundas e ocasionais fachos <strong>de</strong> luz, mas agora o consi<strong>de</strong>ramos com resolução e não com<br />

ansieda<strong>de</strong>. Conhecemos o pior - melhor ainda: po<strong>de</strong>mos partir na direção certa.<br />

Três diferentes investidas nos colocam no caminho dos "finalmentes". Po<strong>de</strong>mos resumi-las<br />

100 2 Cr 34:3.<br />

101 São covar<strong>de</strong>s em 1 Rs 21:8,11; excessivamente transigentes em Ne 6:17ss.; 13:17; e parte <strong>de</strong> um regime <strong>de</strong>sastroso em<br />

Jr 39:6.<br />

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