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A mensagem de Eclesiastes - Derek Kidner.pdf - Webnode

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Observa o mandamento do rei, e isso por causa do teu juramento feito a Deus.” 74 Dentro <strong>de</strong>ssa<br />

estrutura, ele usa também, como todo sábio, 75 sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discernimento para avaliar uma<br />

situação perigosa (v.3) 76 e o senso <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas ações (vv 5b, 6ª). Muitas passagens<br />

no Antigo Testamento dão testemunho dos limites que a lealda<strong>de</strong> a Deus <strong>de</strong>ve estabelecer<br />

quando é necessário agir com tato, submissão e dignida<strong>de</strong>; basta lembrar a franqueza dos<br />

profetas e, entre os sábios, do indômito Daniel e seus companheiros. Se tais exemplos nos<br />

enchem <strong>de</strong> vergonha e nos arrancam do conformismo, estes versículos mantêm o equilíbrio<br />

i<strong>de</strong>al, ensinando-nos o <strong>de</strong>vido respeito para com o governo. Da mesma forma, o Novo<br />

Testamento as vezes enfatiza um lado da questão, às vezes outro. 77<br />

A menção do tempo e do modo 78 (vv 5,6) que o sábio apren<strong>de</strong> a reconhecer (a verda<strong>de</strong> e o<br />

momento da verda<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser aproveitado ou <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> lado) lembra o tema do capítulo 3,<br />

os traços <strong>de</strong> um mundo condicionado pelo tempo, sempre mutante. Lá, estávamos tateando em<br />

busca <strong>de</strong> alguma coisa permanente; aqui, buscamos algo previsível (v.7). É um consolo<br />

<strong>de</strong>sanimador <strong>de</strong>scobrir que apenas a morte se encaixa neta categoria; e um pouco melhor<br />

quando a pessoa se recupera da perspectiva para ser confrontada com um presente cheio <strong>de</strong><br />

sofrimento, em que um homem tem domínio sobre outro homem, para arruiná-lo (v.9). há uma<br />

ironia toda especial nesta última observação, on<strong>de</strong> a expressão que mais choca ao falar do abuso<br />

do po<strong>de</strong>r humano (tem domínio) relembra claramente o que acaba <strong>de</strong> ser dito sobre a<br />

impotência humana em outras áreas: sua incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dominar os eu próprio espírito, 79 ou<br />

<strong>de</strong> dominar a morte, visto que uma só família <strong>de</strong> palavras soberbas dão colorido a todas estas<br />

<strong>de</strong>clarações. O restante do versículo 8 apresenta o último encontro em termos bem vivos, que<br />

permitiriam uma paráfrase: “Há uma batalha à qual não po<strong>de</strong>mos fugir; não po<strong>de</strong>mos trapacear.”<br />

Perversida<strong>de</strong> moral<br />

8: 10 Assim também vi os perversos receberem sepultura e entrarem no repouso, ao passo<br />

que os que freqüentavam o lugar santo foram esquecidos na cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> fizeram o bem; também<br />

isto é vaida<strong>de</strong>.<br />

11 Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos<br />

homens está inteiramente disposto a praticar o mal.<br />

12 Ainda que o pecador faça o mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, eu sei com certeza<br />

que bem suce<strong>de</strong> aos que temem a Deus.<br />

13 Mas o perverso não irá bem, nem prolongará os seus dias; será como a sombra, visto que<br />

não teme diante <strong>de</strong> Deus.<br />

Se existe algo que mais nos revolte é ver os perversos progredindo e cheios <strong>de</strong> si. Mas a<br />

perversida<strong>de</strong> respeitada e recebendo a bênção da religião (v.10a) 80 é ainda mais enojante. No<br />

74 No TM o versículo refere-se ao “juramento <strong>de</strong> Deus”; quer seja a legitimação do rei feita por Deus, quer<br />

seja o juramento <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong> do indivíduo (os dois casos são possíveis); a questão fica <strong>de</strong> qualquer forma<br />

colocada numa situação religiosa. O fato <strong>de</strong> a obediência compensar (v.5) é um incentivo adicional, que o<br />

NT também consi<strong>de</strong>ra digno <strong>de</strong> menção (Rm 13:3-5)<br />

75 Cf., por exemplo, Pv 14:15ss.; 22:3<br />

76 O v.3 que começa com a frase “Não te apresses”, é difícil. De início po<strong>de</strong> ser um conselho contra a<br />

ocupação <strong>de</strong> altos cargos, ou contra uma renúncia impulsiva (Barton, Jones). Sua sintaxe é ambígua. A<br />

cláusula seguinte po<strong>de</strong> significar “não insista em fazer uma coisa errada” (como na BLH) ou ainda como na<br />

BJ, “Nem te coloques em má situação”.<br />

77 Por exemplo, Mt 23:2, 3a, em contrapartida com o restante <strong>de</strong>ste capítulo, Cf. 1Pe 2:13ss. com Atos 5:29<br />

78 Alternativamente, talvez, seja correto enten<strong>de</strong>r modo (v.5ss) e mal (v.6) em seus sentidos primários,<br />

como “juízo” e “mal” ou “misericórdia” (como na ER). Neste caso (como Delitzsch <strong>de</strong>staca) a passagem<br />

logra o seu intento ao dizer que o homem sábio aguardará o tempo <strong>de</strong> Deus para o juízo (ou julgamento) e<br />

não tomará a situação em suas próprias mãos com rebeldia.<br />

79 A palavra heb. Para “vento” (ERAB) serve também para “espírito” (ER). O “vento” é proverbialmente<br />

incontrolável (cf Pv 27:16), mas “espírito” é mais diretamente relevante neste ponto. A BV registra:<br />

“Ninguém po<strong>de</strong> se manter vivo para sempre, ninguém po<strong>de</strong> evitar o dia <strong>de</strong> sua morte!”<br />

80 O versículo 10 está longe <strong>de</strong> ser claro. Temos apoio esmagador em ativas versões (e muitos MSS) para<br />

ler “louvados” (Vsbh) no lugar <strong>de</strong> “esquecidos” (Vskh). A BLH segue esta interpretação: “Eu vi o enterro <strong>de</strong><br />

pessoas más. Na volta do cemitério notei que eram elogiadas, e isso na mesma cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> haviam feito o<br />

mal”.<br />

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