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A mensagem de Eclesiastes - Derek Kidner.pdf - Webnode

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moralista con<strong>de</strong>naria sob fundamentos mais graves, mas que são fundamentos que pouco dizem<br />

ao homem mundano. Consi<strong>de</strong>rando ou não a paciência uma virtu<strong>de</strong> e a disputa um vício,<br />

po<strong>de</strong>mos finalmente ver o bom senso prático do autocontrole: examinar uma questão por<br />

completo, em vez <strong>de</strong> abandoná-la diante da primeira afronta contra a nossa dignida<strong>de</strong>. Este não<br />

é o único setor em que a atitu<strong>de</strong> errada também po<strong>de</strong> ser acertadamente <strong>de</strong>scrita como infantil.<br />

O versículo 10 é ainda mais esmagador, pois condiz com uma reação nostálgica, que é um<br />

estado <strong>de</strong> ânimo enervante e auto-indulgente. Suspirar pelos “bons dias do passado” é uma coisa<br />

(po<strong>de</strong>mos refletir) duplamente irreal: um substituto não somente para a ação como também<br />

para um raciocínio a<strong>de</strong>quado, uma vez que invariavelmente são esquecidos os males que<br />

tiveram uma forma diferente ou que prejudicaram uma outra seção da socieda<strong>de</strong> em outros<br />

tempos. O esclarecido Coelet é a última pessoa a se impressionar com esta neblina dourada do<br />

passado; ele já <strong>de</strong>clarou que uma época é muito parecida com outra. “O que foi, é o que há <strong>de</strong><br />

ser... nada há, pois, novo <strong>de</strong>baixo do sol” (1:9). Tudo isto, ele agora dá a enten<strong>de</strong>r, é bastante<br />

óbvio para que valha a pena argumentar: ele só precisa nos pedir que falemos com mais<br />

sensatez.<br />

Nos versículos 11 e 12 surge uma estimativa invulgarmente mundana <strong>de</strong> sabedoria.<br />

Embora haja algumas dúvidas sobre a tradução correta, é certo que a sabedoria está sendo<br />

tratada, no momento, em pé <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> com o dinheiro, pois é um valor vantajoso: uma<br />

garantia comparável ou superior contra os riscos da vida. 61 Neste caso, dificilmente seria uma<br />

comparação lisonjeira para alguma coisa cujo verda<strong>de</strong>iro valor é incalculável, <strong>de</strong> acordo com<br />

Provérbios 8:11 e muitas outras passagens. O versículo 12b talvez esteja dizendo que a<br />

sabedoria, ao contrário do dinheiro, dá vida; 62 mas para estarmos <strong>de</strong>ntro dos mo<strong>de</strong>stos alvos<br />

<strong>de</strong>sta passagem temos que consi<strong>de</strong>rar apenas o valor prático e protetor do dinheiro. A frase em<br />

11b, <strong>de</strong> proveito para os que vêem o sol, talvez seja uma observação ambígua, um lembrete <strong>de</strong> que<br />

há um limite <strong>de</strong> tempo para o benefício que até mesmo a sabedoria, neste nível <strong>de</strong> bom senso<br />

geral, po<strong>de</strong> oferecer. Não produz divi<strong>de</strong>ndo algum na sepultura.<br />

O restante <strong>de</strong>ssas variadas afirmações, que seguem até o versículo 22, mostra como é<br />

inconstante o conselho do bom senso quando não tem um princípio unificante. Vai da resignação<br />

piedosa até o cinismo moral (vs 13-18); e observa as imperfeições da natureza humana, embora<br />

muitíssimo interessada em tentar conviver com elas (vs. 20-22).<br />

Examinando essas afirmações um pouco mais <strong>de</strong>talhadamente: o versículo 13 não está<br />

falando <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos morais, mas da forma das coisas e dos acontecimentos que nós achamos<br />

estranhos, mas temos <strong>de</strong> aceitar como vindos <strong>de</strong> Deus. Isto inclui os seus juízos – pois ele<br />

”transtorna” o caminho dos ímpios”, como o Salmo 146:9 <strong>de</strong>clara literalmente (ou “torce”,<br />

usando um outro verbo) – mas também presumivelmente muitas das provações da vida, como<br />

sugere o versículo seguinte (v.14). este versículo é um clássico sobre a maneira correta <strong>de</strong> se<br />

comportar quando tudo vai bem ou quando tudo vai mal, ou seja, aceitar ambas as situações<br />

como vindas <strong>de</strong> Deus: nem com a impassivida<strong>de</strong> do estóico nem com a inquietação daqueles que<br />

não conseguem aceitar um prêmio com <strong>de</strong>leite, ou um golpe da sorte com espírito aberto e<br />

refletivo.<br />

“Aceite o que Ele dá,<br />

E louve-o, igual:<br />

No bem e na doença<br />

Ele é Deus eternal.” 63<br />

Mas, <strong>de</strong> acordo com este tema, Coelet <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>stacar o mistério daquilo que Deus dá, e<br />

especialmente a sua imprevisibilida<strong>de</strong>, o que apara as asas da nossa auto-suficiência. Esse ponto<br />

já foi <strong>de</strong>stacado em 3:11, on<strong>de</strong> o tempo e a eternida<strong>de</strong>, assim como a obscurida<strong>de</strong> e a clareza, nos<br />

tantalizam e nos alertam, no caso <strong>de</strong> imaginarmos sermos nada mais do que animais ou nada<br />

61 O versículo 11 po<strong>de</strong> significar que ter as duas coisas, riqueza e sabedoria, é uma dupla vantagem (como<br />

na ERAB); mas provavelmente, o sentido seja o <strong>de</strong> comparar uma com outra (ER, BLH, ERC): “boa é<br />

sabedoria como a herança” (ER); cf. o heb. De, por exemplo, 2:16b; Jó 38:18, on<strong>de</strong> “da mesma sorte” é lit.<br />

“com”.<br />

62 A simples expressão traduzida por dá a vida também po<strong>de</strong> significar “preserva a vida” (ER) ou<br />

“conserva” (BLH) – cf., por exemplo, 1Sm 2:6; Sl 85:6 (Heb. 7). E “vida” no AT, como no NT, geralmente<br />

significa vitalida<strong>de</strong> espiritual e não simplesmente existência física.<br />

63 Richard Baxter, “Ye holy angels bright”.<br />

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