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A mensagem de Eclesiastes - Derek Kidner.pdf - Webnode

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alma do po<strong>de</strong>r da morte, pois ele me tomará para si” (Sl 49:15). É o homem “em sua ostentação”,<br />

o homem sem entendimento, que é “como os animais, que perecem”; 37 e este é o homem com o<br />

qual <strong>Eclesiastes</strong> se preocupa.<br />

Para tal pessoa o versículo 22 oferece o melhor que po<strong>de</strong> dar: a satisfação temporária <strong>de</strong><br />

executar bem o seu trabalho. Não é coisa <strong>de</strong> se <strong>de</strong>sprezar. A possibilida<strong>de</strong> é um legado <strong>de</strong> um<br />

mundo bem criado, como esclarece o versículo 13. Tudo o que está faltando (mas é virtualmente<br />

tudo) será a satisfação <strong>de</strong> aceitar esse trabalho como um dom do Criador (veja acima, versículo<br />

13), e oferecê-lo a ele.<br />

Com o capítulo 4:1-3 retornamos às opressões que se fazem <strong>de</strong>baixo do sol, assunto<br />

abordado em 3:16. A passagem é tão curta quanto dolorosa, pois se não há um meio <strong>de</strong> acabar<br />

com estas coisas (como na verda<strong>de</strong> ao existe, no tempo presente), pouco se po<strong>de</strong> acrescentar aos<br />

amargos fatos do versículo 1 além do lamento dos versículos 2 e 3. Talvez achemos que esta<br />

atitu<strong>de</strong> seja <strong>de</strong>rrotista, pois sempre há muita coisa que po<strong>de</strong> ser feita pelos que sofrem, quando<br />

queremos fazê-lo. Mas esta objeção dificilmente seria honesta. Coelet está observando a cena<br />

como um todo, e ele po<strong>de</strong> muito bem retrucar que após cada intervenção concebível ainda<br />

restariam inumeráveis bolsões <strong>de</strong> opressão nas “moradas <strong>de</strong> cruelda<strong>de</strong>” 38 – o suficiente para<br />

fazer os anjos chorarem, se não os homens. Ele po<strong>de</strong>ria acrescentar que não há coincidência<br />

alguma no fato <strong>de</strong> o po<strong>de</strong>r se encontrar do lado do opressor, uma vez que é o po<strong>de</strong>r que mais<br />

rapidamente <strong>de</strong>senvolve o hábito da opressão. Paradoxalmente, ele limita a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

uma reforma, porque quanto mais controle o reformador tiver, maior a tendência para a tirania.<br />

Assim um outro aspecto da vida terrena foi apresentado; e nada há mais triste em todo o<br />

livro do que a melancólica alusão, nos versículos 2 e 3, aos mortos e aos que ainda não nasceram,<br />

que são poupados da visão <strong>de</strong> tanta angústia. Isto é apropriado, pois embora <strong>de</strong> um modo geral<br />

<strong>Eclesiastes</strong> esteja preocupado com a frustração, aqui ele se ocupa como reino do mal, e como mal<br />

em sua chocante forma <strong>de</strong> cruelda<strong>de</strong>. Se a melancolia <strong>de</strong> Coelet nos choca excessivamente neste<br />

ponto, talvez <strong>de</strong>vamos nos perguntar se a nossa visão mais otimista brota da esperança e não da<br />

complacência. Se nós, os cristãos, vemos mais além do que ele se permitiu, não há motivos para<br />

nos pouparmos das realida<strong>de</strong>s do presente.<br />

<strong>Eclesiastes</strong> 4:4-8 -<br />

Corrida <strong>de</strong>senfreada<br />

4: 4 Então, vi que todo trabalho e toda <strong>de</strong>streza em obras provêm da inveja do homem<br />

contra o seu próximo. Também isto é vaida<strong>de</strong> e correr atrás do vento.<br />

5 O tolo cruza os braços e come a própria carne, dizendo:<br />

6 Melhor é um punhado <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso do que ambas as mãos cheias <strong>de</strong> trabalho e correr atrás<br />

do vento.<br />

7 Então, consi<strong>de</strong>rei outra vaida<strong>de</strong> <strong>de</strong>baixo do sol,<br />

8 isto é, um homem sem ninguém, não tem filho nem irmã; contudo, não cessa <strong>de</strong> trabalhar,<br />

e seus olhos não se fartam <strong>de</strong> riquezas; e não diz: Para quem trabalho eu, se nego à minha alma os<br />

bens da vida? Também isto é vaida<strong>de</strong> e enfadonho trabalho.<br />

Nesta pequena amostra <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s para com o trabalho somos lembrados <strong>de</strong> alguns<br />

extremos, estranhos mas familiares. Primeiro, a ânsia competitiva. O versículo 4 não <strong>de</strong>ve sofrer<br />

tanta pressão, pois este escritor, como qualquer outro, <strong>de</strong>ve ter a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentar os<br />

seus pontos com vigor. Po<strong>de</strong>remos tergiversar, se quisermos, lembrando-nos <strong>de</strong> pessoas tais<br />

como os párias solitários ou os lavradores necessitados, que lutam simplesmente pela<br />

sobrevivência, ou aqueles artistas que realmente amam a perfeição por amor a ela; mas<br />

permanece o fato <strong>de</strong> que gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> nosso trabalho árduo e <strong>de</strong> nosso gran<strong>de</strong> esforço está<br />

misturada à ânsia <strong>de</strong> eclipsar os outros ou <strong>de</strong> não ser eclipsado. Até mesmo na rivalida<strong>de</strong> entre<br />

amigos isto exerce um papel maior do que possamos imaginar, pois po<strong>de</strong>mos até agüentar se<br />

37 Veja Sl 49:12,14,15 e 20. A ER e a BLH roubam do salmo o seu clímax, fazendo o versículo 20<br />

simplesmente repetir o v.12, quando no texto hebraico (e também na ERAB) há a frase: “O homem... sem<br />

entendimento”.<br />

38 Cf. Sl 74:20 (ERC)<br />

22

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