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A mensagem de Eclesiastes - Derek Kidner.pdf - Webnode

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uma manha. Mas a vida po<strong>de</strong> ter longos períodos <strong>de</strong> brilho e <strong>de</strong> alegria, e ainda assim sucumbir<br />

em trevas, que parecerão ainda mais profundas por causa da luz que <strong>de</strong>sfizeram. O homem do<br />

versículo 2, exatamente por ser notável, tem mais a per<strong>de</strong>r do que o lerdo que nunca chega a<br />

nada. E ele po<strong>de</strong> muito bem per<strong>de</strong>r tudo sem ter culpa alguma: é só vir a guerra, a enfermida<strong>de</strong><br />

ou a injustiça e lançar tudo no colo <strong>de</strong> outra pessoa. Se ele é atormentado, também o são aqueles<br />

que têm riqueza material e pobreza interior, pois o problema não é simplesmente que alguns<br />

bens são menos satisfatórios que outros, o que sem dúvida acontece, ou que estes nos são dados<br />

escassamente. Uma pessoa po<strong>de</strong> ter tudo que os homens sonham (o que nos termos do Antigo<br />

Testamento significava filhos às <strong>de</strong>zenas e anos <strong>de</strong> vida aos milhares) e ainda assim partir sem<br />

ser percebido ou lamentado 54 e sem ter satisfação.<br />

A esta altura po<strong>de</strong>mos protestar dizendo que afinal <strong>de</strong> contas a fida não é tão negra assim<br />

para a maioria das pessoas. Normalmente, po<strong>de</strong>mos aceitar as dificulda<strong>de</strong>s junto com as<br />

alegrias, achando que a vida <strong>de</strong>cididamente vale a pena ser vivida. É claro que isto é verda<strong>de</strong> e<br />

está muito bem fundamentado, se somos homens <strong>de</strong> fé como aqueles que conhecemos no final<br />

do capítulo cinco. Mesmo que não o sejamos, ainda assim po<strong>de</strong>mos viver satisfeitos, como<br />

milhares <strong>de</strong> pessoas vivem, sem nos preocupar com o significado final das coisas.<br />

A isto Coelet po<strong>de</strong>ria respon<strong>de</strong>r, primeiramente, que ele está falando <strong>de</strong> algumas pessoas e<br />

não <strong>de</strong> todas; e, em segundo lugar, que se nós não estamos interessados em significados e<br />

valores, outras pessoas estão – e quem somos nós para <strong>de</strong>scartar essa responsabilida<strong>de</strong>? Mais<br />

uma vez ele nos convida a pensar, e particularmente a pensar através da posição do secularista.<br />

Se esta vida é tudo, oferecendo a algumas pessoas mais frustração do que satisfação e nada lhes<br />

<strong>de</strong>ixando para dar àqueles que <strong>de</strong>las <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m; se, além disso, todos igualmente aguardam a<br />

sua vez <strong>de</strong> ser esquecidos (v.6c) então alguns realmente po<strong>de</strong>m invejar os natimortos, que<br />

tiveram mais proveito. Em certas horas, Jó e Jeremias teriam concordado com isso<br />

fervorosamente (Jó 3; Jr 20:14ss.); e se nós discordamos coma disposição <strong>de</strong> espírito <strong>de</strong>sses dois<br />

homens é porque julgamos suas vidas pelos valores que transcen<strong>de</strong>m a morte e que ultrapassam<br />

os sofrimentos e os prazeres <strong>de</strong>sta vida, um critério que o secularista não po<strong>de</strong> logicamente usar.<br />

Tudo isto estraga qualquer quadro cor-<strong>de</strong>-rosa que se tenha do mundo; a BLH <strong>de</strong>staca isso<br />

dizendo “tenho visto outra coisa muito triste que acontece neste mundo...” (6:1), e faz 6:2 dizer:<br />

“e não está certo”. 55 Coelet está muito longe <strong>de</strong> afirmar que o homem tem direitos que Deus<br />

ignora; antes, o homem tem necessida<strong>de</strong>s que Deus <strong>de</strong>nuncia. Algumas <strong>de</strong>las, como já vimos, são<br />

<strong>de</strong> um tipo que o mundo temporal não po<strong>de</strong> nem começar a usufruir, uma vez que Deus “pôs a<br />

eternida<strong>de</strong> no coração do homem” (3:11); outras, mais limitadas, são <strong>de</strong> um tipo que o mundo<br />

po<strong>de</strong> satisfazer um pouco e por algum tempo; nenhuma <strong>de</strong>las, porém, com certeza e em<br />

profundida<strong>de</strong>. Se isto é sofrimento e pesa sobre os homens (v.1), também é uma coisa muito<br />

salutar. O próprio mundo no-lo diz com a única linguagem que geralmente enten<strong>de</strong>mos: “não é<br />

lugar aqui <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso”. 56<br />

Mas, por enquanto, não somos incentivados a colher disso qualquer sabedoria, pois a<br />

“corrida <strong>de</strong>senfreada” por si mesma não faz nenhum sentido. Assim o capítulo conclui com uma<br />

nota <strong>de</strong>pressiva e incerta, bem a<strong>de</strong>quada ao estado do homem abandonado a si mesmo.<br />

Perguntas sem resposta<br />

6: 7 Todo trabalho do homem é para a sua boca; e, contudo, nunca se satisfaz o seu apetite.<br />

8 Pois que vantagem tem o sábio sobre o tolo? Ou o pobre que sabe andar perante os vivos?<br />

9 Melhor é a vista dos olhos do que o andar ocioso da cobiça; também isto é vaida<strong>de</strong> e correr<br />

atrás do vento.<br />

10 A tudo quanto há <strong>de</strong> vir já se lhe <strong>de</strong>u o nome, e sabe-se o que é o homem, e que não po<strong>de</strong><br />

conten<strong>de</strong>r com quem é mais forte do que ele.<br />

54 Esta é a força <strong>de</strong> não tiver sepultura (6:3); veja Jr 22:18ss<br />

55 O AT po<strong>de</strong> usar a palavra mal (6:1) em um sentido neutro, para indicar dificulda<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>sastre; cf., por<br />

exemplo, Is 45:7 (“o mal”); Am 3:6 (“Suce<strong>de</strong>rá algum mal à cida<strong>de</strong>...”). semelhantemente, bem nesta<br />

passagem é traduzido por “gozar do bem” e “fartar do bem” (5:18; 6:3). A última frase do versículo 2, tão<br />

distante do significado <strong>de</strong> “não está certo” (BLH), é lit. “é uma grave enfermida<strong>de</strong>” (como na ERC “má<br />

envermida<strong>de</strong>”) ou com o sentido próximo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> aflição (ERAB).<br />

56 Mq 2:10<br />

30

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