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A mensagem de Eclesiastes - Derek Kidner.pdf - Webnode

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Mas o tempo, como foi apresentado no capítulo 3, além <strong>de</strong> ser inexorável, também nos faz flutuar<br />

ao sabor <strong>de</strong> marés e correntezas que são mais fortes do que nós. Não somos donos <strong>de</strong> nossas<br />

circunstâncias: nem sequer po<strong>de</strong>mos nos orientar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>las.<br />

Uma nota mais sinistra insinua-se em 3:16 com o tema da tirania humana e sua cruelda<strong>de</strong>.<br />

É o fato amargo que faz da morte, mesmo no momento <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>sespero, não mais o último<br />

inimigo, como a vimos no capítulo 2, mas o último amigo que nos resta.<br />

Finalmente vimos, em 4:4-8, não os per<strong>de</strong>dores nesta luta humana, mas os aparentes<br />

ganhadores e sobreviventes: aqueles que conseguiram ser por ela ou em si mesmos totalmente<br />

absorvidos. Ao que parece, estes entraram em um acordo com a vida. Mas será que receberam<br />

um prêmio duradouro? E será que a sua maneira <strong>de</strong> obtê-lo po<strong>de</strong>ria enfrentar uma inspeção? A<br />

expressão “corrida <strong>de</strong>senfreada” resume a idéia principal <strong>de</strong>stes versículos: uma rivalida<strong>de</strong><br />

frenética em um dos extremos, uma <strong>de</strong>sastrosa escolha no outro; e para os poucos que obtêm<br />

sucesso, uma vida <strong>de</strong>dicada à consecução <strong>de</strong> prêmios e mais prêmios sem significado algum.<br />

Após esta avaliação inclemente, será um alívio voltarmo-nos um pouco <strong>de</strong> nossa busca<br />

<strong>de</strong>sesperada por algo duradouro, para assuntos mais corriqueiros, pois a vida continua<br />

enquanto buscamos, e há maneiras melhores e piores <strong>de</strong> vivê-la. Pelo menos neste ponto<br />

po<strong>de</strong>mos ser sábios!<br />

Para começar, po<strong>de</strong>mos ser mais sensíveis do que os solitários e obsessivos ganhadores <strong>de</strong><br />

dinheiro que acabamos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar; e um padrão mais sábio do que o <strong>de</strong>les será o primeiro<br />

assunto dos comentários que se seguem acerca da vida.<br />

<strong>Eclesiastes</strong> 4:9-5:12 -<br />

Interlúdio: Algumas reflexões, máximas e verda<strong>de</strong>s<br />

Companheirismo<br />

4: 9 Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.<br />

10 Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo,<br />

não haverá quem o levante.<br />

11 Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará?<br />

12 Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão <strong>de</strong> três dobras não<br />

se rebenta com facilida<strong>de</strong>.<br />

Tendo examinado a pobreza do “solitário”, por maior que seja o seu sucesso exterior,<br />

agora vamos refletir sobre algo melhor; e melhor aqui será uma palavra-chave (4:9,13; 5:1,5), o<br />

que acontece com muita freqüência na avaliação <strong>de</strong> valores pelos escritores da Sabedoria.<br />

As idéias são simples e diretas; aplicam-se a muitas formas <strong>de</strong> companheirismo, inclusive<br />

(embora não explicitamente) ao casamento. Com uma brevida<strong>de</strong> graciosa elas <strong>de</strong>screvem o<br />

proveito, a elasticida<strong>de</strong>, o conforto 41 e a força que existem em uma verda<strong>de</strong>ira aliança; e por isso<br />

vale a pena aceitar suas exigências. Embora tais exigências não estejam explícitas aqui,<br />

dificilmente teríamos <strong>de</strong> expor os benefícios do companheirismo se este não envolvesse algum<br />

custo. Um preço óbvio é a in<strong>de</strong>pendência da pessoa: uma vez comprometida, ela tem <strong>de</strong><br />

consultar os interesses e a conveniência da outra, ouvir-lhe as idéias, ajustar-se ao seu modo <strong>de</strong><br />

andar e estilo <strong>de</strong> vida, e cumprir com as promessas. Quanto às recompensas, são todas benefícios<br />

conjuntos: um parceiro nunca haverá <strong>de</strong> explorar o outro.<br />

O cordão <strong>de</strong> três dobras talvez seja um lembrete <strong>de</strong> que o verda<strong>de</strong>iro companheirismo tem<br />

mais <strong>de</strong> uma forma. Embora os números, quando erradamente entendidos, possam ser divisivos<br />

e <strong>de</strong>sastrosos (veja o versículo 11), na sua forma certa, além <strong>de</strong> acrescentarem algo aos<br />

benefícios da união, também se multiplicam. Um exemplo óbvio <strong>de</strong>ste enriquecimento, e o<br />

predileto dos pregadores, é a força <strong>de</strong> um casamento, ou <strong>de</strong> qualquer aliança humana, quando<br />

Deus é o fio mestre que faz com eles o cordão triplo. Mas talvez o escritor estivesse pensando<br />

mais nesta metáfora em termos puramente humanos, <strong>de</strong> modo que, se aplicada ao casamento, o<br />

41 O versículo 11 po<strong>de</strong>ria aplicar-se ao casamento, mas possivelmente aplica-se mais aos viajantes que<br />

dormem ao relento. Barton observa que “as noites na Palestina são frias..., e o viajante solitário dorme às<br />

vezes unto <strong>de</strong> sua montaria para se aquecer na falta <strong>de</strong> outra companhia.”<br />

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