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45-54 - Universidade de Coimbra

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DEFENSOR DO PQVO — 1<br />

DE VOLTA<br />

Vão apparecendo as andorinhas...<br />

Depois d'um algido e triste inverno, após<br />

uma epocha triste, fria, inactiva, morta, sem<br />

vida que a movimente, nem factos que a enthusiasmem,<br />

todos os olhares se dirigem finalmente<br />

para um ponto d'on<strong>de</strong> vêm a esperança<br />

e a alegria, d'on<strong>de</strong> vêm os sorrisos da<br />

primavera e as primícias <strong>de</strong> um fecundo<br />

outomno. ..<br />

E' d^lli, dos lados da «Estação» d'on<strong>de</strong><br />

vem surgindo diariamente essa reboada d'almas,<br />

feitas <strong>de</strong> luz e sonho, que hão <strong>de</strong> povoar<br />

durante nove ou <strong>de</strong>z mezes esta formosa<br />

<strong>Coimbra</strong>. Como ao acabar do inverno,<br />

ao pôr d'esse sol baço <strong>de</strong> tres mezes, todas<br />

as vistas se erguem para o céu a ver as<br />

nuncias do bem, as mensageiras das rosas e<br />

dos perfumes, da fecundação e dos fructos,<br />

também em <strong>Coimbra</strong>, após uma epocha<br />

quasi <strong>de</strong> lucto, em que muitas portas estão<br />

fechadas e muitas ruas estão <strong>de</strong>sertas, em<br />

que muitas almas estão sem o seu par, e<br />

muitos corações opprimidos pela sauda<strong>de</strong>,<br />

todos os olhos, assim negros, aveludados e<br />

meigos como são, se dirigem para o norte e<br />

para o sul, prescrutando os primeiros núncios<br />

da bôa-nova.<br />

E elles já vão apparecendo por ahi: as<br />

pontas das suas capas são negras como as<br />

azas da andorinha, mas também a sua alma<br />

é pura como o collo da «ave da primavera»,<br />

De terras longiqnas on<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixaram os seus<br />

ninhos e talvez os seus amores, cá vem elles<br />

apezar d'isso, ó formosas <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, requestar-vos<br />

com os seus olhares e encantar-vos<br />

com as suas graças. Quantos d'elles apezar<br />

do carinho <strong>de</strong> suas familias e da sympathia<br />

dos seus conterrâneos, <strong>de</strong>sejariam já <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

ha muito estar ao abrigo dos vossos olhares<br />

e sob o meigo e fascinante encanto da vossa<br />

formusura...<br />

Que o diga eu gentil pérola do Mon<strong>de</strong>go,<br />

mais elegante do que os lyrios e mais mo<strong>de</strong>sta<br />

do que as violetas, mais alegre do que<br />

os cravos e mais perfumada do que as magnólias,<br />

que o diga eu, minha formosíssima<br />

Judiai...<br />

Quantas vezes, a essa hora melancholica<br />

da tar<strong>de</strong> em que as aves se escon<strong>de</strong>m e as<br />

estrellas apparecem, em que as almas simples<br />

rezam á Virgem Maria e os arvoredos se<br />

pacificam mais, saindo <strong>de</strong> todas as coisas um<br />

ar <strong>de</strong> mansidão e um bafejo <strong>de</strong> carinho,<br />

quantas vezes eu me lembrei <strong>de</strong> ti, vestida<br />

côr <strong>de</strong> rosa, encostada ao peitoril da tua<br />

janella, com os anneis do teu cabello em <strong>de</strong>salinho<br />

a emoldurarem ricamente o rosto<br />

mais fino e doce que os meus olhos têm<br />

contemplado ! Quantas vezes, quantas vezes!...<br />

E por mim julgo eu os outros, porque<br />

n'esta eda<strong>de</strong> e n^ste viver da juventu<strong>de</strong> em<br />

que as mãos se apertam francamente, sem<br />

odios nem rancores, sem invejas, nem pensamentos<br />

reservados, as almas são todas<br />

irmãs, ha em todas a mesma sincerida<strong>de</strong> e o<br />

mesmo frescor.<br />

Por isso tenho eu razão dizendo que muitas<br />

almas estão sem o seu par e muitos corações<br />

opprimidos pela sauda<strong>de</strong>, dizendo e<br />

affirmando que muitos d'esses lábios frescos<br />

que por ahi ha sorriem <strong>de</strong> intima alegria com<br />

o apparecimento das primeiras andorinhas.<br />

Bem sabem as donas d'estes lábios que o<br />

«amor d'um estudante também dura mais do<br />

que uma hora» porque é muitas vezes eterno.<br />

O melhor das melhores almas que tem existido<br />

em Portugal aqui vol-o têm <strong>de</strong>ixado,<br />

minhas encantadoras ingratas.<br />

Não digaes pois que só dura uma hora.<br />

Dizei que<br />

0 amor d'um estudante<br />

E' da côr das estrellas<br />

Brilha como um diamante<br />

Que cega todas as bellas.<br />

<strong>Coimbra</strong>, 1895. A. G.<br />

CARTA DE LISBOA<br />

io <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> i8g5<br />

Le roi s'amusel...<br />

E o mais curioso é que o Século diz que<br />

«o presi<strong>de</strong>nte Faure está encantado com<br />

elle» e que todas as pessoas, com quem o<br />

sr. D. Carlos tratou, o acharam sympathico<br />

e distincto».<br />

E diz isto o Século III...<br />

Ainda mais: — Elie, o rei, atravessou os<br />

salões pelo braço <strong>de</strong> madame Faure...<br />

Que importante noticia!...<br />

•<br />

Falleceu o argentario Manuel Antonio <strong>de</strong><br />

Seixas, <strong>de</strong>ixando uma fortuna <strong>de</strong> 10:000<br />

contos.<br />

.° ANNO<br />

Na caixa forte tinha 4:000 contos em I<br />

libras sterlinas.<br />

Diz o Século, que elle tinha rasgos extraordinários.<br />

Bem se vê, pelo activo da fortuna!...<br />

Em compensação centenares <strong>de</strong> familias<br />

vêem-se em serias difficulda<strong>de</strong>s, e muitos indivíduos<br />

morrem por ahi á mingua em mansardas<br />

infectas...<br />

Quem tem rasgos extraordinários e um<br />

coração bem formado nunca po<strong>de</strong>rá accumular<br />

uma fortuna <strong>de</strong> 10:000 contos <strong>de</strong> réis...<br />

Quantas lagrimas- enxugariam tão avultados<br />

capitaes!...<br />

O partido socialista em Lisboa tem tomado<br />

um incremento notável.<br />

São importantíssimos os trabalhos para<br />

o proximo plebiscito eleitoral.<br />

O alcance d'este acto é acisadissimo, assim<br />

o elemento operário lhe corresponda.<br />

Somos refractários ao elogio; mas os dirigentes<br />

do partido com o nosso amigo Gneco<br />

á frente, têm nestes últimos tempos produzido<br />

factos, que revelam gran<strong>de</strong> orientação e<br />

gran<strong>de</strong> tino.<br />

Se, a par d'estas medidas, elles fossem<br />

doutrinando as massas com perseverança e<br />

acerto, caminhariam na vanguarda dos partidos,<br />

que actualmente militam e os socialistas<br />

ganhariam um gran<strong>de</strong> predomínio e importância.<br />

No dia 10 <strong>de</strong> novembro é o concurso da<br />

associação dos Atiradores Civis.<br />

Já um gran<strong>de</strong> grupo se anda instruindo<br />

na carreira <strong>de</strong> tiro da guarnição <strong>de</strong> Lisboa,<br />

on<strong>de</strong> se têm manifestado hábeis atiradores,<br />

entre elles os nossos amigos Ivens Ferraz,<br />

Rodrigues, Pa<strong>de</strong>sca, Agostinho <strong>de</strong> Sousa e<br />

Pery <strong>de</strong> Lin<strong>de</strong>.<br />

Promette ser uma festa <strong>de</strong>slumbrante.<br />

Dispensávamos a presença da magesta<strong>de</strong><br />

a esse acto puramente civil.<br />

Na associação ha tres grupos muito habilitados—<br />

Esgrimistas <strong>de</strong> sabre e florete — Esgrimistas<br />

<strong>de</strong> bayoneta e um pelotão <strong>de</strong> atiradores<br />

civis organisados militarmente.<br />

Tudo instruído <strong>de</strong>baixo da direcção dos<br />

srs. alferes José Pires e 2. 0 sargento Oliveira,<br />

dois incansaveis e <strong>de</strong>dicadíssimos professores<br />

<strong>de</strong> armas e gymnastica militar.<br />

• • •<br />

ARMANDO VIVALDO.<br />

Correspondência balnear<br />

Espinho, 12 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> i8g5.<br />

Está quasi a tocar o seu termo a epocha<br />

balnear; começou a <strong>de</strong>bandada geral para as<br />

cida<strong>de</strong>s.<br />

Durante principalmente os dois mezes,<br />

agosto e setembro, quem tivesse paciência<br />

para ler as nossas <strong>de</strong>spretenciosas chronicas,<br />

certificar-se-hia <strong>de</strong> que em Espinho, uma das<br />

praias mais concorridas e animadas do nosso<br />

vasto e formoso litoral, houve um sem numero<br />

<strong>de</strong> divertimentos, mais que sufficientes<br />

para os numerosíssimos banhistas passarem<br />

alegremente o tempo, esquecendo o bulício<br />

atroador das cida<strong>de</strong>s, as canceiras do trabalho<br />

e a monotonia da vida ordinaria.<br />

O homem, porém, é essencialmente aficionado<br />

á vida urbana.<br />

Ainda quando alguma mulher bonita e<br />

elegante o subjugue, não sente prazer em se<br />

<strong>de</strong>morar na praia; o campo enfastia-o; a cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slumbra-o; é mais palaciano do que<br />

bucolico.<br />

Logo que o mez d'outubro se approxima,<br />

annunciando o tristonho inverno, e as arvores<br />

começam a <strong>de</strong>spir a amarellecida folhagem,<br />

sente a necessida<strong>de</strong> indomável <strong>de</strong> voltar<br />

aos gran<strong>de</strong>s centros.<br />

Ao ver passar o comboio, olha-o com inveja,<br />

soffre infinitas sauda<strong>de</strong>s; o seu maior<br />

<strong>de</strong>sejo seria tomar logar n'elle e correr, correr,<br />

voar!<br />

E' esta a razão porque os comboios são<br />

esperados com tanta ancieda<strong>de</strong>, olhados com<br />

tanto interesse, á sua passagem, pela multidão<br />

que se acotovela nas gares.<br />

Muitas vezes é por vaida<strong>de</strong>. As senhoras<br />

<strong>de</strong>sejam ostentar as suas mais garridas<br />

toilettes, serem admiradas pelos rapazes, e<br />

por isso aproveitam aquelle protexto para saírem<br />

e se pavonearem pelas ruas.<br />

Outras vezes, então, é para combater a<br />

nostalgia que lhes vae na alma, apagar sauda<strong>de</strong>s<br />

que se calam e escon<strong>de</strong>m no mais recondito<br />

do coração...<br />

•<br />

Dois mezes se passaram no maior enthusiasmo.<br />

O mez d^gosto foi aquelle, em que as<br />

gentillissimas hespanholas nos <strong>de</strong>slumbraram<br />

com o brilho dos seus olhos formosíssimos,<br />

com a gentileza da sua figura donairosa; o<br />

mez <strong>de</strong> setembro aquelle em que ellas partiram<br />

para o seu paiz, levando presos aos seus<br />

O po<strong>de</strong>r fascinador das ninas era tal,<br />

que não raro era verem-se scenas <strong>de</strong> ciúmes:<br />

os jornaes chegaram até a fallarem <strong>de</strong><br />

um casal <strong>de</strong> pombinhos, já bastante durasios,<br />

a quem a pérola branca, a hespanhola maia<br />

seductora que vimos em Espinho, lançou na<br />

maior <strong>de</strong>sarmonia e <strong>de</strong>sasocego...<br />

O marido tinha sessenta annos e ella, a<br />

ciumenta, o seu meio século bem puchados.<br />

Já viram coisa mais poética e ao mesmo<br />

tempo mais cómica ?<br />

O ciúme aos sessenta annos!<br />

Disseram-me que elle passou um verda<strong>de</strong>iro<br />

tormento por causa d'ella; felizmente<br />

no principio <strong>de</strong> setembro a terrível rival da<br />

tyranica Julieta partiu para a sua patria, acabando<br />

para felicida<strong>de</strong> do apaixonado Romeu<br />

os ralhos e... etc.<br />

D'ahi o improviso d'um critico <strong>de</strong> má<br />

morte:<br />

Os olhos da senorita<br />

Eram sinistros fataes;<br />

Só <strong>de</strong> vel-a, estremeciam<br />

Baluartes conjugaes I<br />

Porém como é fogaz o seu amor. Como<br />

ellas passados dias partem fatalmente para<br />

o seu paiz, e não mais voltam n'aquelle anno!<br />

O amor mesmo que <strong>de</strong>sponte não offerece<br />

perigo; é um amor resignado, attenuado.<br />

O fogo <strong>de</strong> um tal amor nunca ultrapassa<br />

as raias do romantismo; vae-se extinguindo<br />

successivamente com as fronteiras, e <strong>de</strong> todo<br />

morre com a triste solidão da ausência.<br />

Nós ainda nos lembramos d'ella, mas se<br />

ella está tão longe!. ..<br />

•<br />

As praias são um bem para a saú<strong>de</strong> e<br />

um remedio infallivel para as meninas novas<br />

e solteiras.<br />

Os papás nunca <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> as frequentar;<br />

é alli, n'aquella intima convivência,<br />

que o amor <strong>de</strong>sponta, e impelle até as re<strong>de</strong>s<br />

do hymineu.<br />

Nós, emquanto po<strong>de</strong>rmos, faremos a apologia<br />

das praias.<br />

A mocida<strong>de</strong> ha <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer-nos intimamente,<br />

e concordará estou certo.<br />

A's praias, A's praias!<br />

Em agosto proximo lá estaremos.<br />

CARTA DO PORTO<br />

GABIRU.<br />

11 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> i8g5.<br />

Não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser engraçada a tarefa conjectural,<br />

que por ahi corre mundo na imprensa<br />

e fóra d'ella sobre os motivos da<br />

viagem <strong>de</strong> el-rei, o sr. D. Carlos primeiro <strong>de</strong><br />

Portugal, pelas côrtes da Europa.<br />

O que eu lhes posso asseverar é que elle<br />

não diz o que vae fazer; e faz muito bem,<br />

para que não lhe aconteça como áquelles que<br />

dizem tudo o que fazem, e até o que nunca<br />

tiveram tenção <strong>de</strong> fazer. Na America os americanos<br />

estavam persuadidos <strong>de</strong> que os estrangeiros,<br />

seus hospe<strong>de</strong>s, se limitavam ao<br />

seu commercio sob a protecção das leis da<br />

gran<strong>de</strong> republica; pois enganaram-se: <strong>de</strong>scubriu-se,<br />

que cá, e lá, muitos se intrometteram<br />

na guerra civil braziléira com o intuito<br />

d'uma restauração monarchica ou imperialista:<br />

aquillo é que era guardar segredo!<br />

Meus amigos: sabem o que lhes vou dizer?<br />

é que tenho momentos <strong>de</strong> me envergonhar,<br />

<strong>de</strong> que, entre os partidos, que se dizem<br />

avançados, haja tanta fraqueza, tanta necessida<strong>de</strong><br />

! Bem dizia Fontes Pereira <strong>de</strong> Mello<br />

— Deixem-os faliar e gritar d vonta<strong>de</strong>, comtanto<br />

que não façam cousa alguma.<br />

Todos gritam, ralham, commentam, censuram;<br />

mas nem um só movimento, que<br />

<strong>de</strong>monstre caracter, pondunor, energia, patriotismo,<br />

para que não os incommo<strong>de</strong>m nos<br />

seus gosos, no seu egoísmo!<br />

E dizem, qne a propaganda <strong>de</strong>mocratica,<br />

ou patriótica, está feita ?!<br />

Domingo, 13 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1895 — N.° 48<br />

encantos alguns corações mais sensíveis, pe- O rei pô<strong>de</strong> ir para on<strong>de</strong> quizer, e assidacitos<br />

d'alma arrancados aos nossos comgnar os <strong>de</strong>cretos que lhe agradarem; pô<strong>de</strong> ir<br />

patriotas, iberistas n'este particular até ao viajar, e tratar <strong>de</strong> allianças em seu proveito;<br />

exaggero.<br />

e é bem feito. Todos esses senhores que<br />

E quem não havia <strong>de</strong> se <strong>de</strong>ixar fascinar ? — para ahi se dizem chefes <strong>de</strong> partidos militantes<br />

<strong>de</strong>vem ter uma gran<strong>de</strong> confiança nos seus<br />

Vendo aquelle pas-<strong>de</strong>-quatre<br />

Honra e gloria <strong>de</strong> Castella<br />

Até o João Pinto Ribeiro<br />

Viria dansar com ella.<br />

exercitos, para os <strong>de</strong>ixarem dormir eternamente<br />

com as armas ensarilhadas, emquanto<br />

elles andam por Lisboa, e lá por fóra, á cata<br />

da espiga. E on<strong>de</strong> está, e para on<strong>de</strong> vae a<br />

As hespanholas vem a Portugal para rou- patria?<br />

bar os olhares, os sorrisos, emfim o coração Eu se fosse rei, em face do que se está<br />

dos lusitanos.<br />

passando em Portugal, que parece um enor-<br />

As nossas gentis patrícias têm por ellas me sepulcro, ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> jardins, e <strong>de</strong> praias,<br />

certa emulação; e, comtudo, não são menos também iria pela Europa visitar os meus<br />

formosas; menos graciosas talvez e menos parentes coroados, eis e ultramontanos, para<br />

<strong>de</strong>senvoltas sem duvida, são todavia<br />

<strong>de</strong>licadas e constantes no amor.<br />

Eu estou com aquelle que dizia:<br />

mais vêr bem o terreno a trilhar; e também<br />

saber respon<strong>de</strong>r aos meus ministros ou<br />

calado.<br />

para<br />

ficar<br />

Alta, forte, boas côres,<br />

Lindos olhos. Afinal<br />

Eu e certos patriotas<br />

Votamos por Portugal.<br />

Julgarão os directores d'essas gentes <strong>de</strong><br />

todas as greys, que os Portuguezes engolem<br />

tudo quanto lhes <strong>de</strong>itam?!<br />

Tenho uma esperança parodoxal: quando<br />

tudo tiver emigrado <strong>de</strong> Portugal é que teremos<br />

homens <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, austeros, valentes,<br />

e <strong>de</strong> sã consciência, que não atraiçoem a<br />

patria os seus concidadãos.<br />

— Está <strong>de</strong> lucto o sr. dr. Furtado <strong>de</strong>ntas,<br />

muito digno e sábio juiz da Relação,<br />

pelo passamento <strong>de</strong> sua virtuosa esposa. Tem<br />

softrido este digno magistrado as maiores<br />

<strong>de</strong>sventuras; como foi esta, e a da perda <strong>de</strong><br />

um extremoso filho, que os jornaes noticiaram<br />

largamente no anno passado.<br />

nBC SK. 3E<br />

Honra ao mérito I Ao maestro,<br />

portento no sol e dá /...<br />

Tens da musica o gran<strong>de</strong> estro!<br />

Orgulho <strong>de</strong> Figueiró III...<br />

0 Hymno do João Franco<br />

é dos hymnos — o primeiro,<br />

mette a todos num tamanco...<br />

'stá composto p'ra gaiteiro I<br />

0 Franco enthusiasmado,<br />

já que o Rorges não quer bago<br />

vae pois ser con<strong>de</strong>corado<br />

co'a grã-cruz <strong>de</strong> S. Thiago.<br />

Mando vir a partitura,<br />

antes que o João me rache,<br />

pois qUi>ro ter a ventura<br />

<strong>de</strong> a ouvir tocar á altura,<br />

pelos machos <strong>de</strong> Sernache 1...<br />

LOPES DA GAMA.<br />

0 hábil regente, regenerador<br />

e maestro, sr. A. M. Borges, <strong>de</strong><br />

Figueiró dos Vinhos, fez um —<br />

Hymno João Franco. Por gratidão<br />

o ministro vae agracial-o<br />

com a grã-cruz da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> S.<br />

Thiago.<br />

IPra-Uique.<br />

—<br />

A ARREMATAÇÃO DA CARNE<br />

A camara municipal fez publico, por meio<br />

d'um edital, as condições estabelecidas para<br />

o novo concurso — que finda a 17 <strong>de</strong> outubro—da<br />

arrematação das carnes ver<strong>de</strong>s d'este<br />

concelho.<br />

Lemos o edital com o cuidado que nos<br />

tem <strong>de</strong>spertado esta questão <strong>de</strong> interesse publico<br />

e notámos — com franqueza— uma <strong>de</strong>ficiência<br />

con<strong>de</strong>mnavel, que mais parece um<br />

proposito <strong>de</strong> proteger os marchantes, do que<br />

o publico.<br />

E isto não é uma affirmação gratuita,<br />

pois que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o principio que se tratou<br />

d'esta questão, tem-se dado taes voltas que<br />

em todas se tem mostrado uma certa transigência,<br />

favoravel a quem concorrer.<br />

Relembremos :<br />

Na primeira arrematação especialisava-se<br />

a carne <strong>de</strong> vacca em i. a e 5. a classe, com<br />

uma reducção <strong>de</strong> 25 réis em kilo, a qual era<br />

compensada no augmento do preço do car.<br />

neiro, ovelha, cabra, etc., como se <strong>de</strong>monstrou<br />

n'este jornal.<br />

Não approvou a camara municipal esta<br />

proposta porque teve quem préviamente a<br />

avisasse do logro, e porisso <strong>de</strong>cidiu pôr novamente<br />

em praça a arrematação do fornecimento<br />

das carnes ver<strong>de</strong>s. Esse edital, contém<br />

diversas disposições preventivas e penaes<br />

a que não vale a pena referir.<br />

Pervaleceu a birra. São duas as quali Ja<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> vacca, por esta fórma :<br />

Vacca«— Lombo sem osso nem sebo, pojadouro<br />

i<strong>de</strong>m.<br />

Toda à^ outra carne com osso, bem como<br />

a lingaa.<br />

Carne da cabeça.<br />

VltcIIa:— Preço geral.<br />

A carne da cabeça — que a camara junta<br />

com o lombo, pojadouro, e com a carne, osso

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