45-54 - Universidade de Coimbra
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DEFENSOR r>o P o v o —<br />
e lingua — é a chamada carne das cestas que<br />
se ven<strong>de</strong> ao kilo entre 160 e 180 réis! Pois<br />
esta carne passa a ven<strong>de</strong>r-se nos talhos —<br />
por obra e graça da camara! — e o consumidor<br />
ha <strong>de</strong> pagal-a por maior preço.<br />
Nunca se viu tanto disparate!<br />
•<br />
A camara municipal só quiz tratar <strong>de</strong> assegurar<br />
a reducção <strong>de</strong> preços<br />
á carne <strong>de</strong> vacca e vitella<br />
por serem <strong>de</strong> beneficio proprio, e uma regalia<br />
para o consumidor rico e remediado — tal<br />
qual os srs. vereadores.<br />
Não se importaram com as classes medias—<br />
nem principalmente — com as classes<br />
indigentes.<br />
Foi supprimido da arrematação<br />
o carneiro a ovelha, cabra,<br />
borrego ou capado,<br />
toucinho (carne <strong>de</strong> porco).<br />
Prova a <strong>de</strong>dicação que as edilida<strong>de</strong>s têm<br />
pelos interesses dos seus municipes, os mais<br />
necessitados.<br />
•<br />
Como todos sabem—só a camara o ignora<br />
— as rezes miúdas são o principal alimento<br />
das classes menos abastadas; por este motivo<br />
se impunha o <strong>de</strong>ver moral <strong>de</strong> olharem pela<br />
sua sorte e garantir-lhes ao menos os preços<br />
actuaes.<br />
Mas nada se fez em beneficio dos <strong>de</strong>sprotegidos.<br />
E não havemos <strong>de</strong> dizer, que a questão<br />
do fornecimento das carnes ver<strong>de</strong>s nos parece<br />
uma in<strong>de</strong>corosa comedia, representada<br />
pela maioria da camara, que estabeleceu<br />
condições <strong>de</strong> tal or<strong>de</strong>m, que <strong>de</strong>ixa sempre<br />
aberta uma porta falsa por on<strong>de</strong> entra o<br />
fornecedor, na mira <strong>de</strong> um bom arranjo.<br />
Outra coisa não é a exclusão das carnes<br />
ver<strong>de</strong>s das rezes miúdas — que ámanhã,<br />
<strong>de</strong>pois da arrematação dada, po<strong>de</strong>m subir<br />
<strong>de</strong> preço, como pó<strong>de</strong>m também subir as<br />
chamadas roupas, que são:—fressura, bofe,<br />
coração, jigado, dobrada, tripa, baço, coalheira,<br />
todas as miu<strong>de</strong>zas dos animaes que<br />
são o alimento favorito dos sem fortuna!<br />
A abastança dos srs. vereadores, não os<br />
fez lembrar <strong>de</strong> que a maioria dos seus municipes<br />
pouco ou nada lucra com o baixar-se<br />
<strong>de</strong> preço, somente a vacca e a vitella!<br />
Os operários, na sua maioria, mesmo que<br />
a vacca <strong>de</strong>sça a 200 réis, não a compram nem<br />
a comem, porque o minguado salario lhe não<br />
chega para isso. Quando doentes, e suas<br />
famílias são os caldos <strong>de</strong> carneiro a sua<br />
dieta, e com saú<strong>de</strong>, não passam da fressura,<br />
dobrada, etc., pela sua barateza relativa.<br />
Pois na camara municipal, apezar da estarem<br />
homens, que, por experiencia própria,<br />
se <strong>de</strong>viam recordar <strong>de</strong> antigos tempos, em<br />
que a infelicida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>sventura os perseguiu<br />
— nem por isso se lembraram <strong>de</strong> incluir<br />
na arrematação das carnes ver<strong>de</strong>s, as diversas<br />
qualida<strong>de</strong>s com que se alimentam as classes<br />
pobres.<br />
Serão ellas as victimas da usura interesseira<br />
do fornecedor: — que a diminuir no<br />
preço da vacca — augmentar d o preço do<br />
carneiro !<br />
•<br />
E' preciso que se seja muito cego para<br />
não querer ver que basta um pequeno augmento<br />
<strong>de</strong> 10 réis em cada kilo, nas carnes<br />
das rezes miúdas e nas chamadas roupas,<br />
19 Folhetim—«Defensor do Povo»<br />
0 C0RS4RI0 PORTIGIEZ<br />
ROMANCE MARÍTIMO<br />
ORIGINAL DE<br />
s m s i wwi® i m u m<br />
CAPITU!,© IV<br />
O naufragio<br />
Passemos agora a occupar-nos <strong>de</strong> Carlos,<br />
que chegou a Portugal, a bordo da fragata<br />
S. Sebastião, sem inci<strong>de</strong>nte notável.<br />
A fortuna protegia-o, e d'esta vez era com<br />
justiça.<br />
Ó commandante da fragata era, como<br />
dissémos, um honrado marinheiro; e quando<br />
apresentou o seu relatorio, recommendou<br />
tanto os serviços prestados pelo mancebo,<br />
que foi elogiado na or<strong>de</strong>m da armada, e promovido<br />
a segundo tenente.<br />
Trez mezes <strong>de</strong>pois foi nomeado commandante<br />
do bergantim Santo Antonio, e seguiu<br />
viagem para os Açores, levando a bordo um<br />
l.° ANNO<br />
para o fornecedor ficar em melhores condi- !<br />
coes do que está presentemente, com a vacca<br />
a 280 réis!<br />
Não se faça a camara mais ignorante, e<br />
não finja <strong>de</strong>sconhecer o accordo que existe<br />
ha muitos annos, entre os ven<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> carnes<br />
ver<strong>de</strong>s. Unidos por um indissolúvel syndicato,<br />
os preços tem-se conservado intactos,<br />
sem se estabelecer concorrência, reinando<br />
sempre a santa harmonia, nas diversas companhias.<br />
Mas, porque motivo appareceu uma proposta<br />
na primeira arrematação, estabelecendo<br />
o preço do carneiro, cabra, etc. — e agora,<br />
na segunda, a camara não incluiu essas especiarias.<br />
Porque só a vacca e a vitella lhes faz<br />
papo?!. ..<br />
Isto não é sério, quando o <strong>de</strong>via ser para<br />
<strong>de</strong>coro da camara municipal, que anda a jogar,<br />
nesta questão, com pau <strong>de</strong> dois bicos.<br />
Bem dissémos nós, e outros collegas, que<br />
a camara andava a tecer enriçada meada. ..<br />
Assim foi; e bem confirmada está a afirmativa,<br />
no edital, em que é annunciado o fornecimento<br />
<strong>de</strong> carnes ver<strong>de</strong>s, e on<strong>de</strong> só figura<br />
a carne e a vitella,<br />
<strong>de</strong>ixando campo largo ao fornecedor que<br />
pô<strong>de</strong>—á sua vonta<strong>de</strong>! — augmentar o preço<br />
das rezes miúdas que ficaram fóra da arrematação.<br />
Depois se se lhe diz que andam feitos...<br />
Assumptos <strong>de</strong> interesse local<br />
Elevador<br />
O sr. Mesnier Ponsard, concessionário<br />
do elevador, mandou distribuir peia cida<strong>de</strong>,<br />
aos domicílios, boletins para a inscripção <strong>de</strong><br />
acções da companhia do Caminho <strong>de</strong> ferro<br />
funicular <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, com o fim <strong>de</strong> reaiisar<br />
o restante da emissão — 21:19056000. réis —<br />
para a constituição da companhia.<br />
Mas ainda esta tentativa lhe não <strong>de</strong>u resultado<br />
e o incansavel trabalhador sr. Mesnier,<br />
soffreu a <strong>de</strong>cepção da maioria da cida<strong>de</strong><br />
lhe negar o seu auxilio, tendo alguns dos seus<br />
habitantes recebido com maneiras bruscas —<br />
e mais alguma coisa — o encarregado da distribuição.<br />
Felizmente porém, consta-nos que os mais<br />
influentes na fundação da companhia dobraram<br />
as suas subscripções, <strong>de</strong> modo que hoje<br />
a sua constituição está apenas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />
cifra <strong>de</strong> seis contos <strong>de</strong> réis!<br />
Só nos falta vêr que a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />
<strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> cobrir esta pequena importancia,<br />
que seiscentas pessoas perfaziam, suppondo<br />
que cada uma só tomasse uma acção.<br />
Mais uma vez — em nome dos interesses<br />
d^sta terra sempre <strong>de</strong>sprezada por todos —<br />
rogamos aos nossos patrícios o dobrarem a<br />
subscripção, a fim <strong>de</strong> que <strong>Coimbra</strong> seja dotada<br />
com melhoramento tão importante, que<br />
esperamos garanta aos seus accionistas um<br />
divi<strong>de</strong>ndo rasoavel, como já foi <strong>de</strong>monstrado.<br />
Os cavalheiros que <strong>de</strong>sejarem subscrever<br />
n'este sentido, terão apenas o incommodo <strong>de</strong><br />
dirigirem as suas <strong>de</strong>clarações até ao dia 25<br />
do corrente, para assim os concessionários<br />
resolverem <strong>de</strong>finitivamente se abandonam a<br />
empreza, ou proseguem nos trabalhos <strong>de</strong> organisação<br />
da companhia e construcção do<br />
caminho <strong>de</strong> ferro fanicular.<br />
Brevemente publicaremos a lista dos subscriptores<br />
que concorreram ás redacções dos<br />
jornaes <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>.<br />
<strong>de</strong>stacamento <strong>de</strong> soldados para a ilha <strong>de</strong><br />
S. Miguel.<br />
Na volta para o continente avistou um<br />
brigue francez, que lhe <strong>de</strong>u caça.<br />
Carlos era um brioso mancebo, e disse<br />
para João Traquete, que, com elle, na qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> mestre, se tinha embarcado:<br />
— João! Vês aquelle bello navio, que<br />
<strong>de</strong>ita seis milhas por hora ?<br />
— Vejo sim, senhor! E' um brigue <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> força, que sem duvida nos dá caça.<br />
— Pois não importa, respon<strong>de</strong>u Carlos ;<br />
vamos ao seu encontro... fugir é vergonha:<br />
apita para as gavias.<br />
João apitou e Carlos proseguiu.<br />
— Rapazes, aquelle brigue tem maiores<br />
posses <strong>de</strong> que o nosso bergantim; e corno<br />
nos caça, é vergonha fugir-lhe; vamos procural-o...<br />
E que diabo vale aquillo para marinheiros<br />
portuguezes ?<br />
«Vamos, bota fóra cutellos e varredouras!<br />
Larga, caça e iça sobres! O' do leme,<br />
contro mais! Cheio todo! Tudo ligeiro ! A<br />
postos, que são francezes! Icem a ban<strong>de</strong>ira<br />
e firmem-n'a com um tiro <strong>de</strong> peça.»<br />
Carlos era estimado <strong>de</strong> todos, e comquanto<br />
conhecessem que era uma loucura ir ao encontro<br />
d'um inimigo mais forte, a manobra<br />
effectuou-se promptamente.<br />
O commandante do brigue francez, porém,<br />
ao ver os movimentos do bergantim<br />
portuguez, admirou-se e mandou laFgar joa-<br />
Nomeação<br />
O nosso amigo, sr. José Antonio dos<br />
Santos, um estudioso alumno da Escola Brotero,<br />
pela sua intelligencia e <strong>de</strong>dicação ao<br />
trabalho, mereceu que o conselho da escola<br />
industrial Brotero, o propozesse para o logar<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>corião das aulas <strong>de</strong> chimica e physica,<br />
o que foi unanimemente resolvido.<br />
E' a justa recompensa que se dá a um<br />
persistente trabalhador, que, pelo seu expontâneo<br />
esforço tem sabido granjear a estima<br />
<strong>de</strong> todos que o conhecem e lhe avaliam as<br />
boas qualida<strong>de</strong>s cívicas.<br />
Parabéns <strong>de</strong> amigo.<br />
Abúndio da Silva<br />
Para esclarecimento á noticia que dêmos<br />
d'este illustrado académico, publicamos —<br />
como se nos pe<strong>de</strong> — a carta que nos foi enviada<br />
por s. ex. a .<br />
•<br />
Sr. redactor—Rogo a v. a fineza <strong>de</strong> publicar<br />
no conceituado Defensor do Povo a<br />
seguinte rectificação á noticia que a meu respeito<br />
foi publicada no ultimo numero d'este<br />
jornal.<br />
E' verda<strong>de</strong> que recebo um subsidio para<br />
custear a minha formatura em direito, graças<br />
á fidalga generosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma iliustre personagem,<br />
cujo nome me é vedado revelar; mas<br />
não do Senhor Dom Miguel Segundo, como<br />
v. noticiou. E para que esta rectificação não<br />
dê logar a um mal entendido, consinta v. que<br />
eu <strong>de</strong>clare que o único fim da formatura que<br />
enceto, é collocar-me em melhores e mais<br />
vantajosas condições para eu continuar in<strong>de</strong>fezamente<br />
no caminho das reivindicações patrias<br />
e na <strong>de</strong>feza do i<strong>de</strong>al legitimista, ao qual<br />
consagro toda a minha activida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>dicação<br />
e ao qual não recusarei nunca <strong>de</strong> maiores<br />
sacrifícios.<br />
Agra<strong>de</strong>ço extremamente penhorado as<br />
phrases amigas e lisongeiras com que v. se<br />
referiu á minha pobre individualida<strong>de</strong>, e pela<br />
publicação d'esta carta me confesso<br />
De v. etc.<br />
<strong>Coimbra</strong>, 11-10-95.<br />
Abúndio da Silva.<br />
Lyceu <strong>de</strong> Lisboa<br />
Pela exoneração do sr. dr. Silva Amado<br />
do cargo <strong>de</strong> reitor do lyceu <strong>de</strong> Lisboa, foi<br />
nomeado para o mesmo logar o sr. dr. José<br />
Maria Rodrigues, ornamento distinctissimo<br />
da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Theologia da <strong>Universida<strong>de</strong></strong>.<br />
O erudito professor é também o bibliothecario<br />
do importante archivo d'este estabecimento,<br />
e que possue rarida<strong>de</strong>s bibliographicas,<br />
e que tem merecido a s. ex. a especial cuidado,<br />
pondo-as a salvo da rapina. — reformou<br />
por completo o serviço interno e a sua<br />
activida<strong>de</strong> prodigiosa encetou a catalogação<br />
dos livros que andavam dispersos.<br />
E' para sentir a sua retirada <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>,<br />
pois que será diííicil encontrar um funccionario<br />
com tanta competencia e tanta <strong>de</strong>dicação<br />
por um estabelecimento que não só<br />
precisa d'uma direcção intelligente, mas d'uma<br />
assidua activida<strong>de</strong> e vigilancia.<br />
E tudo isso havia actualmente.<br />
Novas collocações<br />
Os escrivães <strong>de</strong> fazenda dos extinctos<br />
concelhos <strong>de</strong> Poiares e Midões, srs. Alfredo<br />
<strong>de</strong> Figueiredo Queiroz e Antonio da Cunha<br />
Gouvêa foram mandados fazer serviço na<br />
repartição <strong>de</strong> fazenda d'este districto.<br />
netes e metter o leme <strong>de</strong> ló: poz-se neutra<br />
amura e procurou a prôa do navio portuguez.<br />
Carlos observou com olhos <strong>de</strong> lynce esta<br />
manobra; <strong>de</strong>ixou-o passar a rastejar por sotavento,<br />
e <strong>de</strong>u a voz <strong>de</strong> fogo.<br />
O bergantim cobriu-se <strong>de</strong> fumo e duas<br />
balas <strong>de</strong> coxia foram quebrar o leme do brigue<br />
inimigo.<br />
O commandante francez não <strong>de</strong>sanimou;<br />
mas no fim d'um fogo <strong>de</strong> vinte e cinco minutos<br />
arreiou ban<strong>de</strong>ira, em vista das avarias<br />
que recebera !<br />
Uma hora <strong>de</strong>pois seguia o bergantim Santo<br />
Antonio, para as costas <strong>de</strong> Portugal, levando<br />
a presa a reboque.<br />
Na côrte causou gran<strong>de</strong> admiração este<br />
facto, e Carlos foi mais uma vez elogiado na<br />
or<strong>de</strong>m da armada, e promovido a primeiro<br />
tenente por distineção.<br />
O joven recebeu com satisfação a noticia;<br />
quanto a seu pae agra<strong>de</strong>cia a Deus a<br />
ventura que a seu filho dispensava.<br />
Carlos lembrava-se <strong>de</strong> D. A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong>, e<br />
extranhava não lhe escrever; e quantas vezes<br />
pensava elle em D. Carlota, sem po<strong>de</strong>r<br />
explicar a causa !<br />
A imagem <strong>de</strong> D. A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> não lhe <strong>de</strong>sapparecia<br />
um momento da i<strong>de</strong>ia, mas a <strong>de</strong><br />
D. Carlota surgia a seu lado, bella e sympathica<br />
como os sonhos da poesia l<br />
Domingo, 13 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1895—N.° 48<br />
Regimento 33<br />
O regimento <strong>de</strong> infanteria 23 está quasi<br />
reduzido aos officiaes, sargentos e banda.<br />
A cada instante estão partindo contingentes<br />
para reforçarem outros regimentos;<br />
agora forneceu um para infanteria 3, com<br />
<strong>de</strong>stino á índia.<br />
Logo que os mancebos ultimamente apurados<br />
tenham a instrucção necessaria, levarão<br />
com certeza o mesmo caminho.<br />
Este senhor Festas está a pedir...<br />
Exame<br />
No lyceu d'esta cida<strong>de</strong>, fez exame <strong>de</strong><br />
francez, o menino Fernando Marques Pinto,<br />
filho do sr. José Marques Pinto, proprietário<br />
do gran<strong>de</strong> Café Central.<br />
Ao sr, José Marques Pinto e a sua ex. ma<br />
esposa, sinceros parabéns.<br />
Escola industrial Brotero<br />
As matriculas para o anno <strong>de</strong> i8g5 a<br />
1896 foram a seguintes:<br />
Arithmetica e geometria elementar, 18—<br />
<strong>de</strong>senho geral elementar, 318 — <strong>de</strong>senho ornamental,<br />
3o — <strong>de</strong>senho architectonico, 17—<br />
<strong>de</strong>senho mechanico, 5 — physica e mechanica<br />
industrial, 18 — chimica industrial, <strong>45</strong><br />
— total 351.<br />
Diplomas<br />
Por proposta do nosso amigo e patrício,<br />
sr. Julião Veiga, actualmente <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ncia<br />
na capital da gran<strong>de</strong> republica do Brazil, a<br />
directoria do Retiro litterario portugue\,<br />
conferiu ao <strong>de</strong>cano dos jornalistas portuguezes,<br />
sr. Joaquim Martins <strong>de</strong> Carvalho, o diploma<br />
<strong>de</strong> socio correspon<strong>de</strong>nte.<br />
— Também o sr. dr. Zeferino Candido<br />
propoz se conferisse egual diploma ao iliustre<br />
professor da <strong>Universida<strong>de</strong></strong>, sr. dr. Bernardino<br />
Machado.<br />
Centro Commercio e Industria<br />
E' a nova associação que se <strong>de</strong>sligou do<br />
Grupo musical Abel Elyseu e que inaugurou<br />
os seus bailes havendo hor.tem concorrida<br />
reunião, reunindo hoje novamente as famílias<br />
dos seus socios.<br />
A sala está <strong>de</strong>corada com singeleza, e<br />
muito gosto.<br />
Carteira da policia<br />
Prisão<br />
Foram hontem presos pelo chefe da i. a<br />
esquadra, Antonio Francisco, Thomé dos<br />
Santos Capeilo e Manuel Simões Ramos,<br />
todos do concelho <strong>de</strong> Cantanhe<strong>de</strong>, os primeiros<br />
dois por se apresentarem no governo<br />
civil com documentos em nome d'outros a<br />
solicitarem passaportes, e o terceiro como<br />
engajador e ser quem os apresentava para<br />
aquelle fim.<br />
Este ultimo ainda ia compromettendo<br />
também o negociante <strong>de</strong> Cantanhe<strong>de</strong>, José<br />
Rodrigues da Cunha, a quem pediu n^sta<br />
cida<strong>de</strong> para a seu rogo assigar um termo <strong>de</strong><br />
consentimento n'um cartorio, em que aquelle<br />
Ramos se apresentava como pae d'um dos<br />
rapazes engajados, cujo termo se não chegou<br />
a lavrar.<br />
Vão ser enviados para Cantanhe<strong>de</strong>.<br />
Porque seria que Carlos não podia pensar<br />
em D. A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong>, sem associar aos seus<br />
pensamentos um sentimento <strong>de</strong> terna affeição<br />
por D. Carlota ?<br />
Seria amor? Não, porque o amor não é<br />
elástico como a consciência d'alguns políticos!<br />
O coração marca um limite ao amor: e<br />
quando é verda<strong>de</strong>iro, não o pô<strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r<br />
além duma entida<strong>de</strong>.<br />
D. Carlota, pela sua parte, não se lembrava<br />
menos <strong>de</strong> Carlos, e experimentava lenitivo,<br />
quando podia fallar n'elle; mas sabendo<br />
o amor que a sua irmã o ligava, contrahia no<br />
peito essa terna affeição que tanto lh'o cruciava<br />
! Suspirava e soffria.<br />
Os mezes e os annos foram correndo,<br />
sem inci<strong>de</strong>ntes notáveis. Havia perto <strong>de</strong><br />
tres annos que Carlos tinha voltado do Brazil,<br />
e pela falta <strong>de</strong> cartas ignorava o que por<br />
lá ia.<br />
Estamos em 1798. Carlos gozava a reputação<br />
<strong>de</strong> ser um bom official, o que não<br />
era favor.<br />
Entre o numero <strong>de</strong> officiaes <strong>de</strong> marinha,<br />
que mais se impunham, propalando os seus<br />
serviços e alta capacida<strong>de</strong>, o sr. D. Luiz <strong>de</strong><br />
Sarmento, era o que a todos excedia. Verda<strong>de</strong><br />
é, que, segundo a opinião dum distincto<br />
escriptor d'esta terra, a modéstia é capa<br />
dos tolos.<br />
(Gontima.)