45-54 - Universidade de Coimbra

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29 D E F E N S O R DO P O V O — 1 . ° ANNO R E C L A M E S E A N N U N C I O S BICO AUER Por despacho do meritissimo juiz presidente do tribunal do commercio do Porto e a requeri- mento da Empreza do BICO AUER., foram arrestados judicialmente, em casa dos srs. Nusse & Bastos, rua de Passos Manoel n.° 14 e rua d'Alegria n.° 867, d'aquella cidade, os bicos de contrafacção que estes srs. tentavam introduzir debaixo do nome de bico Invencível, bem como apparelhos e matérias primas que serviam para a sua fabricação. E' sabido que os arrestos judiciaes, só se con- cedem depois de maduríssimo exame dos documentos justificativos dos direitos dos auctores, inquirição de testemunhas e deposito e avultada caução, que no caso actual, foi arbitrada em tres contos de réis. Bastará isto para esclarecer os incautos compradores de bicos de contrafacção, adquiridos baratos? Essa barateza constitue para os srs. compradores um prejuízo completo por lhes faltar fornecedor de mangas. Saiu cara, infelizmente, a economia imaginada. JOÃO RODRIGUES BRAGA SUCCESSOR 17, ADRO DE CIMA, 20 — (Atroa de S. Bartholomeu) 2 Armazém de fazendas de algodão, lã e seda. Vendas por jnnlo e a retalho. Grande deposito de pannos crús. — Faz-se desconto nas compras para revender. Completo sortido de coroas e bouquets, fúnebres e de gala. Fitas de faille, moiré glacé e selim, em todas as cores e larguras. Eças dourados para adultos e creanças. Continúa a encarregar-se de funeraes completos, armações fúnebres e trasladações, tanto n'esta cidade como fóra. NOVO DEPOSITO DAS MACHINAS DE GOSTOSA X ZfcTO-IEIR, ESTABELECIMENTO DE FAZENDAS BRANCAS DE MANUEL CARVALHO 29 —Largo do Príncipe D. Carlos —31 Encontra o publico o que lia de melhor em fazendas brancas e um completo sortido das recentes novidades para a estação de verão e que esta casa vende por preços baratíssimos. As verdadeiras machinas de costura í] para costureiras, alfaiates e sapateiros, vendem-se no novo \|j deposito em condições, sem duvida, mais vantajosas do Uli que em qualquer outra casa de Coimbra, Porto, ou Lisboa, apresentando sempre ao comprador um sortido de todos os modelos que a mesma Companhia fabrica. Vendas a prestações de aOO réis eemanaes. A dinheiro, com grandes deseontos. ENSINO GRÁTIS, no deposito ou em casa do comprador. Na mesma casa executa-se com a maxima perfeição qualquer concerto em machinas de costura, seja qual fôr o auctor, tendo para isso officina montada. Ao comprador de cada machina será offerecido, como brinde, um objecto de valor. Dão-se catalogos illustrados, grátis. Vende-se oleo, agulhas, carros d'algodão, torçaes e peças soltas para todas as machinas. 5 BI-CYCLETAS CLEMENT Acabam de chegar á CA*A TIl.JIOKit, {|e Antonio José A.lves — rua do Visconde da Luz — os últimos modelos de 1895, tanto para passeios como para corridas. Tendo a casa Clement resolvido este anno vender as suas machinas a preços certos, participou aos revendedores que lhes era prohibido fazer vendas por outros preços que não sejam os que estão indicados no catalogo de 1895. N'estas condições são as machinas vendidas ao publico pelos mesmos preços, accrescendo unicamente os direitos de alfandega e mais despezas Por esta fórma pôde qualquer individuo comprar hoje uma verdadeira Clement, mais ba rata do que qualquer outra marca ordinaria 11 ! Unicamente á venda na Casa Memoria, rua do Visconde da Luz, onde se encontram também as legitimas machinas de costura Memoria para familia, alfaiates e sapateiros. Ensino grátis em casa do comprador, ainda que seja a 8 léguas de distancia. Na mesma casa se vende toda a qualidade de instrumentos músicos e seus pertences — musicas para piano, e outros instrumentos, tudo a preços sem çompetencia. COLLEGIO ACADÉMICO (ENSINO PRIMÁRIO) E-tá aberta desde 1 de outubro a aula de ensino primário d'este collegio, regida por José Falcão Ribeiro, Justino José Correia e Pompeu Faria de Castro, professores legalmente habilitados. A partir do mesmo dia, a qualquer hora, se recebem matriculas, tanto para esta aula como para as de instrucção secundaria, que posteriormente serão aberta*. Recebem-se alumnos internos, semiinternos e externos. Garante-se um ensino proticuo com a mais completa organisação e com a assiduidade no trabalho que caracterisa os professores. Fornecer se-ha papel, tinta, pennas, giz e lápis gratuitamente a todos os alumnos, bem como 11111 caderno para notas diárias de frequencia e aproveitamento. Ã l. a classe dividir-se-ha em dois grupos : um leccionado pelo methodo de João de Deus e outro pelo de Simões Lopes, á escolha das familias dos alumnos. As creanças de muito pouca idade terão entrada e aula em separado. Preços: l. a classe 500 réis; — 2." reis; - reis. Coimbra, rua dos Coutinhos, 27. J. F. Ribeiro iltf I M O 100, Rua Ferreira Borges, 100 31 Pasta para rolos de imprensa de boa qualidade e preço modico. Armag de diversos systemas, revolvers e munições de caça. Faqueiros e colheres d'eleetro plate, qualidade garantida. Tinta e tella para pintura a oleo, pincéis e artigos de desenho. flallas para viagem, carteiras e sarças de mão para senhora. Oleados de borracha para cama e outras qualidades para mesa e forrar casas. Transparentes e stores de madeira, rolos authomaticos para os mesmos. Perfumaria ingleza e sabonetes, pó d'arroz, pentes e escovas. Dentifrico do dr. llousset, pó, para dentes da sociedade hygienica. Bensolina para tirar nodoas, o melhor preparado, não prejudica a roupa. Lunetas, binoculos, brinquedos para creança, capachos d'arame e grande variedade em miudezas. FOGÕES PADA G0SINHA Na officina de serralharia de José Dias Ferreira, encontramse á venda magníficos fogões de fogo circular, novos, e de todos os tamanhos. Responsabilisa-se pela sua construcção e regular funccionamento. Preços modicos. 11 — Rua dos Militares — 13 COIMBRA JULIÃO A. D'ALMEIDA & C. a 20—Rua de Sargento Mór—24 COIMBRA I3 I*r'este antigo estabelecimento co brem-se de novo guarda-soes, com boas sedas de fabrico portuguez. Preços os mai« baratos. lambem tem lãsinhas finas e outras fazendas para coberturas baratas. No mesmo estabelecimento vendemse magnificas armações para guarda-soes, o que ha de mais moderno. M. niDEIRO OSORIO ALFAIATE 185, l.°—R. Ferreira Borges—185, 1.° Participa aos seus freguezes que recebeu o sortimento de fazendas para a estação de inverno, e por preços baratos para competir com qualquer outra casa. Aos photographos amadores i Vende-se muito em conta, uma obje- í VINHO VERDE cliva de Dellmever, rapida, rectilínea, 112 Especialidade em vinho por 13X18. verde d< ; Amarante. Neves, Irmãos Vende-se engarrafado e ao litro na Rua Ferreira Borges, ÍOO m i M k PORTUGUESA Introducção e iathematica LUIZ MARIA ROSETTE, alumno da Universidade, continua a leccionar estas disciplinas. Praça 8 de Maio, n.° 3 7-I. 0 Vinho de mesa sem composição Vende-se no Café Commercio, rua do Visconde da Luz, a 110 e 120 o litro. Vinho do Porto, a 240 e 300 réis o litro. Grande quantidade de vinho de Carcavellos, Bucellas, Colares, etc., cognac Martell legitimo, e muitas outras bebidas tanto estrangeiras como nacionaes. Preços exçessivamente baratos. Deposito de enxofre e sulphato de cobre, com grande desconto para revender. Pulverisadores Figaro pelos preços do Porto, sem despeza de transporte. Encontra-se na mercearia do proprietário do mesmo Café, rua do Corvo, n. os 9 e 11. A. Marques da Silva. COMPANHIA DE SEGUROS FIDELIDADE FUNDADA EM 1835 SEDE EIM LISBOA Capital réis 1.344:000$000 Fundo de reserva 203:000^000 jO Esta companhia, a mais poderosa de Portugal, toma seguros contra o risco de fogo ou raio, sobre prédios, mobílias ou estabelecimentos, assim como seguros marítimos. Agente em Coimbra —Basilio Augusto Xavier de Andrade, rua Martins de Carvalho, n 0 43, ou na do Visconde da Luz, n.° 86. Rua Martins de Carvalho Antiga rua das Figueirinhas g S B No domingo 27 d'eutuhro pelas 10 horas da manhã, nos armazéns do rocio de Santa Clara, far-se-á leilão de 70 dúzias de garrafas com vinho finíssimo e muito velho (em globo ou em lotes de dúzia) que pertenciam á garrafeira do fallecido José Lopes Guimarães, d'esta cidade. LOJA OA CHINA Chás pretos e verdes Especialidades Rua Ferreira Borges, 5 Completo sortido de produclos para sopas, molhos, pinientinlios do Brazil, cacau Van Ilouten^s e Epps com e sem leite, farinha imperial chineza, conservas da fabrica de Antonio Rodrigues Pinto, leques, ventarolas, crepons, abat-jours a 40 réis, novidade, latinhas para chá e café, etc., etc. (Antigo Paço do Conde) Weste bem conhecido hotel, um dos mais antigos e bem conceituados de Coimbra, continúa o seu proprietário as boas tradições da casa, recebendo os seus hospedes com as attenções devidas e proporcionando-lhes todas as commodidades possíveis a fim de corresponder sempre ao favor que o publico lhe tem dispensado. Fornecem-se para fóra e por preços comniodos jantares e outras quaesquer refeições. Deposito da Fabrica Nacional DE B O M C M S 1 B f ! « ? m DE JOSÉ FRANCISCO U CRUZ £ GENB0 C O I M B R A 128 —RDA FERREIRA BORGES —130 »T'este deposito, regularmente montado, se acham á venda por junto e a retalho, todos os productos d'aquella fabrica a mais antiga de Coimbra, onde se recebem quaesquer encouimendas pelos preços e condições eguaes aos da fabrica. Publica-se ás quintas feiras e domingos D e f e n s o r IDO P O V O EDITOR — Adolpho da Costa Marques JORNAL REPUBLICANO Redacção e administração—Largo da Freiria, 14, proximo á rua dos Sapateiros Com estampilha Anno 2$700 Semestre 1$350 Trimestre 680 CONDIÇOES DE ASSIGNATURA (PAGA ADIANTADA) Anno . . Semestre . Trimestre. Sem estampilha 2$400 imoo «UO A Uí NUS CIOS:— Cada linha, 40 réis; repetição, 20 réis; contracto especial para annuncios permanentes. LIVROS: — Annunciamse gratuitamente quando se receba um exemplar. Impresso na Typographia Operaria — Coimbra
A I V N O 1.» IV. 0 5 3 Defen COIMBRA Que podemos fazer? One havemos de pedir? E' ta! e Ião profunda a desordem politica, a desorganisação administrativa, a miséria economica e a anarchia financeira, em que a monarchia e os seus ministros lançaram esta desventurada nação, que a gente não sabe o que ha de pedir, nem se quer atina com que lia de dizer da nossa triste vida publica. As colonias são-nos lodos os dias roubadas, pedaço a pedaço; o pouco que nos deixam e d'ellas ainda nos resta offerece um eslado penoso e devéras desolador; em algumas lavra ainda maior e mais intensa miséria do que na melropole; outras revoltam-se contra o nosso desleixo, repeliem enfurecidas, e com razão, o estúpido e cruel abandono, a que as têm condemnado, as vergonhas com que as têm enegrecido e rebaixado os seus barbaros e ignóbeis dominadores. \ A metropole não tem recursos; falla-lhe o dinheiro, as forças para as soccorrer e lhes acudir; e já nem sequer gosa do prestigio indispensável para as fazer respeitar nos seus direitos, ella que o não tem, nem dignidade, nem pondonor para se fazer respeitar a si própria ! Mandam-se para o ultramar levas de soldados, troços do nosso exercito para conter os revoliosos e, como emphaticamenle se alardea, para desaffrontar a bandeira portugueza, vingar injurias e castigar os enxovalhos feitos á honra nacional, com um enormíssimo dispêndio de vidas e dinheiro; e deixam-se na mesma deplorável situação as nossas provincias ultramarinas, e nem, por distracção ao menos, se pensa em politica e administração colonial. Cada reforma que o governo opera, e com a qual affirma, prelenciosa e arrogantemente, levantar o paiz abatido, regenerar a nação no ultimo extremo da sua decadência, reparar, ao menos em parle, os estragos da rapina, reconstruir a desmoronada Babel das nossas escalabradas finanças, cada uma e todas essas reformas salvadoras são desastres monstruosos, que mais nos afundam na miséria, que mais nos rebaixam no descrédito, e arrastam á total ruina. O acto mais insignificante, a medida mais vulgar e ordinaria de iniciativa e execução ministerial é um conlracenso, um disparate de tal ordem, que nas suas consequências cresce, e avulta, assume as proporções de um grande desastre, que a ignorancia e a imprevidência dos governantes produzem ou occasionam. Os conflictos diplomáticos, as complicações officiaes e exlra-officiaes com os governos das outras nações surdem a cada passo debaixo dos pés dos nossos tropegos governantes, desorientados ministros e conselheiros da corôa, a qual ha muito tempo jaz sobre dourado almofadão de seda carmim, como objecto destinado a figurar em uma exposição de velha arte politico-ornamenlal, ladeada pela famosa coslodia de Belem e pelo celebre palium da Sé archiepiscopal de Braga. Vejam o que succede com a viagem de recreio do rei ás côrtes da Europa. Até nisto se revelou a falta de tino, a imprevidência característica dos conselheiros da corôa! Que lhes havemos depois fazer nós os porluguezes? iNada, Que havemos de pedir? A quéda e a substituição do actual ministério? Para quê? Todos os ministérios da monarchia foram e hão de ser assim, e cada vez peores. A convocação do parlamento? Mas o que é, o que tem sido, o que poderá vir a ser o parlamento? O mesmo que tem sido os outros: menos. muito tnenos talvez, se abaixo de zero ha quantidade apreciavel. Nós pedimos, pura e simplesmente, e com isso, por emquanto, nos contentamos: A quéda da monarchia. A abolição da realeza. O estabelecimento da Bepublica. De rachar!... De pé atraz a Italie, desanca o governo com tal faria e insania que os deixa a escorrer pús, que sangue já não corre naquellas artérias de lama. O que vale é que no meio d^ste desancar, salva-se o nome da nação a quem se faz inteira justiça. E' como quem malha em centeio verde como ireis presencear ao lerem esses dois períodos: «Os ministros que deviam aconselhar o rei no seu interesse, não tiveram o inenor escrupulo em o lauçar na estrada que conduz os monarchas á sua perda e os prepara a mudarem um dia dos seus antigos palacios reaes para algum palacio, mais ou menos ricamente mobilado, mas alugado em terra de exilio. Mas d'onde saíram estes míseros ministros de Sua Magestade, o rei de Portugal? Em que Universidade ou em que instituto fizeram elles os seus exames? Está a instrucção publiea em Portugal tão atrazada que se pôde ser ministro do iei sem mesmo se saber historia? «Por esse procedimento os desgraçados conselheiros de D. Carlos provaram, que nem mesmo conhecem o a b c da historia e que a sua ignorancia excede a que é toieravel nos homens que se chamam: homens do estado». Hein?! De primeira agua. Ainda ha verdades no mundo, e bem se vê que a fama do governo longe sôa. Muito damnado ha de estar o Franco pela aftronta que os collegas receberam do Crispi, na declaração do embaixador italiano, em Lisboa. Manda vir o embaixador da Italia, ó farronca! Só brincas com o desgraçado povo? Valente! Até o papa! Isto já não é Portugal de portuguezes, é de todos os que o não são. Bem aquinhoada a Inglaterra, a Bélgica, a Âllemanha, ultimamente, etc. Os papas paparam-nos galeões carregados de oiro e pedrarias que lhes mandavam os Braganças, em troca dos fanatismos, e das bênçãos —O que não custou o cognome de rei fidelíssimo, a graça de ser Nossa Senhora da Conceição a padroeira do reino e conquistas, e mais ratices!... Verdadeiros a mais não ser, os períodos da Provinda que respigámos: «Já sabíamos que este paiz estava por conta da reacção religiosa (religiosa não dizemos bem, não insultemos a religião) por conta da reacção jesuítica. «Quem de facto manda á ultima hora neste paiz é o papa, por conta de sete imbecis, que a audacia, o favor, o bamburrio e o proprio idiotismo, içaram ao poder, e que a nação, por uma longanimidade já inexplicável e estupefaciente, consente ainda agora, para nosso eterno opprobio, nas iramundas secretarias do Terreiro do Paço. «Que vergonha, que miséria e que pobreza de espirito I» E quem ha de dar leis, é quem está de posse do throno, a educanda do Sacre Cceur, de Paris. Já não ha ministros, os chamados estadistas, da tempera d'aquelles que deram fundo golpe na reacção e no jesuitismo. Essa raça de patriotas degenerou. Ha Francos, Hintzes e o mais por ahi fóra, d'um cumprimento tal capaz de dar a volta ao inundo! —Quinta feira, 31 de outubro de 1895 1 julgamento importante Realisou-se na semana passada a primeira audiência para julgamento do sr. Faustino da Fonseca, actual director da Vanguarda. A causa d'este julgamento foi haver o nosso collega publicado um energico artigo contra a commissão municipal de Lisboa, que provocou as suas fúrias e o levou perante as justiças de el-rei. A que, porém, um grande uumero de pessoas de todas as classes sociaes assistiram no tribunal da Boa Hora, não foi ao julgamento d'um jornalista, mas sim á autopsia das immoralidades praticadas pela commissão municipal de Lisboa. As testemunhas de defeza foram o sr. dr. Eduardo de Ab eu, zeloso secretario da subscripção nacional, e os srs. drs. Leão de Oliveira e Cupertino Ribeiro, membros demissionários da minoria republicana da referida camara. Todas as testemunhas tiveram para com o réo as mais lisongeiras referencias, e verberaram ácremente o insolito procedimento dos senhores vereadores, que fizeram sentar no banco dos réos, um jornalista intelligente honrado e trabalhador. A primeira testemunha de defeza a ser ouvida foi o antigo e prestigioso deputado republicano por Lisboa, que historiou desde a sua origem a questão, defendendo o procedimento do austero jornalista e condemnando o procedimento vingativo dos camaristas. Disse, que tendo sido encarregado ha tempos, de fazer entrar no cofre da subscripção nacional, numerosas quantias que estavam em debito, dirigiu á camara municipal de Lisboa vários officios neste sentido, pedindo o pagamento de tres contos trezentos e tantos mil réis, resto dos cem contos com que ella prometteu concorrer para a subscripção nacional. A única resposta que obteve, foi sempre a mesma, o silencio—e por ultimo soube, que a verepção mandou inutilisar em auto de fé, o ultimo officio, que elle lhes dirigiu em termos vehementes, mas delicados. Ora a camara procedendo d'uma maneira tão pouco correcta, não só o offendeu a elle, mas mostrou bem claramente o seu pouco patriotismo e nenhuma educação. Este facto já suficiente para despertar uma reprimenda na imprensa, ainda não assalariada, ou de duas caras, que pelo paiz já começou a florescer, mereceu a devida censura do sr. Faustino da Fonseca, um rapaz cheio de vida, decidido a sacrificar-se por um ideal e a desontrar um correligionário das más creaçóes d'uns sabujos do sr. João Franco, d'uns ninguens, incapazes de se mecherem e tornarem conhecidos noutro paiz que não fosse o nosso. Seria impossível dar uma nota desenvolvida de tudo o que o sr. dr. Eduardo de Abreu disse com aquella eloquencia e nobre impetuosidade, que tanto o caracterisa e distingue; falta-nos o espaço e o tempo. Não podemos, comtudo furtar-nos á transcripção da parte do interrogatorio em que elle respondeu ao nosso amigo João de Menezes, advogado do réo, se tinha qualquer inimizade com os membros da fanada vereação. O sr. dr. Eduardo de Abreu respondeu o seguinte, que é engraçado e ao mesmo tempo muito, muitíssimo significativo: Relações pesscaes só as tenho com o sr. Martinho Guimarães, que é membro da commissão executiva da subscripção nacional; de vista só conheço o sr. conde do Restello; retratado nos rotulos do xarope e da farinha peitoral, que, apressou-se a dizer, nunca receitei aos meus clientes, por considerar drogas nocivas á saúde publica. Seguiu-se o sr. dr. Leão d"0!iveira, que entre outras cousas, dignas de registrar, disse, e provou, que acamara actual era uma corporação deshonesta, que não o dizia só alli, porque o havia já dito em plena sessão, e os srs. vereadores que querellaram do jornalista, não o querellaram então a elle, talvez por esquecimento ou singular deferencia. Referiu-se também ao facto de serem arbitrariamente nomeados mais quarenta e nove empregados, com o caracter de temporários, sendo na sua maioria, netos, filhos, cunhados e afilhados de vereadores! A outra testemunha de defeza, o sr. Cupertino Ribeiro, não chegou a ser ouvido por estar a sala muito escura, e o sr. juiz marcar a continuação do julgamento para o dia 2 de novembro. Era numerosíssima a concorrência do publico, notando-se muitos escriptores, médicos, commerciantes, industriaes, estudantes, etc. A impressão causada foi enorme; a situação em que os accusadores ficaram, não podia ser mais triste; nem ao menos lhe valeu a habilidade do sr. dr. Lopes Vieira! Já é azar! Comquanto o sr. juiz não pronunciasse o seu veredictum, o que podemos affoitamente dizer é que, absolutorio ou condemnatorio, a opinião publica absolveu o réo plenamente. Não será esta a ultima vez que nos havemos de referir a este julgamento; havemos de contar o que se passar na audiência final, que não deve ser menos interessante e moralisador. Continua a macaca E' fatal; onde estiver o Hintze, está agoiro á porta e a má sorte em casa — tudo perdido! — Assim está o paiz. A macaca d^sse fúnebre homem, e desastrado ministro, já deu que fallar á imprensa, que lhe prendeu por muito tempo á cauda, a lata do ridículo. Tudo o que tem acontecido de mau ao sr. D. Carlos é causa da macaca do sr. Hintze; a viagem sustida em Paris, é da macaca; as afflicções do monarcha, em França, sem saber para onde se havia de voltar se para o ti-ti, se para o santinho com tripas, é da macaca; o conflicto diplomático com a Italia, é da macaca, e ainda é da macaca o que está para acontecer na viagem a Londres. A opinião do UEtoile Belgs é que se prepara ao joven monarcha — v. g. — um novo desastre. Quem dá a nova é o Correio da Noite, e diz que o referido jornal notando como os ministros portuguezes se mostram tão fracos — marca tres á preta, ó João! — quanto imprevidentes, e como el-rei se preoccupa pouco com este incidente, gosando em Paris — que atrevimento !— os ocios dos boulevards, ao referir-se á próxima viagem á tia Victoria — diz-nos: «E' em Londres que o (El Rei) espera um verdadeiro desapontamento que bem se poderia ligar ao incidente do Quirinai. Em-vez
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