45-54 - Universidade de Coimbra
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DEFENSOR r>o P0vo — 1.° ANNO<br />
X L I I I<br />
Estou farto d'arrelias,<br />
hoje — Triaga — não faço.<br />
A culpa é toda do Frias':<br />
— «Bem vé que ha falta <strong>de</strong> espaço»!<br />
••4<br />
Triste anniversario<br />
Fra-Uique.<br />
Passou sexta feira o 78. 0 anniversario que<br />
o gran<strong>de</strong> patriota, general Gomes Freire<br />
d'Andra<strong>de</strong> foi executado na torre <strong>de</strong> S. Julião,<br />
por or<strong>de</strong>m do assassino Beresford, o<br />
general inglez, a quem D. João vi, o monarcha<br />
mais poltrão <strong>de</strong> que reza a historia, entregara<br />
po<strong>de</strong>res <strong>de</strong>scripcionarios.<br />
Não foi permittido ao heroe, morrer fuzilado,<br />
como era seu <strong>de</strong>sejo; o carrasco inglez,<br />
quiz ainda insultal-o na morte, mandando-o<br />
enforcar.<br />
No entanto a revolução <strong>de</strong> 1820, vingou<br />
a sua memoria, e Beresford foi intimado a<br />
sair <strong>de</strong> Portugal quando regressava do Brazil<br />
e pretendia assumir as funcções <strong>de</strong> general<br />
do exercito portuguez.<br />
E ainda hoje a Inglaterra é a Jiel alliada!<br />
Vergonhoso opprobio!<br />
Assumptos <strong>de</strong> interesse local<br />
Elevador<br />
Temos finalmente esperanças <strong>de</strong> que a<br />
continuar o pouco <strong>de</strong> enthusiásmo, que se<br />
está notando na cida<strong>de</strong>, e os <strong>de</strong>sejos que se<br />
mostram pela realisação <strong>de</strong>ste melhoramento,<br />
teremos em breve constituída a companhia e<br />
as obras principiadas.<br />
O auxilio benefico que <strong>de</strong>ram alguns accionistas,<br />
a quem cabem os maiores elogios,<br />
dobrando as suas acções, animou os medrosos<br />
e incitou os indifferentes, pois bastantes<br />
inscripções se têm feito, concorrendo indivíduos<br />
<strong>de</strong> todas as classes.<br />
Está-se produzindo no espirito publico<br />
uma certa confiança pela empreza e a estabelecer-se<br />
por toda a parte uma pronunciada<br />
sympathia, que muito nos regosija, por vermos<br />
que se faz justiça ao sr. Raul Mesnier,<br />
o incansavel e constante trabalhador, energicoe<br />
corajoso, pois que apesar das contrarieda<strong>de</strong>s<br />
que tem tido, não <strong>de</strong>sanimou e soube,<br />
com persistência, esconjurar a indifferença<br />
publica, que esteve a trucidar-lhe a sua iniciativa<br />
por alguns annos.<br />
Cabe aqui o ditado: — Quem porfia, sempre<br />
alcanca.<br />
•<br />
Para elucidar os nossos leitores, quanto<br />
ás vantagens que offerecem aos accionistas as<br />
acções <strong>de</strong> 25o$ooo réis, diremos que dão<br />
ellas pasáagem vitalícia e gratuita no elevador,<br />
subsistindo para com her<strong>de</strong>iros ou compradores.<br />
Estas acções são pagas por uma só<br />
vez.<br />
E', como se vê, <strong>de</strong> vantagem superior<br />
para os que têm necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> subir todos<br />
os dias ao bairro alto, esta commodida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
fazerem as ascenções que quizerem, sem incommodos<br />
<strong>de</strong> bilhetes e <strong>de</strong> pagas.<br />
Os empregados públicos que estiverem<br />
nas condições <strong>de</strong> obter uma acção <strong>de</strong>ste<br />
preço, além do divi<strong>de</strong>ndo que receberão, têm<br />
a mais o interesse <strong>de</strong> viajarem gratuitamente<br />
no elevador.<br />
21 Folhetim—«Defensor do Povo»<br />
0 CORSÁRIO PORTIGIEZ<br />
ROMANCE MARÍTIMO<br />
ORIGINAL DE<br />
CAPITULO IV<br />
O naufragio<br />
—Mau, muito mau, commandante, quando<br />
os aguaceiros caem, nem eu sei como as<br />
gavias ficam inteiras! A fragata adorna, e<br />
o pratico diz que é preciso virar quanto<br />
antes, porque abate muito, e po<strong>de</strong>mos ficar<br />
ensacados.<br />
— Deixe fallar o pratico, que é um parvo,<br />
e o senhor não sabe nada d'isto! Quanto<br />
<strong>de</strong>ita a fragata?<br />
— Tres milhas.<br />
— Pois bem, prosiga na bordada, e <strong>de</strong>ixe<br />
o resto por minha conta.<br />
O official retirou-se indignado, e veiu<br />
para a coberta, aon<strong>de</strong> a marinhagem já fatiava<br />
muito por conhecer o perigo.<br />
Esta redacção continúa a receber as assignaturas<br />
dos indivíduos que queiram contribuir<br />
para um melhoramento tão importante,<br />
que, sem duvida, ha <strong>de</strong> <strong>de</strong>smentir com factos,<br />
os receios que a principio foram a causa <strong>de</strong><br />
se ter addiado o seu funccionamento.<br />
Oxalá que o elevador seja o ponto <strong>de</strong><br />
partida para que esta cida<strong>de</strong> encontre, nos<br />
seus habitantes o estimulo e a <strong>de</strong>dicação precisa<br />
a po<strong>de</strong>rem dar-lhes os melhoramentos<br />
indispensáveis, e a levantal-a na importancia<br />
material que <strong>de</strong>ve ter, quem se pavoneia <strong>de</strong><br />
terceira cida<strong>de</strong> do reino.<br />
São estes, os nossos votos — estas, as<br />
nossas aspirações.<br />
E que todos os conimbricenses d'ellas compartilhem.<br />
•<br />
Logo que possamos dispor <strong>de</strong> espaço,<br />
daremos umas notas circumstanciadas e elucidativas,<br />
ácerca da <strong>de</strong>speza necessaria para<br />
a exploração do caminho <strong>de</strong> ferro funicular,<br />
em plano inclinado, <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>; além <strong>de</strong><br />
outras disposições <strong>de</strong> caracter administrativo,<br />
que mais hão <strong>de</strong> convencer os nossos leitores<br />
e o publico das vantagens do elevador,<br />
e da previ<strong>de</strong>ncia do sr. Mesnier, que soube<br />
evitar que a administração da companhia se<br />
converta em provento e conezia <strong>de</strong> futuros<br />
directores.<br />
Premio «Sousa Pinto»<br />
Este acto <strong>de</strong> benemerencia, que commemora<br />
o nome iliustre d^ste eminente professor<br />
e honrado cidadão, iniciado por sua extremosa<br />
filha, senhora <strong>de</strong> altos sentimentos<br />
civicos — está merecendo os louvores <strong>de</strong> todos,<br />
quem tão nobremente consagra a memoria<br />
<strong>de</strong> seu iliustre pae.<br />
Decidiu a direcção da socieda<strong>de</strong> Philantropico-Aca<strong>de</strong>mica,<br />
encarregada <strong>de</strong> cumprir<br />
esta doação, conce<strong>de</strong>r o premio Sousa Pinto<br />
— ao laureado estudante <strong>de</strong> medicina, sr,<br />
Jayme Corrêa <strong>de</strong> Sousa, que no ultimo anno<br />
lectivo obteve classificação superior. Também<br />
a Philantropica lhe estabeleceu um subsidio<br />
mensal.<br />
Os estudantes protegidos, este anno, para<br />
pagamento <strong>de</strong> matriculas e propinas, são os<br />
srs.: — Albino Joaquim Gomes e Sergio Augusto<br />
Parreira, do i.° anno <strong>de</strong> medicina; Manuel<br />
Augusto d'Andra<strong>de</strong>, do 2.°anno <strong>de</strong> theologia;<br />
e Alfredo Moraes d^lmeida, do 3."<br />
anno da mesma faculda<strong>de</strong>.<br />
Foi approvado, que em nome da aca<strong>de</strong><br />
mia <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> — por ser a única socieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> estudantes constituída — se enviasse uma<br />
mensagem <strong>de</strong> pezames á viuva do gran<strong>de</strong><br />
sábio, sr. Pasteur.<br />
«Sá, <strong>de</strong> Miranda e a sua obra»<br />
Apparecerá brevemente um estudo biographico<br />
e critico do redactor do Repórter,<br />
sr. Décio Carneiro (Decar), commemorando<br />
o 4. 0 centenário do notável poeta conimbricense,<br />
Sá <strong>de</strong> Miranda, que introduziu e propagou<br />
a escóla classico-italeina em Portugal.<br />
Esta obra constará <strong>de</strong> 800 paginas, em<br />
4. 0 francez e magnifico papel, sendo o seu<br />
preço <strong>de</strong> 400 réis.<br />
Tuna académica<br />
Em breve <strong>de</strong>ve começar os trabalhos <strong>de</strong><br />
reconstituição da antiga é applaudida Tuna<br />
académica que o anno passado tanto nos <strong>de</strong>liciou<br />
com os seus concertos.<br />
O pratico, ao vêr o oflicial, perguntoulhe:<br />
— Então que or<strong>de</strong>nou o commandante ?<br />
— Uma tolice; mandou proseguir na bordada.<br />
O jxibre homem ficou aterrado e foi procurar<br />
Carlos:<br />
— Então, senhor immediato, o que me<br />
diz?<br />
— Nada o commandante teima, e eu já<br />
he observei o que tínhamos a fazer, não<br />
quiz acceitar as minhas i<strong>de</strong>ias; a responsabilida<strong>de</strong><br />
é d'elle.<br />
— Mas, senhor, redarguiu elle, torcendo<br />
as mãos com <strong>de</strong>sespero, attenda vossa mercê,<br />
que estamos entre a vida e a morte! Entre<br />
o abysmo e a salvação! Se não mudámos<br />
<strong>de</strong> rumo, estamos perdidos.<br />
João Traquete approximou-se <strong>de</strong> Carlos<br />
e disse-lhe:<br />
— Eu não me importa morrer, mas ir<br />
assim para o charco é que não tem geito.<br />
Aquelles pobres diabos apontou para a tribulação,<br />
não sabem nada, senão já tinham<br />
atirado com o commandante pelo portalô<br />
fóra. Quem diz, senhor Carlos?<br />
— Digo que és mestre marinheiro, e tens<br />
obrigação <strong>de</strong> sustentar a disciplina.<br />
João encolheu os hombros e retirou-se,<br />
dizendo:<br />
— Sempre o mesmo! Sempre escravo do<br />
seu <strong>de</strong>ver?<br />
Cumprimento<br />
Pelo nosso prezado collega — O Povo da<br />
Figueira sabemos que o extremoso pae do<br />
energico redactor d^quella folha republicana,<br />
sr. Ama<strong>de</strong>u Sanches Barretto está completamente<br />
restabelecido do <strong>de</strong>sastre succedido na<br />
linha ferrea <strong>de</strong> oeste.<br />
Muito nos regosija o facto, e ainda que<br />
tardiamente, vimos apresentar-lhe os nossos<br />
cumprimentos.<br />
- O<br />
O lyceu <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />
Por muito tempo a imprensa fez as suas<br />
reclamações contra o estado <strong>de</strong>gradante em<br />
que se encontravam as pare<strong>de</strong>s do lyceu<br />
on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>pravação <strong>de</strong> garotos estava impressa<br />
em obscenida<strong>de</strong>s; mas é certo, que, apesar<br />
dos seus esforços, só ha um mez as pare<strong>de</strong>s<br />
foram caiadas, <strong>de</strong>sapparecendo aquella vergonha,<br />
que esteve a attestar bem frizantemente,<br />
a incúria e o <strong>de</strong>sleixo da reitoria<br />
passada.<br />
Outro tanto não succe<strong>de</strong> agora; o novo<br />
reitor já requisitou policia ao sr. commissario,<br />
para terminar com os abusos <strong>de</strong> toda a<br />
casta que alli se praticavam e evitar que a<br />
garotada prosiga na obra <strong>de</strong> immoralida<strong>de</strong>.<br />
Fazem o serviço <strong>de</strong> policia ao lyceu, tres<br />
guardas, que hão <strong>de</strong> conter os díscolos, acabando<br />
o divertimento das troças aos caloiros,<br />
que se fazia todos os annos, no meio da<br />
maior indifferença do antigo director d'aquelle<br />
estabelecimento.<br />
Honra seja feita ao sr. dr. Pereira Guimarães,<br />
que em breves dias conseguiu manter<br />
a disciplina no lyceu, que ha tantos annos<br />
era lettra morta.<br />
Triste<br />
E <strong>de</strong>veras para sentir que alguns académicos<br />
não <strong>de</strong>ixem <strong>de</strong> continuar com as tradicionaes<br />
troupes, para que não nos vejamos,<br />
como hoje, obrigados a reclamar provi<strong>de</strong>ncias<br />
ao sr. reitor e ao sr. commissario <strong>de</strong><br />
policia, que, segundo nos consta, já está inteirado<br />
do que se passou.<br />
Realmente, o caso ultimamente succedido<br />
é para lastimar, pois temos uma <strong>de</strong>sgraça<br />
mais a accrescentar ás muitas, que já tem<br />
havido com tal brinca<strong>de</strong>ira e que todos os<br />
annos acontecem no meio da indifferença das<br />
auctorida<strong>de</strong>s, tanto académicas como'civis.<br />
N'uma das noites passadas o sr. padre<br />
Motta, alumno laureado ao 3.° anno <strong>de</strong> mathematica,<br />
seguia acompanhado dum novato<br />
quando foram suprehendidos por uma troupe.<br />
Não sabemos bem o que se passou mas<br />
o resultado foi o sr. padre Motta receber<br />
uma valente mocada na cabeça.<br />
Isto que <strong>de</strong>ixamos dito é bastante para<br />
que as auctorida<strong>de</strong>s competentes, informadas<br />
do assumpto, se compenetrem do seu <strong>de</strong>ver.<br />
Theatro príncipe real<br />
Continuam a merecer a sympathia do<br />
publico os espectáculos da companhia lyricodramatica,<br />
dirigida pela distincta actriz Dora<br />
Lambertini.<br />
Hoje teremos a celebre operetta, em 3<br />
actos, M. elle Nitouche.<br />
Agouramos uma enchente e muitas palmas<br />
aos dois irmãos Giorgio Lambertini,<br />
uma intelligente e interessante creanca e á<br />
gentil Dora.<br />
A operetta M. elle Nitouche é muito engraçada<br />
e a musica é alegre, tendo também<br />
situações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> effeito.<br />
Eram quatro horas da madrugada, o temporal<br />
não abrandava; o vento assobiava pelo<br />
arvoredo e a fragata gemia; os trovões eram<br />
medonhos, e toda a marinhagem estava aterrada.<br />
A sentinella da camara assim que a ampulheta<br />
acabou, disse em voz alta:<br />
— Acabou-se a ampulheta! Cabo <strong>de</strong><br />
quarto, são oito.<br />
O cabo disse para o official:<br />
— São oito, senhor tenente.<br />
— Toque, respon<strong>de</strong>u elle, ronda! São<br />
oito, corra o sino.<br />
O sino tocou, e toda a gente veiu para cima.<br />
Nesta occasião porém o official <strong>de</strong> quarto<br />
e o pratico insistiram para se mudar <strong>de</strong><br />
rumo; Carlos foi á camara ter com o commandante.<br />
— Boas noites, senhor commandante.<br />
— Boas noites, senhor immediato, respon<strong>de</strong>u<br />
elle bruscamente.<br />
— Commandante, o pratico diz que <strong>de</strong>vemos<br />
virar ao sul, quando não, encalhamos.<br />
— Ora essa, senhor immediato! Pois<br />
também o senhor tem medo?<br />
— Eu não tenho medo, respon<strong>de</strong>u elle,<br />
mas affrontar o mar com o tempo que está,<br />
é temerida<strong>de</strong>... E nós somos responsáveis<br />
pelas vidas dos súbditos <strong>de</strong> sua magesta<strong>de</strong> e<br />
pela sua fragata...<br />
— Não lhe admitto conselhos, dê-os a<br />
quem lh'os pedir. Aon<strong>de</strong> está a proa ?<br />
Domingo, 20 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1895— N.° 50<br />
Associação dos Artistas<br />
Terminaram as matriculas para as aulas<br />
nocturnas d^sta socieda<strong>de</strong>, inscrevendo-se os<br />
seguintes alumnos :<br />
Menores <strong>de</strong> 8 a i5 annos io3<br />
Adultos <strong>de</strong> 16 a 20 annos 26<br />
Ditos <strong>de</strong> 20 a 3o annos 12<br />
Ditos <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 3o annos 8<br />
149<br />
O professor, sr. João da Costa Mello, é<br />
incansavel no ensino e no anno lectivo ultimo<br />
preparou para exame <strong>de</strong> instrucção primaria<br />
no lyceu d'esta cida<strong>de</strong>, os seguintes examinandos<br />
que frequentaram esta aula:<br />
Luiz Duarte Craveiro, <strong>de</strong> 10 annos.<br />
José Rodrigues Marques, <strong>de</strong> i3 annos.<br />
José Alves dos Santos, <strong>de</strong> 23 annos.<br />
José Augusto da Cunha, <strong>de</strong> 35 annos.<br />
Arrematação da carne<br />
Os marchantes fizeram gréve e não houve<br />
concorrentes á arrematação das carnes ver<strong>de</strong>s,<br />
porisso que a camara municipal resolveu<br />
em sessão estabelecer talhos municipaes para<br />
as vendas ao publico.<br />
A resolução não podia ser outra; bom<br />
será que a camara a mantenha e não se dê<br />
com osjalhos, o que se está dando com a<br />
concessão do matadouro.<br />
Havemos <strong>de</strong> fallar no assumpto para o<br />
proximo numero.<br />
Bitoliothecario<br />
Foi nomeado provisoriamente para o logar<br />
<strong>de</strong> bibliothecario da <strong>Universida<strong>de</strong></strong>, o sr.<br />
dr. Francisco Martins, professor da faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Theologia, vago pela ausência do<br />
sr. dr. José Maria Rodrigues, que foi tomar<br />
posse do logar <strong>de</strong> reitor do lyceu <strong>de</strong> Lisboa.<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />
Foram distribuídas vagas aos novos lentes<br />
<strong>de</strong> medicina da seguinte fórma: ao sr.<br />
dr. Lucio Martins da Rocha a <strong>de</strong> pathologia<br />
interna —ao sr. dr. Francisco Basto a <strong>de</strong><br />
physiologia especial.<br />
Nova associação<br />
Reuniram-se alguns constructores civis<br />
para organisarem uma associacão <strong>de</strong> soccorros<br />
aos operários, inutilisados'pelos aci<strong>de</strong>ntes<br />
do trabalho.<br />
A reunião foi nas salas do Grémio Operário<br />
e oxalá que consigam levar a bom<br />
termo os seus esforços, dignos <strong>de</strong> todos os<br />
louvores.<br />
Queixa<br />
Somos informados por um bilhete postal<br />
<strong>de</strong> que um conhecido mestre d'obras, por<br />
questões <strong>de</strong> familia, bater.a nYim seu aprendiz<br />
<strong>de</strong> carpinteiro, filho do sr. Sebastião <strong>de</strong><br />
Mattos.<br />
Pe<strong>de</strong>m-nos para lembrarmos a esse senhor<br />
que não só a lei protege os menores, não<br />
permittindo castigos corporaes, mas que a<br />
moralida<strong>de</strong> d'um chefe <strong>de</strong> familia obriga a<br />
não espancar filhos d'outrem, <strong>de</strong>mais quando<br />
o rapaz não foi castigado por faltas ou erros<br />
no trabalho.<br />
Carlos teve <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> o esganar, mas<br />
conteve-se e respon<strong>de</strong>u-lhe:<br />
— Está a noroeste, quarta <strong>de</strong> éste.<br />
— Quanto <strong>de</strong>ita a fragata?<br />
— Tres milhas, é como se estivesse <strong>de</strong><br />
capa.<br />
— Então não tenha medo, senhor immediato,<br />
prosiga na mesma amura, porque ainda<br />
nos resta muito que correr.<br />
Carlos, que conhecia o perigo, ficou como<br />
fulminado, e esteve para lhe queimar os miolos<br />
ou pen<strong>de</strong>l o e tomar o commando do<br />
navio; mas era um acto <strong>de</strong> insubordinação,<br />
que não podia praticar.<br />
A tripulação guardava profundo silencio,<br />
e a fragata <strong>de</strong>scaía visivelmente.<br />
0( pratico passeava na coberta como<br />
louco! Chegou á amurada e <strong>de</strong>brucou-se na<br />
occasião em que as nuvens, rasgando-se,<br />
pareciam uma cratera. Ao clarão do relampago,<br />
porém, conheceu que a fragata ía encalhar,<br />
retirou-se, e bradou com exaltação<br />
febril do <strong>de</strong>sespero:<br />
— Vira! Vira <strong>de</strong> rumo que encalhamos!<br />
Não teve tempo para dizer mais. Um<br />
choque violento, um estrondo sinistro e pavoroso<br />
se ouviu. A fragata adornou a sotavento!<br />
A ma<strong>de</strong>ira estalou, os cabos quebraram,<br />
e a tripulação ajoelhou pedindo misericórdia<br />
!<br />
f Continua.)