SETE-SÓIS E SETE-LUAS: UMA HISTÓRIA DE ... - Unisalesiano

Passados três anos, o Padre Bartolomeu Lourenço voltou da Holanda e
vai a Coimbra, onde iria aprofundar seus estudos e formar-se doutor. O padre,
também, procurou pelo casal e os encontrou em Mafra. Conversando sobre a
passarola, contou o que aprendeu na Holanda, o padre explicou aos dois que o
éter que fará a passarola voar fica dentro das pessoas, é a vontade de viver
que elas têm dentro de si, e este éter colocado na passarola seria atraído pelo
sol, fazendo a máquina subir e voar.
O padre pediu, então, a Blimunda que usasse o seu dom de ver as
pessoas por dentro, para ver quem está deixando a vontade escapar e, nesse
momento, recolhê-la em um pote, para mais tarde usarem na passarola.
Baltasar e Blimunda retornaram a Lisboa. Ela com o objetivo de recolher
vontades e ele de continuar a construção da máquina de voar.
Certo dia, quando Blimunda foi à igreja e recebeu a hóstia, ela percebeu
que o que estava dentro da Eucaristia é a mesma coisa que está dentro dos
homens; e fica decepcionada, pois achava que seria algo divino e não dos
homens.
Em Mafra, iniciaram-se as festividades de inauguração da construção do
convento, foi depois delas que os operários realmente começaram a trabalhar.
Baltasar e Blimunda, assim como muitas outras pessoas, estiveram presentes
nessa festa, e depois retornaram para Lisboa para continuar trabalhando na
passarola.
Nessa época, o padre disse para Blimunda que seriam necessárias
aproximadamente duas mil vontades para que a passarola levantasse voo e ela
só tinha conseguido trinta, por enquanto. Ele sugeriu que ela fosse à procissão
do Corpo de Deus e recolhesse o máximo que pudesse. Próximo ao dia da
procissão, Blimunda perdeu o seu poder visionário, devido à mudança da lua.
Só depois que tudo já acabara é que ela voltou a enxergar por dentro das
pessoas, deixando de conseguir várias vontades.
Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão tornou-se doutor em cânones.
O maestro Domenico Scarlatti estava em Portugal para dar lições de música
para a infanta D. Maria Bárbara. O padre ficou conversando com Scarlatti após
uma das lições. Nesta conversa, o padre convidou o músico para ver a
passarola. Então, Domenico Scarlatti foi à S. Sebastião da Pedreira,
apresentando-se a Baltasar e Blimunda e conheceu a máquina de voar.
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