20.04.2013 Views

SETE-SÓIS E SETE-LUAS: UMA HISTÓRIA DE ... - Unisalesiano

SETE-SÓIS E SETE-LUAS: UMA HISTÓRIA DE ... - Unisalesiano

SETE-SÓIS E SETE-LUAS: UMA HISTÓRIA DE ... - Unisalesiano

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Amor assim não se via entre o rei e a rainha, e nem mesmo confiança,<br />

como mostra o trecho: “Dizem que vai agastada por não querer D. João V<br />

confiar-lhe o governo do reino, realmente não está bem desconfiar assim um<br />

marido de sua mulher, são resistências da ocasião, [...].” (SARAMAGO, 2010,<br />

p. 111)<br />

Blimunda é o motivo pelo qual Baltasar continua tendo forças para viver,<br />

pois a morte do padre “[...] foi um abalo muito grande, como um terramoto<br />

profundo que lhe tivesse rachado os alicerces, [...]” (SARAMAGO, 2010, p.<br />

224) e com isso ele começou a beber, mas não se embriagava, pois sentia<br />

como se Blimunda tivesse ao seu lado, pedindo-o para parar, e ele parava,<br />

porque, por ela, ele fazia tudo.<br />

Nem a morte de um filho não deixava o casal rei e rainha tão abalados<br />

como estava Baltasar, acrescentando que o motivo da morte foi por falta de<br />

dedicação e cuidados: “querendo Deus, qualquer causa de morte serve, a que<br />

levará o herdeiro da coroa de Portugal será o tirarem-lhe a mama, [...].”<br />

(SARAMAGO, 2010, p. 103)<br />

Baltasar não abandonou a passarola, continuou indo visitá-la de vez em<br />

quando no local que havia pousado. Além de se sentir bem estando junto<br />

àquela máquina, ele também cuidava dela, para que o desgaste do tempo não<br />

a arruinasse. Levou consigo Blimunda uma vez, por insistência desta que<br />

sentia que devia aprender o caminho e, chegando lá, tiveram uma linda noite<br />

de amor, porque para eles não havia hora nem lugar, bastavam suas vontades.<br />

Mesmo tão ativos sexualmente, não tiveram filhos, “Talvez porque<br />

tenham descoberto a plenitude no encontro a dois, priorizando o erotismo e<br />

não a fertilidade, [...]” (SILVA, 1989, p. 84); a isso, opõem-se o rei e a rainha,<br />

que só se encontravam sexualmente para fins procriativos e fica evidente a<br />

desvalorização da mulher, “[...] é o caso da rainha, devota parideira que veio ao<br />

mundo só para isso, ao todo dará seis filhos, [...].” (SARAMAGO, 2010, p.108)<br />

Sete-Sóis e Sete-Luas são eternos namorados, mesmo com certa idade,<br />

ainda prezam momentos de demonstração de carinho e juras de amor, como<br />

ele faz neste trecho: “Terra, que bela é Blimunda.” (SARAMAGO, 2010, p. 259)<br />

Quando foram visitar a passarola, foram de mãos dadas durante o caminho, ela<br />

foi enfeitando os lugares por onde passaram, como se aquele amor<br />

contagiasse tudo a sua volta e, ao chegarem, trabalharam juntos nos consertos<br />

48

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!