SETE-SÓIS E SETE-LUAS: UMA HISTÓRIA DE ... - Unisalesiano
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morte que polarizam a vida de Baltasar e Blimunda – do primeiro encontro e do<br />
nascimento e dois até ao encontro final no momento da morte.” (SILVA, 1989,<br />
p. 47)<br />
O MC apresenta uma visão irônica e, ao mesmo tempo, realista do<br />
catolicismo da época, em Portugal, onde clero tinha uma vida de hipocrisia e<br />
libertinagem. Entre o grande número de religiosos, em Portugal, poucos o eram<br />
por opção feita e, dentre estes muitos acabavam sendo corrompidos. E os<br />
leigos aproveitavam as festas religiosas para realizarem seus desejos carnais.<br />
Toda a obra constrói-se da tensão entre o sagrado e o profano. Como<br />
exemplo, as obras criadas pelo homem: a passarola e o convento. Na primeira,<br />
temos o desejo pelo desconhecido, pelo domínio do ar. Na segunda, está<br />
investido um caráter religioso, apesar das dores e perdas para sua construção.<br />
A heresia, também, está presente no discurso utilizado pelo narrador,<br />
que, em todos os momentos, apresenta-se irônico e cético diante dos milagres<br />
vistos pelos homens. Adquire uma postura questionadora, em face a<br />
necessidade do convento, apresentando dúvida no milagre ocasionado da<br />
promessa do rei. “Agora não vá dizer que, por segredos de confissão<br />
divulgados, souberam os arrábidos que a rainha estava grávida antes mesmo<br />
que ela o participasse ao rei.” (SARAMAGO, 2010, p.26)<br />
Podemos caracterizar a narração como paródica e questionadora às<br />
ideias que são vistas como inquestionáveis, sendo elas de origem literária,<br />
histórica ou bíblica. Concedendo o poder de fazer milagres aos homens, e não<br />
a Deus.<br />
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