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Número 69 - Portal das Finanças

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As Alfândegas de Cabo Verde podem ser considera<strong>das</strong><br />

um caso de síntese, de sucesso, entre sistemas<br />

de controlo (virados para evitar fugas ao cumprimento<br />

<strong>das</strong> obrigações), esquemas de facilitação<br />

(virados para o incremento da fluidez <strong>das</strong> trocas<br />

comerciais) e de mecanismos especiais (virados<br />

para a atracção de investimentos, manutenção dos<br />

níveis <strong>das</strong> remessas familiares e para o posicionamento<br />

como paraíso para reformados estrangeiros).<br />

Essa síntese só se tornou possível diante da consciência<br />

que o Estado e os cidadãos ganharam de que,<br />

por agora, não se poderá abrir mão <strong>das</strong> receitas<br />

deriva<strong>das</strong> dos impostos de porta; que fazer parte<br />

do clube mundial dos operadores do comércio internacional<br />

se tornou um desígnio nacional; e quão<br />

estratégico é, para o desenvolvimento, tanto o reforço<br />

dos laços que unem os nacionais residentes<br />

no estrangeiro ao torrão natal, como a criação de<br />

condições para que reformados estrangeiros residam<br />

nas ilhas, canalizando para lá as respectivas<br />

pensões de reforma.<br />

O desafio acrescido que é compatibilizar a facilitação<br />

do comércio e a outorga de incentivos fiscais<br />

com a necessidade de apertado controlo fiscal, só<br />

é (e poderá continuar a ser) vencido, graças a uma<br />

intrincada rede de cooperação bi e multilateral<br />

(com Portugal, Brasil, França, Senegal, CPLP, UE,<br />

CEDEAO, CNUCED, etc.).<br />

Para dar uma ideia <strong>das</strong> riquezas e do funcionamento<br />

<strong>das</strong> Alfândegas cabo-verdianas e da cooperação<br />

existente (bi e multi-lateral, com destaque para as<br />

parcerias existentes com Portugal e na CPLP) este<br />

trabalho organizar-se-á da forma seguinte:<br />

I. Abordagem <strong>das</strong> idiossincrasias <strong>das</strong> Alfândegas<br />

cabo-verdianas;<br />

II. Um descritivo dos desafios da integração na<br />

economia mundial (adesão à OMC) e integração<br />

regional (CEDEAO);<br />

III. O papel da cooperação na operacionalização<br />

dos planos e projectos e na projecção do futuro.<br />

I. IDIOSSINCRASIAS<br />

Cabo Verde é um país composto de 10 ilhas e vá-<br />

(*) Director-Geral <strong>das</strong> Alfândegas de Cabo Verde.<br />

ALFÂNDEGAS DE CABO VERDE<br />

Idiossincrasias, Integração e Cooperação<br />

por Marino Andrade (*)<br />

rios ilhéus e ilhotas. O facto de os ilhéus, as ilhotas<br />

e uma <strong>das</strong> ilhas ser deserta, torna a tarefa de<br />

isolamento do território fiscal cabo-verdiano uma<br />

missão à altura do semi-deus Hércules.<br />

A população residente no território, segundo o censo<br />

de 2000, andava à volta dos 550.000 habitantes.<br />

Na diáspora, tida como a 11ª ilha do arquipélago e<br />

dispersa por 4 continentes, há mais cabo-verdianos<br />

do que no território nacional.<br />

Considerando as fortes ligações afectivas e económicas<br />

que os nacionais cabo-verdianos não residentes<br />

no território (daqui para frente referidos como<br />

NNR) mantêm com a terra mãe, fica reservado à<br />

Administração Aduaneira um papel importantíssimo<br />

na manutenção e reforço de tais laços. Para<br />

cumprir um tal papel, foram adopta<strong>das</strong> diversas<br />

medi<strong>das</strong> que outorgam tratamentos de excepção,<br />

preferenciais, virados para a diáspora:<br />

- Isenção de direitos e demais imposições na importação<br />

de um veículo automóvel ligeiro e de<br />

todos os bens pessoais e de equipamentos (mobiliário,<br />

instrumentos, ferramentas e máquinas-ferramentas<br />

liga<strong>das</strong> à profissão), quando regressam<br />

definitivamente ao país;<br />

- Regime especial e tributação forfaitaire para as remessas<br />

para os familiares residentes, sem carácter<br />

comercial;<br />

- Franquia para remessas até limites pré-determinados.<br />

Na senda da atracção de divisas, sempre muito importantes<br />

para um país com um deficit estrutural<br />

grave na balança de transacções, foi aprovada uma<br />

medida legislativa que concede um pacote de incentivos<br />

fiscais a reformados estrangeiros (RE) que<br />

escolham viver seus últimos dias em Cabo Verde,<br />

à condição de assegurarem a transferência <strong>das</strong> respectivas<br />

pensões para o seu novo local de residência.<br />

A gestão de grande parte desses incentivos é<br />

feita pelas alfândegas.<br />

Por outro lado, passando o projecto de desenvolvimento<br />

do país pela atracção de investimentos e<br />

tendo a indústria ligeira sido considerada uma <strong>das</strong><br />

vias para atingir o referido desiderato, foram aprovados<br />

pacotes de incentivos fiscais, grande parte<br />

dos quais geridos pelas alfândegas:<br />

- Código de Investimentos (hoje ainda um conjun-<br />

Revista Aduaneira [ALFÂNDEGA] 9

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