ESCOLAS NOCTURNAS NO CEARÁ: Ações de combate ao
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educacionais que as promoviam, tendo como objeto os impactos do Programa Recomeço 6<br />
para a educação local. No momento em que o foco da promoção da EJA se dava<br />
principalmente no âmbito municipal, a análise <strong>de</strong>ssa experiência revestia-se <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
importância, pois contribuiria para a melhor compreensão das ações, possibilitando<br />
vislumbrar os avanços, os limites e os caminhos para assegurar a construção <strong>de</strong> uma política<br />
municipal <strong>de</strong> EJA.<br />
A consciência <strong>de</strong> que a EJA <strong>de</strong>veria ser vista enquanto política pública era para mim,<br />
<strong>de</strong>sta forma, cada vez mais clara e, portanto, merecedora <strong>de</strong> uma investigação mais <strong>de</strong>nsa. As<br />
diversas experiências vivenciadas no cotidiano <strong>de</strong> meu trabalho junto a professores, alunos e<br />
gestores e os inúmeros questionamentos levantados fortaleciam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> continuar<br />
estudando a EJA, sendo a Universida<strong>de</strong> o espaço preferêncial.<br />
Busquei o Curso <strong>de</strong> Mestrado Acadêmico em Educação, do Centro <strong>de</strong> Educação da<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual do Ceará, na qual, a partir do ingresso na Linha <strong>de</strong> Pesquisa Política<br />
Educacional, Memória e Formação Docente, fui <strong>de</strong>safiada a encontrar respostas <strong>ao</strong>s<br />
questionamentos postos à Educação <strong>de</strong> Adultos em outro contexto histórico. Assim, voltei às<br />
leituras sobre História da Educação Brasileira, buscando um momento, um fato, um<br />
acontecimento que pu<strong>de</strong>sse se tornar um novo objeto <strong>de</strong> estudo.<br />
Dirigi-me <strong>ao</strong>s anos finais do século XIX, <strong>ao</strong>s primeiros momentos <strong>de</strong> implantação do<br />
regime republicano, e percebi uma “raiz” para muitos dos questionamentos feitos na<br />
contemporaneida<strong>de</strong>. Mesmo tendo a clareza da ina<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> se fazer uma relação simplista<br />
<strong>de</strong> causa-feito no processo histórico, percebi naquele momento que, apesar do analfabetismo<br />
estar presente <strong>ao</strong> longo <strong>de</strong> toda a história do Brasil, este só foi reconhecido como problema<br />
social naquele período, com a difusão dos i<strong>de</strong>ais liberais que o <strong>de</strong>nunciaram como “a gran<strong>de</strong><br />
chaga” do País 7 .<br />
Foi justamente no cenário da Primeira República (1889 - 1930) que a questão da<br />
instrução das camadas populares tomou <strong>de</strong>staque nas discussões e <strong>de</strong>bates travados entre a<br />
elite brasileira, figurando como peça essencial para a construção <strong>de</strong> uma nova socieda<strong>de</strong>, mais<br />
<strong>de</strong>mocrática e evoluída intelectual e economicamente. Imbuídos dos preceitos do liberalismo<br />
6 Intitulado como Programa Recomeço – Supletivo <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong>, o programa foi criado em 2001 e atuava como<br />
apoio <strong>ao</strong>s Estados e Municípios que <strong>de</strong>senvolvessem experiências na área da educação fundamental <strong>de</strong> jovens e<br />
adultos..<br />
7 Conferir Nagle (2001), Freire (1989) e Paiva (1987).<br />
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