ESCOLAS NOCTURNAS NO CEARÁ: Ações de combate ao
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proclamação que, mesmo existindo um partido republicano, foi promovida pelo exército<br />
(BASBAUM, 1986, p: 14).<br />
Assumiu o po<strong>de</strong>r o Marechal Deodoro da Fonseca, oficial que esteve por toda sua<br />
vida <strong>ao</strong> lado do Imperador e que então se fazia <strong>de</strong> “novo republicano”. Este, em uma atitu<strong>de</strong><br />
anti<strong>de</strong>mocrática, dissolveu o recém-formado Congresso como represália à oposição feita <strong>ao</strong><br />
seu governo, fato que lhe levou à renúncia meses <strong>de</strong>pois.<br />
Percebe-se que a idéia <strong>de</strong> se instalar uma República no Brasil não estava ainda<br />
disseminada em toda a população. Nos momentos que a antece<strong>de</strong>ram, os i<strong>de</strong>ais republicanos<br />
eram <strong>de</strong>fendidos apenas por uma pequena burguesia urbana, estando o povo alheio e<br />
indiferente, “preocupado com seus pequeninos problemas diários” (Ib.i<strong>de</strong>m, p: 16).<br />
A queda da Monarquia representou muito mais que uma mudança <strong>de</strong> regime<br />
político, significando também uma troca <strong>de</strong> classes no po<strong>de</strong>r. A República trouxe em si os<br />
i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e progresso almejados pelos novos setores da socieda<strong>de</strong> enriquecidos<br />
pela expansão da cultura do café e pelo progresso industrial dos centros urbanos do su<strong>de</strong>ste do<br />
País. Estes <strong>de</strong>mandavam uma maior participação nas <strong>de</strong>cisões políticas, orientadas até então<br />
pelos interesses dos latifundiários, <strong>de</strong> forma a proporcionar as condições econômicas para o<br />
seu crescimento.<br />
A aristocracia rural, latifundiária, o governo dos senhores <strong>de</strong> engenho,<br />
essencialmente agrícola, fora <strong>de</strong>rrubada. Assumira o po<strong>de</strong>r um governo<br />
heterogêneo <strong>de</strong> homens que, pela sua formação e relações econômicas, sociais e<br />
culturais, se achavam vinculados umbilicalmente às classes urbanas, entre as quais<br />
os militares constituíam um setor senão o mais importante em números pelo menos<br />
o mais forte e homogêneo e que, além disso, dispunha <strong>de</strong> arma. (Ib.i<strong>de</strong>m, p: 33).<br />
Esta relação entre fazen<strong>de</strong>iros do café, a classe média urbana e os militares não se<br />
<strong>de</strong>u <strong>de</strong> forma pacífica durante o período da Primeira República 30 , existindo ali certa troca <strong>de</strong><br />
30 Basbaum divi<strong>de</strong> o período <strong>de</strong> 1889 a 1930 entre Primeira República ou a “República das espadas”, como<br />
sendo relativo <strong>ao</strong>s governos <strong>de</strong> Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Em seguida veio o que chamou <strong>de</strong><br />
Segunda República ou o “reinado do café” como sendo as três décadas seguintes em que o po<strong>de</strong>r esteve nas<br />
mãos da aristocracia rural do café. Adota-se, no entanto, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Primeira República para todo esse<br />
espaço temporal. Sobre o período <strong>de</strong> cada Presi<strong>de</strong>nte da República <strong>de</strong>sta fase ver Relação em apêndice II (p:<br />
169).<br />
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