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ESCOLAS NOCTURNAS NO CEARÁ: Ações de combate ao

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Antes <strong>de</strong> qualquer coisa, todavia, esta foi uma pesquisa <strong>de</strong> caráter historiográfico,<br />

cuja perspectiva teórica estava fundamentada nas orientações do movimento da História<br />

Nova 22 , por proporcionarem uma renovação na forma <strong>de</strong> se enten<strong>de</strong>rem e registrarem os<br />

diversos acontecimentos ocorridos <strong>ao</strong> longo dos tempos.<br />

Particularmente para a História da Educação, a principal contribuição trazida pela<br />

História Nova foi a concepção ampliada <strong>de</strong> documento. Conforme Le Goff (1996),<br />

documentos são vestígios <strong>de</strong>ixados pelos homens e, portanto, são produtos da socieda<strong>de</strong> que<br />

os fabricou, <strong>de</strong> acordo com <strong>de</strong>terminadas relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Eles nada revelam por si mesmos,<br />

embora permitam construir interferências e rever concepções já existentes. Para o autor<br />

o documento não é inócuo. É antes <strong>de</strong> mais nada o resultado <strong>de</strong> uma montagem,<br />

consciente ou inconsciente, da história, da época, da socieda<strong>de</strong> que o produziram,<br />

mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez<br />

esquecido, durante os quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio.<br />

(LE GOFF, 1996, p: 547)<br />

Os documentos válidos para a compreensão e a escrita da História não são mais<br />

apenas ofícios, cartas, textos ou outro tipo <strong>de</strong> escrito produzido oficialmente, mas todo e<br />

qualquer registro concreto da ação humana, seja ele expresso na forma <strong>de</strong> documento<br />

numérico ou estatístico, <strong>de</strong> reprodução <strong>de</strong> imagem e som, objetos ou mesmo aqueles<br />

configurados na forma impressa. Todos os meios são agora empregados para vencer as<br />

lacunas e os silêncios das fontes. (REIS, 2000, p: 37)<br />

O “novo” documento, ressalta Le Goff (1996), alargado para além dos textos<br />

tradicionais, <strong>de</strong>ve ser tratado como um documento/monumento por não ser neutro e que, por<br />

isso mesmo, <strong>de</strong>verá ser abordado como material <strong>de</strong>terminado por sua época.<br />

O documento é monumento. Resulta do esforço das socieda<strong>de</strong>s históricas para<br />

impor <strong>ao</strong> futuro - voluntária ou involuntariamente – <strong>de</strong>terminada imagem <strong>de</strong> si<br />

próprias. No limite, não existe um documento-verda<strong>de</strong>. Todo documento é<br />

mentiroso. Cabe <strong>ao</strong> historiador não fazer o papel <strong>de</strong> ingênuo (...). É preciso começar<br />

22 O movimento intelectual que ficou conhecido como a Escola dos Annales surgiu em fins da década <strong>de</strong> 1920<br />

como oposição às orientações tradicionais dos positivistas até então dominante também no campo da História.<br />

Sua trajetória po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrita segundo seus analistas como sendo dividida em fases distintas caracterizadas pela<br />

<strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> uma construção racional <strong>de</strong> uma história totalizante que foi também questionada por seus teóricos mais<br />

contemporâneos, propondo assim o que auto<strong>de</strong>nominaram <strong>de</strong> uma “História Nova” (SAVIANI, 2000, p: 9).<br />

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