ESCOLAS NOCTURNAS NO CEARÁ: Ações de combate ao
ESCOLAS NOCTURNAS NO CEARÁ: Ações de combate ao
ESCOLAS NOCTURNAS NO CEARÁ: Ações de combate ao
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Segundo a Mensagem do Presi<strong>de</strong>nte João Thomé <strong>de</strong> Sabóia e Silva 19 , o número <strong>de</strong><br />
salas noturnas <strong>de</strong>stinadas <strong>ao</strong>s adultos, no ano <strong>de</strong> 1918, era <strong>de</strong> apenas cinco <strong>de</strong>ntre as 468<br />
escolas existentes, permanecendo igual no ano seguinte, mesmo com o aumento da re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
instrução primária para 531 escolas, o que representava menos <strong>de</strong> 1% <strong>de</strong> um sistema<br />
educacional falho e inoperante. A localização <strong>de</strong>ssas aulas noturnas, <strong>de</strong> uma forma geral,<br />
seguia critérios comuns <strong>ao</strong> período, sendo muitas vezes <strong>de</strong>finido por questões políticas e pela<br />
maior concentração populacional.<br />
Esse tratamento dado à instrução elementar dos trabalhadores também foi percebido<br />
nas Leis produzidas no início do século XX pelo Estado do Ceará. Mesmo sendo assegurada<br />
nas quatro Constituições estaduais vigentes durante a Primeira República 20 a gratuida<strong>de</strong> da<br />
Instrução Primária, a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino e a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma cota mínima <strong>de</strong> 10% das<br />
rendas dos municípios para a criação <strong>de</strong> novas escolas, claramente nada se fez <strong>de</strong> referência a<br />
essa questão.<br />
Somente alguns poucos documentos oficiais traziam alguma referência específica <strong>ao</strong><br />
assunto, em particular aqueles voltados para a organização do sistema <strong>de</strong> ensino. Dentre eles<br />
po<strong>de</strong>-se citar o Regulamento da Instrução Primária do Estado do Ceará, produzido em 1905,<br />
que orientou a organização dos “cursos nocturnos e dominicaes”, este último específico para<br />
o sexo feminino, <strong>de</strong>finindo o seu currículo, horário e local <strong>de</strong> funcionamento, critérios <strong>de</strong><br />
matrícula e quem seriam os professores e a sua gratificação (secção II, art.83 a 92).<br />
Estes cursos também foram abordados na década seguinte na Lei sobre o Regimento<br />
Interno das Escolas Públicas do Ensino Primário, <strong>de</strong> 1915. Nessa ocasião, questões <strong>de</strong> caráter<br />
mais pedagógico eram apontadas como, por exemplo, a organização do currículo e os<br />
procedimentos didáticos <strong>de</strong> avaliação e <strong>de</strong> disciplina, iguais <strong>ao</strong> recomendado no ensino das<br />
crianças, além <strong>de</strong> referências <strong>ao</strong>s propósitos da educação feminina e do caráter informal das<br />
matrículas (Art. 142 a 155).<br />
Referências indiretas, mas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> impacto sobre a existência das escolas noturnas<br />
neste período, foram também percebidas nos documentos que davam corpo à reforma<br />
produzida por Lourenço Filho, no Ceará (<strong>CEARÁ</strong>, 1922). Ali foi possível compreen<strong>de</strong>r a<br />
19<br />
João Thomé <strong>de</strong> Sabóia e Silva nasceu em Sobral - CE e formou-se como Engenheiro e Magistrado. Foi<br />
Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Estado entre 1916 a 1920<br />
20<br />
Em menos <strong>de</strong> três décadas foram aprovadas quatro diferentes textos constitucionais: 1891, no governo <strong>de</strong><br />
Clarindo <strong>de</strong> Queiroz; 1892 com José Freire Bezerril Fontenelle;1921, na gestão <strong>de</strong> Benjamim Liberato Barroso;<br />
e em 1925 com José Moreira da Rocha. (VIEIRA, 2006b)<br />
24