ESCOLAS NOCTURNAS NO CEARÁ: Ações de combate ao
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<strong>combate</strong> <strong>ao</strong> analfabetismo entre a população adulta, e quando elas existiam estavam ligadas a<br />
ações educativas promovidas pela própria socieda<strong>de</strong>.<br />
Buscando <strong>de</strong>senvolver uma análise mais ampla das intenções proclamadas –<br />
presentes nos discursos <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia e nos documentos produzidos – e as práticas realmente<br />
promovidas tanto pelo po<strong>de</strong>r público como pela socieda<strong>de</strong> organizada, fez-se a opção por<br />
apresentar num primeiro momento do texto uma análise do contexto espaço-temporal em que<br />
estas foram geradas. Ao apontar aspectos sociopolíticos e econômicos dos anos iniciais da<br />
República, com <strong>de</strong>staque para o cotidiano cearense do período, enten<strong>de</strong>-se ser <strong>de</strong> mais fácil<br />
compreensão as causas e os <strong>de</strong>sdobramentos das posturas adotadas, visando a redução das<br />
taxas <strong>de</strong> analfabetismo.<br />
Em seguida, inicia-se o trabalho <strong>de</strong> exploração do objeto <strong>de</strong> estudo através <strong>de</strong> suas<br />
diversas manifestações. São analisadas as falas <strong>de</strong> valorização da instrução como re<strong>de</strong>nção do<br />
País presentes principalmente nas Mensagens dos Presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Estado e jornais da época.<br />
Na medida em que <strong>de</strong>stacavam o po<strong>de</strong>r mágico da escola, tais discursos apontavam o<br />
analfabetismo como principal problema nacional, gerando como consequência direta certo<br />
preconceito contra o analfabeto, em especial o adulto.<br />
Como forma <strong>de</strong> reiterar as relações contraditórias entre o proclamado e o efetivado<br />
aqui anunciado, a situação da escola primária cearense é <strong>de</strong>stacada como sendo ainda<br />
“privilégio <strong>de</strong> poucos”, embora seja alvo constante da atenção <strong>de</strong> todos os segmentos da<br />
socieda<strong>de</strong>. Além <strong>de</strong> dados estatísticos, algumas justificativas do po<strong>de</strong>r público são apontadas<br />
para reforçar o <strong>de</strong>scaso observado para com a instrução pública.<br />
Diante <strong>de</strong>ste cenário <strong>de</strong> conflito entre a <strong>de</strong>núncia e a ausência <strong>de</strong> práticas, algumas<br />
ações isoladas são i<strong>de</strong>ntificadas e relacionadas <strong>ao</strong> <strong>combate</strong> <strong>ao</strong> analfabetismo adulto no Ceará<br />
republicano. Como principal iniciativa do po<strong>de</strong>r público neste sentido, estava a elaboração <strong>de</strong><br />
leis que regulassem as ações nesta área. Merecem <strong>de</strong>staque aqui os textos constitucionais<br />
(1891 e 1892) e o Regulamento da Instrução Pública (1905), por trazerem diretrizes (diretas e<br />
indiretas) sobre a escolarização da população analfabeta através dos cursos noturnos.<br />
Para finalizar esse segundo capítulo, são i<strong>de</strong>ntificadas algumas ações <strong>de</strong>senvolvidas<br />
pela socieda<strong>de</strong> organizada através <strong>de</strong> instituições ligadas muitas vezes à Igreja e à própria<br />
classe <strong>de</strong> trabalhadores. Tais iniciativas já existiam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Império, mas foi com as<br />
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