Anais da XXIII Semana de Estudos Clssicos - Home - Unesp
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orador 3 . No entanto, a preocupação com a <strong>de</strong>finição do tipo <strong>de</strong> matéria a ser ensina<strong>da</strong> pelo<br />
professor, do método <strong>de</strong> ensino e correção a ser feito por ele, <strong>da</strong>s quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s específicas<br />
morais e “profissionais” que ele <strong>de</strong>va possuir não está presente nas obras <strong>de</strong> Cícero, mas é<br />
assunto consi<strong>de</strong>rado importante por Quintiliano. Ele não foi o primeiro a fazê-lo (há relatos <strong>de</strong><br />
um tratado <strong>de</strong> Plínio, o Velho, chamado Studiosus que trataria <strong>da</strong> educação do orador a partir<br />
<strong>da</strong> infância) (KENNEDY, 1972, p. 486), mas essa <strong>de</strong>cisão não era acolhi<strong>da</strong> pela maior parte<br />
dos tratadistas. Martin Clarke (1953) consi<strong>de</strong>ra que essa particulari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ve-se à<br />
proeminência que as escolas atingiram no período imperial. Ele indica, por exemplo, que o<br />
imperador Vespasiano foi o primeiro a estabelecer, a expensas do Estado, uma ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong><br />
ensino <strong>de</strong> retórica cujo primeiro responsável foi Quintiliano (CLARKE, 953, p. 120).<br />
Outra particulari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Quintiliano é a relação que ele estabelece com o ensino <strong>de</strong><br />
seu tempo. Vale confrontar sua atitu<strong>de</strong>, por exemplo, com a <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> pelo personagem<br />
Messala em Diálogo a respeito dos Oradores <strong>de</strong> Tácito (que parece ser partilha<strong>da</strong> pelo autor).<br />
Ao <strong>de</strong>screver as causas <strong>da</strong> <strong>de</strong>cadência <strong>da</strong> eloqüência, a personagem aponta como uma <strong>de</strong>las a<br />
má educação que recebiam os jovens <strong>da</strong> época, representa<strong>da</strong> sobretudo pelas escolas <strong>de</strong><br />
retórica. Em oposição a esse mo<strong>de</strong>lo, ele valorizará o antigo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> educação <strong>da</strong><br />
República, feito por meio <strong>da</strong> ligação pessoal do jovem com um ci<strong>da</strong>dão mais experiente, o<br />
qual apresentaria gradualmente o funcionamento do Fórum, bem como ensinaria oratória 4 . Já<br />
Quintiliano nunca negará totalmente o sistema <strong>de</strong> ensino contemporâneo, mas o utilizará<br />
como base para sugerir mu<strong>da</strong>nças.<br />
Entre as prescrições realiza<strong>da</strong>s pelo autor para indicar a melhor forma <strong>de</strong> ensino, as<br />
indicações feitas sobre o professor e suas atitu<strong>de</strong>s são freqüentes e ocupam uma posição<br />
central. Este é consi<strong>de</strong>rado como o principal responsável pela <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> formação <strong>da</strong>s crianças e<br />
jovens, sendo nisso somente ultrapassado pela responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos pais, que serão os<br />
responsáveis pela escolha do preceptor. O que preten<strong>de</strong>mos fazer adiante é enten<strong>de</strong>r qual a<br />
figura do rhetor (professor <strong>de</strong> retórica) traça<strong>da</strong> Quintiliano no começo do livro II <strong>da</strong> obra:<br />
como o localiza em oposição a seu antecessor, o grammaticus (professor <strong>de</strong> gramática), e<br />
quais quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s o autor julga que ele <strong>de</strong>va possuir.<br />
O primeiro capítulo do segundo livro d’A Formação do Orador partirá <strong>de</strong> uma<br />
problemática contemporânea a Quintiliano: o fato <strong>de</strong> que os jovens estariam sendo entregues<br />
aos cui<strong>da</strong>dos do professor <strong>de</strong> retórica muito tar<strong>de</strong>. A razão aponta<strong>da</strong> pelo autor para o fato é a<br />
3 CÍCERO. Do Orador. I, 149-207.<br />
4 TÁCITO. Diálogo a Respeito dos Oradores. XXVIII – XXXV.<br />
<strong>Anais</strong> <strong>XXIII</strong> SEC, Araraquara, p. 13-20, 2008<br />
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