30.04.2013 Views

Anais da XXIII Semana de Estudos Clssicos - Home - Unesp

Anais da XXIII Semana de Estudos Clssicos - Home - Unesp

Anais da XXIII Semana de Estudos Clssicos - Home - Unesp

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Nietzsche, tal como Luciano, enten<strong>de</strong> que os pressupostos <strong>da</strong>s típicas doutrinas<br />

filosóficas ou religiosas são fantasias, pois não dispõem <strong>da</strong> evidência terrena, isto é, são<br />

suporta<strong>da</strong>s por coisas que estão além <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e como, para ambos, não há Ver<strong>da</strong><strong>de</strong> fora <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong>, essas doutrinas têm como base a insoli<strong>de</strong>z supra-sensível.<br />

Tanto para Nietzsche como para Luciano, não há uma Ver<strong>da</strong><strong>de</strong> absoluta, à medi<strong>da</strong> que<br />

a vi<strong>da</strong> não possui uma fixi<strong>de</strong>z, e sim, consiste na relação entre várias perspectivas, as quais,<br />

tal como as múltiplas correntes filosóficas, estão em constante atrito, pois to<strong>da</strong>s querem<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r aquilo que supõem certo. Nesse sentido, é extremamente difícil a a<strong>de</strong>são a alguma<br />

<strong>de</strong>las, já que antes <strong>de</strong> criticá-las, faz-se necessário um julgamento liberto <strong>de</strong> pressupostos ou<br />

conjecturas que po<strong>de</strong>riam vir a influenciar na afirmação ou negação <strong>de</strong>stas perspectivas.<br />

Para finalizar, apresenta-se outro aspecto <strong>de</strong> Nietzsche, que po<strong>de</strong> ser comparado a<br />

visão <strong>de</strong> Luciano. Nietzsche pensa que a filosofia é a Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ser uma forma <strong>de</strong><br />

vi<strong>da</strong>, ou seja, o impulso <strong>da</strong> filosofia não é necessariamente o amor ao Saber universal e<br />

ilusório, inventado por todos aqueles que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um mundo fixo e feliz,<br />

no que condiz ao conhecimento pleno <strong>da</strong>s coisas. A filosofia i<strong>de</strong>al para Nietzsche, tal como<br />

para Luciano, é aquela que se atém ao aquém <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e que, <strong>de</strong>ssa forma, adiciona à teoria a<br />

prática.<br />

Assim, fazendo uso <strong>de</strong> trechos <strong>da</strong>s duas obras aqui cita<strong>da</strong>s, explicita-se a comparação,<br />

objetivo do artigo. Primeiramente, cita-se um trecho retirado <strong>da</strong> obra Hermótimo:<br />

LICINO: Y qué tipo <strong>de</strong> cosas, por los dioses, <strong>de</strong>cía, son las que hay allí, o en qué consiste<br />

la felici<strong>da</strong>d? Tal vez en algún tipo <strong>de</strong> riqueza, fama y placeres insuperables? [...]<br />

HERMÓTIMO: Sabiduría y valor y la propia bon<strong>da</strong>d y la justicia y el conocimiento<br />

cierto y cabal <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s las cosas tal y como ca<strong>da</strong> una <strong>de</strong> ellas es. Riquezas, honores y<br />

placeres y <strong>de</strong>más cosas corporales se sueltam abajo, pues se hace sin ellas la ascensión.<br />

[...] De igual modo estos hombres <strong>de</strong>spojados por la filosofia, cual si <strong>de</strong> un cierto fuego<br />

se tratara, <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s las cosas que parecen constituir objeto <strong>de</strong> admiración para el resto<br />

<strong>de</strong> los hombres que no tienen un punto <strong>de</strong> vista correcto, son felices en la cima, y no se<br />

acuer<strong>da</strong>n para na<strong>da</strong> <strong>de</strong> riqueza, fama o placeres y hasta se ríen <strong>de</strong> los que creen que todo<br />

eso existe (SAMÓSATA, 1992, p.30-31)<br />

No excerto acima, Hermótimo caracteriza o tipo <strong>de</strong> pessoa que pauta a vi<strong>da</strong> em<br />

“Ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s” 2 não evi<strong>de</strong>ntes, pois enten<strong>de</strong> que a filosofia é movimenta<strong>da</strong> por um mundo feliz<br />

<strong>de</strong> plena sabedoria, no qual não se encontram as injustiças e as vai<strong>da</strong><strong>de</strong>s do mundo terreno.<br />

Hermótimo i<strong>de</strong>aliza um universo virtuoso que parece sobressair-se ao cotidiano vital. Assim,<br />

2 Hermótimo <strong>de</strong>signa ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro aquilo que aos olhos <strong>de</strong> Luciano é quimérico e fantasioso.<br />

<strong>Anais</strong> <strong>XXIII</strong> SEC, Araraquara, p. 36-41, 2008<br />

38

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!