Letras Digitais: 30 anos de teses e dissertações

Definimos e exemplificamos fun~ao por fun~ao,
complementando a tipologia. que nos serve de base com outros
tipos funcionais que se apresentam como mais recorrentes no
tipo de corpus utilizador caracterizado pela enorme incidencia
de trocas de turno. 0 quadro funcional resultante, acreditamos,
podera ser urn instrumento apto e util a pesquisadores de
problematicas afins. Sabemos que em se tratando de urn corpus
colhido em aulas de lingua estrangeira e sendo de estilo mais
dialogal e espontaneo que 0 do NURC-Recife e os demais
utilizados por Marcuschi (1992a), poderemos avan~ar na pesquisa
de realidades que tern a ver com a intera~ao em ambientes onde
ocorrem grande nftmerode trocas de turno.
Ao ensinar lingua espanhola a brasileiros pudemos verificar
como 0 fenomeno da repeti~ao e medular no processo de
ensino/aprendizagem. Ela aparece em formas diversas e/ou
plurais, caracterizaveis segundo a sua localizaca~ao reciproca,
maior ou menor varia~ao, dimensoes',e origem, desempenhando, de
(
modo sistematizavel, as mais diversas e plurais fun~Oes.
De fato, em contextos de troca intensa de turnos e onde a
linguagem objeto ou metalinguagem -aquela acerca da pr6pria
linguagem- e urna das fontes principais de gera~ao de t6picos
nucleadores da aula 2 , emerge como percepc;ioinicial a de que
a repeti~ao e marcada por urna plurifuncionalidade rEtlnC'·ta,
pr6xima, contigua, concomitante ou nao, na qual jogam urnpc,.pel
fundamental:
a) 0 t6pico metalinguistico e 0 organizacional, comandando
a organiza~ao dos turnos;
b) As rela~Oes interativas, entrela~adas com as de auxilio
a aprendizagem, particularmente com algumas relativa.s a
compreensao, como a corre~ao e a reconstru~ao de estruturas.
2 Gongalves (1983:7-15 e s.d.:10-11), a partir da macroanAlise do
desenvolvimento do t6pico, prop6e uma tipologia bAsica dos t6picos que
nao seguiremos porque tornaria mais complexa a tipologia funcional que
pretendemos alcangar. 0 referido autor, de acordo com tres criterios - 0
conteudo semantico, a fungao do ate de fala, a estrutura conversacional-,
classifica os t6picos assim: segundo 0 contetido semantico, em
Substantivos e Transicionais; segundo a estrutura conversacional, em
Superordenados e Subordinados; segundo a fungao pragmatica, em
Organizacionais, Preparat6rios, Metalingii~sticos, FAticos e
MetacoDl'1nicati vos. Entendemos, par exemplo, que 0 termo nucleador, ora
utilizado por n6s, inclui um carAter semantico substantivo e uma
funcionalidade conversacional superordenadora.