Letras Digitais: 30 anos de teses e dissertações
Letras Digitais: 30 anos de teses e dissertações
Letras Digitais: 30 anos de teses e dissertações
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
1995<br />
<strong>Letras</strong><br />
d i g i t a i s<br />
Teses e Dissertações originais em formato digital<br />
Tipos e Funções da Repetição: est udo em aulas d e Espanhol para brasileiros Miguel Espar Argerich<br />
Programa <strong>de</strong><br />
Pós-Graduação<br />
em <strong>Letras</strong>
Ficha Técnica<br />
Coor<strong>de</strong>nação do Projeto <strong>Letras</strong> <strong>Digitais</strong><br />
Angela Paiva Dionísio e Anco Márcio Tenório Vieira (orgs.)<br />
Consultoria Técnica<br />
Augusto Noronha e Karla Vidal (Pipa Comunicação)<br />
Projeto Gráfico e Finalização<br />
Karla Vidal e Augusto Noronha (Pipa Comunicação)<br />
Digitalização dos Originais<br />
Maria Cândida Paiva Dionízio<br />
Revisão<br />
Angela Paiva Dionísio, Anco Márcio Tenório Vieira e Michelle Leonor da Silva<br />
Produção<br />
Pipa Comunicação<br />
Apoio Técnico<br />
Michelle Leonor da Silva e Rebeca Fernan<strong>de</strong>s Penha<br />
Apoio Institucional<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco<br />
Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em <strong>Letras</strong>
Apresentação<br />
Criar um acervo é registrar uma história. Criar um acervo digital é dinamizar a<br />
história. É com essa perspectiva que a Coor<strong>de</strong>nação do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação<br />
em <strong>Letras</strong>, representada nas pessoas dos professores Angela Paiva Dionisio e Anco<br />
Márcio Tenório Vieira, criou, em novembro <strong>de</strong> 2006, o projeto <strong>Letras</strong> <strong>Digitais</strong>: <strong>30</strong><br />
<strong>anos</strong> <strong>de</strong> <strong>teses</strong> e <strong>dissertações</strong>. Esse projeto surgiu <strong>de</strong>ntre as ações comemorativas<br />
dos <strong>30</strong> <strong>anos</strong> do PG <strong>Letras</strong>, programa que teve início com cursos <strong>de</strong> Especialização<br />
em 1975. No segundo semestre <strong>de</strong> 1976, surgiu o Mestrado em Linguística e Teoria<br />
da Literatura, que obteve cre<strong>de</strong>nciamento em 1980. Os cursos <strong>de</strong> Doutorado em<br />
Linguística e Teoria da Literatura iniciaram, respectivamente, em 1990 e 1996. É<br />
relevante frisar que o Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em <strong>Letras</strong> da UFPE, <strong>de</strong> longa<br />
tradição em pesquisa, foi o primeiro a ser instalado no Nor<strong>de</strong>ste e Norte do País. Em<br />
<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008, contava com 455 <strong>dissertações</strong> e 110 <strong>teses</strong> <strong>de</strong>fendidas.<br />
Diante <strong>de</strong> tão grandioso acervo e do fato <strong>de</strong> apenas as pesquisas <strong>de</strong>fendidas a partir<br />
<strong>de</strong> 2005 possuirem uma versão digital para consulta, os professores Angela Paiva<br />
Dionisio e Anco Márcio Tenório Vieira, autores do referido projeto, <strong>de</strong>cidiram<br />
oferecer para a comunida<strong>de</strong> acadêmica uma versão digital das <strong>teses</strong> e <strong>dissertações</strong><br />
produzidas ao longo <strong>de</strong>stes <strong>30</strong> <strong>anos</strong> <strong>de</strong> história. Criaram, então, o projeto <strong>Letras</strong><br />
<strong>Digitais</strong>: <strong>30</strong> <strong>anos</strong> <strong>de</strong> <strong>teses</strong> e <strong>dissertações</strong> com os seguintes objetivos:<br />
(i) produzir um CD-ROM com as informações fundamentais das 469<br />
<strong>teses</strong>/<strong>dissertações</strong> <strong>de</strong>fendidas até <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006 (autor, orientador, resumo,<br />
palavras-chave, data da <strong>de</strong>fesa, área <strong>de</strong> concentração e nível <strong>de</strong> titulação);
(ii) criar um Acervo Digital <strong>de</strong> Teses e Dissertações do PG <strong>Letras</strong>, digitalizando<br />
todo o acervo originalmente constituído apenas da versão impressa;<br />
(iii) criar o hotsite <strong>Letras</strong> <strong>Digitais</strong>: Teses e Dissertações originais em formato<br />
digital, para publicização das <strong>teses</strong> e <strong>dissertações</strong> mediante autorização dos<br />
autores;<br />
(iv) transportar para mídia eletrônica off-line as <strong>teses</strong> e <strong>dissertações</strong> digitalizadas,<br />
para integrar o Acervo Digital <strong>de</strong> Teses e Dissertações do PG <strong>Letras</strong>, disponível<br />
para consulta na Sala <strong>de</strong> Leitura César Leal;<br />
(v) publicar em DVD coletâneas com as <strong>teses</strong> e <strong>dissertações</strong> digitalizados,<br />
organizadas por área concentração, por nível <strong>de</strong> titulação, por orientação etc.<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento do projeto prevê ações <strong>de</strong> diversas or<strong>de</strong>ns, tais como:<br />
(i) <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>rnação das obras para procedimento alimentação automática <strong>de</strong><br />
escaner;<br />
(ii) tratamento técnico <strong>de</strong>scritivo em metadados;<br />
(iii) produção <strong>de</strong> Portable Document File (PDF);<br />
(iv) revisão do material digitalizado<br />
(v) procedimentos <strong>de</strong> reenca<strong>de</strong>rnação das obras após digitalização;<br />
(vi) diagramação e finalização dos e-books;<br />
(vii) backup dos e-books em mídia externa (CD-ROM e DVD);<br />
(viii) <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> rotinas para regularização e/ou cessão <strong>de</strong> registro <strong>de</strong><br />
Direitos Autorais.<br />
Os organizadores
Ti pos e Fu nções da Repetição:<br />
estudo em a ulas <strong>de</strong> Espanhol par a brasileiros 1995<br />
Migue l Espar Argerich Copyright © Miguel Espar Argerich , 1995<br />
Reservados todos os direitos <strong>de</strong>sta edição. Reprodução proibida, mesmo parcialmente,<br />
sem autorização expressa do autor.
Progr:J]11a <strong>de</strong> Po;; - G r:vl Ullviio<br />
em Letra~ e Linguistica<br />
UFPE<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO<br />
CENTRO DE ARTES E COMUNICA~AO<br />
PROGRAMA DE P6S-GRADUA~AO EM LETRAS E LINGUfSTICA<br />
ORIENTADORA: JUDITH HOFFNAGEL<br />
Apresentada ao Programa <strong>de</strong> POs-<br />
Graduaqao em <strong>Letras</strong> e Lingliistica<br />
da U. F .PE como requisi to parcial<br />
para obtenqao do Grau <strong>de</strong> Mestre em<br />
Lingliistica.
Programo. <strong>de</strong> Fos - Gud UAQfl,o<br />
em <strong>Letras</strong> e Linguistica<br />
UFPE
Lian1es~,<br />
L e f.J. , fid c011'lpanf1eira,<br />
d:el"-imitam nosso convi-vw,<br />
dlstanciam f1l.uitos mof11.€.ntos,<br />
M.oa.cir, Vit.oria., Verin-ka.,<br />
bons fiLhos, SC1'J'le.ntestin qcnw., c <strong>de</strong> qcnte.<br />
ni.9 11-e [.9 COli- C fa. a , papas qucridos,<br />
R.am.oll- ,~eresa, hen'n<strong>anos</strong> mws:<br />
sc han inte.rpuesro cn nuestt"o cat"ino,<br />
tan cnot"11'leSespacws quijotescos_!<br />
PCt"cursos d.ivct"sos os cf.e. toa.os,<br />
tnest.res, coletj~, g[.u.nos,<br />
com.pallhetros ,'u.m.i.tJos,<br />
no tl1€Cl:o cf.e. sct"fdiz<br />
d.est.e povo<br />
ljcnet"oso comtqo.<br />
Apesat" das rosas tlWrtas,<br />
a espcratUfa d.e pr\..111avcra,L 1& [. a. ,<br />
t"esljata c nmtif11.€.ntaos juvcnis sonnos!<br />
Na procura cf.e. cada urn tie voces,<br />
escapam tie m\..m scntimentos<br />
qostosos, te.nros, profundos,<br />
voam cam..\..nfwspor fazcr.<br />
Niio vos esq~o!<br />
ankLes,<br />
af'acias,<br />
Obt"tqado!<br />
ni.tj1l-e[.
Esta reflexao surge no bojo do trabalho do autor ao ensinar espanhol<br />
como lingua estrangeira para tra~ar um esbo~o do funcionamento<br />
pluridimensional da repeti~o.<br />
Tenta arquitetar as mais variadas e recorrentes manifesta~oes <strong>de</strong><br />
repeti~ao, i<strong>de</strong>ntificadas na transcri~ao <strong>de</strong> conversa~oes ocorridas<br />
durante seis aulas gravadas no Centro Cultural Brasil Espanha do Recife,<br />
com 0 intuito <strong>de</strong> estabelecer uma tipologia funcional do fen6meno, que<br />
se junte a do Prof. Marcuschi (1992a). Tenciona, tambem, contribuir<br />
para precisar a influencia da repeti~ao na intera~ao verbal em sala <strong>de</strong><br />
aula. Busca, ainda, ampliar a consciencia da significa~ao para a<br />
conversa~ao da assimetria relacional que marca 0 contexte escoJar;para<br />
tanto, na analise <strong>de</strong> casos concretos, aporta observa~oes <strong>de</strong> cunho<br />
etnografico.<br />
Espera-se apontar regularida<strong>de</strong>s que sejam como que <strong>de</strong>graus <strong>de</strong><br />
aproxima~ao a compreensao da melhor utiliza~ao da linguagem. Quer,<br />
igualmente, insurgir-se contra diversas formas <strong>de</strong> estigmatiza~ao a que<br />
se ve submetida a repeti~ao no ambito escolar.<br />
A especificida<strong>de</strong> do corpus analisado favorece a uma maior inci<strong>de</strong>ncia<br />
da repeti~ao nos ambitos interativo, <strong>de</strong> formula~ao e da compreensac, e<br />
no do topico, quando metalinguagem.<br />
As repeti~oes se apresentam como sistematizaveis e essenciais a fala.<br />
Surgem indica~oes -que nao serao exploradas aqui- que apontam para 0<br />
potencial valor analltico da tipologia construida, como instrumento<br />
revelador da realida<strong>de</strong> pedagogica.<br />
No trabalho <strong>de</strong>scritivo emerge com for~a a exigencia <strong>de</strong> enfrentar a<br />
indica~ao da plurifuncionalida<strong>de</strong> concomitante que transparece na<br />
interac;aoverbal.<br />
Apesar das limita~oes, pensa-se no trabalho como uma contribui~ao<br />
para alargar 0 leque das pesquisas realizadas, a partir da anaJlse da<br />
conversa~ao, no ambito da lingiiistica aplicada ao ensino <strong>de</strong> lingua<br />
estrangeira.
1.1. 'LINGUA E LINGUAGEM: ENFRENTAR UMA APORIA' l<br />
1.2. A ORIGEM DO TRABALHO .3<br />
1.3. A QUESTAO . . . .... . . . . ..... 5<br />
1.4. A ASSIMETRIA DOS PAPEIS NA AULA I0<br />
2. APROXIMA~AO EPISTEMOL6GICA ~3<br />
2. 1 DELIMITA~AO DE PRESSUPOSTOS E CRITERIOS PARA<br />
ESTABELECER UMA TIPOLOGIA FORMAL E FUNCIONAL<br />
2.1.1. Os pressupostos gerais e a referencia a<br />
Marcuschi (1992a) . .. ... . ... . ... 13<br />
2 .1.2. Quadro da tipologia da repetigao <strong>de</strong><br />
Marcuschi(1992a) . . .. .. . ~6<br />
2.1.3. Premissas e consi<strong>de</strong>rag5es previas a<br />
<strong>de</strong>limitagao dos tipos <strong>de</strong> repetigao . . 1B<br />
2.1.4 Quadro da tipologia da repetigao <strong>de</strong>ste<br />
2.1.5. Criterios para a i<strong>de</strong>ntificagao <strong>de</strong><br />
funcionalida<strong>de</strong> em sala <strong>de</strong> aula .. . ... 22<br />
2.1.6. Pressupostos e procedimentos para<br />
inferir a plurifuncionalida<strong>de</strong> .. ......... 26<br />
2 .2. NO~AO DE REPETI~AO 29<br />
2 .2.1. A nogao <strong>de</strong> repetigao na consciencia<br />
3.APROXIMA~AO METODOL6GICA 39<br />
3 1. OBJETIVOS DO TRABALHO .3 9<br />
3.2. HIP6TESES DE TRABALHO AO<br />
3.3. CONSIDERA~OES METODOL6GICAS ' 41<br />
3.4. SISTEMATICA DE TRANSCRIC;AO .' 44<br />
3.5. CONVENC;OES ADOTADAS PARA A TRANSCRI~A~ 47<br />
4. 0 CORPUS . . .. .. .. . . . . . ..... .. . 49<br />
4.1. 0 CORPUS E SED ENTORNO . A9<br />
4 2. A COLETA DOS DAnOS . 51<br />
4.3. 0 CORPUS DTILIZADO . .52
4.4. AS AULAS DO CORPUS ................ . ........... 53<br />
5. A TIPOLOGIA FUNCIONAL DA REPETI~AO 59<br />
5. 1. NO AMBITO DA COESAO 59<br />
5.2. 0 AMBITO DA FORMULA~AO . .. . . . . ............ ~7<br />
5.2.1. 'Re-produgao' <strong>de</strong> estruturas . . .... ..... 68<br />
5.2.2. Aferigao do material linguistico ... .... . 78<br />
5.2.5. parentetizagao ... ............ ........ . S2<br />
5 2 6. Enquadramento ................ .... ..... S5<br />
5.3. AMBITO DA COMPREENSAO .. .. .. . .. ... . 100<br />
5.3.1. Intensificagao ou enfase . . . . . 102<br />
5.3.2. Reforgo 105<br />
5.3.3. Esclarecimento . t ~07<br />
5.3.4. Interrogagao .110<br />
5.4.1. Amarragao intermitente . ..... . 114<br />
4.4.2. Reintrodugao do T6pico .. .. . . . .. 115<br />
5.4.3. Delimitagao <strong>de</strong> epis6dios .. ... ..... .. . 118<br />
5.4.4. Atualizagao <strong>de</strong> cena . . . ... . ......... 124<br />
5.5. AMBITO DA ARGUMENTA~AO .. ... . ............... 126<br />
5.6.3. Monitoragao da tomada <strong>de</strong> turno . . . ... 147<br />
5.6.4. Prolongagao do turno . . . ... 150<br />
5.6.5. provocagao - alerta . .. . . .. ....... 153<br />
5.6.6. Confirmagao <strong>de</strong> audiencia . . . .... .. ~...156<br />
6. RELEITURA E REFLExAO ........................ ...... .. 172<br />
7. BIBLIOGRAFIA ............ ................. ..... .. 182
AULA<br />
AULA<br />
AULA<br />
AULA<br />
AULA<br />
ANEXO 2<br />
ANEXO 3<br />
ANEXO 4<br />
fNDICE DE<br />
.193<br />
.211<br />
.222<br />
.229<br />
.232<br />
.235<br />
.236<br />
.237<br />
.238
A repetiqa~ 0 principal fenomeno que focalizamos e<br />
analisamos neste trabalho, e um fenomeno recorrente, <strong>de</strong><br />
funcionalida<strong>de</strong> plural e sistematizavel, em situa~Oes escolares<br />
on<strong>de</strong> ocorrem frequentes trocas <strong>de</strong> turno1 Portanto, trata-se<br />
<strong>de</strong> um fenomeno caracteristico <strong>de</strong>ssa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eventos. E<br />
fica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ja, conotada a sua saliencia e importancia no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do texto/discurso escolar, ten<strong>de</strong>ncialmente<br />
institucionalizado e assimetrico.<br />
o senso comum contempla uma n~ao <strong>de</strong> repeti~ao na linha <strong>de</strong><br />
dizer 0 mesmo que antes. Porero,e sabido que ora se pe<strong>de</strong> udizer<br />
o mesmo" com palavras diferentes, ora se pe<strong>de</strong> udizer 0<br />
diferente" com as mesmas palavras. Estas constata~Oes levam 0<br />
analista da conversa~ao a adotar uma no~ao mais precisa, com<br />
criterios a<strong>de</strong>quados, que <strong>de</strong>limite 0 campo <strong>de</strong> sua abrangencia.<br />
Assim, para efeitos <strong>de</strong> viabilizar sua i<strong>de</strong>ntifica~ao empirica, a<br />
repeti~ao sera consi<strong>de</strong>rada uma produ~ao lingliistica, falada ou<br />
escrita, semelhante ou i<strong>de</strong>ntica a outra prece<strong>de</strong>nte no ambito <strong>de</strong><br />
unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intera~ao.<br />
A partir <strong>de</strong>sta no~ao po<strong>de</strong>remos i<strong>de</strong>ntificar, no trabalho, a<br />
repeti~ao como uma importante estrategia lingliistica que age a<br />
nivel local ou textual como fator coesivo, e <strong>de</strong> auxilio a<br />
formula~ao; e a nivel global ou discursivo, como apoio a<br />
compreensao, a argumentativida<strong>de</strong>, a topicida<strong>de</strong> e a intera~ao.<br />
Localizado 0 fenomeno em seus eventos especificos,<br />
preten<strong>de</strong>mos, tendo como base a tipologia propesta por Marcuschi<br />
(1992a), inferir e ilustrar a funcionalida<strong>de</strong> da repeti~ao num<br />
corpus surgido em nosso pr6prio local <strong>de</strong> trabalho, na ativida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ministrar aulas <strong>de</strong> espanhol como lingua estrangeira. Mesmo<br />
cientes da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adotar outras perspectivas para<br />
elaborar uma tipologia, optamos pelo reconhecimento da<br />
proprieda<strong>de</strong> da tipologia supra mencionada, em seu iI).tento<strong>de</strong><br />
estabelecer uma correla~ao sistematica entre formas e fun~6es<br />
da repeti~ao. 0 nosso <strong>de</strong>safio restringir-se-a, a acatar e<br />
ampliar aquela tipologia com fun~oes que constatemos<br />
recorrentes.<br />
1 Utilizaremos a t~cnica <strong>de</strong> apresentar frases com os caracteres<br />
tipogrAficos em negrito para real9ar alguns dos contetidos do texto que<br />
nos parecerem importantes e resumitivos.<br />
viii
A Doqao <strong>de</strong> funcioDalida<strong>de</strong>adotada, preten<strong>de</strong> incorporar, ou,<br />
ao menos, nao cre se contrapor, a diversas contribui~oes<br />
surgidas na hist6ria da lingliistica ao correlacionar linguagem<br />
e fun~ao. A funcionalida<strong>de</strong> da linguagem, consi<strong>de</strong>rada<br />
globalmente, e compreendida como os efeitos sociais resultantes<br />
da atualiza~ao hist6rico-concreta da palavra; emerge da<br />
diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> papeis <strong>de</strong>sempenhados pela linguagem na<br />
implementa~ao do texto/discurso como pratica especifica.<br />
Respon<strong>de</strong> a questoes do tipo: para que ocorreu isto?, qual e a<br />
importancia que tem?, etc. Resulta do perfil representado pelo<br />
somat6rio dos tra~os que apresenta (Bessa Neto 1991:37-44).<br />
Obe<strong>de</strong>ce a perspectiva <strong>de</strong> que enunciar e sempre um ate social,<br />
resultante <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> intera~ao (Bakthin:1990).<br />
Acompanha os efeitos das palavras que disfar~am 0 sentido da<br />
a~ao contida nelas, quando 0 dizer e tambem fazer<br />
(Austin:1990). Nao quer se distanciar da no~ao <strong>de</strong><br />
funcionalida<strong>de</strong> Imartinetiana', como alusao, sugestao, dos usos<br />
sociais para os que se aplica a linguagem; da fun~ao como<br />
expressao da realiza~ao da media~ao linguagem/mundo<br />
(Martinet:1976). E, tambem, tenciona ficar na 6rbita da no~ao<br />
relacional dos funtivos, quase algebrica, <strong>de</strong> Hjemslev (1975),<br />
que a i<strong>de</strong>ntifica nas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncias que preenchem as condi~oes <strong>de</strong><br />
umaanalise glossematica.<br />
A D0980 <strong>de</strong> tipologia correspon<strong>de</strong> a tentativa <strong>de</strong><br />
hierarquizar, classificar em categorias formais, fen6menos<br />
<strong>de</strong>tectados, experiencias refletidas, fatos percebidos e dados<br />
analisados. Vem a ser a resultante da classifica~ao categorial<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acordo com criterios escolhidos.<br />
Em nosso caso, tratar-se-a da hierarquiza~ao <strong>de</strong> fen6menos da<br />
linguagem, <strong>de</strong> acordo com criterios <strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong><br />
previamente estabelecidos.<br />
Bessa Neto (1991:<strong>30</strong>, nota 7) fala em tipo como· umo<strong>de</strong>lo<br />
abstrato especifico". Orlandi (1988:131) evoca Marandin (1979)<br />
para reelaborar a no~ao <strong>de</strong> tipa como uma configura~ao ~e tra~os<br />
formais associados a um efeito <strong>de</strong> sentido caracterizando a<br />
intera~ao. Marcuschi (1992a:46) i<strong>de</strong>ntifica tipo como urn<br />
construto te6rico associado a um padrao recorrente e a urna<br />
certa regularida<strong>de</strong> na forma. Consi<strong>de</strong>ramos que a n0980 <strong>de</strong> tipo<br />
com a que trabalharemos, nao se contrapora a qualquer uma<br />
<strong>de</strong>ssas formula~oes, pais, cremos, todas se encaixam numa mesma<br />
linha <strong>de</strong> pensamento hierarquizante<br />
ix<br />
e formal. Enten<strong>de</strong>mos que urn
tipo vem a ser urn mo<strong>de</strong>le abstrato, ou 0 resultante da<br />
configuraqao <strong>de</strong> traqos formais especfficos.<br />
Cientes <strong>de</strong> limites falseadores da realida<strong>de</strong> da fala que<br />
dscorrem da cultura morfossintatica, fundamentalmente assentada<br />
na analise da escrita, realizamos tentativas <strong>de</strong> refletir mais<br />
plasticamente a fala na sua transcriqao. Neste sentido,<br />
apre~ntaremos, em sintese, as convenqOes adotadas em nossa<br />
pr6pria sistematica <strong>de</strong> transcriqao, que busca nao se distanciar<br />
muito da cultura escrita corrente, para nao problematizar<br />
<strong>de</strong>masiadamente a leitura a potenciais pesquisadores advindos <strong>de</strong><br />
areas do saber diferentes.<br />
Tambem, refletimos a origem compromet.idado t.rabalho. Ele<br />
e impulsionado por necessida<strong>de</strong>s que a praxis <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong><br />
lingua estrangeira apresenta, especialmente quando realizado<br />
com metodologias ecleticas - aquelas que misturam os metodos<br />
naturalista, comunicativo, gramatical e hurnanista<br />
(Ravera,1990:18-22)<br />
<strong>de</strong>:<br />
. Dentre outras necessida<strong>de</strong>s referimos as<br />
a) Acompanhar reflexOes recentes sobre 0 mundo da<br />
linguagem, em particular as relativas a fala;<br />
b) Pesquisar com metodos cientificos as praticas da sala <strong>de</strong><br />
aula (uma das situaqoes particulares <strong>de</strong> relaqao<br />
institucionalizada formalmente assimetrica)j<br />
c) Contribuir na melhoria da qualida<strong>de</strong> dos processos <strong>de</strong><br />
ensino/aprendizagem implementados.<br />
Resolvemos abordar 0 corpus, ap6s situa-Io em seu entorno,<br />
contextualizando-o a partir da narrativa <strong>de</strong> alguns aspectos da<br />
sua genese, protagonistas e circunstancias, e <strong>de</strong> alguns<br />
elementos caracteristicos do seu espaqo-tempo (aulas,<br />
professor, alunos, local, ambiente_). 56 a partir <strong>de</strong>sta<br />
caracterizaqao situacional enfrentaremos a questao da tipologia<br />
inferivel dos eventos analisados.<br />
Ap6s confirmar a adoqao global das posiqOes <strong>de</strong> Marcuschi<br />
(1992a), estabeleceremos os criterios que adotaremos para<br />
i<strong>de</strong>ntificar a funcionalida<strong>de</strong> das repetiqoes nos eventos<br />
especificos, aceitando 0 <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> procurar i<strong>de</strong>ntificar a<br />
plurifuncionalida<strong>de</strong> concomitante. Assim, boa parte do trabalho<br />
sera <strong>de</strong>stinada a tentar inferir uma tipologia funcional que<br />
traduza as consi<strong>de</strong>raq6es prece<strong>de</strong>ntes.
Definimos e exemplificamos fun~ao por fun~ao,<br />
complementando a tipologia. que nos serve <strong>de</strong> base com outros<br />
tipos funcionais que se apresentam como mais recorrentes no<br />
tipo <strong>de</strong> corpus utilizador caracterizado pela enorme inci<strong>de</strong>ncia<br />
<strong>de</strong> trocas <strong>de</strong> turno. 0 quadro funcional resultante, acreditamos,<br />
po<strong>de</strong>ra ser urn instrumento apto e util a pesquisadores <strong>de</strong><br />
problematicas afins. Sabemos que em se tratando <strong>de</strong> urn corpus<br />
colhido em aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira e sendo <strong>de</strong> estilo mais<br />
dialogal e espontaneo que 0 do NURC-Recife e os <strong>de</strong>mais<br />
utilizados por Marcuschi (1992a), po<strong>de</strong>remos avan~ar na pesquisa<br />
<strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s que tern a ver com a intera~ao em ambientes on<strong>de</strong><br />
ocorrem gran<strong>de</strong> nftmero<strong>de</strong> trocas <strong>de</strong> turno.<br />
Ao ensinar lingua espanhola a brasileiros pu<strong>de</strong>mos verificar<br />
como 0 fenomeno da repeti~ao e medular no processo <strong>de</strong><br />
ensino/aprendizagem. Ela aparece em formas diversas e/ou<br />
plurais, caracterizaveis segundo a sua localizaca~ao reciproca,<br />
maior ou menor varia~ao, dimensoes',e origem, <strong>de</strong>sempenhando, <strong>de</strong><br />
(<br />
modo sistematizavel, as mais diversas e plurais fun~Oes.<br />
De fato, em contextos <strong>de</strong> troca intensa <strong>de</strong> turnos e on<strong>de</strong> a<br />
linguagem objeto ou metalinguagem -aquela acerca da pr6pria<br />
linguagem- e urna das fontes principais <strong>de</strong> gera~ao <strong>de</strong> t6picos<br />
nucleadores da aula 2 , emerge como percepc;ioinicial a <strong>de</strong> que<br />
a repeti~ao e marcada por urna plurifuncionalida<strong>de</strong> rEtlnC'·ta,<br />
pr6xima, contigua, concomitante ou nao, na qual jogam urnpc,.pel<br />
fundamental:<br />
a) 0 t6pico metalinguistico e 0 organizacional, comandando<br />
a organiza~ao dos turnos;<br />
b) As rela~Oes interativas, entrela~adas com as <strong>de</strong> auxilio<br />
a aprendizagem, particularmente com algumas relativa.s a<br />
compreensao, como a corre~ao e a reconstru~ao <strong>de</strong> estruturas.<br />
2 Gongalves (1983:7-15 e s.d.:10-11), a partir da macroanAlise do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do t6pico, prop6e uma tipologia bAsica dos t6picos que<br />
nao seguiremos porque tornaria mais complexa a tipologia funcional que<br />
preten<strong>de</strong>mos alcangar. 0 referido autor, <strong>de</strong> acordo com tres criterios - 0<br />
conteudo semantico, a fungao do ate <strong>de</strong> fala, a estrutura conversacional-,<br />
classifica os t6picos assim: segundo 0 contetido semantico, em<br />
Substantivos e Transicionais; segundo a estrutura conversacional, em<br />
Superor<strong>de</strong>nados e Subordinados; segundo a fungao pragmatica, em<br />
Organizacionais, Preparat6rios, Metalingii~sticos, FAticos e<br />
MetacoDl'1nicati vos. Enten<strong>de</strong>mos, par exemplo, que 0 termo nucleador, ora<br />
utilizado por n6s, inclui um carAter semantico substantivo e uma<br />
funcionalida<strong>de</strong> conversacional superor<strong>de</strong>nadora.
extralingliisticos como 0 do potencial <strong>de</strong>mocratizador do<br />
exercicio da palavra, que po<strong>de</strong> estar presente na estrategia da<br />
repeti9ao, seja viabiliiando urnamaior <strong>de</strong>mocratiza9ao da tomada<br />
<strong>de</strong> turno, seja relativizando a assimetri ~ do saber. Assim,<br />
verificamos, no corpus e na experiencia como professor <strong>de</strong><br />
lingua estrangeira, que a repeti9ao carrega em si mesma urn<br />
dinamismo, aproximador dos intervenientes no processo<br />
interativo,<br />
reprodu9ao.<br />
a raiz <strong>de</strong> ser aquilo que e: urna especie <strong>de</strong><br />
A institucionalida<strong>de</strong> pr6pria da situa9ao <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula<br />
envolve urn conjunto <strong>de</strong> rela90es professor/aluno, aluno/aluno,<br />
marcado por regras implicitas e explicitas que condicionam uns<br />
e outros a assumir papeis diferentes. De uma parte, existem as<br />
realida<strong>de</strong>s macroestruturais (tipo <strong>de</strong> institui9ao, condi90es <strong>de</strong><br />
acesso, programa, objetivos e organiza9ao aca<strong>de</strong>mlcos_) que<br />
costumam estar fora do campo do discutivel. De outra, convergem<br />
realida<strong>de</strong>s microestruturais (conhecimentos especificos<br />
atualizados, pressupostos economicos, interesses pessoais em<br />
jogo, regras da intera9ao_) que po<strong>de</strong>rao compor 0 campo do<br />
negociavel e <strong>de</strong>finir os papeis diferenciados que cada qual sera<br />
chamado a assumir no grupo. Ambas vertentes <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s<br />
configuram um quadro no que os participantes sac solicitados a<br />
estabelecer um processo permanente <strong>de</strong> negocia9ao que, po<strong>de</strong>ra,<br />
ate, vir a ser transformado no pr6prio t6pico conversacional.<br />
Nesse contexte, 0 recurso a repeti9ao -situada em posi90es<br />
contiguas, pr6ximas ou remotas-, que, por si mesma, como<br />
linguagem, adquire sentidos plurais, po<strong>de</strong> ser avaliado sob<br />
perspectivas lingliisticas e nao lingliisticas, a fim <strong>de</strong><br />
apreen<strong>de</strong>r aspectos relativos a sua funcionalida<strong>de</strong>.<br />
Trata-se <strong>de</strong> urn problema para 0 analista da conversa9ao,<br />
pois tera que se <strong>de</strong>bru9ar em cima <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> mais<br />
diversificada em possibilida<strong>de</strong>s funcionais. Por exemplo, quando<br />
quem repete 0 outro esta se colocando no proprio terreno <strong>de</strong>ste<br />
e no papel <strong>de</strong> mediador atento para a aquisi9ao ae novos<br />
conhecimentos ou habilida<strong>de</strong>s na lingua estrangeira. Ou, quando<br />
quem realiza uma repeti9ao se utiliza <strong>de</strong>la para ingressar na<br />
arena da disputa pelo po<strong>de</strong>r no grupo.<br />
A repeti9ao, portanto, se apresenta como urn instrurnento<br />
textual/discursivo complexo. E caminho para apontar, indicar,
iniciar e estabelecer plataformas <strong>de</strong> negociaqao. E, como todo<br />
recurso posto em interaqao, po<strong>de</strong> constituir-se nurna das<br />
estrategias colocadas ou escolhidas para a disputa do po<strong>de</strong>r:<br />
atraves da acentuaqao da .assimetria em funqao da confirmaqao <strong>de</strong><br />
urnaposiqao hegemonica na sala <strong>de</strong> aula: pois quem faz repetir,<br />
<strong>de</strong> algurna forma, atualiza a lembranqa da sua superior<br />
compet€mcia lingUistica. Nesse suposto, a repetiqao po<strong>de</strong>ria<br />
estar sendo 0 melhor acesso ao campo <strong>de</strong> luta por urna fatia<br />
maior <strong>de</strong> pO<strong>de</strong>r, segundo diversas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> utilizaqao:<br />
a) em expressoes avaliativas <strong>de</strong> aprovaqao ou apoio; b) na<br />
tomada ou superposiqao do turno; c) no esforqo pela manutenqao<br />
do turno; d) na confirmagao dos papeis e do status dos<br />
participantes na comunida<strong>de</strong> escolar; d) nurn ample leque <strong>de</strong><br />
atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> disputa que vao <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 0 humor e a ironia, ate a<br />
provocaqao e 0 confronto.<br />
Confirmamos aqui a proprieda<strong>de</strong> e interesse <strong>de</strong> realizar urn<br />
percurso analitico dos textos transcritos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a perspectiva<br />
do confronto ou <strong>de</strong> assinalar com quem esta a hegemonia em sala<br />
<strong>de</strong> aula. No entanto, em nosso caso, a constataqao <strong>de</strong>stes<br />
aspectos obe<strong>de</strong>cera mais a constituiqao <strong>de</strong> urnpano <strong>de</strong> fundo on<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>marcar <strong>de</strong> modo abrangente 0 presente trabalho, dado que ele<br />
preten<strong>de</strong> ser urn exercicio <strong>de</strong>scritivo <strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong>s<br />
recorrentes da repetigao.<br />
Ficaremos satisfeitos conseguindo realizar uma espec~e <strong>de</strong><br />
leitura orientada e comentada, <strong>de</strong> aulas, ou fragmentos <strong>de</strong>las,<br />
para enriquecer a visao do que nelas acontece relativo a urn<br />
fenomeno, normalmente tao pouco conhecido e estigmatizado como<br />
e 0 da repetiqao. Nossa leitura, temos consciencia, sera<br />
parcial. Parcial quanta a natureza e extensao do corpus<br />
(limitado, fracionado, fragil, por urntanto aleatorio). Parcial<br />
quanta as perspectivas e horizontes vislumbrados (algo<br />
visualizaremos das regularida<strong>de</strong>s lingliisticas e<br />
metalingUisticas e da sua sistematizaqao fenomenic~; pouco<br />
examinaremos das realida<strong>de</strong>s paralingUisticas ou<br />
extralingiiisticas_). Parcial quanta ao nosso foco (preso ao<br />
nosso canto <strong>de</strong> professor, as nossas origens, a nossa 'visao <strong>de</strong><br />
mundo'_). Parcial, enfim, quanta a nossa pr6pria competencia-<br />
Consi<strong>de</strong>ramos que este estudo e fruto,<br />
interesse em contribuir para urn ensino <strong>de</strong><br />
mais alicerqado em posturas pedagogicas<br />
tambem, do nosso<br />
lingua estrangeira<br />
e didaticas que
incorporam saberes gerados contando com a contribuiqao das<br />
analises lingtiisticas contemporaneas. Sabemos algo do quanta a<br />
aprendizagem <strong>de</strong> linguas estrangeiras po<strong>de</strong> se tornar mais<br />
eficiente e gratificante. graqas ao aproveitamento <strong>de</strong> pistas<br />
propiciadas pelo trabalho lingtiistico; mesmo quando limitado e<br />
sem 0 mesmo tipo <strong>de</strong> aval cientifico <strong>de</strong> que gozam as chamadas<br />
ciencias exatas.<br />
Nao ignoramos que 0 nosso trabalho II Tipos e Fungoes da<br />
Repetigao; Estudo em Aulas <strong>de</strong> Lingua Espanhola para<br />
Brasileiros" , ira ficar as portas <strong>de</strong> urn sem fim <strong>de</strong> questoes<br />
apaixonantes. Porero, aspiramos a que seja um instrumento mais<br />
preciso, para se po<strong>de</strong>r efetivar urna <strong>de</strong>scriqao e analise<br />
fenomenol6gica '<strong>de</strong>nsa' <strong>de</strong> corpus semelhantes.<br />
Encaramo-Io como um <strong>de</strong>safio a cientificida<strong>de</strong> experimental<br />
indutiva que <strong>de</strong>ve acompanhar as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino. No<br />
entanto, nao queremos renunciar a cientifida<strong>de</strong> <strong>de</strong>dutiva nem a<br />
intuitiva que jorram do verba que reflete um comprometimento<br />
existencial. Em outras palavras, preten<strong>de</strong>mos um trabalho,<br />
simultaneamente, <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong> ensaio, que possua carater<br />
conclusivo e carater germinativo.<br />
Acredi~amos que -em aulas entendidas, inicial e<br />
fundamentalmente, como <strong>de</strong> capacitaqao para dotar <strong>de</strong> competencia<br />
comunicativa em lingua estrangeira- urn mais precise<br />
equacionamento das funqoes, se constituira num material<br />
importante para inspirar melhores opgoes didaticas. Em<br />
particular, na medida em que isto seja efetuado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> urn<br />
contexte suficientemente caracterizado, pois que tudo acabara<br />
por se refletir como resultante do binomio ensino/aprendizagem<br />
tanto no processo como no produto.<br />
Confiamos em que, ao ler estas laudas, outros venham a<br />
<strong>de</strong>scobrir a rica natureza e funcionalida<strong>de</strong>, como linguagem,<br />
<strong>de</strong>ssa caracteristica fundamental da fala, <strong>de</strong>spreferida em<br />
tantos ambientes aca<strong>de</strong>micos, que e a repetigao, vitima <strong>de</strong> uma<br />
sistematico processo <strong>de</strong> apagamento como cultura lingtiistica,<br />
por razoes "esteticas", na lingua escrita.
APROXlMACAO FENQMENOL6GICA<br />
FUNCIONALIDADE DA REPETICAO<br />
Preten<strong>de</strong>mos tratar da linguagem, e da sua funcionalida<strong>de</strong><br />
quando caracterizada como repetiqao, como fenomenos ou dados da<br />
experiencia que se manifestam a nossa observaqao num espaqo<br />
tempo concreto, em formas caracterizaveis como sistematicas.<br />
Nao <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser urn atrevimento tratar a lingua falada em<br />
suas reais condiq5es <strong>de</strong> produgao empirica quando a linguistica<br />
se <strong>de</strong>finiu pelo sistema. S6 urn atrevido comete a audacia <strong>de</strong><br />
entrar em sala <strong>de</strong> aula para tentar estudar a conversa~ao, uma<br />
realida<strong>de</strong> do ambito da J parole', 0 contexto singular mais<br />
dinamico no use da linguagem, segundo Levinson (1989:38y.<br />
que<br />
A tarefa sera angustiante,<br />
se arriba nao tern, na<br />
p01;"queos portos<br />
,<br />
hierarquia das<br />
da ciencia<br />
certezas,<br />
a<br />
a<br />
consistencia das verda<strong>de</strong>s abstratas, nem sequer da<br />
glossematica, a ciencia linguistica, capaz <strong>de</strong> juntar imanencia<br />
e transcen<strong>de</strong>ncia, tal como proclamada por Hjemsle~.<br />
Por outro lado, tera maior complexida<strong>de</strong> pois a J parole'<br />
emergera em processos <strong>de</strong> interaqao humana com varios cutros<br />
interlocutores imersos num ambito marcado por uma relaqao<br />
institucional assimetrica. A conversaqao aparecera como<br />
conjuntos <strong>de</strong> produc;5eslinguisticas ageis e polifaceticas.<br />
3 Contra a pos~9ao <strong>de</strong> Levinson, para quem a intera9ao em sala <strong>de</strong> aula nao<br />
e uma. conversa9ao, Kazue (1986:7-8) nao acha pertinente 0 criterio <strong>de</strong><br />
simetria para <strong>de</strong>terminar 0 que seja ou nao conversa9aO, pois a<br />
<strong>de</strong>termina9ao vem dos aspectos etnograficos e das ativida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>senvolvidas.<br />
4 Enqua.ntopara Saussure a "langue" e um sistema <strong>de</strong> signos, para Hjemslev<br />
e um sistema <strong>de</strong> figuras que ao se combinarem produzem signos. Em seus<br />
proleg6menos este autor sugere duas posi90es: a primeira, <strong>de</strong> que, ate<br />
Saussure, a reflexao sobre a linguagem nao passou <strong>de</strong> diletantismo<br />
apriorista e va filosofia; a segunda, <strong>de</strong> que 0 segredo da l1ngua nao se<br />
tinha revelado ate entao por ainda nao se haver feito verda<strong>de</strong>ira ciencia<br />
da linguagem, por conta <strong>de</strong> se abordar a lingua como um meio e nao como um<br />
fim, como apenas un sistema e nao como um conglomerado, um objeto, ao<br />
que ha que aplicar 0 sistema. 0 metodo,da teoria da linguagem <strong>de</strong>vera ser<br />
uma <strong>de</strong>scri9ao nao contradit6ria, exaustiva e 0 mais simples poss1vel:<br />
<strong>de</strong>dutiva, para po<strong>de</strong>r ser nao contradit6ria e simples; indutiva, para ser<br />
exaustiva; em princ1pio, s6 da lingua "natural; <strong>de</strong>pois, <strong>de</strong> toda estrutura<br />
analoga a ela; Assim, a teoria lingu1stica sera levactaa reconhecer nao<br />
apenas 0 sistema linguistico senao 0 homem e a socieda<strong>de</strong> humana,<br />
presentes na linguagem (cfr. Saussure:1969; Hjemslev:1975; Calvet:1977).
Neste quadro <strong>de</strong>cidimos enfrentar a aporia da lingua e a<br />
linguagem. A tarefa inicial seria a <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir umametodologia<br />
<strong>de</strong> trabalho. Como primeiro passo, resolvemos fazer algo mais do<br />
que codificar uma lingua imaginarla, tentar ir alem da<br />
transcrigao <strong>de</strong> falas i<strong>de</strong>alizadas. Procuramos nos aproximar da<br />
produgao linguistica rea~ 5 como observavel nos atos <strong>de</strong> fala,<br />
ao adotar uma simbologia que resgatasse 0 tempo em que sac<br />
produzidas as palavras, que, <strong>de</strong> alguma maneira, incorporasse 0<br />
espago on<strong>de</strong> estao situadas, e que fizesse transparecer as<br />
circunstancias que envolvem e relacionam os seus protagonistas,<br />
modos <strong>de</strong> produgao...Quisemos fazer uma transcrigao fiel, mesmo<br />
cientes da limitagao <strong>de</strong>ssa tentativa.<br />
Assim nos langamos em busca <strong>de</strong> sinais, marcas, tragos ,<br />
saliencias, <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>talhe capaz <strong>de</strong> orientar sobre a<br />
funcionalida<strong>de</strong> das palavras repetidas, ou que fosse capaz <strong>de</strong><br />
iluminar os sentidos das falas em contexto. Ai nos <strong>de</strong>paramos<br />
com questoes mais profundas que nao conseguimos esmiugar <strong>de</strong><br />
modo satisfat6rio: diferenciar texto <strong>de</strong> discurso, <strong>de</strong>limitar com<br />
precisao 0 alcance <strong>de</strong> cada ambito e fungao da repetigao,<br />
correlacionar linguagem e aprendizagem no ensino, etc.<br />
Apesar das limitag5es,topamos 0 <strong>de</strong>safio e <strong>de</strong>cidimos adotar<br />
opg5es que nos permitissem caminhar, parodiando 0 poeta:<br />
caminante, son tus huellas<br />
el camino, y nada mas;<br />
caminante no hay camino,<br />
se hace camino al andar.<br />
Al andar se hace camino,<br />
y al vol ver la vista atras<br />
se ve la senda que nunca<br />
se ha <strong>de</strong> volver a pisar.<br />
Caminante, no hay camino,<br />
sino estelas en el mar.<br />
(Antonio Machado).<br />
5 Para Benveniste (1989: 63-66, 97),"0 privilegio da lingua e comportar<br />
simultaneamente a significa
Em aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira, a utilizagao <strong>de</strong> repetigoes<br />
frequentes e sistematicas vem sendo uma das estrategias mais<br />
recorrentes e eficientes do processo <strong>de</strong> ensino/aprendizagem.<br />
Mais especificamente, no Centro Cultural Brasil Espanha do<br />
Recife, instituigao on<strong>de</strong> foi coletado 0 corpus <strong>de</strong>sta<br />
investigagao, os manuais utilizados como apoio as aulas<br />
insistem nas repetigoes particularmente com estruturas<br />
frasais simetricas - e <strong>de</strong>ixam clara a intengao existente <strong>de</strong><br />
automatizar 0 usa das estruturas linguisticas como resultante<br />
das ativida<strong>de</strong>s reiterativas.<br />
Mas, por outro lado, este mo<strong>de</strong>le <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> se revela,<br />
nos esquemas cognitivos, como menos criativo, e como<br />
contaminado pelo germe da mecanizagao: a iteragao pela<br />
iteragao, como mera tecnica <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> conteudos<br />
vivenciaveis, ten<strong>de</strong> a gerar e instaurar no seio do processo <strong>de</strong><br />
aprendizagem 0 <strong>de</strong>sinteresse progressivo em quantos ficam<br />
compelidos a proclamarem "yo soy aleman" - em se tratando <strong>de</strong><br />
alguem do Pajeu - ou "me llamo Barbara" quando se trata <strong>de</strong> urn<br />
robusto Amaro. Pois que fica estabelecida uma sistematica <strong>de</strong><br />
aprendizagem que incorpora uma serie <strong>de</strong> incongruencias que,<br />
pela sua artificialida<strong>de</strong>, carregam em si a semente do enfado e<br />
da <strong>de</strong>smotivagao. As repetigoes, especificamente, contem, <strong>de</strong><br />
fato, por serem 0 que sao, uma i<strong>de</strong>ntificagao com '0 ja visto',<br />
com 0 'nao novo', com '0 nao criativo'; em sintese, com 0<br />
suscetivel <strong>de</strong> propiciar 0 tedio.<br />
Uma constatagao <strong>de</strong>sta indole, <strong>de</strong>ve ressoar na consciencia<br />
do pesquisador em linguistica aplicada como um grito <strong>de</strong><br />
advertencia que the insta a avaliar com atengao especial a<br />
verda<strong>de</strong>ira significagao das tecnicas repetitivas no conjunto do<br />
processo <strong>de</strong> aprendizagem. E isso com maior razao ao levarmos em<br />
conta que estamos perante um dos fenomenos caracteristicos da<br />
oralida<strong>de</strong> e que a frequencia da sua utilizagao em sala,<strong>de</strong> aula<br />
po<strong>de</strong> chegar a extremos inimaginaveis 6 Aspecto este ultimo<br />
que po<strong>de</strong>ra ser fartamente constatado no corpus empregado, em<br />
6 Concordamos com Medina (1989: 18-19) quando advoga flexibilida<strong>de</strong> nos<br />
metodos e liberda<strong>de</strong> para 0 professor I ao dizer que "mas que en los<br />
metodos creemos en los aplicadores (...) la actuaci6n docente esta marcada<br />
por una serie <strong>de</strong> variantes (_.) que impi<strong>de</strong>n la recomendaci6n <strong>de</strong> un metodo<br />
unico y transportable a situaciones heterogeneas".
sequencias semelhantes a aqui selecionada como exemplo no caso<br />
(1), na reiteragao das mesmas ou <strong>de</strong> produgoes linguisticas<br />
semelhantes por todos os alunos presentes na aula 7<br />
(1)<br />
3-009 P-3 vamos a repetir , otra vez seRA (+) ot.ra<br />
3-010 A-18 [ot.ra vez sera<br />
3-011 A-19 ot.ra vez sera<br />
3-012 A-I8 ot.ra vez sera<br />
3-013 A-17 ot.ra vez sera<br />
3-014 A-16 ot.ra vez sera<br />
3-015 P-3 ot.ra vez sera (...)<br />
Diante <strong>de</strong> fen6menos <strong>de</strong>ste tipo, parece inevitavel<br />
perguntar-se a respeito da funcionalida<strong>de</strong> assumida pelas<br />
repetigoes. E faze-lo a partir <strong>de</strong> diferentes perspectivas <strong>de</strong><br />
analise cientifica que possam representar uma contribuigao para<br />
a implementagao <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> aprendizagem mais testados e<br />
bem sucedidos. De fato, em palavras <strong>de</strong> Martinell (1994:6-7), Ua<br />
repetigao e urn testemunho formal <strong>de</strong> que se tern recebido uma<br />
mensagem (... ) e 0 reflexo da simultaneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fungoes que<br />
exercem os dialogantes"8.<br />
Aqui se origina 0 <strong>de</strong>safio: pesquisar 0 carater funcional<br />
<strong>de</strong>sses testemunhos formais em aulas em que ocorre uma intensa<br />
troca <strong>de</strong> turnos.<br />
A repetigao e urn fen6meno marcado pela sua abrangencia e<br />
difusao na oralida<strong>de</strong>, e extrapola, <strong>de</strong> longe, 0 ambito<br />
linguistico, Assim e interessante partir, para a sua analise,<br />
<strong>de</strong> discursos contextualizados, tentando a i<strong>de</strong>ntificagao da<br />
diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> papeis que <strong>de</strong>sempenha.<br />
Nesta perspectiva, os textos serao fundamentalmente<br />
utilizados como pretextos <strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> tipologizagao da<br />
funcionalida<strong>de</strong> das repetigoes. A fUD980 sera <strong>de</strong>tectada por<br />
nos como resposta a perguntas do tipo qual e 0 papel ou,papeis<br />
que <strong>de</strong>sempenha aqui esta repetigao? au, ainda, com Bessa Neto<br />
(1991:37), respon<strong>de</strong>ndo a indagagoes tais como: para que<br />
ocorreu?, que importancia tern?, e fator <strong>de</strong> coesao textual, <strong>de</strong><br />
7 observe-se que, <strong>de</strong> agora em diante, como recurso tipografico, nos casas<br />
citados, sublinbaremos a matrjz e inseriremos neqrita na repeti~ao<br />
apresentada como confirmagao do que esta sendo afirmado.
coerencia discursiva, <strong>de</strong> organizagao da conversagao, <strong>de</strong> acerto<br />
formulativo ou <strong>de</strong> posicionamento na interagao?, acontece<br />
correlata a contextos <strong>de</strong> dialogo, <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate, <strong>de</strong> memorizagao ou<br />
ludicos? 9 Perguntas semelhantes serao 0 ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong><br />
um trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>scric;ao cujo objetivo sera 0 <strong>de</strong> adaptar a<br />
tipologia criada por Marcuschi (1992a) a um corpus <strong>de</strong> natureza<br />
diferente, pois foi produzido num contexto on<strong>de</strong> se da uma<br />
intensa troca <strong>de</strong> turnos.<br />
Em nosso ponto <strong>de</strong> partida, vive e se <strong>de</strong>senvolve a convicgao<br />
<strong>de</strong> que os avangos na didatica <strong>de</strong> ensino, passam por um conjunto<br />
<strong>de</strong> conhecimentos afins a ciencias diferentes. Entre eles se<br />
encontram diversos advindos do campo da sociolinguistica:<br />
analise da conversagao, etnografia da comunicagao, analise do<br />
discurso, psicolinguistica...Todas auxiliam na tarefa <strong>de</strong> avaliar<br />
a relevancia na aprendizagem <strong>de</strong> recursos que po<strong>de</strong>m aparecer<br />
imbricados com a argumentagao, a interagao, etc.<br />
A lingua, no sentido saussureano <strong>de</strong> 'langue', funciona<br />
como uma complexo e bem estruturado c6digo <strong>de</strong> representagao <strong>de</strong><br />
significagao, i<strong>de</strong>alizado para que 0 raciocinio humane se<br />
expresse e, ao faze-lo, possibilite a ocorrencia <strong>de</strong> uma<br />
captagao ou apreensao do conteudo daquele raciocinio por parte<br />
<strong>de</strong> alguem.<br />
Como se trata <strong>de</strong> sentido potencial, a lingua, sistematizada<br />
e explicitada a<strong>de</strong>quadamente, fica apta para se tornar um<br />
instrumento arquetipico da linguagem. Converte-se naquele<br />
construto cognitivo privilegiado que, <strong>de</strong>vidamente<br />
contextualizado e <strong>de</strong>ntro das possibilida<strong>de</strong>s e capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
cada um, po<strong>de</strong>ra servir como um instrumento fundamental e<br />
9 Tannen, apud Bessa Neto (1991:38-44), elabora uma si.ntese com quatro<br />
fatores funcionais e que costumam se sobrepor: <strong>de</strong> conexao, ou papel <strong>de</strong><br />
ligadura~ <strong>de</strong> produ9ao, ou trabalho <strong>de</strong> facilitagao <strong>de</strong> produgao a<br />
linguagem; <strong>de</strong> compreensao, quando faz que 0 discurso seja menos <strong>de</strong>nse e<br />
mais redundante; <strong>de</strong> interagao, na aproxirnaqaoentre emissor e recebedor.<br />
Bessa Net0 consi<strong>de</strong>ra que Tannen ten<strong>de</strong> a acreditar que 0 papel funcional<br />
basico da repeti9ao seja 0 <strong>de</strong> realizar a conexao, quando funciona como<br />
amarradura entre os elementos constituintes do discurso e/ou como recurso<br />
catalisador da unida<strong>de</strong> tematica.
A linguagem, quando contextualizada, po<strong>de</strong> assumir urnpapel<br />
prioritario na mediaqao <strong>de</strong> sentidos e, concomitantemente, urn<br />
papel relevante na negociagao do po<strong>de</strong>r que fica estabelecida<br />
entre os interlocutores participantes do processo interativo,<br />
que, quando nao plenamente <strong>de</strong>mocratico, ja acontecera marcado<br />
por uma assimetria <strong>de</strong> origem, constitutiva 10. A maior ou<br />
menor competencia em sua implementaqao, <strong>de</strong> acordo com cada<br />
situaqao, contribuira para 0 sucesso da sua funqao <strong>de</strong> portadora<br />
<strong>de</strong> sentidos. Porem, a linguagem, ao fazer a sua mediagao, inter<br />
ou extra sujeito(s) interveniente(s) na interaqao, produz, gera<br />
muito mais do que sentidos: incorpora, <strong>de</strong> alguma forma, sua<br />
intuiqao sobre o(s) interviniente(s) e 0 (8) seu(s) habitat(s).<br />
Com isso, 0 enunciado que na linguagem se~ produz,<br />
necessariamente, passa a ser fruto <strong>de</strong> co-autoria, dia16gico,<br />
plural e diverso como a propria realida<strong>de</strong> social: a linguagem<br />
faz, cria, recria mundos. E nao esquecemos que 0 enunciado<br />
expresso como linguagem, em principio, e fala, e enunciac;ao.<br />
Nessa fala se inspira a tecnologia que chamamos <strong>de</strong> escrita, a<br />
qual os letrados ren<strong>de</strong>mos frequente e, habitualmente, generosa<br />
submissao, chegando, ate a esquecer as suas origens...<br />
Exemplos <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s discriminatorias, negativas para com a<br />
fala 11, emergern no seio dos profissionais que gravitam em<br />
10 Hoffnagel (1992:83-91) afirma que "Possuir po<strong>de</strong>r numa intera9ao<br />
implica na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlar 0 <strong>de</strong>senvolvimento da interagao e as<br />
pessoas que nela participarn". Antes <strong>de</strong> concluir que, <strong>de</strong> acordo corn os<br />
resultados parciais da pesquisa Linguagem da Mulher, "OS homens controlam<br />
e portanto dorninam a conversa entre os sexos", traz referencias a<br />
diversos estudos que refletem 0 interesse ern investigar como as<br />
estruturas linguisticas servem a fun90es soc~a~s, como 0 po<strong>de</strong>r e as<br />
rela90es <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r sac expressas atraves da linguagem. Cita 0 <strong>de</strong> Fowler e<br />
outros que visam a mostrar como "estruturas linguisticas sac usadas para<br />
explorar, sistematizar, transformar e frequentemente ocultar, analises da<br />
realida<strong>de</strong>; para regular as i<strong>de</strong>ias e 0 comportarnento dos outros; para<br />
classificar e avaliar pessoas, eventos e objetos, e para enfatizar status<br />
institucionais ou pessoal". Traz as observa90es <strong>de</strong> Van Dijk a respeito da<br />
n09ao <strong>de</strong> pO<strong>de</strong>r, que no macro-nivel dizem respeito ao po<strong>de</strong>r social<br />
(economico, politico, cultural, etc) e no micro-nivel as prerrogativas<br />
advindas daquelas estruturas, e que implicarn numa rela9ao assim~trica,<br />
alias, uma situagao <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilibrio ou <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>.<br />
11 0 trabalho <strong>de</strong> Costa (1993) po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado paradigmatico na<br />
aplicagao das teorias <strong>de</strong> Fasold, Cooper e Fishman, quanto as atitu<strong>de</strong>s e<br />
sua analise, atraves da <strong>de</strong>scri9ao dos seus componentes cognitivo (cren9as<br />
e valores), afetivo (sentirnentos)e conativo (comportamento). Apresenta<br />
as atitu<strong>de</strong>s negativas -nao conscientes- <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> portugues da<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aguas Belas, em relagao aos seus alunos ~ndios da al<strong>de</strong>ia Fulni-<br />
6, por conta das interferencias linguisticas do sistema Ya:the no dominie<br />
do portugues, como <strong>de</strong>correntes duma n09ao etnocentrica do que seja falar<br />
corretamente (componente cognitivo) e <strong>de</strong> preconceito ernrela9ao ao grupo<br />
rninoritario (componente afetivo).
torno da natureza da linguagem. Em especial, <strong>de</strong>ntre aqueles que<br />
ministram aulas <strong>de</strong> lingua materna. Entre os fenomenos<br />
discriminados, acha-se 0 fenomeno da repetigao. Acontece que<br />
essas atitu<strong>de</strong>s nao resistem a uma analise e reflexao<br />
consistentes, por conta, nao apenas das diferengas entre 0<br />
estilo falado e 0 escrito, mas tambem das extraordinarias<br />
fungoes que a ativida<strong>de</strong> enunciativa <strong>de</strong>stina a fala e que uma<br />
acurada reflexao cientifica the credita.<br />
Alem do mais, vivemos numa feliz coinci<strong>de</strong>ncia: ao lado da<br />
crescente importancia com que e contemplada a problematica da<br />
linguagem, a reflexao sobre 0 ensino ganha foros cada vez mais<br />
interdisciplinares. Urnexemplo claro, <strong>de</strong>ntre outros, e 0 <strong>de</strong>bate<br />
da pratica metodo16gica no ensino <strong>de</strong> linguas estrangeiras, que<br />
vem sendo embalado pelo crescimento do turismo internacional e<br />
pela crescente expansao dos mereados . Progressivamente, vem<br />
<strong>de</strong>spertando mais e mais a atengao dos pesquisadores <strong>de</strong> varios<br />
ambitos do saber, como que em resposta, tambem, a um empenho<br />
cada vez maior para que a 'al<strong>de</strong>ia global' nao possa vir a se<br />
tornar uma reedigao dramatica da mitica Torre <strong>de</strong> Babel. De<br />
fato, 0 trabalho com lingua estrangeira, <strong>de</strong>ntro e fora da sala<br />
<strong>de</strong> aula, vem apresentando uma intensa evolugao nos tres ultimos<br />
<strong>de</strong>cenios, incorporando avangos cientificos <strong>de</strong> carater<br />
interdisciplinar<br />
linguagem.<br />
<strong>de</strong> maos dadas com as pesquisas sobre a<br />
Como fruto mais imediato e constatavel, a raiz <strong>de</strong> se<br />
conceber e enxergar a linguagem como uma realida<strong>de</strong><br />
contextualizada, constatamos que em alguns livros <strong>de</strong> texto,<br />
propostas curriculares e publicagoes, vem sendo superadas as<br />
incongruencias mais extremas <strong>de</strong> uma didatica do ensino <strong>de</strong><br />
linguas atrelada a uma visao estruturalista; ao mesmo tempo,<br />
se realizam esforgos para <strong>de</strong>finir e diferenciar a norma da<br />
lingua falada da norma da lingua escrita e para diminuir a<br />
distancia entre a lingua ensinada na aula e a falada no dia-a<br />
dia dos povos falantes (neste sentido, por exemplo, constatamos<br />
que conquista a<strong>de</strong>ptos e peso nos metodos <strong>de</strong> ensino a utilizagao<br />
<strong>de</strong> 'materiais autenticos', a procura <strong>de</strong> tarefas comunicativas<br />
motivadas, a busca 'da plena insersao' etc.).<br />
As opgoes por trabalhos<br />
pragmatica contribuern para<br />
<strong>de</strong> pesquisa<br />
consolidar<br />
na perspectiva<br />
a analise da
funcionalida<strong>de</strong> da linguagem, pois como <strong>de</strong>staca Van Dijk<br />
(1988:310) quando falamos em <strong>de</strong>terminado contexto levamos a<br />
efeito certos atos sociais. Em outras palavras, a linguagem nao<br />
apenas funciona linguisticamente mas tambem socialmente.<br />
Na trilha <strong>de</strong> Bakhtin, Searle ou Benveniste, Orlandi<br />
(1987:112) traz uma referencia a Pecheux que achamos pertinente<br />
para situar 0 paradoxa pragmatico da linguagem: 0 <strong>de</strong> que 0 seu<br />
misterio talvez radique em conseguir ser informar + comunicar<br />
+ reconhecer 0 confronto i<strong>de</strong>o16gico sem ser prioritariamente<br />
nada.<br />
Gragas a contribuigao <strong>de</strong> pesquisadores <strong>de</strong> campos diversos -<br />
psicologia, sociologia, etnologia, comunicagao, etnografia,<br />
biologia, etc. passou-se a dar uma atengao maior as<br />
dificulda<strong>de</strong>s sentidas e as limitagoes e problemas apresentados<br />
pelos aprendizes; advertia-se, em muitas ocasioes, que as<br />
dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem tinham pouca relagao com questoes<br />
exclusivamente<br />
semanticas, etc.<br />
morfossintaticas, ou/e fono16gicas, ou/e<br />
Desta forma, e em quadros pr6ximos ou semelhantes a este<br />
que adquirem relevancia particular: a) elementos linguisticos,<br />
caracteristicos da lingua falada, que ate bem pouco eram<br />
ignorados ou marginalizados: hesitagoes, marcadores<br />
conversacionais, repetigoes, e idiomatismos 12 ; b) elementos<br />
sociolinguisticos, atentando para os contextos socioculturais<br />
<strong>de</strong> uso da linguagem ou para as caracteristicas cientificas das<br />
diferentes variagoes e uses linguisticcs); c) elementos nao<br />
linguisticos relativos as relagoes que se estabelecem na aula e<br />
aos interesses que ali entram em jogo.<br />
A consequencia mais perceptivel e que, hoje, seja atraves<br />
do trabalho conjunto dos linguistas com pesquisadores <strong>de</strong><br />
diversos setores da ciencia, seja gragas a especialistas<br />
interdisciplinares, sac i<strong>de</strong>ntificadas constancias, correlagoes,<br />
aplicagoes, que alteram e dinamizam alguns pontos <strong>de</strong> vista<br />
tidos como cientificos (por exemplo, 0 da importancia que se<br />
dava ao dominio das estruturas gramaticais, <strong>de</strong>scuidando a<br />
12 Nos acolhemos aqui a este termo, na perspectiva <strong>de</strong> Marcuschi E.(1986)<br />
como a ocorrencia da suspensao do significado lexical <strong>de</strong> pelo menos um<br />
lexema e que abrange e diferencia unida<strong>de</strong>s fraseo16gicas <strong>de</strong> enunciados<br />
fixos e <strong>de</strong> express6es idiomaticas.
experiencia <strong>de</strong> comunicagao), e, em consequencia, a propria<br />
realida<strong>de</strong> escolar.<br />
Entre outras, e aprofundada a reflexao sobre a oralida<strong>de</strong> no<br />
sentido <strong>de</strong> diferencia-la da escrita, sem dar muita chance<br />
aquela levianda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tentar rebaixa-la a uma linguagem <strong>de</strong><br />
segunda categoria: a fala passa a ser caracterizada como uma<br />
ativida<strong>de</strong> linguistica especifica marcada, por exemplo, pela<br />
ocorrencia <strong>de</strong> urn maior nfrmero <strong>de</strong> justaposigoes, paralelismos,<br />
repetigoes, etc.<br />
Nao <strong>de</strong>vera causar espanto, num quadro <strong>de</strong>stes, que a<br />
repetigao, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tao expurgada pela estetica literaria, em<br />
bancas escolares on<strong>de</strong> se constatam relagoes professor / aluno<br />
marcadas por, acentuada assimetria, chegue a ser olhada com<br />
outros olhos. Especialmente a partir do momenta em que chega a<br />
ser proclamada como forma basica da estruturagao do discurso<br />
por Koch 13, ou reconhecida por" Marcuschi (1992a:2) como<br />
produgao que funciona como estrategia <strong>de</strong> monitoragao ritmica da<br />
frequencia, como recurso <strong>de</strong> persuasao, como contribuigao para a<br />
progressao textual e, quando fator <strong>de</strong> coesao, textual, como<br />
propiciadora <strong>de</strong> uma textualida<strong>de</strong> menos <strong>de</strong>nsa com a ocorrencia<br />
<strong>de</strong> urnmaior grau <strong>de</strong> envolvimento, etc.<br />
A nossa pesquisa e reflexao se insere neste ambito :>U<br />
perspectiva do saber. 0 ponto <strong>de</strong> partida e a tipologia formal<br />
e funcional das repetigoes elaborada por Mascuschi (1992a), por<br />
13 Trabalho apresentado na 4sa Reuniao Anual da SBPC, em 14.7.93, no<br />
Recife. Nele a autora apresenta sua tipologizac;:aodas repetic;:6ese a sua<br />
importancia como ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> composic;:aodo texto falado, tomando por<br />
base as suas func;:oesrelativas a estruturac;:ao<strong>de</strong> textos produzidos Em<br />
interac;:oesface a face. Faz isto, ap6s analisar diversas contribuic;:oes:<br />
a) Tannen, partindo <strong>de</strong> Freud, (como fonte <strong>de</strong> prazer por ser reexperimentac;:ao<strong>de</strong><br />
algo) relacionando-as com 0 seu uso reiterado em<br />
cumprimentos, agra<strong>de</strong>cimentos, <strong>de</strong>spedidas, com a Hsacralizac;:ao"<strong>de</strong> formas<br />
estereotipadas rituais, com 0 gosto <strong>de</strong> repetir slogans, proverbios,<br />
canc;:6esfamosas; b) Marcus (importancia por sua func;:aofatica na<br />
diplomacia); c) Johnston (meio <strong>de</strong> criac;:ao<strong>de</strong> categorias); d) Gibbs<br />
(auxilio ao processamento e compreensao rapidos e imediatos); e) rannen,<br />
Barthes, Maingueneau, Pecheux, Kristeva, Bakhtin_ (interage como eco <strong>de</strong><br />
enunciados anteriores). Tambem consi<strong>de</strong>ra tabalhos <strong>de</strong> sintese <strong>de</strong>: a)<br />
Johnston (como mecanisme coesivo ou textualizador; como recurso ret6rico;<br />
<strong>de</strong> efeitos semanticos intensida<strong>de</strong>, enfase, iterac;:ao,frequencia,<br />
continuac;:ao, progressao, habitualida<strong>de</strong> -; para a adquisic;:ao da<br />
linguagem...); b) Jefferson (as significativas em contraste com as<br />
marginais, em or<strong>de</strong>m a sua contribuic;:aopara com a linearizac;:aodo<br />
discurso): c) Norris (orientadas para a pradugao au para a compreensaa,<br />
diferenci"lndo as auto-realizadas das heterocondicionadas); d) Maynard<br />
(<strong>de</strong>stinadd - com Malinowski - a "comunhao fatica", a estabelecer lac;:os<br />
emocionais e a preservac;:aodas faces; e) Ishikawa, Tannen (signo ic6nico<br />
com dimensao interacional), etc.
ser critica , abrangente e proxima a nos; e aberta a a<strong>de</strong>quagao<br />
em se tratando <strong>de</strong> outros tipos <strong>de</strong> corpus; e nos livra, em boa<br />
parte, <strong>de</strong> urn penoso perambular por urn sem-fim <strong>de</strong> nomenclaturas<br />
~ tipologias, nem sempre acessiveis. Optamos, P9is, por<br />
efeti var uma adaptagao da referida tipologia, a<strong>de</strong>quando as<br />
escolhas as exigencias do corpus.<br />
Na esteira do estudo que realizamos sobre a repetigao, ira<br />
ficando urn bocado <strong>de</strong> preocupag6es aguardando a sua vez para<br />
outra oportunida<strong>de</strong>: a) as concentradas na pratica concreta do<br />
ensino <strong>de</strong> espanhol a brasileiros: a superagao pertinaz e<br />
fundamentada do artificialismo que a estrutura escolar conota e<br />
significa; a diminuigao do fossa que costuma separar a<br />
linguagem transmitida em sala <strong>de</strong> aula e a exibida pelos povos<br />
correspon<strong>de</strong>ntes; b) as relativas a viabilizar processos <strong>de</strong><br />
aprendizagem uteis e prazerosos, na linha humanistica,<br />
evi<strong>de</strong>nciada por Gomes <strong>de</strong> Matos (1984, 1987), <strong>de</strong> tentar preparar<br />
os aprendizes para que possam exercer plenamente os seus<br />
direitos.<br />
Na aula, a assimetria funcional e estrategica 14 dos<br />
papeis <strong>de</strong> professor e aluno, mesmo que passivel <strong>de</strong> ser<br />
subvertida, se apresenta como realida<strong>de</strong> quase que necessaria e<br />
indispensavel, manifestando-se como urn fenomeno <strong>de</strong> origem<br />
institucional. Aspecto que resulta das competencias especificas<br />
que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a comunida<strong>de</strong> escolar sac reservadas ao professor e ao<br />
aluno. Ao professor cabe exercer urn papel dirigente por conta<br />
do seu conhecimento da estruturagao da proposta <strong>de</strong> ensino em<br />
questao e da sua competencia cientifica no campo especifico<br />
trabalhado na aula. Ainda, e relativo a troca dos turnos, ao<br />
14 Marcuschi (1992b:58) enumera cinco indicadores como possiveis origens<br />
<strong>de</strong> uma relagao <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>sequilibrio entre os membros<br />
participantes <strong>de</strong> um evento <strong>de</strong> fala: insersao em grupos sociais diversos;<br />
formagao <strong>de</strong>sigual; profissao com valor social diferenciado; direitos<br />
diferenciados; papeis <strong>de</strong>siguais no comando da interagao. Disto resultam<br />
diferengas quanto as formas <strong>de</strong> tratamento, as formas <strong>de</strong> poli<strong>de</strong>z, ao<br />
controle dos t6picos, ao estilo, aos tipos <strong>de</strong> atos <strong>de</strong> fala. Em suma, a<br />
assimetria po<strong>de</strong> ser notada nas diferengas <strong>de</strong>: po<strong>de</strong>r pessoal, social e<br />
institucional; selegao <strong>de</strong> recursos lingulsticos; i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social."Estes<br />
sac os ingredientes que comp6em a distancia social entre os<br />
participantes".
professor compete reger a modalida<strong>de</strong> e 0 ri tmo das<br />
intervengoes, ficando para 0 aluno a missao <strong>de</strong> ser um<br />
interlocutor atento e disciplinado. Assim, naturalmente passam<br />
a ser da algada do professor, implementar papeis como: propor a<br />
dinamica da aula, indagar sobre eventuais sugestoes, avaliar<br />
potenciais encaminhamentos, <strong>de</strong>cidir sobre a mudanga ou a<br />
continuida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida, explicar conteudos,<br />
esclarecer e dirimir duvidas, corrigir, aprovar, entre<br />
outros 15<br />
Sem duvida, po<strong>de</strong>mos observar no corpus, a frequencia e a<br />
facilida<strong>de</strong> com que 0 professor entrega ou faz entregar 0 turno,<br />
se valendo <strong>de</strong> diversos recursos: a) <strong>de</strong> produgoes linguisticas,<br />
caracterizaveis como marc adores <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> turno ou como<br />
enunciados fixos, <strong>de</strong> tipo avaliativo ou conclusivo (Umuy bien",<br />
uvale" ...), seguidas ou nao <strong>de</strong> outras <strong>de</strong> sentido estimulativo ou<br />
incentivador (Ua<strong>de</strong>lante", Usigue" ... ); b) <strong>de</strong> enunciados<br />
nitidamente diretivos (Udile a", Upreguntale a"._); c) da<br />
interrupgao <strong>de</strong> alguma produgao numa silaba alongada e<br />
pronunciada num tom elevado (Umo::" - relativa a Umojarme"- ,<br />
uplus::"-para. sugerir 0 tempo JJpluscuamperfecto"-.etc.); d) da<br />
simples enunciagao do nome <strong>de</strong> algum membro do grupo, ap6s a<br />
conclusao da tarefa ou evento anterior (interpretada como<br />
convite a assumir, prolongar ou ce<strong>de</strong>r 0 turno); e) da<br />
solicitagao da repetigao parcial Oll total do enunciado<br />
prece<strong>de</strong>nte_. Em suma, 0 professor, valendo-se <strong>de</strong> expressoes,<br />
gestos, sinais, tons especificos, regras pre-estabelecidas e <strong>de</strong><br />
outros recurs os , semelhantes ou nao, tanto novos como ja<br />
utilizados em ocasioes parecidas por ele ou por outros<br />
professores,costuma ser capaz <strong>de</strong> passar para 0 grupo qual e 0<br />
seu <strong>de</strong>sejo ou vonta<strong>de</strong> em relagao a sequencia a ser dada a aula.<br />
Porem, esta<br />
substancialmente<br />
assimetria <strong>de</strong> papeis,<br />
alterada, subvertida ou<br />
po <strong>de</strong> vir<br />
<strong>de</strong>sfeita 16·<br />
a ser<br />
Para<br />
15 Signorini (1991:137) recorre a Parret para explicitar como se procura<br />
no discurso explicativo a 'ilusao referencia1 <strong>de</strong> um dizer verda<strong>de</strong>iro <strong>de</strong><br />
natureza onto16gica, que e 0 apagamento ou 'camuflagem' da<br />
(inter)subjetivida<strong>de</strong> inerente a ativida<strong>de</strong> discursiva; e a Borel, para<br />
afirmar que se busca apresentar 0 discurso como neutro, racional,<br />
objetivo, sem interferencias, entanto 0 que se faz, na pratica, e<br />
argumentar, obe<strong>de</strong>cer a interesses, impor uma politica.<br />
16 Bolognini (1991:71-73) coloca como uma das estrategias para <strong>de</strong>sfazer a<br />
assimetria em aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira a do recurso a lingua materna<br />
em contextos nos quais 0 conteudo do que se quer transmitir e consi<strong>de</strong>rado<br />
importante.
tanto sera necessario, no primeiro caso, se valer <strong>de</strong><br />
estrategias previamente combinadas e <strong>de</strong>cididas no grupo<br />
educativo para viabilizar a redistribuiqao das<br />
responsabilida<strong>de</strong>s na aula com 0 objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratizar 0<br />
exercicio do po<strong>de</strong>r; no segundo caso, a subversao dos papeis<br />
<strong>de</strong>corre diretamente da aqao neste sentido efetivada por algurn<br />
ou por varios alunos: atraves <strong>de</strong> indagaqoes, propostas <strong>de</strong> novos<br />
t6picos ou encaminhamentos, barulhos, aqoes paralelas,<br />
digressoes...<br />
Dentre as estrategias para quebrar a assimetria<br />
constituinte das relaqoes escolares, talvez a que e mais<br />
recorrente, por espontanea e <strong>de</strong>sapercebida, e a repetiqao, em<br />
especial, a heterorrepetiqao. Esta faculta, viabiliza para os<br />
aprendizes 0 acesso ao papel <strong>de</strong> entregar iniciar ou animar os<br />
turnos, mesmo que seja como po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>legado pelo mestre. Tambem<br />
possui a virtu<strong>de</strong> inerente <strong>de</strong> dissimular a menor competencia<br />
linguistica com 0 que se torna <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor para ajudar a<br />
vencer a timi<strong>de</strong>z e 0 temor <strong>de</strong> ver comprometida a auto-estima do<br />
aluno interveniente. Finalmente, aparece como urna forma<br />
cognitiva simples para assumir, por exemplo, papeis <strong>de</strong><br />
avaliaqao, pois po<strong>de</strong>ra bastar, por exemplo, com a repetiqao<br />
euf6rica <strong>de</strong> uma produqao linguistica.<br />
Desta feita, a repetiqao po<strong>de</strong> aparecer diante <strong>de</strong> n6s como<br />
urn gran<strong>de</strong> aliado do educador mo<strong>de</strong>rno que aceita 0 <strong>de</strong>safio <strong>de</strong><br />
tentar <strong>de</strong>mocratizar 0 acesso a palavra para viabilizar urn<br />
processo <strong>de</strong> aprendizagem menos 'bancario', 17 mais eficiente<br />
por preten<strong>de</strong>r ser libertador, ao propiciar, na <strong>de</strong>mocratizaqao<br />
dos turnos , do saber e do po<strong>de</strong>r, uma maior participaqao e<br />
comprometimento <strong>de</strong> todos com 0 processo <strong>de</strong> ensino/aprendizagem.<br />
17 Adotamos a terminologia do educador Paulo Freire (1969, 1971) que<br />
contrapoe este apelativo ao <strong>de</strong> "1ibertador".
DELIMITACAO DE<br />
ESTABELECER UMA<br />
REPETICOES<br />
CRITERIOS<br />
E FUNCIONAL<br />
PARA<br />
DAS<br />
2.1.1. Os pressupostos gerais e a referencia a Marcuschi<br />
(1992a)<br />
Observando a literatura linguistica relativa ao<br />
estabelecimento <strong>de</strong> conceitos que instrumentalizem a analise do<br />
fen6meno linguistico da repetiqao, pu<strong>de</strong>mos verificar a enorme e<br />
surpreen<strong>de</strong>nte dispersao existente nos criterios aduzidos por<br />
uns e outros ao tentarem equacionar 0 fen6meno. 18<br />
Impelidos, em boa medida, pela complexida<strong>de</strong> que<br />
representava a analise critica das diferentes perspectivas e <strong>de</strong><br />
18 Aquilo que apresentamos, bem sinteticamente, na nota 12, referente ao<br />
trabalho <strong>de</strong> Koch, juntamos agora 0 que Marcuschi recolhe (1992a:9-lS). a<br />
autor constata a inexistencia <strong>de</strong> uma teorizagao mais abrangente com um<br />
tratamento claro, explicito e integrado, formal e funcional da repetigao<br />
(nos criterios para fazer esta distingao e que observara a principal<br />
carencia das tipologias existentes: Ramos, Norrick, Tannen, Bessa Neto_.):<br />
a organizagao da repetigao ainda nao foi objeto <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scrigao<br />
<strong>de</strong>ta1hada. De Johnstone recolhe , complementando-a, 0 estudo sobrE os<br />
autores e as diversas perspectivas <strong>de</strong> tratamento: a) como mecanismCl <strong>de</strong><br />
coesao do discurso: este observa que e 0 primeiro recurso da crianga e J<br />
111timo a ser perdido na afasia; Halliday/Hasan, Harweg, Ochs - reCUrSf:l<br />
comum no planejamento do texto oral -, Tannen - fungao conectiva -, e<br />
Marcuschi aponta Bessa Neto, Koch, Dutra padroes entoacionais na<br />
narrativa e ele pr6prio; b) como mecanisme ret6rico: Johnstone,<br />
Sherzer, Witherspoon (Marcuschi cita Tannen, Jakobson); c) como mecanismo<br />
<strong>de</strong> efeito semantico: Jakobson, Wierzbicka,( Marcuschi, alem <strong>de</strong>le mesmo,<br />
inclni Ramos, Norrick, Ishikawa, Tannen); d) na adquisigao e no ensino <strong>de</strong><br />
linguas: Snow, Ferguson, Keenan, schieffelin, Brown...Marcuschi acrescenta<br />
mais duas categorias: e) como processo <strong>de</strong> padronizagao sintatiGa:<br />
Blanche-Benveniste - e relacionando-a com a <strong>de</strong>nominagao ou i<strong>de</strong>ntificaqao<br />
<strong>de</strong> referentes -, Weiss - e como que origina construgoes tipicas da fala<br />
, wackernagel-Jolles e uma caracteristica essencial da fala -,<br />
Wierzbicka - e a reduplicagao sintatica como trago para a construgao <strong>de</strong><br />
uma gramatica ilocut6ria da lingua -, Beten, wun<strong>de</strong>rlich, perini, Hopper,<br />
Braga/Roncarati; f) como promotora da interagao: Tannen, Chafe, Ishikawa,<br />
Norrick, Ramos, Bessa Neto, Travaglia, Hilgert. Ainda refere outros<br />
trabalhos: dos psicolinguistas (Lemos, Keenan - e como ato social, como<br />
reflexo da competencia linguistica -, Roemer_.) como ponto <strong>de</strong> emergencia<br />
<strong>de</strong> padroes sintaticos e discursivos baseados em processos <strong>de</strong><br />
especularida<strong>de</strong>, reciprocida<strong>de</strong>, complementarieda<strong>de</strong> , Tannen como<br />
envolvimento e como a quintessencia da poesia -;Ramos - ligada a fungao<br />
comunicativa como papel principal -; Bessa Neto - a sua fungao basica, no<br />
texto narrativo, e a conexao -; Ishikawa po<strong>de</strong> representar a<br />
iconicida<strong>de</strong> interacional, as significagoes iconicas no nivel do discurso<br />
por conta da relagao estreita entre forma e sentido Finalmente,<br />
Marcuschi aponta a repetigao como criterio aferidor da espontaneida<strong>de</strong> da<br />
interagao.
suas correspon<strong>de</strong>ntes propostas, caso preten<strong>de</strong>ssemos lograr uma<br />
avaliagao mais acurada da sua consistencia e utilida<strong>de</strong>, optamos<br />
por <strong>de</strong>ixar isto <strong>de</strong> lado, nos remetendo, apenas, para a<br />
abordagem <strong>de</strong> Marcuschi (1992a:99-112) a respeito; a abrangente<br />
critica que ele fazia <strong>de</strong> uma vasta literatura nos tranquilizava<br />
quanta a uma possivel limitagao do nosso horizonte<br />
epistemo16gico; a gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ace<strong>de</strong>r as obras<br />
acalmava, em parte, os anseios <strong>de</strong> realizarmos uma amp1a<br />
pesquisa. Resolvemos, entao, ficar, sem mais, no acessivel<br />
porto da relagao geral <strong>de</strong> fatores tipo16gicos que propoe este<br />
autor, que, alem do mais, enten<strong>de</strong>mos, absorve e supera as<br />
contribuigoes prece<strong>de</strong>ntes 19 Desta feita 1 e nc amt>ito das<br />
tipologias, formal e funcional, <strong>de</strong> Marcuschi que nos<br />
posicionamos, <strong>de</strong> saida, na perspectiva <strong>de</strong> tentarmos adapta-las<br />
as necessida<strong>de</strong>s sentidas em nossa pesquisa. De forma que,<br />
quando optamos por assumir mudangas nos criterios e<br />
especificagoes, no intuito <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar os mo<strong>de</strong>los analiticos e<br />
referenciais adotados as exigencias do nosso corpus,<br />
qualitativamente, bem diverso dcs utilizados por ele, isso<br />
acontece ja tendo como base, como arcabougo fundamental, como<br />
pano <strong>de</strong> fundo, uma reflexao em cima dos logros e avangos das<br />
pesquisas do referido autor. E, ao observador, este aspecto<br />
ficara evi<strong>de</strong>nciado quando atentar para as observagoes <strong>de</strong><br />
carater<br />
texto.<br />
contrastivo que permeiam 0 <strong>de</strong>senrolar do presente<br />
Marcuschi (1992a:46) fala em t.ipo como sendo "urn<br />
conjunto te6rico que se afigura padrao recorrente e com certa<br />
regularida<strong>de</strong> na forma" Estabelece como pressupost.os para a<br />
sua t.ipologia a) a sua nogao <strong>de</strong> repetigao (a nossa altera<br />
significativamente a sua abrangencia); b) uma concepgao<br />
funcionalista da lingua na qual consi<strong>de</strong>ra quatro niveis <strong>de</strong><br />
articulagao -fono16gico, morfo16gico, sintatico e semantico- (a<br />
19 Enten<strong>de</strong>mos que, <strong>de</strong> fato, a tipologia <strong>de</strong> Marcuschi (1992a:99-112)<br />
representa um esforgo para, em concomitancia com 0 seu tipo <strong>de</strong> corpus,<br />
acomodar as diferentes perspectivas <strong>de</strong> abordagem, dota-las <strong>de</strong><br />
sistematizagao abrangente e coerente. Traz a consi<strong>de</strong>ragao as que,enten<strong>de</strong><br />
como mais relevantes: a) Ramos (para a facilitagao das tarefas do ouvinte<br />
e para a hesitagao ou a intensificagao); b) Norrick (baseada na estrutura<br />
da troca: organizagao dos pares adjacentes, contrastes entoacionais,<br />
contra-argumentagoes; distinguindo entre a repetigao significativa e a<br />
randomica; separando as auto das heterorrepetigoes); c) Tannen (parte das<br />
nogoes <strong>de</strong> envolvimento e pre-padronizagao linguistica para agrupar as<br />
fungoes nas categorias <strong>de</strong> produgao, compreensao, conexao, interagao); d)<br />
Bessa Neto (parte <strong>de</strong> Tannen mas relacionando sistematicamente formas e<br />
fungoes; ressalta a conectivida<strong>de</strong> em textos narrativos); e) Hilgert<br />
(trabalha a distingao entre parafrase, corre9ao e repeti9ao); f)<br />
Travaglia (as causas e fungoes enguanto fenomeno da fala).
nossa preten<strong>de</strong> enveredar por trilhas mais holisticas, apenas<br />
mencionando, <strong>de</strong> passagem, os niveis formais); c) urnaconcepqao<br />
<strong>de</strong> conversaqao que preve urna estrutura plural <strong>de</strong> participaqao<br />
(preten<strong>de</strong>mos incorporar urna maior explicitu<strong>de</strong> a dimensao<br />
plurifuncional, particularmente interativa); d) urna estrutura<br />
<strong>de</strong> troca <strong>de</strong> turno (em nosso caso e frequente); e) uma estrutura<br />
informacional com interlocutores centrados em topicos<br />
discursivos (em nosso caso os topicos sac geridos por situaq6es<br />
<strong>de</strong> aprendizagem); f) em processos <strong>de</strong> negociaqao comandando a<br />
interaqao (partimos <strong>de</strong> situaqoes mais complexas, do ponto <strong>de</strong><br />
vista interativo, da sala <strong>de</strong> aula) (Marcuschi, 1992a:46-47).<br />
Marcuschi (1992a:47-49), apos enurnerar os pressupostos,<br />
sugere que a <strong>de</strong>finiqao da tipologia formal dos fenomenos<br />
linguisticos seja realizada a partir <strong>de</strong> tres conjuntos <strong>de</strong><br />
fatores relevantes -dimensao, aspecto, marca- que caracterizam<br />
tres <strong>de</strong>graus <strong>de</strong> aproximaqao fenomenica. Reconhece a forma e a<br />
funqao como primeiro <strong>de</strong>grau, 0 das "dimensoes mais genericas<br />
das operaqoes linguisticas". No segundo <strong>de</strong>grau, ou nivel<br />
intermediario, coloca os aspectos: sejam relativos a forma<br />
-produqao, segmento, distribuiqao, configuraqao-, sejam<br />
relativos a funqao -texto e discurso-. No terceiro <strong>de</strong>grau, no<br />
nivel <strong>de</strong> maior particularida<strong>de</strong>,<br />
Quadro 1 (pagina 16).<br />
situa as marcas; como ilustra 0<br />
as tipos teoricos surgem nos cruzamentos dos fatores<br />
constantes no quadro: cada tipo sera resultado da combinaqao da<br />
marca <strong>de</strong> urnaspecto com a marca <strong>de</strong> cada urndos <strong>de</strong>mais aspectos.<br />
Dos 120 tipos formais teoricamente possiveis, 0 autor<br />
estabelece urn quadro com os 44 por ele comprovados<br />
empiricamente (Marcuschi, 1992a:45-50, 64-65, 68).<br />
Quanto a <strong>de</strong>finiqao <strong>de</strong> urna tipologia das funqoes, mesmo<br />
reconhecendo a complexida<strong>de</strong> inerente a preten<strong>de</strong>r estabelecer<br />
distinqoes claras entre aquelas direcionadas ao texto<br />
(textuais ) e as direcionadas ao discurso (discursivas) ,<br />
mantem esta distinqao como uma opqao <strong>de</strong> indole pragmatica.<br />
Explicita, ainda, que a funcionalida<strong>de</strong> opera simultaneamente<br />
nos dois niveis, pois sao, fenomenicamente, interllgados e<br />
indissociaveis: a traduqao do aspecto emico ou perspectiva <strong>de</strong><br />
imanencia ao texto, ou das funqoes ligadas a coesao e a<br />
formulaqao, ou da repetiqao enxergada como fator <strong>de</strong><br />
continuida<strong>de</strong> textual, sera responsabilida<strong>de</strong> das fungoes<br />
textuais; 0 aspecto etico ou perspectiva <strong>de</strong> transcen<strong>de</strong>ncia<br />
discursiva do texto, ou das funqoes ligadas a compreensao, ao
t6pico, a argumentaqao e a interaqao, sera responsabilida<strong>de</strong> das<br />
funqoes discursivas (Marcuschi, 1992a:114).<br />
Dimensao Aspect.o Marca<br />
Produqao Autorrepetiqao<br />
Heterorrepetiqao<br />
Segmento Fonema<br />
Morfema<br />
Lexema<br />
Sintagma<br />
FORMA Oraqao<br />
FUN
Marcuschi (1992a:45-98), como mencionamos, estabelece uma<br />
relaqao geral <strong>de</strong> fatores tipo16gicos, que permitam a <strong>de</strong>finiqao<br />
<strong>de</strong> todos os tipos formais <strong>de</strong> repetiqao possiveis, antes <strong>de</strong><br />
tratar <strong>de</strong> operacionalizar esta possibilida<strong>de</strong>. Para chegar a uma<br />
matriz te6rica (apri6rica) <strong>de</strong> tipos adota a estrategia <strong>de</strong><br />
montar quadros parciais a partir dos aspectos, e <strong>de</strong> acordo com<br />
as suas marc as especificas mais <strong>de</strong>cisivas. Feito isto, passa a<br />
estabelecer as bases e <strong>de</strong>senvolver os aspectos e marc as<br />
funcionais mais <strong>de</strong>terminantes que possibilitem atingir uma<br />
tipologia funcional da repetiqao. Tipologia, esta, que seja<br />
representativa do fen6meno, passivel <strong>de</strong> ser correlacionada com<br />
os tipos formais e aberta a outras possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
categorizaqao (1992a:113-159). Conforme 0 Quadro 2, a seguir:<br />
QUADRO 2<br />
~ DE TIPa; DE FUR;io DA REPEflc;.io (Marcuschi:1992a)<br />
ASPECTO MARCA/AMBITO FUHCAO<br />
TEXTUAL COESAO SEQUENCIA
2.1.3. Premissas e consi<strong>de</strong>ragoes previas a <strong>de</strong>limitagao dos<br />
tipos <strong>de</strong> repetigao<br />
Sendo os eventos da fala os fenomenos com maior propensao a<br />
apresentarem repetigoes frequentes, <strong>de</strong> indole diversa, sera<br />
bem-vindo, acreditamos, 0 esforgo que pretenda levar esse<br />
fenomeno a uma abordagem que facilite ou possibilite a sua<br />
manipulagao racional e pratica, 0 seu melhor aproveitamento.<br />
No caso que nos ocupa, trata-se <strong>de</strong> equacionar um fenomeno<br />
complexo, como seja 0 <strong>de</strong> acontecer conversagao, no seio <strong>de</strong> um<br />
conjunto <strong>de</strong> estrategias hurnanas<strong>de</strong>stinadas a um ample leque <strong>de</strong><br />
objetivos potenciais e provaveis em sala <strong>de</strong> aula: apren<strong>de</strong>r, se<br />
habilitar, progredir, se comunicar, se afirmar, relaxar, ou, em<br />
sintese, exercer com mais plenitu<strong>de</strong> esse po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> ser pessoa.<br />
A nossa primeira opgao, face a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitagao<br />
do alcance do trabalho, e uma premissa referente aperspec~iva<br />
principal que assurnimos:concentrar 0 esforgo, no que tange a<br />
elaborar urna tipologia funcional das repetigoes. Em<br />
consequencia, outros objetivos, como a correlagao sistematica e<br />
quantificada entre formas e fungoes ficarao para outras<br />
ocasioes. No presente trabalho, essa correlagao apenas sera<br />
mencionada episodicamente. Em verda<strong>de</strong>, os elementos da<br />
tipologia formal, sac chamados a gerar uma carga <strong>de</strong> problemas<br />
bem menor para 0 pesquisador. Devido a seu carater <strong>de</strong><br />
teorizagao <strong>de</strong> categorias <strong>de</strong> constatagao eminentemente empirica,<br />
dimensionaveis em termos <strong>de</strong> quantificagoes espago-temporais,<br />
portanto, mensuraveis, intratexto. Isso porque a sua<br />
i<strong>de</strong>ntificagao, por exemplo, como um <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong><br />
segmento ou segundo a sua configuragao ou distribuigao, esta<br />
inscrita na pr6pria forma <strong>de</strong> apresentagao do texto, e <strong>de</strong> acordo<br />
com criterios pre<strong>de</strong>terminados.<br />
Como segunda premissa, estabelecemos novos ~ipos <strong>de</strong><br />
fun9ao escolhidos e <strong>de</strong>finidos, a partir do corpus, mediante<br />
indicadores representativos <strong>de</strong> epis6dios ou eventos semelhantes<br />
ou i<strong>de</strong>nticos. Em <strong>de</strong>correncia, omitiremos aqueles tipos que<br />
apenas forem encontrados em nosso corpus. Nao obstante, por<br />
pru<strong>de</strong>ncia, nao excluiremos tipos propostos por Marcuschi; para<br />
esquivar 0 risco <strong>de</strong> que a tipologia que elaboramos fique<br />
empobrecida, ao reduzi-la a urn<strong>de</strong>calque <strong>de</strong> urncorpus especifico<br />
e particular, especie <strong>de</strong> radiografia ou <strong>de</strong> negativo das fungoes<br />
i<strong>de</strong>ntificadas em certos momentos <strong>de</strong> aula, <strong>de</strong> uma certa materia,<br />
numa certa escola, <strong>de</strong> um certo lugar...Assim, as novas<br />
categorias verificadas em nosso corpus, estarao inseridas numa
tipologia com perspectivas <strong>de</strong> maior abrangenciar utilida<strong>de</strong> e<br />
durabilida<strong>de</strong>. Na hip6tese contrariar pensamos nas consequencias<br />
<strong>de</strong>sastrosasr por exemplor da retirada das fungoes referentes ao<br />
t6picor apenas porque as nossas amostragens <strong>de</strong> conversagaor nao<br />
favoreceram a existencia e posterior verificagao <strong>de</strong> eventos <strong>de</strong><br />
marca t6pica por conta <strong>de</strong> quaisquer circunstancias<br />
particulares.<br />
Outrossimr utilizaremos estes conceitosr respeitando as<br />
opgoes adotadas por Marcuschi (1992a)r quando nos parecerem<br />
particularmente uteis ao trabalho analitico r e <strong>de</strong> aspiragao<br />
didaticar que tencionamos realizar.<br />
Assentadas estas premissas e partindo das nogoes que<br />
utilizaremos <strong>de</strong> repetigao r tipo e fungao r e ap6s apresentar 0<br />
quadro tipo16gico que emerge do nosso trabalhor e contrasta-lo<br />
com 0 <strong>de</strong> Marcuschi (1992a)r preten<strong>de</strong>mos estabelecer criterios<br />
que nos possibilitemr nos eventos <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> espanhol como<br />
lingua estrangeirar gravados e transcritosr checar as mais<br />
recorrentes e diversas manifestagoes da repetigao a fim <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>duzir a sua funcionalida<strong>de</strong>.<br />
Sabemos da possilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar outros tipos <strong>de</strong><br />
categorizagao conceitual para agrupar os fenomenos que<br />
observamos e analisamos. Em todo casor a tipologia da repetigao<br />
<strong>de</strong>ste trabalho e baseada na <strong>de</strong> Marcuschi (1992a); acolhe-se a<br />
ela em seus postulados formais e analiticos e operacionais.<br />
Pari:ilhar portantor <strong>de</strong> suas virtu<strong>de</strong>s r dificulda<strong>de</strong>s e<br />
limitagoes. Em particularr das <strong>de</strong>rivadas da artificialida<strong>de</strong><br />
gerada pela separagao dicotomica entre texto e discurso.<br />
As mudangas que realizamos <strong>de</strong>corremr fundamentalmente r do<br />
acrescimo <strong>de</strong> fungoes que se salientaram como recorrentes no<br />
corpus especifico trabalhado.<br />
Reproduzimos a tipologia <strong>de</strong>ste trabalho no Quadro 3 (pagina<br />
20). Apresenta treinta fungoes selecionadasr 0 que acresce seis<br />
aquela que the serviu <strong>de</strong> base. Posteriormente r no Quadro 4<br />
(pagina 21)r agrupamos ambas as tipologias -a <strong>de</strong> Marcuschi e a<br />
<strong>de</strong>ste trabalho- para facilitar uma analise contrastiva geral.
ASPECTO<br />
TEXTUAL<br />
MARCA/AMBITO FUHCAO<br />
COESAO SEQUENCIA~AO<br />
REFERENCIA
QUADRO 4<br />
QUADRO COMPARATIVO DE TIPOS DE FUN9AO DA REPETI9AO DE MARCUSCHI<br />
(1992a) E DESTE TRABALHO<br />
ASPECTO MARCAI FUN9AO FUN9AO<br />
AMBITO (Marcuschi.: 1992a) (neste trabalho)<br />
TEXIUAL COESAo SEQUEN::IAc;Ao SEQUEN:IAC;Ao<br />
~1J.U:;'IJ RE:FE:REN: J.U:iit<br />
FORMULAC;Ao REPRDDU
2.1.5. Criterios para a i<strong>de</strong>ntificagao <strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong> em<br />
sala <strong>de</strong> aula<br />
As fungoes da linguagem, nao sap faceis <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e<br />
caracterizar como fenomeno e no fenomeno concreto:<br />
inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dos varios interlocutores e do contexto. No fate<br />
linguistico, <strong>de</strong>vemos procurar e achar tragos, marcas<br />
elucidativas, da(s) funcionalida<strong>de</strong>(s) implementada(s), e tecer<br />
correlagoes, a partir <strong>de</strong> nossa postura analitica que, embute<br />
marcos, esquemas interpretativos e mo<strong>de</strong>los, resultantes das<br />
nossas exper1.encias, i<strong>de</strong>ologias, ambig5es particulares.-,<br />
reflexo <strong>de</strong> um estar-no-mundo fatidicamente nao neutroi tudo<br />
complexo e dificil <strong>de</strong> explicitar ou quantificar. Se e pacifico<br />
aceitar a efetiva presenga e importancia <strong>de</strong>ssa carga <strong>de</strong><br />
subjetivida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>veremos concluir que as interpretagoes<br />
resultantes virao a ser polemizaveis.<br />
Explicitamos, tambem, que a funcionalida<strong>de</strong>, para ser mais<br />
corretamente i<strong>de</strong>ntificada, pe<strong>de</strong> uma aproximagao as <strong>de</strong>scrigoes<br />
etnograficas especificas dos eventos para que nos seja possivel<br />
uma leitura mais rica e acertada: as relagoes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, a<br />
posigao ocupada pelos intervenientes, os rituais e as regras<br />
preestabelecidas, os fins objetivados e perseguidos, inferiveis<br />
a partir dos dados etnograficos, mo<strong>de</strong>lam, conferem sentidos<br />
mais abrangentes e precisos as produgoes linguisticas. Porque a<br />
perspectiva etnografica da comunicagao contribui com os outros<br />
dados (lexicos, semanticos, sintaticos, sintatico-semanticos,<br />
gestuais, entoacionais, etc) para auxiliar os interpretes <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminado episodio a inferir 0 sentido da interagao verbal<br />
com maior segurangai por exemplo, ajudando a concluir que<br />
<strong>de</strong>terminada intervengao <strong>de</strong> um aluno e uma incorporagao,<br />
enquanto outra, com i<strong>de</strong>ntica produgao verbal, <strong>de</strong> um professor<br />
po<strong>de</strong>ra vir a ser consi<strong>de</strong>rada uma confirmagao ou avaliagao<br />
positiva.<br />
Todavia, ao tratarmos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar funcionalida<strong>de</strong> ernsala<br />
<strong>de</strong> aula se impoem, com luz propria, e como balizamento previo a<br />
qualquer apreensao que pretenda ser consi<strong>de</strong>rada cientifica,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os horizontes da pragmatica, algumas consi<strong>de</strong>ragoes:<br />
a) A primeira, <strong>de</strong>corre do caracter conversacional do<br />
corpus como urntipo <strong>de</strong> acontecirnento situado numa confluencia<br />
<strong>de</strong> circunstancias ou componentes historico-concretas que
comportam uma carga importante <strong>de</strong> artificialismo. Aspecto este<br />
a que atribuimos uma relevancia fundamental na hora <strong>de</strong><br />
tentarmos precisar qual seja a funcionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado<br />
evento, numa perspectiva pragrnatica. Artificialismo, por sua<br />
vez, multidimensional, i<strong>de</strong>ntificavel, mais por interpreta~6es<br />
<strong>de</strong> rela~6es e dados na linha etnografica e contextual,<br />
extralinguisticos, do que por tra~os ou marcas <strong>de</strong> cunho<br />
linguistico ou paralinguistico.<br />
b) A segunda faz referencia a potencial valida<strong>de</strong><br />
cientifica, ou bem a polemiza~ao possivel, ern cima da nossa<br />
reflexao, relativa a estas quest6es; pois que ela e gerida e<br />
gerada, tambem, no exercicio concreto <strong>de</strong> aplica~ao das op~6es<br />
te6ricas no corpus trabalhado. A pratica analitica nos leva a<br />
constatar que a int.erpret.ac;ao <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados epis6dios se<br />
imp6e cornvigor a nossa percep~ao, <strong>de</strong> forma clara e inequivoca;<br />
no entanto, outros, pelo contrario, chegam a apresentar-se ou<br />
se revelar, como obscuros, equivocos e plurais; como expressao<br />
<strong>de</strong> urn leque <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apreensao dos fen6menos<br />
suscitados.<br />
Como urnexemplo <strong>de</strong> evento <strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong> clara e unica,<br />
po<strong>de</strong>mos apresentar 0 da corre~ao por parte do professor P-l do<br />
vocabulo Jlconsechadora", pronunciado pelo aluno A-5, e 0 da<br />
posterior incorpora~ao da corre~ao por parte do aluno, como<br />
po<strong>de</strong>mos verificar no caso<br />
(2 )<br />
(2):<br />
1-070 A-5 porque non dispone <strong>de</strong>: con-se-chador~<br />
1-071 P-l cosechadora<br />
1-072 A-5<br />
Urn outro evento claro <strong>de</strong> atualiza~ao da repeti~ao esta no<br />
caso (3) exposto abaixo: 0 professor P-l inicia uma produ~ao<br />
heterocorretiva, no turno 1-065, referida aos sintagrna;:;ern<br />
portugues, 'eu nao botei', 'eu botei', utilizados pelos alunos<br />
A-3 e A-2, ern 1-063 e 1-064, respectivamente, pela equivalente<br />
ernespanhol, Jlyo puse". Ai, entao, estamos colocados perante a<br />
matriz da repeti~ao subsequente, que sera uma inc'orpora~ao<br />
contigua levada a efeito pelos estudantes A-5 e A-3.<br />
A quais marcas ou tra~os inequivocos acorreriamos para<br />
po<strong>de</strong>r garantir que a nossa interpreta~ao como incorpora~ao e a<br />
que mais se ajusta ao fato hist6rico-concreto ocorrido? Ou,<br />
ainda, ern quais <strong>de</strong>talhes dos diferentes pressupostos que<br />
interagem, iriamos procurar as evi<strong>de</strong>ncias? Estas quest6es
parecem pertinentes mesmo para esses eventos, que qualificamos<br />
como J claros " no que tange a sua caracterizagao funcional.<br />
Trata-se <strong>de</strong> algo dificil <strong>de</strong> ser precisado, a nao ser quando 0<br />
elemento distintivo se <strong>de</strong>staca ostensivamente. Em consequencia,<br />
muito <strong>de</strong>vera ser suprido pela intuigao do pesquisador, que<br />
inferira urn parecer - espekie <strong>de</strong> hip6tese - sobre 0 evento,<br />
auxiliado por generalizagoes, padroes, frames., mo<strong>de</strong>los,<br />
previamente adquiridos. Faltarao, sem duvida, certezas i mas<br />
havera resultados, a serem encarados como propostas <strong>de</strong><br />
trabalho, como novos <strong>de</strong>safios.<br />
No caso especifico que mencionamos acima, certamente<br />
po<strong>de</strong>mos ir excluindo outras fungoes - a parentetizagao, por<br />
exemplo - por nao conseguirmos achar qualquer suporte empirico<br />
ou cognitivo, <strong>de</strong> carater linguistico ou nao, que <strong>de</strong> sustentagao<br />
a hip6tesei mas 0 que impediria, <strong>de</strong> forma segura, per exemplo,<br />
que pu<strong>de</strong>ssemos <strong>de</strong>tectar urn tom, urn condicionante relacional<br />
qualquer para po<strong>de</strong>r inferir que se trata <strong>de</strong> urn reforgo ou <strong>de</strong><br />
uma situagao <strong>de</strong> humor? Vejamos 0 citado dialogo:<br />
(3)<br />
1-063 A-3 eu nao botei algun frutal nao<br />
1-064 A-2 eu botei sobre todo trigo<br />
1-065 P-l yo puse<br />
1-066 A-5 yo puse<br />
1-067 ? yo puse sobre todo trigo<br />
Outrossim, com 0 intuito <strong>de</strong> explicitar melhor a<br />
problematica da complexida<strong>de</strong> da interpretagao sociolinguistica<br />
da conversagao, traremos urn outro texto, com 0 adverbio <strong>de</strong><br />
negagao espanhol Uno" <strong>de</strong>sempenhando, segundo <strong>de</strong>duzimos, fungoes<br />
diversas, nao discerniveis com tao tranquila certeza,<br />
concomitantes ou nao, em varios turnos contiguos ou pr6ximos.<br />
Servira como exemplo contrastivo daqueles referidos acima,<br />
porque nao conseguimos atribuir-lhe, em hip6tese alguma, uma<br />
unica funcionalida<strong>de</strong>:<br />
(4 )<br />
2-852 A-II dinos la (+) la (+) re (+) dinos (+) dinos la<br />
respuesta (4)<br />
2-853 A-I0 I1Q: , no te la digo (+) no: (+) no: (3)<br />
2-855 A-I0 no : ( 2) no: ( 3)<br />
2-856 P-2<br />
[no es <strong>de</strong>cor T no tienes saber (+) no es<br />
para saber <strong>de</strong> memoria memoria<br />
no os la dire
2-862 P-2<br />
2-863 A-I0<br />
2-864 P-2<br />
2-865 A-12<br />
2-866 P-2<br />
no VO:Y<br />
no voy: , hum: , a <strong>de</strong>-ci-ros , a <strong>de</strong>cirosla<br />
muy bien , A-12<br />
muy , muy bien , no: no se los digas<br />
no SE LA:<br />
Consi<strong>de</strong>ramos a matriz 0 primeiro II no :", prolongado, dos<br />
proferidos pelo aluno A-10, em 2-853. 0 segundo uno",<br />
autorrepetigao contigua lexical, parece reafirmar e/ou reforgar<br />
a negativa contida na primeira (aqui ja surge urndilema que nao<br />
temos convicgao <strong>de</strong> resolver a contento: trata-se <strong>de</strong> reforgo, <strong>de</strong><br />
reafirmagao, ou <strong>de</strong> ambos?). Os dois Uno" posteriores,<br />
alongados, entre pausas, parecem querer explicitar urn<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />
reter ou prolongar 0 turno conversacional, possivelmente para<br />
melhor po<strong>de</strong>r complementar a produgao que estao realizando.<br />
Porem, <strong>de</strong>pois da sobreposigao <strong>de</strong> vozes com 0 professor P-2,<br />
vemos A-10, no turno 2-855, insistindo teimosamente no llno",<br />
alongado, <strong>de</strong> corregao, entre intervalos <strong>de</strong> varios segundos ate<br />
conseguir, em 2-857, produzir a estrutura linguistica por ele<br />
procurada. Ja os Uno" <strong>de</strong> P-2, em 2-856, sao <strong>de</strong> carater<br />
avaliativo,<br />
aprendizagem.<br />
como parte <strong>de</strong> urn discurso direcionador da<br />
Finalmente, trariamos a consi<strong>de</strong>ragao 0 episodio, transcrito<br />
no caso (5), em que i<strong>de</strong>ntificamos a interveniencia <strong>de</strong> quatro<br />
fungoes consecutivas durante 0 seu breve turno:<br />
(5)<br />
5-122 A-34<br />
5-123 P-1<br />
5-124 A-34<br />
Explicitando 0 que afirmavamos acima, po<strong>de</strong>mos verificar<br />
como com urn usii:", com a vogal duplicada e estendida, 0 aluno<br />
A-34, em 5-124, parece avaliar positivamente, mas com sinais <strong>de</strong><br />
vacilagao ou duvida, a produgao, parecida e cont~gua, do<br />
professor P-l. Em seguida, autocorrigira a sua produgao IISi<br />
fuera", para, a seguir, reintroduzir dois topicos que estavam<br />
sendo trabalhados anteriormente: ulcomo estas?" e Uve" (5-090 e<br />
5-086)(cfr.anexo 1, aula 5).<br />
Se nos <strong>de</strong>bru~armos a observar 0 comportamento do<br />
sociolinguista quando tenta <strong>de</strong>svendar a funcionalida<strong>de</strong> inscrita<br />
nos dialogos prece<strong>de</strong>ntes, ou em tantos outros semelhantes,
po<strong>de</strong>remos concordar com a apreciagao <strong>de</strong> quantos enxergam 0 seu<br />
intento como sendo algo semelhante a elaboragao <strong>de</strong> urn "negativo<br />
conversacional". E po<strong>de</strong>remos concluir que se trata,<br />
efetivamente, <strong>de</strong> urn comportamento disciplinado, perspicaz,<br />
persistente, perante tarefas complexas.<br />
Este conjunto todo <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ragoes abre uma brecha para<br />
tentarmos refletir 0 fenomeno da plurifuncionalida<strong>de</strong>, cuja<br />
utilizagao e justificagao, inspirou reticencias e ressalvas a<br />
Marcuschi 20<br />
2.1.6. Pressupostos e procedimentos para inferir a<br />
plurifuncionalida<strong>de</strong><br />
Na realida<strong>de</strong>, para Marcuschi, a plurifuncionalida<strong>de</strong> da<br />
repetigao nao esta em questao. 0 que esta em questao e, sim, a<br />
sua possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser simultanea e a <strong>de</strong> que possa<br />
correspon<strong>de</strong>r a "alguma realida<strong>de</strong> cognitiva".<br />
No tocante a simul taneida<strong>de</strong>, nao advogamos uma <strong>de</strong> tipo<br />
concei tual, mas simul taneida<strong>de</strong> espago-temporal das apreensoes<br />
realizadas pelo intelecto humano.<br />
Inferimos a funcionalida<strong>de</strong> plural, amparados numa<br />
tipologizagao previa, por intermedio dos mesmos pressupostos<br />
cogni tivos e contextuais, das mesmas marcas e tragos<br />
linguisticos, dos mesmos dados etnograficos que<br />
instrumentalizamos para inferir a monofuncionalida<strong>de</strong>. A<br />
emergencia <strong>de</strong> uma au <strong>de</strong> varias funqoes como explicitaqao <strong>de</strong> um<br />
fenomeno linguistico nao po<strong>de</strong>ra, <strong>de</strong> qualquer forma, ser<br />
apresentada como expressao da sua certeza.<br />
Quando, no texto (6), em principio, interpretamos a<br />
intervengao do aluno A-31 como urn esforgo para achar a<br />
formulagao linguistica a<strong>de</strong>quada en espanol _"que yo veo"-, como<br />
que a partir <strong>de</strong> uma prova ou comprovagao fonetica satisfat6ria,<br />
i<strong>de</strong>ntificamos a atualizagao da fungao 'aferigao do material<br />
linguistico'. Mas nao conseguimos evitar a i<strong>de</strong>ntif~cagao <strong>de</strong><br />
outra agao concomitante que objetiva a prolongar e manter 0<br />
turno (a i<strong>de</strong>ntificamos como 'prolongagao do turno'): A-31 nao<br />
20 "A rigor, <strong>de</strong>fendo que a R opera em dois niveis interligados e se<br />
caracteriza, em geral, como multifuncional. a que ainda nao se sabe e se<br />
a multifuncionalida<strong>de</strong> simultanea e possivel e <strong>de</strong> fate correspon<strong>de</strong> a<br />
alguma realida<strong>de</strong> cognitiva, ou se e apenas urn postulado ana11tico<br />
<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> nossa visao dos fen6menos discursivos" (MarCuschi,<br />
1992a:1l4).
se resigna a encerrar e entregar 0 turn021 Isso nos coloca<br />
diante <strong>de</strong> duas fungoes apreendidas como simultaneas. Custa-nos<br />
achar criterios seletivos que privilegiem uma ou bem excluam<br />
outra das fungoes acima mencionadas. Vejamos:<br />
(6 )<br />
5-061 A-31 .quia (+) quea (+) i-a (+) quia quia (++) quia<br />
qu~a . qu~o . CL:: h qu~o . veo (). + qu~a<br />
5-062 A-32<br />
5-063 A-<strong>30</strong><br />
5-064 A-32<br />
5-065 A-31<br />
5-066 A-32 vean<br />
5-067 A-31 lque io vean?<br />
5-068 A-34 que yo vea, que tli veas<br />
5-069 A-31 lque tli veas? (++) lque<br />
5-070 ? yo yo yo (+) veo<br />
5-071 A-34 lque yo (+) yo veas?<br />
5-072 A-31 Yo YEO '<<br />
Ainda, no mesmo caso (6) outras repetigoes surgem,<br />
contiguamente, com novas e variadas fungoes: A-32, A-34 e outro<br />
aluno nao i<strong>de</strong>ntificado na transcrigao, realizam fungoes<br />
corretivas da fala <strong>de</strong> A-31, reafirmando produgoes anteriores ao<br />
turno 5-061, enquanto A-<strong>30</strong>, apoia, confirma a formulagao .IIveo"<br />
<strong>de</strong> A-31. Este <strong>de</strong>marca todo 0 conjunto na sua insistencia <strong>de</strong><br />
retomar 0 turno (5-065, 5-067, 5-069, 5-072) 0 que consi<strong>de</strong>rffiaos<br />
Imonitoraqao da tomada <strong>de</strong> turnol Acreditamos que esta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> analise da conversagao<br />
significa um esforgo no sentido <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e expressar a<br />
complexida<strong>de</strong> funcional da fala que e possivel auferir em<br />
<strong>de</strong>terminado evento. De fato, 0 ate <strong>de</strong> fala po<strong>de</strong> ser observado e<br />
apreendido como plurifuncional simultanea e/ou sucessivamence.<br />
No caso (7), verificamos, na breve produgao linguistica do<br />
professor P-l -a palavra napariencias" incompleta- a inci<strong>de</strong>ncia<br />
<strong>de</strong> tres fungoes (duas consecutivas e outra simultanea a ambas):<br />
a) .provocaqao ou alerta a A-34, com 0 primeir'o II AB" ,<br />
pronunciado em tom elevado e muito alongado; b) corregao, a A-<br />
34, na pronuncia da silaba nriEN", tom em elevagao, prolongada,<br />
enfatica e reticente; c) humor, envolvendo 0 conjunto da<br />
produqao em foco, expresso no tom, no ritmo da produqao<br />
linguistica e na gargalhada:
(7)<br />
5-110 A-31<br />
5-111 A-34<br />
5-112 A-31<br />
5-113 A-34<br />
5-114 P-1<br />
5-115 A-31<br />
Analises que adotem a sistematica e os criterios aqui<br />
explicitados serao complexos. E uma excelente amostra disso<br />
po<strong>de</strong>mos ver no turno 2-1BB. Nele 0 professor P-2 utiliza,<br />
consecutivamente, tres expressoes das que vinha se servindo<br />
para <strong>de</strong>limitar epis6dios, previamente a entrega selecionada do<br />
turno (B):<br />
(B)<br />
2-1BB P-2<br />
~<br />
aparien apariencias<br />
apariencias, apariencias<br />
.aparencias<br />
muy bien (+) preguntale a:: A-14<br />
por usted<br />
A expressao Umuy bien" po<strong>de</strong>mos encontra-la em 2-00B, 2-012,<br />
2-0<strong>30</strong>, 2-040, 2-052, 2-060, 2-066 e em <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> outros<br />
turnos; a formulaqao Upreguntale a", em 2-0<strong>30</strong>, 2-040, 2-066<br />
etc.; por sua vez, Utratale por" aparece em 2-066. Po<strong>de</strong>mos<br />
convir que 0 interlocutor se vale <strong>de</strong> duas ou tres matrizes<br />
diferentes para implementar a funqao <strong>de</strong>limitadora.<br />
Quando analisamos sequencias como a do epis6dio que se da<br />
entre os turnos 3-005 e 3-014, em que 0 professor P-3 pe<strong>de</strong> aos<br />
quatro alunos presentes na sala <strong>de</strong> aula que, um por um, repitam<br />
uma frase e <strong>de</strong>pois outra, logo inferiremos que se trata <strong>de</strong> um<br />
discurso que expressa 0 nivel maximo <strong>de</strong> artificialismo em<br />
situaqoes <strong>de</strong> aprendizagem; aproxima-se da robotizaqao<br />
behaviorista. Observemo-lo nos textos<br />
(9 )<br />
(1), antes citado, e (9):<br />
3-005 A-1B mujer, no te preocupes<br />
3-006 A-19 mujer, no te preocupes<br />
3-007 A-16 mujer no te preocupes<br />
3-00B A-I7 mujer no te preocupes<br />
3-009 P-2 vamos a repetir, otra vez seRA (+) otra
prece<strong>de</strong>nte do professor (e <strong>de</strong> seus colegas... ). Mas, como<br />
garantir que alguem nao esteja sendo mais polarizado pela<br />
comprovagao do material linguistico ou fungao <strong>de</strong> aferigao?<br />
Segundo forem as respostas que <strong>de</strong>rmos a essas perguntas,<br />
localizaremos as diversas produg5es no ambito do envolvimento<br />
pessoal ou interagao, no das estrategias <strong>de</strong> composigao <strong>de</strong> fatos<br />
linguisticos ou em ambos. A <strong>de</strong>cisao nao se imp5e aos olhos do<br />
pesquisador como evi<strong>de</strong>nte ou como resultante <strong>de</strong> marcas ou dados<br />
claros e distintos.<br />
No caso especifico, levando em conta a interpretagao que<br />
temos construido a partir das varias leituras do evento,<br />
optaremos por consi<strong>de</strong>ra-lo confirmagao <strong>de</strong> audiencia e<br />
incorporagao <strong>de</strong> produgao prece<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando, como<br />
menos provavel, a da aferigao.<br />
Trata-se <strong>de</strong> um termo que faz parte do vocabulario minima<br />
proprio <strong>de</strong> uma populagao adulta alfabetizada, mesmo quando nao<br />
possue particulares conhecimentos linguisticos. A principio, a<br />
repetigao e um <strong>de</strong>sses conceitos que, intuitivamente, e visto<br />
como consensual, nao questionavel, <strong>de</strong> dominio pUblico: repete<br />
quem diz, escreve, faz, 0 mesmo que foi dito, escrito, feito<br />
anteriormente...Assim e enxergado pelos alunos que repetem uma<br />
frase quando solicitados pelo professor ou pelos fieis <strong>de</strong> uma<br />
cerim6nia liturgica ao pronunciarem certas formulas sagradas ou<br />
entoarem canticos religiosos ou realizarem <strong>de</strong>terminados<br />
rituais. Isso parece confirmar a precisao e idoneida<strong>de</strong> da nogao<br />
<strong>de</strong> repetigao presente na consciencia coletiva <strong>de</strong> tais<br />
comunida<strong>de</strong>s.<br />
De forma semelhante, e vivenciado pelo operario Charles<br />
Chaplin ao efetuar milhares <strong>de</strong> vezes movimentos simetricos,<br />
semelhantes, na linha <strong>de</strong> produgao, no filme Tempos Mo<strong>de</strong>rnos, ou<br />
por bilhoes <strong>de</strong> pessoas ao repetirem movimentos automotrizes,<br />
percursos, agoes, enunciados...Tambem, nao e raro escutar<br />
afirmag5es avaliativas do tipo: liOSpoliticos sempre dizem ou<br />
fazem" 0 mesmo, ou liatelevisao sempre da as mesmas noticias".
E po<strong>de</strong> ser observado como sac reproduzidas repetidamente a<br />
musica que fara sucesso, a propaganda que gerara urn consumo, 0<br />
prato que alegrara 0 paladar, 0 numero portador <strong>de</strong> sorte ...<br />
Ainda, e com significagao contraria, 0 repetitivo, em<br />
diversos contextos, vem a ser sin6nimo <strong>de</strong> monotonia, sucedaneo<br />
<strong>de</strong> chatice ou <strong>de</strong> aborrecimento, como se 0 vocabulo abrigasse<br />
todo urn componente <strong>de</strong> nao-vitalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> nao-criativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
velho, <strong>de</strong> nao-vida ...<br />
No mais popular dicionario brasileiro da lingua portuguesa,<br />
o JAurelio', no tocante ao item Jrepetigao' po<strong>de</strong>mos encontrar:<br />
1. Ato ou efei to <strong>de</strong> repetir (se) (...) 3.Mus. Reprodugao integral<br />
<strong>de</strong> urn trecho <strong>de</strong> musica (...) 4Ret. Figura que consiste na<br />
repetigao <strong>de</strong> uma palavra ou frase (...). Ja no item Jrepetir'<br />
aparece: 1 Tornar a dizer ou escrever; repisar (...) 2. Tornar a<br />
fazer, a usar, a executar, etc. (...) 3. Reproduzir (sons);<br />
refletir, repercutir (...) 4. Reproduzir (imagens); refletir,<br />
espelhar (...) 7. Dizer outra vez; tornar a dizer (...) 9. Tornar a<br />
dar-se; acontecer <strong>de</strong> novo; suce<strong>de</strong>r novamente (...) 10. Tornar a<br />
dizer, a escrever, a fazer algurna coisa (...). Nogoes que se<br />
situam no campo da simples reiteragao.<br />
Assim, caso preten<strong>de</strong>ssemos nos bas ear apenas em tais nog6es<br />
para i<strong>de</strong>ntificar fen6menos linguisticos especificos, por<br />
exemplo, da fala, veriamos que elas nao sao suficientes: quem<br />
fala, escreve ou age, quase sempre, reproduz sons, imagens,<br />
atos que ele ou outros ja realizaram antes. Caso contrario,<br />
quem quisesse nao repetir se veria sempre em situagao <strong>de</strong><br />
precisar criar uma linguagem absolutamente nova, a qual, por<br />
sua vez, muito provavelmente, inviabilizaria que seu linguajar<br />
pu<strong>de</strong>sse ser entendido por quem quer que fosse.<br />
Dai a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar maior precisao nesta nogao para<br />
po<strong>de</strong>r trabalhar, por exemplo, com a conversagao, como objeto da<br />
ciencia linguistica; <strong>de</strong> maneira que se supere e <strong>de</strong>limite a<br />
utilizada,<br />
coletiva.<br />
estabelecida e percebida no nivel da consciencia<br />
Nao ocultamos a <strong>de</strong>cepgao que experimentamos ap6s 0<br />
levantamento que fizemos em divers os dicionarios <strong>de</strong> linguistica<br />
referente a nogao <strong>de</strong> repetigao: quando nao e uma referencia
ignorada, cada autor, quando aborda 0 assunto, apresenta<br />
conceitos substantivamente diferentes. E apenas no dicionario<br />
<strong>de</strong> Lewandowski recebe urn tratamento mais <strong>de</strong>talhado. E omitida<br />
qualquer referencia em dicionarios como os <strong>de</strong> David Crystal, <strong>de</strong><br />
A.J. Greimas / J. Courtes.<br />
T. Todorov, menciona a repetigao como sendo a "reiteragao<br />
da mesma palavra ou do mesmo grupo <strong>de</strong> palavras". Essa nogao<br />
equivale aquelas que sac expressao do senso comum dado que nao<br />
coloca parametros, quanta a polissemia inerente a maior parte<br />
dos itens lexicais.<br />
T. Lewandowski consi<strong>de</strong>ra repetigao lexica aquela que<br />
assegura 0 contexto sintatico e 0 <strong>de</strong>senvolvimento do conteudo<br />
au coerencia semantica. Recolhe as contribuigoes <strong>de</strong> Brinkmann e<br />
<strong>de</strong> Brinker. Segundo Brinkmann (1971) a repetigao se realiza<br />
por: a) repetigao <strong>de</strong> palavras: repetigao i<strong>de</strong>ntica -substituigao<br />
<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>-, quando cada repetigao esta unida a urnmomento<br />
novo; b) repetigao sininimica -substituigao <strong>de</strong> similitu<strong>de</strong>-:<br />
quando nao ha semelhanga formal;\ c) pronomes ou palavras<br />
alusivas: apenas referem conteudos; d) explicagao ou<br />
continuagao lexica: explicagao linguistica, por referencia, do<br />
que esta implicito; e) formas que proporcionamuma referencia<br />
ou que remetem a alga prece<strong>de</strong>nte para estruturar 0 contexto<br />
sintatico. Ja Brinker (1973) distingue entre repetigao<br />
explicita -quando ha i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> referencial entre <strong>de</strong>terminadas<br />
unida<strong>de</strong>s linguisticas em frases sucessivas <strong>de</strong> urn text.o- e<br />
repetigao implicita -a das expressoes com rasgos semanticos<br />
comuns mas sem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> referencial-, e aponta para a questao<br />
da percepgao da relagao <strong>de</strong> repetigao pelo leitor/ouvinte:ela se<br />
da pela captagao <strong>de</strong> sinais semanticos -imanentes ao texto,<br />
imanentes a lingua, transcen<strong>de</strong>ntes a lingua-, a sinais<br />
sintaticos -artigos, <strong>de</strong>monstrativos, possessivos etc.-, e a<br />
sinais pragmatico-comunicativos que sac essenciais<br />
(Lewandowski, 1992:<strong>30</strong>0).<br />
As contribuigoes te6ricas <strong>de</strong> Brinkmann e <strong>de</strong> Brinker<br />
superam, pois, 0 nivel <strong>de</strong> tratamento generlco e inespecifico da<br />
nogao <strong>de</strong> repetigao e, nas suas distingoes, apontam importantes<br />
parametros que po<strong>de</strong>rao balizar uma pesquisa cientifica no<br />
ambito da repetigao: i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, sinonimia, referencia,<br />
parafrase, coesao, coerencia, explicitu<strong>de</strong>, implicitu<strong>de</strong>...<br />
Faltaria acrescentar 0 mundo da repetigao que se origina na<br />
meta e paralinguagem: mimica, gestos, tom, sinais<br />
extralinguisticos, ritmo, iconicida<strong>de</strong>, rima, ritmo, etc.
A nossa preocupagao mais especifica, e que exige uma<br />
<strong>de</strong>terminagao particular, e a <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar uma nogao <strong>de</strong><br />
repetigao que tenha suficientes garantias <strong>de</strong> servir para a sua<br />
instrumentalizagao em pesquisas sobre a funcionalida<strong>de</strong> das<br />
repetigoes. Em outras palavras, interessara po<strong>de</strong>r trabalhar com<br />
uma nogao <strong>de</strong> repetigao que nos sirva para a efetiva<br />
implementagao <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> cunho s6cio-linguistico e <strong>de</strong><br />
etnografia da comunicagao. Neste sentido precisaremos avangar<br />
rumo a uma nogao nao tao abrangente como aquela te6rica que<br />
pretenda incluir a maior parte dos fen6menos i<strong>de</strong>ntificaveis<br />
como expressao <strong>de</strong> algum patamar <strong>de</strong> repetigao.<br />
Marcuschi <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> elaborar uma nogao <strong>de</strong> repetigao (R) que<br />
seja pragmaticamente util para a pesquisa das repetigoes no<br />
campo da analise da conversagao. Acaba i<strong>de</strong>ntificando 0<br />
fen6meno, como a "produgao <strong>de</strong> segmentos discursivos, i<strong>de</strong>nticos<br />
ou semelhantes, duas ou mais vezes, no ambito <strong>de</strong> um mesmo<br />
evento comunicativo" (Marcuschi, 1992a:31).<br />
Por "segmento discursivo" enten<strong>de</strong> "qualquer produgao<br />
linguistica <strong>de</strong> um texto oral" (1992a:31), ou , tambem, "uma<br />
produgao <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um discurso" (1992a:33).<br />
"Evento comunicativo" e consi<strong>de</strong>rado "uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
interagao,<br />
(1992a:32).<br />
ou seja, uma conversagao do inicio ate seu final"<br />
A questao da similitu<strong>de</strong> ou semelhanga e posta em relagao a<br />
uma "Matriz" (M) ou "primeira entrada do segmento discursivo",<br />
observando se ela e reproduzida sem ou com variagao. A<br />
exigencia <strong>de</strong> condicionar a existencia <strong>de</strong> repetigao a sua<br />
ocorrencia no ambito do mesmo evento comunicativo,<br />
Condicionara, por exemplo, que ditados, proverbios, citagoes <strong>de</strong><br />
texto e outras realizagoes semelhantes para serem consi<strong>de</strong>radas<br />
repetigoes "possam ser comprovadas no conjunto d? evento<br />
comunicativo em analise" (1992a:32). Mais ainda, Marcuschi<br />
sugere que a repetigao "expresse algo novo", nao seja um mere<br />
ate metalinguistico, lembrando que "repetir as mesmas palavras<br />
num evento comunicativo nao equivale necessariamente a dizer a<br />
mesma coisa". Lembra que, mesmo quando existe urn marcador<br />
metalinguistico do tipo "em suma", "quer dizer", "como Ja<br />
disse", anunciando que ira acontecer uma repetigao, esta po<strong>de</strong>ra
epetir apenas 0 conteudo e nao caracterizar urnarepetigao por<br />
nao se encontrarem OS segmentos discursivos no mesmo nivel<br />
referencial, pois que a mesma produgao linguistica em contextos<br />
referenciais<br />
(1992a:32).<br />
diferentes po<strong>de</strong> ter significados diferentes<br />
Alem do mais, firma posigao em que a repetigao "nao e urn<br />
mecanisme <strong>de</strong> espelhamento automatico" ; po<strong>de</strong>, no maximo,<br />
acontecer atraves <strong>de</strong> "urnarealizagao ic6nica com isomorfismos<br />
evi<strong>de</strong>ntes" (1992a:33).<br />
A repetigao, por respon<strong>de</strong>r a objetivos buscados, apresenta<br />
tragos <strong>de</strong> seletivida<strong>de</strong> em relagao a sua matriz -que opera "como<br />
proposta <strong>de</strong> composigao textual-discursiva"-, e po<strong>de</strong>ra, em<br />
consequencia, selecionar um foco em sua relagao com a matriz<br />
incorporando-o como a sua marca na estrutura anterior: isto<br />
atraves <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos pros6dicos ou sintaticos, substituigao<br />
predicativa, substituigao <strong>de</strong> itens lexicos, acrescimos,<br />
mudangas categoriais, supressao <strong>de</strong> elementos e outros tipos <strong>de</strong><br />
variagoes (1992a:33-34). Isso tudo faz com que a repetigao<br />
funcione "como uma especie <strong>de</strong> modalizador discursivo na medida<br />
em que evi<strong>de</strong>ncia ate mesmo a qualida<strong>de</strong> da compreensao pr6pria<br />
ou alheia" (1992a:37).<br />
Pontualiza, ainda, para tentar <strong>de</strong>limitar com precisao os<br />
fatos linguisticos que tem ou nao as caracteristicas da<br />
repetigao tal como <strong>de</strong>finida por ele:<br />
a) Serao consi<strong>de</strong>radas repetigoes com variagao as que<br />
<strong>de</strong>corram <strong>de</strong> uma matriz com "pequenas variagoes morfo16gicas<br />
irrelevantes" do tipo singular/plural, masculino/feminino etc.<br />
ou como ocorrencias verbais;<br />
b) Proce<strong>de</strong>ra a i<strong>de</strong>ntificar como item lexical qualquer nome<br />
ou verba isolado; como sintagma: 0 nominal pleno; 0 verbal que<br />
contenha uma parte da oragao; 0 preposicional que forme objetos<br />
indiretos; 0 adverbial que seja circunstancial;<br />
c) Excluira como repetigao os elementos funcionais<br />
(pronomes, preposigoes, conjungoes, artigos, verbos <strong>de</strong> ligagao<br />
usados sem sintagma, quando aparecerem isolados <strong>de</strong> seus<br />
contextos sintaticos;<br />
d) Excluira as hesitagoes, por causa da rigi<strong>de</strong>z quanta a<br />
sua produgao e por nada acrescentarem a continuida<strong>de</strong> textual;<br />
e) Excluira os marcadores conversacionais, por conta da sua<br />
rigi<strong>de</strong>z<br />
textual;<br />
constitutiva e por nao contribuirem a progressao<br />
f) Consi<strong>de</strong>rara, entre as parafrases, aquelas que apresentem
similarieda<strong>de</strong> formal com a matriz e que mantenham algo do seu<br />
padrao sintatico.<br />
A nossa opgao <strong>de</strong> trabalho, quanta a nogao <strong>de</strong> repetigao que<br />
iremos adotar, se inspirada em Marcuschi quanto as pautas, <strong>de</strong>le<br />
se afasta quanta as opgoes <strong>de</strong>limitadoras do fenomeno que<br />
consi<strong>de</strong>raremos repetigao em nossas analises. A nogao que<br />
adotamos emerge na tentativa <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>rar algumas das<br />
restrigoes, <strong>de</strong>cididas por Marcuschi e <strong>de</strong> barrar a proliferagao<br />
incontrolavel <strong>de</strong> ocorrencias, aspecto que po<strong>de</strong>ria inviavilizar<br />
a sua i<strong>de</strong>ntificagao precisa e concreta.<br />
Consi<strong>de</strong>ramos repe~iQao a produQao linguis~ica, semelhan~e<br />
ou i<strong>de</strong>n~ica a ou~ra prece<strong>de</strong>n~e, no ambi~o <strong>de</strong> algum nivel <strong>de</strong><br />
in~eraQao nao <strong>de</strong>scon~inuo ~emporalmen~e, sempre e quando:<br />
a} a i<strong>de</strong>n~ida<strong>de</strong> ou semelhan~a formal seja acompanhada <strong>de</strong><br />
coinci<strong>de</strong>ncias no nivel referencial; is~o a nao ser que, se<br />
verifique apenas i<strong>de</strong>n~ida<strong>de</strong> ou semelhan~a <strong>de</strong> enuncia~ao, por<br />
con~a <strong>de</strong> paralelismos sin~agma~icos e a realiza~oes iconicas<br />
com isomorfirmos rei~erados;<br />
b} possua marcas ou ~ra~os linguis~icos ou condicionament.os<br />
iconicos que <strong>de</strong>no~em peso ou for~a ~6pica;<br />
c} possibili~e que the seja a~ribuida significac;ao, em algum<br />
pa~amar <strong>de</strong> rela~ao funcional int.era~iva.<br />
Ao nos referirmos a 'produ~ao linguis~ica' preten<strong>de</strong>mos<br />
abranger a falada e a escrita: sons dificilmente codificaveis,<br />
morfemas <strong>de</strong> qualquer dimensao, unida<strong>de</strong>s 1exicas, sintagmas,<br />
oragoes... ; em posigao contigua, proxima ou remota, em relagao a<br />
matriz, .<br />
A exigencia <strong>de</strong> I i<strong>de</strong>n~ida<strong>de</strong> ou simili~u<strong>de</strong> formal' e<br />
re1ativa, pois, aceitando-as por conta <strong>de</strong> sua efetiva<br />
reiteragao, nao exc1ui como repetigao qua1quer para1e1ismo<br />
entre sintagmas e as produgoes iconicas apenas porque 'tenham urn<br />
distanciamento formal para com a matriz; por outro lado, nao se<br />
inclui todo e qua1quer segmento 1inguistico que contiver a1gum<br />
nivel <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e seme1hanga <strong>de</strong> sentido (este 111time e 0<br />
aspecto que diz respeito e exclui as sinonimias e as<br />
pronomina1izagoes).<br />
A restrigao ao 'ambi~o <strong>de</strong> algum nivel <strong>de</strong> in~era~ao nao
<strong>de</strong>scontinuo temporalmente' possibilita uma analise dos eventos<br />
comunicativos com unida<strong>de</strong>s maxima, intermediarias e minima,<br />
sempre que se consiga i<strong>de</strong>ntificar uma relagao <strong>de</strong> interagao<br />
consistente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> alguma unida<strong>de</strong> temporal. Assim, po<strong>de</strong>ra<br />
Vlr a ser consi<strong>de</strong>rada unida<strong>de</strong> maxima <strong>de</strong> interagao, para<br />
efeitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada pesquisa, por exemplo, tanto uma aula,<br />
quanta aulas geminadas, ou a fragao <strong>de</strong> uma aula, ou uma<br />
entrevista, etc. Dentro <strong>de</strong>ssa unida<strong>de</strong> maxima, cabera<br />
estabelecer unida<strong>de</strong>s intermediarias e a minima.<br />
Em nosso trabalho especifico, a unida<strong>de</strong> maxima <strong>de</strong> interagao<br />
utilizada, coinci<strong>de</strong> com os fragmentos <strong>de</strong> aula gravados e<br />
transcritos para constituir 0 corpus. Quando interessar ao<br />
pesquisador, cada unida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ra ser subdividida em novas<br />
unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interagao sempre e quando as ocorrencias<br />
i<strong>de</strong>ntificadas mantenham uma continuida<strong>de</strong> temporal vinculante: a<br />
saudagao mutua, 0 erro e a expressao corretiva, a insinuagao, a<br />
interrogagao, a piada, etc.<br />
Dentro <strong>de</strong>sta perspectiva <strong>de</strong> ari'alise,<strong>de</strong>terminada produgao<br />
repetida po<strong>de</strong>ra ser cotejada com uma ou varias produgoes<br />
prece<strong>de</strong>ntes e focalizada em perspectivas diferentes para se<br />
verificar, 0 seu caracter <strong>de</strong> efetiva repetigao ou nao. Em<br />
consequencia, a <strong>de</strong>terminada produgao linguistica po<strong>de</strong>ra ser<br />
atribuida uma relagao reiterativa com mais <strong>de</strong> umamatriz , e,<br />
ainda, ela propria ser consi<strong>de</strong>rada matriz <strong>de</strong> outras produgoes.<br />
Da mesma forma, <strong>de</strong>terminado segmento que haja exercido 0 papel<br />
<strong>de</strong> matriz po<strong>de</strong>ra vir a ser i<strong>de</strong>ntificado como repetigao <strong>de</strong><br />
outros segmentos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das relagoes i<strong>de</strong>ntificadas na<br />
enunciagao. Tambem, e por exigencia da analise, <strong>de</strong>terminada<br />
matriz ou repetic;ao po<strong>de</strong>ra vir a ser fragmentada em outras<br />
mat:cizes e repetic;oes. Com esta tentativa <strong>de</strong> flexibil.ida<strong>de</strong><br />
conceitual preten<strong>de</strong>mos aten<strong>de</strong>r a caracteristicas que enxergamos<br />
como fundamentais para melhor po<strong>de</strong>r analisar 0 fenomeno da<br />
repetic;ao em mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> corpus que se assemelhem ao nosso.<br />
Chegamos a conclusao, por exemplo, <strong>de</strong> que a manutengao<br />
permanente, como matriz, da primeira entrada <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />
segmento ou produgao linguistica, se simplificava e' conferia<br />
soli<strong>de</strong>z as analises, ao se reconhecer que a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
selecionar um foco, exigia que fechassemos os olhos, a priori,<br />
a uma complexa e reveladora gama <strong>de</strong> influencias, aportes sutis,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncias, complementaqoes, etc. A nao inclusao <strong>de</strong>sta rica<br />
re<strong>de</strong> <strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong>s funcionais, pareceu limitar e<br />
empobrecer as virtualida<strong>de</strong>s a uma pesquisa num ambito on<strong>de</strong>
ocorre uma intensa troca <strong>de</strong> turnos. Surgia, como irrecusavel 0<br />
apelo <strong>de</strong> tentar a analise da plurifuncionalida<strong>de</strong> concomitante<br />
as repetigoes. Com efeito, em nossa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corpus, e<br />
solicitada, com frequencia, a reintrodugao <strong>de</strong> sons, silabas,<br />
itens lexicais, sintagmas, oragoes... , nurn continuum, comandado<br />
por uma dinamica <strong>de</strong> interagao -na maioria das vezes, vibrante e<br />
<strong>de</strong>scontraida- rumo a aprendizagem da lingua estrangeira, ao<br />
aprofundamento das relagoes interpessoais surgidas ou aos<br />
<strong>de</strong>mais objetivos pretendidos.<br />
Sabemos que esta sistematica significa, para 0 pesquisador,<br />
urnnotavel incremento na complexida<strong>de</strong> das analises a realizar.<br />
Observamos que Marcuschi (1992a:33-34) confirmava a<br />
objetivida<strong>de</strong> funcional das repetigoes como elementos nao<br />
meramente <strong>de</strong>corativos do texto a partir da presenga <strong>de</strong> tragos<br />
<strong>de</strong> seletivida<strong>de</strong> que permitiam i<strong>de</strong>ntificar na matriz Q seu papel<br />
operador da composigao textual. A nossa perspect.iva<br />
"flexibilizadora" preten<strong>de</strong> vir ao encontro e pressupor estas<br />
observagoes, porem, sem renunciar a aventura <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar e<br />
recompor os tragos significativos. Isso ao estabelecer novos<br />
patamares e perspectivas <strong>de</strong> observagao, para urnmesmo fen6meno<br />
linguistico; posigoes diversas suscetiveis <strong>de</strong> permitir perceber<br />
algo mais da pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> papeis relevantes operados pelos<br />
diferentes segmentos linguisticos intervenientes num dado<br />
processo <strong>de</strong> interagao.<br />
Com esta finalida<strong>de</strong>, procuraremos i<strong>de</strong>ntificar saliencias e<br />
observar a sinalizagao existente, tambem, em marcas pros6dicas,<br />
efeitos semanticos, recursos ret6ricos, constatagoes<br />
etnograficas.<br />
Na realida<strong>de</strong>, a repetigao, assim concebida, e sua potencial<br />
funcionalida<strong>de</strong>, presente no texto e no discurso, e enxergada<br />
como acontecimento privilegiado, susceptivel <strong>de</strong> ser instrurnento<br />
revelador <strong>de</strong> significativos aspectos relativos aos processos<br />
que se estabelecem em certas propostas <strong>de</strong> ensino/aprendizagem<br />
<strong>de</strong> uma lingua estrangeira.<br />
A nogao <strong>de</strong> repetigao adotada estabeleceu a exigencia <strong>de</strong> que<br />
a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> formal entre as produgoes teria que possuir tragos<br />
ou marcas linguisticos ou condicionamentos que <strong>de</strong>notassem<br />
topicida<strong>de</strong> e/ou que possibilitassem que Ihes fosse atribuida<br />
significagao em algum patamar da relagao funcional interativa.<br />
o que se preten<strong>de</strong> com estas exigencias? Formam parte <strong>de</strong> uma<br />
estrategia epistemo16gica capaz <strong>de</strong> gerar novos criterios para
viabilizar a diferenciaqao entre os elementos funcionais da<br />
oraqao (artigos, pronomes, preposiqoes, conjunqoes... ), os que<br />
agem e aparecem na frase e na enunciaqao como meros elementos<br />
sintaticos, e aqueles que no ate <strong>de</strong> fala po<strong>de</strong>rao ser alqados a<br />
categoria <strong>de</strong> repetiqao por se constituirem em t6picos. Nurna<br />
aula, 0 som, a letra, 0 artigo, 0 pronome, a onomatopeia, etc.<br />
serao merecedores do status <strong>de</strong> t6picos quando adquirirem<br />
singularida<strong>de</strong> no ate <strong>de</strong> fala. Por exemplo, concentrando a<br />
atenqao do processo <strong>de</strong> aprendizagem por estar sendo alvo <strong>de</strong> uma<br />
correqao ou <strong>de</strong> uma elucidacao <strong>de</strong> carater metalinguistico<br />
(parece, portanto, oportuno frisar, aqui, que a pr6pria<br />
metalinguagem sera consi<strong>de</strong>rada como possuidora <strong>de</strong> topicida<strong>de</strong> em<br />
<strong>de</strong>terminados eventos <strong>de</strong> ensino/aprendizagem): nesse momento,<br />
nesse contexto, consi<strong>de</strong>raremos que aquela produqao linguistica<br />
esta extrapolando 0 carater original <strong>de</strong> apresentar-se apenas<br />
como elemento funcional da oraqao.<br />
Assim, 0 carater <strong>de</strong> 'topicida<strong>de</strong>' e 0 <strong>de</strong> 'possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
atribuiqao <strong>de</strong> significaqao' a que aludimos, sao urnareferencia<br />
a urn status, a urn peso qualitativo significativo, no seio da<br />
interaqao verbal em curso. Todos os elementos formais dos<br />
enunciados serao consi<strong>de</strong>rados na repetiqao <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tenham urn<br />
valor t6pico sistematico.<br />
o caso (10) po<strong>de</strong> ajudar a precisar melhor, esse 'peso<br />
t6pico' que atribuimos a certas produqoes. 0 pronome "quien"<br />
sera consi<strong>de</strong>rado urna repetiqao, pois nele se concentra a<br />
atengao primaria dos turnos adjacentes, a partir do momento 0<br />
professor P-4 converte-o no t6pico daquela unida<strong>de</strong> minima<br />
conversacional:<br />
(10)<br />
4-075 A-20 lquien llegue 0 llegar:?<br />
4-076 P-4 quien(+) lque os parece? (+)<br />
4-077 Varios quien llegue / el ultimo, tendra<br />
e A-20 una multa<br />
Este mesmo criterio <strong>de</strong>ve ser estendido a elementos dos<br />
enunciados que po<strong>de</strong>remos aceitar restritivamente como<br />
repetiqao: os marcadores conversacionais que polarizem a<br />
atenqao explicita e consciente dos intervenientes na interaqao<br />
verbal, e, quem sabe, algumas hesitag5es, em contextos<br />
singulares <strong>de</strong> produqao.<br />
Enten<strong>de</strong>mos que estas consi<strong>de</strong>raqoes, <strong>de</strong> fato, contribuem na
TI "r)" <strong>de</strong> P6R··nT2\,du9.()~o<br />
1rogr" 1 " .. -. ,. .<br />
em <strong>Letras</strong> e LmgulStlc:.\<br />
UFPE<br />
perspectiva <strong>de</strong> individualizar com flexibilida<strong>de</strong> 0 elenco <strong>de</strong><br />
inclus6es e exclus6es postas por Marcuschi para melhor precisar<br />
e <strong>de</strong>limitar 0 objeto a ser analisado, e mencionadas acima.<br />
Po<strong>de</strong>ria consi<strong>de</strong>rar-se que relativiza ainda mais a exclusao dos<br />
marcadores conversacionais, por nao contribuirem a continuida<strong>de</strong><br />
t6pica. Isso porque po<strong>de</strong> ser atribuida alguma fungao interativa<br />
a certos marcadores.<br />
Outrossim, citag6es, proverbios, ditados, idiomatismos,<br />
etc. po<strong>de</strong>rao vir a ser catalogados como efetivas repetig6es,<br />
quando se avaliar que nao funcionam como alheias, estranhas a<br />
dinamica interativa do evento em questao, por serem <strong>de</strong>tectadas<br />
marcas ou tragos da sua incorporagao ao processo interacional<br />
em curso, mesmo funcionando apenas como recursos <strong>de</strong> acesso a<br />
ativida<strong>de</strong> enunciativa implementada.
Dando por id6nea a sua tipologia formal e partindo da<br />
tipologia funcional da repetigao elaborada por Mascuschi para<br />
contextos <strong>de</strong> poucas trocas <strong>de</strong> turno, preten<strong>de</strong>mos chegar a<br />
verificagoes experimentais que aju<strong>de</strong>m a estabelecer urna<br />
proposta <strong>de</strong> tipologia funcional das repetigoes em contextos <strong>de</strong><br />
intensa troca <strong>de</strong> turnos.<br />
Enten<strong>de</strong>mos que esta tipologia po<strong>de</strong>ra ser urn instrurnento<strong>de</strong><br />
avaliagao util a quantos <strong>de</strong>senvolvem ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino em<br />
contextos semelhantes, particularmente quando utilizam metodos<br />
ativos em aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira. Por que? Porque se a<br />
repetigao aparece como urnadas caracteristicas mais abrangentes<br />
da fala, nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino; <strong>de</strong> lingua estrangeira, ela<br />
po<strong>de</strong> emergir como um dos instrurnentos didaticos mais<br />
recorrentes. Portanto, <strong>de</strong> interesse para a avaliagao do<br />
processo <strong>de</strong> ensino/aprendizagem: urna mais a<strong>de</strong>quada utilizagao<br />
das repetigoes po<strong>de</strong>ra aperfeigoar 0 processo.<br />
Animados nessa perspectiva, partindo do corpus <strong>de</strong><br />
transcrigoes <strong>de</strong> gravagoes <strong>de</strong> aulas <strong>de</strong> espanhol a brasileiros,<br />
nos propomos, <strong>de</strong> modo prioritario , a:<br />
1Q. I<strong>de</strong>ntificar fungoes da repetigao no corpus a partir <strong>de</strong><br />
regularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> efeitos observaveis em seu uso;<br />
2Q. Concluir pela existencia <strong>de</strong> novos tipos <strong>de</strong> fungao<br />
recorrentes, em relagao a tipologia apresentada por Marcuschi<br />
(1992a),<br />
corpus;<br />
<strong>de</strong>fini-los e apresenta-los em casos extraidos do<br />
3Q. Organizar<br />
relacionando-os<br />
sistematicamente os tipos<br />
entre si a raiz das suas<br />
i<strong>de</strong>ntificados,<br />
coinci<strong>de</strong>ncias<br />
Ainda, preten<strong>de</strong>mos, <strong>de</strong> modo secundario, refletir sobre as<br />
pistas <strong>de</strong> carater sociolinguistico que emergirem no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do trabalho <strong>de</strong> tipologiza~ao para:
lQ. Tecer consi<strong>de</strong>ragoes relativas a importancia <strong>de</strong> analisar<br />
sistematicamente 0 trato da oralida<strong>de</strong> em sala <strong>de</strong> aula:<br />
2Q. Elaborar urn pre-diagn6stico globalizante relativo a<br />
significagao sociolinguistica das pistas constatadas, visando a<br />
uma melhor compreensao dos mecanismos subjacentes as situagoes<br />
<strong>de</strong> aprendizagem:<br />
3Q. Tentar estabelecer relagoes entre a tipologia elaborada e<br />
os modos <strong>de</strong> produgao do saber linguistico, a fim <strong>de</strong> apontar<br />
trilhas para viabilizar urn aproveitamento maior da repetigao<br />
nas estrategias <strong>de</strong> ensino.<br />
Finalmente, nao <strong>de</strong>scartando momentos <strong>de</strong> abertura para urna<br />
perspectiva <strong>de</strong> reflexao epistemo16gica, buscamos conseguir<br />
realizar uma aplicagao experimental da tipologia alcangada,<br />
testando, alem da sua utilida<strong>de</strong> pratica, a sua idoneida<strong>de</strong><br />
fenomeno16gica e a sua provavel consistencia te6rica.<br />
Admitindo a repetigao como caracteristica central da fala,<br />
nao parecera aventureiro pensar que ela, com notavel<br />
probabilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ra encontrar nas aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira<br />
urn campo para se apresentar funcionando nurn extenso leque <strong>de</strong><br />
possibilida<strong>de</strong>s: que uma aula <strong>de</strong> lingua espanhola, efetivada em<br />
mol<strong>de</strong>s didaticos comunicativos e participativos, po<strong>de</strong>ra<br />
aparecer aos olhos do analista como urn espago privilegiado do<br />
surgimento e manifestagao da repetigao.<br />
Com efeito, em relagao a tentativa <strong>de</strong> elaborar, produzir<br />
uma tipologia consistente e abrangente do fenomeno das<br />
repetigoes em contextos <strong>de</strong> intensa troca <strong>de</strong> turnos,<br />
acreditamos po<strong>de</strong>r confirmar<br />
lQ. A ocorrencia, em relagao a outros mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> corpus, <strong>de</strong> urn<br />
notavel incremento quantitativo da efetiva realizagao <strong>de</strong><br />
repetigoes, em qualquer nivel <strong>de</strong> seccionamento do evento<br />
focalizado,<br />
relativa;<br />
e, tambem, urn incremento na sua inci<strong>de</strong>ncia
2Q. A i<strong>de</strong>ntificagao <strong>de</strong> novas fungoes recorrentes nos ambitos da<br />
interagao, da formulagao e da compreensao;<br />
3Q. A menor recorrencia <strong>de</strong> fungoes relativas aos ambitos do<br />
t6pico, da coesao e da argumentagao;<br />
SQ. A viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se trabalhar<br />
plurifuncional na analise das repetigoes;<br />
Em relagao as virtualida<strong>de</strong>s do estudo da repetigao numa<br />
perspectiva <strong>de</strong> cunho sociolinguistico, esperamos po<strong>de</strong>r<br />
fornecer pistas <strong>de</strong> que<br />
lQ. Em aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira, a oralida<strong>de</strong>, e a repetigao<br />
ocorrida no seu exercicio como urn dos seus fen6menos<br />
caracteristicos e fundamentais, po<strong>de</strong>m estar realizando um papel<br />
importante na quebra das relagoes assimetricas tipicas <strong>de</strong>sses<br />
eventos escolares e na <strong>de</strong>mocratizagao do exercicio da palavra e<br />
do saber;<br />
2Q.Uma reiteragao pouco criativa, menos oportuna e mal motivada<br />
po<strong>de</strong> ser expressao <strong>de</strong> um ensino artificial, fruto da<br />
rObotizagao e da ausencia <strong>de</strong> comprometimento;<br />
3Q. 0 aprofundamento da reflexao sobre a funcionalida<strong>de</strong> da<br />
repetigao po<strong>de</strong>ra tornar-se um elemento proveitoso para a<br />
avaliagao, modificagao e consolidagao <strong>de</strong> melhores praticas e<br />
tecnicas do ensino <strong>de</strong> linguas e do pr6prio ensino.<br />
Antes <strong>de</strong> precisar as nossas opgoes metodo16gicas, queremos<br />
situa-las num marco teorico contextualizador frisando tres<br />
aspectos gerais:<br />
1Q. Enten<strong>de</strong>mos que, para po<strong>de</strong>r chegar mais perto do sentido<br />
expresso na fala po<strong>de</strong> bastar a contribuigao da faculda<strong>de</strong><br />
intuitiva; porem, para 0 analista da conversagao ou do<br />
discurso, para 0 pesquisador associado a linguistica, torna-se<br />
indispensavel aprimorar a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observar saliencias
e interpretar sinais minimos, marcas, indicios,<br />
correspon<strong>de</strong>ncias e correlag6es que surgem do texto e do seu<br />
contexto; ai encontrara urna fonte continuada <strong>de</strong> dados que<br />
expressam a funcionalida<strong>de</strong> atualizada da linguagem no processo<br />
interativo;<br />
2Q. Uma aula sera tratada como urn espago <strong>de</strong> negociagao<br />
permanente entre 0 professor e os alunos e entre os alunos.<br />
Esta negociagao e marcada, inicialmente, por posig6es<br />
assimetricas (existe uma vasta literatura, especialmente <strong>de</strong><br />
te6ricos da educagao, que veem a aula como urn lugar on<strong>de</strong> se<br />
constr6i a reprodugao da situagao <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> tipica da<br />
nossa socieda<strong>de</strong>, em outros termos, como local prototipico <strong>de</strong><br />
reprodugao institucional do po<strong>de</strong>r). Mas essas posig6es po<strong>de</strong>m<br />
ser abrandadas, eliminadas ou subvertidas sob a influencia <strong>de</strong><br />
circunstancias <strong>de</strong> indole diversa, que interagem conjuntamente e<br />
que sac separaveis mais para efeitos plasticos, expressivos.<br />
Umas <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> condicionamentos nao linguisticos, como<br />
aquelas que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das atitu<strong>de</strong>s libertadoras adotadas pelos<br />
sujeitos do processo em curso. Outras, <strong>de</strong>correntes da<br />
seletivida<strong>de</strong> linguistica, como 0 caso da utilizagao da<br />
repetigao como recurso para <strong>de</strong>mocratizar 0 saber por causa da<br />
sua virtualida<strong>de</strong> natural <strong>de</strong> aproximar as produq6es dos<br />
intervenientes;<br />
3Q. Em aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira, particularmente para quem<br />
utiliza metodos <strong>de</strong> tradiqao estruturalista, a utilizaqao <strong>de</strong><br />
repeti~oes frequentes e sistematicas vem se revelando uma das<br />
estrategias mais recorrentes <strong>de</strong> aprendizagem. Em manuais<br />
utilizados como apoio a tarefa do ensino, a insistencia em<br />
diferentes recursos <strong>de</strong> tipo reiterativo <strong>de</strong>ixa transparecer a<br />
intenqao, explicita ou nao, <strong>de</strong>, com a referida opgao,<br />
implementar uma dimensao did&tica, valendo-se das<br />
possibililida<strong>de</strong>s para a aprendizagem que acompanham a<br />
mecanizaqao das estruturas linguisticas quando usada a<br />
estrategia da reiteraqao. No ensino comunicativo, porem, a<br />
produgao da linguagem adquire urna importancia maior do que a<br />
reprodugao e compreensao, com a consequencia <strong>de</strong> uma utilizagao<br />
da repetiqao menos intencional, mais semelhante a da fala em<br />
contextos simetricos.<br />
Como expusemos na pagina x da Introctugao, trabalhamos 0<br />
ensino <strong>de</strong> lingua estrangeira com uma metodologia ecletica que
ternse revelado eficiente -ela <strong>de</strong>sliza ora para 0 comunicativo,<br />
ora para 0 gramatical, ora para 0 naturalista, ora para 0<br />
humanista- (Ravera,1990:18-21). Alguns eventos sac muito<br />
marcados pela utilizagao tatica da repetigao. 0 ensejo <strong>de</strong><br />
apreen<strong>de</strong>r melhor a verda<strong>de</strong>ira dimensao <strong>de</strong>ssa tatica para a<br />
aprendizagem esta na genese do nosso trabalho <strong>de</strong> pesquisa e<br />
condiciona as opc;oes metodo16gicas que exporemos a seguir:<br />
1~. Cientes do habitual papel do professor como direcionador e<br />
condicionador das intervengoes, gravamos seis aulas <strong>de</strong><br />
professores diferentes, uma <strong>de</strong> cada urn. A recusa <strong>de</strong> alguns<br />
professores e a pressao do calendario escolar, fizeram com que<br />
tivessemos que incorporar ao corpus duas gravag6es <strong>de</strong> aulas nas<br />
quais, nos proprios, somos professores, a fim <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />
completar asseis amostras <strong>de</strong>sejadas.<br />
2Q.Solicitar a gravagao <strong>de</strong> aulas: a) completas, para que<br />
ficasse sob os nossos criterios quais seriam os trechos<br />
escolhidos e transcritos; esta 'solicitagao foi atendida<br />
parcialmente; b) concebidas para a ocorrencia <strong>de</strong> urn evento<br />
marcadamente constituido <strong>de</strong> dialogo$ com vistas a uma maior<br />
inci<strong>de</strong>ncia dos fenomenos mais caracteristicos da fala<br />
<strong>de</strong>scontraida, <strong>de</strong>ntre eles 0 da repetigao; c)<strong>de</strong> niveis avanqado<br />
e superior, para que 0 corpus apresente melhor fluencia<br />
comunicativa por parte dos alunos, para inibir a ocorrencia <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminadas fungoes como seria 0 caso da corregao;<br />
3~. Por tentarmos refletir numa perspectiva dia16gica,<br />
trabalhararemos com termos como interlocutores, agentes,<br />
intervenientes, sujeitos, etc., todos falantes; nao nos<br />
satisfaz a dicotomia que introduz na analise do discurso a<br />
consi<strong>de</strong>ragao do par <strong>de</strong> termos falante / ouvinte, pois que, com<br />
Arruda (1992:106), no discurso <strong>de</strong> outrem nao apenas permeia a<br />
linguagem mas e uma das chaves para a sua compreensao,<br />
interessando a gramatica, a estilistica, a retorica, a<br />
linguistica e a teoria da literatura";<br />
4~. 0 registro dos interlocutores sera feito por intermedio <strong>de</strong><br />
siglas sequenciadas que i<strong>de</strong>ntificarao anonimamente e seguindo a<br />
or<strong>de</strong>m da primeira participagao <strong>de</strong> cada qual no corpus;<br />
SQ. 0 trabalho<br />
aula:<br />
se caracteriza pela <strong>de</strong>scrigao dos fenomenos da<br />
a) Transcrevendo e organizando os dados, superando limitagoes
importantes e comuns da escrita, com uma sistematica, inspirada<br />
na do NURC-Recife;<br />
b) ~elacionando as produgoes linguisticas com 0 seu contexto;<br />
6Q. Nao havera correlagao sistematica <strong>de</strong> variaveis socio16gicas<br />
como sexo, ida<strong>de</strong>, profissao, grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, crengas<br />
etc., por consi<strong>de</strong>ra-las pouco relevantes no escopo do trabalho.<br />
o analista da conversagao tenta reproduzir 0 mais<br />
fielmente possivel 0 fato linguistico: sao horas, <strong>de</strong> escuta<br />
atenta (especialmente quando as gravagoes apresentam ruidos e<br />
barulhos, sons <strong>de</strong>beis ou apagados,-frutos <strong>de</strong> corriqueiras<br />
precarieda<strong>de</strong>s ambientais e tecnicas -,superposigao <strong>de</strong> vozes... )a<br />
fim <strong>de</strong> apresentar documentos expressivos e fi<strong>de</strong>dignos.<br />
o analista age intencionalmente na representagao escrita da<br />
produgao oral; nela reflete os seus objetivos e transmite 0 seu<br />
ponto <strong>de</strong> vista: assim po<strong>de</strong>ra realgar certas funcionalida<strong>de</strong>s nas<br />
repetigoes, relegando outras, como e 0 caso das transcrigoes<br />
mencionadas neste trabalho. 0 realce apresentado e<br />
absolutamente externo ao texto; <strong>de</strong>corre dos int.eresses<br />
analiticos do pesquisador. Apesar disso, a riqueza <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes<br />
<strong>de</strong>scritivos, na linha etnografica, quando inseridos no trabalho<br />
realizado pelo analista da conversagao, po<strong>de</strong>rao aproximar 0<br />
leitor do evento. Sabemos, por outra parte, que 0 mesmo nao se<br />
po<strong>de</strong> dizer dos processos normais <strong>de</strong> retextualizagao na passagem<br />
cognitiva da fala para a escrita. Sao os efeitos falseadores,<br />
no seu conjunto e em suma, os que 0 analista da conversagao<br />
visa anular ou minimizar. Lembramos a este respeito, aula<br />
ministrada pelo Prof. Marcuschi, em 15.09.94, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Salvador (Bahia), por ocasiao do I Congresso Internacional da<br />
ABRALIN, na qual ele sintetizava 0 conjunto <strong>de</strong> aspectos basicos<br />
envolvidos nas operagoes <strong>de</strong> retextualizagao (Quadro 5) :
acrescimo<br />
substituigao<br />
reor<strong>de</strong>na ao<br />
tratamento inferencia<br />
da sequencia inversao<br />
dos turnos elimina ao<br />
A leitura do Quadro 5 ilustra a diversida<strong>de</strong> das operagoes<br />
que conspiram rumo a uma persistente <strong>de</strong>svirtualizagao do texto<br />
falado, via i<strong>de</strong>aliza~ao e transforma~ao linguisticas, e<br />
manipula~ao e interpreta~ao <strong>de</strong> acordo com uma visao <strong>de</strong> mundo e<br />
suas consequentes estrategias.<br />
Urnoutro aspecto e a problematica inerente a pertinencia ou<br />
nao da transformagao <strong>de</strong> urn texto oral, resultante <strong>de</strong> atos <strong>de</strong><br />
fala, num texto escrito; trata-se <strong>de</strong> uma questao extremamente<br />
complexa, dado que, na oralida<strong>de</strong>, na fala, as produ~oes<br />
linguisticas sac fruto <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> interagao,<br />
colaborativos, dial6gicos; na oralida<strong>de</strong>, alem <strong>de</strong> elementos<br />
linguisticos nao sintatizados como risos, hesita~oes ou<br />
marcadores conversacionais, intervem os elementos supra e<br />
paralinguisticos -gestos, tons, ritmos, ca<strong>de</strong>ncias, movimentos,<br />
sinais... -, que com enorme dificulda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser traduzidos numa<br />
simples transcri~ao feita a base <strong>de</strong> sequencias <strong>de</strong> codifica~oes<br />
alfabeticas. Temos consciencia <strong>de</strong> que a op~ao por uma ou outra<br />
metodologia <strong>de</strong> transcri~ao nao e neutra; bem ao contrario, ja<br />
envolve op~oes que condicionam as interpreta~oes, pois ao<br />
refletirem uma intencionalida<strong>de</strong>, ja se constituem numa primeira<br />
tradu~ao e interpreta~ao dos dados coletados. A pr6pria op~ao<br />
por urn mo<strong>de</strong>lo ou sistema, seja ortografico, fonol6gico ou<br />
fonetico, envolve uma <strong>de</strong>cisao <strong>de</strong> cunho politico e i<strong>de</strong>ol6gico,<br />
pois que a grafia passa por cima <strong>de</strong> diferen~as para cunhar suas<br />
nem sempre salomonicas <strong>de</strong>cisoes: assim e transcrito como<br />
regular e homogeneo aquilo que e irregular e heterogeneo;<br />
eliminam-se 0 anulam-se varia~oes em fun~ao <strong>de</strong> uma unicida<strong>de</strong><br />
plastica; nas transcri~6es , a oralida<strong>de</strong> se VEl submetida as<br />
camisas <strong>de</strong> for~a das mais diversas normas como se <strong>de</strong> entida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sajustada se tratasse. E, em certa medida, nao po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>
outra forma a partir do momento em que resolvemos tornar<br />
grafica a fala...<br />
Por fim, na oralida<strong>de</strong>, em seu mundo interativo, saD<br />
passadas uma serie <strong>de</strong> informag6es nao linguisticas<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos sons, nao <strong>de</strong>notadas e sim conotadas que<br />
escapam <strong>de</strong> quem transcreve a conversagao: e 0 caso <strong>de</strong><br />
preferencias <strong>de</strong> tipo i<strong>de</strong>o16gico ou politico, tabus, gostos,<br />
assimetrias interacionais, negociag6es e lutas pelo po<strong>de</strong>r e a<br />
hegemonia...0 acesso a esta dimensao procuraremos atingi-lo com<br />
o apoio <strong>de</strong> observag6es na linha da etnografia da comunicagao e<br />
da analise do discurso.<br />
A nossa sistematica adapta a do NURC-Recife que the serve<br />
<strong>de</strong> base e inspiragao. Com as modificag5es, facilita-se a<br />
leitura e interpretagao do texto.<br />
Fazemos as transcrig6es, segundo 0 mo<strong>de</strong>lo abaixo, com<br />
c6digos e texto dispostos em tres colunas:<br />
TURBO CODlGO<br />
PESSOAL<br />
TRAHSCRI
<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, a cada interlocutor que vai intervindo na<br />
conversaqao. Desta feita, por exemplo, a expressao P-5 e 0<br />
c6digo que i<strong>de</strong>ntifica 0 quinto professor a participar no<br />
corpus, e a A-32 representa 0 c6digo i<strong>de</strong>ntificador do trigesimo<br />
segundo aluno que participa. Portanto, A-13 <strong>de</strong>vera ser lido<br />
mais ou menos como "eis que a seguir vem a transcriqao da<br />
intervenqao, do turno, do aluno cujo c6digo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificaqao e<br />
A-13". 0 sinal I?' expressa que nao foi possivel atribuir urn<br />
c6digo ao interlocutor em questao, por conta <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
correlaqao entre voz gravada e c6digo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificac;ao; ja a<br />
expressao 'varios' quer significar a ocorrencia <strong>de</strong> varias<br />
intervenqoes superpostas, praticamente simultaneas, em que nao<br />
e possivel i<strong>de</strong>ntificar os respectivos autores. Ainda, situamos<br />
o c6digo mais a direita da coluna quando 0 turno se inicia em<br />
superposiqao a outro que esta exercendo 0 turno.<br />
3Q. Na terceira coluna, contando a partir da esquerda,<br />
consta a transcriqao <strong>de</strong> cada intervenqao, turno por turno. As<br />
express5es '«ininteligivel»' ou I «incompreensivel»'<br />
representam intervenqoes cujo sentido nao nos foi possivel<br />
apreen<strong>de</strong>r. Os turnos que se iniciam em superposiqao ao(s)<br />
prece<strong>de</strong>nte(s), sac precedidos pela chave A produqao<br />
i<strong>de</strong>ntificada, em <strong>de</strong>terminada perspectiva, como matriz <strong>de</strong><br />
repetiqao aparece sublinhada; a i<strong>de</strong>ntificada como repetiQ80 ,<br />
no marco <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada funcionalida<strong>de</strong>, aparece em negrito ;<br />
caso seja analisada, no epis6dio focalizado, como matriz e como<br />
repetiqao, a produqao sera apresentada sublinhada e em negrito.<br />
Uma compilaqao esquematica e global <strong>de</strong>stas e outras<br />
peculiarida<strong>de</strong>s adotadas para as transcriqoes, po<strong>de</strong>remos<br />
enccmtrar na sintese <strong>de</strong> convenqoes que exporemos em seguida.<br />
Passamos agora a expor no Quadro<br />
adotamos para fazer a transcriqao do<br />
corpus, na integra, consta no Anexo 1.<br />
6 as convenqoes que<br />
corpus utilizado. 0
(+)<br />
(++)<br />
(n)<br />
( ...)<br />
priIrei.ra aula transcritai priIreira inte.rverlgao transcrita.<br />
professor da priIrei.ra aula transcrita.<br />
priIIeiro aluno que i.ntervan nas aulas transcritas.<br />
<strong>de</strong>limita 06 careIl'tari.06 c:bpesquisac:br.<br />
: pausa apraximada <strong>de</strong> ate 0,4 segurx;kJs.<br />
: pausa apraxi.mada > 0,4 segurx;kJs< 0,8 segurx;kJs.<br />
: pausa apraximada > 0,8 segundos < 1,4 segurrlJs.<br />
pausa apraximada > n-o,5 segurx;kJs< n+O,5 segurx;kJs.(n:2,3, ...)<br />
: supressao <strong>de</strong> texto<br />
: inicio da E!l'ltoacb san prece<strong>de</strong>nte.<br />
o alongarrento superior a urnsegund::>cb san prece<strong>de</strong>nte.<br />
: m:rlalida<strong>de</strong> grafica <strong>de</strong> expressao proferida an IX>rtugues,:rresm::><br />
quando l'1atC:qrafaa ootra espanhola.<br />
fonna <strong>de</strong> expressao que i<strong>de</strong>ntifica uma<strong>de</strong>tenn:inada prcx:iu¢o<br />
linguistica ccm::>matriz da repetigao cu repetig6es.<br />
abc fonna expressiva para realgar as repeti
Uma aula na qual se possa constatar a ocorrencia <strong>de</strong> urn<br />
compromisso <strong>de</strong> cooperaqao, <strong>de</strong> conspiraqao para que aconteqa uma<br />
aprendizagem eficiente <strong>de</strong> lingua estrangeira, praticamente<br />
aceito por todo 0 coletivo participante, nao sera <strong>de</strong> espantar<br />
que apresente uma notavel inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> trocas <strong>de</strong> turno ou <strong>de</strong><br />
intervenq5es <strong>de</strong> interlocutores que se confirmam como atuantes.<br />
Enten<strong>de</strong>mos que semelhante comentario encaixa com os<br />
coletivos que colaboraram para que fosse possivel a produqao do<br />
corpus <strong>de</strong>ste trabalho. Nele, <strong>de</strong> fato, grupos que oscilam<br />
entre cinco e onze pessoas <strong>de</strong>dicam 150 minutos semanais a<br />
encontros para apren<strong>de</strong>r espanhol. Urn <strong>de</strong>les, 0 professor, e<br />
remunerado para garantir a sua participaqao; os <strong>de</strong>mais garantem<br />
o seu direito a participar pagando uma mensalida<strong>de</strong>. Talvez isso<br />
contribua como explicaqao do notavel ambiente <strong>de</strong> trabalho que<br />
as gravaq5es transmitem. Na verda<strong>de</strong>, estamos trabalhando<br />
documentos rE'veladores <strong>de</strong> urn importante grau <strong>de</strong> envolvimento<br />
dos participantes nas ativida<strong>de</strong>s escolares: as gravaq5es nao<br />
<strong>de</strong>ixam lugar a duvidas sobre 0 mutuo reconhecimento como<br />
intervenientes ou actantes ou interlocutores ou falantes, <strong>de</strong><br />
professor e alunos, <strong>de</strong> alunos e professor, dos alunos entre si.<br />
o professor aparece muito mais como alguem em alerta<br />
permanente para auxiliar os seus alunos. A presteza e preclsao<br />
das correq5es protagonizadas pelos informantes professores, em<br />
maior ou menor grau, confirmam seus 'superpo<strong>de</strong>res'<br />
linguisticos; 0 mesmo po<strong>de</strong>mos observar em referencia as<br />
frequentes intervenq5es <strong>de</strong> caracter avaliativo ou incentivador<br />
que protagonizam.<br />
Por sua parte, os alunos , em termos gerais, <strong>de</strong>monstram-se<br />
diligentes, bem intencionados, e fieis ao seu papel:, realizam<br />
com presteza os exercicios que the sac solicitados,<br />
autocorrigem as falhas i<strong>de</strong>ntificadas em sua competencia<br />
linguistica ou repetem ensinamentos <strong>de</strong> forma d6cil; aparecem<br />
conscientes num jogo <strong>de</strong> representagao, on<strong>de</strong> sera possivel<br />
combinar, com certa habilida<strong>de</strong>, realida<strong>de</strong> e fantasia, a<br />
situaqao real com a artificial e teatral. Cada qual
epresentando<br />
condicionados.<br />
As aulas que constituem 0 corpus <strong>de</strong>ste trabalho permitem ao<br />
observador verificar a existencia <strong>de</strong> urn clima <strong>de</strong> certa<br />
familiarida<strong>de</strong> entre os participantes <strong>de</strong> cada grupo, haja visto<br />
o predominio <strong>de</strong> registros <strong>de</strong> comandos diretivos no tratamento<br />
interpessoal proferidos em segunda pessoa, no modo verbal<br />
imperativo ("dile", "preguntale", "repite", etc.) que e a forma<br />
amistosa, coloquial do espanhol falado na Espanha. Po<strong>de</strong>-se<br />
verificar que a utilizaqao <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> trato interpessoal em<br />
terceira pessoa, costuma ser resultante <strong>de</strong> provocaqoes<br />
explicitas a dito fim e ligadas estritamente a estrategias <strong>de</strong><br />
aprendizagem.<br />
Po<strong>de</strong>ra ser constatado, da mesma forma, como cada urn dos<br />
intervenientes nas aulas aparece com 0 seu modo peculiar <strong>de</strong><br />
afirmar a sua posiqao <strong>de</strong>ntro do grupo, chegando ate a omissao<br />
sistematica na hora <strong>de</strong> intervir, como e 0 caso do aluno A-13,<br />
na Aula 2 da transcriqao, que assim 0 solicitou do professor,<br />
por conta da inibiqao, reparo, que the produzia 0 fato da aula<br />
estar sendo gravada.<br />
Para montar 0 corpus foram efetuadas seis transcri~oes <strong>de</strong><br />
aulas, ou fragmentos, todas gravadas nos cursos <strong>de</strong> Espanhol<br />
para estrangeiros do Centro Cultural Brasil Espanha, em Recife,<br />
uma entida<strong>de</strong> privada que tern vinculos administrativos com a<br />
representaqao diplomatica espanhola no Brasil. Trata-se <strong>de</strong> urna<br />
instituiqao que, no tocante ao ensino, e a<strong>de</strong>pta <strong>de</strong> uma proposta<br />
ecletica, tomando pe num metoda ativo. As salas <strong>de</strong> aula sac<br />
pequenas, aconchegantes, climatizadas e bem iluminadas. Entre<br />
seus esteios fundamentais figura 0 <strong>de</strong> tentar 0 envolvimento<br />
"<strong>de</strong>nso" do aluno, a partilha da realida<strong>de</strong> cultural espanhola e,<br />
com menor enfase, ibero-americana 22.<br />
22 0 curriculo aplicado no referido Centro, vive em permanente adaptagao,<br />
a partir do metoda "Espafiol en Directo" (Sanchez, Rios, Dominguez: 1990a,<br />
1990b; Sanchez,<br />
atualida<strong>de</strong>, cerca<br />
Cabre,<br />
<strong>de</strong> <strong>30</strong>%<br />
Matilla:1990a,<br />
da carga horaria<br />
1990b). A grosse modo,<br />
total obe<strong>de</strong>ce a sistematica<br />
na<br />
do<br />
referido metodo. Ja outros <strong>30</strong>% das aulas sac <strong>de</strong>stinadas a exercicios <strong>de</strong><br />
conversagao sobre assuntos do dia-a-dia com 0 apoio <strong>de</strong> fichas, contendo 0<br />
lexico, refroes e expressoes idiomaticas. Os 40% restantes <strong>de</strong>stinam-se a<br />
um conjunto heterogeneo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s: leituras, vi<strong>de</strong>os, audigoes,<br />
audiovisuais ... (entre 10% ou 15%); estudo das estruturas lingliisticas<br />
(entre 5% e 10%); revisao e verificagao da aprendizagem (aproximadamente<br />
20%). A didatica <strong>de</strong>ve privilegiar a ativa participagao dos alunos para a<br />
adquisigao das <strong>de</strong>strezas basicas da linguagem oral (compreensao auditiva
Sendo pago 0 acesso a este curso, a clientela fica mais<br />
restrita, <strong>de</strong> modo geral, a pessoas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r adquisitivo<br />
superior a media. Isso, particularmente, nos grupos da tar<strong>de</strong>,<br />
quando boa parte dos alunos sac aposentados ou donas <strong>de</strong> casa e<br />
as motivagoes para a aprendizagem da lingua espanhola,<br />
predominantemente, respon<strong>de</strong>m a objetivos polarizados pelas<br />
vertentes afetiva e <strong>de</strong> lazer (manter urn grupo <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>,<br />
preparar-se para fazer turismo... ); sac <strong>de</strong>ste periodo, no corpus,<br />
as gravagoes das Aulas 1 e 5. Ja, no periodo noturno, a<br />
clientela e formada, majoritariamente, por estudantes e<br />
profissionais na ativa e , que apren<strong>de</strong>m a lingua espanhola por<br />
motivagoes que se acham na linha da habilitagao profissional,<br />
aca<strong>de</strong>mica, comercial, turismo empresarial... ; sac <strong>de</strong>ste periodo<br />
as gravag5es das Aulas 2, 3, 4 e 6.<br />
Em qualquer periodo, e resultante, em boa medida, do seu<br />
carater <strong>de</strong> investimento econ6mico vultoso e opcional, emerge<br />
como caracteristica geral 0 interes.;;e empenho dos aprendizes<br />
em aproveitar bem as aulas; isto em contraste com a importante<br />
inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> ausencias ou faltas, indicio claro <strong>de</strong> serem<br />
pospostas as aulas <strong>de</strong> espanhol face a outras solicitagoes do<br />
dia-a-dia avaliadas como mais prioritarias ou urgentes<br />
(excursoes ou viagens <strong>de</strong>moradas e imprevistos familiares, numa<br />
parcela<br />
outra) .<br />
do alunado; provas escolares ou trabalhos extran, em<br />
Coletaram os dados os pr6prios cinco professores , cada<br />
qual em sua (s) respectiva (s) aula(s). Solici tamos dos<br />
professores que aceitaram fazer urnagravagao que:<br />
a} Informassem e combinassem com os seus alunos a<br />
efetivagao da gravagao "para estudos universitarios do Prof.<br />
Miguel, orientados para a melhoria da metodologia do estudo do<br />
e expressao oral) e da escrita (compreensao <strong>de</strong> leitura e expressao<br />
escrita) e 0 <strong>de</strong>senvolvimento das estategias comunicativas, mas sem<br />
relaxar nas estrategias que visem 0 doffilniodas principais quest6es<br />
gramatic~is. 0 melhor conhecimento da realida<strong>de</strong> sociocultural dos povos<br />
espanhol e ibero-americ<strong>anos</strong> <strong>de</strong>ve contribuir para contextualizar 0<br />
processQ <strong>de</strong> aprendizagem.
espanhol no Centro Cultural". Escon<strong>de</strong>mos, portanto, a questao<br />
da repetigao para nao polarizar a atengao no que diz respeito<br />
ao seu uso e entorno, no intuito <strong>de</strong> diminuir os riscos <strong>de</strong> uma<br />
maior artificializagao das falas e <strong>de</strong> urn falseamento da sua<br />
funcionalida<strong>de</strong> habitual;<br />
b) Realizassem as gravag6es num tipo <strong>de</strong> aula normal, sem<br />
preparar qualquer assunto especial; sugerindo, apenas, que<br />
escolhessem urn tipo <strong>de</strong> aula com ativida<strong>de</strong>s ou tarefas mais<br />
orientadas a ocorrencia <strong>de</strong> frequentes trocas <strong>de</strong> turno;<br />
c) 0 gravador permanecesse ligado, em cima da mesa do<br />
professor, do comego da aula ate 0 fim, com a unica preocupagao<br />
<strong>de</strong> virar a fita, <strong>de</strong> modo que fosse gravada continuadamente, ate<br />
o fim <strong>de</strong>la.<br />
Alguns, para a nossa surpresa, recusaram 0 pedido para nao<br />
expor a sua auto-imagem perante a comunida<strong>de</strong> cientifica.<br />
Na pratica, e chamativo, e nao apenas por ser aned6tico,<br />
constatar que as gravag5es sofreram interrupg5es em momentos <strong>de</strong><br />
maior dispersao na aula e tiveram 0 seu tempo <strong>de</strong> registro<br />
reduzido espontaneamente, em maior ou menor grau, conforme<br />
sintetizado no Quadro 7 (pagina 57), como urn provavel reflexo<br />
do pudor com que 0 profissional procura resguardar uma boa<br />
imagem da sua competencia.<br />
4.3. a CORPUS UTILIZADQ<br />
Avaliadas as dificulda<strong>de</strong>s e inc6modos que traziam aos<br />
professores as gravag5es, resolvemos:<br />
a) Nao insistir para que fossem realizadas novas<br />
tentativas; aproveitar os materiais do jeito que nos chegaram<br />
(lembramos com humor, e a titulo <strong>de</strong> consolo, as agruras e<br />
divertidas reflex6es do antrop6logo e etn6grafo Nigel Barley<br />
com os seus informantes dowayos 23 , em 1978, e nos <strong>de</strong>mos por<br />
23 a autor mostra com humor, geralmente sarcastico, a relativida<strong>de</strong><br />
historica e para as ciencias naturais dos dados que ele como antropologo<br />
e etnografo consegue abocanhar em <strong>de</strong>zoito meses <strong>de</strong> trabalho, que quase<br />
acabam com a sua vida, na Africa, com populag6es que, <strong>de</strong> forma semelhante<br />
a sua percepgao, enxergam-no como exotico; isso mesmo se valendo <strong>de</strong><br />
informantes remunerados par ele. Parem, a experiencia the serve para<br />
questionar mo<strong>de</strong>los interpretativos e para po<strong>de</strong>r compreen<strong>de</strong>r melhor a<br />
visao <strong>de</strong> mundo do pava dowaya.
satisfeitos);<br />
b) Desistir <strong>de</strong> realizar a observagao participante -0 que<br />
prejudica a inicial pretengao etnografica do trabalho-, por<br />
conta do acrescimo <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s operacionais que este metodo<br />
<strong>de</strong> trabalho iria significar; tarnbem, porque 0 solicitante,<br />
exercendo na epoca a fungao <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nagao pedag6gica do<br />
estabelecimento, po<strong>de</strong>ria ser visto como que fazendo uma<br />
fiscalizagao <strong>de</strong> aulas concomitante e disfargada;<br />
c) Extremar as medidas <strong>de</strong> precaugao para tentar inibir<br />
qualquer tentativa <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificagao externa a cada grupo <strong>de</strong><br />
inforrnantes;ernconsequencia e dada a proximida<strong>de</strong> hist6rica dos<br />
acontecimentos, e levando ern consi<strong>de</strong>ragao os eng<strong>anos</strong>,<br />
imprecisoes, erros que po<strong>de</strong>m perrnear a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino,<br />
particularrnente <strong>de</strong> lingua estrangeira, usaremos professor e<br />
aluno sempre no masculino sem i<strong>de</strong>ntificagao <strong>de</strong> sexo e, ainda,<br />
ernse tratando <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> reduzido numero <strong>de</strong> interlocutores,<br />
tarnbem, renunciaremos a aportar dados relativos a ida<strong>de</strong>,<br />
profissao e interesses pessoais dos inforrnantes;<br />
d) Aproveitar duas das gravagoes, as <strong>de</strong> ntirneros1 (urn)e 5<br />
(cinco), qUE' forarn realizadas ern aulas do autor do presente<br />
trabalho (ele e i<strong>de</strong>ntificado como P-l); no bojo da problematica<br />
tratada acima, concluimos pela conveniencia do seu<br />
aproveitarnento.<br />
Ern geral, a leitura das transcrigoes e 0 suficiente para<br />
refletir a assimetria das relagoes que se estabelecem na sala<br />
<strong>de</strong> aula: cremos que uma simples leitura quantitativa, do corpus<br />
perrnite Ja perceber a diferenga entre os papeis mais<br />
frequentemente exercidos e assumidos por professores e alunos.<br />
Os professores pautam a sua participagao por sua maior<br />
intervengao: na mediagao quase que exclusiva nas negociagoes <strong>de</strong><br />
entrega dos turnos; na proposta e no direcionarnento dos<br />
t6picos; na corregao e avaliagao das produgoes; enfim, no<br />
numero <strong>de</strong> intervengoes, que ten<strong>de</strong>, geralmente, a se aproximar<br />
dos <strong>30</strong>%, ou mesmo, na intervengao na maior parte dos turnos<br />
mais duradouros...24 Os alunos aparecem cornmaior frequencia:
acatando e intervindo <strong>de</strong> acordo com a sistematica <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong><br />
turnos estabelecida ou negociada e a sugerida na hora; na<br />
incorporagao <strong>de</strong> corregoes; na responsivida<strong>de</strong> imediata; em<br />
turnos breves, que, ap6s 0 sucesso em qualquer produgao<br />
pretendida, para a ocorrencia normal <strong>de</strong> urn outro, ten<strong>de</strong>rao a<br />
ter que aguardar que os <strong>de</strong>mais alunos tenham sido bem<br />
sucedidos em sua produgao correspon<strong>de</strong>nte...<br />
Estas consi<strong>de</strong>ragoes iniciais nao <strong>de</strong>vem servir como<br />
argumento para nao prestar a <strong>de</strong>bida atengao as frequentes<br />
investidas dos intervenientes para subverter 0 referido<br />
or<strong>de</strong>namento padrao 25 melhorando as suas chances <strong>de</strong><br />
transformar eventos programaveis como ativos em eventos , <strong>de</strong><br />
fato, comunicativos. Assim, tambem 0 aluno passa 0 turno,<br />
corrige, interroga, esclarece, introduz t6picos etc.,se coloca<br />
como sujeito e pessoa, e 0 professor e corrigido, incorpora<br />
produgoes dos alunos, disputa e per<strong>de</strong> 0 turno, etc. Isto<br />
po<strong>de</strong>remos ir verificando e realgando na medida em que nos<br />
a<strong>de</strong>ntrarmos na analise dos textos concretos <strong>de</strong>ste corpus. E,<br />
sera possivel, perceber, esperamos, como as repetigoes tern<br />
parte fundamental na <strong>de</strong>mocratizagao dos turnos e da palavra, e<br />
na quebra da assimetria da relagao escolar, realizando uma<br />
possivel papel humanizador da interagao .<br />
o texto da aula <strong>de</strong> nfunero 1 (Anexo 1, Aula 1), unica<br />
institucionalida<strong>de</strong> do discurso escolar: 0 controle do t6pico; a<br />
organizagao tatica da interagao, 0 grau <strong>de</strong> planejamento da interagao, a<br />
reciprocida<strong>de</strong> Inao reciprocida<strong>de</strong> do discurso, a linguagem funcional, 0<br />
conhecimento ou saber tecnico. Adverte para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> remover<br />
lltodas as barreiras estruturais, linglilsticas e interacionais" para<br />
llpropiciar uma interagao satisfatoria e significativa para todos os<br />
participantes" .Isto envolve mudar a atitu<strong>de</strong> dos professores do papel <strong>de</strong><br />
donos e diretores do discurso da sala <strong>de</strong> aula para 0 papel <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iros<br />
parceiros conversacionais" . Advoga por uma interagao menos<br />
institucionalizada, mais espontanea, mais simetrica e igualitaria; por<br />
turnos mais negociados; por <strong>de</strong>slocar 0 foco para 0 conteudo; por uma<br />
linguagem funcional menos caracterizada por atos <strong>de</strong> fala diretivos e mais<br />
proxima da conversa natural.<br />
25 signorini (1992: 134-142) ao tratar da questao da opacida<strong>de</strong> e da<br />
transparencia na comunicagao intercultural, <strong>de</strong>screve dois fatores como<br />
<strong>de</strong>cisivos para ocorrer 0 fracas so comunicativo: 0 confronto <strong>de</strong><br />
perspecti vas ou lll6gicas" <strong>de</strong> raiz comunitaria (conjunto <strong>de</strong> saberes,<br />
valores que vaG <strong>de</strong>terminar a competencia modal), e <strong>de</strong> estrategias<br />
comunicativas (habilida<strong>de</strong>s praticas) nao congruentes: llToda estrategia <strong>de</strong><br />
produgao e uma estrategia <strong>de</strong> compreensao, pois possibilita a<br />
contextualizagao das express6es linglilsticas por meio <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias<br />
inferenciais <strong>de</strong> natureza interpretativa (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do contexto) e e<br />
geradora <strong>de</strong> expectativas em fungao da interpretagao <strong>de</strong> contextos" [-J II<br />
-calar 0 interlocutor, liquidar seus argumentos- e apenas 0 sinal <strong>de</strong> urn<br />
colapso comunicativo".
ealizada ern 1992, (as <strong>de</strong>mais sac <strong>de</strong> 1993), correspon<strong>de</strong> a uma<br />
gravagao continua <strong>de</strong> 60 minutos, efetuada quando 0 autor ainda<br />
nao suspeitava que fosse tentar urn trabalho relacionado corn a<br />
tematica da repetigao. A parte trazida para 0 corpus<br />
correspon<strong>de</strong> a urntempo <strong>de</strong> transcrigao <strong>de</strong> 5 minutos. E uma turrna<br />
<strong>de</strong> 9 (nove) alunos, i<strong>de</strong>ntificados <strong>de</strong> A-I a A-9, 0 arnbiente<br />
habitual na aula era <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontragao e espontaneida<strong>de</strong>, dai que<br />
se subverta corn relativa frequencia a assimetria padrao<br />
professor/alunos, reflexo <strong>de</strong> urn grupo que estudava junto fazia<br />
dois <strong>anos</strong> e meio, cornobjetivos mais ludicos e inforrnaisdo que<br />
aca<strong>de</strong>micos ou profissionais. 0 texto reflete a conversagao que<br />
envolve a efetivagao <strong>de</strong> urn exercicio <strong>de</strong> complementagao <strong>de</strong><br />
frases (Anexo 2). Ainda por cima, os alunos, apesar <strong>de</strong><br />
informados do fato, nao parecem tomar conhecimento <strong>de</strong> que a<br />
aula esteja sendo gravada e mantem 0 habitual clima <strong>de</strong><br />
espontaneida<strong>de</strong> e informalida<strong>de</strong>.<br />
o ~ex~o da aula <strong>de</strong> DUmero 5 (Anexo 1, Aula 5),<br />
correspon<strong>de</strong> a 7 minutos <strong>de</strong> gravagao',continua<strong>de</strong> urnaaula, feita<br />
quando ja tinharnosnos <strong>de</strong>finido pela repetigao ernsala <strong>de</strong> aula<br />
como tematica a ser estudada. Poi uma <strong>de</strong>cisao nao prograrnada,<br />
tomada num momento, por impulso e <strong>de</strong> surpresa e sem previa<br />
cornbinagao, quando os alunos realizavarn urn exercicio <strong>de</strong><br />
reforrnulagao textual (Anexo 3), que e urn tipo <strong>de</strong> tarefa que<br />
encerra urnaenorrnecarga <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s para alunos <strong>de</strong> lingua<br />
estrangeira do mesmo tronco que a lingua materna. A transcri~ao<br />
resulta, cremos numa j6ia por conta da intensida<strong>de</strong> do ritmo <strong>de</strong><br />
trocas. 5e e dificil equacionar os motivos geradores das<br />
intervengoes, e claro i<strong>de</strong>ntificar 0 marcado torn cooperativo<br />
<strong>de</strong>las, que parecem confirrnar que a classe estava envolvida<br />
intensarnentenum trabalho escolar prazeroso e <strong>de</strong>safiador que os<br />
colocava num clima <strong>de</strong> intervengao espontanea e <strong>de</strong> concentragao.<br />
Po<strong>de</strong>mos constatar como as tomadas <strong>de</strong> turno fogem do habitual,<br />
<strong>de</strong>sfazendo a assimetria do or<strong>de</strong>narnento sequencial habitual nas<br />
<strong>de</strong>mais transcrigoes do corpus. A postura do professor se<br />
manifesta como mais voltada a testar a firrnezadas colocagoes<br />
dos aprendizes.A negociagao dos turnos surge, sem n6rrnas nem<br />
barreiras aparentes, a partir dos interesses <strong>de</strong> cada urn. Nao<br />
<strong>de</strong>tectarnos uma inci<strong>de</strong>ncia notavel <strong>de</strong> estrategias <strong>de</strong> manutengao<br />
do turno, nem <strong>de</strong> hesitagoes, nem <strong>de</strong> indagagoes. Uma reflexao a<br />
partir dos dados transcritos revela a ocorrencia <strong>de</strong> urnelevado<br />
nivel ,:e<strong>de</strong>mocratizagao na tomada <strong>de</strong> turnos, a raiz <strong>de</strong> urnmenor<br />
direcionarnento e intervencionismo direto do professor. Corn
efeito, trata-se da aula on<strong>de</strong> menor e menos frequente e a<br />
mediaqao do professor e na que os efeitos da assimetria dos<br />
papeis mutuos menos se <strong>de</strong>ixa sentir. Traz a participaqao dos<br />
alunos, do primeiro ano, A-<strong>30</strong> a A-34.<br />
o texto da aula <strong>de</strong> Dfrmero 2 (Anexo 1, Aula 2) correspon<strong>de</strong><br />
a gravaqao <strong>de</strong> 56 minutos <strong>de</strong> aula, e 0 registro foi feito com<br />
pequenas interrupqoes. Transcrevemo-la integralmente no corpus.<br />
Traduz 0 trabalho escolar do professor i<strong>de</strong>ntificado pela sigla<br />
P-2 e dos alunos i<strong>de</strong>ntificados com as siglas que vao <strong>de</strong> A-I0 a<br />
A-15. 0 grupo esta estudando junto ha dois <strong>anos</strong>. Alem da<br />
naturalida<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciada pelas hesitaqoes e insistencias <strong>de</strong><br />
alguns dos interlocutores em suas intervenqoes, chama a atenqao<br />
o ritmo eletrizante das trocas: superam-se os mil turnos... ,<br />
alcanqando uma media - que enten<strong>de</strong>mos fantastica - <strong>de</strong> quase 19<br />
por minuto, 0 equivalente a uma troca cada tres segundos!,<br />
quase sempre mediatizadas ou dirigidas pelo professor, quem, na<br />
pratica, realizando alguns turnos mais <strong>de</strong>morados, manteria 0<br />
turno em seu po<strong>de</strong>r durante a terceira parte do tempo da aula e<br />
tomaria 0 turno, em media, <strong>de</strong> seis em seis segundos.<br />
Como curiosida<strong>de</strong> vale a pena <strong>de</strong>stacar que 0 professor, a<br />
partir <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado momento e para facilitar e melhorar as<br />
condiqoes <strong>de</strong> audiqao, foi transportando 0 gravador para<br />
aproxima-lo mais do <strong>de</strong>tentor do turno.<br />
o texto da aula <strong>de</strong> Dfrmero 3 (Anexo 1, Aula 3) traduz 17<br />
minutos <strong>de</strong> gravaqao <strong>de</strong>scontinua <strong>de</strong> aula. Transcrevemos tambem<br />
toda a gravaqao realizada. 0 professor e i<strong>de</strong>ntificado como P-3<br />
e os alunos pelas siglas que vao <strong>de</strong>s<strong>de</strong> A-16 a A-19. 0 grupo,<br />
avanqado, esta no terceiro ana do seu curso. 0 ritmo <strong>de</strong> trocas<br />
<strong>de</strong> turno e muito intenso, e 0 professor, mantem urn controle<br />
constante sobre elas; ele mesmo incentiva repetiqoes<br />
sistematicamente como tecnica habitual <strong>de</strong> aprendizagem e tambem<br />
cria constantes situaqoes marcadas pelo humor. A ativida<strong>de</strong><br />
escolar <strong>de</strong>senvolvida nao utiliza a mediaqao <strong>de</strong> qualquer especie<br />
<strong>de</strong> texto escrito previo, a nao ser aqueles que iraQ sendo<br />
consignados no quadro-negro.<br />
o texto da aula <strong>de</strong> Dfrmero 4 (Anexo 1, Aula 4) correspon<strong>de</strong><br />
a 24 minutos <strong>de</strong> transcriqao<strong>de</strong> aula. Ao professor correspon<strong>de</strong><br />
no texto 0 c6digo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificaqao P-4. as c6digos dos alunos<br />
vao <strong>de</strong> A-20 a A-29. Tambem com tres <strong>anos</strong> <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> em
lingua espanhola. E realizado urnexercicio <strong>de</strong> complementagao <strong>de</strong><br />
frases que constam na ligao do livro estudada (Anexo 4).<br />
As trocas <strong>de</strong> turno sac menos celeres e os momentos <strong>de</strong><br />
silencio interturnos, nao raramente, sac <strong>de</strong>morados. A maior<br />
parte das intervengoes dos alunos sac precedidas por alguma do<br />
professor, que, por sua vez, realiza nao raras intervengoes<br />
<strong>de</strong>moradas. 0 professor faz varios apelos para que os alunos<br />
elevem 0 tom <strong>de</strong> voz a fim <strong>de</strong> facilitar 0 trabalho <strong>de</strong><br />
transcrigao.<br />
o texto da aula <strong>de</strong> nfrmero 6 (Anexo 1, Aula 6),<br />
praticamente nao foi transcrito. Apresentamos uma amostra que<br />
correspon<strong>de</strong> a 5 minutos <strong>de</strong> transcrigaodos, apenas, 11 minutos<br />
<strong>de</strong> aula gravados. 0 professor e i<strong>de</strong>ntificado com 0 c6digo P-5 e<br />
os alunos pelos c6digos que vao <strong>de</strong> A-35 a A~39. Na aula se<br />
discute 0 tema das II gangas" ou oportunida<strong>de</strong>s ou ofertas <strong>de</strong><br />
compra no comercio. 0 grupo esta no seu segundo ana <strong>de</strong><br />
espanhol.<br />
A seguir, no Quadro 7, sintetizamos algumas informagoes<br />
sobre os c6di.gos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificagao atribuidos aos informantes,<br />
os tempos efetuados <strong>de</strong> gravagao <strong>de</strong> aula e os tempos <strong>de</strong><br />
transcrigao realizados em cada aula para a composigao do corpus<br />
utilizado neste trabalho:<br />
QUADRO 7<br />
Tempos <strong>de</strong> gravaQ80 e transcriQ80 e c6digo dos informantes<br />
por texto.<br />
Texto Tempo <strong>de</strong> Rela~ao <strong>de</strong> Informantes Tempo <strong>de</strong><br />
Gravacao Transcri~ao<br />
1 60' P-1 A-I A-2 A-3 A-4 A-5 A-6 5'<br />
A-7 A-8 A-9<br />
2 56' P-2 A-10 A-11 A-12 A-13 A-14<br />
A-15<br />
56'<br />
3 17' P-3 A-16 A-17 A-18 A-19 17'<br />
4 24' P-4 A-20 A-21 A-22 A-23 A-24<br />
A-25 A-26 A-27 A-28 A-29<br />
24'<br />
5 7' P-l A-<strong>30</strong> A-31 A-32 A-33 A-34 7'<br />
6 11' P-5 A-35 A-36 A-37 A-38 A-39 5'<br />
TOTAL 175' 5 professores e 39 alunos 114'
Quanto a disposigao espacial dos alunos nas aulas,<br />
apresentamos os esquernasdos Graficos 1 e 2.<br />
As transcrigoes das Aulas 1, 2 e 3 correspon<strong>de</strong>m a urnmo<strong>de</strong>lo<br />
<strong>de</strong> semicirculo, ou retangulo, ern volta da mesa do professor,<br />
situada na frente e proxima ao ponto medio do quadro-negro.<br />
Todas dispostas <strong>de</strong> uma forma semelhante a esquematizada no<br />
Grafico 1, reflexo da Aula 1:<br />
A-7 A-3 ((porta) A-6 A-5<br />
A-9 A-I<br />
A-2<br />
A-4<br />
A-8<br />
((mesa)) p-l<br />
Nas Aulas 4, 5 e 6, os alunos ocupam ca<strong>de</strong>iras situadas ern<br />
fileiras paralelas, <strong>de</strong>fronte a mesa do professor, situada, <strong>de</strong><br />
modo semelhante a anterior, na frente e proxima ao ponto medio<br />
do quadro-negro. Tudo conforme 0 Grafico 2, reflexo da Aula 4:<br />
A-28<br />
A-29<br />
A-27 A-26 A-25<br />
A-21 A-24 A-23 A-22 A~20<br />
((mesa)) P-4
No Quadro 3 (pagina 20) expusemos a rela9ao <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong><br />
fun9ao da repeti9ao que pautara as analises do nosso trabalho.<br />
A seguir, os i<strong>de</strong>ntificaremos uma a uma, procurando caracteri~alas<br />
atraves <strong>de</strong> casos tornadosdo corpus.<br />
Por ambito da coesao textual enten<strong>de</strong>mos 0 marco te6rico que<br />
visualiza como fenomenos aquele conjunto <strong>de</strong> marcas, tra90s,<br />
saliencias, sinais, focos, etc. que sac <strong>de</strong>terminantes para que<br />
se interpretem as partes do texto como relacionadas entre si<br />
26.<br />
Martinell (1994:4), ao resumir a sua tese doutoral <strong>de</strong> 1973,<br />
pon<strong>de</strong>ra que UA manifesta9ao coloquial<br />
,<br />
sujeitos, ou mais, que emitem 'e<br />
- dialogal - reline dois<br />
recebem mensagens. As<br />
interven90es dos interlocutores estao relacionadas pelo seu<br />
contelido. A rela9ao <strong>de</strong> contelido informativo entre as<br />
interven90es se traduz numa rela9ao formal: as emissoes<br />
constitutivas dos dialogos apresentam elementos comuns. Esta<br />
repeti9ao e urn fenomeno visivel na sintaxe coloquia127 Esta<br />
visao po<strong>de</strong> ser alargada, dado que se diversos elemen':o~ e<br />
partes do texto realizam a fun9ao coesiva, alias, tern 0 po<strong>de</strong>r<br />
coesivo, por conta <strong>de</strong> rela90es semanticas subjacentes, ditas<br />
relagoes nao ocorrem, exclusivamente, por aquele motivo, pois<br />
po<strong>de</strong>mos comprovar como, as vezes, apesar <strong>de</strong> haver insuficientes<br />
dados<br />
241) .<br />
semanticos, ha suficiente coesao (Brown - Yule,1993:238-<br />
Na verda<strong>de</strong> , diferentes estrategias linguisticas coinci<strong>de</strong>m e<br />
contribuem para dotar <strong>de</strong> coesao 0 texto: Brown e Yule (1993::t5-<br />
36) assinalam a presen9a, na escrita, <strong>de</strong> urnconjunto extenso <strong>de</strong><br />
umarcadores <strong>de</strong> metalenguaje" (completivos, temporais,<br />
Iconetores l6gicos') e, na lingua falada, mais os parataticos,<br />
26 Halliday & Hasan, apud Brown - Yule (1993:236): "Um texto possui (...<br />
)<br />
textura. A textura e proporcionada pela RELA
<strong>de</strong>stinados a realizar alguma fungao relacional entre as<br />
oragoes. Ong, (apud Marcuschi, 1992b:31), ao caracterizar os<br />
trag os basicos da oralida<strong>de</strong> distingue os mo<strong>de</strong>los mnem6nicos<br />
(repetigao, ritmo, antitese, aliteragao, epitetos, assonancias<br />
etc. ) e os formulaicos (f6rmulas consagradas, adagios,<br />
proverbios, or<strong>de</strong>nagao tematica etc.J8 Mas, no final das<br />
contas 0 aval para a coesao, mesmo no nivel da linearida<strong>de</strong><br />
textual, acabara inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das respostas que virao uvia<br />
interagao" (Koch, 1991:149).<br />
A questao da produgao <strong>de</strong> textos coesos e particularmente<br />
complexa ao se analisar as conversagoes, pois nelas 0 tempo <strong>de</strong><br />
produgao ten<strong>de</strong> a ser um tempo concomitante ao do seu<br />
planejamento: a fala, na medida em que e reflexo <strong>de</strong><br />
conversagoes espontaneas, ten<strong>de</strong>ra a ter que ser planejada no<br />
<strong>de</strong>curso do ate <strong>de</strong> produgao linguistica; ela tera menor tempo<br />
para ser planejada (Koch,1991:148-149; Marcuschi, 1992b:34);<br />
esta sendo editada concomitantemente a sua emissao. Sendo assim<br />
na oralida<strong>de</strong> sera normal e previsivel que se gerem mais<br />
<strong>de</strong>scompassos 29 dos que manifestarao a escrita; pois esta<br />
po<strong>de</strong>ra dispor por assim dizer- <strong>de</strong> 'todo 0 tempo do mundo'<br />
para se planejar, editar, reeditar_, antes <strong>de</strong> 'vir-a-pGblico'.<br />
E e justamente nesses <strong>de</strong>scompassos que 0 interlocutor encontra<br />
na repetigao um aliado para refazer a dinamica coesiva, um<br />
autentico instrumento privilegiado da formulagao textual.<br />
Eliminando os elementos estritamente formais repetidos, em<br />
corpus conversacionais com intensa troca <strong>de</strong> turnos, pela sua<br />
ten<strong>de</strong>ncia a serem breves e incompletos, fica dificil precisar 0<br />
caracter coesivo <strong>de</strong> alguns sintagmas; assim, a percepgao das<br />
marcas coesivas ten<strong>de</strong>ra a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r mais <strong>de</strong> condicionamentos<br />
claramente<br />
coerencia.<br />
discursivos <strong>de</strong> etiologia interativa, na 6tica da<br />
28 Marcuschi (1992b:31) aponta que Tannen distinguira dois g+upos <strong>de</strong><br />
estrategias <strong>de</strong> envolvimento: as baseadas na repeti9ao do som (padroes<br />
baseados no ritmo e na reitera9ao), e as baseadas no significado<br />
(indiretu<strong>de</strong>, elipse, tropos, imagens etc.)<br />
29 Labov (1983:258), <strong>de</strong> acordo com os seus pr6prios estudos, emplrlCOS<br />
assegura que a agramaticalida<strong>de</strong> da fala quotidiana e um mito sem base nos<br />
dados reais; dado que a gran<strong>de</strong> maioria dos enunciados - aproximadamente<br />
75% - eram frases corretamente formadas segundo todos os criterios; e<br />
quando se aplicam as regras <strong>de</strong> elipse e algumas regras universais <strong>de</strong><br />
constru9ao a propor9ao <strong>de</strong> frases verda<strong>de</strong>iramente agramaticais e mal<br />
formadas <strong>de</strong>sce a menos <strong>de</strong> 2%.
sequenciag~ e a referenciagao - como expressao da saliencia<br />
das repetiqoes neste ambito.<br />
Funqao da textualida<strong>de</strong>, no ambito da coesao, que se da nas<br />
relaqoes existentes entre os diferentes materiais da produqao<br />
linguistica quando elas garantem a progressao dos enunciados.<br />
Como indicavamos acima, po<strong>de</strong> ser atualizada pela repetiqao,<br />
que, na pratica po<strong>de</strong> se evi<strong>de</strong>nciar como urn importante<br />
instrumento para garantir a sequenciaqao textual, por sua<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir como elemento reparador <strong>de</strong> incipientes<br />
quebras na linearida<strong>de</strong> textual.<br />
Afirma !-1arcuschi(1992a:117) que ela "se da na suposiqao da<br />
preservaqao dos referentes; na manutenqao do mesmo nivel<br />
comunicativo e informacional na ca<strong>de</strong>ia t6pica; na produqao da<br />
conectivida<strong>de</strong> com base em relaqoes 16gicas; na preservaqao da<br />
pros6dia como i<strong>de</strong>ntificadora e <strong>de</strong>limitadora <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s".<br />
E nosso corpus, na pratica, po<strong>de</strong>mos confirmar a atualizaqao<br />
da funqao <strong>de</strong> sequenciaqao por intermedio <strong>de</strong> repetiqoes,<br />
praticamente na quase totalida<strong>de</strong> do textos: tao gran<strong>de</strong> e a<br />
presenqa constante <strong>de</strong> implicaqoes <strong>de</strong> indole semantica e 16gica,<br />
e tao significativa a coesao que confere aos textos do corpus a<br />
enxurrada <strong>de</strong> repetiqoes que eles apresentam.<br />
Po<strong>de</strong>mos verificar a estrutura 16gica do raciocinio que<br />
<strong>de</strong>senvolve 0 professor P-4 no caso (11) citado a seguir<strong>30</strong> :<br />
(11) 4-245 a 4-247<br />
1 P-4 <strong>de</strong> tu hermann (+) estoy segura<br />
2 <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> tu herman~<br />
<strong>de</strong> A:lgo<br />
<strong>de</strong> 10 que tu hermano dijo 0 hizo (+)<br />
entonceses segura (++) que tendra<br />
6 exito 00: (2) estoy seguro<br />
<strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> tu hermanq lhein?<br />
7? [«ininteligivel»<br />
<strong>30</strong> Realizamos neste caso, como exemplificagao, uma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
transcrigao categorial, inspirada em Marcuschi (1992a), que incorpora uma<br />
caracterizagao posicional plastica das repetigoes no texto/discurso,<br />
infelizmente premuras <strong>de</strong> prazos nao nos permitem dar continuida<strong>de</strong> a esta<br />
didatica modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transcrigao no restante do trabalho.
P-4 TEN<br />
con<br />
(+ )<br />
con<br />
para<br />
<strong>de</strong>,<br />
10 mas que y<br />
10 mas <strong>de</strong> pue<strong>de</strong>n ir precedidas por di vERsas<br />
preposiciones<br />
<strong>de</strong>, con, por, par~ etcetera (7)<br />
Em (12) po<strong>de</strong>mos observar outra sequencia <strong>de</strong> intervengoes<br />
dos alunos A-17 e A-19 que serve para mostrar, por exemplo,<br />
como ficam estabelecidas essas relagoes 16gicas que sac<br />
formadas a partir da reiteragao <strong>de</strong> conectivos -como llentonces",<br />
llcon el" - ou do lexico ou dos enunciados, e, simultaneamente,<br />
a partir <strong>de</strong> divers as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> implicagoes morfossintaticas e<br />
semanticas que se interligam com as dos sentidos atribuidos a<br />
experiencia<br />
(12)<br />
sociocultural (preconcei tos, tabus, i<strong>de</strong>ologias_.)<br />
3-316 A-17 es mas facil , ah , poner las las alegrias para<br />
fuera e repartir una alegria do que la tristeza<br />
(+) entonces esto se queda un p:JCodificil a veces <strong>de</strong><br />
10 que pasa tambien: (+) es que la: , la clase<br />
media , as personas que estudian mas , tienen:<br />
hacen analisis <strong>de</strong> la situaci6n econ6mica social <strong>de</strong><br />
brasil , ent.onces t.odos se quedan mas preocupadas<br />
con el futuro lsi?, ent.onces las camadas mas<br />
pobres <strong>de</strong> la , <strong>de</strong> la poblaci6n ,non tienen acceso<br />
alas informaciones , y ent.onces , se: se: cambio<br />
alegre con e1 flitbol , con: e1 carnaval , con la<br />
bebida l si ? (+) nosot.ros <strong>de</strong> c1ase media eh:<br />
, t.enemos mas un: una una preocupaci6n en: el<br />
a~do <strong>de</strong>l<br />
[e1 seni:.ido <strong>de</strong> la rea 1i dad<br />
3-319 A-19 sent.ido <strong>de</strong> realidad , sf , ent.onces las cosas son<br />
mas rea:1es para nosot.ros
Vejam-se os seguintes fragmentos da Aula 2 (13), nos quais<br />
po<strong>de</strong>mos verificar as heterorrepetigoes com que 0 professor P-2<br />
procura viabilizar a manutengao da sequenciagao textual na<br />
tentativa <strong>de</strong> manter viva a interagao do grupo (mais tar<strong>de</strong>, ao<br />
tratarmos da referenciagao extrairemos as estrategias usadas<br />
pelo mesmo professor, nesse mesmo fragmento <strong>de</strong> conversagao para<br />
estabelecer<br />
(13)<br />
constantes relagoes referenciais):<br />
2-851 P-2<br />
(+) VAMOS a repetir , vamos a repetir este caso ,<br />
sin parar ahora (2) dile otra vez<br />
[no es <strong>de</strong>cor ,no tienes saber (+) no es para<br />
saber <strong>de</strong> memoria<br />
2-862 P-2 no VO:Y<br />
2-866 P-2 no SE LA:<br />
2-868 P-2 DlGAS<br />
2-880 P-2 NO VOY<br />
2-883 P-2 comprartelo (+)<br />
2-885 P-2 LO compres<br />
2-893 P-2 EIDE (+)<br />
2-902 P-2 mira, tu vas a <strong>de</strong>cir a A-l4 (++) que pida el<br />
dinero a A-lO (+) porque si tu , si tu no Ie dices<br />
y ~I no entien<strong>de</strong> el a pedir a ti, es peor para ti<br />
l eh, rneJ-or que Ie digas , mejor que Ie digc.s ya<br />
(+) mejor que Ie pida a un cara porque va:<br />
2-904 P-2 PI-DE-LE:<br />
2-905 A-12 pi<strong>de</strong>le<br />
2-906 P-2 PIDELE (+) EL DINERO A A-II<br />
2-907 A-12<br />
[pi<strong>de</strong>le<br />
2-908 A-12 pi<strong>de</strong>le (+) el dinero a A-II<br />
2-909 P-2 como es el verbo pedir , pi<strong>de</strong> , no pidas (+)<br />
pedid, no pidais , pida , no pida , pidan , no<br />
pidan , eh: (3) entonces pi<strong>de</strong>le<br />
2-910 A-I0 pi<strong>de</strong>le<br />
2-911 P-2 pi<strong>de</strong> tu a elia (+) pi-<strong>de</strong>-Ie(_)<br />
Em (14), trazemos outro texto da Aula 2, citado tambem com<br />
cortes para tentar reduzir a sua extensao, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos<br />
verificar as dificulda<strong>de</strong>s que, as repetigoes constantes,<br />
repres~ntam para uma analise da apreensao cognitiva <strong>de</strong>sta<br />
fungao. A pergunta formulada em 2-026 significa, <strong>de</strong> fato, uma
etomada da enunciaqao em curso (2-016 a 2-025), numa sequencia<br />
<strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> que vem condicionar, traqar uma pauta l6gica,<br />
para as intervenqoes subsequentes:<br />
(14)<br />
2-016 P-2 IIl.a gusTA<br />
2-017 A-12 me gusta mucho, me gucha<br />
2-018 P-2 me GUSTA<br />
2-019 A-12<br />
2-020 P-2<br />
2-021 A-12<br />
2-022 P-2<br />
2-023 A-12<br />
2-024 P-2<br />
2-025 A-12<br />
2-026 P-2 entonces te pregunto otra vez: Gte· gusta<br />
mojarte el pelo cada vez que te duchas?<br />
2-027 A-12 si [2J me gusta mojarmelo , moj<br />
2-028 P-2 cada vez que me ducho<br />
2-029 A-12 cada vez que que me ducho<br />
2-0<strong>30</strong> P-2 muy bien , preguntale a A-13<br />
2-031 A-12 A-13 , lte gusta mojarte<br />
2-032 P-2 moJAR:<br />
2-033 A-12 mojar tu pelo toda vez que te duchas?<br />
2-034 P-2 bom , lte gusta moJARte el pelo<br />
2-035 ?<br />
Ptojarte<br />
2-036 A-12 moj arte , moj arte el pelo toda vez toda vez<br />
que que que te te te?<br />
2-037 P-2 duchas?<br />
2-038 A-12 lte duchas?<br />
2-039 A-13 sf , me gusta mojarmelo cada vez que me ducho<br />
Perante uma sequencia <strong>de</strong>sta indole, a nao ser que se<br />
pretenda concluir que, apesar dos liames constantes que<br />
estabelecem as numerosas repetiqoes, aqueles estariam<br />
polarizados por outras funcionalida<strong>de</strong>s, parece dificil negar<br />
que as reiteraqoes formais constantes fixam no texto uma<br />
linearida<strong>de</strong> sequencial incontestavel que interrelaciona as<br />
diferentes partes da conversaqao conferindo-lhes coesivida<strong>de</strong>. A<br />
conversaqao e norteada pelo trabalho em cima da pr6pria<br />
linguagem que esta sendo utilizada: a linguagem como tal se<br />
constitui no t6pico em andamento. Alem do mais, observamos que<br />
esta e uma caracteristica <strong>de</strong> quase toda a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino
Fungao textual, no ambito da coesao, ligada as estrategias<br />
atraves das quais os interlocutores estabelecem relagoes <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ora entre eles, ora com os objetos, fatos e<br />
conteudos da interlocugao.<br />
Brown e Yule (1993:50,252-253) insistem em que sac os<br />
falantes que estabelecem a relagao <strong>de</strong> referencia entre palavras<br />
e coisas e, da mesma forma, sac eles que, empregando palavras<br />
relativas a coisas, permitem aos ouvintes i<strong>de</strong>ntificar 0<br />
referente indicado pela referencia; advertem, tambem,<br />
(1993:256-273), que para referenciar po<strong>de</strong>m ser utilizados<br />
pronomes, expressoes in<strong>de</strong>finidas, nomes pr6prios, sintagmas<br />
nominais <strong>de</strong>finidos.<br />
Marcuschi (1992b:34), recordando exemplo clasico <strong>de</strong><br />
Benveniste, alerta que a referenciagao precisa ser olhada com<br />
particular atengao para nao conduzir a eng<strong>anos</strong> quando palavras<br />
i<strong>de</strong>nticas se referem a pessoas ou objetos diversos; e expoe que<br />
as repetigoes que propiciam a sequenciagao operam <strong>de</strong> duas<br />
formas: como I <strong>de</strong>nominagao do referente', na <strong>de</strong>signagao<br />
insistente e i<strong>de</strong>ntica do mesmo elemento, e como 'confirmagao do<br />
referente', na reduplicagao "no mesmo ambiente sintatico com a<br />
intercalagao <strong>de</strong> urnbreve comentario" (1992a:121).<br />
Marcuschi, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar a abrangencia <strong>de</strong>ste fenomeno,<br />
exclui um elenco <strong>de</strong> ocorrencias <strong>de</strong> substituigao como eventos da<br />
repetigao e expressao <strong>de</strong> uma coesao referencial (1992a:120): a)<br />
as pronominais por nao haver um elemento formal i<strong>de</strong>ntico; b) as<br />
sinonimicas, por nao existirem tragos formais reiterados; c) as<br />
feitas pos hiperonimos, hiponimos ou termos genericos . Nossa<br />
opgao, adota, tambem, os mesmos criterios.<br />
Ao analisarmos um corpus <strong>de</strong> conversagoes surgidas em<br />
contextos aca<strong>de</strong>micos e <strong>de</strong> aprendizagem que comportam urn volume<br />
exuberante <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> turnos e <strong>de</strong> repetigoes provocadas,<br />
direcionadas explicitamente, boa parte das ocorrencias po<strong>de</strong>m<br />
ser enxergadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um horizonte que conflui para 0 ambito<br />
coesivo do texto, seja para a sequencia~ao, seja para a<br />
referenciagao. Acima, apresentamos uma serie <strong>de</strong> intervenqoes do<br />
professor P-2 como expressao da rela~ao repeti~ao /
sequenciagao. Agora, no mesmo contexto, traremos a serie <strong>de</strong><br />
intervengoes que se intercalam com as outras como estrategias<br />
referenciais, e nas que predominam as <strong>de</strong> <strong>de</strong>nominagao do<br />
referente.<br />
(15)<br />
(15) :<br />
2-864 P-2 muy bien , ~<br />
2-870 P-2 estas tratando ~e_l~e"---!,~~~<br />
por tiL, mira que aqui siempre<br />
es imperati:vo referi:do a tu (+) siempre<br />
referido a tu (+) afirmativo negativo (+) siempre<br />
referido a tu<br />
no se la digas (3) A-IO<br />
A-12 (+) que compre para ti un lapiz<br />
2-873 A-IO A-12 , c6mprame un lapiz<br />
2-874 A-12 A-IO , no::te 10 compro<br />
2-875 P-2 insiste<br />
2-887 P-2 muy bien (2) A-12 , ahora (+)dile a (+) A-14 ,<br />
que pida (+) pida: el dinero (+) a: (+) A-II<br />
(++ ) con el verba pedir (+ ) mandale que A-14<br />
pida el dinero a ~<br />
2-888 A-12 A-14 , pida (+) a A-II eidinero, dinero<br />
2-889 P-2 tratale por tu (+) imperativo referido a tu<br />
2-895 P-2 y el pronombre que se refiere a A-12 lcual es?<br />
2-895 P-2<br />
2-900 P-2<br />
(4)<br />
tu estas hablando con A-14 y vas a pedir a el que<br />
el pida dinero a A-II<br />
mira , tu vas a <strong>de</strong>cir a A-14 (++) que pida el<br />
dinero a A-IO (+) porque si tu si tu no Ie<br />
dices y el no entien<strong>de</strong> el a pedir a ti, es peor<br />
para ti l eh , mejor que Ie digas , mejor que Ie<br />
digas ya (+) mejor que Ie pida a un cara porque<br />
PIDELE (+) EL DINERO A A-II<br />
pi<strong>de</strong> tu a eIIa (+) pi-<strong>de</strong>-Ie (+) lcual es Ia duda<br />
, A-I0? (++) lalguna duda? lentendisteis el final<br />
o no? (+) lentendido A-II (++) lA-14? (+) pi<strong>de</strong>le<br />
el dinero a A-II (+) repite<br />
A-14 , pi<strong>de</strong>le el dinero a A-II<br />
Assim, ao examinarmos sequencias como a citada acima,<br />
po<strong>de</strong>mos concluir que 0 conteudo proposicional das falas tern<br />
referentes; sem que isso impega, concomitantemente, outras<br />
fungoes textuais e discursivas.
olYrnma<br />
P<br />
<strong>de</strong> P6s-Grrtdl1ll.Qao 67<br />
r ~ . ,.<br />
em L0tm8 e LlllgUl::itlCa<br />
U.FPE<br />
Nesta linha <strong>de</strong> analise po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar como confirmaqao<br />
do referente a repetiqao <strong>de</strong> "nadie dijo", e como <strong>de</strong>nominaqao do<br />
referente, a que envolve a discussao sobre se e J'in<strong>de</strong>finido" ou<br />
"imperfecto",<br />
(16)<br />
que po<strong>de</strong>mos verificar no caso (16):<br />
4-011 P-4<br />
4-012 A-21 se aprovechara<br />
4-013 P-4 se A:<br />
4-014 A-21 se (+) aprovechara<br />
4-015 P-4 mira nadie dijo (+) dij0 es preterito<br />
in<strong>de</strong>finido <strong>de</strong> indicativo (+) entonces va a<br />
4-017<br />
4-018<br />
4-019<br />
[in<strong>de</strong>finido<br />
varios con el imperfecto<br />
? [eI in<strong>de</strong>finido<br />
P-4 con eI imperfecto<br />
eI imperfecto<br />
No caso (17) as repetiq5es <strong>de</strong> "esas reuniones" e "no sirven<br />
para nada", atuam, simultaneamente, como <strong>de</strong>nominaqao e como<br />
confirmaqao<br />
(17)<br />
do referente:<br />
3-074 P-2 dile que esas reunionea son siempre iguales # es<br />
todo 10 mismo<br />
3-075 varios JA...JA...JA...JA...JA...JA...<br />
3-076 A-18 lque Ias reuniones?<br />
3-077 P-3 Ias reuniones no sirven pa nada<br />
3-078 A-18 lIas reuniones?<br />
3-079 varios JA...JA...JA..../ «ininteligivel»<br />
3-080 P-2 esas reuniones no sirven para nada<br />
3-081 A-18 AH: JA... JA...JA...JA...est.a reunion no sirve para<br />
na :da (++) JA...JA...JA...JA...<br />
Incluimos neste ambito<br />
estratAg~as <strong>de</strong> ut~l~zaq~o<br />
interlocutores para comporem<br />
relagao local com 0 texto<br />
tudo quanta diz respeito as<br />
<strong>de</strong> repetic;;o@s par parte dos<br />
as suas produq5es linguisticas na<br />
(Marcuschi, 1992a:122). Decorrem,
ditas estrategias, do manuseio feito pelos actantes do material<br />
linguistico<br />
fungao.<br />
utilizado e conformam a expressao da sua pr6pria<br />
Realizamos esta opgao te6rica por conta <strong>de</strong> objetivos <strong>de</strong><br />
indole pragmatico-<strong>de</strong>scritiva, mesmo reconhecendo 0 arriscado,<br />
por artificial, <strong>de</strong> preten<strong>de</strong>r abordar os enunciados num<br />
horizonte textual que busca se abstrair do aspecto do fazer que<br />
esta implicito nos diferentes dizeres.<br />
Neste ambito, as repetigoes <strong>de</strong>sempenham um papel multiplice<br />
e relevante. Pois como po<strong>de</strong>remos observar, especialmente em<br />
amostras oriundas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s conversacionais <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> aulas<br />
caracterizadas pela intensa troca <strong>de</strong> turnos, agem como<br />
plataformas da enunciagao e apoio pragmatico da agao produtora<br />
<strong>de</strong> enunciados.<br />
Alem das estrategias incluidas, por recorrentes, na<br />
tipologia <strong>de</strong> Marcuschi, n6s incluiremos: a que contempla a<br />
'aferigao <strong>de</strong> material' linguistico em fungao <strong>de</strong> conseguir<br />
formular; a 'indagagao' e a 'elucidagao' sobre questoes afeitas<br />
a ativida<strong>de</strong> cognitiva da formulaqao. Apenas, ainda,<br />
substituindo a reconstrugao <strong>de</strong> estruturas pela<br />
estruturas.<br />
're-produgao' <strong>de</strong><br />
A 're-produgao' <strong>de</strong> estruturas e uma fungao implementada<br />
atraves <strong>de</strong> diversas estrategias aglutinadoras <strong>de</strong> contribuigoes<br />
anteriores, pr6ximas ou nao ao momenta focalizado, por<br />
intermedio das quais os interlocutores <strong>de</strong>dicados ao trabalho <strong>de</strong><br />
formulagao linguistica, ora reiteram a utilizagao <strong>de</strong> estruturas<br />
anteriores, ora produzem novas estruturas, a partir <strong>de</strong> bases<br />
preexistentes. Este carater <strong>de</strong> 're-produgao' implica numa<br />
correlagao constitutiva, indissociavel com 0 mundo da<br />
reiteragao. Porem, dados os limites metodol6gicos assumidos por<br />
este estudo, a reiteragao <strong>de</strong> estruturas configurara uma<br />
repetigao nos mol<strong>de</strong>s exigidos apenas quando houver reiteragao<br />
ao menos lexica ou sintagmatica que seja referencial, nao<br />
sinonimica.
J reconstruqao <strong>de</strong> estruturas'. Nos afastamos <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>nominaqao<br />
por enten<strong>de</strong>rmos que aqueles termos marcam <strong>de</strong>masiadamente 0<br />
aspecto <strong>de</strong> refazer a partir <strong>de</strong> algum mo<strong>de</strong>lo previo, <strong>de</strong><br />
reproduzir sem reformular. Aventurando urnneologismo que separa<br />
Jre' <strong>de</strong> Jproduqao' por intermedio <strong>de</strong> urn hifen, tratamos, por<br />
nossa parte, <strong>de</strong> plasmar 0 carater <strong>de</strong> construqao linguistica,<br />
que po<strong>de</strong> ser nova ou nao-nova, ao aproveitar materiais<br />
preexistentes.<br />
Tratamos, a seguir, <strong>de</strong> uma categoria funcional no ambito da<br />
formulaqao, que e complexa e, em diversas ocasioes nao sera<br />
facil <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar e singularizar; em particular, quando,<br />
concomitantemente, possa vir a ser associada a outras funqoes<br />
<strong>de</strong> formulaqao -expansao, parentetizaqao e correqao-,<br />
compreensao, t6pico, argurnentaqaoe interaqao.<br />
De fato, ao tratarmos <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar a Jre-produqao' <strong>de</strong><br />
estruturas experimentamos a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> analisar urna funqao<br />
que inclui, em seu bojo, uma parte significativa da ativida<strong>de</strong><br />
geral da produqao <strong>de</strong> enunciados. Em preten<strong>de</strong>ndo radicalizar a<br />
noqao <strong>de</strong> ri:petiqao para funbitos menos restritos que os<br />
<strong>de</strong>limitados em nossa noqao, existe 0 perigo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r enxergar<br />
os novos atos <strong>de</strong> fala como reiteraqoes <strong>de</strong> atos <strong>de</strong> fala<br />
anteriores, como meros produtos resultantes <strong>de</strong> uma<br />
intertextualida<strong>de</strong> universalizante numa sinfonia generalizada <strong>de</strong><br />
falas. Nao refletiremos nesta linha <strong>de</strong> pensamento. Pois a<br />
enten<strong>de</strong>mos como marcada por uma concepqao aprioristica,<br />
satelite <strong>de</strong> axiomas fisicos do tipo Jnada se cria, tudo apenas<br />
se transforma', se repete, que facilmente levaria 0 intelecto a<br />
saturaqao na observaqao <strong>de</strong> qualquer fenomeno, inviabilizando<br />
pesquisas no campo das ciencias humanas.<br />
Pelos comentarios feitos acima, ja <strong>de</strong>ixamos claro que a<br />
nossa opqao epistemo16gica quer fugir daquela perspectiva;<br />
porem, isto sem renunciar a incorporar uma intertextualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>nsa, viabilizadora e dinamizadora da ativida<strong>de</strong> criativa e que<br />
quer estar capacitada para reconhecer 0 mais possivel a<br />
polifonia<br />
enunciaqao.<br />
<strong>de</strong> vozes que se fazem presentes no tempo da<br />
Dentro da Jre-produqao' <strong>de</strong> estruturas, na realida<strong>de</strong>,<br />
po<strong>de</strong>mos falar na existencia <strong>de</strong> dois processos gerais: um que<br />
nao cria uma estrutura nova, e que chamamos <strong>de</strong> Jreiteraqao <strong>de</strong><br />
estruturas' e outro que sim, produz novas estruturas mais
complexas, ao que chamamos <strong>de</strong> J amalgama', ambos tomando por<br />
base estruturas e produgoes prece<strong>de</strong>ntes:<br />
A urn primeiro processo, nos referimos como reiteragao <strong>de</strong><br />
estruturasi nele sac aglutinados, nao necessariamente <strong>de</strong> forma<br />
sintatica canonlca, elementos linguisticos preexistentes no<br />
evento para reproduzir estruturas linguisticas anteriores, e,<br />
isto, sem que aparega como dominante urna marca <strong>de</strong> tipo<br />
discursivo (argumentativa ou t6pica, por exemplo). E 0 caso <strong>de</strong><br />
A-27 em 4-082, no caso (18), quando corrobora 0 texto<br />
elaborado, <strong>de</strong> modo vacilante, por ele mesmo em 4-080, ap6s<br />
indagagao do professor que interroga toda a classe sobre 0<br />
acerto ou nao da formulagao proferida: 0 ato <strong>de</strong> fala <strong>de</strong> A-27<br />
po<strong>de</strong> ser avaliado como sendo uma reiteragao ou reafirmagao da<br />
formulagao, e apesar <strong>de</strong> precedida <strong>de</strong> provocagao por parte <strong>de</strong> P-<br />
4, sem conotagao marcadamente argurnentativa, e, apesar <strong>de</strong><br />
caracterizar formalmente urna reintrodugao <strong>de</strong> t6pico, sem urn<br />
sentido polarizado pela <strong>de</strong>cisao <strong>de</strong> trazer <strong>de</strong> novo a tona urn<br />
t6pico prece<strong>de</strong>nte. Mais parece que A-27 quer culminar ou<br />
reconfirmar 0 laborioso processo prece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> formulagao<br />
realizado aferindo materiais linguisticos:<br />
( 18)<br />
4-080 A-27 ehm: (4) los que: (2) los que: (3) es es-tu- dien<br />
~++) no (+) 10s que es-tu-dien(++) los que<br />
estudien (+) aprobaran el examen, no , no, es<br />
4-081 P-4<br />
[ l<strong>de</strong> acuerdo? (15) lDE ACUERDO? (++)<br />
4-082 A-27 los que estudien , aprobaran el examen<br />
o caso da conjugagao dos tempos verbais, tao habitual em<br />
algumas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> lingua, cremos po<strong>de</strong>r ser<br />
consi<strong>de</strong>rado como uma das especificida<strong>de</strong>s da reiteragao <strong>de</strong><br />
estruturas, com conotagao mais claramente nao argumentativai da<br />
mesma forma, po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar 0 uso reiterado do condicional<br />
"sin como estruturador frasal, no texto a seguir (caso 19):<br />
(19)<br />
4-0<strong>30</strong> P-4 si , ~ estopue<strong>de</strong>ser in<strong>de</strong>finido,pue<strong>de</strong>ser (++)<br />
pue<strong>de</strong>ser indicativo,lno? (4) bable , bablaste , ,hab16 ,<br />
bablanns , hablases: (++) hablo , hablas , habla ,<br />
hablaDDS(+)nos es iguallno? (+)pero (3).si no hablamos<br />
, si estamos bablando en presente (+) hay que (++)<br />
correlacionaresto con (+) presente<strong>de</strong> subjuntivo y si<br />
esto es un: preterite (+) preterito imperfecto,si<br />
consi<strong>de</strong>rarros estoun:: (++)
A um segundo processo nos referiremos como J amalgama' .<br />
Consiste na produgao <strong>de</strong> estrutura nova, principalmente a partir<br />
da junqao <strong>de</strong> materiais existentesi nele se da a integragao <strong>de</strong><br />
diversos materiais anteriormente surgidos no evento<br />
comunicativo, com outros elementos, atraves <strong>de</strong> endosso e<br />
incorporaqao, <strong>de</strong> substituigao, <strong>de</strong> expansao, <strong>de</strong> transformaqaoi<br />
sac aglutinados compondo urn novo texto que nao e repetiqao<br />
literal <strong>de</strong> qualquer outro prece<strong>de</strong>nte, mas que traz no seu bojo<br />
os traqos basicos das produqoes que Ihe serviram <strong>de</strong> base. Em 3-<br />
015, por exemplo, P-3 constroi um novo texto ("no sabes nunca<br />
que es 10 mejor"), a partir da sua propria aportagao, e 0<br />
recebe com elevagao tonal que parece refletir a satisfagao <strong>de</strong><br />
alcanqar urn objetivo, como seja, no caso, 0 achado <strong>de</strong> uma<br />
estrutura sintatica fluida e clara (caso 20):<br />
(20)<br />
3-015 P-3 (... ) lque se Ie pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>cir? aver otras cosas que<br />
se Ie podria <strong>de</strong>cir (+) se Ie pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>cir: (+) bueno<br />
a veces , mira (+)uno c"~ee (+) que es 10 mejor y<br />
no sabes , no sabes nunca que es 10 mejor<br />
Em aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira que se caracterizem pela<br />
ocorrencia <strong>de</strong> frequentes trocas <strong>de</strong> turno, e <strong>de</strong> se esperar que<br />
muitas das trocas sejam resultantes do interesse dos<br />
participantes em contribuir para um maior acerto nas prOd"lgoes<br />
do grupo. Assim po<strong>de</strong>mos interpretar que 0 turno 4-054 reflE:lte<br />
uma Jre-produqao' <strong>de</strong> estrutura, tipo amalgama, realizada pelo<br />
professor P-4 ao sintetizar e avaliar positivamente as<br />
aportaqoes dos alunos entre 4-049 e 4-053 e contrariar a sua<br />
propria <strong>de</strong> 4-052 (caso 21):<br />
(21 )<br />
4-049 A-25 jaroas habiamos<br />
pelo rojo<br />
visto un perro que (+) tuviera<br />
4-050 P-4<br />
4-051 A-20<br />
4-052 P-4<br />
JA JA...JA...JA. JA...<br />
que latise , que latira<br />
e que ladrara ladrara
Discursos como estes contribuem para 0 surgimento <strong>de</strong><br />
processos <strong>de</strong> produqao textual dinamicos e complexos ao ponto <strong>de</strong><br />
tornarem dificil a i<strong>de</strong>ntificaqao da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reiteraqao<br />
existente neles.<br />
Nao e uma situagao incomum que, em sala <strong>de</strong> aula, haja<br />
diversas propostas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que atentem explicitamente<br />
para 0 objetivo <strong>de</strong> reproduzir textos ja utilizados, seja no<br />
proprio evento, seja em eventos anteriores. De fato, este tipo<br />
<strong>de</strong> encaminhamento passa a ser uma das estrategias mais<br />
recorrentes e preferidas, em <strong>de</strong>terminadas praticas escolares.<br />
Em nossa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino, observamos 0 quanta po<strong>de</strong> chegar a<br />
existir uma verda<strong>de</strong>ira conspiragao em prol do saber e do<br />
aperfeiqoamento linguistico entre os diversos membros<br />
integrados em um coletivo reduzido numa aula: a maior:parte dos<br />
participantes, com entusiasmo e empolgaqao, apresenta as mais<br />
diversas contribuiqaes, que costumam funcionar como autenticas<br />
provocaqaes geradoras <strong>de</strong> uma melhor compreensao ou formulaqao<br />
e como fonte <strong>de</strong> interaqao. Como expressao <strong>de</strong> envolvimento<br />
intersubjetivo po<strong>de</strong>mos apreciar a situaqao <strong>de</strong> humor e<br />
<strong>de</strong>scontraqao surgida por ocasiao <strong>de</strong> tentar trazer <strong>de</strong> volta uma<br />
produqao verbal anterior e realizando-o <strong>de</strong> forma nao plenamente<br />
exitosa, como verificavel no episodio referido no caso (22),<br />
quando A-19 utiliza "malo" (alguem ruim) por "mal"(a ruinda<strong>de</strong>)<br />
ou bem por "bien":<br />
(22)<br />
3-055 P-3 bueno, entonces , no hay mal que por bien no<br />
~ (+) ale , DILE , DILE , no seas TONTAA:<br />
3-056 A-19 no seas tonta (++) no hay mal<br />
3-057 P-3 no hay mal<br />
3-058 A-19 no hay malo que bien<br />
3-059 P-3 que por bien , JA ..JA...<br />
3-060 A-19 que por bien no venga<br />
3-061 VariosJA ... JA ..JA ..JA...<br />
3-062 P-3 no venga<br />
3-063 A-19 no hay malo que por bem no venga<br />
Nesta postura <strong>de</strong> analise sera necessario investigar<br />
transcrigaes longas que contenham repetigaes remotas que<br />
acontecem num <strong>de</strong>terminado evento comunicativo. Observemos, a<br />
titulo <strong>de</strong> exemplo, a que acontece nos textos dos casos (23) a<br />
(27) que transcrevem sequE!ncias <strong>de</strong> intervenqaes numa aula em
que os alunos prosseguem na corregao <strong>de</strong> urn texto -uma carta-,<br />
escrita no quadro-negro, que contem diversos erros<br />
intencionais, inseridos pelo professor para testar e treinar a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> verificaqao dos alunos e provocar 0 maior grau <strong>de</strong><br />
envolvimento possivel no trabalho escolar (Anexo 3). A tarefa<br />
proposta coloca 0 coleti vo perante 0 <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> reconhecer<br />
<strong>de</strong>terminadas estruturas linguisticas para corrigi-Ias, ern<br />
realida<strong>de</strong>, reconstitui-Ias, a partir <strong>de</strong> dados conhecidos, <strong>de</strong><br />
forma que se adaptem a norma culta da lingua espanhola. Assim<br />
pois, no caso mencionado, ha urn texto escri to e urn grupo <strong>de</strong><br />
seis alunos corn urn professor. Ern 5-027, 0 professor pe<strong>de</strong><br />
confirmagao corn respeito a proce<strong>de</strong>ncia ou nao <strong>de</strong> resultados<br />
logrados na fase <strong>de</strong> trabalho prece<strong>de</strong>nte, e, para tanto,<br />
reproduz 0 resultado alcangado, ate entao, repetindo uma<br />
estrutura ja construida, a qual acrescenta uma nova estrutura.<br />
Po<strong>de</strong>mos observar como A-31 e A-34, ern 5-032 e 5-033,<br />
respectivarnente, parecem estar testando a proposta do<br />
professor, enquanto, A-33, ern 5-034, a assume corn certa<br />
vacilagao, ern forma interrogativa:<br />
(23)<br />
5-027 P-1<br />
5-029 A-33<br />
5-0<strong>30</strong> P-1<br />
5-031 A-34<br />
5-032 A-31<br />
5-033 A-34<br />
5-034 A-33<br />
iCOMO ESTAS? (3) HOLA lQUE TAL?(+) JA...JA...JA...<br />
AH: tudo bueno (+) ~nao?<br />
tudo bueno no, JA...JA...JA...<br />
lc6:MO? (++)<br />
leomo estas? (++)<br />
leomo estas?<br />
Ap6s a aceitaqao, entre surpreendida e vacilante, por parte<br />
dos alunos -que na gargalhada coletiva, ern 5-028, haviarn<br />
confirmado a farniliarida<strong>de</strong> existente corn a "indagagaoconfirmagao"<br />
do professor- ,ern 5-035, 0 aluno A-34 inicia -<br />
sendo seguido por outros uma nova etapa <strong>de</strong> produqao <strong>de</strong><br />
enunciado, on <strong>de</strong> e utilizado 0 sinonimo <strong>de</strong> "ver", "mirar"i etapa<br />
que vai ate 0 turno 5-072. Observe-mo-Io no caso (24):<br />
(24)<br />
5-035 A-34 ve<strong>de</strong> (+) ver<strong>de</strong> (+) ve<strong>de</strong>s vosotros?<br />
5-037 P-1 lque tal? (4) lved?<br />
5-038 A-34 ved<br />
5-039 A-33<br />
5-040 A-<strong>30</strong><br />
5-041 A-32
5-042<br />
5-043<br />
5-044<br />
5-045<br />
5-046<br />
5-047<br />
5-048<br />
5-049<br />
5-050<br />
5-051<br />
5-052<br />
5-053<br />
5-054<br />
5-055<br />
5-056<br />
5-057<br />
5-058<br />
5-059<br />
5-060<br />
5-061<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-32<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-34<br />
A-31<br />
A-34<br />
A-31<br />
A-34<br />
P-1<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-31<br />
A-32<br />
P-1<br />
A-33<br />
P-1<br />
A-34<br />
P-1<br />
A-34<br />
P-1<br />
A-31<br />
5-062 A-32<br />
5-063 A-<strong>30</strong><br />
5-064 A-32<br />
5-065 A-31<br />
5-066 A-32<br />
5-067 A-31<br />
5-068 A-34<br />
5-069 A-31<br />
5-070 ?<br />
5-071 A-34<br />
5-072 A-31<br />
naa (+) ved<br />
ve<strong>de</strong> DaO?<br />
mira?<br />
VED<br />
miRAD<br />
ved<br />
mirad<br />
lcomo<br />
A-<strong>30</strong><br />
estas? (+) lcomo estas tii? (++) lve tu:?<br />
ve tii<br />
mirad e , es lcomo esta?<br />
mira<br />
ved<br />
tu<br />
mira,<br />
MIRA<br />
y tu (2) bien lcomo va?<br />
[lcoma estas tu?<br />
[si, pero con el verbover<br />
ver<br />
con el verbo ver<br />
quia (+) quea (+) i-a (+) quia quia (++) quia<br />
quia<br />
vean<br />
quia ah:: quiaveo (+) quia<br />
lque ia vean?<br />
que yo vea, que tu veas<br />
lque tu veas? (++) lque<br />
yo yo yo (+) veo<br />
lque yo (+) yo veas?<br />
Yo VEO<br />
Foi gerado urn longo percurso <strong>de</strong> aportagoes ate co~seguir a<br />
reformulagao (Jreprodugao') do texto tal qual <strong>de</strong>sejado. Ate?-<br />
072 as intervengoes se suce<strong>de</strong>ram, celeres, sern se alcangar urn<br />
consenso. E quando A-34, ern 5-073, traz <strong>de</strong> volta a "indagagaoconfirmagao",<br />
reformulada, a produgao <strong>de</strong> P-1 em 5-027 e que<br />
logo e repetida<br />
(25 )<br />
varias vezes (caso 25):<br />
5-073 A-34 BOLA leoma estas?
5-074 A-31 BOLA lcomo estas?<br />
5-075 P-1 BOLA lcomo estas?<br />
5-076 A-34 BOLA lcomo estas?<br />
5-077 P-1 BOLA lque t.al:?<br />
o aluno A-34 parece fazer isto como quem procura uma base<br />
mais firme on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r tomar pe para falar. 0 seu intento e bem<br />
sucedido pois em 5-078, nao consegue, por urn triz, a<br />
reconstituigao do texto tal qual solicitada, recebendo a<br />
expressao <strong>de</strong> aprovagao por parte do professor em 5-083 e em 5-<br />
086. Confiramos no caso<br />
(26)<br />
5-078 A-34<br />
5-079 A-31<br />
5-080 A-34<br />
(26):<br />
5-081 A-31 ved, ved<br />
5-082 A-34<br />
5-083 P-1<br />
lve tu?<br />
Porem, nao consegue <strong>de</strong> imediato ser 0 bastante secundado<br />
pelos seus pares (caso 27): em 5-084, A-31 ja propoe uma outra<br />
formulagao. Apesar da imediata reafirmagao <strong>de</strong> A-34 e <strong>de</strong> P-1,<br />
este aproveita a duvida existente para levantar novo<br />
questionamento. A-34, mais uma vez firma a sua posigao com urn<br />
"no" (/nao'), em 5-087. Abrem-se aqui alguns turnos <strong>de</strong><br />
reafirmagao, preambulo <strong>de</strong> urnativo e longo processo em que, s6<br />
ap6s numerosas repeti~6es, literais ou nao, lexicais ou<br />
sintagmaticas ou oracionais, que omitimos, em 5-117, culminarse-a<br />
0 procedimento reformulador do texto proposto:<br />
(27)<br />
5-084 A-31<br />
5-085 A-34<br />
5-086 P-1<br />
5-087 A-34<br />
5-114 P-1<br />
5-115 A-31<br />
5-116 A-34<br />
5-117 ?<br />
le vosotros? (+) ve tu , ve vosot.ros<br />
ve tu<br />
sf , ve tu:<br />
ved vosot.ros?<br />
A:: a-pa-r iE: N: JA...JA...JA...JA...JA...<br />
apieENCIAS engafian<br />
[P-1 , si , si si<br />
[apariencias
De fato, por urnlongo caminho, em trocas <strong>de</strong> turno rapidas,<br />
com indagaqoes, correqoes, reafirmaqoes, contestaqoes,<br />
avaliaqoes, etc., se alcanqa a aglutinaqao <strong>de</strong> contribuiqoes<br />
anteriores para configuram a formulaqao buscada, reiteraqao<br />
modificada da estrutura do exercicio proposto e expressao fiel<br />
do novo texto procurado. Chega-se a 're-produqao' <strong>de</strong> uma<br />
estrutura, com urn texto que repete, nao literalmente, e<br />
corrige, 0 proposto no quadro-negro.<br />
o que e que concluiremos neste ponto? Estamos perante urna<br />
nova produqao que se utiliza da repetiqao <strong>de</strong> elementos pontuais<br />
amalgamados, alguns dos quais modificados, nao literais f aos<br />
que juntam novos elementos linguisticos para conseguir corrigir<br />
uma estrutura linguistica a-normal.<br />
Ocorre uma 're-produqao' ou uma reconstruqao <strong>de</strong> estruturas<br />
nao literal? Em atenqao ao tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> escolar que se<br />
<strong>de</strong>senvolve -<strong>de</strong> correqao-, nos 0 enquadraremos como urnepisodio<br />
<strong>de</strong> 're-produqao' nova, amalgamica. Ainda, as transcriqoes<br />
posteriores e que vao ate 5-148 representam urnanova ativida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> 're-produqao' <strong>de</strong> estruturas (Anexo 1).<br />
Prosseguindo na observaqao da efetiva complexida<strong>de</strong> dos<br />
fatos linguisticos, -em particular quando, explicitamente, se<br />
solicita que se realize uma ativida<strong>de</strong> escolar <strong>de</strong> correqao<br />
textual-, po<strong>de</strong>remos observar que a correqao e implementada<br />
coletivamente no bojo <strong>de</strong> urn laborioso processo, constituido,<br />
ele proprio, por outros processos, norteados por outras<br />
realida<strong>de</strong>s funcionais estabelecidas seja no texto seja no seu<br />
contexto. Cremos que, <strong>de</strong> fato, as transcriqoes disponiveis<br />
evi<strong>de</strong>nciam a leo-ocorrencia' <strong>de</strong> nurnerosasfunqoes efetuadas, se<br />
valendo <strong>de</strong> repetiqoes (reintroduqao <strong>de</strong> topico, intensificaqao,<br />
entrega do turno, incorporaqao, etc.) no caminho <strong>de</strong> efetivar a<br />
produqao textual pretendida (Anexo 3).<br />
Alargando mais 0 leque <strong>de</strong> implicaqoes e consequencias, mais<br />
firmemente po<strong>de</strong>remos concluir que a verificaqao mais exata e<br />
fiel da inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong>sta funqao da 're-produqao' <strong>de</strong> estruturas<br />
nas repetiqoes torna-se particularmente complexa num tipo <strong>de</strong><br />
aula como as integradas no corpus analisado. Em realida<strong>de</strong>, lato<br />
sensu, as aulas ,do comeqo ao final, po<strong>de</strong>m ser vistas como urn<br />
construir e reconstruir estruturas, produzir e I re-produzir'<br />
textos em discursos a partir <strong>de</strong> materiais linguisticos,<br />
situados em contextos especificos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> eventos<br />
comunicativos. Este horizonte cognitivo, importante na<br />
<strong>de</strong>limitaqao do processo <strong>de</strong> ensino/aprendizagem, nao sera aqul
abordado. Nosso objetivo circunscreve-se ao ambito do evento<br />
comunicativo recolhido e refletido no corpus.<br />
Assim, no caso (28), na fala <strong>de</strong> P-2, em 2-950, po<strong>de</strong>mos<br />
verificar como ele vai construindo uma proposta <strong>de</strong> trabalho a<br />
partir <strong>de</strong> repetigoes formais que conformam, ao mesmo tempo,<br />
reiteragoes ic6nicas e ritmicas plenamente integradas nas<br />
estruturas<br />
(28)<br />
linguisticas:<br />
2-950 P-2 para terminar ahora, ultimo (3) A-14 ,vamos a<br />
ver un verba (+)que todavia no ha salido (5)<br />
con, ahora vamos a hacer un imperativo referido<br />
a vosotros (4) tu vas a pedir a A-II y a A-I0<br />
(+) que:: (3) que te <strong>de</strong> la llave, <strong>de</strong> la casa<br />
(+ ) que te <strong>de</strong> la llave (+) ahora pi<strong>de</strong>le alas<br />
dos, el imperativo no sera referido a ella sera<br />
referido alas dos pi<strong>de</strong>le<br />
Nesta mesma linha po<strong>de</strong>ra ser proctutivo observar - e <strong>de</strong><br />
forma integral no Anexo 1 - como 0 conteudo <strong>de</strong> 3-192, que, como<br />
acontecimento ficticio, traz a afirmagao <strong>de</strong> que a bolsa <strong>de</strong><br />
estudos que a aluna A-16 tinha para viajar para 0 Chile foi<br />
cancelada, traduz nao apenas 0 resultado do esforgo realizado<br />
entre 3-186 e 3-191 (caso 29) mas confirma, por exemplo, a<br />
repercussao <strong>de</strong> 3-002 e <strong>de</strong> 3-110_ Para facilitar a verificagao<br />
do afirmado acima, traremos a transcrigao dos turnos<br />
supramencionados<br />
(29)<br />
3-186 A-16 mira gente que tragedia<br />
3-187 P-3 mira, mira , no (+) mirad ,mira gente , no<br />
3-188 A-16 lno, mira?<br />
3-189 P-3 mirad chicos<br />
3-190 A-16 lmiradi?<br />
3-191 P-3 e mirad,<br />
A-18<br />
chicos<br />
3-192 A-16 mirad chi:cos (+) la (+) beca que tenia para<br />
viajar chile: fue cancelada
(<strong>30</strong>)<br />
3-002 A-16 mira (+) gente (+) eh: la beca que yo tenia (+ )<br />
para chile (+) fuee: cance~ (+) cancelada (+)<br />
ees una lastima , porque yo estaba (+) preparada<br />
(+) y tenia muitas ganas <strong>de</strong> viajar chile (+) chile<br />
(+) tenho tengo muchos amigos (+) alIa, y: (+)me<br />
gustaria mucho <strong>de</strong> rever las personas eh: (+) la:<br />
(+) la ciuda:d (+) es una lastima<br />
Ap6s solicitagao do professor nesse sentido, cumpridas<br />
varias tentativas <strong>de</strong> consolar 0 aluno A-16 pelo seu fingido<br />
infortunio, este retoma 0 discurso em 3-110 (caso 31):<br />
(31)<br />
3-110 A-16 lque pasa?minha beca minha beca (+) para viajar<br />
chile, para (+) participar <strong>de</strong> un seminario (+)<br />
eh:: ta, fue can fue cancelada<br />
o conjunto da aula reflete, que, em boa parte, a pr6pria<br />
aula - e esta especifica mais ainda - e concebida como urn<br />
processo continuo <strong>de</strong> repetigoes explicitas, que a Jre-produgao'<br />
<strong>de</strong> estruturas e, vez por outra, solicitada pelo professor ou<br />
pelas exigencias comunicativas pr6prias da situagao <strong>de</strong> aprendiz<br />
ou <strong>de</strong> mestre.<br />
Em algumas ocasioes, os falantes realizam um tipo <strong>de</strong><br />
ativida<strong>de</strong> linguistica que, notadamente, se apresenta como<br />
avaliagao, teste ou especie <strong>de</strong> checagem do material linguistico<br />
que esta sendo utilizado; com frequencia vem acompanhada <strong>de</strong><br />
marcas, sinais ou expressoes <strong>de</strong> hesitagao ou vacilagao. Tratase<br />
da fungao que aqui resolvemos chamar <strong>de</strong> aferigao do material<br />
linguistico. Ocorre uma serie <strong>de</strong> repetigoes, geralmente<br />
lexicais e sintagmaticas, contiguas ou proxlmas,com a fungao <strong>de</strong><br />
encontrar a formulagao aceitavel. Tambem costuma se apresentar<br />
com dimensoes que tem a ver com mecanismos relacionados mais<br />
diretamente com a preservagao das faces do interlocutor.<br />
A implementagao <strong>de</strong>sta fungao sera simultanea a interativa<br />
<strong>de</strong> prolongar 0 turno do interlocutor que formula e, segundo os
casos, a outras fungoes. De fato, a aferigao do material<br />
linguistico comporta em elastecer 0 turno por parte <strong>de</strong> quem 0<br />
<strong>de</strong>tem. E e bornprecisar nao ser verda<strong>de</strong>ira a reciproca, pois,<br />
obviamente existem outros motivos que levam os interlocutores a<br />
se utilizarem <strong>de</strong> estrategias para prolongar 0 seu turno.<br />
Parece-nos normal que em situagoes on<strong>de</strong> se manipula ou trabalha<br />
materiais linguisticos novos, tantas vezes surpreen<strong>de</strong>ntes para<br />
os aprendizes <strong>de</strong> lingua estrangeira, haja uma notavel<br />
incid~ncia <strong>de</strong> situagoes nas quais se faga atual a fungao ora<br />
abordada. Mais ainda num tipo <strong>de</strong> corpus como 0 que nos ocupa,<br />
gravado em aulas <strong>de</strong> indole comunicativa.<br />
Nao e dificil achar no corpus trabalhado alguns episodios<br />
que po<strong>de</strong>rao ser reveladores do alcance <strong>de</strong>sta fungao. No caso<br />
(32), A-18 luta com convicgao para atinar com a expressao<br />
"caducado", curiosa e estranha nesse contexto para<br />
lusofalantes. 0 objetivo exigir-lhe-a 0 esforgo repetitivo <strong>de</strong><br />
aferigao do material linguistico ate ser-lhe arrebatado 0 turno<br />
pela heterocorregao promovida por P";',3:<br />
(32)<br />
3-041 A-18 ela dijo que «ininteligivel})<br />
podrido es cad , cad<br />
ha caducado , ha caducado el plazo<br />
Atitu<strong>de</strong><br />
(33):<br />
(33)<br />
parecida <strong>de</strong>veremos atribuir a A-16 no epL,odio<br />
3-110 A-16 Zque pasa? minha beca minha beca (+) para viajar<br />
chile, para (+) participar <strong>de</strong> un seminario (+)<br />
eh:: ta, fue can fue cancelada<br />
Produz a impressao <strong>de</strong> que A-16 precisara <strong>de</strong> urninstante <strong>de</strong><br />
concentragao -sem <strong>de</strong>monstra-lo claramente- para obter suc,=sso<br />
em seu esforgo <strong>de</strong> formulagao, para po<strong>de</strong>r encontrar em pontos<br />
mais escondidos da memoria as solugoes id6neas para 0 seu<br />
intento.<br />
Comentario semelhante po<strong>de</strong> ser realizado ao analisar 0<br />
proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong> A-18 no episodio (34) referido em seguida:<br />
(34)<br />
3-143 A-I8 ((ininteligivel)} JA ..JA ..JA... aquele<br />
«ininteligivel» efZsabes que ha: que ha tido<br />
una <strong>de</strong>sgracia en chile JA ..JA ..JA ..JA ..JA ..JA...<strong>de</strong><br />
bueno te has librado
A aferigao <strong>de</strong> material linguistico se da Ja a partir da<br />
pr6pria prolongagao lexica do "ha" que, repetido, prece<strong>de</strong>ra a<br />
um pressentido erro morfossintatico habitual em lusofalantes<br />
que apren<strong>de</strong>m espanhol. Aqui aparece, <strong>de</strong> igual forma, 0 aspecto<br />
interativo <strong>de</strong> preservagao das faces que induz a prolongar 0<br />
turno valendo-se da repetigao.<br />
Observemos dinamica semelhante em (35) no esforgo dos<br />
alunos A-II e A-I0 por atinar com a solicitagao e a resposta<br />
a<strong>de</strong>quadas:<br />
(35)<br />
2-852 A-II<br />
2-853 A-IO<br />
2-854 P-2<br />
dinos la (+) la (+) re (+) dinos (+) dinos la<br />
respuesta (4)<br />
~ , no te la digo (+) no: (+) no: (3)<br />
que enten<strong>de</strong>r:<br />
no : (2) no: (3)<br />
Em (36) 0 aluno A-5 parece testar 0 termo 'alfalfa' como<br />
que para apreen<strong>de</strong>r urnmaterial linguistico ex6tico; nem rnesmo<br />
ap6s a corregao feita pelo colega A-2 consegue acertar a<br />
formulagao.<br />
(36)<br />
1-054 A-5<br />
1-055 A-2<br />
1-056 A-I<br />
1-057 A-5<br />
trigo y alfafa (+) trigo y al£a:£a<br />
[trigo y alFAL:FA (++++) al£al£a<br />
[trigo y tambien al£al£a<br />
trigo y al£a£a<br />
Comentarios bernpr6ximos ao prece<strong>de</strong>nte encaixam no epis6dio<br />
a seguir e que prece<strong>de</strong>m a uma corregao (caso 37):<br />
(37)<br />
3-225 A-16
existente entre aferigao e autocorregao linguisticas.<br />
A fungao da aferigao as vezes po<strong>de</strong> consistir numa<br />
autocorregao. Porem, a tarefa <strong>de</strong> diferenciar aferigao <strong>de</strong><br />
corregao nao e linear, clara e distinta, pois os fenomenos e os<br />
pr6prios tipos linguisticos resultam <strong>de</strong> <strong>de</strong>finigoes e opgoes<br />
pragmaticas, nao metafisicas, em cima do que nos aparece como<br />
fenomeno. A aferigao, a mili<strong>de</strong>,po<strong>de</strong>ra ser consi<strong>de</strong>rada como uma<br />
etapa <strong>de</strong> urnprocesso <strong>de</strong> autocorregao. A aferigao e urnaagao que<br />
po<strong>de</strong>riamos caracterizar como urn tatear caminhos, apalpar urn<br />
material linguistico que se evi<strong>de</strong>ncia estar sendo conferido ou<br />
reprocessado por causa <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s sentidas na tentativa <strong>de</strong><br />
formulagao em curso.<br />
o caso mencionado em seguida (38), como ja foi referido em<br />
(6) merece ser observado nesta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong><br />
porque po<strong>de</strong> servir como exemplo paradigmatico para a<br />
<strong>de</strong>limitagao da nogao <strong>de</strong> aferigao ora abordada. Com efeito, 0<br />
interlocutor trabalha formulagoes <strong>de</strong> tipo repetitivo <strong>de</strong>ixando<br />
transparecer, pela sequencia angustiante das suas pr6prias<br />
palavras,<br />
elas:<br />
(38)<br />
a sua insatisfagao ou nao conformida<strong>de</strong> plena com<br />
5-061 A-31 .quia (+) queo (+) i-o (+) quio quia (++) quia<br />
quio quio ob:: quia veo (+) quia:<br />
De fato, A-31 faz urn tenaz esforgo por produzir a<br />
formulagao a<strong>de</strong>quada: com sucessivas autorrepetigoes contiguas<br />
da mesma expressao ate achar aquela que parece the satisfazer;<br />
repete-a varias vezes como que testando, pon<strong>de</strong>rando perante si<br />
mesmo, a sua efetiva idoneida<strong>de</strong> antes <strong>de</strong> chegar a urnenunciado<br />
com "veo". Tambem cabe a interpretagao <strong>de</strong> que 'queo' ou I i-o'<br />
configuram sucessivas autocorregoes <strong>de</strong> 'quio'.<br />
Dentro <strong>de</strong>sta problematica po<strong>de</strong>mos nos aproximar da fala <strong>de</strong><br />
A-17, em 3-031, apresentada a seguir (39):<br />
(39)<br />
3-031 A-17 ((ininteligivel» pero<br />
pusiese se pusiera padre<br />
o aluno A-17 da a impressao <strong>de</strong> duvidar sobre 0 acerto da<br />
sua formulagao primaria - "se pusiese" - e, logo, a corrige<br />
para "se pusiera". Po<strong>de</strong>riamos inclinar-nos a consi<strong>de</strong>ra-lo uma<br />
autocorregao contigua apenas, nao fassem alguns <strong>de</strong>talhes que<br />
nos levam a cansi<strong>de</strong>ra-la uma aferigaa <strong>de</strong> material linguistico:
a) em espanhol as duas formulag5es sac consi<strong>de</strong>radas id6neas; b)<br />
sendo a primeira formulagao verbal mais proxima da mais<br />
utilizada em lingua portuguesa e a <strong>de</strong>spreferida em amplas<br />
regi5es <strong>de</strong> hispanofalantes, po<strong>de</strong>mos pensar a questao<br />
relacionada com a maior ou menor facilida<strong>de</strong> da ocorrencia <strong>de</strong><br />
emprestimos linguisticos -fen6meno que tanto preocupa os<br />
aprendizes <strong>de</strong> linguas estrangeiras- 0 que ten<strong>de</strong>ria a gerar urn<br />
sentimento <strong>de</strong> inseguranga, pelo temor <strong>de</strong> errar, que po<strong>de</strong> se<br />
traduzir em aparentes autocorreg5es, contiguas, <strong>de</strong>snecessarias<br />
ou ina<strong>de</strong>quadas.<br />
Em nossa perspectiva <strong>de</strong> analise, pois, ten<strong>de</strong>mos a<br />
classificar tal tipo <strong>de</strong> evento como expressao da fungao <strong>de</strong><br />
aferigao, ate porque, 0 texto aferido, ainda nao apresenta<br />
marcas ou sinais <strong>de</strong> que esteja sendo enxergado como <strong>de</strong>finitivo<br />
pelo interlocutor.<br />
vejamos outro exemplo tipico do que preten<strong>de</strong>mos expressar,<br />
na ocorrencia do caso (40), assinalada abaixo. Apos 0 professor<br />
P-1 ter mencionado e anotado, no quadro-negro da sala <strong>de</strong> aula,<br />
o vocabulo "aparencias", indaga, em 5-099, se daquele jeito<br />
estaria correto em espanhol (agao que visa a provocar alguma<br />
intervengao <strong>de</strong> corregao). A autorrepetigao contigua, por parte<br />
<strong>de</strong> A-34, a partir da interrupgao da formulagao prece<strong>de</strong>nte, e a<br />
entoagao vacilante (nao refletida graficamente na transcrigao),<br />
as interpretamos como express5es <strong>de</strong> urnesforgo que ele realiza<br />
para encontrar a formulagao certa. Por isso, enten<strong>de</strong>mos que nao<br />
esta caracterizada a ocorrencia <strong>de</strong> uma corregao; parece que se<br />
da continuida<strong>de</strong> a uma expressao interrompida para dar tempo <strong>de</strong><br />
se proce<strong>de</strong>r a uma rapida verificagao da sua valida<strong>de</strong>:<br />
(40)<br />
5-099 P-1<br />
5-100 A-34<br />
5-105 A-32<br />
5-107 A-31<br />
5-108 A-34<br />
5-109 A-31<br />
aparien apariencias<br />
apariencias, apariencias<br />
Ja 0 caso (41) traz a tona uma forma corriqueira <strong>de</strong><br />
ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formulagao textual: e aquela em que se realiza a<br />
reiteragao <strong>de</strong> alguma particula breve (no caso 0 adverbio Inao')<br />
para possibilitar a prolongagao do turno e assim dispor <strong>de</strong> mais<br />
tempo para checar urn item lexical, ou outra produgao<br />
consi<strong>de</strong>rada importante do ponto <strong>de</strong> vista da preservagao das
faces; no caso, a forma verbal irregular uencuentra", a palavra<br />
"paciencia" e 0 uso do adverbio "muy" e do adjetivo "mucha",<br />
ofere cern dificulda<strong>de</strong> ao enunciador por conta das pequenas<br />
mudangas<br />
(41)<br />
que ha entre 0 portugues e 0 espanhol:<br />
6-009 A-35 y as vezes no no , no se encuentra cosas: (4 )<br />
buenas , son caras (+) a no ser que tengas IDU¥<br />
mucha pacien paciencia para (+) pesquisar<br />
Fen6meno semelhante ao comentado po<strong>de</strong>mos constatar nas<br />
repetig6es, por parte <strong>de</strong> A-12, da preposigao "a" -ganhar tempoe<br />
do adverbio<br />
(42)<br />
monoss1labo "no" (caso 42):<br />
2-075 A-12<br />
2-076 P-2 's1 , contestar a nosotros<br />
2-077 A-12 a nosotros no , no nos gustan<br />
Urn outro aspecto a ser pelimitado, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta<br />
problematica, abrangendo ambitos comuns a aferigao e a corregao<br />
e 0 do componente hesitativo: quem afere, provavelmente com<br />
mais frequencia e clareza que quem corrige, po<strong>de</strong> estar sendo<br />
impelido por urn sentimento <strong>de</strong> duvida ou <strong>de</strong> hesitagao.<br />
No caso (43), mostra 0 aluno A-35 hesitando, e mantendo 0<br />
turno com ele, repetindo 0 artigo "los" procurando 0 a<strong>de</strong>quado a<br />
expressao espanhola "talla", que e feminina, equivaler.te a<br />
'tamanho'<br />
(43)<br />
em portugues, que e masculina:<br />
6-016 A-35 que valga , generalmente<br />
tallas son muy gran<strong>de</strong>s<br />
Relativo a esta problematica, se faria necessario<br />
esclarecer melhor os criterios para classificar <strong>de</strong>terminado<br />
evento lingu1stico como expressao da repetigao ou da hesitagao<br />
mas nao 0 tentaremos aqui.<br />
A corregao e uma fungao linguistica, vinculada a<br />
estrategias <strong>de</strong> formulagao dos interlocutores, que objetiva a<br />
recomposigao <strong>de</strong> fatos linguisticos, que interferem no processo
<strong>de</strong> formula~ao em curso. Em consequencia, contextos <strong>de</strong><br />
comunicativa,<br />
literal.<br />
facilmente consistirao numa repeti~ao<br />
Quanto ao sujeito agente do ate <strong>de</strong> corre~ao, adotaremos a<br />
diferencia~ao habitual entre autocorre~ao e heterocorre~ao.<br />
Consi<strong>de</strong>raremos autocorre~ao, obviamente, a recomposi~ao,<br />
pelo <strong>de</strong>tentor do turno, da sua pr6pria interven~ao. Exemplos<br />
tipicos po<strong>de</strong>mos observar em (44) e (45), on<strong>de</strong> A-II e P-4,<br />
respectivamente, ap6s breves pausas, efetuam com sucesso sua<br />
pr6pria autocorreqao:<br />
(44)<br />
2-<strong>30</strong>3 A-II prepararselo (3) prepararse el <strong>de</strong>sayuno<br />
No caso (45), 0 professor P-4 percebe logo 0 emprestimo que<br />
Ihe faz a lingua portuguesa, possivelmente aju~ado pelo<br />
paralelismo <strong>de</strong> rima existente entre usuprima" e<br />
(45)<br />
Jexprimir':<br />
4-191 P-4 pue<strong>de</strong> ser suPRIMI:DO , si (+) no es que se<br />
suprima (+) aqui estamos (+) esta :mos: (+)<br />
cambiando la frase para (+) exprimir 10 mismo<br />
(+) expresar 10 mismo (10) A-20, el coche que<br />
viste no era el , no era mio<br />
Ja, quando 0 interlocutor assume 0 turno, visando a<br />
modificar 0 enunciado emitido por outro, estaremos perante a<br />
heterocorreqao. Ela esta mais presente no corpus e acreditamos<br />
que se trate <strong>de</strong> um dos fen6menos mais presentes e habituais em<br />
aulas ativas <strong>de</strong> lingua estrangeira. Vejamos urncaso <strong>de</strong> diversas<br />
heterocorre~5es contiguas entre alunos (46):<br />
(46)<br />
5-038 A-34<br />
5-039 A-33<br />
5-040 A-<strong>30</strong><br />
5-041 A-32<br />
5-042 A-<strong>30</strong><br />
5-043 A-32<br />
5-044 A-<strong>30</strong><br />
5-045 A-34<br />
5-046 A-31<br />
5-047 A-34
sua vez, se reafirma e corrige A-32, e que torna a ser<br />
questionado por outros colegas em 5-044 e 5-045, que partem<br />
para uma formulaqao sinonimica, quando A-31 sai em insistente<br />
<strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> A-<strong>30</strong>.<br />
No caso (47) a intervenqao do professor P-5 constitui urn<br />
exemplo paradigmatico do fenomeno analisado, inclusive com<br />
reforqo que, nas circunstancias assimetricas constataveis ganha<br />
o autentico status argumentativo <strong>de</strong> reafirmaqao:<br />
(47)<br />
6-015 P-5<br />
o caso (48) apresenta 0 professor P-2 realizando uma dupla<br />
autocorreqao contigua:<br />
(48)<br />
2-726 P-2 mira , haga es imperativo referido a usted (+)<br />
pero no quiero que trates , que 1e t.rat.es por<br />
usted<br />
repite<br />
quiero que 10 1e t.rat.es por tu (+)<br />
Nas heterocorreq5es a estrategia ret6rica utilizada po<strong>de</strong><br />
contar com formas interrogativas que amenizem 0 tom discursivo<br />
que costuma estar marcado por urn certo matiz <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>,<br />
quando nao autoritario (em especial quando vem do professor).<br />
Vejamos em (49) urn outro exemplo em que 0 professor suaviza<br />
ainda mais 0 caracter diretivo da correqao transformando-a numa<br />
sugestao a ser analisada:<br />
(49)<br />
5-034 A-34<br />
5-035 A-<strong>30</strong><br />
5-036 P-2<br />
Tern 0 seu atrativo constatar como a auto e a<br />
heterocorreqao, as vezes, estao imbricadas: no exemplo (50), 0<br />
aluno A-20 faz a sua autocorreqao contigua ao sentir que a<br />
formulaqao <strong>de</strong>sejada nao e aquela; ele consegue dar com as<br />
terminaq5es certas, mas nao se livrar do emprestimo, da raiz<br />
portuguesa, 0 que, em se tratando <strong>de</strong> uma expressao bastante<br />
comum, provoca urnautentico levante <strong>de</strong> vozes apontando a forma<br />
a<strong>de</strong>quada:<br />
(50)<br />
4-050 P-4<br />
4-051 A-20
4-052 P-4 e que ladrara, ladrara (+) / ladrara, ladrara<br />
Varios tanto<br />
A inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> corregoes com repetigao, em aulas <strong>de</strong> uma<br />
lingua estrangeira, po<strong>de</strong>ra vir a ser abundante, por haver<br />
alguns erros por parte dos aprendizes ou do professor e<br />
ocorrer, a seguir, a correspon<strong>de</strong>nte corregao. Sao numerosos, no<br />
corpus, os exemplos <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> corregoes auto e hetero,<br />
que se suce<strong>de</strong>m pr6ximas a repetigoes marcadas por outras<br />
fungoes. Po<strong>de</strong>mos verificar isto olhando para os casos (26) e<br />
(27) -turnos 5-078 a 5-117 ja citados. Teremos que nos<br />
socorrer em dados <strong>de</strong> tipo discursivo e etnografico para ampliar<br />
os indicios para nossas escolhas, pois dos pr6prios turnos que<br />
interpretamos, primariamente, como 'avaliagao positiva ou<br />
aprovagao' -0 caso do turno 5-099 do professor P-1 -, ou 0 <strong>de</strong><br />
'reafirmagao' -0 do aluno A-32 em 5-108 -, ou <strong>de</strong> 'provocagao'<br />
-do mesmo professor em 5-114 -, etc., po<strong>de</strong>ra ser inferida uma<br />
dimensao funcional secundaria <strong>de</strong> tipo corretivo.<br />
Nesse mesmos textos, po<strong>de</strong>mos, tambem, dispor <strong>de</strong> uma<br />
explicitagao das vaci1agoes por que passa urncoletivo <strong>de</strong> alunos<br />
empenhado na tarefa <strong>de</strong> dominar uma lingua estrangeira.<br />
Observemos Anexo 3) que se trata apenas <strong>de</strong> uma oragao simples<br />
que <strong>de</strong>ve ser corrigida (no quadro-negro esta escritove<strong>de</strong> como<br />
las aparencias enganam II, quando 0 contexto e a norma<br />
castelhana culta exigiria live como las apariencias engaiian").<br />
Tarefa aparentemente facil, porem, dada a proximida<strong>de</strong> da<br />
formulagao culta urbana da sentenga em portugues, os pequenos<br />
emprestimos linguisticos geram incertezas e falhas que<br />
interferem e dificultam 0 acerto com a formulagao pretendida:<br />
Em 5-098, A-<strong>30</strong> corrige uma parte da enunciagao <strong>de</strong> A-32,<br />
<strong>de</strong>ixando intacta a outra; em 5-103 0 professor, auxiliando-se<br />
da sinalizagao no quadro-negro, ao ler 0 que acabou <strong>de</strong><br />
registrar nele (a palavra Japarencias'), questiona nesta<br />
diregao, e e, apenas em 5-111 que 0 aluno A-34 consegue<br />
formular a segunda parte <strong>de</strong> forma satisfat6ria; Mas,<br />
imediatamente (em 5-113), se autocorrige, contrariando 0 seu<br />
acerto e a entusiastica confirmagao <strong>de</strong> A-31 em 5-112. Isto<br />
propicia uma situagao comica que 0 professor aproveita para<br />
restabelecer a formulagao procurada. Mas ainda tera que<br />
aguardar os instantes 5-129 e 5-1<strong>30</strong> para atingir a meta, quando<br />
A-31 ao confirmar e incorporar a formulagao procurada nao faz<br />
mais do que corrigir as <strong>de</strong>mais intervengoes prece<strong>de</strong>ntes
<strong>de</strong>sacertadas<br />
(51)<br />
(caso 51):<br />
5-124 A-34 sii: (+) bueno (3) si fuera , si fuese (+) lc6mo<br />
estas , teria que ser, ve<br />
5-125 A-31 ve , ve<br />
5-126 P-1 ahi , no podria ser mas ve<strong>de</strong>n la otra persona<br />
5-127 A-31 ve<br />
5-128 A-34 ve<br />
5-129 P-1 ve: , ve: c6mo las apariencias engafian<br />
5-1<strong>30</strong> A-31 ve como las apariencias enganan<br />
Assim po<strong>de</strong>mos verificar que a correqao, e a formulaqao como<br />
urntodo, sac funqoes basicas da repetiqao, particularmente nos<br />
contextos <strong>de</strong> ensino-aprendizagem .<br />
No exemplo abaixo (52), 0 aluno i<strong>de</strong>ntificado como A-13 ve<br />
como, em 2-104, 0 professor, i<strong>de</strong>ntifiGado como P-2, corrige, <strong>de</strong><br />
modo contiguo, a sua formulaqao e explica a razao geradora<br />
<strong>de</strong>sta atitu<strong>de</strong>:<br />
(52)<br />
2-103 A-13 a usted (+) Gse gus~<br />
2-104 P-2 LE: GUS:TA (+) se: es un pronombre reflexivo <strong>de</strong><br />
tercera persona<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista formal, essas mudanqas po<strong>de</strong>m se dar nos<br />
Varios niveis <strong>de</strong> analise aqui observados: morfo16gico, lexical,<br />
sintagmatico, oracional (cuja exemplificaqao ira sendo<br />
complementada em momentos posteriores).<br />
No referente a significaqao estrutural, ha correqoes com<br />
maior ou menor grau <strong>de</strong> relevancia, po<strong>de</strong>ndo estar referidas a<br />
partir <strong>de</strong> uma simples mudanqa fono16gica, ate alteraqoes que<br />
modificam a elaboraqao do discurso: no trabalho nao entraremos<br />
nesta questao que diminuiria fortemente 0 numero <strong>de</strong><br />
ocorrencias, mudando quantitativa e qualitativamente possiveis<br />
resultados estatisticos, fundamentalmente, <strong>de</strong>vido a especie <strong>de</strong><br />
corpus que trabalhamos.<br />
Com efeito, no corpus, a correqao interfere 'no fato<br />
linguistico <strong>de</strong> uma forma bem particular, muito diferenciada da<br />
que existe em outros tipos <strong>de</strong> interaqao verbal. Sendo a aula urn<br />
espaqo <strong>de</strong> dialogos facilmente carregados <strong>de</strong> artificialida<strong>de</strong>,<br />
todo 0 discurso fica condicionado por esta circunstancia: se<br />
estabeiece uma sistematica <strong>de</strong> relaqoes que, facilmente,<br />
respon<strong>de</strong> a objetivos que passam longe do referido nos textos
exibidos pelos intervenientes; entre os papels assumidos por<br />
alunos e professores, os conteudos trabalhados (0 hipotetico ou<br />
metafisico cachorro que late, a preparagao <strong>de</strong> um suposto cafe<br />
da manha... ) e os efetivos objetivos buscados (aprendizagem,<br />
cultura, amiza<strong>de</strong>, distragao... ) po<strong>de</strong>ra haver um abismo; isto<br />
representa uma barreira transponivel, ate certos limites, por<br />
uma didatica e praticas pedag6gicas a<strong>de</strong>quadas, porem, induz a<br />
fatos linguisticos menos representativos na hora, por exemplo,<br />
<strong>de</strong> diferenciar corregoes na perspectiva <strong>de</strong> sua repercussao e<br />
relevancia estrutural.<br />
Isto levou-nos a consi<strong>de</strong>rar como expressao da fungao<br />
corretiva todas as i<strong>de</strong>ntificadas no corpus mesmo as nitidamente<br />
formais. Assim, pequenas corregoes morfo16gicas ou lexicais,<br />
sem qualquer relevancia na estrutura do texto serao<br />
consi<strong>de</strong>radas expressao do fen6meno aqui referido. Analisemos<br />
alguns exemplos (53 a 57):<br />
(53)<br />
2-260 A-II<br />
2-261 P-2<br />
prefieres prepararte el~<br />
<strong>de</strong>:sayuno<br />
Aqui, 0 professor, em 2-261, faz apenas uma corregao<br />
fonetica, ao seu aluno A-II, que nao havia pronunciado 0 fonema<br />
/s/ como fricativo alveolar surdo, como exigido pela norma<br />
espanhola: A corregao nao tem qualquer relevancia estrutural<br />
mas po<strong>de</strong> ser importante do ponto <strong>de</strong> vista da aprendizagem e e<br />
um tipo <strong>de</strong> corregao extremamente frequente neste tipo <strong>de</strong> aulas.<br />
Da mesma forma, mudangas minimas po<strong>de</strong>m possuir gran<strong>de</strong><br />
importancia em muitas outras circunstancias.<br />
No caso (54) po<strong>de</strong>mos verificar uma interessante sequencia<br />
<strong>de</strong> corregoes <strong>de</strong> significado bem diferenciavel: Em 4-0<strong>30</strong> 0<br />
professor, P-4, no quadro-negro, utiliza algumas repetigoes<br />
para explicar os segredos das correlacoes verbais em espanhol.<br />
Ai, em 4-031, A-21 corrige um item lexical do discurso<br />
prece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> P-4, assumindo 0 seu turno em superposigao; ern4-<br />
032, P-4 tenta manter sua formulagao original (0 que equivale a<br />
corrigir 0 corretor); em 4-033, A-21 insiste, e, em 4-034, P-4,<br />
o professor, assume a formulagao propugnada pelo aluno:<br />
(54)<br />
4-0<strong>30</strong> P-4 (...) y si esto es un: preterito (+) preteritQ<br />
imperfectQ, si consi<strong>de</strong>ramos esto un:: (++)<br />
4-031 A-21<br />
4-032 P-4 imperfecto
4-033 A-21<br />
4-034 P-4<br />
perfect.o<br />
imperfect.o (+) si , hum:<br />
imperfecto <strong>de</strong> subjuntivo<br />
(+) un in<strong>de</strong>finido (~)<br />
si , perfect.o (2) 0:<br />
si consi<strong>de</strong>ramos esto un<br />
No evento em questao, as corregoes lexicais se referem a urn<br />
equivoco import ante no tocante aos conteudos gramaticais;<br />
porem, no visto mais acima, se a corregao se refere a aspectos<br />
<strong>de</strong> pronuncia, irrelevantes do ponto <strong>de</strong> vista da estrutura da<br />
frase ou do discurso, sac relativamente fundamentais a partir<br />
<strong>de</strong> algurn dos horizontes da aprendizagem e, portanto, como fato<br />
linguistico.<br />
Temos em (55) urn outro caso <strong>de</strong> pronuncia corrigida, que nos<br />
apresenta urna curiosa sequencia <strong>de</strong> correg5es, a raiz <strong>de</strong> urn erro<br />
lexical (3-161), quando se inicia urn processo creditavel,<br />
basicamente, a mal-entendidos provocadas pela associagao <strong>de</strong><br />
dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> indole fono16gica (mais claramente verificaveis<br />
nos turnos 3-163, 3-165, 3-167), com as <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificagao<br />
semantica (observaveis, tambem, e mais exclusivamente, nos<br />
turnos<br />
(55)<br />
3-168, 3-170, 3-172, 3-178):<br />
3-161 A-18<br />
3-162 P-3<br />
creas?<br />
creeme<br />
3-163 A-18 lCreeME?<br />
3-164 P-3 creeme<br />
3-165 A-18 cre :me JA...JA...JA...JA...<br />
3-167 varios<br />
[«ininteligivel»<br />
lCOmo es creme?<br />
3-168 A-18 lque es creeme?<br />
3-169 P-3 leh?<br />
3-170 A-18 lque es creeme?<br />
3-171 P-3 CRE-E-ME (+) acredita en mi<br />
3-172 A-18<br />
[CRE: , ah: es CRE:AME<br />
es creame<br />
3-177 P-3 cre-e-me<br />
3-178 A-18 ah:, creeme<br />
3-179 P-3 creeme<br />
3-180 A-18 creeme<br />
3-181 Varios «ininteligivel» / creeme
interpretando que se tratava do substantivo portugues 'creme'<br />
(em espanhol e "crema"), com 0 que se cria uma situagao<br />
hilariante por se tratar <strong>de</strong> uma forma imperativa do verba crer<br />
("creer" em espanhol) que leva enclitico um pronome obliquo.<br />
Alias, em aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira nao escasseiam as<br />
situagoes aproveitaveis para dar vazao ao humor.<br />
vejamos em (56) mais um exemplo, em que se produz,<br />
involuntariamente a troca repetida (em 3-058 e 3-063) <strong>de</strong> "mal"<br />
substantivo abstrato, (ruinda<strong>de</strong>) por "malo ", substantivo<br />
concreto (homem ruim), 0 que propicia a instalagao <strong>de</strong> mais um<br />
momento <strong>de</strong> relax na aula:<br />
(56)<br />
3-055 P-3 bueno, entonces, no hay mal que por bien no VENGA<br />
(+) ale, DILE, DILE, no seas TONTAA:<br />
3-056 A-19 no seas tonta (++) no hay mal<br />
3-057 P-3 no hay mal<br />
3-058 A-19 no hay ma10 que bien<br />
3-059 P-3 que por bien , JA...JA. ..<br />
3-060 A-19 que por bien no venga<br />
3-061 Varios JA...JA ..JA...JA ..<br />
3-062 P-3 no venga<br />
3-063 A-19 no hay malo que por bem no venga<br />
No caso 57, po<strong>de</strong>mos observar a relevancia das repetigoes em<br />
certos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> aula comunicativa; os alunos A-31, A-32 e A-<br />
34 se envolvem numa rapida troca <strong>de</strong> turnos <strong>de</strong> objetivo<br />
heterocorretivo, que acabam nao dando totalmente certo:<br />
(57)<br />
5-135 A-31<br />
5-136 A-32<br />
5-137 A-34<br />
5-138 A-32<br />
5-139 A-31<br />
RE-CI-BIDO<br />
[he recibido , recibido<br />
recibido, recibido<br />
recibido carta, recebido (+)<br />
Finalmente, queremos assinalar um caso <strong>de</strong> corregao, que nao<br />
contabilizariamos como repetigao, por ocorrer apenas<br />
coinci<strong>de</strong>ncia semantica numa produgao em oposigao lexica (caso<br />
58): 0 aluno A-2 produz uma oragao em portugues e, a seguir, 0<br />
professor P-1 faz a corregao com a tradugao exata em espanhol,<br />
que, curiosamente e explicitamente incorporada por A-5 e A-3.<br />
De fato, ja observamos que, neste tipo <strong>de</strong> corpus, <strong>de</strong> nitida<br />
conspiragao coletiva buscando a aprendizagem, 0 par<br />
corregao/incorpora~ao costuma ser <strong>de</strong> uma adjacencia quase
plena:<br />
(58)<br />
1-063 A-3<br />
1-064 A-2<br />
1-065 P-l<br />
1-066 A-5<br />
1-067 ?<br />
l'rogrsffia <strong>de</strong> P6s-·Gndua9~o<br />
em <strong>Letras</strong> e Linguistiea<br />
UFPE<br />
eu naa bQtei algun frutal naa<br />
eu batei<br />
yo puse<br />
sabre tada trigo<br />
yo puse<br />
yo puse sobre todo triga<br />
A expansao e uma funqao do ambito da formulaqao textual que<br />
se utiliza da retomada literal ou com pequena variaqao, <strong>de</strong><br />
algum elemento linguistico para, acrescentando-lhe outro,<br />
produzir urn novo fate linguistico. Este po<strong>de</strong> ir surgindo a<br />
reboque <strong>de</strong> fragmentos prece<strong>de</strong>ntes reaproveitados,<br />
incrementados.<br />
fenomeno.<br />
A reiteraqao, portanto e constitutiva do<br />
Trata-se <strong>de</strong> uma funqao frequente em materiais linguisticos<br />
auferidos em aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira a nativos, quando<br />
aquelas respon<strong>de</strong>m a metodologias comunicativas.<br />
Em (59) A-19 retoma os elementos da sua formulaqao e lhes<br />
acrescenta outros com novos conteudos:<br />
(59)<br />
3-124 A-19 no te pongas triste<br />
3-125 A-17 «ininteligivel»<br />
3-126 A-19 no te pongas triste , mojer (+) podras intentar<br />
otra vez<br />
Po<strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> uma auto-expansao, como acima e em<br />
on<strong>de</strong> P-4 ira repetir, com ligeiras alteraqoes, a sua<br />
prece<strong>de</strong>nte, apos breve indagaqao <strong>de</strong> A-20:<br />
(60)<br />
4-044 P-4<br />
4-045 A-20<br />
4-046 P-4<br />
(60),<br />
tala<br />
muy bien (+) mira, si estamo~ negando el antece<strong>de</strong>nte<br />
solo po<strong>de</strong>mos usar el sUbjuntivc<br />
lsi estamos?<br />
negando el antece<strong>de</strong>nte, el antece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> la frase,<br />
solo po<strong>de</strong>mos usar el subj unti vo (+) ahora 81 (... )<br />
E :to<strong>de</strong> se apresentar como hetero-expansao. Reparemos no<br />
caso (61) no qual ha. uma nova indagaqao, neste particular do
aluno A-31, em 5-026, a P-1:<br />
(61)<br />
5-026 A-31 lCOmo esta.s2lno?<br />
5-027 P-1 leOMO ESTAS? (3) BOLA lque tal? (+) JA ..JA ..JA ..<br />
o acrescimo costumamos faze-lo a direita do elemento<br />
retomado, como po<strong>de</strong> se observar nos exemplos postos, mas se da<br />
tanto no interior como no inicio e final <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>.<br />
Contudo ha casos em que 0 acrescimo tambem po<strong>de</strong> ser<br />
i<strong>de</strong>ntificado como reformulagao. Assim, na fala <strong>de</strong> P-3 em 3-004,<br />
no caso 62, parece legitimo aceitar que a frase Use le podria<br />
<strong>de</strong>cir" vem a constituir-se em ocorrencia <strong>de</strong> dupla expansao: <strong>de</strong><br />
Ufrase" e <strong>de</strong> Use le podria <strong>de</strong>cir" e que vem a ser uma expansao<br />
com reformulagao. Confiramos:<br />
(62)<br />
3-004 P-3 (.~)vamos aver Lque otro tipo <strong>de</strong> (+) frase para (+)<br />
salvar 10 castizo espafiol , se le podria <strong>de</strong>cir?<br />
lque frase se le podria <strong>de</strong>cir a<strong>de</strong>mas <strong>de</strong> una<br />
explicaci6n (+) cosas tipicas espanolas(+) aver,<br />
por ejemplo , (+) muJER:: no te preoCUPES (+) aver<br />
, repite (+) muJER<br />
A i<strong>de</strong>ntificagao <strong>de</strong>sta fungao po<strong>de</strong> conduzir a confus5es com<br />
os mecanismos gerais <strong>de</strong> formulagao que se utilizem <strong>de</strong><br />
acrescimos <strong>de</strong> novos elementos linguisticos a direita <strong>de</strong> uma<br />
produgao anterior - contigua,prexima ou remota -, quando alguma<br />
produgao reiterativa nao possuir i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> referencial com<br />
seus prece<strong>de</strong>ntes.<br />
A parentetizagao e uma fungao no ambito da formulagao que<br />
se caracteriza pela retomada <strong>de</strong> um enunciado principal, logo<br />
apes algum ou varios enunciados - consi<strong>de</strong>rados secundarios na<br />
linha discursiva - que sac introduzidos como paren<strong>teses</strong>.<br />
No corpus que trabalhamos, on<strong>de</strong> a intera~ao se caracteriza<br />
pelo intenso movimento <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> turno, este tipo <strong>de</strong> fungao e<br />
menos recorrente, a ponto <strong>de</strong> que ha textos transcritos nos<br />
quais nao i<strong>de</strong>ntificamos qualquer evento que se aproxime da<br />
nogao <strong>de</strong> parentetizagao apresentada. Tambem fica prejudicada a
sua i<strong>de</strong>ntificagao por conta da fragmentagao e brevida<strong>de</strong> da<br />
maior parte das interveng5es. E isto, apesar do importante<br />
movimento <strong>de</strong> retomada ou reintrodugao <strong>de</strong> enunciados por motivos<br />
os mais diversos: exercicios <strong>de</strong> fixagao, <strong>de</strong> trabalho<br />
diferenciado com as estruturas linguisticas ou ativida<strong>de</strong>s<br />
praticas para diversificagao das estrategias <strong>de</strong> aprendizagem<br />
adotadas...<br />
Urn epis6dio paradigmatico, apesar <strong>de</strong> truncado, da fungao<br />
parentetica, po<strong>de</strong>mos encontrar ap6s a referencia a av6 que e<br />
inserida por P-3<br />
(63)<br />
em 3-090 (63):<br />
3-090 P-3 la FAL:TA que harias tu en chile, que <strong>de</strong>cia mucho<br />
mi abuela (+)la falta , bueno ahora vamos aver si<br />
10 organizamos ESTO<br />
Urn outro epis6dio com aparencia parentetica e 0 turno <strong>de</strong><br />
P-2, em 2-870, (64) pois repete duas vezes a expressao<br />
IJreferido a tu", retomando, bem possivelmente, uma parte do<br />
enunciado principal da sua intervengao:<br />
(64)<br />
2-870 P-2 Elstas tratando ele por to., mira que aqui siempre<br />
es imperati:vo referi:do a tu (+) siempre<br />
referido a tu (+) afirmativo negativo (+) siempre<br />
referido a tu<br />
Ainda, urn caso <strong>de</strong> provavel parentetizagao contigua e<br />
remota, ao mesmo tempo, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>duzir correlacionando as<br />
interveng5es do professor P-2 nos turnos 2-900 e 2-924; no<br />
primeiro afirma, e, no segundo culmina uma serie <strong>de</strong> tentativas<br />
<strong>de</strong> passar aos alunos uma tese consi<strong>de</strong>rada importante: e precise<br />
dominar 0 modo imperativo. Vejamos em (65):<br />
(65)<br />
2-900 P-2 esos imperati:vos (2) yo siempre hedicho que ha¥<br />
que estudiar 10s imperativos (+) hay que saber 10s<br />
imperati:vos , hay que saber<br />
10 has dicho «ininteligivel» el problema es que<br />
uste<strong>de</strong>s tienen que, que saber , que saber el<br />
imperativo , y saber (+) y saber 10 que estan<br />
<strong>de</strong>ciendo, porque a veces yo yo me doy cuenta <strong>de</strong><br />
que estan (+) hablando (+) como , como dicen una<br />
cosa <strong>de</strong> memoria , sin saber 10 que estan diciendo<br />
(+) entonces , claro, no va a apren<strong>de</strong>r nunca
Em certas ocasi5es, a possivel formulaqao parentetica fica<br />
mascarada ou oculta, seja pela essencialida<strong>de</strong> ou importancia<br />
qualitativa dada ou atribuivel a sua enunciaqao, seja pela sua<br />
pr6pria complexida<strong>de</strong> ou extensao. Para ilustrar as dificulda<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificaqao que po<strong>de</strong>m surgir, chamaremos a atenqao,em<br />
(66), para as palavras do professor P-2 em sua intervengao em<br />
2-045. Ele realiza a corregao pretendida e, parenteticamente,<br />
explica as raz5es que justificam a formulaqao por ele<br />
proposta,e retoma 0 enunciado fundamental (Ute gusta mojarte"):<br />
(66)<br />
2-041 A-I3<br />
2-042 P-2<br />
2-043 P-2<br />
2-044 A-13<br />
2-045 P-2<br />
[ te gusta moJA:RTE EL pel0<br />
lte gusta (+) mojar tu pelo<br />
L MOJARTE EL:: pel0 porque<br />
tu pones el pronombre te , y este el , articulo ,<br />
ya tiene urnmatiz <strong>de</strong> Ie posesividad (+) lte gusta<br />
mojarte (+) el pelo (+) se supone que es el pelo<br />
<strong>de</strong> ella<br />
Po<strong>de</strong>riamos, ainda, preten<strong>de</strong>r i<strong>de</strong>ntificar sua estrutura em<br />
(67), quando 0 professor P-4 para brevemente por duas vezes 0<br />
seu discurso para exortar urnaluno a elevar 0 seu tom <strong>de</strong> voz ao<br />
exercer 0 turno, antes <strong>de</strong> se <strong>de</strong>sculpar par te-l0 corrigido sem<br />
have-lo escutado direito; porem, em que perspectiva po<strong>de</strong>riamos<br />
vir a sustentar que as referidas intervenq5es caracterizam a<br />
retomada do enunciado principal? Apenas se adotaramos a tese <strong>de</strong><br />
que 0 eixo da intervengao e 0 <strong>de</strong> mascaramento <strong>de</strong> urn erro do<br />
professor por dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aUdiqao! Vejamos:<br />
(67)<br />
4-026 P-4<br />
4-027 A-21<br />
4-028 P-4<br />
[HE DICHO APROVECHARA<br />
Zhas dicho aprovechara? , habla fuerte (+) que se<br />
aprovechara bien que fuera interesan:te (++)<br />
muy bien perd6n (2) la frase siguiente (+) no<br />
hablamos <strong>de</strong> ningun tema que: (+) a-A-22<br />
Situagao parecida com a que se produzira mais tar<strong>de</strong>, em 4-<br />
061, em que 0 professor, tambem preocupado com a qualida<strong>de</strong> da<br />
gravaqao, se vale da hesitagao, repetindo parcialmente 0 inicio<br />
do vocabulo fundamental no enunciado <strong>de</strong> A-25, para ganhar tempo
e alegar a falta <strong>de</strong> melhores condigoes <strong>de</strong> audigao para<br />
justificar a sua vacilagao na analise sintatica do enunciado <strong>de</strong><br />
A-25; isso, antes <strong>de</strong> apoiar e dar relevancia a feliz formulagao<br />
realizada pelo aluno, corn uma provavel articulagao funcional<br />
parentetica mas que <strong>de</strong>sempenha uma clara fungao <strong>de</strong> avaliagao<br />
positiva (68):<br />
(68)<br />
4-059 A-25 lpluscuamperfectQl<br />
4-060 P-4 plus: :<br />
4-061 A-25 pluscuamperfecto<br />
4-062 P-4 habla fuerte y alto<br />
quien Ie toca? (4)<br />
o enquadramento e urna estrategia retorica <strong>de</strong> formulagao que<br />
serve, basicamente, para <strong>de</strong>marcar ou abranger produgao<br />
linguistica, efetuada ern algurn episodio comunicativo, mediante<br />
a repetigao <strong>de</strong> algurn fragrnento da produgao linguistica<br />
prece<strong>de</strong>nte, mesmo que nao fique explicita uma intencionalida<strong>de</strong><br />
neste sentido.<br />
Na medida em que a sua contribuigao e entendida mais cc@o<br />
recurso para realgar a unida<strong>de</strong> comunicativa, a fungao exerc:i.da<br />
correspon<strong>de</strong> a fungao que chamamos reforgo, situada no campo da<br />
cornpreensao; e, neste arobito, tarnbem se aproxima da <strong>de</strong>limitagao<br />
<strong>de</strong> episodios, que exerce fungoes equivalentes no nivel do<br />
topico discursivo. Tambern po<strong>de</strong> funcionar como instrurnento da<br />
entrega do turno, quando alcanga 0 dimensionamento interativo<br />
<strong>de</strong> auxiliar na organizagao conversacional.<br />
No caso (69) 0 professor P-2, emoldura a explicagao<br />
posterior a uma prirneira produgao nmojarte el pelo", corn fungao<br />
<strong>de</strong> advertencia, corn a reiteragao quase literal <strong>de</strong>sta expressao<br />
ern forma<br />
(69)<br />
interrogativa:<br />
2-045 P-2<br />
el pronornbre te, y este el, articulo , ya tiene urn<br />
matiz <strong>de</strong> Ie posesividad (+) Gte gusta mojarte (+)<br />
el pelo(+) se supone que es el pelo <strong>de</strong> ella
Em (70) apresentamos urn caso que nos parece po<strong>de</strong> mostrar<br />
melhor ate que ponto a questao da ocorrencia especifica ou nao<br />
<strong>de</strong> enquadramento, e a questao <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a abrangencia<br />
pratica da sua nogao, sac complexas. a discurso <strong>de</strong> P-3,<br />
evi<strong>de</strong>ntemente preocupado com a preservagao das faces, introduz<br />
os enunciados emolduradores lllaimpresi6n que tengo yo" y llla<br />
impresi6n que me da" para ganhar tempo a fim <strong>de</strong> encontrar<br />
qualificativos mais id6neos para completa-lo:<br />
(70)<br />
3-313 P-3 sf, 10 que pasa eh, 1a impresi6n que yo tengo (+)<br />
es que (4) el (+) brasilefio, que yo estoy mucho<br />
tiempo aqui (++) 10: que: sf que: tiene <strong>de</strong> bueno, <strong>de</strong><br />
muy bueno, es la convivencia (+) el temperamento<br />
vuestro para convivir (... ) parece que no:, entonces ,<br />
la:, ahora la impresi6n que t.engo yo <strong>de</strong> brasil, es<br />
que el brasilefio (+) tien<strong>de</strong> mas a la <strong>de</strong>presi6n (+)<br />
1a impresi6n que t.engo yo(+) porque, hay gente que<br />
dice (+) no, el brasilefio, la alegrfa y tal, y h<br />
impresi6n que tengo yo, es que e1 brasi1efto el tipo<br />
medio , es mas, mas para la <strong>de</strong>pre, para la<br />
<strong>de</strong>presi6n (+) el espafiol, es mas (... )1a impresi6n<br />
que me da (+) lque os parece? (2) lestoy en 10<br />
cierto 0 no?<br />
Este texto po<strong>de</strong> tambem ser interpretado como parentetizagao<br />
se olhado na perspectiva <strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> preservagao da sua<br />
auto-imagem pois, nessa hip6tese, po<strong>de</strong>riamos vir a consi<strong>de</strong>rar<br />
estas produgoes como expressao da enunciagao principal.<br />
De qualquer forma, poucas vezes e utilizado este recurso no<br />
corpus i possivelmente pelo seu caracter habitual <strong>de</strong> ser um<br />
corpus constituido por enunciados breves, com trocas <strong>de</strong> turnos,<br />
que sao, <strong>de</strong> modo geral, muito frequentes e rapidas. E tambem,<br />
quem sabe, porque, na pratica didatica implementada na aula, a<br />
reiteragao das repetigoes <strong>de</strong> tao continuada, acaba funcionando<br />
como uma autentica estrategia semipermanente e menos<br />
formalizavel <strong>de</strong> enquadramento, que torna in6quo, para fins <strong>de</strong><br />
formulagao, 0 recurso a estrategia formal do enquadramento, tal<br />
qual <strong>de</strong>finida.<br />
A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar exemplos paradigmaticos <strong>de</strong><br />
enquadramento nas conversagoes do nosso corpus nao sao um<br />
empecilho para que tenhamos consciencia <strong>de</strong> que em outros<br />
mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> corpus e uma realida<strong>de</strong> mais frequente.
A indaga~ao e uma fun~ao vinculada as estrategias <strong>de</strong><br />
formula~ao textual que fica estabelecida quando se solicitam<br />
esclarecimentos no plano do significante. Facilmente estes<br />
esclarecimentos incluirao a repeti~ao em tom interrogativo da<br />
produ~ao linguistica que motiva a <strong>de</strong>manda. De modo geral,<br />
consiste numa estrategia do interlocutor para for~ar a<br />
confirma~ao <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada produ~ao linguistica -com 0 que<br />
pen<strong>de</strong> mais para configurar uma fun~ao interativa- ou para pedir<br />
esclarecimentos foneticos ou morfossintaticos.<br />
Urn epis6dio singular e aquele no qual i<strong>de</strong>ntificamos duas<br />
indaga~6es na tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfazer urn mal-entendido, uma<br />
confusao semantica implicada na confusao fonetica (caso 55).<br />
Ate que urn aluno explicita que 0 problema e <strong>de</strong> formula~ao:<br />
"lc6mo es creme?" (71):<br />
(71)<br />
3-162 P-3 creeme<br />
3-163 A-18 lcreeME?<br />
3-164 P-3 creeme<br />
3-165 A-18 cre:me JA ..JA ..JA ..JA ..<br />
3-167 Varios [((ininteligivel» / creme / JA ..JA ..JA ./<br />
lcomo es creme?<br />
Ao tratarmos das fun~6es elucida~ao e interroga~ao<br />
acrescentaremos outras perguntas que dao sequencia a este texto<br />
e que se interessam mais pelo sentido da expressao.<br />
Observemos, ainda, em (72) a indaga~ao <strong>de</strong> A-20, reflexo <strong>de</strong><br />
que nao consegue captar a formula~ao da asser~ao <strong>de</strong> P-4<br />
(72)<br />
:<br />
4-044 P-4 muy bien (+ ) mira, si estamos negando<br />
antece<strong>de</strong>nte s6lo po<strong>de</strong>mos usar el subjuntivo<br />
lsi estamos?<br />
As indaga~6es costumam exigir uma parada no avan~o da<br />
formula~ao textual e, ao mesmo tempo, no corpus especffico, se<br />
constituem num incentivo implicito a retomada mais segura e<br />
precisa do trabalho linguistico em curso.<br />
Em alguma ocasiao, a indaga~ao e a forma utilizada para<br />
inserir numa parada da formula~ao, 0 questionamento e incentive<br />
a corre~ao. vejamos 0 caso (73):
(73)<br />
2-480 A-10<br />
2-481 P-2<br />
2-482 A-10<br />
una lasana , A-12 , lcuando a ti (4)<br />
lcuando a ti<br />
lcuando a ti (2) se te hace la boca agua?<br />
A indagaqao serve aqui como instrumento <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong> turno<br />
ou <strong>de</strong> seleqao <strong>de</strong> alguem escolhido.<br />
No texto (74) po<strong>de</strong>mos analisar uma dupla indagaqao que<br />
achamos paradigmatica <strong>de</strong> como na realida<strong>de</strong> nao se <strong>de</strong>seja tanto<br />
obter um esclarecimento quanta alertar os aprendizes, A-31, A-<br />
33 e A-32 a respeito da consistencia da sua produqao<br />
linguistica e, tambem, para ajudar a captar 0 quanta po<strong>de</strong> ser<br />
funcional e complexa uma situaqao <strong>de</strong> indagaq6es em aulas <strong>de</strong><br />
tipo comunicativo:<br />
(74 )<br />
5-141 A-31 una carta que me he <strong>de</strong>jado preocupado<br />
5-142 A-33 [uma carta que me he <strong>de</strong>jado<br />
5-143 A-32 me <strong>de</strong>jado lno?<br />
5-144 A-33 me <strong>de</strong>jado<br />
5-145 P-1 len QUE quedamos , (8) lme he <strong>de</strong>jado? lhe <strong>de</strong>jado?<br />
5-146 A-31 me he <strong>de</strong>jado<br />
5-147 A-32<br />
me <strong>de</strong>jado<br />
5-148 A-31 me he <strong>de</strong>jado<br />
5-149 P-1<br />
Ja 0 exemplo (75) e um episodio <strong>de</strong> timida indagaqao do<br />
aluno A-19 que visa a um esclarecimento da produgao proferida<br />
pelo professor<br />
(75 )<br />
P-3:<br />
3-019 P-3 n~hay mal, no hay mal, que por bien no venga<br />
3-020 A-19<br />
[no hay mal?<br />
3-021 P-3 precioso, eso os 10 escribire<br />
3-022 A-19<br />
[ no hay mal?<br />
Interpretaqao bem semelhante nos merece 0 texto (76), em<br />
que A-18 parece nao conseguir captar com precisao a 'produqao<br />
linguistica<br />
(76)<br />
que esta sendo proposta por P-3:<br />
3-074 P-2 dile que esas reuniones ~n siempre iguales, ~<br />
3-075 Varios<br />
:todo 10 mismQ<br />
JA... JA... JA...JA... JA...JA...JA...<br />
3-076 A-18 lque las reuniones?
3-077 P-3<br />
3-078 A-18<br />
las reuniones no sirven pa nada<br />
lIas reuniones?<br />
Um caso curioso <strong>de</strong> indagaqao no mesmo estilo e 0<br />
protagonizado por A-16 em 3-102 quando ficara sem qualquer<br />
resposta,<br />
(caso 77):<br />
(77)<br />
por conta da sobreposiqao <strong>de</strong> vozes com 0 professor...<br />
3-100 A-19 <strong>de</strong> buena te has librado<br />
3-101 A-18<br />
3-102 A-16<br />
<strong>de</strong> buena te has librao<br />
5.2.8. Elucidaqao<br />
Elucidaqao e uma funqao relativa as estrategias <strong>de</strong><br />
formulaqao, pela qual os interloc.ptores firmam explicaqoes,<br />
comentarios, referentes a forma <strong>de</strong> produqao lingufstica do<br />
texto. A elucidaqao, portanto, abrange unicamente aspectos<br />
formais.<br />
Reservaremos ao 'esclarecimento', no ambito das estrategias<br />
<strong>de</strong> compreensao, a funqao explicitadora dos aspectos semanticos<br />
ou conteudos significados nas correspon<strong>de</strong>ntes prodllqoes<br />
lingufsticas.<br />
No corpus, pelas suas peculiares caracterfsticas, Ja<br />
comentadas, que 0 levaram a contar com escassos textos <strong>de</strong> tipo<br />
explicativo, a ocorrencia <strong>de</strong>stas funqaes em repetiqaes e<br />
pequena. Porem, achamos importante manter arnbas,<br />
diferenciadamente. Ate porque nos parece normal que, em outros<br />
corpus, reflexo <strong>de</strong> outros momentos <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> IL1gua<br />
estrangeira,<br />
frequentes.<br />
ambos os fenomenos funcionais, sejam bem :nais<br />
Nos textos (55), (71) e (78) temos a constancia <strong>de</strong> uma<br />
engraqada sequencia <strong>de</strong> mal-entendidos que levam 0 professor P-3<br />
a contingencia <strong>de</strong> ter que soletrar a forma exata e, <strong>de</strong>pois, a<br />
explicitar 0 significado <strong>de</strong> "creeme" -em 3-171- para tornar<br />
aceitavel 0 termo, e assim validar a formulaqao da produqao<br />
motivo <strong>de</strong> estranheza (chamamos esta segunda funqao <strong>de</strong><br />
esclarecimento). A seguir se produzira uma pequena reaqao em<br />
ca<strong>de</strong>ia reconhecendo a va1ida<strong>de</strong><br />
elucidaqao. Vejamos:<br />
au reafirmanda a compreensao da
(78)<br />
3-167 Varios<br />
3-168 A-18 lque es creeme?<br />
3-169 P-3 leh?<br />
3-170 A-18 Lque es creeme?<br />
3-171 P-3 CRE-E-ME (+) acredita en mi<br />
3-172 A-18 [CRE:, ah: es CRE:AME (+) ah,<br />
entonces es creame<br />
3-173 Varios ((ininteligivel» JA ..JA ..JA... JA ..JA._JA. ..<br />
3-177 P-3 cre-e-me<br />
3-178 A-18 ah:, creeme<br />
3-179 P-3 creeme<br />
3-180 A-18 creeme<br />
3-181 Varios ((ininteligivel» I creeme<br />
No caso (79), a intervengao do professor P-2 no turno 2-114<br />
traduz a sua justificagao para a nao aceitagao plena da<br />
formulagao produzida por A-II em 2-113:<br />
(79)<br />
2-113 A-II mojarmelo , cada (+) 0 el pelo , cada vez que te<br />
, cada vez que me ducho<br />
muy bien pero cuando dices mojarmelo , no<br />
repite<br />
pelo<br />
el pelo , porque 10: esta en lugar <strong>de</strong>l<br />
Ja no caso (80) e 0 proprio aluno A-38 que solicita ao<br />
professoa A-6 a elucidagao da duvida que Ihe inva<strong>de</strong> relativa a<br />
uma produgao linguistica a<strong>de</strong>quada que ele profere:<br />
(80)<br />
6-052 A-38<br />
6-053 P-5<br />
o ambito da compreensao abrange 0 conjunto <strong>de</strong> estrategias<br />
discursivas orientadas<br />
cognitiva da linguagem.<br />
a possibilitar ou facilitar a apreensao<br />
Para Hofstatter (apud Lewandowski, 1992:65), compreen<strong>de</strong>r<br />
correspon<strong>de</strong> a uma atribuigao <strong>de</strong> sentido. Logo a seguir, a mesma
obra consigna que para Leibfried, compreen<strong>de</strong>r supoe tambem a<br />
atengao reflexiva ao conceito compreendido; trata-se <strong>de</strong> urn<br />
ambito, segundo Wittgenstein, que po<strong>de</strong> representar uma<br />
complexida<strong>de</strong> extrema porque alguem para saber 0 que 0 outro diz<br />
s6 po<strong>de</strong> ver os signos, e quem diz, para saber 0 que quer dizer,<br />
tambem s6 dispoe dos signos. De fato, a sabedoria popular diz<br />
que e falando que a gente se enten<strong>de</strong>, porem, e falando tambem<br />
que a gente se <strong>de</strong>senten<strong>de</strong> ou aumenta a confusao. 31<br />
Marcuschi 1992a:129) avalia, por exemplo, que Norrick leva<br />
longe <strong>de</strong>mais a nogao porque situa nela os reinicios <strong>de</strong><br />
enunciados, as corregoes, as substituigoes, as parafrases, etc.<br />
Depois, na tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar melhor os eventos, parte para<br />
estabelecer premissas <strong>de</strong> corte formal que nao sac suficientes<br />
para impedir que na avaliagao da funcionalida<strong>de</strong> dos casos<br />
concretos, siga sendo a questao semantica que coman<strong>de</strong> 0 ambito<br />
do sentido.<br />
Nao vemos discordancia em consi<strong>de</strong>rar que 0 recurso a<br />
produgoes repetitivas, e, portanto, construidas com materiais<br />
redundantes, ja postos em evi<strong>de</strong>ncia em muitas ocasioes,<br />
representara para 0 interlocutor a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se acolher a<br />
urn mecanisme econ6mico e facil, pois que esta ai e agora. A<br />
repetigao surge assim num papel <strong>de</strong> mediagao <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />
negociagao <strong>de</strong> sentido: enfatizando, reforgando a saliencia,<br />
esclarecendo ou questionando 0 sentido. Bessa Neto (1991:38)<br />
aponta que a repetigao tern 0 efeito <strong>de</strong> que "0 discurso seja<br />
menos <strong>de</strong>nse e mais redundante". Na mesma linha, Tannen (apud<br />
Marcuschi 1992a:129) pon<strong>de</strong>ra que as repetigoes economizam<br />
informagao e conce<strong>de</strong>m mais tempo a apreensao. Marcuschi<br />
(1992a:1<strong>30</strong>) lembra 0 principio da iconicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que maior<br />
massa <strong>de</strong> fala i<strong>de</strong>ntica em posigao i<strong>de</strong>ntica equivale a ter maior<br />
volume na significagao.<br />
Dentre as fungoes abrangiveis <strong>de</strong>ntro do ambito da<br />
compreensao (Bessa Neto,1991:152, aponta-o como "fator<br />
significagao") incluiremos, com Marcuschi, a intensificagao, 0<br />
reforgo, 0 esclarecimento, e acrescentaremos a interrogagao,<br />
alias, recorrente em nosso tipo <strong>de</strong> corpus.<br />
31 Afirma Espar (1994: 1) , no capitulo que intitula "contribuigao a<br />
<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m geral", que "nao ha qualquer efeito <strong>de</strong> sentido, por simples e<br />
<strong>de</strong>notativo que parega, que seja facil <strong>de</strong> explicar <strong>de</strong> qualquer ponto <strong>de</strong><br />
vista das ciencias da significagao" [_.J "Quao pouco sabemos sobre 0<br />
sentido que tenha sentido!".
A intensificagao e uma fungao discursiva, ligada as<br />
estrategias do interlocutor para facilitar a compreensao,<br />
quando aquele que esta com 0 turno realiza a enfatizagao <strong>de</strong><br />
produgao linguistica, <strong>de</strong> modo contiguo ou pr6ximo e direcionada<br />
ao mesmo referente, sempre e quando nao provocada por raz5es<br />
interacionais. Geralmente se utiliza da repetigao lexical para<br />
sua efetivagao e funciona como uma reduplicagao, contigua ou<br />
pr6xima a matrizj como elemento tipico <strong>de</strong> intensificagao po<strong>de</strong>m<br />
ser procuradas pistas na entoagao: sendo forte, ascen<strong>de</strong>nte e<br />
uma pista.<br />
Acompanhamos ate aqui os requisitos <strong>de</strong> Marcuschi<br />
(1992a:129-133), porem confessamos que nao nos parecem<br />
suficientes para conseguir diferenciar intensificagao <strong>de</strong><br />
reforgo nos casos concretos. Outro problema que nos ternsurgido<br />
na hora <strong>de</strong> contrastar 0 alcance <strong>de</strong>sta fungao acontece ao<br />
preten<strong>de</strong>rmos pon<strong>de</strong>rar 0 grau <strong>de</strong> interferencia das causas<br />
interacionais num evento especifico. 0 ambito da presenga <strong>de</strong><br />
raz6es interacionais e muito abrangente e, por vezes, torna-se<br />
dificil <strong>de</strong>limitar ou equacionar. 0 reforgo, semanticamente,<br />
muito pr6ximo da intensificagao, age em fungao do sujeito ou da<br />
argumentagao, como marcador <strong>de</strong> saliencia, visualizando 0 item<br />
mais importante.<br />
Bessa Neto (1991:103,107,111,152), comparando 0 uso das<br />
sentengas em textos narrativos orais e escritos, ve a<br />
intensificagao como a<strong>de</strong>nsamento da carga semantica <strong>de</strong> verbos e<br />
adjetivosj para ela, 0 reforgo da matriz marca 0 item lexical<br />
mais importante, sem introduzir i<strong>de</strong>ia nova. Trata-se <strong>de</strong> uma<br />
linha te6rica que nos parece mais facil <strong>de</strong> acompanhar, porem,<br />
em nosso corpus, 0 aspecto narrativo e sentencial ce<strong>de</strong> espago a<br />
dialogos, muito breves, quando nao monossilabicos, com<br />
repetig5es muito pr6ximas entre si, que nos fizeram perceber<br />
como dificil diferenciar intensificagao <strong>de</strong> reforgo, nas<br />
situag5es concretas, por conta <strong>de</strong> nao parecer clara a forma <strong>de</strong><br />
diferenciar enfatizagao <strong>de</strong> uma produgao linguistica da<br />
saliencia da produgao importante. Por exemplo, no caso (81) a<br />
reiteragao da produgao "sin duda" ten<strong>de</strong>mos a cataloga-la tanto<br />
numa como em outra fungao pois ela vem a apocopar ou sintetizar<br />
como f6rmula dialogal uma frase equivalente a esta 'nao tenho<br />
qualquer duvida em relagao ao acerto do que voce afirma':
(81)<br />
6-048 P-5<br />
6-049 ?<br />
6-050 A-38<br />
ah si muchas gracias (+) se que se vive <strong>de</strong><br />
capitalismo salvaje (+) tu no crees que es<br />
importante eso? , luchar por una ganga JA ..JA ..JA ..<br />
[«ininteligivel})<br />
sin duda , sin duda<br />
o caso (82) se nos apresenta particularmente simpatico e<br />
expressivo: 0 professor P-2 esta tentando, sem duvida pela<br />
enesima vez naquele curso, explicar uma estrutura linguistica<br />
que se vale <strong>de</strong> pronomes obliquos em pos~
Efetivamente, se a dificulda<strong>de</strong> inerente a gravaqao nao nos<br />
permite estabelecer com seguranqa 0 valor funcional do duplo<br />
Ujamas" <strong>de</strong> A-16, em 3-018, se nao achamos marcas claras que nos<br />
possibilitem <strong>de</strong>finir se A-19 realiza uma intensificaqao, um<br />
reforqo ou urna indagaqao, em 3-020 e 3-022, po<strong>de</strong>mos, no<br />
entanto, afirmar que P-3, em 3-019 e 3-023 enfatiza 0 ditado<br />
popular uno hay mal que por bien no venga"; reduplica-o como<br />
estrategia relacionada a valorizaqao e a melhor compreensao do<br />
seu conteudo. Nao transparecem para nos, marcas que possaronos<br />
levar a pensar na ocorrencia <strong>de</strong> hesitaqao, estrategias<br />
motivadas pela aferiqao do material linguistico que esta sendo<br />
gerado, ou razoes interacionais. Nem 0 contexto da aula, como<br />
auferido dos dados etnograficos do evento, nos autorizaria a<br />
estabelecer tal linha <strong>de</strong> vers5es do fate linguistico ~nalisado.<br />
Exporemos, a seguir, alguns casos <strong>de</strong> intensificaqao. 0 caso<br />
(84) representa urnevento simples on<strong>de</strong> 0 professor P-1 utiliza<br />
a reiteraqao do adverbio <strong>de</strong> modo ucoma" para enfatizar a sua<br />
pergunta:<br />
(84)<br />
5-133 A-34 me tiene <strong>de</strong>jado (+) preocupado<br />
5-134 P-1 GCOmo? leoma queda esto?<br />
Outro caso <strong>de</strong> intensificaqao, po<strong>de</strong>mos constata-lo no fala<br />
repetida 'nao', por parte do aluno A-12, para garantir mesmo<br />
que a sua escolha como voz inicial dos tr:abalhosda aula, nao<br />
passa <strong>de</strong> urnabrinca<strong>de</strong>ira<br />
(85)<br />
(85):<br />
2-008 P-2 MUY BIEN, A-12 elegido por unanimidad , A-12 [+]<br />
Gte gusta mojarte...<br />
unanimidad...<br />
2-010 A-12 eel pelo [+] nao nao nao e brinca<strong>de</strong>ira<br />
Nesta mesma linha po<strong>de</strong>mos interpretar 0 texto em que 0<br />
professor P-3, como proposta <strong>de</strong> encaminhamento da aula para<br />
aquele momento, insiste em que os alunos realizem 0 mesmo<br />
mo<strong>de</strong>le <strong>de</strong> tarefa escolar que vinha sendo implementado? Faz<br />
issose valendo da expressao reduplicada ulo mismo" ,(86):
(86)<br />
3-103 P-3 [bueno, entonces ya hemos (+) visto (+) algunas<br />
algunas frases (+) claro que se trata <strong>de</strong> (+) <strong>de</strong>cir<br />
frases que consuelen (+) pero 10 que mas interesa<br />
son los giros espafioles (+) entonces bueno (+) eh:<br />
, A-16 nos cuenta su vida ahora (+) y nos dice: 10<br />
que ha pasao , otra vez , va (+) cortito , porque<br />
ahora vamos a <strong>de</strong>cirte<br />
ver si:<br />
(+) frases cortitas (+) para<br />
3-104 ?<br />
3-105 P-3<br />
«ininteligivel»<br />
10 mismo , 10 mismo<br />
Em (87), A-31, expressa a sua concordancia com a produgao<br />
verbal do seu colega <strong>de</strong> aula A-34; parece confirmar a produgao<br />
linguistica daquele (langamos isto como hip6tese por nao ficar<br />
tao claro se nao se trata <strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> corregao); <strong>de</strong><br />
qualquer forma, faz isto <strong>de</strong> forma reduplicada, com 0 qual<br />
enfatiza sua intervengao:<br />
(87)<br />
5-111 A-34 aparien apariencias<br />
5-112 A-31 apariencias, apariencias<br />
o reforgo e uma fungao discursiva, como estrategia do<br />
interlocutor para facilitar a compreensao, que serve para<br />
salientar 0 item principal da sentenga, sem trazer i<strong>de</strong>ias novas<br />
(Marcuschi, 1992a:133). Bessa Neto (1991:107, 111) diz, como<br />
referimos antes, que Umarca 0 item mais importante da sequencia<br />
que acabam <strong>de</strong> concluir". Possui uma entida<strong>de</strong> dificilmente<br />
separavel <strong>de</strong> realizag6es linguisticas <strong>de</strong> indole reiterativa: s6<br />
se po<strong>de</strong> reforgar 0 discurso que ja tenha sido feito com<br />
anteriorida<strong>de</strong>.<br />
Sua proximida<strong>de</strong> com a intensificagao e sua coinci<strong>de</strong>ncia com<br />
outras estrategias interativas criam problemas na hora <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>limitar e classificar a sua funcionalida<strong>de</strong>. Assim, sentimos<br />
gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> na classificagao funcional <strong>de</strong> eventos como 0<br />
referido em (88) pois A-13, ap6s incorporar a contribuigao <strong>de</strong><br />
P-2, repete-a duas vezes mais, alongando a silaba final, no que<br />
po<strong>de</strong>ria tambem ser consi<strong>de</strong>rado, uma forma <strong>de</strong> aferigao <strong>de</strong>
material linguistico ou expressao <strong>de</strong> urna tecnica ou exercicio<br />
<strong>de</strong> memorizagao, ou urna incorporagao ... :<br />
(88)<br />
2-403 A-I3<br />
2-404 P-2<br />
2-405 A-I3<br />
yo he <strong>de</strong>sayunado un juga <strong>de</strong> naranjas, ehm: dos<br />
sandwiches <strong>de</strong>: queso y: jam6n<br />
jam6n<br />
jam6n (+) jamon: jamon: (3) y:: (4) he tornado una<br />
(+) Gpapa?<br />
Ainda, po<strong>de</strong>mos perguntar: quais<br />
<strong>de</strong>finit6rios da importancia maior ou menor para <strong>de</strong>terminado<br />
item lexical? Sao aspectos que<br />
nao temos 0<br />
suficientemente elaborados.<br />
Comentarios e perguntas parecidas po<strong>de</strong>m ser feitas em<br />
relagao as repetigoes do caso (89). primeiro, a reiteragao <strong>de</strong><br />
"al aire" por parte do professor P-2 ao realizar urna corregao;<br />
<strong>de</strong>pois, a insistencia repetitiva do aluno A-12 assume,<br />
incorpora, em seu discurso, <strong>de</strong> fato, a corregao do professor<br />
P-2, <strong>de</strong> urn jeito que bem po<strong>de</strong>ria ser aceito como fungao <strong>de</strong><br />
apoio a memorizaqao ou incorporaqao mais do que a compreensao:<br />
(89)<br />
2-163 A-12 con secador 0 al a-re<br />
2-164 P-2 0: (+) AL AIRE (++) AL AlRE<br />
2-165 A-I2<br />
~l aire libre (+) al aire libre<br />
o caso (90) mostra 0 professor P-3 salientando todo 0<br />
enunciado, como que reforgando a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que se quer passar e<br />
criar uma situagao engragada:<br />
(90)<br />
3-065 P-3 ahora tu dile (-±) la falta que haras tu en chile<br />
(+) dile, la falta JA-JA-JA-. que haras tu en chile<br />
Em 2-851, po<strong>de</strong>mos captar urn tom <strong>de</strong> irritagao na repetiqao<br />
<strong>de</strong> reforgo do professor P-2, , ao reiterar com enfase variada a<br />
expressao "vamos a repetir", diante da persistencia <strong>de</strong> alguns<br />
alunos em erros linguisticos semelhantes (91):<br />
(91)<br />
2-846 A-12 no se la digas<br />
2-847 P-2 no se la digas , muy bien (2) Gesta entendido ,<br />
A-II?
2-849 P-2<br />
2-850 A-10<br />
2-851 P-2<br />
es porque no entendia isto aqu~ todinho , nao<br />
entendia esta mudanqa<br />
Zpero ahorA entendiste , 0 no?<br />
entendi , si (++) s6 nao sei 0 imperativo<br />
[muy bien ,vamos a repetir<br />
(+) VAMOS a repetir, vamos a repetir este caso,<br />
sin parar ahora (2) dile otra vez<br />
Em ocasioes, como mencionamos a respeito do caso (47), 0<br />
reforqo vem conjugado a uma funqao <strong>de</strong> correqao.<br />
Ja, em 2-081, quando 0 aluno A-12 repete varias vezes 0<br />
fragmento que nao acertou formular <strong>de</strong> imediato, e uma forma <strong>de</strong><br />
aferiqao <strong>de</strong> material linguistico e nao <strong>de</strong> reforgo (92):<br />
(92)<br />
2-079 A-12 si, si , si , gusta es siempreno singular (++)<br />
2-080 P-2<br />
a nosotros no nos gusta ,eh: mo mojar<br />
[ MOJAR-NOS-LO<br />
2-081 A-12 nos-lo<br />
duchamos<br />
mojarnoslo cada vez que<br />
o esclarecimento e uma funqao discursiva, ligada as<br />
estrategias da compreensao, quando a produqao linguistica se:r.-ve<br />
como explicitagao ou explicagao do discurso a titulo da<br />
enunciaqao.<br />
A diferenqa fundamental entre esclarecimento e elucidaqao<br />
radica no fato <strong>de</strong>ssa funqao visar a fornecer explicaqoE'!sa<br />
nivel discursivo, no ambito da compreensao, ou seja, em relaqao<br />
a inteleqao daquilo que e transmitido pela produqao<br />
linguistica.<br />
formais.<br />
A elucidaqao fornece explicaqoes <strong>de</strong> aspectos<br />
E como esclarecimento que interpretamos e classificamos a<br />
intervenqao do professor P-2, no turno 2-045, (caso 93), pois<br />
ele faz urncomentario esclarecedor a fim <strong>de</strong> auxiliar na melhor<br />
compreensao do porque e correta a construgao nmojarte el":<br />
(93)<br />
2-044 A-13
P-2 [MOJARTE EL:: pelo porque tft<br />
pones el pronombre te , y este el , articulo , ya<br />
tiene um matiz <strong>de</strong> Ie posesividad (+) lte gusta<br />
mojarte (+) el pelo (+) se supone que es el pelo<br />
<strong>de</strong> ella<br />
No caso (94), na mesma linha <strong>de</strong> raciocinio do caso<br />
anterior, a intervengao do professor P-4, em 4-046, procura<br />
justificar sua afirmagao <strong>de</strong> 4-044, realizando urn comentario<br />
explicativo a nivel da compreensao que <strong>de</strong>vera ser dada a<br />
produgao linguistica inserida nele:<br />
(94)<br />
4-044 P-4 muy bien (+) mira, si estamos negando<br />
antece<strong>de</strong>nte solo po<strong>de</strong>mos usar el sUbjuntivc<br />
4-045 A-20 lsi estamos?<br />
4-046 P-4 negando el antece<strong>de</strong>nte, el antece<strong>de</strong>nte<br />
frase, solo po<strong>de</strong>mos usar el subjuntivo(+)<br />
51 (+) el antece<strong>de</strong>nte viene con: (... )<br />
a esclarecimento leva a inserir fragmentos da produ
<strong>de</strong> papeis tipica <strong>de</strong> uma sala <strong>de</strong> aula quando a opqao didatica ou<br />
circunstancias especificas nao levam a quebra da assimetria.<br />
No caso (96) 0 professor P-3 percebe urn equivoco na<br />
resposta do aluno A-17 e da urn esclarecimento bem-hurnorado<br />
valendo-se do contraste <strong>de</strong> sentidos posto em cena:<br />
(96)<br />
3-114 A-17 mas vale tar<strong>de</strong> que nunca<br />
3-115 ?<br />
3-116 P-3 lmas vale tar<strong>de</strong> que nunca?<br />
3-117 A-17 si<br />
3-118 P-3 OSTRAS , mas vale tar<strong>de</strong> que nunca , no, cuidao (+)<br />
JA ..JA ..JA ..JA ..JA... JA._(+) es que aqui es nunca , no es<br />
tar<strong>de</strong> (+) 0 sea como si JA ..JA ..JA ..aver (+) bueno<br />
(+) ella esta muy triste , aver<br />
Ainda po<strong>de</strong>mos observar os esclarecimentos que acompanham a<br />
correqao do professor P-2 em outros momentos interessantes<br />
(caso 97):<br />
(97 )<br />
2-914 A-14 no (3) le (2) no la , no<br />
2-915 P-2 nc, Ie, cambia para SE porque va seguido <strong>de</strong><br />
2-916 A-14<br />
pronombre<br />
[no se la (+) pido<br />
2-917 P-2 no se LOO: (+) porque el dinero<br />
2-927 P-2 tli has dicho (+) pi<strong>de</strong>le el dinero (+) ahora ,<br />
cuando se dice por segunda vez , cuando se insiste<br />
, no repites el dinero (+) lcual es el pronombre<br />
que substi tuye <strong>de</strong>nero ?<br />
2-1013A-10 no se la <strong>de</strong>s<br />
2-1014P-2 no se , se refi ere a el , no se a el (+) Ia , Ia<br />
Ilave (+) tli , no <strong>de</strong>s, no se Ia <strong>de</strong>s(+) repite<br />
Quando se trata <strong>de</strong> esclarecimentos <strong>de</strong> natureza<br />
morfossintatica po<strong>de</strong>m ser mais <strong>de</strong>morados e costumam tomar pe<br />
nalgum sintagma proximo. Neste sentido po<strong>de</strong>mos achar numerosos<br />
casos na Aula 4 (turnos 0<strong>30</strong>, 034, 044, 046, 090, 105,1'08,110,<br />
124, 126, 138, 159, 165 etc.) (Anexo 1).<br />
Como para outras funqoes da repetiqao, uma possivel baixa<br />
inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong>sta especie <strong>de</strong> evento em <strong>de</strong>terminados tipos <strong>de</strong><br />
aula nao <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada estranha; mas como fruto da<br />
metodologia especifica. Ate porque 0 esclarecimento e uma das<br />
ativida<strong>de</strong>s basicas da maior parte das aulas ministradas em
qualquer area <strong>de</strong> ensino. E toda explicagao carrega consigo,<br />
naturalmente, uma forte exigencia <strong>de</strong> reiteragao. Tal po<strong>de</strong>mos<br />
constatar no caso (98) quando 0 t6pico <strong>de</strong>senvolvido na Aula 6 e<br />
o da nganga" ou espectacular oferta comercial, e 0 discurso do<br />
professor e interrompido pelos risos 0 que leva este a retomar<br />
o adverbio <strong>de</strong> modo: alongado que foi 0 ponto mais imediato <strong>de</strong><br />
gestagao da comicida<strong>de</strong>, para prestar urnesclarecimento:<br />
(98)<br />
6-024 P-5 (... ), ahora dime una cosa (+ ) Y tu conoces a<br />
alguien que viva asi.: e: buscando<br />
6-025 Varies [JA..JA ..JA ..<br />
6-026 P-5 asi:, luchas por una ganga peleando por ganga<br />
A interrogagao e uma fungao discursiva, ligada a<br />
estrategias para a compreensao, que se atualiza quando algum<br />
dos interlocutores solicita esclarecimento a nivel da<br />
significagao pretendida pelo autor <strong>de</strong> alguma assertiva. A<br />
interrogagao facilmente vira se socorrer da repetigao <strong>de</strong> algum<br />
fragmento da produgao prece<strong>de</strong>nte como elemento referencial mais<br />
proximo e <strong>de</strong> mais facil acesso aos interlocutores.<br />
As perguntas e respostas sac uma das estrategias mais<br />
recorrentes em aulas comunicativas. Po<strong>de</strong>mos observar em nosso<br />
corpus urn mo<strong>de</strong>le bem diferenciado <strong>de</strong> utilizagao bastante<br />
sistematica da resposta como oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nova pergunta,<br />
acrescentando alguma pista indicativa da resposta procurada<br />
(que po<strong>de</strong> ser tambem supra-segmental: gestual, tonal,<br />
entoacional, ritmica... ). Assim, no caso (99), em 5-083 0<br />
professor P-l da uma resposta afirmativa a interrogagao do<br />
aluno A-34 repetindo-a integralmentei em 5-086, apos corrigir a<br />
proferida por A-3l, em 5-084, faz, a partir <strong>de</strong>la, a sua<br />
interrogagao questionando a respeito da sua a<strong>de</strong>quagao<br />
sintatico-semantica no conjunto do exercicio em curso 'na aulai<br />
logo apos, e a vez do aluno A-34 levantar uma questao que<br />
obtera como resposta uma produgao com formas interrogativas por<br />
parte do professor P-l, que, em realida<strong>de</strong>, coinci<strong>de</strong> com a<br />
formulagao procurada:<br />
(99)<br />
5-082 A-34 lve tu?
5-083 P-1 si , ve tu<br />
5-084 A-31 le vosotros? (+) ve tu, ve vosotros<br />
5-085 A-34 ve tu<br />
5-086 P-1 si ve tu: (+) ved vosotros (3) lpodria ser<br />
5-087 A-34<br />
5-088 P-l<br />
5-089 A-34<br />
no<br />
hola , lque tal?<br />
lpue<strong>de</strong><br />
ser<br />
ser como estas? (++) ahi si que po<strong>de</strong>ria<br />
Em contraste com 0 prece<strong>de</strong>nte, e curiosa verificar como a<br />
estrategia didatica empregada pelo professor P-2, quando da<br />
imediata corregao do erro, dificulta 0 surgimento <strong>de</strong><br />
questionamentos discursivos no <strong>de</strong>correr da aula; porem,<br />
encontramos, sim, frequentes produgoes em forma interrogativa<br />
que nao se referem a significagao; a utilizagao <strong>de</strong> formas<br />
interrogativas e recurso <strong>de</strong> engajamento na interagao verbal e<br />
segue em ocasioes um ritmo trepidante. Vejamo-lo em<br />
citagao que po<strong>de</strong>ria se prolongar mais e mais:<br />
(100)<br />
(100), numa<br />
2-594 A-13 A-II , lcomo te encuentras?<br />
2-596 P-2 preguntale a A-I0<br />
2-597 A-II lcomo te encuentras?<br />
2-598 P-2<br />
2-599 A-II<br />
2-602 A-10 A-12 , lcomo te encuentras?<br />
2-605 A-12 A-13 lcomo te encuentras?<br />
2-608 A-13 A-II y A-I0 , lcomo (2) taS encuentran?<br />
2-609 P-2 lcomo os: encontra:is?<br />
2-613 A-II A-I0 , lcomo os encontrais?<br />
2-616 A-I0 A-12 (+) lcomo (+) se encuen:tra A-14?<br />
2-619 A-12 A-14 , lcomo te encuen, se encuentra A-ll?<br />
2-622 A-14 A-II , lcomo se encuentra?<br />
2-623 P-2<br />
2-624 A-14<br />
2-626 A-14<br />
Urn caso mais dificil <strong>de</strong> classificar encontramos no exemplo<br />
(101) em que 0 sintagrna "una torrnenta" nao preten<strong>de</strong> mais que<br />
reiterar 0 tipo <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte ou acontecirnento in<strong>de</strong>sejavel,<br />
fantasiosamente ocorrido no Chile -pois correspon<strong>de</strong> a urn
subterfugio a nivel do imaginario- teve diversas configura~5es<br />
nao coinci<strong>de</strong>ntes, 0 aluno A-17 pe<strong>de</strong> ajuda para a sua mem6ria, a<br />
fim <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r concatenar 0 seu discurso. Neste sentido, a matriz<br />
da repeti~ao interrogativa <strong>de</strong>vera ser encontrada longe do<br />
epis6dio em foco (em 3-095 a 3-097 e 3-152) e, quando nao<br />
existir uma coinci<strong>de</strong>ncia literal, ai, sim, ocorrera, salvo<br />
efetivo engano, uma coinci<strong>de</strong>ncia no patamar da i<strong>de</strong>ia do<br />
catastr6fico e negativo:<br />
(101)<br />
3-095 A-16 «ininteligivel»<br />
ligivel»<br />
la tormenta<br />
3-096 P-3 _[una tormenta en chile<br />
3-097 A-16 una tormenta en Santiago<br />
3-152 A-18<br />
3-204 A-17<br />
ha habido una tormenta en chile<br />
3-205 A-18 un temporal<br />
3-206 A-17 un temporal , si<br />
3-218 A-17 aah: ,incluso <strong>de</strong> buenas te has librado (+) semana<br />
pasada se pas6 algo , una calamidad en chile (+)<br />
una tormenta terrible se abati6 sobre santiago(+)<br />
muchas personas morreran y , bueno , estas aca con<br />
nosotros (+) Ges un , un consolo, no?<br />
Por ambito do t6pico enten<strong>de</strong>mos 0 espago dos fen6menos <strong>de</strong><br />
linguagem que po<strong>de</strong>m ser responsabilizados pela organizagao da<br />
progressao do discurso ou do texto num nivel global, <strong>de</strong> acordo<br />
com a opgao te6rico-metodo16gica <strong>de</strong> Marcuschi (1992a:128-<br />
129,136-137): "Para fins <strong>de</strong>sta analise, admito que a nogao <strong>de</strong><br />
t6pico , seja na sua acepgao <strong>de</strong> t6pico sentencial, expresso<br />
na dicotomia t6pico - comentario, tema - rema ou dado-novo,<br />
seja na sua acepgao <strong>de</strong> t6pico discursiv~ e uma nogao<br />
discursiva".<br />
Ducrot/Todorov (1983:257), nas narrativas, distinguem entre<br />
'leitmotiv', quando urn motivo se reitera e assume urn papel<br />
preciso, e t6pico, quando varios motivos formam uma<br />
configura~ao estavel.
Dijk (1988:197-210), parte da distingao entre as nogoes<br />
intuitivas <strong>de</strong> t6pico sentencial, <strong>de</strong>terminante da distribuigao<br />
<strong>de</strong> informagao ao longo da sequencia das frases, e a <strong>de</strong> t6pico<br />
discursivo, que reduz, organiza e categoriza a informagao<br />
semantica das sequencias como urn todo, para afirmar que "un<br />
concepto 0 una estructura conceptual (una proposici6n) pue<strong>de</strong><br />
convertirse en t6pico <strong>de</strong> discurso si ORGANIZA JERARQUICAMENTE<br />
la estructura conceptual (proposicional) <strong>de</strong> la secuencia"; 0<br />
t6pico <strong>de</strong>vera estar vinculado pela sequencia como urn todo, 0<br />
que e valida para as partes da proposigao t6pica ou subt6picos;<br />
estas observagoes aplicam-se tambem aos t6picos <strong>de</strong><br />
conversagao:"un dialogo es coherente <strong>de</strong>bido a la asignaci6n <strong>de</strong><br />
varios significados <strong>de</strong> expresiones a un t6pico macr-oestructural".<br />
Brown / Yule (1993:95-103) partem da nogao prete6rica <strong>de</strong><br />
Itema' como "aquilo <strong>de</strong> que se fala ou escreve", para frisar a<br />
dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> urns6 sintagma ou urnaunica oragao se constituir<br />
no unico tema possivel capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar urn texto, e,<br />
particularmente, uma conversagao. Dai que proponham a nogao <strong>de</strong><br />
marco do tema, como sendo a resultante dos aspectos do contexto<br />
(ou rasgos ativados do contexto) que se refletem diretamente no<br />
texto e aos que precisamos recorrer para interpreta-lo; e<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste marco contextual que se constitui 0 tema.<br />
No corpus especifico, a artificialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitas das<br />
conversagoes travadas em sala <strong>de</strong> aula, com a fixagao reiterada<br />
da atengao em aspectos <strong>de</strong> formulagao e interagao, e em<br />
fragmentos linguisticos menos relevantes quanta a topicida<strong>de</strong>,<br />
radicara urnarelativa ausencia <strong>de</strong> t6picos conversacionais, por<br />
nao ser possivel responsabiliza-los pela progressao do discurso<br />
que acontece na sala <strong>de</strong> aula. Com efeito, em aula <strong>de</strong> lingua<br />
estrangeira, po<strong>de</strong>remos verificar 0 quanta a progressao do<br />
discurso po<strong>de</strong> ser organizada pelas contribuigoes <strong>de</strong>· carater<br />
metalinguistico, quando a pr6pria linguagem como tal se<br />
constitui no t6pico conversacional em andamento, principal<br />
'leitmotiv' da conversagao em curso.<br />
Em consequencia, com precaugoes, abordaremos, 0 ambito do<br />
t6pico, como nogao discursiva, analisando as fungoes amarragao<br />
intermitente, reintrodugao <strong>de</strong> t6pico, <strong>de</strong>limitagao <strong>de</strong> epis6dios<br />
e atualizagao <strong>de</strong> cena. Em diversas ocasioes teremos que<br />
enfrentar 0 mascaramento, a ocultagao ou a inexistencia <strong>de</strong>
autentico t6pico, como em casos <strong>de</strong> amarragao intermitente.<br />
Tambem, os liames do t6pico po<strong>de</strong>rao confundir-se com a pr6pria<br />
repetigao <strong>de</strong> carater metalinguistico, particularmente nos casos<br />
da reintrodugao <strong>de</strong> t6pico e atualizagao <strong>de</strong> cena.<br />
A amarragao intermitente e urnafungao discursiva, no ambito<br />
da organizagao do t6pico, que se realiza quando os<br />
interlocutores colocam liames entre diferentes momentos da<br />
produgao linguistica, que atualizam <strong>de</strong>terminado t6pico ou tema,<br />
ou que, tambem, os correlacionam. Marcuschi exige que os liames<br />
ou relagoes sejam significativos, mas "sem caracterizar urna<br />
retomada" ou que 0 elemento surja, "mas nao na ca<strong>de</strong>ia linear",<br />
e acrescenta que <strong>de</strong>va ser "urnenchimento oportuno do t6pico com<br />
aspectos enriquecedores e ilustrativos" (1992a:138,140).<br />
No corpus, 0 t6pico que aparece como fen6meno <strong>de</strong> repetigao,<br />
em muitos casos, esta diluido em sequencias <strong>de</strong> intervengoes<br />
rapidas que dificultam a sua caracterizagao e <strong>de</strong>limitagao.<br />
Consequentemente, a sua i<strong>de</strong>ntificagao e localizagao torna-se<br />
complicada e cheia <strong>de</strong> potenciais questionamentos. Tem-nos sido<br />
dificil explicitar a intermitencia dos liames <strong>de</strong>ntro do t6pico,<br />
por diversos fatores caracteristicos do nosso corpus: os liames<br />
sac extremamente reiterativos; os t6picos costumam ser<br />
propostos pelo professor, frequentemente, com uma<br />
intencionalida<strong>de</strong> e orientagao <strong>de</strong>scaracterizadoras, polarizadas<br />
pelas conveniencias da aprendizagem da lingua espanhola: 0<br />
carater artificial da tematica provoca a diluigao da forga<br />
t6pica das produgoes linguisticas; alem disso, a enorme<br />
fragmentagao das intervengoes dificulta tambem a sua<br />
i<strong>de</strong>ntificagao. Por conta da instrumentalizagao e fragmentagao<br />
da linguagem parece dificil avaliar quais sejam os autenticos<br />
t6picos discursivos das conversagoes no corpus.<br />
Por estas razoes pareceu interessante apresentar uma<br />
sequencia recheada <strong>de</strong> continuas repetigoes. 0 texto ('102),no<br />
qual se po<strong>de</strong> chegar a admitir a ocorrencia <strong>de</strong> amarragao<br />
intermitente entre 1-001 e 1-031, pois a dialetica "usar logao<br />
<strong>de</strong> barba / usar perfume / nada usar" , por uma parte, e a <strong>de</strong> "a<br />
veces / siempre / nunca", por outra, talvez constituam urnliame<br />
enriquecedor <strong>de</strong> provaveis t6picos como 0 da utilida<strong>de</strong> ou nao <strong>de</strong><br />
presentear 0 professor P-l com um produto <strong>de</strong> beleza (suprimimos
alguns dos<br />
(102)<br />
turnos para reduzir a citaqao):<br />
1-001 A-5 P-1<br />
1-004 P-1<br />
1-005 A-5<br />
1-006 P-1<br />
1-007 A-5<br />
1-008 P-1<br />
1-011 P-1<br />
1-012 A-6<br />
1-013 P-1<br />
1-014 A-6<br />
1-015 A-4<br />
1-016 P-1<br />
1-017 A-6<br />
1-023 A-3<br />
1-024<br />
1-027<br />
1-028<br />
P-l<br />
A-6<br />
P-l<br />
1-0<strong>30</strong> A-I<br />
1-031 P-1<br />
«ininteligivel»<br />
[yo no uso<br />
seus filhos nao usam nao uma 109ao <strong>de</strong> barba<br />
em realidad yo no uso, no<br />
[«ininteligivel» DaO usa «ininteligivel»<br />
[nada (+) yo no uso nada<br />
[yo no uso nada<br />
OH NADA<br />
solo la ropa<br />
OO( +)XEN (++) lDaO usa DacR<br />
[«ininteligivel»nao gosta nao?<br />
[la ob(+) la ropa el reloj y<br />
las gafas(+) lque mas quiere usted?<br />
OH: P-l DaO usa perfume<br />
(vamos dar a voct9:e uma:<br />
[negativo<br />
[uma tisoura<br />
si me llega un amigo secreto que me da un: (+) un<br />
perfume con mucho placer se 10 (+) <strong>de</strong>spues yo 10<br />
doy a otra persona<br />
lDaO usa perfume DaO?<br />
pero mi mujer usa a veces (+) a veces no siempre<br />
(+) y Mis ninos usan<br />
A reintrodugao do t6pico e uma fungao discursiva que se<br />
realiza ao retomar t6picos anteriormente <strong>de</strong>senvolvidos e<br />
<strong>de</strong>ixados <strong>de</strong> lado. Pelo seu carater <strong>de</strong> I re-introduqao' fica<br />
instalada,<br />
repetigao.<br />
a priori, a possibilida<strong>de</strong> natural <strong>de</strong> acontecer como<br />
Fica mais dificil <strong>de</strong> situar com precisao no corpus este<br />
tipo <strong>de</strong> fen6meno linguistico, quando e dominante 0 carater<br />
experiilental da produqao linguistica (como oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
utilizagao da lingua em fungao da aprendizagem). Pois que estas
situaqoes possibilitam que se realize uma constante<br />
reintroduqao <strong>de</strong> materiais linguisticos com caracteristicas <strong>de</strong><br />
t6pico discursivo. Em compensaqao, esses materiais tanto po<strong>de</strong>m<br />
dar seguimento ao t6pico em andamento, colocando-o em primeiro<br />
plano, como po<strong>de</strong>m interromper seu curso sem que tenha mediado<br />
seu encerramento.<br />
Observando 0 <strong>de</strong>senrolar do caso (103), em que a<br />
reintroduqao <strong>de</strong> conteudos dos turnos 5-022 e 5-027 em 5-037,<br />
5-050, 5-073, 5-077, 5-088, 5-090 e 5~093 vem exigida pelo<br />
exercicio <strong>de</strong> formulaqao que esta sendo realizado, recheado <strong>de</strong><br />
correqoes, incorporaqoes, indagaqoes etc., representa apenas<br />
uma reintroduqao literal <strong>de</strong> ambos os t6picos ate a sua junqao<br />
ou objetivo da ativida<strong>de</strong> verbal:<br />
(103)<br />
5-022 A-31 leOMO ESTAS?<br />
5-027 P-1 leOMO ESTAS? (3) HOLA lQUE TAL? (+) JA ..JA ..JA...<br />
5-037 P-1 lque ~al? (4) Gved?<br />
5-050 P-1 leomo es~as? (+) leomo es~as ~u? (++) Gve tu:<br />
5-073 A-34<br />
5-090 P-1<br />
5-093 P-1<br />
HOLA leomo es~as?<br />
HOLA (+) HOLA (+) lque ~al? leomo es~as?<br />
entoncES: (+) hola lque ~al?<br />
Ja a Aula 3 po<strong>de</strong> ser vista como urn caso paradigmatico da<br />
utilizagao sistematica da reintroduqao <strong>de</strong> t6picos. Em (104)<br />
vemos uma pequena amostra <strong>de</strong> como 0 professor P-3 assume 0<br />
papel <strong>de</strong> animar 0 ritmo <strong>de</strong> aprendizagem reintroduzindo os<br />
t6picos para que sejam fartamente repetidos. Provoca isto por<br />
forqa <strong>de</strong> frases imperativas ou incoativas: Urepite"(3-004),<br />
Uvamos a repetir" (3-009, 3-127, 3-166), Udile" (3-055, 3-065,<br />
3-068, 3-074, 3-127, 3-129, 3-157), Uva" (3-103, 3-135, 3-144,<br />
3-200), Ulo mismo" (105, 182, 184) etc. Observemos alguns<br />
exemplos:<br />
(104)<br />
3-004 P-3<br />
3-009 P-3<br />
rnuJER<br />
vamos a repetir , otra vez seRA (+) otra<br />
3-055 P-3 bueno , entonces , no hay mal que por bien no VENGA<br />
(+) ale , DILE , DILE r no seas TONTAA:<br />
Mas nao fica apenas nisso pais parte para estimular a<br />
repetiqao reintroduzindo as t6picos, i<strong>de</strong>ntificados e utilizados
como express6es para consolar, diretamente ou ajudando com<br />
olhares, gestos, tons convidativos e <strong>de</strong>mais recursos<br />
metalinguisticos, quase sempre acompanhados da reintrodugao da<br />
produgao que quer ver repetida: 0 t6pico relativo ao<br />
cancelamento da llbeca" (turno 3-002) e reintroduzido em 3-110,<br />
3-192 e 3-229 (aqui apenas a viagem que comportaria... ); 0 t6pico<br />
llno hay mal que por bien no venga" (turno 3-019) vera<br />
estimulada a sua reintrodugao em 3-055; lllafalta que harias tu<br />
en chile" (3-065), em 3-090, 3-127, 3-135, 3-209, 3-048; llmas<br />
vale tar<strong>de</strong> que nunca" (3-091) em 3-114; "<strong>de</strong> buena te has<br />
librado" (3-098) reaparece em 3-146 e 3-209, etc. Seria urn<br />
interessante trabalho expandir-se nurna analise sobre as<br />
implicag6es sociolinguisticas e <strong>de</strong> aprendizagem envolvidas nurna<br />
sistematica <strong>de</strong> trabalho em aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira <strong>de</strong> tao<br />
<strong>de</strong>finida linha da reiteragao e reintrodugao <strong>de</strong> assuntos, temas,<br />
express6es,<br />
reflexao.<br />
etc., mas extrapolaria as metas atuais da nossa<br />
Uma particularida<strong>de</strong> do corpus utilizado e a <strong>de</strong> contar com<br />
unida<strong>de</strong>s t6picas menores e que existem em fungao <strong>de</strong> elementos<br />
eminentemente interativos que ajudam a reorganizar a sequencia<br />
dos epis6dios; po<strong>de</strong> ocorrer, ao mesmo tempo, uma continua<br />
reintrodugao <strong>de</strong> aspectos ou partes do t6pico para atualizagao<br />
da aprendizagem. Neste sentido,o professor P-2 estimula a<br />
reiteragao <strong>de</strong> conteudos pr6ximos constantemente utilizando<br />
formas como llpreguntale all llla misma pergunta". Sao tao<br />
frequentes que preferimos remeter a sua constatagao direta na<br />
leitura da transcrigao da Aula 2. Ha casos em que a<br />
reintrodugao -por estarem mais distanciados os epis6diosparece<br />
fungao.<br />
preencher mais claramente os requisitos <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong><br />
Em ocasi6es, a reintrodugao e tao pr6xima da matriz do<br />
evento que bem po<strong>de</strong>riamos pensar que ainda se tratava do<br />
esforgo escolar <strong>de</strong> formulagao, nao fosse a presenga <strong>de</strong> alguma<br />
expressao convidando a retomada formal do t6pico. Mas ate que<br />
ponto po<strong>de</strong>ria ser afirmado se a primeira entrada ja havia sido<br />
<strong>de</strong>ixada <strong>de</strong> lado? verifiquemo-lo no caso (105), quando a<br />
particula com fungao consecutiva marca a reintrodugao:<br />
(105)<br />
4-035 A-23<br />
4-036 P-4 no haBLA-MOS<br />
4-037 A-23 <strong>de</strong> ningun tema que fuera <strong>de</strong>sconocido (+) no (3)<br />
4-038 P-4 no haBLAMOS (++)
4-039<br />
4-040<br />
4-041<br />
4-042<br />
A-23<br />
P-4<br />
A-23<br />
P-4<br />
<strong>de</strong> ningun tema<br />
<strong>de</strong> ningun tema QUE:<br />
que fuera <strong>de</strong>sconocido<br />
entonces , no hablamos<br />
ti lno?<br />
Progrnma <strong>de</strong> P6s-Gradua~'llo<br />
em <strong>Letras</strong> e l,inguistiea<br />
UFPE<br />
Em outras ocasi5es 0 fenomeno e antecipado pela fala do<br />
interveniente. Assim no caso (106), P-2 explicita nos turn os 2-<br />
026, 2-072 que vai reintroduzir uma questao, urna pergunta que<br />
traz <strong>de</strong> volta<br />
(106)<br />
os conteudos dos epis6dios prece<strong>de</strong>ntes:<br />
2-026 P-2 entonces te pregunto otra vez: lte gusta mojarte el<br />
pelo cada vez que te duchas?<br />
2-072 P-2 cada vez que as: ducha.:is? (2) repite todo ahora<br />
(2) iAl to!<br />
Po<strong>de</strong>riamos aceitar que ha. reintrodugao do t6pico quando 0<br />
t6pico e instrumentalizado para criar uma situagao <strong>de</strong><br />
aprendizagem e reintroduzido em forma <strong>de</strong> indagagao.<br />
Finalmente, no caso (107) temos uma curiosa situagao, na<br />
qual urn aluno <strong>de</strong>satento reintroduz, no turno 1-083, urn t6pico<br />
para iniciar<br />
(107)<br />
urn exercicio que acabava <strong>de</strong> ser realizado:<br />
1-069 P-l numero cuatro (++) -'--P0rque la siega es todavia<br />
para el una labor lenta? (++) A-S<br />
1-070 A-S porque non dispone <strong>de</strong>: co-se-chadora?<br />
1-071 P-l cosechadora<br />
1-072 A-S lcosechadora? (+) lbueno?<br />
1-073 A-6 muy bueno<br />
1-074 P-1 bien (+) bien (++) bien bien<br />
1-082 P-1 cinco<br />
1-083 ? lpor que la siega es para el una labor lenta?<br />
A <strong>de</strong>limitagao <strong>de</strong> epis6dios e uma fungao<br />
indicadora <strong>de</strong> alguma especie <strong>de</strong> segmentagao t6pica<br />
entre partes consistentes do discurso. Por via <strong>de</strong><br />
ligada a estrategias relati vas a progressao
circunstanciada e implicitamente, como pre-anuncio <strong>de</strong> outro.<br />
Isso nao impe<strong>de</strong> que, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> urn <strong>de</strong>terminado epis6dio t6pico<br />
<strong>de</strong>limitado mais longo, possam estar contidas outras<br />
<strong>de</strong>limitag6es menores. Nao raramente costuma se recorrer ao<br />
instrumento da repetigao para implementa-la.<br />
A <strong>de</strong>limitagao <strong>de</strong> epis6dios, <strong>de</strong> alguma maneira, contribui<br />
para estabelecer ca<strong>de</strong>ncia na concatenagao entre os t6picos, ou<br />
algo assim como 'paragrafos' a nivel t6pico (Ramos, 1983, in<br />
Marcuschi, 1992a:142-143).<br />
No texto (108) que referimos a seguir po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>tectar este<br />
aspecto ritmico quando P-4 realiza como que uma avaliagao<br />
positiva <strong>de</strong>limitadora do t6pico em curso:<br />
(108)<br />
4-105 P-4 lpero esto no es algo (+) real? (4 ) no es algo<br />
real (2) los que estudian (+) lno aprovam el<br />
examen 0 no aprobaran si van a hacerlo?(+) lno?<br />
si , si , pero no solamente aquel10s que estudian<br />
10 van a aprobar ellos<br />
[«ininteligivel»<br />
aquellos que estudian<br />
[los que estudian,<br />
aquellos que estudian (4) si estudias (+)<br />
aprobaras el examen (+) lhein? las personas (+)<br />
los que estudian (+) las personas que estudian<br />
(3) aprobaran el examen(4) lque os parece?<br />
A intervengao <strong>de</strong> P-4, po<strong>de</strong>ria ser vista, tambem, cemo<br />
reforgo no ambito da compreensao ou, tambem, como aferigao do<br />
material linguistico, mas cremos que efetivamente funciona com<br />
o carater <strong>de</strong> segmentagao t6pica, quer dizer, expressa uma<br />
<strong>de</strong>limitagao <strong>de</strong> epis6dios.<br />
Uma outra referencia semelhante e a apresentada em (109). A<br />
enunciagao <strong>de</strong> P-1, em 5-129, com tom e sentido <strong>de</strong> aprovagao, e<br />
<strong>de</strong> A-31, em 5-1<strong>30</strong>, funcionam como urn<strong>de</strong>limitador que confirma 0<br />
dificil sucesso na elaboragao do t6pico em questao no epis6dio<br />
-iniciou-se no turno 5-035- e, no contexto especifico <strong>de</strong>ssa<br />
aula, aparecem como 0 seu <strong>de</strong>sfecho explicito e como pre-anuncio<br />
implicito do novo:<br />
(109)<br />
5-035 A-34<br />
5-078 A-34 ve cOmo las aparencias, cOmo las aparencias<br />
5-129 P-1 ve:, ve: como las apariencias enganan<br />
ve como las apariencias enganan
Dentro da perspectiva da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
plurifuncionalida<strong>de</strong> concomitante que adotamos, a intervenqao <strong>de</strong><br />
P-l em 5-129, po<strong>de</strong>ria ser vista tambem como avaliqao positiva<br />
ou confirmaqao, e, por outro lado, a falaqao imediata <strong>de</strong> A-31,<br />
alem da sua funcionalida<strong>de</strong> primaria <strong>de</strong> incorporaqao, ou, quem<br />
ousaria negar, <strong>de</strong> reforqo, caberia interpreta-la como<br />
<strong>de</strong>limitaqao <strong>de</strong> epis6dios.<br />
Urnoutro caso, menos claro (110), 0 i<strong>de</strong>ntificamos em 3-001,<br />
com as variantes da expressao "montar urn dialogo" , e <strong>de</strong><br />
"siguiente"<br />
(110)<br />
y com a expressao "y tal" coadunada com "bueno"<br />
3-001 P-3 (... ) iremos, poco a poco , montando el dialo~ y<br />
<strong>de</strong>spues (++) intentaremos apren<strong>de</strong>rlo y escribirlo y<br />
:tal (+) bueno , (+) la situaci6n es la siguiente<br />
eh:: resulta que: (+) A-16 que parece la mas<br />
consolable JA ..JA ..JA ..JA ..JA ..bueno y entonces vamos a<br />
consolarla , 10 siguiente (++) ella , resulta que<br />
(+) en su trabajo Ie habian dicho que (+) iria (+)<br />
a chile (... ) y tal (++) Y bueno pues ella ya conoce<br />
mucha gente <strong>de</strong> alIi: (+) y tal (+) ya habia<br />
escri :to (+) todo el mundo la espera:ba ,y: (...) a<br />
punto <strong>de</strong> ir como siempre pasa , (+) a ultima<br />
ho:ra (... ) en fin (++) resumiendo (++) en resumidas<br />
cuentas , no va a chile , y esta <strong>de</strong>sconsolada (+) y<br />
esta <strong>de</strong>sconsolada (+)entonces vamos a intentar (+)<br />
montar el dialogo<br />
Aqui vemos uma sucessao <strong>de</strong> marcadores conversacionais<br />
repetidos, com funqoes que po<strong>de</strong>m contribuir tanto para 0<br />
simples enquadramento <strong>de</strong> algo em processo <strong>de</strong> formulaqao, como<br />
para a <strong>de</strong>limitaqao relativa a progressao t6pica, atribuinciolhes<br />
como que a dimensao espontanea que lhes correspon<strong>de</strong> como<br />
elementos discursivos, e, tambem, como urn chamado <strong>de</strong> alerta,<br />
no ambito interativo.<br />
Em todo caso, cremos ser oportuno frisar que a progressao<br />
discursiva na marca da interaqao apresenta outros mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>limitaqao, bem diferenciados dos ate aqui tratados, e que se<br />
incluem em funqoes varias como sejam a avaliaqao ou aprovaqao,<br />
a alerta ou advertencia ou a entrega <strong>de</strong> turno. Urn exemplo,<br />
entre muitos semelhantes, mostra 0 professor P-2, nos turnos 2-<br />
0<strong>30</strong> e 2-040, encerrando dois epis6dios com formulaqoes<br />
rotineiras, quase rituais: ilmuy bien" ou IJpreguntale"eu ambas.
Assim 0 encontramos na Aula 2, turnos 061, 066, 088, 100, 116,<br />
133-134,142,152,167,170,174,188,202,214,229 ...Vejamos 0<br />
episodio<br />
(Ill):<br />
(Ill)<br />
acima mencionado junto com as <strong>de</strong>mais referencias, em<br />
2-0<strong>30</strong> P-2 muy b~, preguntale a A-13<br />
2-031 A-12 A-13 , Gte gusta mojarte<br />
2-032 P-2 moJAR:<br />
2-033 A-12 mojar tu pelo toda vez que te duchas?<br />
2-034 P-2 born , Gte gusta moJARte el pelo<br />
2-035<br />
[mojarte<br />
2-036 A-12 mojarte , mojarte el pelo toda vez<br />
que que te te te?<br />
2-037 P-2 duchas?<br />
2-038 A-12 Gte duchas?<br />
2-039 A-13 sf , me gusta mojarmelo cada vez que me ducho<br />
2-040 P-2 muy bien , preguntale aA-11<br />
2-061 P-2 preguntale a: A-10<br />
2-066 P-2 muy bien 1, preguntale aho:ra a (+) A-13 Y a A-12<br />
, tratales por vosotros (5) la misma pregunta (4)<br />
bueno (2) preguntale a: 'A-I3' sobre A-II (4) la<br />
misma pregunta<br />
muy bien (+) preguntale , aella , tratandole por<br />
usted<br />
2-116 P-2 muy bien (2) preguntale ahara a A-10 sobre A-12<br />
2-133 P-2 muy bien (2)<br />
2-134 P-2 vas ahora cambiar (4) la pregunta<br />
2-142 P-2 pregunta1e a A-12<br />
2-152 P-2 la misma pregunta<br />
2-167 P-2 preguntale tu a A-II<br />
2-170 P-2 muy bien (+) ahara la misma pregunta (2) la misma<br />
pregunta<br />
gustar<br />
(+) hazle a A-IO utilizando el verbo<br />
muy bien , ahara haz esa pregunta aA-12 e a A-14<br />
(3) trata1es par vosotros (+) con el verba gustar<br />
(+) Alto<br />
muy bien (+) pregiintale a:<br />
usted<br />
2-202 P-2 muy bien , pregiintale alas dos<br />
vosotras
2-214 P-2 muy bien, vamos a hacer la misma pregunta ahara<br />
(+) y en vez <strong>de</strong> utilizar el verba gustar vamos a<br />
utilizar<br />
A-10<br />
el verba (+) soler: (+) eh preguntale a<br />
muy bien<br />
usted<br />
(++) preguntale a A-12<br />
Assim, nem todas as funqoes <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitaqao que apareqam no<br />
texto respon<strong>de</strong>m aos criterios arbitrados para a funqao ora em<br />
questao. Neste sentido, veremos, en (112), como P-3 , em 3-256,<br />
se utiliza da frase "lque te parece?" nao apenas para <strong>de</strong>marcar<br />
ou <strong>de</strong>limitar 0 discurso focalizado, mas para direcionar a<br />
indagaqao e passar 0 turno, e, ainda,para dar relevancia ao<br />
topico que se <strong>de</strong>senvolve e do qual se solicita opiniao. Porem,<br />
nao vemos que a oraqao contribua a progressao t6pica pois e<br />
marginal<br />
(112)<br />
ao t6pico:<br />
3-256 P-3 y: (+) lque te parece (+) el espanol , por<br />
temperamento, ya que el espanol es asi mas secote<br />
mas (2) cuando (+) hablamos <strong>de</strong> consolar , en<br />
espanol , a<strong>de</strong>mas <strong>de</strong>l gesto , que es 10 mas<br />
importante , este aspecto metalinguistico (+) <strong>de</strong>l<br />
gesto y tal , el aspecto <strong>de</strong> la palabra , estas<br />
frases que hemos dicho (+) lque te parece que<br />
reflejan?<br />
Enten<strong>de</strong>mos que a pergunta repetida funciona como marco do<br />
t6pico 'como consola 0 espanhol', e neste sentido como apoio a<br />
formulaqao, pr6xima a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> enquadramento e , ao mesmo<br />
tempo em sintonia com algo que po<strong>de</strong>ria vir a ser chamado<br />
'<strong>de</strong>limi taqao <strong>de</strong> epis6dio interativo', mas que nao esta posta<br />
categorialmente por nos', como funqao na estrategia discursiva.<br />
Porem, mesmo nao a reconhecendo como ligada a progressao topica<br />
do texto, enten<strong>de</strong>mos que funciona, como reforqo do proprio<br />
topico. E, ate pelo proprio caracter e significaqao da forma<br />
verbal utilizada, realiza a funqao <strong>de</strong> entrega do tu:rno. Dai<br />
po<strong>de</strong>remos consi<strong>de</strong>rar os fenomenos interativos como tendo,<br />
concomi tantemente, ora funqao <strong>de</strong> apoio a formulaqao, ora <strong>de</strong><br />
apoio a compreensao, ora como fator <strong>de</strong> argumentaqao, ora como<br />
fator <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificaqao topica.<br />
No episodio (113), em 3-313, referido antes em (70) como<br />
caso <strong>de</strong> enquadramento no ambito da formulaqao, cabe observar
outros aspectos na falagao, vacilante, <strong>de</strong> P-3. muito marcada,<br />
por conta <strong>de</strong> opinioes <strong>de</strong>spreferidas. Nela e possivel<br />
i<strong>de</strong>ntificar <strong>de</strong>limitagao do epis6dio na expressao<br />
que me da":<br />
(113)<br />
ilIaimpresi6n<br />
3-313 P-3 sf 10 que pasa eh la impresi6n que yo tengo<br />
(+) e.s~e (4) e.l (+) brasilefio , que yo estoy<br />
mucho tiempo aquf (++) 10: que: si que: tiene <strong>de</strong><br />
bueno , <strong>de</strong> muy bueno , es la convivencia (+) el<br />
temperamento vuestro para convivir (+) para el que<br />
viene <strong>de</strong> fuera , el espafiol es bueno , porque<br />
teneis una: cierta paciencia natural , sois mas<br />
tranquilos , a veces es una tranquilidad aparente<br />
porque hay gente que vive con muchas cosas<br />
interiores y aparentemente parece que no:<br />
entonces la: ahora ~mpresi6n que tengo y-o<br />
<strong>de</strong> brasil, es que el brasileno(+) tien<strong>de</strong> mas a<br />
la <strong>de</strong>presi6n (+) la impresi6n que tengo yo (+)<br />
porque , hay gente que dice (+) no , el brasilefio<br />
, la alegrfa y tal, yla impresi6n que tengo yo ,<br />
es que el brasileno, el tipo medio , es mas , mas<br />
para la <strong>de</strong>pre , para la <strong>de</strong>presi6n(+) el espafiol ,<br />
es mas (+) eh: como <strong>de</strong>cfamos aquf es mas<br />
compulsivo , mas impulsivo (+) mas <strong>de</strong> (+) nervioso<br />
(+) mas agitado (+) mas impaciente eh: y<br />
vosotros sois mas tranquilos mejores <strong>de</strong><br />
convivencia , pero la ten<strong>de</strong>ncia es: , un poquito<br />
mas (+) la <strong>de</strong>presi6n (+) la impresi6n que me da<br />
(+) Zque os parece? (2) Zestoy en 10 cierto 0 no?<br />
Sera que a frase em negrito e marginal ao t6pico? Ou, quem<br />
sabe, a frase IlIa impresi6n que me da", por se encontrar<br />
prece<strong>de</strong>ndo urnmaterial linguistico que objetiva passar 0 turno,<br />
nao ocorre suficientemente ao final do epis6dio? Isto, <strong>de</strong> fato,<br />
po<strong>de</strong> ser aceito, mas como <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> la<strong>de</strong> seu aspecto <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>limitador<br />
sente?<br />
do t6pico relativo a impressao que 0 'professor<br />
Alias, a <strong>de</strong>limitagao <strong>de</strong> epis6dios po<strong>de</strong> significar a<br />
progressao dos patamares t6picos na linha da narrativa, seja<br />
corncarater <strong>de</strong> sfntese, <strong>de</strong> resumo, <strong>de</strong> avaliagao.<br />
No corpus fica muito restrito 0 espago para po<strong>de</strong>r<br />
i<strong>de</strong>ntificar este fenomeno na linha narrativa. E, ainda, a
i<strong>de</strong>ntificagao do avango t6pico nao e simples, dado 0 carater do<br />
corpus mais voltado a ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stinadas a interagao, a<br />
formulagao e a argurnentagao.Porem, a ativida<strong>de</strong> escolar em sala<br />
<strong>de</strong> aula, avaliamos, ten<strong>de</strong> a 'topicalizar' suas pr6prias<br />
ativida<strong>de</strong>si isto ocorre quando 0 que se 'faz' e 0 que se diz<br />
que e para ser feito e 0 que se 'diz' e 0 que se faz. Em outras<br />
palavras, formulagao, interagao, arglli~entagao,compreensao,<br />
etc., ao se projetarem no discurso escolar como t6picos,<br />
carregam tambem implicita, em sua constituigao como epis6dios,<br />
como eventos, a sua pr6pria <strong>de</strong>limitagao: entao e quando 0 dizer<br />
da escola se evi<strong>de</strong>ncia como urn dizer que faz e urn fazer que<br />
diz.<br />
constatamos, mais concretamente, que 0 processo <strong>de</strong> ensin~<br />
aprendizagem se utiliza <strong>de</strong> recursos que <strong>de</strong> alguma forma<br />
interferem na dinamica dos t6picos, com elementos que tambem<br />
funcionam como <strong>de</strong>limitadores <strong>de</strong> epis6dios.<br />
Po<strong>de</strong>mos verificar esta realida<strong>de</strong> em (114), na frase do<br />
aluno A-27, na sua firmeza " esta caracterizada uma<br />
reafirmagao, subvertendo a assimetria da aula. Ap6s insistente<br />
indagagao do professor, que instalaria a suspeita sobre a<br />
formulagao proposta pelo aluno, este transmite a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
quem <strong>de</strong>cidiu dar por encerrado urnepis6dio:<br />
(114)<br />
4-080 A-27 ehm: (4) ~que: (2) l~_-U-) es ea--~dien<br />
(++) no (±>- los que es-tu-dien (++) los ----CJlle<br />
estudien (+) aprobaran el examen, no, no , es<br />
4-081 P-4<br />
[l<strong>de</strong> acuerdo? (15) lDE ACUERDO? (++)<br />
4-082 A-27 los que estudien, aprobaran el examen<br />
A atualizagao <strong>de</strong> cena e uma fungao discursiva, ligada a<br />
estrategias que visam a progressao do t6pico discursivo,<br />
atraves da qual, os interlocutores se recolocam em' cenarios<br />
conhecidos.<br />
Esta fungao e bastante recorrente <strong>de</strong>ntro dos papeis que 0<br />
professor costuma assumir em sala <strong>de</strong> aula. A atualizagao <strong>de</strong><br />
cena parece ser urn recurso orat6rio muito ligado ao estilo<br />
pessoo....<strong>de</strong> cada qual. Neste sentido e curioso constatar a<br />
intensa utilizagao que <strong>de</strong>le faz 0 professor P-3 enquanto P-l e
P-6 nao parecem recorrer a utilizaqao <strong>de</strong>sta funqao no corpus<br />
selecionado.<br />
Urn caso <strong>de</strong> atualizaqao <strong>de</strong> cena po<strong>de</strong>mos observar ern (115).<br />
As repetiqoes que incluem esquemas reiterativos tipo lllos que"<br />
ou llcuando el" obe<strong>de</strong>cem a uma intencionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagem<br />
procurada por manuais e processos <strong>de</strong> linha estruturalista;<br />
porem, ern concreto 0 professor P-4 esta lendo 0 manual, corn 0<br />
qual se <strong>de</strong>scaracteriza<br />
(115)<br />
que seja urn epis6dio conversacional:<br />
4-090 P-4 ES UN CORRELACION VERBAL , SI, (+) los que<br />
estudian (+) aprobaran (++) AH: , sf , no es una<br />
correlaci6n verbal <strong>de</strong> indicativo con subjuntivo ,<br />
no (+) mira (++) a ver en tu libro (20)el que<br />
avisa no es traidor (++) es igual , 10s que<br />
estudian (++) aprobaran: (+) 10s que quieran<br />
10s que quieren trabajar , pue<strong>de</strong>n (+) esto pue<strong>de</strong><br />
hacer (... )<br />
o caso (116) apresenta divers os materiais linguisticos que,<br />
<strong>de</strong> alguma maneira po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar que realizarn a funqao <strong>de</strong><br />
atualizar a cena: llvamos aver", llsi", llen todos", llla gente",<br />
llun"...Existe nesta fala uma especie <strong>de</strong> paralelismos ern serie:<br />
(116)<br />
3-250 P-3 bueno (++) vamos aver (+) si ahora tuvierarnos que<br />
(+) escribirlo , vamos aver si 10 escribimos , en<br />
un momentito , todo (+) bueno , pues , eLL todos los<br />
aLtios , claro , la gente tiene penas , llora y se<br />
entristece , y en todos los sitios , la gente se<br />
consuela (++) pero , 10 10 que llama la atenci6n es<br />
que el espanol , para consolar ,es un poquito asi<br />
(+) abrupto , un poco seco (... ) la psicologia parece<br />
que alIi no tiene mucho futuro , 0 sea , JA...JA...JA...<br />
la gente no tiene mucho (+) esas cuestiones <strong>de</strong>:<br />
<strong>de</strong> hacerse al otro , esas , .e.s.o.s ca , ca , el<br />
concepto es llcacoetes" (++) Gc6mo se dice ,esos:<br />
(+) eh:: pequenas manias psico16gicas que' existen<br />
(+) en estados unidos , en brasil (+) tal , y: en<br />
algunos paises <strong>de</strong>l psicologismo (+) en espana ,<br />
todavia (+) claro , la gente mas joven , quiz as ,<br />
si , pero la gente mayor , no (... ) lque os parece2<br />
(2) este aspecto <strong>de</strong> emotividad (+) <strong>de</strong>l consolar ,<br />
(...) lque os parece?
Urnestilo sernelhanteapresenta 0 aluno A-18 no turno 3-269<br />
(117):<br />
(117)<br />
3-269 A-18 si se reprime , es porque tiene verguenza <strong>de</strong>: <strong>de</strong><br />
externar: (+) tiene verguenza <strong>de</strong>: exteriorizar(3)<br />
«ininteligivel» <strong>de</strong> exteriorizar, si ele<br />
Tambem po<strong>de</strong>mos observar a fungao <strong>de</strong> atualizagao <strong>de</strong> cena no<br />
uso <strong>de</strong> particulas condicionais reiteradas; como no uso <strong>de</strong> nsi"<br />
na referencia ao turno 4-0<strong>30</strong> exposta no texto (19) em relagao a<br />
're-produgao' <strong>de</strong> estruturas.<br />
Ainda, po<strong>de</strong>mos ver como a atualizagao <strong>de</strong> cena e urnrecurso<br />
ret6rico importante para conferir agilida<strong>de</strong> e dramaticida<strong>de</strong> a<br />
narrativa. Observemos a ca<strong>de</strong>ncia no texto<br />
(118)<br />
(118):<br />
3-277 P-3 tambien, asi como aqui la gente.t.eaga:rra , ~<br />
abrazan (+) y se besan y se vuelven<br />
«ininteligivel» por <strong>de</strong>tras<br />
Por funbito da argumentagao enten<strong>de</strong>mos 0 marco te6rico no<br />
qual se incluem os fenomenos que sac <strong>de</strong>stinados a convencer os<br />
interlocutores e polemizar com eles sobre os conteudos<br />
discursivos postos em jogo. A argumentagao se refere a<br />
situagoes sociais: e a forma funcional mais apropriada para a<br />
solugao social dos problemas (Lewandowski,1992:29).<br />
Sabemos que em qualquer interagao, mesmo em contextos<br />
<strong>de</strong>mo,craticos, existem fatores, argumentos, que trabalham no<br />
sentido da persuasao, para produzir uma impressao <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, e<br />
que a argumentagao po<strong>de</strong>ra estar se dando, mesmo<br />
imperceptivelmente ou estar aguardando 0 momento da atualizagao<br />
mais ou menos explicito. Ainda mais, como precisar 0 momento<br />
argumentativo para efeitos <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scrigao fenomenol6gica?<br />
Como <strong>de</strong>lirnitar na conversagao 0 que seja argumentativo? On<strong>de</strong><br />
comeqa e on<strong>de</strong> termina na interaqao verbal 0 que seja <strong>de</strong>stinado<br />
a convencer outrem?
Se a polemizagao e mais facil <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar gragas a<br />
i<strong>de</strong>ntificagao do confronto ou contraste <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias ou posigoes,<br />
o mesmo nao ocorre quanta e <strong>de</strong>stinada a convencer, pois que<br />
macroatitu<strong>de</strong>s, macroexperiencias, a 'vida toda' , po<strong>de</strong>m ser<br />
transformadas<br />
analisadas.<br />
num discurso argumentativo e, como tais,<br />
Existe um nivel <strong>de</strong> argumentagao, racional, assentado em<br />
assertivas expressas como razoes. Existe outro, subliminal,<br />
cada vez mais omnipresente, por exemplo, nos meios <strong>de</strong><br />
comunicagao social, fundado em t6picos ou lugares comuns e,<br />
portanto, escapa do crivo da experiencia concreta.<br />
Para efeitos do trabalho, <strong>de</strong>ntro da dinamica assimetrica do<br />
discurso institucionalizado escolar, optamos por nos guiar por<br />
referenciais semanticos <strong>de</strong> oragoes assertivas <strong>de</strong>ntro da<br />
dinamica <strong>de</strong> negociagao do saber e dos turnos.<br />
No corpus, logramos a i<strong>de</strong>ntificagao <strong>de</strong> poucas contestagoes<br />
explicitas, algumas reafirmagoes claras e raros contrastes. Sem<br />
duvida porque a argumentagao mais assertiva, parece encontrar,<br />
no geral, condigoes menos favoraveis <strong>de</strong> se atualizar em<br />
dialogos curtos, fracionados, com poucas polemicas e ausencia<br />
ou carencia <strong>de</strong> temas afirmativos. Alem do mais, 0<br />
artificialismo num ambiente escolar favorece a existencia <strong>de</strong><br />
proposigoes que nao passam <strong>de</strong> treinos linguisticos<br />
<strong>de</strong>sencarnados, portanto, esvaziados do carater fluido, <strong>de</strong>nso,<br />
polemico duma conversagao que realize as fungoes plenas <strong>de</strong><br />
linguage~.. Porem, sabemos que em volta das assimetrias<br />
professor / aluno, aluno /alunos gravita uma pugna persuasiva<br />
que nao se consegue i<strong>de</strong>ntificar <strong>de</strong> imediato por fugir aos<br />
padroes formais frasais, e na qual as repetigoes <strong>de</strong>sempenham um<br />
papel fundamental. Neste sentido observamos como a dimensao<br />
argumentativa e companheira inseparavel dos momentos<br />
explicativos das aulas.<br />
A analise da transcrigao completa da Aula 2 - caracterizada<br />
pelo dinamismo e rapi<strong>de</strong>z das suas trocas <strong>de</strong> turno - nos permite<br />
perceber uma presenga maior <strong>de</strong> explicagoes na medida em que<br />
avanga 0 tempo <strong>de</strong> aula e se acentua urn certo cansago,<br />
<strong>de</strong>sencanto ou irritagao do professor, mas disto falaremos com<br />
mais <strong>de</strong>talhes ao tratarmos da reafirmagao.
A reafirmagao e uma fungao discursiva, que atua como<br />
estrategia ligada a argurnentagao, que fortalece a centralida<strong>de</strong><br />
da mensagem do t6pico em andamento, ao ser reiterado 0 eixo <strong>de</strong><br />
uma assertiva. Na reafirmagao, a repetigao e urn componente<br />
essencial<br />
afirmativo.<br />
por se tratar da reiteragao <strong>de</strong> urn enunciado<br />
No corpus, como ja frisamos, em algumas das aulas, ha uma<br />
notavel carencia <strong>de</strong> epis6dios <strong>de</strong> carater claramente<br />
argumentativo, e como consequencia fica prejudicada a<br />
inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> repetigoes utilizadas para realizar a fungao<br />
argumentativa; boa parte dos dialogos costurnacorrespon<strong>de</strong>r mais<br />
bem a tentativas ligadas a compreensao, formulagao e interagao;<br />
isso faz com que a fungao da reafirmagao, e 0 seu componente<br />
repetitivo, encontre menos oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrer. Nas<br />
gravag6es das Aulas 1, 5, 6, apenas conseguimos i<strong>de</strong>ntificar urn<br />
epis6dio <strong>de</strong> carater argumentativo q~e , po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> base para<br />
a ocorrencia <strong>de</strong> uma reafirmagao. Observemo-lo no caso (119),<br />
quando urn bem-humorado professor P-1 recusa como tentativa <strong>de</strong><br />
envenenamento<br />
presente:<br />
(119)<br />
a proposta <strong>de</strong> the oferecerem urn perfume <strong>de</strong><br />
1-017 A-6 OH: P-l nao usa perfume<br />
1-018 P-1 <strong>de</strong> especie alguma<br />
1-019 Varios JA... JA ..JA ..JA ..JA ..JA ..<br />
1-020 P-1 [no me envenenen<br />
1-021<br />
[nos sugerimos<br />
1-022<br />
[no me envenenen<br />
Porem, quando, em <strong>de</strong>terminadas aulas, como alertavamos ha<br />
pouco a respeito da Aula 2, se parte para epis6dios <strong>de</strong> tipo<br />
explicativo po<strong>de</strong>mos observar como se utilizam as reafirmagoes<br />
como estrategia <strong>de</strong> formulagao recorrente. Assim ocorre no texto<br />
(120), que agrupa uma serie <strong>de</strong> momentos da Aula 2 em que 0<br />
ritmo frenetico <strong>de</strong> trocas <strong>de</strong> turno e, por instantes,<br />
ralentizado pelo professor a fim <strong>de</strong> introduzir breves<br />
comentarios argumentativos. A marca argumentativa e introduzida<br />
por expressoes como nes" (turno 2-581), nsiempre es" (turno 2-<br />
870), nes que" (turno 2-924), neso es importante porque<br />
son" ("'-.urno 2-683), "esbl" (turno 2-765) ou nporque si ...es"<br />
(turno 2-902). Observemos:
(120)<br />
2-581 P-2 Gc6mo les vaA:'lsi, mira porque aqui est.e va es<br />
impersonal es « 0 professor escreve no quadre<br />
negro» leomo la vida t.e va? entonces s6lo va a<br />
cambiar el pronombre <strong>de</strong>pendiendo <strong>de</strong> la persona<br />
[no se:: [muy bien, no se<br />
la cuentes (2) A-10 (+) mira , eso es<br />
import.ant.e porque son cosas que en el lenguaje<br />
corriente suce<strong>de</strong>n mucho , imaginate esta cosa ,<br />
por ejemplo , eso podria suee<strong>de</strong>r en eualquieJ;<br />
entre dos personas , cuentaselo , se 10 cuentes ,<br />
no se que , ah , ah , ah (... )<br />
estas tratando ele por tu, mira que aqui siempre<br />
es imperati:vo referi:do a tu (+) siempre<br />
referido a t.ii (+) afirmativo negativo (+:) siempre<br />
referido a t.ii<br />
mira, tu vas a <strong>de</strong>cir a ~ 14 (++ ) que pida el<br />
dinero a A-10 (+) porque si tu , si t.ii no le<br />
dices y el no entien<strong>de</strong> el a pedir a ti , es peor<br />
para ti leh , mejor~ mejor que Ie<br />
digas<br />
va:<br />
ya (+) mejor que Ie pida a un cara porque<br />
10 has dicho «ininteligivel»el problema es que<br />
uste<strong>de</strong>s tienen que ,~e saber que saber el<br />
imperativo , y saber (+) y saber 10 que estan<br />
<strong>de</strong>ciendo, (...)<br />
Na medida em que 0 <strong>de</strong>senrolar da aula avanga e os mesmos<br />
erros se repetem como expressao <strong>de</strong> que alguns alunos nao<br />
conseguem apreen<strong>de</strong>r satisfatoriamente os conteudos da aula,<br />
aparece um sentimento <strong>de</strong> irritagao crescente por parte do<br />
professor. A analise conversacional revela urn incremento das<br />
reafirmag5es por parte do professor P-2. Surge, entao a<br />
hip6tese <strong>de</strong> se a reafirmagao funcionaria como recurso<br />
interativo <strong>de</strong> preservagao da face do professor, viabilizando<br />
mascarar os sentimentos hostis que Ihe produzem os continuados<br />
erros e a inutilida<strong>de</strong> das constantes correg5es.<br />
No caso (121), em 4-248, 0 longo silencio <strong>de</strong> 12 segundos<br />
nao impe<strong>de</strong> que A-20 se reafirme em sua produgao linguistica<br />
ina<strong>de</strong>quada, quando 0 <strong>de</strong>sejado pelo grupo seria que se<br />
autocorrigisse utilizando a forma <strong>de</strong> relativo illo <strong>de</strong> ", que e<br />
a aconselhada para 0 caso por nao antece<strong>de</strong>r a urnverbo:
(121)<br />
4-248 A-20<br />
4-249 P-4<br />
4-250 A-20<br />
10 que dijo sobre el piropo no es cierto(12) 10<br />
que dijo no es cier~o<br />
10 DEL piropo<br />
10 <strong>de</strong>l piropo no es cierto<br />
No caso (122), num clima <strong>de</strong> in<strong>de</strong>fini~ao, 0 aluno A-21 parte<br />
para reafirmar, com muita proximida<strong>de</strong>, a resposta ou<br />
formula~ao<br />
vacilante:<br />
(122)<br />
que consi<strong>de</strong>ra a<strong>de</strong>quada, perante urn professor<br />
4-020 A-21 e aprovechara I laprovechara no es?<br />
varios<br />
4-021 P-4 lhein:?<br />
4-022 A-21 aprovechara<br />
4-023 varios aprovechases<br />
4-024 P-4 aproveCHA::(++)<br />
4-025 A-21 ra<br />
4-026 P-4 AAH:: lhas dicho aprovecharas? habla fuerte<br />
4-027 A-21<br />
APROVECHARA<br />
lhas dicho aprovechara?<br />
se aprovechara (... )<br />
Na mesma linha, em (123), po<strong>de</strong>mos constatar 0 confronto <strong>de</strong><br />
pontos <strong>de</strong> vista entre 0 professor P-4 e 0 aluno A-21, cada qual<br />
reafirmando suas posigoes, ate 0 professor perceber, em 4-034<br />
que 0 aluno tambem estava com a razao:<br />
(123)<br />
4-0<strong>30</strong> P-4 (...) y si esto es un: preterito (+) preterito<br />
imperfec±Q, si consi<strong>de</strong>ramos esto un::<br />
4-031 ?<br />
4-032 P-4 imperfec~o<br />
4-033 A-21 perfec~o<br />
4-034 P-4 imperfec~o (+) si, hum: si, perfecto· (2) 0:<br />
imperfecto <strong>de</strong> subjuntivo si consi<strong>de</strong>ramos' esto un<br />
(+) un in<strong>de</strong>finido (3) lno? (3)diz (2) A-22 (++)<br />
COmo indicativo<br />
A sequencia prossegue, com 0 professor confirmando que A-23<br />
<strong>de</strong>va assumir a formulagao linohablamos" tal como proposta pelo<br />
colega A-21 (124):
(124)<br />
4-035 A-23<br />
4-036 P-4<br />
4-037 A-23<br />
4-038 P-4<br />
4-039 A-23<br />
4-040 P-4<br />
4-041 A-23<br />
les esta frase, es? (++)no hablamos (+)<br />
no haBLA-MOS<br />
<strong>de</strong><br />
(3)<br />
ningun tema que fuera <strong>de</strong>sconocido (+ ) no<br />
no haBLAMOS (++)<br />
<strong>de</strong> ningun tema<br />
<strong>de</strong> ningun tema QUE:<br />
que fuera <strong>de</strong>sconocido<br />
No texto (125) temos um caso curioso, pois P-3 passa<br />
imediatamente<br />
(125)<br />
da duvida ou vacilagao a insistente afirmagao:<br />
3-028 A-16 «ininteligfvel» esto sea ha perdido la vigencia?<br />
3-029 P-3 sf quizas sea , ha caducado, se dice ha<br />
No texto (126), em 3-053 e reafirmada a assertiva feita,<br />
repetidas vezes em 3-050, que e ressonancia do asseverado no<br />
texto prece<strong>de</strong>nte, em 3-029:<br />
(126)<br />
3-050 P-3 pero no se dice como aquf , esta caducan:do , no<br />
se dice (+) se dice es un viejo caduco, sf<br />
3-051 varios [JA...JA...JA...JA...JA...JA...<br />
3-052 A-19 ah: es un viejo caduco<br />
3-053 P-3 un viejo caduco, sf<br />
No texto (127) po<strong>de</strong>mos verificar como 0 professor P-3, num<br />
ambiente muito bem-humorado, insiste, em 3-077 e 3-080, na<br />
inutilida<strong>de</strong> das 'reuniones', e, em 3-086, na falta <strong>de</strong> novida<strong>de</strong><br />
que elas<br />
(127)<br />
representam, reafirmando a teoria exposta em 3-074:<br />
3-074 P-3 dile que esas reuniones £On siempre iguales, es<br />
todo 10 mismo<br />
3-076 A-I8<br />
3-077 P-3<br />
3-078 A-18<br />
3-080 P-3<br />
3-081 A-18<br />
lque las reuniones?<br />
~niones no sirven pa nada<br />
lIas reuniones?<br />
esas reuniones no sirven para nada<br />
AH: JA...JA...JA...JA...esta reunion no sirve para na:da<br />
(++ ) JA...JA...JA...JA...
Nem sempre e <strong>de</strong>masiadamente clara a distingao entre uma<br />
repetigao <strong>de</strong> reforgo e uma <strong>de</strong> reafirmaqao, por nao ficar tao<br />
nitida como <strong>de</strong>sejariamos a equagao: compreensao / argumentaqao<br />
versus i<strong>de</strong>ntificagao do item lexical mais importante / sugestao<br />
<strong>de</strong> centralida<strong>de</strong> da assertiva. No caso (122), por exemplo, po<strong>de</strong><br />
ser consi<strong>de</strong>rado que A-21, em 4-027, se reafirma na formulaqao<br />
por ele proposta como expressao da sua compreensao da questao<br />
colocada e, neste sentido, mesmo que nada argumenta<br />
formalmente. Porem, em virtu<strong>de</strong> da emoqao com a que realiza, em<br />
falaqao superposta, a reafirmagao nuclear da sua produgao<br />
linguistica -"HE DICHO APROVECHARA"-, posta em questao pelo<br />
professor " sera que, <strong>de</strong> fate e no contexto, nao esta<br />
funcionando como uma argumentaqao que se impoe como <strong>de</strong>correncia<br />
<strong>de</strong> alguma especie <strong>de</strong> 'consciencia' ou intuigao gramatical?<br />
Nessa linha <strong>de</strong> reflexao, sobre a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar<br />
no corpus a reiteragao do eixo da~ assertivas fortalecendo a<br />
centralida<strong>de</strong> da mensagem do t6pico, assinalamos que na<br />
transcriqao i<strong>de</strong>ntificada como Aula 5, nao conseguimos dar com<br />
nenhum fen6meno <strong>de</strong> repetiqao que nos permita i<strong>de</strong>ntifica-la como<br />
estrategia argumentativa <strong>de</strong> reafirmaqao.<br />
o contraste e uma funqao discursiva, no ambito da<br />
argumentagao, que ocorre quando 0 interlocutor estabelece uma<br />
correlagao contrastiva, entre oraqoes assertivas <strong>de</strong> estruturas<br />
paralelas, que vem significar 0 fortalecimento <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>lc:.sem<br />
<strong>de</strong>trimento da outra. Existe uma ten<strong>de</strong>ncia na oralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />
utilizar a reiteraqao <strong>de</strong> produqoes linguisticas para gerar<br />
contrastes <strong>de</strong> eficiente papel persuasivo.<br />
o contraste apresenta diversas possibilida<strong>de</strong>s estruturais<br />
<strong>de</strong> implementaqao que se afastam da estrutura argumentativa da<br />
l6gica formal, pois os interlocutores passaro a contar com os<br />
efeitos <strong>de</strong> sentido que se produzem na relaqao interativa.<br />
Assim, 0 contraste com fungao argumentativa passa a ser gerado<br />
ao se estabelecer uma oposiqao ou se configurar alguma especie<br />
<strong>de</strong> cO:'1traposigaosemantica, morfossintatica, ritrnica, tonal,<br />
entoacional, argumentativa, mo<strong>de</strong>lica ou/e factual entre
o caso (128) nos apresenta urn episodio <strong>de</strong> contraste via<br />
contraposi~ao semantica argumentativa, que po<strong>de</strong>riamos<br />
contabilizar como contesta~ao: nele po<strong>de</strong>mos verificar como 0<br />
professor P-3 <strong>de</strong>scarta uma proposi~ao apresentada pelo aluno<br />
como a<strong>de</strong>quada contrapondo a ela uma outra nao literal que a faz<br />
aparecer<br />
(128)<br />
como algo que traz no bojo uma contradi~ao:<br />
3-114 A-17 mas vale tar<strong>de</strong> que nunca<br />
3-115 ?<br />
3-116 P-3 lmas vale tar<strong>de</strong> que nunca?<br />
3-117 A-17 si<br />
3-118 P-3 OSTRAS , mas vale tar<strong>de</strong> que nunca , no , cuidao<br />
(+) JA..JA..JA..JA..JA..JA..(+) es que aqui es nunca ,<br />
no es tar<strong>de</strong> (+) 0 sea como si JA..JA..JA..: aver (+)<br />
bueno (+) ella esta muy triste , aver<br />
No caso acima, a estrutura paralela semelhante com a que e<br />
formulada a indaga~ao gera urn contraste <strong>de</strong> indole semantica que<br />
real~a on<strong>de</strong> se acha a centralida<strong>de</strong>, 0 eixo do interesse da<br />
questao em andamento: a ina<strong>de</strong>qua~ao da produ~ao linguistica<br />
efetivada por A-17.<br />
Ja no caso (129) se verifica um contraste argumentativo,<br />
via afirma~ao/nega~ao:<br />
(129)<br />
2-726 P-2 mira , haga es imperativo referido a usted (+) pero<br />
no quiero que trates T que Ie trates por us-tad,<br />
quiero que 10 le trates por tu(+) repite<br />
Em (1<strong>30</strong>)<br />
professor P-2<br />
que se diz<br />
(1<strong>30</strong>)<br />
2-924 P-2<br />
o contraste fica estabelecido na interven~ao do<br />
entre Jfalar-com-saber' ou e Jfalar-sem-saber' do<br />
(...) el problema es que uste<strong>de</strong>s tienen que que<br />
saber que saber el imperativo y saber (+) y<br />
saber 10 que estan <strong>de</strong>cie.m::kLf- porque a veces yo yo<br />
me doy cuenta <strong>de</strong> que estan (+) hablando (+) como ,<br />
como dicen una cosa <strong>de</strong> memoria, sin saber 10 que<br />
estan diciendo (...)<br />
o caso (131) permite observar urn contraste resultante mais<br />
bem <strong>de</strong> estrategias argumentativas: a questao sobre a
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> supressao ou nao <strong>de</strong> um antece<strong>de</strong>nte 0 professor<br />
respon<strong>de</strong>, ora afirmativamente, ora restritivamente, <strong>de</strong> forma<br />
que evolui do suprimir para urntipo <strong>de</strong> fenomeno como ~cambiar-,<br />
mudar ou uma forma atenuada <strong>de</strong> supressao:<br />
(131)<br />
4-189 a-20 pero e1 antace<strong>de</strong>nte lno es <strong>de</strong>l dia?<br />
4-190 ?<br />
~l antece<strong>de</strong>nte no pue<strong>de</strong> ser suprimido?<br />
4-191 p-4 pue<strong>de</strong> ser suPRIMI:DO, sf (+) no es que se suprima<br />
(+) aquf estamos (+) esta:mos: (+) cambiandola<br />
frase para (+) exprimir 10 mismo (+) expresar 10<br />
mismo (... )<br />
No caso (132) po<strong>de</strong>remos confirmar a coinci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> varios<br />
tipos <strong>de</strong> contraste. Em principio, 0 das express5es mais<br />
direcionais e <strong>de</strong>iticas "mira" e "aqui" que, geram tambem urna<br />
contraposi
2-197 P-2 seCARSE «prossegue escrevendo e assinalando no<br />
quadro negro» (... ) los otros (+) es igual ,me ,<br />
me (+ )"te -ce (+ ) noa nos (+ ) os , os (2 )<br />
tercera persona <strong>de</strong>l singular y <strong>de</strong>l plural cambian<br />
(++) aqui, se, es un pronomhre reflexivo (++)<br />
aqui es el pronombre personal referido a<br />
persona , les (+) aqui , es referido a persona ,<br />
aqui es (+) reflexivo (+) entao si eu me seco (+~<br />
es reflexivo (+) si ella se seca, en-conce e (+)<br />
ella se seca pero Ie gusta quien a ella (2) Ie es<br />
pronombre que se refiere a ella pero no es<br />
reflexivo (++) reflexivo es se (2) aqui Ie gusta<br />
es (...)<br />
Nesta perspectiva analitica, po<strong>de</strong>mos intuir que muito do<br />
que se faz em aulas <strong>de</strong> orientagao comunicativa po<strong>de</strong> ser<br />
avaliado como tendo uma perspectiva contrastiva, persuasiva, <strong>de</strong><br />
apoio a aprendizagem.<br />
A contestagao e uma fungao discursiva, no ambito da<br />
argumentagao, pela qual fica estabelecida uma 0poslgao ou<br />
discordancia entre assertivas <strong>de</strong> interlocutores. Esta oposigao<br />
ou discordancia po<strong>de</strong> ser atualizada e percebida em varios<br />
niveis <strong>de</strong> explicitu<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m abranger <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 0 simples<br />
questionamento interrogativo, passando pela recusa em mol<strong>de</strong>s<br />
ret6ricos classicos e alcangar a negagao explicita e direta. 0<br />
recurso a repetigao parcial e recorrente na argumentagao<br />
contestat6ria pois serve <strong>de</strong> alicerce e suporte <strong>de</strong>sse discurso.<br />
Em aula <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> lingua estrangeira ha uma ten<strong>de</strong>ncia a ser<br />
uma fungao posta em agao preferencialmente pelo professor<br />
(po<strong>de</strong>riamos<br />
sentido) .<br />
afirmar que se trata <strong>de</strong> uma agao marcada neste<br />
A corregao, apesar <strong>de</strong> inserida no amhito da formulagao,<br />
representa uma contestagao implicita da produgao elaborada pelo<br />
interlocutor que exerce 0 turno. Assim, por exemplo quando 0<br />
professor P-2, em 2-042, grita "iALTO!", segundo as regras<br />
implicitas reguladoras da organizagao interacional na sala <strong>de</strong><br />
aula, esta iniciando uma contestagao (seja referida ao erro <strong>de</strong>
formulagao, quando equivaleria a Inao prossiga', seja referida<br />
a altura da voz, quando equivaleria a Inao fale tao baixo');<br />
contestagao que sera justificada, sem mais explicitu<strong>de</strong>, pela<br />
formulagao que realizara a seguir (a forga argumentativa<br />
radicaria ja na a<strong>de</strong>quagao que passa aos participantes a propria<br />
assertiva)(133):<br />
(133)<br />
2-041 A-13 A-II, Gte gusta mojar tu pelo cada<br />
2-042 P-2 [iALTO!<br />
2-043 P-2 te gusta moJA:RTEEL palo<br />
Um outro caso <strong>de</strong> contestagao reiterada (134) permite<br />
verificar 0 quanta uma fungao <strong>de</strong> contestagao a formulagao, em<br />
muitas ocasioes, e a ante-sala da corregao; esta, implica,<br />
simultaneamente e <strong>de</strong> alguma forma, tambem em algo <strong>de</strong> avaliagao:<br />
(134)<br />
3-186 A-16 mira gente que tragedia<br />
3-187 P-3 mira , mira , no (+) mirad , mira gente , no<br />
A opgao sera a <strong>de</strong> tentar contabilizar no campo da<br />
contestagao apenas assertivas como as prece<strong>de</strong>ntes que contenham<br />
uma certa explicitu<strong>de</strong> contestatoria.<br />
Na oralida<strong>de</strong>, e, mais ainda, em textos mais espontaneos,<br />
havera uma gran<strong>de</strong> ten<strong>de</strong>ncia a que esta fungao venha c. ner<br />
implementada por heterorrepetigoes.<br />
No caso (135) po<strong>de</strong>mos constatar como 0 professor P-l, em<br />
forma indagativa, abre urn espago para 0 questionarnento -0 que<br />
po<strong>de</strong> ser interpretado como um primeiro sinal ou nivel <strong>de</strong><br />
cont'estagao- sem sucesso; <strong>de</strong>pois, a raiz <strong>de</strong> outras<br />
intervengoes confirmatorias da formulagao do aluno A-<strong>30</strong>, parte<br />
para a contestagao pura e simples, utilizando 0 adverbio<br />
alem <strong>de</strong> incorporar a formulagao motivadora da recusa:<br />
(135)<br />
5-017 A-<strong>30</strong><br />
5-018 A-31<br />
5-019 P-l<br />
'no',<br />
5-020 A-31 todo bien (+) JA ..JA ..JA lno?<br />
5-021 A-<strong>30</strong> JA ..JA ..JA...TODO BIEN<br />
5-022 A-31 leOMO ESTAS?<br />
5-023 ?<br />
5-024 A-31
o caso (136) apresenta uma contestaqao por parte do<br />
professor P-4 a urnquestionamento do aluno A-21:<br />
(136)<br />
4-178 A-21<br />
no no subs no SUSTITUI que<br />
antece<strong>de</strong>nte que vieneante <strong>de</strong> que<br />
o <strong>de</strong> quienes (... )<br />
Fenomeno interessante po<strong>de</strong>mos verificar em 4-080 (137).<br />
Po<strong>de</strong>riamos aceitar que se trata <strong>de</strong> uma tentativa falha <strong>de</strong><br />
auto - contestaqao, pois 0 falante reproduz, :vacilando,<br />
aferindo uma e outra vez a sua produqao sua assertiva inicial.<br />
Mas, sente que essa nao e a soluqao <strong>de</strong>sejada ou aceitavel,<br />
talvez porque 0 Iivro <strong>de</strong> texto J preten<strong>de</strong> ' que se chegue a<br />
outra formulaqao (justamente a que 0 professor apresentara como<br />
pergunta, em 4-084, ap6s duas perguntas questionadoras<br />
anteriores) :<br />
(137)<br />
4-080 A-27 los que: (2) los que: (3) es es-tu- dien<br />
(++) no (+) 10s que es-tu-dien (++ ) 10s que<br />
estudien (+) aprobaran el examen , no, no , es<br />
4-081 P-4<br />
[ l<strong>de</strong> acuerdo? (15) lDE ACUERDO? (++)<br />
4-082 A-27 10s que estudien, aprobaran el examen<br />
4-083 P-4 lDE ACUERDO? (3)<br />
4-084 P-4 lpor que no presente , 10s que estudian?<br />
Depois, (caso 138), A-21 acaba acatando, em 4-109, 0<br />
questionamento realizado em cima <strong>de</strong> suas pr6prias proposiqoes<br />
<strong>de</strong> acordo com 0 invocado pelo professor em 4-090...Em<br />
consequencia, todo 0 processo discursivo questionador levado a<br />
efeito sabemos ser injustificavel em espanhol normativo, tanto<br />
se avaliado do ponto <strong>de</strong> vista formal, sintatico, como se<br />
contextualizado. 0 mais curioso e que A-21, em 4-106, contesta<br />
convenientemente a posiqao do professor e <strong>de</strong> outros colegas<br />
para imediatamente per<strong>de</strong>r os papeis e abrir mao da sua posi9ao,<br />
como que acatando uma situac;ao <strong>de</strong> apagamento que Ihe<br />
correspon<strong>de</strong> como consequencia direta da relaqao assimetrica <strong>de</strong><br />
I saber' (ou I suposto-saber') / I nao saber'(ou I suposto-nao-
saber' ) ali instalada. Po<strong>de</strong>mos constatar uma serie <strong>de</strong><br />
posicionamentos que funcionam pragmatica e dialeticamente ora<br />
como aprovaqao ora como contestagao das diferentes posigoes que<br />
vao sendo assumidas:<br />
(138)<br />
4-088 P-4 el que estudia aprobara lno? (+) esto no es una<br />
4-089 A-27<br />
suposici6n<br />
entonces lno es una correlaci6n?(+)<br />
4-090 P-4 ES UN CORRELACION VERBAL , 51, (+) 10s que<br />
estudian (+) aprobaran (++) AH: ,sf, no es una<br />
correlacion verbal <strong>de</strong> indicativo con subjuntivo ,<br />
no (... ) cuando el antece<strong>de</strong>nte es conocido (4) se<br />
usa el indicativo {+) cuando el antece<strong>de</strong>nte no es<br />
conocido se usa el subjuntivo (2) laqui<br />
~onocemo~el antece<strong>de</strong>nte? (10)<br />
4-091 A-27 no<br />
4-093 P-4 llos que estuD1AN?<br />
4-094 A-28<br />
rit----Si.<br />
4-095 P-4 lconocemos estos?<br />
4-096 ? sf<br />
4-097 ? no<br />
4-098 ? sf<br />
4-099 A-21<br />
4-100 P-4<br />
4-101 A-21 no , no conocemos<br />
4-102 A-20 los que estudien<br />
4-103 P-4 10s que estudien laprobaran? (10)<br />
4-104 A-20 no<br />
4-105 P-4 lpero esto no es algo (+) real? (4 ) no es algo<br />
real (2) los que estudian (+) l no aprovam el<br />
examen 0 no aprobaran si van a hacerlo ? (+) lno?<br />
si , si , pero no solamente aquellos que estudian<br />
10 van a aprobar ellos<br />
[«ininteligivel»<br />
que estudian<br />
[los que estudian, aquellos<br />
aquellos que estudian (4) si estudias (+)<br />
aprobaras el examen (+) lhein? las personas (+)<br />
los que estudian (+) las personas que estudian<br />
(3) aprobaran el examen (4) lque os parece?<br />
e:, tiene raz6n (+) no es <strong>de</strong>sconocido es<br />
implicito
Program a <strong>de</strong> P6s-Grndnll.G~o<br />
em L€tra~ e LinguL5tica<br />
UFPE<br />
hu-hu (+ ) porque sabemos que a persona que<br />
estudia (+) esta aprobara el examen lno? (2) no<br />
es algoo: hipotetico (7) la quien Ie toca?<br />
Consi<strong>de</strong>ramos ambito da intera~ao 0 marco te6rico que visa a<br />
compreen<strong>de</strong>r e apreen<strong>de</strong>r os fenomenos relativos a implica~ao <strong>de</strong><br />
varios agentes em atos que estao mutuamente relacionados entre<br />
si (Dijk,1988:266}.A sua atualiza~ao funcional, com<br />
frequencia, emerge acompanhando a implementa~ao <strong>de</strong> fun~oes<br />
caracteristicas <strong>de</strong> outros ambitos do texto/discurso<br />
Marcuschi (1988:51): liE facil constatar que 0 uso mais<br />
comum da lingua no dia a dia se da nas interaqoes verbais face<br />
a face, sem limite <strong>de</strong> situaqoes, contextos, condiqoes, formas e<br />
interesses". Em todos os tipos <strong>de</strong> eventos (casuais ou<br />
institucionalizados) se po<strong>de</strong>m constatar assimetrias ou<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s geradoras <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e fontes <strong>de</strong> controle.<br />
Viana (1992:145) enten<strong>de</strong> que 0 valor das a~oes<br />
linguisticas, assim como a escolha do padrao entoacional,<br />
resultam da intera~ao do contexto situacional com 0<br />
informacional: "A resposta do ouvinte vai estar condicionada as<br />
informa~oes suprassegmentais associadas a estrutura linguistica<br />
ao nivel segmental".<br />
Tannen (apud Marcuschi, 1992a:31-32) aponta urnhorizonte no<br />
sentido <strong>de</strong> que a repetiqao constituiria 0 fio condutor da<br />
interaqao ao propiciar 0 envolvimento dos falantes em seus<br />
neg6cios interacionais.<br />
Com Gurnperz (1989:63-64), enten<strong>de</strong>mos que 0 saber ,social e<br />
construido em processos <strong>de</strong> intera~ao, sob 0 governo <strong>de</strong> regras,<br />
negociando as interpreta~oes, fundamentada a relaqao no<br />
principio <strong>de</strong> colabora~ao;<br />
Signorini (1991:127) ve toda e qualquer intera~ao como "urna<br />
forma <strong>de</strong> confronto <strong>de</strong> expectativas e valores <strong>de</strong> cunho social".<br />
No funbi to da interagao e possivel i<strong>de</strong>ntificar urn enorme<br />
leque <strong>de</strong> fun~oes, mais ou menos frequentes e salientes.
Marcuschi (1992a) , em sua tipologia, consi<strong>de</strong>rou cinco:<br />
monitorac;;ao <strong>de</strong> turno, ratificac;;ao do papel <strong>de</strong> interlocutor,<br />
incorporac;;ao, responsivida<strong>de</strong> e humor / ironia. Por nossa parte,<br />
impelidos pelas caracteristicas do corpus, acrescentamos quatro<br />
func;;oesmais: avaliac;;ao,entrega do turno, prolongac;;ao do turno<br />
e provocac;;ao/alerta. Modificamos 0 nome da ratificac;;aodo papel<br />
<strong>de</strong> ouvinte pelo <strong>de</strong> confirmagao <strong>de</strong> audiencia, porque aquele<br />
vivia nos levando a eng<strong>anos</strong>.<br />
Deixaremos <strong>de</strong> fora outras func;;oes menos recorrentes<br />
(<strong>de</strong>sculpa, duvida, <strong>de</strong>screnc;;a, emoc;;ao,ira... ); nao tentaremos a<br />
J <strong>de</strong>scoberta' da iconicida<strong>de</strong> ritmica ou me16dica ou pros6dica;<br />
quase nada falaremos do silencio, do grito, da pausa, do canto,<br />
da metafora ...Apenas consignaremos aqui alguma intervenc;;ao <strong>de</strong><br />
orientac;;ao nao linguistica (etnografica, tecnica) e<br />
paralinguistica, dos professores para a~ministrar a gravac;;aodo<br />
som (ate carregando 0 gravador pela sala ... ), a fim <strong>de</strong><br />
propiciarem melhores condic;;oes<strong>de</strong> audic;;aoe transcric;;ao (Uhabla<br />
fuerte para no dar trabajo a Miguel" turno 4-223; uhabla<br />
fuerte", turnos 4-026, 4-028; uhabla fuerte y alto", turno 4-<br />
062, ;"fuerte", turno 4-078; Ualto", turnos 2-042, 2-072, 2-<br />
112, 2-129, 2-148, 2-174, etc.).<br />
5.6.1. Avaliaqao<br />
A avaliac;;aoe uma func;;aodiscursiva vinculada a estrategias<br />
que acompanham a interac;;ao, que se <strong>de</strong>stina a atribuir valor a<br />
produc;;aolinguistica em curso. Po<strong>de</strong> se apresentar como apoio ou<br />
estimulo, como confirmac;;ao ou aprovac;;aoou como reprovac;;ao ou<br />
rejeic;;ao. Outrossim, este tipo <strong>de</strong> func;;ao,com frequencia, vem<br />
acompanhada <strong>de</strong> tom ou curva entoacional euf6rico. Nao raramente<br />
acompanhara produc;;oesargumentativas.<br />
No corpus, divers os cas os dos ate agora analisados em<br />
outros angulos, ambitos e func;;oes po<strong>de</strong>m ser vistos na<br />
perspectiva interativa; facilmente ela vem implement~da pela<br />
repetic;;ao da produc;;ao linguistica submetida a avaliac;;ao, <strong>de</strong><br />
modo contiguo ou mui to prOXl.IDO, acompanhada <strong>de</strong> f6rmulas ou<br />
enunciados fixos ou marcadores <strong>de</strong> ressonancia valorativa como<br />
JJbien", JJmuy bien", JJbueno", JJvale", etc.<br />
A curva entoacional <strong>de</strong> euforia po<strong>de</strong>mos constata-la no par<br />
adjacente do caso (139); 0 professor P-1 expressa 0 seu<br />
entusiasmo em relac;;aoa produc;;ao linguistica proferida por
A-31, que coinci<strong>de</strong> com a <strong>de</strong>sejada:<br />
(139)<br />
5-026 A-31<br />
5-027 P-l<br />
No caso (140) temos uma curiosa sequencia, que vimos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
o horizonte da reafirmaqao (caso 122), na qual aparece urnaluno<br />
formulando corretamente, no entanto 0 professor parece nao ter<br />
captado este fate e por isso insiste em apartes <strong>de</strong> cunho<br />
paralinguistico (llhabla fuerte") <strong>de</strong> orientaqao funcional<br />
interativa, ate reconhecer a pr6pria <strong>de</strong>ficiencia, realizar uma<br />
avaliaqao positiva da produqao do aluno utilizando, a seguir,<br />
enunciados fixos, e pedir <strong>de</strong>sculpas por isto:<br />
(140)<br />
4-022 A-21 aprovechara<br />
4-023 varios aprovechases<br />
4-024 P-4 aproveCHA: :(++)<br />
4-025 A-21 ra<br />
4-026 P-4 AAH:: lhas dicho aprovecharas? habla fuerte<br />
4-027 A-21<br />
[HE nrCHO APROVECHARA<br />
4-028 P-4 lhas dicho aprovechara? , habla fuerte(+) que se<br />
aprovechara , bien , que fuera interesan:te (++)<br />
muy bien , perd6n (... )<br />
E muito habitual encontrarmos enunciados fixos, tipo llmuy<br />
bien", que, alem <strong>de</strong> funcionar como marcadores conversacionais<br />
realizam uma funqao <strong>de</strong> aprovaqao. 0 recurso aos enunciados<br />
fixos com funqao avaliativa, por conta da sua situaqao textual<br />
final e sua recorrencia e ritmo, conferem ao discurso uma<br />
ca<strong>de</strong>ncia graqas a qual funciona como instrumento para <strong>de</strong>limitar<br />
outro(s) epis6dio(s) prece<strong>de</strong>nte(s), pois que implicitamente sao<br />
entendidos, interpretados como culminaqao <strong>de</strong> urn epis6dio ou<br />
tarefa trabalhada e pre-anuncio do novo. Na sua reiteraqao, no<br />
contexte da mesma aula, ressoam nos ouvidos do grupo como auto<br />
e heterorrepetiqoes que produzem efeitos <strong>de</strong> sentido<br />
diferenciados, especialmente no que tange a dinamica <strong>de</strong><br />
conduqao da aula. Esta consi<strong>de</strong>raqao e particularmente'marcante<br />
na Aula 2 do corpus, pois nela localizamos a utilizaqao em 60<br />
ocasioes do enunciado llmuy bien" por parte do professor, em<br />
posiqao inicial <strong>de</strong> frase, com significado <strong>de</strong> avaliaqao positiva<br />
e prece<strong>de</strong>ndo ao enunciado do novo encaminhamento com entrega <strong>de</strong><br />
turno; e os alunos tambem 0 utilizam em doze ocasioes quase
sempre associadas como par adjacente a do professor em formas<br />
semelhantes<br />
seguir:<br />
(141)<br />
as que explicitamos nos casos (141 a 144), a<br />
2-639 P-2 dile , A-I0 , muy bien<br />
2-640 A-II muy bien<br />
2-641 A-I0 muy bien , JA..JA...JA... , humm: no se 10 compres<br />
(142)<br />
2-681 P-2 illU¥ bien , A-12 , dile ahora<br />
2-682 A-12 muy bien , muy bien, A-II , no se 10: no (+) se<br />
la cuen:tes<br />
(143)<br />
2-787 P-2<br />
2-788 A-I0<br />
(144)<br />
2-864 P-2<br />
2-865 A-12<br />
muy bien + dile , A-IO, muy bien A-II , ~<br />
muy bien , A-ll , no te 10 pongas<br />
muy bien , A-12<br />
muy , muy bien, no: no se los digas<br />
Em outros momentos, como no caso (145), 0 professor P-2,<br />
alem <strong>de</strong> usar 0 enunciado fixo <strong>de</strong> aprovagao, repete a formulagao<br />
consi<strong>de</strong>rada acertada, uma atitu<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar <strong>de</strong><br />
apoio e <strong>de</strong> confirmagao:<br />
(145)<br />
2-052 P-2 muy bien<br />
2-053 A-II pero (++)<br />
2-054 P-2 pero (+)<br />
2-055 A-II ni siempre (+)<br />
2-056 A-2 NI siempre<br />
2-057 A-II<br />
2-058 A-2 me 10 mojo<br />
2-059 A-II me 10 mojo<br />
2-060 P-2 muy bien, pero ni siempre me 10 mojo<br />
Este mo<strong>de</strong>lo po<strong>de</strong> sofrer variagoes, como no caso (146) em<br />
que P-4, nao completa a assertiva, <strong>de</strong>ixando-a em suspenso,<br />
convidando outros a realizar a tarefa <strong>de</strong> forma exitosa:<br />
(146)<br />
4-011 P-4<br />
No caso (1) pu<strong>de</strong>mos verificar uma sequencia notavel <strong>de</strong><br />
repetigoes da formulagao proposta pelo professor P-3 como mero<br />
exercicio <strong>de</strong> automatizagao das estruturas linguisticas; em 3-
015 0 epis6dio se culmina com a intervengao confirmat6ria do<br />
professor<br />
(147)<br />
(caso 147):<br />
3-009 P-3 vamos a repetir , otra vez seRA (+) otra<br />
3-010 A-18<br />
[otra vez sera<br />
3-011 A-19 otra vez sera<br />
3-012 A-18 otra vez sera<br />
3-013 A-17 o:tLa vez sera<br />
3-014 A-16<br />
3-015 P-3<br />
otra vez sera<br />
A entrega do turno e uma fungao discursiva, vinculada a<br />
interagao, que ocorre quando a produgao linguistica serve como<br />
instrumento da regulagao da <strong>de</strong>stinagao dos turnos<br />
conversacionais.<br />
A entrega <strong>de</strong> turno tem, basicamente, uma or<strong>de</strong>m, uma<br />
sequencia pre-estabelecida que costuma estar <strong>de</strong> acordo com a<br />
disposigao dos alunos na sala <strong>de</strong> aula: sendo ela em<br />
semicirculo, costuma acompanhar 0 sentido dos ponteiros do<br />
re16gio; sendo em filas paralelas, a sequencia comega da fila<br />
<strong>de</strong> maior para a <strong>de</strong> menor proximida<strong>de</strong> em relagao a mesa do<br />
professor; a cessao ou tomada do turno, em muitas ocasioes, e<br />
automatica ap6s as produgoes que sinalizam a conclusao <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminado epis6dio, ou acompanha algum gesto ou indicagao do<br />
professor com os bragos ou com a cabega. Neste tipo <strong>de</strong> eventos<br />
o professor ten<strong>de</strong> a assumir papeis relevantes na dinamizagao do<br />
processo. A entrega dos turnos reflete intensamente a realida<strong>de</strong><br />
interativa <strong>de</strong> cada situagao: po<strong>de</strong>mos reconhece-la nos gestos,<br />
olhares, tons, sequencias ritmicas_.eem produgoes linguisticas<br />
repetidas.<br />
Nos casos (141 a 144), po<strong>de</strong>mos confirmar a ocorrencia <strong>de</strong><br />
varias entregas <strong>de</strong> turno pr6ximas resultantes da aprovagao ou<br />
da corregao imediatas que 0 professor P-2 realiza; vao<br />
acompanhadas <strong>de</strong> indicagoes precisas <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>vera ser 0<br />
pr6ximo <strong>de</strong>stinatario escolhido para exercer 0 turno. As<br />
aprovagoes e corregoes I nesse particular contexto escolar,<br />
significam uma entrega do turno e urn convite a assumi-lo quase<br />
que automatico. Observemos esta mesma dinamica no caso (148) em
que 0 professor primeiro se1eciona com gestos e 0 olhar 0 a1uno<br />
A-12 <strong>de</strong>pois, vai acompanhando, passo a passo, a difici1<br />
gestagao do enunciado <strong>de</strong>sejado: confirma em 2-014, sugere ern2-<br />
016, corrige em 2-018 e 024, estimu1a em 2-020, comp1ementa em<br />
2-022 ... Confiramos:<br />
(148)<br />
2-012 P-2 muy bien, A-13 , lte gusta mojarte 81 pe10 cada<br />
2-013 A-12<br />
vez que te duchas?<br />
si<br />
2-014 P-2<br />
2-015 A-12 si, todas,todas 1as:<br />
2-016 P-2 me gusTA<br />
2-017 A-12 IIlfL gusta mucho, me guc.ha<br />
2-018 P-2 me GUSTA<br />
2-019 A-12 me gusta eh:: mojar (++)<br />
De forma seme1hante, nos casos (149 a 151), po<strong>de</strong> ser<br />
observado, como 0 professor direciona a tomada <strong>de</strong> turno, se<br />
dirigindo ao aluno, com frases repetidas que po<strong>de</strong>m vir<br />
acrescidas ora com 0 pronome pessoal "tu", ora com a reiterada<br />
uti1izagao das formas imperativas dos verbos "escribir", "ir" 0<br />
"<strong>de</strong>cir", e que, em todos os casos, exigem a co-ocorrencia <strong>de</strong><br />
indicadores <strong>de</strong> carater meta e para1inguisticos como sejam tons,<br />
gestos e sinais indicativos da referencia:<br />
(149)<br />
3-065 P-3<br />
dile (+) 1a fa1ta que haras tu en chile<br />
(+) dile<br />
chile<br />
la falta JA...JA...JA... que haras tu en<br />
(150)<br />
3-098 P-3<br />
(151)<br />
3-157 P-3<br />
<strong>de</strong> buena te has 1ibra:0 JA..JA..JA...JA..JA..JA... (4)<br />
escribe , <strong>de</strong> buena te has liBRA:O, va<br />
No caso (152), 0 turno nao se entrega especificamente a<br />
a1guem; po<strong>de</strong>mos comprovar como 0 professor repete uma produgao<br />
ja firmada em 5-027 antes <strong>de</strong> questionar a produgao suscitada em<br />
5-035, e 1evanta para a consi<strong>de</strong>ragao co1etiva, como indagagao,<br />
outra (" l.ved?"), que, nao e correta; a resposta a esta<br />
provocagao nao po<strong>de</strong> ser melhor, dado que todos os a1unos se<br />
sentem convidados a tomar 0 turno e participarnna tentativa <strong>de</strong><br />
atinar com a solugao:
(152)<br />
5-027 P-l<br />
5-035 A-34<br />
5-037 P-l<br />
5-038 A-34<br />
5-039 A-33<br />
5-040 A-<strong>30</strong><br />
5-041 A-32<br />
5-042 A-<strong>30</strong><br />
5-043 A-32<br />
5-044 A-<strong>30</strong><br />
5-045 A-34<br />
5-046 A-31<br />
5-047 A-34<br />
5-048 A-31<br />
5-049 A-34<br />
lCOMO ESTAS? (3) HOLA lQUE TAL? ~+) JA...JA...JA...<br />
ve<strong>de</strong> (+) ver<strong>de</strong> (+) ve<strong>de</strong>s vosotros?<br />
ique<br />
ved<br />
ve<strong>de</strong><br />
tal? (4) lved?<br />
ved (3) lcomo vas?<br />
lven?<br />
nao (+) ved<br />
ve<strong>de</strong><br />
mira?<br />
nao?<br />
VED<br />
miRAD<br />
ved<br />
mirad<br />
Ja no caso (153), 0 professor <strong>de</strong>volve 0 turno do aluno A-22<br />
ao coletivo se valendo <strong>de</strong> uma repetigao e uma corregao<br />
argurnentada pronunciadas com caracteristicas tonais especiais<br />
que servem<br />
(153)<br />
<strong>de</strong> toque <strong>de</strong> alerta:<br />
4-114 P-4 (... ) el que dice (+) la verdad (5) no tiene nunca<br />
problemas (+) esta es (+) lno? (14) l<strong>de</strong> acuerdo<br />
? (7) A-22<br />
~uienes (+) ~eu, que me 10 digan a<br />
4-116 P-4 aqui, aqui no conocemos quien sabe(2) entonces,<br />
quiENES LO:<br />
4-117 varios saben /sepan<br />
No caso (154), as sucessivas tomadas e entregas <strong>de</strong> turno<br />
por parte do professor parecem obe<strong>de</strong>cer a urn ritual conhecido<br />
para direcionar 0 encaminhamento das ag5es: entrega <strong>de</strong> turno<br />
aparece concomitante a apoio ou corregao. Assim, em 3-055, se<br />
dirige a A-19 e 0 anima a realizar urna tarefa <strong>de</strong>' produgao<br />
verbal; porem, a intervengao <strong>de</strong> carater estimulativo, <strong>de</strong> apoio,<br />
em 3-057, e compreendida como corregao por A-19, que muda, <strong>de</strong><br />
imediato - em 3-058 - a formulagao que era a<strong>de</strong>quadai gragas ao<br />
mal-entendido fica criada a situagao jocosa e apesar dos risos<br />
do grupo, 0 professor parece nao perceber ou preferir ignorar 0<br />
erro, Ihe <strong>de</strong>volve 0 turno, corrigindo-lhe urn segundo erro:
(154)<br />
3-055 P-3 bueno entonces, no hay mal que por bien no<br />
VENGA (+) ale , DILE , DILE , no seas TONTAA:<br />
3-056 A-19 no seas tonta (++) no hay mal<br />
3-057 P-3 no hay mal<br />
3-058 A-19 no hay malo que bien<br />
3-059 P-3 que por bien, JA ..JA ..JA...<br />
3-060 A-19 que por bien no venga<br />
3-061 varios JA ..JA ..JA ..JA ..<br />
3-062 P-3 no venga<br />
3-063 A-19 no hay malo que por bem no venga<br />
No caso (155) a entrega <strong>de</strong> turno e feita atraves <strong>de</strong> dois<br />
tipos <strong>de</strong> indicag6es que a direcionam: <strong>de</strong> urnla<strong>de</strong> as orientagoes<br />
que seguem a expressao "vamos a ver" que convocam a turma a<br />
salvar "10 castizo", "10 tipico" espanhol; <strong>de</strong> outro, a formula<br />
convidativa "a ver" + "repite", dirigida a A-18:<br />
(155)<br />
3-004 P-3 fiuy bien (... ) vamos aver lque otro tipo <strong>de</strong> (+)<br />
£~e para (+) salvar 10 castizo espafiol se le<br />
~Jdria <strong>de</strong>cir? lque frase se Ie podria <strong>de</strong>cir<br />
a<strong>de</strong>mas <strong>de</strong> una explicaci6n (+) cosas tipicas<br />
espanolas (+) aver, por ejemplo , (+) muJER:: no<br />
te preoCUPES (+)aver, repite (+) muJER<br />
Ja na Aula 2, como observamos ao tratar da fungao <strong>de</strong><br />
avaliagao, esta fungao costuma vir acompanhando a <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong><br />
turno e <strong>de</strong> alguma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitagao <strong>de</strong> episodios: e muito<br />
habitual que 0 professor pega ao aluno para que este entregue 0<br />
turno ao outro (geralmente aquele a quem <strong>de</strong>ve correspon<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
acordo com a sequencia habitual da sala <strong>de</strong> aula). Mo<strong>de</strong>lo, este<br />
muito usado para a organizagao dos turnos, num contexto <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>mocratizagao do exercicio do po<strong>de</strong>r e da palavra. Vejamos uma<br />
amostra (156):<br />
(156)<br />
2-593 P-2 preguntale a A-II<br />
2-594 A-13 A-II , lcomo te encuentras?<br />
2-595 A-II me encuentro bien<br />
2-596 P-2 preguntale a A-IO<br />
2-597 A-II lcomo te encuentras?<br />
2-598 P-2 lcomo TE: encuentras?<br />
2-599 A-II TE: encuentras
2-600 A-I0<br />
2-601 P-2<br />
2-602 A-I0<br />
2-603 A-12<br />
2-604 P-2<br />
2-605 A-12<br />
2-606 A-13<br />
2-607 P-2<br />
me encuentro bien<br />
preguntale a A-12<br />
A-12 , lcomo te encuentras?<br />
yo m'incuentro be:m<br />
preguntale a A-13<br />
A-13 lcomo te encuentras?<br />
me encuentro bien<br />
A-13 , preguntale a A-II y a A-IO (+) tratales por<br />
vosotras<br />
A monitora~ao da tomada <strong>de</strong> turno e urna fungao discursiva,<br />
no ambito da intera~ao, que se realiza quando algurnaprodugao<br />
linguistica serve para algurninterlocutor solicitar ou disputar<br />
o turno, reiteradamente, durante 0 turno <strong>de</strong> outro. Portanto, 0<br />
carater <strong>de</strong> reitera~ao numa <strong>de</strong>terminada produgao linguistica e<br />
quase que essencial ao fenomeno.<br />
E comum em discussoes espontaneas, e mais frequente ao<br />
haver empolgagao entre os interlocutores. Nurncorpus surgido em<br />
situagoes que partilham do artificialismo inerente a urn<br />
contexto acadimico, esse mo<strong>de</strong>le <strong>de</strong> evento e mais raro: afora<br />
algumas situagoes mais longas, marcadas pela explica~ao <strong>de</strong> urn<br />
tema ou <strong>de</strong> eventuais narrativas, os momentos <strong>de</strong> discussao sac<br />
raros. A<strong>de</strong>mais, enten<strong>de</strong>mos, as regras <strong>de</strong> entrega ou tomada <strong>de</strong><br />
turno, as sequencias pre-estabelecidas para falar, assumidas<br />
pelos grupos, inibem a ocorrincia reiterada <strong>de</strong> situagoes <strong>de</strong><br />
disputa publica e notoria do turno: 0 que observamos e a<br />
existincia <strong>de</strong> urnacordo tacito, pragmatico, <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratizar as<br />
intervengoes, procurando que nas aulas os alunos possam dispor<br />
<strong>de</strong> uma certa igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interven~ao a<br />
<strong>de</strong>speito do seu maior ou menor conhecimento da lingua estudada.<br />
De qualquer forma, na Aula 5, em que 0 professor ajuda a<br />
levantar questoes gramaticais que po<strong>de</strong>m gerar polimica e<br />
interfere com menor frequincia no <strong>de</strong>senrolar da aula,<br />
<strong>de</strong>tectamos alguns casos <strong>de</strong> monitoragao do turno.<br />
Em (157), a partir <strong>de</strong> que 0 professor franqueia a palavra<br />
dirigindo urn questionamento a todos os presentes, po<strong>de</strong>rnos<br />
constatar a insistincia <strong>de</strong> A-32 para introduzir a sua<br />
aporta~ao: "he recibido", corrigindo a <strong>de</strong> A-31, e faz isso em
sobreposiqao<br />
(157)<br />
<strong>de</strong> vozes:<br />
5-134 P-l lcomo? lcomo queda esto?<br />
5-135 A-31 he recebido<br />
5-136 A-32 [HE RE-CI-BlDO<br />
5-137 A-34<br />
[he recibido , recibido<br />
5-138 A-32 recibido, recibido<br />
5-139 A-31 recibido carta, recebido (+)<br />
Na sequencia do evento urn novo engano <strong>de</strong> A-31, serve <strong>de</strong><br />
motivo novamente para A-32 e 0 proprio A-31 insistirem em tomar<br />
o turno para propor uma correqao que, como <strong>de</strong>nuncia A-34, em 5-<br />
151, tambem esta equivocada, e que este e 0 proprio A-31<br />
atingem em 5-152 e 5-153, respectivamente (caso 158):<br />
(158)<br />
5-141 A-31 una carta que me he <strong>de</strong>jado preocupado<br />
5-142 A-33 [uma carta que me he <strong>de</strong>jado<br />
5-143 A-32 me <strong>de</strong>jado lno?<br />
5-144 A-33 me <strong>de</strong>jado<br />
5-145 P-1 Zen QUE quedamos<br />
<strong>de</strong>jado?<br />
5-146 A-31 me he <strong>de</strong>jado<br />
5-147 A-32<br />
[me <strong>de</strong>jado<br />
5-148 A-31 me he <strong>de</strong>jado<br />
5-149 P-1 ME: (++) he <strong>de</strong>jado? (++)<br />
5-150 A-32 que me<br />
5-151 A-34 iNO: !<br />
5-152 A-31 me ha <strong>de</strong>jado<br />
5-153 A-34 que me ha <strong>de</strong>jado<br />
Em (159) temos urn curioso exemplo no qual 0 professor P-2<br />
faz efetiva uma monitoraqao insistente do turno, reiterando a<br />
produqao do aluno A-10 (llgeneralmente"), interrompida pelo seu<br />
proprio riso e outras gargalhadas subsequentes; mas nao fica<br />
apenas por ai, porque a insiste!llcia, 0 ritmo e 0 tom da<br />
pronuncia do vocabulo llgeneralmente" , possuem urn caracter <strong>de</strong><br />
provocaqao para levar 0 aluno A-10 a tomar 0 turno e prosseguir<br />
e completar<br />
(159)<br />
0 seu enunciado.<br />
2-267 A-10 cuando estoy<br />
JA, JA, JA .<br />
JA,JA,JA .
2-269 P-2 muy bien<br />
2-270 A-10 yo: (3 )<br />
2-271 A-10 yo:<br />
2-272 P-2 generalmENTE<br />
2-273 A-10 JA ..JA ..JA ..JA ..<br />
2-274 P-2 generalMENTE (+) di<br />
2-275 A-10 «ininteligivel»<br />
2-276 P-2 generalmente (3)<br />
No caso (160), ja citado em outros momentos -casos (6),<br />
(24) (38)- temos as varias interven
3-020 A-19<br />
3-021 P-3<br />
3-022 A-19<br />
[ no hay mal?<br />
precioso , eso os 10 escribire<br />
[ no hay mal?<br />
A prolongaqao do turno e uma funqao discursiva como<br />
estrategia <strong>de</strong> interaqao, que acontece quando 0 interlocutor<br />
realiza produq6es linguisticas com 0 objetivo <strong>de</strong> reter 0 turno<br />
enquanto procura conseguir formular uma outra produc;ao<br />
linguistica. Nao raramente 0 interlocutor recorre a reiterac;ao<br />
<strong>de</strong> elementos linguisticos processados durante 0 proprio turno<br />
para rete-lo.<br />
Num tipo <strong>de</strong> corpus como 0 que analisamos neste trabalho,<br />
produzido em aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira, em episodios falados<br />
que, <strong>de</strong> modo geral, apresentam um nivel consi<strong>de</strong>ravel, quando<br />
nao intenso, <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> turnos, em <strong>de</strong>terminados momentos,<br />
surge com naturalida<strong>de</strong>, sem provocar maiores reaq6es<br />
contrarias, a estrategia do interlocutor <strong>de</strong> tentar reter 0<br />
turno, pois parece existir um certo pacto <strong>de</strong> tolerancia para um<br />
tipo <strong>de</strong> aula que e propicia a que os intervenientes sejam<br />
constantemente <strong>de</strong>safiados com novas tarefas ou exercicios.<br />
Prolongar 0 turno nao somente representa dispor <strong>de</strong> uma<br />
oportunida<strong>de</strong> maior para po<strong>de</strong>r dar uma melhor contribuiqao ao<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da aula, mas tambem uma estrategia primaria,<br />
elementar, <strong>de</strong> preservar a auto-imagem. Os interlocutores,<br />
observamos, costumam recorrer a prolongaqao do seu turno para<br />
completarem ou corrigirem formulac;6es nao a<strong>de</strong>quadas, ou ao<br />
melhorarem a propria contribuiqao para 0 sucesso da aula. Isto<br />
a <strong>de</strong>speito da existencia <strong>de</strong> normas, explicitas "ou nao,<br />
assumidas voluntaria e consensualmente, que conferem um certo<br />
automatismo a tomada e troca dos turnos e que <strong>de</strong>mocratizam este<br />
dificil exercicio.<br />
No caso (163), os alunos repetem varias vezes 0 pronome<br />
pessoal na primeira pessoa enquanto parecem dar um tempo a si<br />
proprios para formular convenientemente:<br />
(163)<br />
5-070 ?
No caso (164), 0 aluno A-18 se ve compelido a realizar urna<br />
tarefa solicitada por P-3: ele vacila, segura 0 turno,<br />
repetindo materiais linguisticos, mas nao consegue lernbrar da<br />
expressao completa antes utilizada (Uotra vez sera") ate<br />
expressar a dificulda<strong>de</strong> sentida, entregando 0 turno, fazendo<br />
uma indagagao, antes <strong>de</strong> conseguir realizar a tarefa proposta:<br />
(164)<br />
3-157 P-3 dile que no llore (++) dile que no llore<br />
3-158 A-18 A-16 (+) no llores (+) e (+) muy bien , o~ra vez<br />
(+) 0 otra (+) lc6mo que e outra (( ininteligivel»?<br />
No caso (160), visto antes -0 texto ja foi mencionado ern<br />
(6), (24) e (38)-, ern5-061, a luta insistente para encontrar a<br />
formulagao a<strong>de</strong>quada propicia 0 surgimento <strong>de</strong> urnamal sucedida e<br />
curiosa produgao linguistica atipica a arnbas as linguas,<br />
espanhola e portuguesa...<br />
No caso a seguir (165), transparece que 0 aluno enfrenta<br />
dificulda<strong>de</strong>s para expressar 0 necessario a circunstancia, e<br />
retem 0 turno repetindo duas vezes varias expressoes:<br />
(165)<br />
4-192 A-20 el coche que viste no era~ (+) mio (+) para ,<br />
para po<strong>de</strong>r tirar el coche ,el el que viste (+)<br />
porque has dicho que la frase, la frase cuando<br />
estuviese tirar el coche<br />
No caso (166) -0 texto ja foi mencionado ern (20)-, 0<br />
professor P-3 explicita a sua vacilagao, a sua procura, usando<br />
urna indagagao que po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rada como urn convite a<br />
alguem Ihe tomar 0 turno, mas nao utiliza urn torn ou recurso<br />
mais <strong>de</strong>cisivo para entrega-lo; <strong>de</strong> forma que a indagagao vem a<br />
ser urnelemento ret6rico a espera da auto-resposta:<br />
(166)<br />
3-015 P-3 otra vez sera (+)ehrn:(2)Lque se le pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>cir?<br />
aver otras cosas que se le podria <strong>de</strong>cir (+) se le<br />
pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>cir: (+) bueno a veces , mira (+) uno cree<br />
(+) que es 10 mejor y no sabea , no sabes nunca<br />
que es 10 mejor
in<strong>de</strong>finic;ao por parte do professor P-4: repete duas rapidas<br />
produc;5es linguisticas<br />
(167)<br />
diferentes:<br />
4-034 P-4 imperfecto (+) s4 hum: si, perfecto (2) 0:<br />
imperfecto <strong>de</strong> subjuntivo si consi<strong>de</strong>ramos estoun<br />
(+) un in<strong>de</strong>finido (3) lno? (3) diz (2) A-22 (++)<br />
cOmo indicativo<br />
o caso (168) e semelhante, a retenc;ao do turno esten<strong>de</strong>ndo-o<br />
por parte <strong>de</strong> A-18 e lexica e entoacional; a rapida resposta <strong>de</strong><br />
P-3 po<strong>de</strong> ser interpretada no mesmo sentido, da mesma forma que<br />
po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma enfatizac;ao:<br />
(168)<br />
3-047 A-18 una persona que: que esta~ en casa muito vieja<br />
3-048 P-3 sf , se dice, esa es: , esa es:: este una persona<br />
No caso (169) e a pausa ap6s ~ Uhoy" 0 que <strong>de</strong>canta nossa<br />
catalogac;ao do epis6dio como prolongac;ao do turno, na<br />
estrategia <strong>de</strong> conseguir um tempo extra para acabar <strong>de</strong> construir<br />
o enunciado<br />
(169)<br />
<strong>de</strong>sejado:<br />
3-083 A-19 si non vas hoy (++) si non vas hoy , iras manana<br />
No caso (170) po<strong>de</strong> ser percebido como 0 professor .?-4<br />
segura 0 turno a fim <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r avaliar mentalmente se a<br />
formulac;ao surgida da prece<strong>de</strong>nte sobreposic;ao <strong>de</strong> vozes, seja<br />
prolongando as terminac;5es do termo que the suscita um<br />
conflito, seja acolhendo-se a generosas pausas, enquanto 0<br />
aluI10 A-20, monitora 0 turno (como vimos antes) insistindo em<br />
sua formulac;ao:<br />
(170)<br />
4-077 Varios quien llegue / el tiltimo tendra tendra que<br />
e A-20 pagar una mul ta<br />
4-078 P-4 pagar: :(2) pagar (3) a el una multa (++) bien (+)<br />
A-27 (5) fuerte , A-27 (2)<br />
4-079 A-20 [pagar (++) [pagar
A provoca~ao ou alerta e uma fun~ao discursiva, vinculada<br />
as estrategias da intera~ao, que acontece quando se preten<strong>de</strong><br />
charnar a aten~ao <strong>de</strong> algum dos interlocutores corn respeito a<br />
confirrna~ao e reconhecimento da formula~ao ou produ~ao<br />
linguistica que se esta processando. De modo geral, e uma<br />
estrategia que visa a intensificar 0 envolvimento dos<br />
interlocutores corn a formula~ao mais apurada dos fatos<br />
linguisticos; costuma se processar acompanhada <strong>de</strong> notaveis<br />
recursos pros6dicos, e vem a ser urna especie <strong>de</strong> apelo a<br />
a<strong>de</strong>qua~ao da lingua a norma linguistica perseguida.<br />
Lato sensu, qualquer indaga~ao ou entrega <strong>de</strong> turno po<strong>de</strong>ria<br />
vir a ser consi<strong>de</strong>rada como urn fate provocativo ou como uma<br />
charnada <strong>de</strong> alerta; porem, a provoca~ao, alerta ou ~dvertencia<br />
linguisticas aqui consi<strong>de</strong>radas, 0 serao a partir do momenta ern<br />
que existir uma produ~ao linguistica particular repetida<br />
geralmente acompanhada por elementos metalinguisticos - que se<br />
especialize ern caracterizar a intera~ao existente no evento<br />
consi<strong>de</strong>rado como uma charnada <strong>de</strong> aten~ao ao(s} outro(s}<br />
interlocutor(es), particularmente, como estrategia<br />
organizacional a servi~o da formula~ao e da compreensao. Ern<br />
consequencia, a correta avalia~ao, da nossa parte, do<br />
componente funcional interativo sera resultante do nosso acerto<br />
na i<strong>de</strong>ntifica~ao e <strong>de</strong>limita~ao da associa~ao funcional<br />
pluridimensional existente.<br />
Assim, vejarnos, no caso (171) como a interroga~ao<br />
reduplicada do professor P-4 em 4-081 e 4-083 tern um forte<br />
componente interativo <strong>de</strong> provoca~ao ao conjunto dos aprendizes:<br />
(171)<br />
4-080 A-27 ehrn: (4) los que: (2 ) los que: (3) es es-tu- dien<br />
4-081<br />
4-082<br />
4-083<br />
P-4<br />
A-27<br />
P-4<br />
(++) no (+) 10s que es-tu-dien (++) los que<br />
estudien (+) aprobaran el exarnen, no, no , es<br />
[l<strong>de</strong> acuerdo? (15) iDE ACUERDO? (++)<br />
los que estudien, aprobaran el exarnen<br />
iDE ACUERDO? (3)<br />
o <strong>de</strong>safio, como recurso didatico, para esta fun~ao<br />
potencial da repeti~ao, po<strong>de</strong> vir a ser muito utilizado em aulas<br />
<strong>de</strong> linguas ministradas por professores afetos a linhas<br />
pedag6gicas mais participativas, menos diretiva5, POi5 0 alerta<br />
ou a provoca~ao acabarn funcionando como apelos ao envolvimento
no trabalho <strong>de</strong> produqao linguistica.<br />
Urn caso que confirma este comentario encontra-se em<br />
interrogaqoes do tipo "lcomo queda esto?", Illem que quedamos?"<br />
seguidas ou nao <strong>de</strong> urntexto repetido, presentes em 5-134 , ~-<br />
145 e 5-173, que, mesmo sendo em momentos distanciados,<br />
caracterizam uma pratica interacional repetitiva<br />
(172)<br />
(172):<br />
5-133 a-34 me tiene <strong>de</strong>jado (+) preocupado<br />
5-134 P-l lcomo? lcomo queda esto?<br />
5-142 A-33 [uma carta que me he <strong>de</strong>jado<br />
5-143 A-32 me <strong>de</strong>jado lno?<br />
5-144 A-33 me <strong>de</strong>jado<br />
5-145 P-1 len QUE quedamos<br />
<strong>de</strong>jado?<br />
len que quedamos?<br />
o caso (173) traz uma experiencia interessante <strong>de</strong>ste tipo<br />
<strong>de</strong> funqao: po<strong>de</strong>mos constatar como 0 professor P-4, em 4-054,<br />
aproveita a hora <strong>de</strong> validar a proprieda<strong>de</strong> ou nao da soluqao<br />
proposta para urn exerc1.c1.o,para suscitar uma outra questao<br />
("QUE tiempo es es-te"), que resolvida, em forma <strong>de</strong> indagaqao,<br />
pelo aluno A-25, em 4-059, the e <strong>de</strong>volvida pelo professor, que<br />
inicia uma formulaqao e a interrompe, porem prolongando<br />
convidativamente, a consoante final da primeira e significativa<br />
silaba da palavra que foi proposta como soluqaoj imediatamente<br />
o aluno se apresenta para confirmar a sua produqao prece<strong>de</strong>nte,<br />
agora afirmativamente, dando assim como boa a estrategia<br />
utilizada<br />
atenqao:<br />
(173)<br />
pelo professor para alertar-lhe e incentivar a sua<br />
4-054 P-4 (...) l(+) hubiERAMOS<br />
, A-25 (4)<br />
4-059 A-25 Lpluscuamperfecto?<br />
4-060 P-4 plus::<br />
4-061 A-25 pluscuamperfecto<br />
No caso (174) os alunos lutam para encontrar a formulaqao<br />
a<strong>de</strong>quada ao texto que esta sendo analisadoj 0 professor P-2, ao<br />
mesmo tempo que confirma a idoneida<strong>de</strong> da produqao "ve tu",<br />
langa para a classe a interrogagao a expressao l'ved<br />
vosotros? ", feita pouco antes por urn aluno, num apelo ao<br />
envolvimento <strong>de</strong> todos na procura da resposta:
(174)<br />
5-084 A-31<br />
5-085 A-34<br />
5-086 P-1<br />
~osotros? (+) ve tu, ve vosotros<br />
~~<br />
si , ve tu: (+) ved vosotros (3) lpodria ser ved<br />
vosotros?<br />
Na Aula 4 do corpus, po<strong>de</strong>mos constatar 0 use reiterado, por<br />
parte do professor <strong>de</strong> recurs os paralinguisticos que carregam <strong>de</strong><br />
iconicida<strong>de</strong> suas interrogaq6es que funcionam mais bem como<br />
chamadas <strong>de</strong> atenqao. De fato, em 4-003, 4-007, 4-009, 4-013,4-<br />
015, etc. sac apenas a prolongaqao dos pronomes Uque" e Ume",<br />
do inicio da forma verbal Ua", inicial <strong>de</strong> uaprovechara", a<br />
preposiqao "con", etc. os <strong>de</strong>positarios da mediaqao <strong>de</strong>safiadora<br />
pretendida<br />
(175)<br />
por P-4 (175):<br />
4-003 P-4 (... ) el empleio <strong>de</strong> (+) subjuntivo (+) y <strong>de</strong> (+)<br />
4-004<br />
4-005<br />
4-006<br />
4-007<br />
4-008<br />
4-009<br />
4-010<br />
4-011<br />
4-012<br />
4-013<br />
4-014<br />
4-015<br />
indicativo (14) bien (+)no veo nada que::(3)<br />
A-20 me interese<br />
P-4 me intere:se (+) lque tiempo es este? (3)<br />
A-20 presente <strong>de</strong> subjuntivo<br />
P-4 <strong>de</strong> sUbjuntivo, muy bien (+) que me:: <strong>de</strong> otra<br />
forMA<br />
A-21 que me sea<br />
P-4 que seA:<br />
Varios interesante<br />
P-4 muy bien (3) nadie dijo ninguna palabra que: (9)<br />
A-21 se aprovechara<br />
P-4 se A:<br />
A-21 se (+) aprovechara<br />
P-4 mira, nadie dijo (+) dijo es preterito in<strong>de</strong>finido<br />
<strong>de</strong> indicativo (+) entonces va a correlacionarse<br />
CON-=-<br />
Em (176) 0 professor P-4 reitera a particula interrogativa<br />
"quien II e acrescenta uma formula habi tual <strong>de</strong> indagaqao para<br />
precisar bem 0 seu objetivo <strong>de</strong> provocar os alunos a respeito da<br />
a<strong>de</strong>quaqao<br />
(176)<br />
da particula utilizada:<br />
4-075 A-20 Lquien llegue 0 llegar: ?<br />
4-076 P-4 quien(+) lque os parece? (+)
ao mesmo tempo aprova e alerta repetidamente 0 aluno A-12 do<br />
caminho que realiza bem feito e do que falta para completar a<br />
formulaqao iniciada:<br />
(177)<br />
2-512 A-12 a vosotras ~ (2) esqueci agora<br />
2-513 P-2 SE: :<br />
2-514 varios JA...JA ..JA...JA...JA ..JA ..<br />
2-515 A-12 .QaL(3)<br />
2-516 P-2 SE OS:<br />
2-517 A-12 se os<br />
2-518 P-2 ha-ce<br />
2-519 A-12 hace<br />
2-520 P-2 SE: OS: HACE<br />
2-521 A-12 se os hace la boca agua cuando: (6 )<br />
A confirmaqao <strong>de</strong> audiencia e uma funqao discursiva no<br />
ambito da interaqao, que se atualiza quando outro interlocutor<br />
que forma parte da audiencia, da mostras ao(s) seu(s)<br />
interlocutor(es) <strong>de</strong> que esta com 0 turno. Coinci<strong>de</strong> com a<br />
funqao, que Marcuschi (1992a:154) chama 'ratificaqao do papel<br />
<strong>de</strong> ouvinte', <strong>de</strong> emitir "nitidos sinais <strong>de</strong> atenqao":::om<br />
heterorrepetiq5es intercaladas na falaqao do outro. Obviamente,<br />
quando a correspon<strong>de</strong>nte produqao linguistica for uma repetiqao<br />
ela sempre sera urnaheterorrepetiqao, <strong>de</strong> preferencia, contigua<br />
ou proxlma e, as vezes, em sobreposiqao.<br />
Esta funqao, como <strong>de</strong>finida aqui, <strong>de</strong>limita sua abrangencia a<br />
situaq6es em que a produqao linguistica da audiencia e<br />
direcionada a <strong>de</strong>monstrar, confirmar, explicitar e acompanhar 0<br />
discurso daquele que tern0 turno. Parece ser importante frisar<br />
este aspecto para tentar diminuir 0 confronto com posiq5es que<br />
achem irrelevante uma funqao <strong>de</strong> confirmaqao <strong>de</strong> audi.encia por<br />
consi<strong>de</strong>rar que qualquer exercicio do turno, coeso com 0<br />
prece<strong>de</strong>nte, ja caracterizaria urn nivel <strong>de</strong> confirmaqao <strong>de</strong><br />
audiencia. Radica ai urn dos motivos que nos levaram ao<br />
afastamento da rotulaqao <strong>de</strong>sta funqao como ratificaqao do<br />
papel <strong>de</strong> ouvinte, alem <strong>de</strong> que este enunciado leva mais<br />
facilmente a eng<strong>anos</strong> no tocante a abrang€mcia da funqao.
No corpus, com trocas <strong>de</strong> turno rapidas, em muitas ocasioes<br />
fica dificil <strong>de</strong>limitar se 0 epis6dio analisado correspon<strong>de</strong> ou<br />
nao a responsivida<strong>de</strong> antes que a uma confirmaqao <strong>de</strong> audiencia.<br />
Mais ainda se partirmos para visualizar as intervenqoes <strong>de</strong> um<br />
professor atento e diligente: praticamente po<strong>de</strong> interagir numa<br />
permanente 'confirmaqao <strong>de</strong> audiencia' para com os seus alunos.<br />
E que po<strong>de</strong>mos dizer do riso e da gargalhada que se contagia e<br />
irradia? Certamente se tratara facilmente <strong>de</strong> uma das<br />
modalida<strong>de</strong>s mais reiteradas <strong>de</strong> confirmaqao <strong>de</strong> audiencia. Com<br />
isto queremos frisar que vemos a analise, mais uma vez,<br />
envolvida em <strong>de</strong>limitaqoes que nao conseguimos precisar. Mesmo<br />
assim, seguiremos apresentando epis6dios que possam ilustrar e<br />
conferir contornos mais pragmaticos a noqao.<br />
Por exemplo, no caso (178), po<strong>de</strong>mos constatar como varios<br />
alunos entram no turno do colega A-2 a raiz <strong>de</strong> uma correqao do<br />
professor: vemos isso como uma provavel manifestagao <strong>de</strong><br />
confirmaqao da audiencia cativa <strong>de</strong> alunos que nao estariam na<br />
vez no turno... :<br />
(178)<br />
1-088 A-2<br />
1-089 P-l<br />
1-090 A-5<br />
1-091 varios<br />
1-092 A-2<br />
1-093 P-l<br />
1-094 A-5<br />
No caso (179), na mesma linha, vemos 0 aluno A-I0<br />
confirmando incontinente, como que sendo uma especle <strong>de</strong> eco,<br />
turnos consecutivos do professor P-2 para reforqar a proposta<br />
feita por este; contabilizaremos isto como confirmaqao <strong>de</strong><br />
audiencia, mesmo que nao se po<strong>de</strong> negar a sua proximida<strong>de</strong> com a<br />
incorporagao; a repetiqao apresenta, tambem, um carater mais <strong>de</strong><br />
expressar concordancia, apoio:<br />
(179)<br />
2-1002 P-2 lIlll¥--.bien , A-II<br />
2-1003 A-I0<br />
2-1004 P-2<br />
2-1005 A-I0<br />
2-1006 P-2<br />
2-1010 P-2<br />
2-1011 A-I0<br />
tem a la estrada que<br />
[a la entrada<br />
A la<br />
[a la «ininteligivel»<br />
hay<br />
[a la<br />
[a 1a entrada<br />
a la<br />
muy bien , A-ll<br />
me gustas que seas du:ra (++)no
2-1012 P-2<br />
2-1013 A-10<br />
NO SE LA DES:<br />
no se la <strong>de</strong>s<br />
Em (180), na breve sobreposigao do aluno A-37, em 6-045,<br />
po<strong>de</strong>mos apreen<strong>de</strong>r a confirmagao <strong>de</strong> que ele acompanha a<br />
narrativa do professor:<br />
(180)<br />
6-044 P-5 «ininteligivel» ±acaDo (2) es tacaDo ese<br />
6-045 A-37<br />
[tacaiio tacaiio<br />
No caso (181) a intervengao <strong>de</strong> A-17 em cima da argumentagao<br />
<strong>de</strong> A-19 tern uma dimensao <strong>de</strong> corregao concomitante com a <strong>de</strong><br />
confirmagao <strong>de</strong> audiencia:<br />
(181)<br />
3-317 A-19 (... ) nosotros <strong>de</strong> clase media , eh: ,tenemosmas un:<br />
una una preocupaci6n en:el sentido <strong>de</strong>l<br />
3-318 A-17<br />
[el sentido <strong>de</strong> 1a rea1idad<br />
3-319 A-19 sentido <strong>de</strong> realidad , si , entonces las cosas son<br />
mas rea:les para nosotros<br />
Finalmente, mencionaremos urncaso<br />
(182) em que 0 professor<br />
explica a morfologia das forma plural <strong>de</strong> trato familiar <strong>de</strong><br />
imperativo enquanto os alunos formam um verda<strong>de</strong>iro coral<br />
espontaneo <strong>de</strong> complementagao e confirmagao das explicagoes<br />
iniciadas pelo professor P-2:<br />
(182)<br />
2-950 P-2 (... ) ahora vamos a hacer un imperativo referido a<br />
vosotros (4) (... ) el imperativo no sera referido a<br />
ella sera referido alas dos pi<strong>de</strong>le<br />
imperativo referido a voso:tros :<br />
imperativo MAS: FAcil que hay,<br />
2-953 Varios res el imperativo mas facil que hay<br />
2-954 P-2 simplemente se lee el verba en infiniti:vo y saca<br />
la e:rre-y pone una d para cualquier:<br />
[se lee el verba en infinitivo<br />
saca la erre y pone 1a d<br />
ver:bo (2) ((bate as maos , dando uma palmada»<br />
verba OAR: , -yerbo DAR:<br />
2-957<br />
2-958<br />
A-12<br />
A-14<br />
[dar<br />
[dad (++) dad-mela
A incorpora~ao e uma fun~ao discursiva, vinculada as<br />
estrategias <strong>de</strong> intera~ao, que acontece quando urn dos<br />
interlocutores incorpora no seu discurso a produ~ao linguistica<br />
oferecida por outro interlocutor. Portanto, necessariamente se<br />
tratara <strong>de</strong> uma heterorrepeti~ao contigua ou pr6xima e,<br />
ten<strong>de</strong>ncialmente estara correlacionada com fun~5es como<br />
avalia~ao, sugestao, correqao ou expansao.<br />
Num corpus extraido do mundo do ensino-aprendizagem, on<strong>de</strong><br />
ha instrutor e aprendizes, professor e alunos, os processos <strong>de</strong><br />
incorpora~ao <strong>de</strong> produ~5es linguisticas <strong>de</strong> outros po<strong>de</strong>rao ser<br />
muito recorrentes, pois facilmente serao atualizados os papeis<br />
tipicos <strong>de</strong> quem "ensina" urn saber e <strong>de</strong> quem 0 apreen<strong>de</strong>;<br />
justamente esta apreensao ou incorpora~ao comportara a<br />
ocorrencia <strong>de</strong> repeti~5es, literais ou nao.<br />
Urncaso arquetipico <strong>de</strong>ste fen6m~no e aquele que <strong>de</strong>corre <strong>de</strong><br />
solicita~ao explicita do professor ao conjunto dos alunos como<br />
uma tecnica <strong>de</strong> aprendizagem corriqueira. Ja pu<strong>de</strong>mos observar,<br />
no caso (9), as impressionantes sequencias <strong>de</strong> repeti~5es<br />
literais que incorporam a produ~ao final do turno do professor<br />
em 3-004, ja citado em<br />
do pr6prio professor.<br />
(62) e (154) ap6s explicita solicita~ao<br />
Na realida<strong>de</strong>, 0 recurso a esta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> repeti~,~ace<br />
uma das constantes tipicas <strong>de</strong> certas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
aprendizagem marcadas pelas <strong>de</strong>scobertas pedag6gicas dos<br />
estruturalistas. Basta abrir qualquer pagina das transcri~5es<br />
do corpus para <strong>de</strong>parar com epis6dios <strong>de</strong> incorpora~ao <strong>de</strong><br />
prOd(1~5es linguisticas, particularmente contiguas a corre~5es<br />
do professor ou <strong>de</strong> urncolega.<br />
Assim po<strong>de</strong>mos constata-lo, por exemplo, em 6-060, por parte<br />
do aluno A-38<br />
(183)<br />
(183):<br />
6-057 P-5 malas cosas, con <strong>de</strong>fecto<br />
6-058 A-38 <strong>de</strong>: mala cualida<strong>de</strong><br />
6-059 P-5<br />
6-060 A-38<br />
<strong>de</strong> mala calidad<br />
Tambem, no caso (184),<br />
incorpcra a contribui~ao com<br />
em sobreposi~ao <strong>de</strong> vozes:<br />
citado em (181).<br />
que 0 colega A-17<br />
o aluno A-19<br />
foi socorre-lo
(184)<br />
3-317 A-19<br />
3-318 A-17<br />
3-319 A-19<br />
(... ) nosotros <strong>de</strong> clase media , eh: ,tenemosmas un:<br />
una una preocupaci6n en: el sentido <strong>de</strong>l<br />
[el sentido <strong>de</strong> la realidad<br />
sen~ido <strong>de</strong> realidad, si , entonces las cosas son<br />
mas rea:les para nosotros<br />
Da mesma forma, 0 po<strong>de</strong>mos verificar no caso (185), em que 0<br />
aluno A-II incorpora 0 material linguistico que Ihe e proposto,<br />
pelo professor P-2 ao Ihe corrigir:<br />
(185)<br />
2-675 A-II cuentamelo<br />
2-676 P-2 cuentamela<br />
2-677 A-II cuentamela<br />
2-678 P-2 repite<br />
2-679 A-II cuentamela<br />
Ainda, acrescentaremos alguns exemplos tipicos <strong>de</strong>ste par<br />
adjacente,<br />
semelhante:<br />
(186)<br />
correqao/incorporaqao (186) e (187) <strong>de</strong> comentario<br />
3-031 A-17 (... ) pusiera padre<br />
3-032 P-3 podrido<br />
3-033 A-17<br />
(187)<br />
podrido, para que 10 «ininteligivel» cerca<br />
3-122 A-19 mUJer , no te queda triste<br />
3-123 P-3 no te pongas triste<br />
3-124 A-19 no ~e pongas ~ris~e<br />
Para levar a que se produza a incorporaqao, especialmente<br />
quando se realiza uma carreqao, com frequencia ha jogos<br />
entoacionais; po<strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> uma elevaqao tonal ou/e <strong>de</strong> uma<br />
suspensao da formulaqao em curva tonal ascen<strong>de</strong>nte. Vejamo-lo no<br />
caso (188):<br />
(188)<br />
2-019 A-12 me gusta eh:: mojar (++)<br />
2-020 P-2 ~<br />
2-021 A-12 mojarme: [+]<br />
2-022 P-2 JAR:-melo<br />
2-023 A-12 morramelo<br />
2-024 P-2 moJAR:melo<br />
2-025 A-12 mojarmelo
A incorporagao po<strong>de</strong> ocorrer, eventualmente, como mecanisme<br />
<strong>de</strong> quebra da assimetria constitutiva das relag5es escolares. De<br />
modo geral, nestes casos ela adquire tambem, alem <strong>de</strong> uma<br />
funcionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliagao positiva, uma outra, tambem<br />
interativa <strong>de</strong> estimulo a produgao do aluno, marcada pelo<br />
acrescimo do professor para estabelecer uma ponte entre 0 que 0<br />
aluno ja produziu e 0 que falta. Analisemos este fenomeno no<br />
turno 4-040, on<strong>de</strong> a intencionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incentivar e flagrante<br />
(189):<br />
(189)<br />
4-038 P-4<br />
4-039 A-23<br />
4-040 P-4 <strong>de</strong> ningun tema QUE:<br />
4-041 A-23 que fuera <strong>de</strong>sconocido<br />
Ou, ainda, no caso (190) em que<br />
incorporando enfaticamente a produgao<br />
reafirma a seguir, sendo logo<br />
(190)<br />
secundado<br />
1-143 A-5 i:te.a<br />
1-144 P-1 SEA<br />
1-145 A-5 sea<br />
1-146 A-2 sea<br />
o professor P-1 salida<br />
do aluno A-5, que se<br />
pelo colega A-2:<br />
Evento em algum modo semelhante, po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntifica-lo em<br />
5-183, s6 que, no caso, 0 processo <strong>de</strong> incorporagao com<br />
reafirmag5es e partilhado praticamente por todos os presentes<br />
na aula, numas trocas e sobreposig5es rapidas <strong>de</strong> turno<br />
(191)<br />
(191):<br />
5-165 A-34 a explicar<br />
5-166 A-31<br />
5-167 A-34<br />
5-168 A-31<br />
voy a tentar<br />
5-169 A-32 voy<br />
5-170 A-34 [voy a ten tar voy a tentar<br />
5-171 A-<strong>30</strong> [voy a tentar<br />
5-172 A-32 [voy<br />
5-173 P-1 len que quedamos?<br />
5-174 A-31<br />
[voy a tentar<br />
5-175 A-32<br />
[voy a ten tar<br />
5-176 P-1 lVoy a tentar explicar 0 voy tentar a explicar?
5-177 A-33 ltentar a explica:r?<br />
5-178 A-31 voy a tentar<br />
5-179 A-34 [voy a ten tar<br />
5-180 A-34 yo creo que es voy a tentar a explicar<br />
5-181 A-<strong>30</strong> voy a ten tar<br />
5-182 A-31 voy a tentar explicar<br />
5-183 P-1 voy a tentar , JA ..JA ..JA ..<br />
5-184 A-33 voy a ten tar leh?<br />
o caso acima ainda apresenta uma curiosa constatac;ao: em<br />
espanhol 0 verba nao e 'tentar', e nintentar"; 0 <strong>de</strong>talhe parece<br />
passar <strong>de</strong>sapercebido a todos, possivelmente por estar com a<br />
atenc;ao<strong>de</strong>nsamente polarizada na questao do posicionamento mais<br />
a<strong>de</strong>quado da preposic;aona" ...<br />
No texto (192) po<strong>de</strong> ser observada a incorporac;ao <strong>de</strong> uma<br />
indagac;ao, concebida como provocac;ao, realizada pelo professor<br />
P-1 para testar a firmeza dos conhecimentos do grupo; e, sem<br />
duvida po<strong>de</strong>ra tirar suas conclusoes, pois varios alunos assumem<br />
a formulac;aocomo a<strong>de</strong>quada quando <strong>de</strong>pois se constatara que nao<br />
era bem assim:<br />
(192)<br />
5-037 P-1 Lque tal? (4 ) lved?<br />
5-038 A-34 ved<br />
5-039 A-33 ve<strong>de</strong><br />
5-040 A-<strong>30</strong> ved (3) lcomo vas?<br />
5-042 A-<strong>30</strong> nao (+ ) ved<br />
5-043 A-32 ve<strong>de</strong> nao?<br />
5-046 A-31 VED<br />
5-048 A-31 ved<br />
A responsivida<strong>de</strong> e uma func;ao discursiva vinculada a<br />
interac;ao, que acontece quando algum interlocutor retoma, em<br />
sua produc;ao linguistica, parcial ou totalmente, a pergunta<br />
feita por outro interlocutor como resposta, seja em forma<br />
interrogativa, seja em forma asseverativa. Ao ser retomada, ao<br />
menos uma parte da produqao linguistica, este evento <strong>de</strong>vera<br />
contar sempre com a repetic;ao <strong>de</strong> alguns elementos. E sera um<br />
evento caracteristico <strong>de</strong> interac;ao em pares adjacentes. Ten<strong>de</strong>,
obviamente, a se concretizar como heterorrepetiqao contigua.<br />
A retomada parcial da pergunta na resposta representa uma<br />
ocorrencia interativa <strong>de</strong> confirmaqao do papel <strong>de</strong> alguem como<br />
interlocutor do responsavel pela pergunta (po<strong>de</strong>remos vir a<br />
consi<strong>de</strong>ra-la como urna das realizaqoes especificas <strong>de</strong>sta<br />
funqao). Tambem, 0 processo do professor geralmente sera uma<br />
avaliaqaoi 0 do aluno, ou urn pedido <strong>de</strong> confirmaqao ou urna<br />
estrategia <strong>de</strong> ganhar tempo.<br />
No corpus, mesmo nao havendo uma inci<strong>de</strong>ncia elevada <strong>de</strong><br />
realizaqoes, e plausivel observar que se apresenta associada a<br />
funqoes <strong>de</strong> compreensao, <strong>de</strong> formulaqao ou <strong>de</strong> argurnentaqao.<br />
Advertindo, porem, que quando e 0 professor que incorpora a<br />
pergunta, a funqao corretiva po<strong>de</strong> ser a causa do recurso a<br />
responsivida<strong>de</strong>. Ou bem, a <strong>de</strong> alertar, apenas, e valendo-se da<br />
entoaqao ou <strong>de</strong> gestos, po<strong>de</strong>ra estar significando urnachamada a<br />
correqao. Nao sera raro que seja gerado urn efeito<br />
intensificador, reduplicativo, da questao suscitada.<br />
Em aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira,\po<strong>de</strong> acontecer a funqao da<br />
responsivida<strong>de</strong>, especialmente, quando assim condicionado por<br />
quem ocupa um nivel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no plano da competenciai no<br />
caso, 0 professor. Aparece, <strong>de</strong> preferencia, ou como um fenomeno<br />
<strong>de</strong> simples repetiqao <strong>de</strong> um texto a fim <strong>de</strong> facilitar a<br />
memorizaqao <strong>de</strong> formas e estruturas linguisticas, ou como um<br />
artificio linguistico para ganhar tempo para pensar.<br />
o caso tipico <strong>de</strong> responsivida<strong>de</strong> e aquele par pergunt-a<br />
resposta, entre professor e aluno. Assim, em<br />
(193)<br />
(193):<br />
5-176 P-1 ~~~tar explicar 0 voy tentar a explicar?<br />
5-177 A-33 l~en~ara explica:r?<br />
No episodio, a utilizaqao da interrogaqao por parte do<br />
aluno <strong>de</strong>monstra uma profunda extranheza pela segunda parte da<br />
pergunta formulada pelo professor e funciona como <strong>de</strong>nuncia da<br />
formulaqao menos idonea.<br />
Um caso curioso e 0 (194), on<strong>de</strong>, como as vezes acontece<br />
neste tipo <strong>de</strong> aula, a resposta procurada <strong>de</strong>ve ter forma<br />
interrogativa, forqando isso a urnacoinci<strong>de</strong>ncia entre pergunta<br />
e resposta em forma interrogativai a verda<strong>de</strong>ira indagaqao, nas<br />
multiplas respostas, estaria, possivelmente, apenas nas formas<br />
II no" I nao e' ne' e na indagagao <strong>de</strong> A-34 em 5-031. Mas nao<br />
achamo.: que possa ser negada a existencia <strong>de</strong> pares<br />
pergunta/resposta:
(194)<br />
5-026 A-31<br />
5-027 P-l<br />
5-031 A-34<br />
5-032 A-31<br />
5-033 A-34<br />
5-034 A-33<br />
5-035 A-34<br />
5-037 P-l<br />
lCOMO ESTAS? (3) HOLA lQUE TAL? (+) JA ..JA ..JA ..<br />
lCO:MO? (++)<br />
lcomo estas? (++)<br />
lcomo estas?<br />
lcomo estas? lno?<br />
ve<strong>de</strong> (+) ver<strong>de</strong> (+) ve<strong>de</strong>s vosotros?<br />
lque tal? (4) ived?<br />
No caso acima, sentimos existir uma <strong>de</strong>ssas situag6es<br />
limite, on<strong>de</strong> custa bastante <strong>de</strong>limitar se a resposta repete<br />
parte da pergunta ou se, simplesmente nao <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado<br />
responsivida<strong>de</strong> apenas por se tratar <strong>de</strong> uma pessoa diferente<br />
utilizando-se do mesmo paradigma e tempo verbal. A nossa opgao<br />
e consi<strong>de</strong>ra-lo, mesmo que 0 reconhecemos bem discutivel.<br />
Analisemos, a seguir, 0 caso ja visto na perspectiva<br />
funcional da avaliagao em (140) e na <strong>de</strong> reafirmagao em (122):<br />
o aluno A-21 introduz como pergunta uma produgao linguistica<br />
acertada que e questionada, em principio, pelo professor; este,<br />
advertindo 0 engano, a <strong>de</strong>volve como interrogagao relativa a sua<br />
efetiva formulagao anterior<br />
(195)<br />
(195):<br />
4-020 A-2l e aprovechara / laprovechara no es?<br />
varios<br />
4-024 P-4 aproveCHA: :(++ )<br />
4-025 A-21 ra<br />
4-026 P-4 AAH:: ihas dicho aprovecharas?habla fuerte<br />
Humor e ironia constituem fungoes discursivas, vinculadas a<br />
interagao, que acontece quando a linguagem se <strong>de</strong>stina a<br />
provocar 0 riso, a mofa, utilizando-se <strong>de</strong> produgoes<br />
linguisticas quiasmaticas -como sejam, jogos <strong>de</strong> palavras e<br />
trocadilhos (procurando a ambiguida<strong>de</strong> lexical, a criagao <strong>de</strong><br />
incongruincias, etc_), jogos morfo-fono16gicos (elevagao ou<br />
<strong>de</strong>scida <strong>de</strong> tom, pausas, alongamentos, entoagao diferenciada,<br />
etc."), jogos morfossintaticos (inversao sintatica, etc_),<br />
referincias contextuais ou interpessoais jocosas ou
caricaturescas-, e elementos paralinguisticos (riso ou<br />
gargalhada, gestos, movimentos, etc... ). Em diversas das<br />
produgaes linguisticas esta presente a estrategia da repetigao.<br />
o humor, ao inves da ironia, ternuma dimensao naturalmente<br />
<strong>de</strong>mocratizadora da participaqao num evento: quando 0 humor<br />
nasce num evento po<strong>de</strong>ra ser compreendido por todos e a<br />
gargalhada sera uma expressao linguistica ao alcance <strong>de</strong> todos,<br />
uma competencia partilhada. Alem do mais, 0 humor da vasao a<br />
energias que emergem dos sentimentos, e costuma ser uma<br />
realida<strong>de</strong> que aproxima do que se chama estar feliz. Neste<br />
sentido po<strong>de</strong>ra ser uma das estrategias que quebrem as<br />
assimetrias originais do acontecimento escolar. Particularmente<br />
quando as iniciativas humoristicas <strong>de</strong>correrem <strong>de</strong> iniciativas<br />
dos alunos...<br />
Numa das aulas do corpus examinado (a Aula 3.) ,<br />
pareceria estar subvertendo os objetivos escolares; porem,<br />
revela uma interessante estrategia <strong>de</strong> auxilio e estimulo<br />
aprendizagem: a principio, serve para quebrar a assimetria<br />
institucional da escola, levando os intervenientes para<br />
horizontes ludicos, ao afastar 0 foco das atenqaes <strong>de</strong><br />
objetivos, como a instruqao, caracteristicos <strong>de</strong> urnambiente <strong>de</strong><br />
ensino; e quando nao dominado por componentes ironicos,<br />
<strong>de</strong>preciativos <strong>de</strong> alguem, 0 humor propicia uma catarse cOletiva,<br />
situagao que consi<strong>de</strong>ramos <strong>de</strong>mocratizante do bem-estar e marcada<br />
positivamente 32<br />
Aqui, partiremos, apenas, <strong>de</strong> situaqaes nas quais se<br />
verifica a existencia do riso ou da gargalhada para i<strong>de</strong>ntificar<br />
a ocorrencia <strong>de</strong> situagoes <strong>de</strong> humor e a ironia com 0 recurso as<br />
repetigaes.<br />
Vejamos em (196) como se produz uma situaqao<br />
conta da semelhanqa lexical da expressao fixa na primeira<br />
lingua dos alunos, o portugues, com vocabulos da lingua<br />
32 Mello (1992:101): no esperado em qualquer conversagao e que exista a<br />
troca <strong>de</strong> informagoes. A presenga do humor nos eventos interativos e 0<br />
aspecto nao-natural e nao esperado. Daf vem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se realgar<br />
os trechos que ultrapassam 0 limite da informagao. Para que isso<br />
acontega, langa-se mao <strong>de</strong> recursos e estrategias que irao marcar 0<br />
contexto humoristico. Lembramos que os mesmos recursos e estrategias<br />
tambem sac usados nos contextos informacionais, com uma diferenga: aqui<br />
eles sac empregados quase que isoladamente. As situagoes <strong>de</strong> humor, por<br />
sua vez, sac bem marcadas por elementos que co-ocorrem. As repetigoes,<br />
por exemplo, vem sempre aliadas a outras estrategias. E um tom mais<br />
acentuado nas palavras repetidas; e 0 alongamentos <strong>de</strong> vogais; sao os<br />
movimentos dos olhos, dos ombros, da cabega. [... ] No corpus analisado e<br />
exatamente 0 contraste entre 0 marcado<br />
presenga do humor".<br />
e 0 nao-marcado que vai <strong>de</strong>finir a<br />
se<br />
a
estudada, 0 espanhol: llltodobien?" nao e urnenunciado fixe <strong>de</strong><br />
saudaqao na norma espanhola ensinada nas aulasi ela consta, tal<br />
qual, no texto escrito no quadro-negro para ser corrigida. Ai<br />
o professor P-1, em 5-019, questiona 0 fato <strong>de</strong> que seja aceita<br />
aquela formulaqao como correta sem mais nem menos: utiliza um<br />
trocadilho, num tom que carrega a estranheza com uma dicqao<br />
marcada que contextualizam a intengao humoristicai nestas<br />
condigoes, 0 prato esta servido para 0 riso:<br />
(196)<br />
5-017 A-<strong>30</strong> todo bien esta todinho ?<br />
5-018 A-31 :tQdQ bien<br />
5-019 P-1 lesta bien todo bien?<br />
5-020 A-31 todo bien (+) JA...JA...JA lno?<br />
5-021 A-<strong>30</strong> JA...JA...JA... TODO BIEN<br />
o esclarecimento posterior, en 5-025,<br />
espafiol",como foi referido em (135) para ilustrar a fungao da<br />
contestagao, mostrara 0 porque<br />
do professor.<br />
do jogo <strong>de</strong> palavras na pergunta<br />
o caso (197), referido a seguir, inaugura uma serie <strong>de</strong><br />
sequencias carregadas <strong>de</strong> comicida<strong>de</strong> e senso <strong>de</strong> humor que, sob a<br />
li<strong>de</strong>ranqa do professor P-3, fazem da aula <strong>de</strong> espanhol como<br />
lingua estrangeira um autentico espectaculo comico,<br />
participativo, aproximando ao maximo sonhavel as fronteiras<br />
entre a aprendizagem <strong>de</strong> adultos e a brinca<strong>de</strong>ira. No trecho<br />
inicial, a curiosa situagao artificial criada <strong>de</strong> tentar<br />
consolar uma aluna, hipotetica funcionaria, que, <strong>de</strong> ultima hora<br />
ve uma possivel bolsa <strong>de</strong> estudos ou viagem ao Chile falhar,<br />
converte a estrategia didatica <strong>de</strong> consolar num autentico campo<br />
minado <strong>de</strong> situaqoes engraqadas:<br />
(197)<br />
3-023 P-3 ~hay mal que por bien no venga<br />
3-024 varios no hay mal que por bien no venga<br />
3-025 P-3 [entonces aqui estamos (+) JA ..JA ..JA ..<br />
3-026 Varios<br />
[((ininteligivel» I JA ..JA ..JA ..<br />
Urn pouco mais adiante, a mesma expressao contrastante,<br />
supracitada, por urn esquisito erro <strong>de</strong> repetigao - I malo' por<br />
'mal'- propicia uma nova sequencia <strong>de</strong> gargalhadas, num clima <strong>de</strong><br />
enorme <strong>de</strong>scontragao, que ternprosseguimento, no uso <strong>de</strong> t6picos<br />
que questionam ironicamente 0 interesse da potencial viagem ou<br />
a valida<strong>de</strong> objetiva <strong>de</strong> tal especie <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s (198):
(198)<br />
3-057 P-3 no hay mal<br />
3-058 A-19 no hay malo que bien<br />
3-059 P-3 que por bien, JA... JA... JA..<br />
3-060 A-19 que por bien no venga<br />
3-061 varios JA..JA..JA...JA. ..<br />
3-062 P-3 no venga<br />
3-063 A-19 no hay malo que por bem no venga<br />
3-064 varios JA..JA..JA..JA..JA..JA...<br />
Tambem0 sentido diverso do vocabulo homonimo ucaducar" em<br />
espanhol e portugues, os gestos e tons exagerados, a<br />
insistencia <strong>de</strong> P-3 na expressao contrastiva, se juntam para<br />
novos momentos <strong>de</strong> humor (199):<br />
(199)<br />
3-027 P-3<br />
JA..JA..JA..<br />
«ininteligivel»<br />
vigencia?<br />
si , quizas sea<br />
caducado , ha caducado el plazo , ha caducado<br />
3-0<strong>30</strong> varios [ ( (ininteligivel» / JA..JA..JA..<br />
I<strong>de</strong>ntico vocabulo, propicia, pouco <strong>de</strong>pois a retomadi da<br />
veia humoristica,<br />
(200)<br />
ao ser aplicado a pessoas idosas (200):<br />
3-048 P-3<br />
3-049 ?<br />
3-050 P-3<br />
3-051 varios<br />
3-052 A-19<br />
3-053 P-3<br />
persona caduca ya<br />
[«ininteligivel» caduca<br />
pero no se dice como aqui , esta caducan:do ,-.no<br />
se dice (+) se dice es un viejo caduco, si<br />
ah: es un viejo<br />
[JA..JA..JA..JA..JA..JA..<br />
caduco<br />
un viejo caduco, si<br />
Em outro momenta se cria outro motivo que gera comicida<strong>de</strong> e<br />
que sera<br />
(201)<br />
reintroduzido em diferentes momentos (201):<br />
3-065 P-3 ahora tu dile (+) ~falta que haras tu en chile<br />
(+) dile , la fal t.a JA._JA. ..JA... que haras -eu en
3-066 varios JA...JA...JA...JA...JA...JA...<br />
3-067 A-16 lla fal-ea que?<br />
3-068 P-3 LA FALTAque harias -eii en chile (+) dile<br />
fal-ea que harias -eii en chile<br />
3-069 A-16 que harias -eii en chile<br />
3-070 A-17 [A-16 mira, la falt.a que harias<br />
chile (+)<br />
3-071 Varios JA...JA. ..JA...JA...JA...JA...JA...<br />
3-072 A-17 [lme 10 imaginas?<br />
3-073 Varios JA...JA...JA...JA...JA...JA...<br />
EstratE§gia<br />
do caso (202):<br />
(202)<br />
3-074 P-3 dile que esas<br />
3-075 varios<br />
tocto 10 mismo<br />
JA...JA...JA...JA...JA...JA...<br />
3-076 A-18 lque las reuniones?<br />
3-077 P-3 las reuniones no sirven pa nada<br />
3-078 A-18 lIas reuniones?<br />
3-079 Varios [JA ..JA...JA....JA.../ «ininteligivel»<br />
3-080 P-3 esas reuniones no sirven para nada<br />
3-081 A-18 AH: JA...JA...JA...JA..es-eareunion no sirve para na:da<br />
3-082 Varios<br />
3-086 P-3<br />
3-087 A-17<br />
3-088 P-3<br />
.(++) JA...JA...JA...JA...<br />
[JA...JA...JA...JA. ..JA...JA...<br />
siempre 10 mismo<br />
«ininteligivel»<br />
tampoco hace falta<br />
A ausencia <strong>de</strong> realismo da situagao provocada na aula, cria<br />
embaragos na sequenciagao coerente da narrativa inventada, os<br />
quais se transformam num novo alimentador da hilarida<strong>de</strong>. Assim,<br />
os motivos suscitados como estrategias para consolar 0<br />
frustrado viajante acabam configurando numa serie contradit6ria<br />
<strong>de</strong> diversos acontecimentos clirnaticos ou pessoa~s, que<br />
encontram urna certa base nos lugares comuns e preconceitos que<br />
os alunos tern da realida<strong>de</strong> chilena -tormenta, ternpesta<strong>de</strong>,<br />
calamida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sgraga, terrernoto... -. Estes acontecimentos<br />
rivalizarao, sucessiva ou alternadamente, ao longo da aula, por<br />
terem 0 seu protagonismo reconhecido. NOS textos incluidos no<br />
caso (203) po<strong>de</strong>rnos verificar 0 grotesco da situagao gerada e a<br />
funcionalida<strong>de</strong> hurnoristica da estrutura t6pica superor<strong>de</strong>nadora
do catastr6fico produzida:<br />
(203)<br />
3-095 A-16 «ininteligivel»<br />
«ininteligivel»<br />
3-096 P-3 [una torment a en chile<br />
3-097 A-16 una torment a en Santiago<br />
3-143 A-18 ((ininteligivel) ) JA...JA...JA...<br />
aquele<br />
((ininteligivel» e: lsabes que ha: que ha tido<br />
una <strong>de</strong>sgracia en chile JA...JA...JA...JA...JA...JA... <strong>de</strong> bueno<br />
te has librado<br />
ha habido un terremoto , un terremoto no<br />
lcomo se llama?<br />
3-150 ? un vulaao<br />
3-151 P-3 un vol can , una erupci6n<br />
3-152 A-18 ha habido una tormenta en<br />
3-186 A-16 mira gente que tragedia<br />
3-202 A-17 incluso semana pasada se ha pasado una , :una<br />
terrible (+) ~c~a~l~am_l_' d_a~d~~e~n~~c~h~l_' _l~e (+) que foi<br />
mesmo?<br />
3- 203 Varios J"A. JA...JA...JA...JA...J A..<br />
3-204 A-17 luna tormenta , no?<br />
3-205 A:::l8. un temporal<br />
3-206 A-17 un temporal, si<br />
3-237 A-16 porque (+) el (+) gobierno brasilefio non sabe: (4)<br />
non , non , non tienen dinero<br />
mira, A-16 , ha habido un terremoto en chile, la<br />
semana pasada , <strong>de</strong> buena te has librado<br />
Notemos que quase por <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira, apareceu uma nova<br />
modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> '<strong>de</strong>sgraga' - possivelmente a mais plausivel - a<br />
falta <strong>de</strong> dinheiro do governo ... - , que, alias e a unica que tern a<br />
ver corn 0 motivo alegado inicialmente -em 3-002- 0 cancelamento<br />
da llbeca" ou bolsa <strong>de</strong> estudos!<br />
Situagoes <strong>de</strong> humor surgem, quando aproveitadas, dos malentendidos<br />
costumeiros <strong>de</strong> uma aula on<strong>de</strong> se trabalha com c6digos<br />
linguisticos diferentes que se interferem e misturam a cada<br />
momento. No caso (55), mencionado em (71) como indagagao,<br />
pu<strong>de</strong>mos observar como a expressao espanhola llcreeme", forma<br />
pronominal enclitica da expressao llcreer al que habla", e<br />
confundida com a forma portuguesa llcreme", substantivo, que ern<br />
espanhol seria crema": a corregao do engano ren<strong>de</strong>ra boas<br />
gargalhadas ...
No caso (204), para gerar 0 humor se aproveita do exagero<br />
<strong>de</strong> certos contrastes entre as culturas brasileira e espanhola,<br />
pronunciando os vocabulos <strong>de</strong> forma ritmica e acompanhando-os <strong>de</strong><br />
gestos expressivos, em assuntos ligados a afetivida<strong>de</strong>:<br />
(204)<br />
3-277 P-3 tambien , asi como aqui la gente te aga:rra , ¥<br />
se abrazan (+) y se besan y se vuelven<br />
«ininteligivel» por <strong>de</strong>tras<br />
3-278 A-16 UIH: (++) e l§': e:: JA...JA...JA...AY<br />
3-279 varios JA...JA...JA...JA...JA...<br />
No caso (205) 0 riso se origina num tipo <strong>de</strong> situagao em que<br />
o aprendiz ao sentir dificulda<strong>de</strong> em formular com sucesso a<br />
expressao vista pouco antes, e avaliado positivamente pelo<br />
professor, que nao capta 0 erro, mas fala com reticencias do<br />
que seria<br />
(205)<br />
uma possivel situagao real:<br />
4-069 A-21 los que venga a mi ca: sa que se trai-ga el<br />
bocadillo<br />
4-070 P-4 muy bien (+)10s que vengan (++) vengan<br />
4-071 ?<br />
[los que vengan (+)<br />
4-072 ?<br />
[JA...JA...JA...<br />
4-073 A-21<br />
o caso (206) fica um tanto dificil <strong>de</strong> ser interpretado sem<br />
a observagao participante. Por que <strong>de</strong>sperta tanta hilarida<strong>de</strong>? E<br />
bem provavel que seJa a resul tante da associagao <strong>de</strong> varias<br />
circunstancias em torno as dificulda<strong>de</strong>s inerentes ao exercicio<br />
gramatical proposto - suprimir 0 antece<strong>de</strong>nte -, a serieda<strong>de</strong> e<br />
intensida<strong>de</strong> do trabalho que vem sendo <strong>de</strong>snvolvido, a<br />
gesticulagao <strong>de</strong> algum aluno face a uma afirmagao tao estranha a<br />
imagem t6pica sobre os cig<strong>anos</strong> ...Tudo <strong>de</strong>ve contribuir para fazer<br />
estourar<br />
coletiva:<br />
(206)<br />
0 grupo numa gargalhada enorme, especie <strong>de</strong> catarse<br />
4-124 P-4 quienes es plural Gno? (4) quienes mejor vivEN:<br />
4-125 A-24 viven (2) SQLL-(+} son los git<strong>anos</strong><br />
4-126 P-4 son 10s git<strong>anos</strong> (7) en±onces conoceis (+) 10s que<br />
viven mejor , entonces (+) quienes mejor viven<br />
(+) son 10s git<strong>anos</strong> (++) suprima el antece<strong>de</strong>nte<br />
JA...JA...JA...
4-1<strong>30</strong> P-4 su-pri-ma JA...JA...JA...JA...JA...<br />
4-131 varios [JA. ..JA...JA... (( ininteligi.vel» JA...JA...JA...JA...JA<br />
o caso (207) surpreen<strong>de</strong> por parecer ser<br />
professor quem acha graqa do seu proprio humor,<br />
aprofundar a relaqao assimetrica da aula:<br />
(207)<br />
6-079 A-38<br />
6-080 ?<br />
6-081 P-5<br />
6-082 A-38<br />
6-083 Varios<br />
6-084 P-5<br />
eh 10 que no voy a usar , pero ,cuando , llega<br />
la hora <strong>de</strong> comprar (+)si tienes mas barato<br />
lpor que NO:?<br />
[ JA...JA...JA...<br />
JA...JA...JA... ahi. tu compras <strong>de</strong> montones<br />
J A...J A...J A...<br />
mi tia compra <strong>de</strong> montones, j abones<br />
cruceros voy a comprar JA...JA...JA...
Propusemo-nos <strong>de</strong>finir e i<strong>de</strong>ntificar os tipos e as func;oes da repetic;ao<br />
como fen6meno da linguagem tal qual se apresenta em gravac;oes <strong>de</strong> aulas<br />
<strong>de</strong> lingua estrangeira para brasileiros. Fizemos isso no intuito <strong>de</strong> construir<br />
uma tipologia organizada, abrangente e simples, que pu<strong>de</strong>sse ser utilizada<br />
como instrumento cientrfico <strong>de</strong> analise do que acontece com as repetic;oes<br />
na fala em sala <strong>de</strong> aula.<br />
Para tanto, investigamos os dados lingursticos e procuramos<br />
equaciona-Ios numa abordagem <strong>de</strong>ntro do campo da lingurstica<br />
aplicada, particularmente, da analise da conversac;ao Trouxemos<br />
elementos <strong>de</strong> campos cientlficos afins -fundamentalmente, da etnografia<br />
da comunicac;ao, analise do discurso e da pragmatica- que nos ajudaram a<br />
apreen<strong>de</strong>r e interpretar melhor os fen6menos que investigamos.<br />
Desejavamos, ao i<strong>de</strong>alizar 0 trabalho, alem <strong>de</strong> chegar a realizar a<br />
sistematizac;ao te6rica e a <strong>de</strong>scric;ao da aplicac;ao pratica, reftetir sobre a<br />
importancia da oralida<strong>de</strong> em sala <strong>de</strong> aula, elaborando um pre-diagn6stico<br />
relativo a sua significac;ao sociolingurstica ate a partir da correlac;ao<br />
quantificada dos dados obtidos. 0 ultimo aspecto nao foi iniciado: ficara<br />
para mais adiante, pois a sistematizac;ao, a <strong>de</strong>scric;ao da aplicac;ao pratica e<br />
o corpus permanecem como bases para futuros objetivos. Sabemos que<br />
este fate limita as possibilida<strong>de</strong>s da referenciac;ao estatrstica das<br />
conclusoes. Limitamos, em consequencia, as nossas metas.<br />
A percepc;ao inicial era <strong>de</strong> que a repetic;ao, em contextos <strong>de</strong> troca<br />
intensa <strong>de</strong> turnos, estaria marcada por uma plurifuncionalida<strong>de</strong> mais<br />
frequente, tambem i<strong>de</strong>ntificavel como simultanea, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhariam<br />
um papel<br />
auxlli0 a<br />
fundamental as relac;oes interativas, entrelac;adas<br />
aprendizagem, particularmente com algumas<br />
com as <strong>de</strong><br />
relativas a<br />
compreensao, como a correc;ao e a reconstruc;ao <strong>de</strong> estruturas.<br />
Observavamos que a experiencia <strong>de</strong> ensino apontava em direc;ao a<br />
aspectos como 0 do potencial da repetic;ao como instrumento <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>mocratizac;ao do exerckio da palavra (no sentido geral <strong>de</strong> propiciar a<br />
aproximac;ao dos saberes postos em cena pelos interlocutore~ e sua<br />
atualizac;ao), e, consequentemente, relativizador da assimetria do saber<br />
institucional do contexte escolar. Isso porque analisavamos que a repetic;ao<br />
carrega um dinamismo igualitario, aproximador dos intervenientes na<br />
interac;ao escolar.<br />
Finalmente, nos referramos a repeti
alertando que "como todo recurso posto em interac;ao, po<strong>de</strong> constituir-se<br />
numa das estrategias colocadas ou escolhidas para a disputa do po<strong>de</strong>r".<br />
Este ultimo aspecto foi abordado nas reflexoes sobre a simetria/<br />
relacional do evento escolar.<br />
assimetria<br />
Deduzimos, pela leitura do corpus, mesmo que nao tenhamos<br />
quantificado os eventos, que as hipo<strong>teses</strong> correspon<strong>de</strong>m aos fatos.<br />
Enten<strong>de</strong>mos que a reiterac;ao dos fen6menos observados e suficiente para<br />
sinalizar conclusoes como a <strong>de</strong> que a repetic;ao e uma estrategia<br />
conversacional plural, praticamente indispensavel a fala e que apresenta<br />
const~mcias relacionais diversas, as vezes i<strong>de</strong>ntificadas e singularizadas<br />
como concomitantes, e que po<strong>de</strong>m ser vistas como funcionalida<strong>de</strong>s<br />
sistematizaveis.<br />
Partimos, principalmente, <strong>de</strong> uma tipologia formal e funcional<br />
elaborada por Marcuschi (1992a). Ele, seguindo 0 caminho da <strong>de</strong>duc;ao<br />
inferiu os tipos <strong>de</strong> repetic;ao teoricamente posslveis; <strong>de</strong>pois, seguindo 0<br />
caminho indutivo, e conjugando, reformulando e reorganizando<br />
contribuic;oes prece<strong>de</strong>ntes, e assumindo uma postura pragmatica, chegou<br />
aos tipos recorrentes; tudo confluindo para asseverar e fundamentar a<br />
conclusao <strong>de</strong> que a repetic;ao constitui um fenbmeno sistematizavel e e<br />
essencial na oralida<strong>de</strong>.<br />
o trabalho por nos realizado e uma tentativa <strong>de</strong> aplicac;ao e adaptac;ao<br />
pratica da tipologia <strong>de</strong> Marcuschi a um tipo <strong>de</strong> corpus <strong>de</strong> caracteristicas<br />
diferentes ao por ele utilizado, dando continuida<strong>de</strong> a linha <strong>de</strong> reflexao<br />
indutiva.<br />
apontada.<br />
As nossas conclusoes gerais apontam na direc;ao, acima<br />
No corpus <strong>de</strong> Marcuschi, a produc;ao oral resulta <strong>de</strong> uma tecnica <strong>de</strong><br />
entrevista <strong>de</strong>stinada a propiciar a exposic;ao <strong>de</strong> topicos previa mente<br />
combinados. Adotam-se estrategias que nao implicam na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
negociar constantemente os turnos. 1550 favorece 0 <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
turnos com falas mais longas emcima <strong>de</strong> um topico superor<strong>de</strong>nador.
Destaquemos ,primeiramente, que vale a pena enfrentar a aporia da<br />
relac;ao Iingua/linguagem, numa perspectiva indutiva, e utilizando uma<br />
metodologia <strong>de</strong> transcric;ao conversacional que tente nos aproximar da fala<br />
contextualizada. Po<strong>de</strong>remos assim observar e i<strong>de</strong>ntificar melhor os tipos <strong>de</strong><br />
repetic;ao envolvidos na mediac;ao <strong>de</strong> sentidos e a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> func;oes<br />
que <strong>de</strong>sempenham no texto/ discurso. E verificar que neste se incorporam<br />
diversas realida<strong>de</strong>s dos intervenientes: ao falar, a partir dos papeis que<br />
assumimos, informamos sobre nos mesmos, apren<strong>de</strong>mos, ensinamos, nos<br />
apresentamos como singulares, po<strong>de</strong>mos estabelecer comunicac;ao.<br />
Quanto ao aspecto sistematico do fen6meno da repetic;ao, exploramos<br />
o da sua funcionalida<strong>de</strong> factual como linguagem em ambiente escolar e em<br />
ativida<strong>de</strong>s que propiciam intensa troca <strong>de</strong> turnos conversacionais. Esta<br />
perspectiva salienta os elementos expostos a seguir:<br />
a) A recorrencia das repetic;oes: isto faz passlvel a <strong>de</strong>limitac;ao <strong>de</strong><br />
tipos formais e modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> repetic;ao com func;oes espec1ficas.<br />
b) A repetic;ao como a principal estrategia para conferir continuida<strong>de</strong><br />
aos processos conversacionais. E, no mlnimo, curioso, quando nao<br />
surpreen<strong>de</strong>nte, constatar que a repetic;ao, urn elemento marcado, em<br />
princlpio, como fator <strong>de</strong> quebra da progressao na Iinearida<strong>de</strong> da sequencia<br />
textual/discursiva - dado que 're-apresenta' produc;oes linguisticas<br />
prece<strong>de</strong>ntes - possa acabar se convertendo na principal estrategia da fala<br />
para a manutenc;ao da continuida<strong>de</strong> textual/ discursiva.<br />
c) As repetic;oes como propiciadoras <strong>de</strong> urn espac;o <strong>de</strong> saberes<br />
compartilhados, uma especie <strong>de</strong> terreno comum, <strong>de</strong>mocratico, que<br />
aproxima as saberes pastas na intera
a) Em razao da constante presen~a <strong>de</strong> repeti~6es nas diferentes<br />
conversa~6es do corpus nem daria para imaginar intera~6es como as nele<br />
refletidas caso tentassemos eliminar as repeti~6es, como se <strong>de</strong> um texto<br />
narrativo ou <strong>de</strong>scritivo gerado para a escrita se tratasse. E dificil cogitar<br />
ate que ponto os intervenientes po<strong>de</strong>riam se esquivar das repeti~6es, ou<br />
quais <strong>de</strong>las seria posslvel eliminar para "melhorar" 0 processo <strong>de</strong><br />
comunica~ao ou 0 <strong>de</strong> ensino/ aprendizagem.<br />
b) A relevancia das funcionalida<strong>de</strong>s implementadas pelas repeti~6es.<br />
Parece impensavel imaginar eventos semelhantes sem uma saliente<br />
inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> repeti~6es. E, tambem, dada a multiplicida<strong>de</strong> e a importancia<br />
das fun~6es que realizam (0 que equivale a dizer papeis que<br />
<strong>de</strong>sempenham) ja contamos, a principio, com a convic~ao da especial<br />
importancia da repeti~ao para dar sustenta~ao a fala.<br />
A eficiencia da utiliza~ao <strong>de</strong> repeti~6es em sala <strong>de</strong> aula esta<br />
relacionado com diferentes aspectos que no corpus foram mencionados.<br />
Recolhemos os mais salientes:<br />
b) Apresentar-se como estrategia privi!egiavel para <strong>de</strong>sfazer a<br />
assimetria institucional do contexto escolar, propiciando 0 estabelecimento<br />
<strong>de</strong> intera~6es verbais simetricas entre professor/aluno, aluno/aluno.<br />
c) A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar e superar a conota~ao que carregam <strong>de</strong><br />
contextualizadoras do artificial e monotono.<br />
d) Da facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dispor da heterorrepeti~ao como instrumento<br />
reco/rente para facilitar as tarefas dos interlocutores solicitados a exercer<br />
o turno conversacional.<br />
e) De serem parte fundamental dos discursos <strong>de</strong> carater<br />
metaiinguistico que se instalam, principalmente em aulas <strong>de</strong> rtngua<br />
estrangeira, quando a aula se constitue num contexto especial que<br />
'topicaliza' as ativida<strong>de</strong>s que nela se realizam.<br />
f) Do processo <strong>de</strong> ensino/ aprendizagem se utilizar <strong>de</strong> recursos<br />
linguisticos reiterativos <strong>de</strong> tipo gramatical que <strong>de</strong> alguma forma interferem<br />
principalmente na dinamica dos topicos e na intera~ao, passando a realizar<br />
fun
Ap6s <strong>de</strong>stacar esse conjunto <strong>de</strong> observac6es, e dado 0 carater<br />
epis6dico, particular, do corpus, cabe, ainda, corroborar que elas em gran<strong>de</strong><br />
parte manifestam caracterlsticas universalizantes da repeticao como<br />
eventos da fala. 1550 por ser a repeticao urn fen6meno tlpico da fala, urn<br />
resultado dos condicionamentos a que estao submetidos os intervenientes<br />
na conversacao. Em outras palavras, acontece por conta da pressao pr6pria<br />
da situacao comunicativa em que sac geradas as conversac6es <strong>de</strong> tempo<br />
imediato e irrepetlvel.<br />
Concluimos que os casas analisados no trabalho apresentam a<br />
repeticao como uma realida<strong>de</strong> operante textual/ discursivamente marcada<br />
pela plurifuncionalida<strong>de</strong>, tanto concomitante quanto linear, cujas influencias<br />
extrapolam 0 ambito do lingulstico ao inserir-se nos horizontes do<br />
comunicativo. A repeticao surgida em contextos on<strong>de</strong> ocorrem processes<br />
<strong>de</strong> frequentes trocas <strong>de</strong> turno, <strong>de</strong>sempenha papeis significativos ,em todos<br />
os ambitos, principalmente, na sustentacao e animacao das relac6es<br />
interativas, na realizacao <strong>de</strong> estrategias que favorecem a formulacao e em<br />
ac6es voltadas para a compreensao.<br />
No ambito da coesao , a repeticao po<strong>de</strong> ser vista como<br />
preservadora dos referentes e do nlvel informacional. Age a partir <strong>de</strong> sua<br />
insercao em estrategias lingulsticas diversas e das relac6es semanticas<br />
subjacentes indissociaveis e provi<strong>de</strong>nciando coerencia comunicativa. Os<br />
casas analisados sac reveladores <strong>de</strong> que:<br />
a) Na oralida<strong>de</strong>, a repeticao contribui a fixar a linearida<strong>de</strong> textual, tern<br />
urn papel facilitador na progressao dos enunciados, na manutencao da<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre as partes do evento conversacional e na <strong>de</strong>nomina
facilitadoras e dinamizadoras da 're-produ~ao' <strong>de</strong> estruturas resultante <strong>de</strong><br />
urn processo <strong>de</strong> a~ao coletiva.<br />
b) Na aferi~ao do material linguistico, a repeti~ao aparece como via<br />
cognitiva mais imediata e facil para, nao entregando 0 turno, possibilitar<br />
durante mais tempo a a~ao <strong>de</strong> manuseio <strong>de</strong> materia is linguisticos que<br />
precisam ser testados; estrategia que funciona tambem no sentido <strong>de</strong><br />
preserva~ao das faces.<br />
c) Na corre~ao, a repeti~ao que costuma implicar em mudan~s <strong>de</strong><br />
maior ou menor relevancia no texto/ discurso, nos nlveis fonol6gico, lexical,<br />
sintagmatico, oracional ou frasal. Ela, incluindo ou nao recursos ret6ricos <strong>de</strong><br />
atenua~ao, nao raramente significa uma a~ao facilitadora.<br />
d) Na expansao, dado 0 seu carater <strong>de</strong> soma <strong>de</strong> fragmentos, <strong>de</strong>staca,<br />
tambem, a a~ao facilitadora exercida pela repetic;ao, porque, no mlnimo,<br />
traz 0 elemento ja presente no evento interacional.<br />
e) Na parentetiza~ao e no enquadramento, a repetic;ao esta<br />
necessaria mente, por ser urn recurso retorico que apenas emerge inserto<br />
em alguma ativ~da<strong>de</strong> reiterativa.<br />
f) Na indagac;ao e elucidac;ao, a repetic;ao se torn a interessante por<br />
conta da economia que representa para a solicitac;ao <strong>de</strong> esclarecimentos a<br />
nlvel <strong>de</strong> significante, ou para a realiza~ao <strong>de</strong> comentarios ou explicac;oes a<br />
nlvel da produc;ao linguistica.<br />
No ambito da compreensao , apesar <strong>de</strong> pouco recorrente no<br />
corpus, po<strong>de</strong> ser observado que a sua ativida<strong>de</strong> e dificilmente<br />
reiterativo:<br />
separavel do<br />
a) Nos casos da intensifica~ao ou enfatizac;ao direcionada ao mesmo<br />
referente, especie <strong>de</strong> reduplica~ao geralmente lexical, e do refor~o ou<br />
marcador<br />
qua non.<br />
<strong>de</strong> saliencia topica, a repetic;ao se constitui numa condic;ao sine<br />
b) Para 0 esclarecimento ou explicitac;ao ou explicac;ao do discurso, e<br />
para a interrogac;ao ou solicitac;ao <strong>de</strong> esclarecimento no njvel da<br />
significac;ao, a repetic;ao atualiza as estruturas e materiais linguisticos mais<br />
pr6ximos e acesslveis para realizar essas func;oes.<br />
No ambito do topico , a repetic;ao tern parte na artificialida<strong>de</strong> e<br />
futilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitas das conversac;6es travadas em sala <strong>de</strong> aula (recorre-se<br />
a ela na fixac;ao reiterada <strong>de</strong> aspectos irrelevantes quanta a topicida<strong>de</strong>,<br />
mesmo que relevantes, por exemplo para implementar uma correc;ao ou
completar uma formulac;ao satistatoria). Desta dicotomia, nasce 0 <strong>de</strong>safio<br />
para analisar os eventos<br />
consi<strong>de</strong>rado topico:<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma dupla perspectiva do que seja<br />
a) A primeira perspectiva, e aquela que constat a a relativa ausencia <strong>de</strong><br />
topicos conversacionais canonicos e a consequente dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntifica-Ios. Dentro <strong>de</strong>la, trabalhando com urn corpus como 0 utilizado<br />
neste trabalho, permanece no ar a tentac;ao <strong>de</strong> tentar atribuir 0 status <strong>de</strong><br />
'topico discursivo'<br />
frequencia. Evitar<br />
a qualquer produc;ao<br />
isto nao e simples<br />
reiterada que<br />
por diversas<br />
aparecer com<br />
razoes: a) 0<br />
mascaramento, a ocultac;ao ou, ainda, a inexistencia <strong>de</strong> autentico topico; b)<br />
os liames constitutivos da amarrac;ao intermitente po<strong>de</strong>rao confundir-se<br />
com a propria repetic;ao mais reiterada <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas produc;oes<br />
linguisticas distantes da topicida<strong>de</strong> no evento; c) a retomada <strong>de</strong> materiais<br />
linguisticos prece<strong>de</strong>ntes po<strong>de</strong>ra nao ocorrer em cima dos que ocupam<br />
posic;ao topica. Quando superadas estas autenticas barreiras <strong>de</strong> Indole<br />
interpretativa, sera mais viavel visualizar a repetic;ao como parte<br />
indissociavel ou nao <strong>de</strong> armac;oes retoricas conversacionais <strong>de</strong> orientac;ao<br />
topica (a reintroduc;ao ou retomada <strong>de</strong> topicos, a <strong>de</strong>marcac;ao dos topicos)<br />
que sinalizem a progressao em curso ou a recolocac;ao <strong>de</strong> cenarios com<br />
materiais linguisticos fa miliares aos interlocutores. Em qualquer hipotese, a<br />
i<strong>de</strong>ntificac;ao da funcionalida<strong>de</strong> topica implementada pelas repetic;oes<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ra muito da certeira i<strong>de</strong>ntificac;ao dos mecanismos retoricos <strong>de</strong><br />
dimensao recorrente utilizados na conversac;ao travada em sala <strong>de</strong> aula. E,<br />
neste sentido, no corpus, tern ficado dificil i<strong>de</strong>ntificar os topicos em<br />
andamento.<br />
b) A segunda perspectiva, aquela que visualiza a propria linguagem<br />
como 0 verda<strong>de</strong>iro topico em curso, a perspectiva da metalinguagem como<br />
topico condutor das aulas <strong>de</strong> lingua estrangeira, representa introduzir no<br />
ambito do topico urn novo horizonte interpretativo. Os participantes do<br />
processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem passam a ser sujeitos <strong>de</strong> um topico -a<br />
IIngua- que os mantem em pactada interac;ao: 0 artificialismo, a<br />
teatralida<strong>de</strong> das falac;oes, a assimetria constitutiva da pratica escolar,<br />
ficam inseridos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> urn contexto no que existe algum to pico gerador,<br />
superor<strong>de</strong>nador, nao canonico, fundamentalmente constituld,o por<br />
produc;oes <strong>de</strong> carater metaiinguistico. As repetic;oes, por conta <strong>de</strong> sua<br />
recorrencia para 0 aprendizado das IInguas, ten<strong>de</strong>rao a estarem presentes<br />
no topico orientado a metalinguagem.<br />
Em relac;ao a intervent;ao das repeti
provavelmente, porque a argumenta
d) Constituir-se numa ponte cognitiva ja posta ou dada para a<br />
incorporac;ao <strong>de</strong> novos saberes ou para exercer ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> chamar a<br />
atenc;ao para algo, <strong>de</strong> resposta ou <strong>de</strong> avaliac;ao.<br />
e) Po<strong>de</strong>r operar como recurso para conseguir estabelecer uma<br />
situac;ao <strong>de</strong> humor acessivel aos intervenientes.<br />
f) Estar presente em diversos jogos entoacionais, ritmicos e iconicos<br />
que propiciam oportunida<strong>de</strong>s discretas e economicas <strong>de</strong> chamar <strong>de</strong> novo os<br />
interlocutores para a 'mesa <strong>de</strong> negociac;oes', etc.<br />
Reconhecemos , <strong>de</strong> fato, como marcante ainterferencia da<br />
repetic;ao nas relac;oes a serem estabelecidas na sala <strong>de</strong> aula; em especial,<br />
quando percebida esta como uma espac;o/tempo marcado por uma<br />
assimetria constitutiva, expressao, inicialmente, prototipica, <strong>de</strong> situac;ao<br />
semelhante observavel nas relac;oes institucionais da socieda<strong>de</strong>. A<br />
repetic;ao po<strong>de</strong> servir, neste marco, como oportunida<strong>de</strong> recorrente para<br />
<strong>de</strong>mocratizar os saberes - aproximando-os atraves dos mecanismos <strong>de</strong><br />
reiterac;ao -, para contribuir it confluencia dos quereres - unificando-os,<br />
ajudada pelas suas virtualida<strong>de</strong>s aproximantes, vindo a ser arma eficiente<br />
<strong>de</strong> subversao da assimetria existente. e para socializar os po<strong>de</strong>res em jogo,<br />
por exemplo, ao viabilizar partilhas na organizac;ao e controle dos turnos<br />
conversacionais. Isso porque a repetic;ao carrega, em sua pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
formas <strong>de</strong> atualizac;ao ou implementac;ao, uma dimensao igualizante,<br />
aproximante, ao representar, nem mais nem menos, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> olhar<br />
para 0 ja visto com os olhos novos do presente; e partilha da<br />
potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iluminar 0 nao visto ainda por alguem no presente, com a<br />
perspectiva cooperativa do que os outros ja enxergaram no passado.<br />
Por quanto vimos assinalando, 0 corpus po<strong>de</strong> ser focalizado como urn<br />
testemunho do carater da repetic;ao como:<br />
b) Mecanismo para a relativizac;ao au quebra das assimetrias tipicas da<br />
sala <strong>de</strong> aula.<br />
c) Instrumento <strong>de</strong> aproximac;ao entre os intervenientes, estrategia <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>mocratizac;ao da palavra e <strong>de</strong> negociac;ao do po<strong>de</strong>r.<br />
'Ao voltar a vista atras', a releitura da nossa exposic;ao revela algumas<br />
das suas carencias e atrevimentos:<br />
a) Certa confusao e in<strong>de</strong>finic;ao terminologica, na qual incorremos se,<br />
quando e porque nos <strong>de</strong>cidimos a abordar a complexa realida<strong>de</strong> da
linguagem, tao invadida por terminologias, noc;6es, metodologias tambem<br />
conflitantes (texto, discurso, 'texto/discurso', func;ao, etc.);<br />
b) Questoes que fica ram no caminho: a vacilac;ao entre intensificac;ao<br />
e reforc;o; 0 trato menos insistente da questao topica; a dificulda<strong>de</strong> que<br />
encontramos em i<strong>de</strong>ntificar as saliencias, etc.<br />
c) Um tanto <strong>de</strong> timi<strong>de</strong>z em abordar a plurifuncionalida<strong>de</strong> concomitante<br />
mais sistematicamente.<br />
d) A ausencia <strong>de</strong> correlac;ao sistematica entre os tipos funcionais e os<br />
modos <strong>de</strong> produc;ao e apreensao do saber; a lacuna <strong>de</strong>ixada pela nao<br />
efetivac;ao <strong>de</strong> uma quantificac;ao correlacionando 0 formal e 0 funcional,<br />
para confirmar ten<strong>de</strong>ncias, registrar constancias, sugerir evi<strong>de</strong>ncias ...<br />
e) A empobrecedora renuncia, do ponto <strong>de</strong> vista epistemologico, a<br />
encarar e se guiar pelas sinalizac;6es dos aspectos iconicos, ritmicos,<br />
entoacionais ... , 0 <strong>de</strong>scasso relativo<br />
linguagem.<br />
aoss componentes paralinguisticos da<br />
f) 0 leve aproveitamento das ilac;oes estabelecidas para melhor avaliar<br />
e alicen;ar as priiticas <strong>de</strong> ensino.<br />
Porem, e olhando <strong>de</strong>ste patamar que se amplia 0 leque <strong>de</strong><br />
perspectivas interessantes, iluminadoras; saD autenticos caminhos por<br />
fazer, que se abrem, se espalham, e chamam ... Em realida<strong>de</strong>, nas trilhas do<br />
saber, cada <strong>de</strong>ficiencia e limitac;ao reconhecida, como 'as estelas do mar'<br />
suscita todo urn universo <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>safios. Alguns, haveremos <strong>de</strong><br />
enfrentar ...
ALARCOS LIDRACH,Emilio<br />
1984 Estudios <strong>de</strong> GrarnB.ticaEuncional <strong>de</strong>l Espanhol. Madrid,Gredos.<br />
AIMEIDA,Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s<br />
1991 "Interaqao em Sala <strong>de</strong> Aula:Aspectos da Relaqao Concepqaox<br />
Abordagem".In Interag6es Assi.rnetricas. Org. Angela B. Kleiman.<br />
Trabalhos em Lingliistica<br />
79-95.<br />
Aplicada, 18, jul/<strong>de</strong>z, IEL/UNICAMP, pp.<br />
ARRUDA, Doris <strong>de</strong> A.<br />
1992 "UrnaI.eitura da AbordagemBakhtinianan do Discurso Reportado".<br />
Investigaq6es, UFPE,Recife, pp. 105-117.<br />
AUSTIN,J. L.<br />
1990 QJando Dizer e Fazer. Palavras<br />
Medicas.<br />
e Al;B.o. Porto Alegre, Artes<br />
BACHMANN, C.; LINDENFEIDJ.; e SIMJNINJ.<br />
1981 Langage et Crnrmmications sociales. Paris, Hatier-credif.<br />
BAKHTIN,M<br />
1990 0 Marxismoe a Filosofia da Linguagan. sao Paulo, Ucitec.<br />
BARLEY,Nigel<br />
1989 ELAnt.rop6logo Inocente. Barcelona, Anagrarna.<br />
BARROS,Diana Luz P.<br />
1990 Teoria 8eni6tica do Texto. Sao Paulo, Atica.<br />
BARROS,Kazue S. M. <strong>de</strong><br />
1986 Aspecto <strong>de</strong> Organizagao eonversacional entre Professor e Aluno em<br />
Sala <strong>de</strong> Aula. Recife, Dissert. <strong>de</strong> Mestrado, UFPE,mi.meo.<br />
BAUMAN, Richard e SCHERZER Joel<br />
1974 Explorations in the Etnography of Speaking. cambridge,<br />
University Press.<br />
BELLOPilar e outros<br />
1990 Didactica <strong>de</strong> las 8egundas Lenguas - Estrategias y Recursos<br />
Basicoa.Madrid, Santillana.<br />
BENVENISTE, E<br />
1989 Eroblanas <strong>de</strong> Lingiiistica Geral. Vol II, Pontes, campinas.
BERNARDEZ, Enrique<br />
1982 Introducci6n a la Lingiiistica <strong>de</strong>l Texto. Madrid, Espasa-ealpe<br />
BESSANE'IO,Regina Stela<br />
1991 A Repetigao Lexical an Textos Narrativos Orais e Escritos.<br />
r-Estrado, Belo Horizonte, UFM3,mimeo.<br />
Diss.<br />
BIAJI, Maria Luci <strong>de</strong><br />
1981 Tecnicas para Coleta <strong>de</strong> DadosLingiiisticos.<br />
r-Estrado, UFPE,mimeo.<br />
Recife, Diss. <strong>de</strong><br />
BOL03NINI,cannan<br />
1991 "T6pico Discursive na Aula <strong>de</strong> Lingua Estrangeira: Desfazendo a<br />
Assimetria". In Interac;6es AssinEtricas. arg. Angela B. Kleiman.<br />
Trabalhos an Lingliistica<br />
pp. '64-73.<br />
Aplicada, 18. campinas, UNICAMP / IEL,<br />
PORIONI,Stella M.<br />
1991 "A Interaqao Professora x Al~ x Texto Didatico". In<br />
Interag6es AssiIretricas .arg. Angela B. Kleiman. Trabalhos an<br />
Lingliistica Aplicada, 18, jul/<strong>de</strong>z, IEL/UNICAMP, pp. 40-55.<br />
BRG1N,George e YULE,Gillian<br />
1993 AnBJ.isis <strong>de</strong>l Discurso. Madrid, Visor Libros.<br />
CALVEI', Louis Jean<br />
1977 saussure:<br />
Cultrix.<br />
Pro e Contra. Para umaLingiiistica S
M3dico-Paciente: UrnaAbordagem Socio-lingliistica Interacional".<br />
In Fotografias Sociolingiiisticas. Org. Fernando Tarallo{<br />
campinas, Pontes, pp. 239-268.<br />
COSERIU, Eugenio<br />
1986 Principios <strong>de</strong> senantica Estructural. Madrid,<br />
1991 El Hanbre y su Lenguaje. Madrid, Gredos.<br />
COSTA,Januacele F. da<br />
1993 BilingiiiSIIP e Atitu<strong>de</strong>s Lingi.ifsticas Interetni.cas..: Aspectos do<br />
Contato PortugtIes - Ya:the. Recife, Dissert. <strong>de</strong> Mestrado{ UPPE,<br />
COSTAM:>RAIS { Maria Iran<strong>de</strong><br />
1992 Aspectos da eoesao I..exical na Organizagao do Texto Escrito <strong>de</strong><br />
Ccmentario. Lisboa,Tese Dout., n.c.{ IIliIreo.<br />
CRYSTAL,David<br />
1988 Dicionario <strong>de</strong> Lingliistica e Fonetica. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Zahar.<br />
DIJK, Teun A. Van<br />
1988 Texto Y Contexto. 3Q ed., Madrid, catedra.<br />
1992<br />
DUBOIS J.<br />
Cogni
FISHMAN, J.<br />
1971 SOci.olinguistique. Broselas, Labor, Paris, Nathan.<br />
FREIRE, Paulo<br />
1969 Educagao caro Pratica cia r,iberda<strong>de</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro;<br />
1971 Pedagogia <strong>de</strong>] Oprimido. Lima, Retablo y Papel.<br />
GAReThPADRIID,Ja..ine e MEDINA, Arturo (Orgs.) e outros<br />
1989 Did.3.ctica <strong>de</strong> la lengua Yla Literatura. 2~ rei.rrpr., Madrid,<br />
Anaya.<br />
GEERI'Z,Clifford<br />
1973 A Interpretagao lias CUltnras. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Zahar.<br />
GC:l-1ES DEMA'IOS,Francisco<br />
1984 "Por uma Declaraqao dos Direitos Lingliisticos Individuais".<br />
Revista <strong>de</strong> Cultura, :marge, Petr6polis, Vozes.<br />
1987 "Os Dez Mandam:mtosdo Professor <strong>de</strong> Linguas en Paises en<br />
Desenvolvinento". Revista <strong>de</strong> Cultura. nQ 2, PetrOpolis, Vozes.<br />
a::Jr;X;Al:,vES, carlos Alexandre<br />
1991 "Lingliistica <strong>de</strong> Texto e Pragmatica <strong>de</strong> Leitura". In Anais do<br />
IV Congresso <strong>de</strong> Professores <strong>de</strong> Espanhol. Curitiba, Literot€cnica,<br />
pp. 123-128.<br />
a:N;ALVES, Jose carlos<br />
1983 "Patterns of Topical Developnent in the Acquisition of<br />
Portuguese as a second Language: Fran Teacher-daninance to<br />
Stu<strong>de</strong>nt-participation. In Anais do V ENPULI- POCSP-IAEL, julho<br />
GREIMAS, Algirdas J.<br />
<strong>de</strong> 1983, sao Paulo, Depa.rt.arrento<strong>de</strong> Ingles e Lingliistica.<br />
"~~iscursivo no Discurso Institucionalizado". Trabalho<br />
Apresentado na SBPC,Sao Paulo, Mim:!o.<br />
1976 semantica Estrutural. sao Paulo, Cultrix.<br />
GREIMAS, Algirdas J. e COORI'ESJoseph<br />
s.d. Dicionario <strong>de</strong> Semi6tica. sac>paulo, CUltrix.
GUMPERZ, John<br />
1989 Engager la Conversation. Introduction a la Socio-linguistique<br />
Interactionelle. Paris, Minuit.<br />
HJEIMSLEV,<br />
1975<br />
1976<br />
HOFFNAGEL, Judith C.<br />
Louis<br />
Proleg6reoos a uma Teoria da Linguagen.<br />
El Lenguaje. Madrid, Gredos.<br />
1992 "Pcxier nas Interag6es Varbais entre os sexos". Investigag6es,<br />
UFPE, Recife, pp.83-91.<br />
KEMPSON, Ruth<br />
1980 Tearia semantica. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Zahar.<br />
KLEIMAN, Angela (Org.)<br />
1991 IIIntrodugao. E urnInicio:A Pesquisa sabre Interagao e<br />
Aprendizagan". In Interag6es Assimetricas. Trabalhos an<br />
Lingtiistica Aplicada, 18. jul./<strong>de</strong>z, cantpinas, UNICAMP/IEL,<br />
1993<br />
pp.5-11.<br />
"Interagao e Produgao <strong>de</strong> Texto: Elanentos para umaAnalise<br />
Interpretativa Critica do Discurso do Professor". D.E.L.T.A., 9,<br />
Especial, pp. 417-435.<br />
KOCH,Ingeciore G. V.<br />
1989 A Coesao Textual. Sao Paulo, Contexte.<br />
1993 "A Repetigao cano MecanismeEstruturador do Texto Falado". In<br />
45£! Reuniao Anual da SBPC,Recife. (mimeo).<br />
KOCH,IngedoreG. V. e TRAVAGLIA, Luiz carlos<br />
1993 Texto e Coerencia, 2£! ed.: sao Paulo, Cortez.<br />
KUTSCHERA,Franz van<br />
1979 Filosofia <strong>de</strong>l Ienguaje. Madrid, Gredos.<br />
KRISTEVA, Julia<br />
1981 line Initiation a la linguistique. Paris,seuil.<br />
IAKATOS,Eva Maria e MARCONI, Maria <strong>de</strong> A.<br />
1991 Metodologia Cientifica. 2£! ed. rev. e ample sao Paulo, Atlas.<br />
IAPJ:N, william<br />
1983 Mo<strong>de</strong>los Sociolingi.iisticos. Madrid, Catedra.
LEVINSON, Stephen C.<br />
1989 Pra.gro.itica. Barcelona, Tei<strong>de</strong>.<br />
LE'WANIXWSKI, Theodor<br />
1992 Diccionario <strong>de</strong> Lingiiistica. 39, eel., Madrid, catedra.<br />
LYONS, J.<br />
1979<br />
1987<br />
Introducffio a Lingij1stica Te6rica. sao Paulo, Cultrix/EDUSP<br />
Linguagan e Lingiiistica. uma introctugao: Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
Guanabara/Koogan.<br />
MAINGUENEAU, Daninique<br />
1986 Elerents<br />
Bordas.<br />
<strong>de</strong> Linguistique pour Ie Texte Littffi:ai reo Paris,<br />
MAIMBERG, B.<br />
1974 As novas Ten<strong>de</strong>ncias da Lingiifstica. sao Paulo, Nacional.<br />
MARCUSCHI, Elizabeth<br />
1986 Catpreensao <strong>de</strong> Express6es rdi.rn1aticas da Lingua AJ.ema per<br />
Falantes Braslleiros.. Diss. Mestrado, Recife, UFPE,mimeo.<br />
1986<br />
1988<br />
Lingiiistica <strong>de</strong> Texto: 0 que e e caro se faze Recife, UFPE,<br />
Mestrado <strong>de</strong> <strong>Letras</strong> e Lingliistica, mimao.<br />
Analise da Conversagao. Sac Paulo, Atica.<br />
"Manifestag6es <strong>de</strong> Pa<strong>de</strong>r em Fonnas Ass.imetricas <strong>de</strong> Interagiio".<br />
Investigag6es, 1, UFPE, Recife, p. 51-70.<br />
A Repetigao na Lingua Falada. FOnDaSe Fur1g6es. Dissert.<br />
Catedra, Recife,UFPE, mimeo.<br />
"A Presenga da Repetigao na fala e algumas PerSPeCtivas <strong>de</strong><br />
tratamento" rnvestigag5es, 2, UFPE, Recife, p. 31-47.<br />
MARTINELL, Errma G.<br />
1994 Enca<strong>de</strong>namiento per Repetici6n en la Est.ruct.llra-Coloquial<br />
[rnicrofonna <strong>de</strong> tese doutoral, 1973J. Barcelona, Publicacions<br />
universitat <strong>de</strong> Barcelona.<br />
MARTINET, Andre<br />
1971 EI Lenguaje <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el Punto <strong>de</strong> Vista FunciQIlal. Madrid, Gredos.<br />
MATIDSO cAMARA, Joaquim<br />
1978 I>rincipios ~LingliisticaGe.ral. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Padrao.
1989 IJDiciaetica <strong>de</strong> la Lengua". In Didactica <strong>de</strong> la I..enguay la<br />
Literatura:Madrid, Anaya.<br />
MELID,Isaltina G.<br />
1992 IJEstrat.egias <strong>de</strong> Criaqao do HurIDrna Entrevista Televisiva -<br />
Estudo <strong>de</strong> Caso - : In Investigag6ea, 2, UFPE,Recife, p.93-103.<br />
M:>LLICA, Cecilia e RON:ARATI, Claudia<br />
1991 IJEnfoques sobre AIrostragem em Sociolingliistica".<br />
2, p. 521-528.<br />
D.E.L.T.A.: 7,<br />
M:XJNIN,<br />
1967<br />
1973<br />
Georges<br />
Histoire <strong>de</strong> 18 Linguistique <strong>de</strong>s origens au XXSi.ecle. Paris, PUF<br />
A LingUistica do seculo XX.Lisboa, Presenqa.<br />
MJJRANEVES,Maria Helena<br />
1994 "0 Estudo da Lingua na sua Hist6ria: a Lingua caro Fim e caro<br />
Meio? D.E.L.T.A., 10, Especial, p. 213-223.<br />
ORLANDI, Eni P.<br />
1987 A Linguageme seu FuncionaIrento. As fonnas do Discurso.<br />
campinas, Pontes.<br />
ORLANDI, Eni P. e SCXJZA, Tania<br />
1988 IJA Lingua Imaginaria e a Lingua Fluida: Dais Metodos <strong>de</strong><br />
Trabalho can a Linguagem". In Politica LingUistica na America<br />
Latina. Eni P. Orlandi (org.) campinas, Pontes.<br />
PECHEUX, Michel<br />
1990 0 Discurso - Estrutura ou Aconteci.Inen:tQ.campinas, Pontes.<br />
PORZIG, walter<br />
1970 ELMundoMaravilhoso <strong>de</strong>l Lenguaje: Problanas, Metodos ¥-<br />
PaJLANTZAS, Nicos<br />
Resultados <strong>de</strong> la Lingliistica Mo<strong>de</strong>ma. Madrid, Gredos.<br />
1981 0 Estado, 0 P
RODRIGUEZ, Carolina M.<br />
1994 "'Afetivida<strong>de</strong>' e Inconsciente na Didatica <strong>de</strong> Linguas".<br />
D.E.L.T.A., 10, 1, 7-20.<br />
RONCARATI, Claudia<br />
1992 "Repetigao e saliencia na Construgao do Texto Oral".<br />
Canunicagao in 45S!Reuniao Anual da SBPC, julho 1992, Recife.<br />
sAocHEZ,<br />
1990a<br />
1990b<br />
S~Z,<br />
1990a<br />
1990b<br />
(rninEo)<br />
A; CABRE, M. T. e MATILIA, J. A.<br />
Espafiol en Directo. Nivel 2A. 12S!eel., Madrid, SGEL.<br />
Espafiol en Directo. Nivel 2B. 8S!eel., Madrid, SGEL.<br />
Aquilino; RIOS, Manuel; IX:MIN3UEZ, Joaquin<br />
EspaDol en Directo. Nive1 lA. 16S!ed., Madrid,<br />
Espafiol en Directo. Nive1 lB. 13S!eel., Madrid,<br />
SAUSSURE, Ferdinand <strong>de</strong><br />
1969 Curso <strong>de</strong> Lingiiistica Geral. sao Paulo, Cultrix.<br />
SGEL.<br />
SGEL.<br />
SAVllLE-TROIKE,Muriel<br />
1982 'I'hELEtimography<br />
Press<br />
of Ccmmm.ication. Baltimre, University Park<br />
SCHMIDI',Siegfried J.<br />
1978 Lingliistica e Teoria do Texto. sao Paulo, Pioneira.<br />
SEARLE,JOM R.<br />
1981 Os Actos <strong>de</strong> Fala.<br />
Almedina.<br />
um Ensaio <strong>de</strong> Filosofia da Linguagan. Coimbra,<br />
SERRANI , Silvana M.<br />
1988 "Per una Politica Plurilingliistica y una perspectiva<br />
Pragmatico-discursiva en la Pedagogia <strong>de</strong> I.enguas. In Pelitica<br />
Lingliistica na America latina; Eni P. Orlandi (org.), campinas,<br />
Pontes.<br />
SIQURINI, Ines<br />
1991 "Explicar e M::>strarcane Fazer x en Situag
Investiga96es, UPPE,Recife, 133-144.<br />
1994 JJpedir InfOIma90es I Explicar: Estrategias Canunicativas em<br />
Intera90es Assi:rnetricas letrado I nao letrado" .D.E.L. T.A.,<br />
10,1, 29-46.<br />
SLAMA-eASACU, Tatiana<br />
1979 Psicologia Aplicada ao Ensino <strong>de</strong> Linguas. sao Paulo, Pioneira.<br />
1984 Linguistique Appliquee. Une Introduction. Brescia, La SCUola.<br />
SIDLKA,Ana Luiza B.<br />
1991 JJMUltiplas Vozes na sala <strong>de</strong> Aula: AsJ?eCtoSda Constru.9ao<br />
Coletiva Do Conhecimento na Escola". In Trabalhos em<br />
Lingliistica Aplicada, 18. Org. Angela B. Kleiman. campinas, IEL,<br />
15-27.<br />
S'IUBBS,Michael<br />
1987 Ancilisis <strong>de</strong>l Discurso. Analisis Sociolingiiistico <strong>de</strong>l Lenguaje<br />
Natural. Madrid, Alianza.<br />
TARALID, Fernando<br />
1986 A Pesqui sa Sociolingliistica. sao Paulo, Atica.<br />
1989 Fotografias Sociolingliisticas. campinas, Pontes.<br />
TI'IONE,Renzo<br />
1983 JlTen<strong>de</strong>ncias <strong>de</strong> la Didactica <strong>de</strong> los Idianas Hoy". In Aetas <strong>de</strong>l 1er:<br />
Congreso <strong>de</strong> Lingliistica Aplicada. AESIA,Murcia, 49-54.<br />
VEZ JEREMfAs, Jose Manuel<br />
1989 JlAprendizaje y Ensefianza <strong>de</strong> la Lengua segUn las Ciencias <strong>de</strong>l<br />
Lenguaje". In Didactica <strong>de</strong> la Lengua y la Literatura. JaiIre<br />
Garcia Padrino y Arturo Medina (dirs.). Madrid, Anaya.<br />
VIANA,Marigia<br />
1992 JlPadr6es Entoacionais nos Processos <strong>de</strong> Continuida<strong>de</strong> e<br />
Descontinuida<strong>de</strong> na fala". Investiga96es, UFPE,Recife, 145-165.
1-001<br />
1-002<br />
1-003<br />
1-004<br />
1-005<br />
1-006<br />
1-007<br />
1-008<br />
1-009<br />
1-010<br />
1-011<br />
1-012<br />
1-013<br />
1-014<br />
1-015<br />
1-016<br />
1-017<br />
1-018<br />
1-019<br />
1-020<br />
1-021<br />
1-022<br />
1-023<br />
1-024<br />
1-025<br />
1-026<br />
1-027<br />
1-028<br />
1-029<br />
1-0<strong>30</strong><br />
1-031<br />
1-032 -2<br />
1-03.1 -1<br />
1-034 -4<br />
1-035<br />
1-036<br />
1-037<br />
1-038<br />
1-039<br />
1-040<br />
1-041<br />
1-042<br />
1-043<br />
1-044<br />
1-045<br />
1-046<br />
1-047<br />
1-048<br />
c:mlOO<br />
PI!SSQM,<br />
-5<br />
Varios<br />
?<br />
p-l<br />
-5<br />
-1<br />
A-5<br />
P-l<br />
-5<br />
A-3<br />
P-1<br />
-6<br />
-1<br />
-6<br />
A-4<br />
P-1<br />
?<br />
P-1<br />
A-3<br />
P-1<br />
varios<br />
-1<br />
A-6<br />
-1<br />
1-049 ?<br />
P-l lquer uma locao <strong>de</strong> barba que eu «ininteligivel»<br />
[«ininteligivel»<br />
feu sugeri<br />
[yo no uso<br />
seus filhos nao usam nao uma loqao <strong>de</strong> barba<br />
em realidad yo no uso, no<br />
[«ininteligivel» nao usa «ininteligivel»<br />
[nada (+) yo no uso nada<br />
P-1 «ininteligivel»<br />
[a maior vagunqa<br />
[yo no uso nada<br />
OR NADA<br />
solo la ropa<br />
OO(+)XEN (++) lnao usa nao?<br />
[«ininteligivel» nao gosta nao?<br />
[la ob(+) la ropa el reloj y las<br />
gafas(+) lque mas quiere usted?<br />
OH: P-l nao usa perfume<br />
<strong>de</strong> especie alguma<br />
JA. JA...JA._JA.-JA. .JA...<br />
[no me envenenen<br />
[nos sugerimos<br />
[no me envenenen<br />
[vamos dar a voce:e uma: tisoURA<br />
[negativo<br />
[JA. ..JA. ..JA. ..<br />
ahora<br />
[uma tisoura !<br />
si me 11ega un amigo secreta que me da un: (+) un perEurre<br />
con mucho placer se 10 (+) <strong>de</strong>spues yo 10 doy a :Jtra<br />
persona<br />
NA:::O (+) NA:O<br />
Znao usa perfume nao ?<br />
pero mi mujer usa a veces (+) a veces no siempre (+) y mis<br />
ninos usan<br />
con permiso<br />
si , todo (4)<br />
voces estao hoje numa aula d'espanhOL:, «ininte1igivel»<br />
vamos «ininte1igive1»<br />
muy<br />
[«ininte1igive1»<br />
[gracias<br />
bie:N<br />
«ininte1igive1» soy buena<br />
A::1 A::1 0::1 JA...JA. .JA_,JA..JA...JA...( (ininteligivel»<br />
bueno (+) vamos a continuar respondiendo segun el dialogo<br />
eh: numero dos (+) lpor que no cultiva hortalizas?<br />
on<strong>de</strong><br />
[ UU: : EE: : 0: :<br />
e isso?<br />
e eu SEI:?<br />
pagina 155<br />
por que no cUltiva hortalizas<br />
ahl aqui<br />
mas eu nao estou venda is so nao<br />
tambem nao<br />
es (+) en relacion al dialogo (+) mlrnero 2 pagina 155<br />
responda segun el dialogo (+) ya respondimos lcuando<br />
planta el agricu1tor 10s pimientos? (++)<br />
[«ininteligivel»
1-050 -7<br />
1-051 -1<br />
-5 e<br />
-6<br />
1-052 -6<br />
1-053 -1<br />
1-054 -5<br />
1-055 A-2<br />
1-056 A-I<br />
1-057 -5<br />
1-058 -1<br />
1-059 -5<br />
1-060 -1<br />
1-061 -7<br />
1-062 -1<br />
1-063 -3<br />
1-064 -2<br />
1-065 -1<br />
1-066 -5<br />
1-067<br />
1-068 -1<br />
1-069 -1<br />
1-070 -5<br />
1-071 -1<br />
1-072 -5<br />
1-073 -6<br />
1-074 -1<br />
1-075 A-5<br />
1-076 -1<br />
1-077 -2<br />
1-078 -5<br />
1-079 -1<br />
1-080 arios<br />
1-081 -5<br />
1-082 -1<br />
1-083 ?<br />
1-084 -7<br />
1-085 ?<br />
1-086 -1<br />
1-087 ?<br />
1-088 -2<br />
1-089 -1<br />
1-090 -5<br />
1-091 varios<br />
1-092 A-2<br />
1-093 P-l<br />
1-094 -5<br />
1-095 -1<br />
1-096 -3<br />
1-097 A-5<br />
1-098 -3<br />
1-099 -1<br />
1-100 -5<br />
1-101 -1<br />
1-102 -5<br />
1-103 P-1<br />
1-104 -5<br />
1-105 -1<br />
1-106 -5<br />
1-106 -1<br />
1-108 -5<br />
1-109 -6<br />
1-110 A-5<br />
1-111 P-l<br />
«ininteligivel» aqui (+) alha<br />
lpor que: este agricultor no cultiva hortalizas?<br />
porque no es tierra <strong>de</strong> reqadio<br />
sino <strong>de</strong> secane<br />
exactaME:NTE (+) <strong>de</strong> seca:no (3) lque se produce sobre todo<br />
en la finca <strong>de</strong>l senor antonio?<br />
trigo y alfafa (+) trigo y alfa:fa<br />
[trigo y alFAL:FA (++++) alfalfa<br />
[trigo y tambien alfalfa<br />
trigo<br />
alfAL:<br />
y alfafa<br />
al:fal:fa<br />
alfal:fa<br />
y tambie:n algun frutal<br />
y algun frutal<br />
eu naa botei alg6n frutal naa<br />
eu botei sabre todo trigo<br />
yo puse<br />
yo puse<br />
yo puse sobre todo trigo<br />
sobre todo , sobre todo trigo<br />
numero cuatro (++) lpor que la siega es todavia para el<br />
una labor lenta? (++) A-5<br />
porque nan dispone <strong>de</strong>: con-se-chadora?<br />
cosechadora<br />
lcosechadora? (+) lbueno?<br />
muy bueno<br />
bien (+) bien (++) bien bien<br />
[muy bueno<br />
bien muy bien<br />
muy bien<br />
gracias (+) pro-fe-so:r<br />
<strong>de</strong> nada<br />
((JA...JA...JA._JA..JA...JA...) )<br />
«ininteligivel»<br />
cinco<br />
daquela daquela mulher <strong>de</strong> uma bo<strong>de</strong>ga<br />
lpor que la siega es para el una labor lenta?<br />
ldon<strong>de</strong> limpia y tri-lla el trigo? (++) 10 hace en la era<br />
que: (+) hay estra-da (+) <strong>de</strong>l pueblo<br />
HA:Y<br />
[«ininteligivel»<br />
(++) HAY<br />
[«ininteligivel»<br />
tem a la estrada que<br />
[a la entrada<br />
A la<br />
[a la «ininteligivel»<br />
[a la<br />
a la entrada<br />
hay a la<br />
a la entrada, a la entrada <strong>de</strong>l pueblo, es una expresion<br />
adverbial<br />
<strong>de</strong>spues <strong>de</strong><br />
lpue<strong>de</strong> ser s6 en la era?<br />
en la era<br />
solo<br />
solo 10 hacen en la era<br />
solo , LO hacen<br />
5610 hacen<br />
[LO , ha:cen<br />
LO hacen<br />
S610 , 10 hacen<br />
iah!<br />
Era<br />
5610 ha-cen en la iera<br />
en la era<br />
qual e esse? (+) e a quinto e?<br />
[s1 solo hacen<br />
[s610 LO hacen
1-112<br />
1-113<br />
1-114<br />
1-115<br />
1-116<br />
1-117<br />
1-118<br />
1-119<br />
1-120<br />
1-121<br />
1-122<br />
1-123<br />
1-124<br />
1-125<br />
1-126<br />
1-127<br />
1-128<br />
1-129<br />
1-1<strong>30</strong><br />
1-131<br />
1-133<br />
1-134<br />
1-135<br />
1-136<br />
1-137<br />
1-138<br />
1-139<br />
1-140<br />
1-141<br />
1-142<br />
1-143<br />
1-144<br />
1-145<br />
1-146<br />
1-147<br />
1-148<br />
1-149<br />
1-150<br />
1-151<br />
1-152<br />
1-153<br />
-1<br />
-5<br />
-1<br />
-5<br />
-1<br />
-1<br />
-2<br />
-5<br />
P-l<br />
-2<br />
-1<br />
A-5<br />
-2<br />
P-l<br />
-5<br />
-1<br />
-2<br />
a-5<br />
-1<br />
-5<br />
-1<br />
-5<br />
-2<br />
-1<br />
-5<br />
P-l<br />
?<br />
TURNO COOIOO<br />
PESSOAL<br />
-2<br />
2-002<br />
2-003<br />
2-004<br />
2-005<br />
2-006<br />
2-007<br />
2-008<br />
2-009<br />
2-010<br />
2-011<br />
A-13<br />
A-12<br />
o quinto ?<br />
si , diga<br />
como foi que que ela disse?<br />
a la entrada <strong>de</strong>l pueblo<br />
[a la entrada <strong>de</strong>l pueblo<br />
ld6n<strong>de</strong> limpia (+) par qu eh:: ld6n<strong>de</strong> limpia y trilla el<br />
trigo<br />
como foi que que ela disse?<br />
s610 10 ha:-cen<br />
ls61o? (3)<br />
10 ha-cen en las era<br />
en la era (3)<br />
en (+) en la era<br />
que quer dizer isso?<br />
«(ininteligivel»<br />
[la era es aquele local que hablamos (+) don<strong>de</strong> se<br />
guardaba la maquina: ria (+) los anima: les y tarnbien el<br />
alirnento <strong>de</strong> los anirnaales que (+) es fruto <strong>de</strong> la cosecha<br />
[«ininteligivel, conversa paralela»<br />
yo escrevi <strong>de</strong>pues <strong>de</strong> segar<br />
<strong>de</strong>spues<br />
<strong>de</strong>pues , <strong>de</strong> segar (+) en la era , que hay , a la entrada<br />
<strong>de</strong>l pueblo, a la entrada <strong>de</strong>l pueblo (3)<br />
imuy bien! (4) lpor que se <strong>de</strong>ja el terreno en barbecho? ,<br />
A-7 0 A-2 , A-2 A-2<br />
porque la tierra es fertil<br />
porque la tierra es: fertil: , porque la tiERRA<br />
[para que la tierra seia<br />
porque la tierra<br />
[para que la tiE:RRA<br />
se:-ia mas fertil<br />
para que la tiE-RRA: (++)<br />
tierra<br />
se<br />
sea<br />
SEA<br />
sea<br />
sea<br />
o se vuelv (+) se vuel-VA (5) sea, 0 se vuelva<br />
mas fertil<br />
[mas fertil<br />
[«ininteliglvel»<br />
yo puse para que <strong>de</strong>scanse una buena temporada e asi la<br />
tierra se que<strong>de</strong> mas , fertil<br />
«(ininteligivel»<br />
mu bien<br />
cornienza con la pregunta y: y tu contestas y <strong>de</strong>spues pasa<br />
pasa , como siempre 10 hemos hecho<br />
y por empieces por (+)por<br />
por A-12<br />
lno es mejor? (+) lo pior ?<br />
por A-12 ((ininteligivel»<br />
[ JA. .JA...JA...<br />
A-12 , A-12 e es la prirnera victima<br />
MUY BIEN , A-12 elegido por unanimidad , A-12 [+J lte<br />
gusta mojarte ...<br />
[elegido por unanimidad ...<br />
[el pelo [+] naa nao nao e brinca<strong>de</strong>ira<br />
[ JA..JA...JA...JA...JA...JA...
2-012 -2<br />
2-013 -12<br />
2-014 P-2<br />
2-015 -12<br />
2-016 -2<br />
2-017 -12<br />
2-018 -2<br />
2-019 -12<br />
2-020 -2<br />
2-021 -12<br />
2-022 -2<br />
2-023 -12<br />
2-024 -2<br />
2-025 -12<br />
2-026 -2<br />
2-027 -12<br />
2-028 -2<br />
2-029 -12<br />
2-0<strong>30</strong> -2<br />
2-031 -12<br />
2-032 -2<br />
2-033 -12<br />
2-034 -2<br />
2-035 ?<br />
2-036 -12<br />
2-037 -2<br />
2-038 -12<br />
2-039 -13<br />
2-040 -2<br />
2-041 -13<br />
2-042 P-2<br />
2-043 -2<br />
2-044 -13<br />
2-045 P-2<br />
2-046 -13<br />
2-047 A-11<br />
2-048 P-2<br />
2-049 -11<br />
2-050 P-2<br />
2-051 -11<br />
2-052 -2<br />
2-053 -11<br />
2-054 -2<br />
2-055 -11<br />
2-056 -2<br />
2-057 -11<br />
2-058 -2<br />
2-059 -11<br />
2-060 -2<br />
2-061 -2<br />
2-062 -11<br />
2-063 -2<br />
2-064 -11<br />
2-065 -10<br />
2-066 -2<br />
2-067 -10<br />
2-068 -2<br />
muy bien, A-13 , Gte gusta mojarte el pelo cada vez que<br />
te duchas?<br />
sf<br />
51<br />
sf, todas,todas las:<br />
me gusTA<br />
me gusta mucho, me gucha<br />
me GU5TA<br />
me gusta eh:: mojar (++)<br />
mo: :<br />
mojarme: [+]<br />
JAR:-me1o<br />
morramelo<br />
moJAR:me1o<br />
mojarme1o<br />
entonces te pregunto otra vez: Gte gusta mojarte e1 pe10<br />
cada vez que te duchas?<br />
sf [2] me gusta mojarme1o , moj<br />
cada vez que me ducho<br />
cada vez que que me ducho<br />
muy bien , pregunta1e a A-13<br />
A-13 , Gte gusta mojarte<br />
moJAR:<br />
mojar tu pelo toda vez que te duchas?<br />
born , Gte gusta moJARte el pelo<br />
[mojarte<br />
mojarte , mojarte el pe10 toda vez toda vez que que que<br />
te te te?<br />
duchas?<br />
Gte duchas?<br />
sf , me gusta mojarme1o cada vez que me ducho<br />
muy bien , pregunta1e a A-II<br />
A-II , Gte gusta mojar tu pe10 cada<br />
[iALTO!<br />
te gusta moJA:RTE EL pe10<br />
Gte gusta (+) mojar tu pe10<br />
[MOJARTE EL:: pelo porque tu pones 1<br />
el pronombre te , y este e1 , artfcu10 , ya tiene urn<br />
matiz <strong>de</strong> Ie posesividad (+) Gte gusta mojarte (+) el pe10<br />
(+) se supone que es el pe10 <strong>de</strong> e11a<br />
A-II (++) Gte gusta mojarte (+) el pe10 cada vez que te<br />
duchas?<br />
sf , te gusta mojarme<br />
[ME gusta<br />
me gusta mojarme<br />
[mojARme1o<br />
mojarme1o cada vez que: (+) me ducho<br />
muy bien<br />
pero (++)<br />
pero (+)<br />
ni siempre (+)<br />
N1 siempre<br />
eh: :<br />
me 10 mojo<br />
me 10 mojo<br />
muy bien, pero ni siempre me 10 mojo<br />
preguntale a: A-10<br />
A-10 , Gte gusta mojarte el pe10 cada vez que te (+) te::<br />
ducha?<br />
duchAS?<br />
duchas?<br />
sf (2) me gusta : (3) me gusta (2) mojarmelo cada vez que<br />
me ducho<br />
muy bien !, pregunta1e aho:ra a (+) A-13 Y a A-12<br />
trata1es por vosotros (5) 1a misma pregunta (4)<br />
lpor vosotros?<br />
si tu has preguntado tu has hecho asf (2) 1a<br />
pregunta ha sido esta , Gte gus=ta ,
2-069<br />
2-070<br />
2-071<br />
2-072<br />
2-073<br />
2-074 -2<br />
2-075 -12<br />
2-076 -2<br />
2-077 -12<br />
2-078 P-2<br />
2-079 -12<br />
2-080 P-2<br />
2-081 -12<br />
2-082 -2<br />
2-083 -12<br />
2-084 -2<br />
2-085 -12<br />
2-086 -2<br />
2-087 -12<br />
2-088 -2<br />
2-089 -12<br />
2-090 P-2<br />
2-091 -12<br />
2-092 -2<br />
2-093 A-12<br />
2-094 -2<br />
2-095 -12<br />
2-096 -2<br />
2-097 -12<br />
2-098 -2<br />
2-099 -13<br />
2-100 -2<br />
2-101 -13<br />
2-102 -2<br />
2-103 -13<br />
2-104 -2<br />
2-105 A-13<br />
2-106 -2<br />
2-107 A-13<br />
2-108 -13<br />
2-109 -2<br />
2-110 -13<br />
2-111 -11<br />
2-112 -2<br />
2-113 -11<br />
2-114 -2<br />
2-115 -11<br />
2-116 -2<br />
2-117 -11<br />
2-118 -2<br />
2-119 -11<br />
2-120 -2<br />
2-121 -11<br />
2-122 P-2<br />
os gus: os gus-ta moj (+) l.como? os gus-ta mojar , iay<br />
meu <strong>de</strong>us , ay ! , os gus , os gusta mojaros el pelo cada<br />
vez que: (+)<br />
os:: duchais?<br />
os duchais?<br />
cada vez que OS: ducha: is? (2 ) repi te todo ahora (2 )<br />
iAlto!<br />
os gusta (+) hein , (+) os gusta mojaros el pelo (+) cada<br />
vez que: (++) cada vez: que os duchais?<br />
contesta A-12<br />
si f a a a no no l.contestar?<br />
si f contestar a nosotros<br />
a nosotros no , no nos gustan<br />
[a nosotros no nos gustA: , no nos gusta<br />
si si si, gusta es siempre no singular (++) a<br />
nosotros no nos gusta , eh: mo mojar<br />
[ MOJAR_NOS_LO<br />
nos-lo , nos-lo , mojarnoslo cada vez que duchamos<br />
NOS: duchamos<br />
cada vez que nos duchamos<br />
repite todo<br />
a a: a nosotros eh: no nos gusta (+) eh (+) mojar<br />
mojartelos<br />
mojar_NOS-LO<br />
mojarnoslo (+) toda (+) vez (+) que (+) nos (+) du (+)<br />
chamos<br />
bueno (2) preguntale a: J A13 ' sobre A-II (4) la rnisma<br />
pregunta<br />
A-13, a A-II , eh (+) eh: (+) Ie te 1e gusta mojar<br />
[MOJAR:SE<br />
mojarse<br />
porque ahora es e1la (+) ref1exivo , el1a se<br />
[mojarse (+) cada vez que::<br />
mojarse (+) e1 PE:LO<br />
e1 pe10 (+) cada vez que::<br />
se ducha<br />
se ducha<br />
muy bien<br />
si (2) a e11a 1e gusta mojar (+) selo , cada vez que se<br />
ducha<br />
muy bien (+) preguntale f a ella f tratandole por ustea<br />
A-11 (3)<br />
a usTED<br />
a usted (+) l.se gusta?<br />
LE: GUS:TA (+) se: es un pronornbre reflexivo <strong>de</strong> tercera<br />
persona<br />
[si f si<br />
Ie , es un pronombre en tercera persona pero no es<br />
ref1exivo se refiere a ctra , la persona<br />
[ah: :<br />
A-II, l.austed 1e gusta (+) mojars: (2)<br />
mojarSE<br />
e1 pe10 f cada vez que se ducha?<br />
si f a mi me gusta , mOjars:(+) mojarmelo<br />
mojarme1o (+) ALto<br />
mojarme1o , cada (+) 0 e1 pe10 , cada vez que te , cada<br />
vez que me ducho<br />
muy bien , pero cuando dices mojarmelo no repite e1<br />
pe10 , porque 10: esta en 1ugar <strong>de</strong>l pelo<br />
si , a mi me gusta mojarmelo (++) cada vez que me ducho<br />
muy bien (2) preguntale ahora a A-I0 sobre A-12<br />
A-I0 (+) a l.A-12 (2) Ie (+) Ie gusta (+) mojar<br />
mojarse<br />
mojarselo<br />
mojarse<br />
mo j arse (+ ) el pelo cada vez que (+ ) se gu que se<br />
ducha?<br />
se ducha?
2-123 -10<br />
2-124 arios<br />
2-125 -10<br />
2-126 -14<br />
2-127<br />
!<br />
12-128<br />
P-2<br />
-10<br />
\2-129 -2<br />
1 2 -1<strong>30</strong> 2-131<br />
,-10<br />
P-2<br />
2-132 ~-10<br />
I<br />
2-133 ~-2<br />
2-134 \P-2<br />
2-135 arios<br />
2-136 ?<br />
2-137<br />
2-138 -2<br />
2-139 -10<br />
2-140 P-2<br />
2-141 A-I0<br />
2-142 -2<br />
2-143 -10<br />
12-144 -12<br />
12-145 -2<br />
[2-146 -2<br />
2-147 -12<br />
2-148 -2<br />
2-149 arios<br />
2-150 ?<br />
2-151 ?<br />
2-152 -2<br />
2-153 -10<br />
2-154<br />
2-155<br />
2-156<br />
2-157<br />
2-158<br />
2-159<br />
2-160<br />
2-161<br />
2-162<br />
2-163<br />
2-164<br />
2-165<br />
2-166<br />
2-167<br />
2-168<br />
2-169<br />
2-170<br />
2-171 -11<br />
2-172<br />
2-173<br />
2-174<br />
2-175<br />
2-176<br />
2-177<br />
2-178<br />
2-179<br />
2-180<br />
2-181<br />
2-182<br />
2-183<br />
~.. IGS1~ 0 no 12<br />
f A- ?<br />
IJA...JA...JA. ..<br />
ts~ ,51<br />
's1 fiUy bien , si<br />
s1 , a A-12 Ie gusta (3) mo:jarse<br />
ALto f no escucho<br />
a A-12 Ie gusta moj mojarse el pe<br />
[mojarselo<br />
(+) cada vez que: cada<br />
mo mojarselo<br />
ducha<br />
muy bien (2)<br />
vas ahora cambiaI' (4) la pregunta<br />
[JA...JA...JA...JA. ..<br />
«inintelig1vel» atrapalhando<br />
«ininte1ig1ve1» igual a creme?(22)<br />
A-I0 ~te mojas el pelo todos 105 d1as?<br />
51 f m::<br />
[s1 f me 10 mojo todos 10s d1as<br />
[s1 f me 10 mojo todos 105 d1as<br />
pregunta1e a A-12<br />
A-12 f ~te mojas el (2) pelo todos 10s d1as?<br />
no (3) me 10 mo:jo (+) tres veces pOI' semana 0 (+) cuatro<br />
[me 10 mojo<br />
muy bien<br />
<strong>de</strong>pien<strong>de</strong> <strong>de</strong>l<br />
<strong>de</strong>PENDE (8) Alto<br />
JA... JA...JA...JA...JA...JA... AH_ ..EH!<br />
AY (+) ~y agora? (+)<br />
agora «ininteligive1»<br />
lamisma pregunta<br />
A-12 ,<br />
libre'?<br />
eh:: te secas el pelo con el secador 0:: al<br />
[te secas<br />
yo me: 10 se::co (2) al i , al are libre<br />
al A:lRE (+)<br />
I<br />
I<br />
J I<br />
I<br />
ar!<br />
I<br />
a1 aire 1ibre I<br />
libre (+) pregunta1e a A-13 II'<br />
A-13 , te te te secas ,<br />
TE secas 1<br />
TE secas (+) el pelo al:: al secador I<br />
secador<br />
[al :: [con secador (+) CON "<br />
con secador 0 al a-re<br />
0: (+) AL AlRE (++) AL AlRE<br />
[al aire libre<br />
libre<br />
me 10 seco al aire libre<br />
(+) al aire libre<br />
.1<br />
, al airel<br />
' I<br />
preguntale tu a A-II !<br />
A-II (++) te secas el pelo<br />
me 10 siec seco siempre al<br />
con<br />
are<br />
el secador<br />
1ibre<br />
0 al aire libre I<br />
muy bien (+) ahora la misma pregunta (2 ) la misma!<br />
pregunta (+) hazle a A-IO utilizando el verbo gustar !<br />
te gusta eh: secar el pelo secarte el pelo f a lare libre I,<br />
o (+) con secador? !<br />
[secarTE I<br />
me gusta: se (+) carmelo , al aire libre I<br />
muy bien , ahora haz esa pregunta a A-12 e a A-14 (3) I<br />
tratales pOI' vosotros (+) con el verbo gustar (+) Alto<br />
~a vosotros (+) os gusta (+) secar (+) el pelo (+)<br />
secAROS<br />
secaros: el pelo (+) con secador 0: (+) al are libre?(4)<br />
contesta , A-I2<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I..<br />
a nos, a nosotros nos gustan<br />
a nosotros NOS GUSTA f NOS GUSTA<br />
os gusta<br />
no ,no , NOS<br />
nos gusta , secarnos
2-184<br />
2-185<br />
2-186<br />
2-187<br />
2-188<br />
2-189<br />
2-190<br />
2-191<br />
2-192<br />
2-193<br />
2-194<br />
2-195<br />
2-196<br />
2-197<br />
2-199<br />
2-200<br />
2-201<br />
2-202<br />
2-203<br />
2-204<br />
2-205<br />
2-206<br />
2-207<br />
2-208<br />
2-209<br />
2-210<br />
2-211<br />
2-212<br />
-213<br />
2-214<br />
2-215<br />
2-216<br />
2-217<br />
2-218<br />
2-219<br />
2-220<br />
2-221<br />
2-222<br />
2-223<br />
2-224<br />
2-225<br />
2-226<br />
2-227<br />
2-228<br />
2-229<br />
2-2<strong>30</strong><br />
2-231<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
?<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
P-2<br />
secarnoslo<br />
secarnoslo (+) ah:: el el secador<br />
con secador<br />
con secador<br />
muy bien (+) preguntale a:: A-14 (+) tratele por usted<br />
A-14 , usted<br />
A: ustED: le gusta (+) ahora si le preguntas A: usted<br />
[a usted<br />
a usted Ie gusta (+) secar: el pelo<br />
seCAR:SE<br />
secarse<br />
mira , «escrevendo e sinalizando no quadro negro»<br />
vosotros os gusta (++) mira aqui , o:s (+) os (+) les ,<br />
aqui <strong>de</strong>saparece porque la tercera persona el pre el<br />
pronombre reflexivo es el mismo <strong>de</strong>l pronombre aqui (+)<br />
LES gusta<br />
secarse<br />
seCARSE «prossegue escrevendo e assinalando no quadro<br />
negro» (3) el unico que cambia es <strong>de</strong> tercera persona <strong>de</strong>l<br />
singular y <strong>de</strong>l plural (++) los otros (+) es igual , me ,<br />
me (+) te , te (+) nos nos (+) os , os (2) tercera<br />
persona <strong>de</strong>l singular y <strong>de</strong>l plural cambian (++) aqui,<br />
se, es un pronombre reflexivo (++) aqui , es el pronombre<br />
personal referido a persona, les (+) aqui , es<br />
referido a persona , aqui es (+) reflexivo (+) entao si<br />
eu me seco (+) es reflexivo (+) si ella se seca, entonce<br />
e (+) ella se seca pero le gusta quien a ella (2) le es<br />
pronombre que se refiere a ella pero no es reflexivo (++)<br />
reflexivo es se (2) aqui Ie gusta es (3) cuidado con no,<br />
no cambiar con las palabras (2) repite<br />
A-14 , Ie le gusta: secarse el pelo con el secador 0 a<br />
j (+) al e al er<br />
al AIRE<br />
al aire libre?<br />
a mi me gusta secarmelo (+) al aire libre<br />
muy bien , preguntale alas dos , tratales por vosotras<br />
hum: (3) eh: (2) os gusta secarvos<br />
repite , os<br />
los gusta secaros<br />
libre?<br />
A-II<br />
nos gusta (2) secar (3)<br />
si: (2) seCAR:<br />
nos: (+) secar (++)<br />
seCARnoslo<br />
secarnoslos<br />
seCARNOSLO<br />
secar (++) nos gusta secarnoslo al are libre<br />
muy bien, vamos a hacer la misma pregunta ahora (+) y en<br />
vez <strong>de</strong> utilizar el verbo gustar vamos a utilizar el verba<br />
(+) soler: (+) eh preguntale a A-IO<br />
lte suele<br />
lc6mo?<br />
lte suele<br />
te suele , no: , sueles<br />
lsueles secar:te<br />
secarte<br />
te sueles<br />
te sueles, no<br />
lsueles secarte el pelo al are libre 0 con secador?<br />
suelo secarrnelo al ar libre<br />
mas alto , repitelo (++)<br />
JA...JA...JA...<br />
«ininteligivel» sin, sin, sin «ininteligivel»<br />
suelo secarmelo al ar libre<br />
muy bien (++) preguntale a A-12 , tratala par usted (6)<br />
A-12, hem;:<br />
l.suele usted
2-232<br />
2-233<br />
2-234<br />
2-235<br />
2-236<br />
2-237<br />
2-238<br />
2-239<br />
2-240<br />
2-241<br />
2-242<br />
2-243<br />
2-244<br />
2-245<br />
2-246<br />
2-247<br />
2-248<br />
2-249<br />
2-250<br />
2-251<br />
2-252<br />
2-253<br />
2-254<br />
2-255<br />
2-256<br />
2-257<br />
2-258<br />
2-259<br />
2-260<br />
2-261<br />
2-262<br />
2-263<br />
2-264<br />
2-265<br />
2-266<br />
2-267<br />
2-268<br />
2-269<br />
2-270<br />
2-271<br />
2-272<br />
2-273<br />
2-274<br />
2-275<br />
2-276<br />
2-277<br />
2-278<br />
2-279<br />
2-280<br />
2-281<br />
2-282<br />
2-283<br />
2-284<br />
2-285<br />
2-287<br />
2-288<br />
2-289<br />
2-290<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
P-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-13<br />
-2<br />
-14<br />
-2<br />
-14<br />
P-2<br />
-14<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
lsuele usted (+) se (+) car: (+)<br />
secarse<br />
secarse el pelo a (+) al ar libre<br />
al AIRE<br />
al aire 1ibre 0 con secador?<br />
repite todo sin parar<br />
A-12 , lsuele secarse el pelo al ar libre 0 con secador?<br />
a: (+) a: mi me gusta<br />
con el verbo soler (+) yo suelo<br />
yo yo suelo yo suelo (++) secarmel0 co el (+) con el<br />
secador<br />
[yo: :<br />
pregunta1e<br />
A-13, eh:<br />
secar-los<br />
suelen seCAR:SE<br />
[con el<br />
a A-13 sobre 10s dos<br />
lA-II Y A-IO ah:<br />
secarse el pel0 con el secador 0 al el<br />
AL AlRE LIBRE<br />
al aire , aire libre , al aire libre<br />
ellos suelen secar (+) sel0 al aire libre<br />
muy bien (2) bueno vamos: (4) A-14, lprefieres prepararte<br />
el <strong>de</strong>sayuno 0 prefieres (+) que te 10 preparen?<br />
prefiero me 10 preparar (+) prepaRARMELO<br />
biE::N , prefiero prepararmel0 (+) pregu.ntale a A-II<br />
A-II , lprefieres prepararte el <strong>de</strong>sayuno 0 prefieren que<br />
te 10 preparen?<br />
[0 prefiE:RES<br />
o prefieres que te 10 preparen?<br />
prefiero prepararmel0<br />
pregunta1e a (+) A-IO<br />
A-14 , prefe: (+) prefiere prepararte<br />
prefiERES: :<br />
prefieres prepararte el <strong>de</strong>sayuno<br />
<strong>de</strong>:sayuno<br />
<strong>de</strong>:sayuno, 0 prefieres (+) que te 10 prepare?<br />
preparEN:<br />
preparen<br />
a veces (+) prefiero (+) que me 10 preparen<br />
y otras veces: (++)<br />
cuando estoy cansada (3) pero GENERALMENTE , JA,JA,JA-<br />
JA,JA,JAmuy<br />
bien<br />
yo: (3)<br />
yo:<br />
generalmENTE<br />
JA...JA...JA ... JA...<br />
generalMENTE (+) di<br />
«ininteligivel»<br />
generalmente (3)<br />
yo (+) me 10 preparo<br />
muy bien (+) preguntale a A-12 (2) preguntale<br />
AH...AH...<br />
JA-J A...JA...JA...JA...<br />
ALTO<br />
A-12 , lprefieres prepararte el <strong>de</strong>sayuno 0 prefieres que<br />
te 10 preparen?<br />
mas alto<br />
A-12 , prefieres que JA...JA...JA...JA...JA...<br />
OH:: sin parar, sin parar (4)si no no se escucha bien (+)<br />
JA; JA...JA...<br />
A-12 , lprefieres que (+) prefieres prepararte el<br />
<strong>de</strong>sayuno 0 prefieres que te 10 preparen? (2)<br />
i A-12 !<br />
prefiero que me 10 preparen<br />
muy bien (+) ahora (++) preguntale a:: A-14 sobre A-II<br />
ffA-14" , EH: A-Il,A-ll prefiere que: (2) prepar (+) que<br />
te preparen<br />
A-II prefiere preparA:RSE
2-292<br />
2-293<br />
2-294<br />
2-295<br />
2-296<br />
-297<br />
2-298<br />
2-299<br />
2-<strong>30</strong>0<br />
2-<strong>30</strong>1<br />
2-<strong>30</strong>2<br />
2-<strong>30</strong>3<br />
2-<strong>30</strong>4<br />
2-<strong>30</strong>5<br />
2-<strong>30</strong>6<br />
2-<strong>30</strong>7<br />
2-<strong>30</strong>8<br />
2-<strong>30</strong>9<br />
2-310<br />
2-311<br />
2-312<br />
2-313<br />
2-314<br />
2-315<br />
2-316<br />
2-317<br />
2-318<br />
2-319<br />
2-320<br />
2-321<br />
2-322<br />
2-323<br />
2-324<br />
2-325<br />
-326<br />
2-327<br />
2-328<br />
2-329<br />
2-3<strong>30</strong><br />
2-331<br />
2-332<br />
2-333<br />
2-334<br />
2-335<br />
2-336<br />
2-337<br />
2-338<br />
2-339<br />
2-340<br />
2-341<br />
2-342<br />
2-343<br />
2-344<br />
2-345<br />
2-346<br />
2-347<br />
2-348<br />
2-349<br />
2-350<br />
2-351<br />
arios<br />
-11<br />
P-2<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-2<br />
-2<br />
P-2<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
P-2<br />
-12<br />
-13<br />
-2<br />
-13<br />
P-2<br />
-2<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
A-II prefiere prepararse el <strong>de</strong>sayuno 0 que 10 preparen<br />
o que SE:: 10 preparen<br />
se 10 preparen<br />
A-13<br />
A-II prefiere que se 10 preparen<br />
preguntale a A-II sobre A-lO<br />
A-11 , EH ...lA-lO prefiere prepararse el <strong>de</strong>sayuno (+) 0<br />
que se 10 preparen?<br />
A-lO prefiere que se 10 preparen<br />
muy bien (2) preguntale ahora a A-IO sobre A-13 y A-12<br />
A-10 (+) A-12 Y feliz A-13 (+) pre, eh: prefieren,<br />
prefieren (3)<br />
[JA...JA...JA...JA...<br />
prepararsel0 (3) prepararse<br />
[prepararse<br />
el <strong>de</strong>sayuno<br />
o preferem que se 10s preparen?<br />
se LO preparen?<br />
se 10 preparen?<br />
ellos prefieren que se 10 preparen<br />
muy bien (+) ahora preglintale a los dos, tratales por<br />
vosotros (9) prefeRIS: vosotros<br />
preferis<br />
preferis<br />
vosotros (+) prepararos el <strong>de</strong>sayuno 0 0 (2)<br />
o preferis que os 10 preparen?<br />
muy bien (+) A-12<br />
lEH: ? , nosotros preferirnos, eeh: que: (+) nos (+) los<br />
preparen<br />
nos 10 preparen<br />
nos 10 preparen<br />
preguntale a A-13 y a A-II (+) tratales por vosotros<br />
a vosotros prefieren<br />
no , a vosotros, no (+) lVOSOTROS<br />
vosotros prefieren<br />
OH: , lprefeRIS VOSOTROS<br />
preferis<br />
<strong>de</strong>sayuno<br />
vosotros, eh: preparar (++) prepararos el<br />
el<br />
[prepaRAROS<br />
DES::ayuno<br />
el <strong>de</strong>sayuno 0 (+) prefe (+)<br />
o preferis<br />
o preferis que (+) 10 preparen ?<br />
[0 preferis que [0:8 10 preparen?<br />
preferis que os 10 preparen?(3)<br />
e::h nosotros preferimos que nos 10 preparen<br />
muy bien (4) preguntale a A-II, tratala por usted<br />
lprefiere usted prepararse el <strong>de</strong>sayuno 0 prefiere que se<br />
10 preparen?<br />
prefiero preparar (+) melo «ininteligivel»<br />
[prefiero prepararmelo<br />
prefiero prepararmel0<br />
muy bien<br />
<strong>de</strong>sayunando u:na taza <strong>de</strong>: leche con cafe, eh: con cafe<br />
e: algunas:<br />
[cafe<br />
bolachas ?<br />
galletas<br />
galletas<br />
lunas?<br />
(++) y algunas gallenas<br />
ga-lle, ga-llen<br />
ga:LLETAS<br />
galletas,<br />
ga:LLEtas<br />
disculpa, gaLLETAS<br />
hum,hum:, voy, eh, <strong>de</strong>sayunar, <strong>de</strong>sayunar una taza <strong>de</strong> cafe<br />
con leche e algunas galletas<br />
preguntale a A-lO<br />
lque hay <strong>de</strong>sayunado<br />
lque HAS:<br />
lque has <strong>de</strong>sayunado hoy?<br />
l.he <strong>de</strong>sayunado e:?
2-352<br />
2-353<br />
2-354<br />
2-355<br />
2-356<br />
2-357<br />
2-358<br />
2-359<br />
2-360<br />
2-361<br />
2-362<br />
2-363<br />
2-364<br />
2-365<br />
2-366<br />
2-367<br />
2-368<br />
2-369<br />
2-370<br />
2-371<br />
2-372<br />
2-373<br />
2-374<br />
2-375<br />
2-376<br />
2-377<br />
2-378<br />
2-379<br />
2-380<br />
2-381<br />
2-382<br />
2-383<br />
2-384<br />
2-385<br />
2-386<br />
2-387<br />
2-388<br />
2-389<br />
2-390<br />
2-391<br />
2-392<br />
2-393<br />
2-394<br />
2-395<br />
2-396<br />
2-397<br />
2-398<br />
-399<br />
2-400<br />
2-401<br />
2-402<br />
2-403<br />
2-404<br />
2-405<br />
2-406<br />
2-407<br />
2-408<br />
2-409<br />
2-410<br />
2-411<br />
2-412<br />
2-413<br />
2-414<br />
2-415<br />
2-416<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-10<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-13<br />
-2<br />
-13<br />
-13<br />
-13<br />
-2<br />
-13<br />
-2<br />
-13<br />
-10<br />
-13<br />
P-2<br />
he <strong>de</strong>SAyunado<br />
he <strong>de</strong>ayunado (3) una taza <strong>de</strong> (3) cafe (11)<br />
una taza <strong>de</strong> cafe::<br />
pan<br />
rebanadas <strong>de</strong> pan<br />
rebanadas <strong>de</strong> pan<br />
rrrr, rrrre<br />
rebanadas <strong>de</strong> pa:n<br />
<strong>de</strong> PA:N<br />
<strong>de</strong> pan:, <strong>de</strong> pan y<br />
luntadas can alguna cas a , a no? (+) untadas can queso<br />
can queso<br />
muy bien (+) pregilntale a A-12<br />
A-12 , lque has <strong>de</strong>sayunado hoje?<br />
hay<br />
hay , hay lque has <strong>de</strong>sayunado hay?<br />
inicialmente un sueD <strong>de</strong> (+) laranja<br />
un juga <strong>de</strong> naranjas<br />
un juga <strong>de</strong> naganjas<br />
un juga <strong>de</strong> NA:-RAN-JAS<br />
un juga <strong>de</strong> narrangas<br />
NARANJAS<br />
naranjas (+) un jueo <strong>de</strong> naranjas , eh: algunas rabanadas<br />
REbanadas<br />
rebanadas can::<br />
<strong>de</strong> pan<br />
<strong>de</strong> pan (2) can mellad<br />
lmiel <strong>de</strong> abeja?<br />
mel<br />
mermeLADA<br />
mermelada<br />
UNTADAS DE MERMELADA<br />
untadas <strong>de</strong> mermelada, eh: can una taza <strong>de</strong>: cafe can leche<br />
e·· fru fru frutas<br />
y algunas frutas<br />
y algunas frutas<br />
lque fruta?<br />
eh: papaia<br />
papaia<br />
s610 dice papaia<br />
narranjas<br />
na-RAN-jas<br />
naranjas (+) e·· ban: (+) banan e: ?<br />
pVitano<br />
platano e otras::<br />
muy bien, preguntale a A-I3<br />
«ininteliglvel» tambien tiene un «ininteliglvel»<br />
lque: , que ha<br />
lque has<br />
lque has (++)<br />
<strong>de</strong>sayunado<br />
<strong>de</strong>sayunado hay?<br />
yo he <strong>de</strong>sayunado un juga <strong>de</strong> naranjas, ehm: dos sandwiches<br />
<strong>de</strong>: queso y: jam6n<br />
jam6n<br />
jam6n (+) jam6n : jam6n : (3) y:: (4) he tornado una (+)<br />
lpapa?<br />
paPILLA<br />
papilla can eereais<br />
cere ales<br />
cereales y miel<br />
bien<br />
y: (3) una: (3)<br />
una tosTADA<br />
no<br />
esta muy fuerte e<br />
y un pedazo <strong>de</strong> <strong>de</strong> una banda<br />
una, una tajada <strong>de</strong> papaia
2-417 -13<br />
2-418 -2<br />
2-419 -13<br />
2-420 -2<br />
2-421 -13<br />
2-422 P-2<br />
2-423 -11<br />
2-424 -2<br />
2-425 -11<br />
2-426 -2<br />
2-427 A-ll<br />
2-428 -2<br />
2-429 -11<br />
2-4<strong>30</strong> P-2<br />
2-431 -2<br />
2-432 -11<br />
2-433 -2<br />
2-434 -11<br />
2-435 -2<br />
2-436 -11<br />
2-437 -2<br />
2-438 arios<br />
2-439 -11<br />
2-440 -2<br />
2-441 -11<br />
2-442 p-2<br />
2-443 -10<br />
2-444 -2<br />
2-445 -10<br />
2-446 -2<br />
2-447 -10<br />
-448 -2<br />
2-449 -10<br />
2-450 -2<br />
2-451<br />
2-452 -2<br />
2-453 A-10<br />
2-454 -2<br />
2-455 -12<br />
2-456 P-2<br />
2-457 -2<br />
2-458 -12<br />
2-459 -2<br />
2-460 A-12<br />
2-461 -2<br />
2-462 -12<br />
2-463 -13<br />
2-464 -2<br />
2-465 -2<br />
2-466 -13<br />
2-467 -2<br />
2-468 -13<br />
2-469 -2<br />
2-470 -13<br />
2-471 -2<br />
2-472 -13<br />
2-473 -11<br />
2-474 -2<br />
2-475 -11<br />
una tajada <strong>de</strong> papaia<br />
muy bien (++) y: A-13 , Gte has preparado tu mismo 0 te<br />
10 han preparado?<br />
yo me (+) me 10 he preparado<br />
muy bien , me 10 he preparado (++) preguntale a: A-II si<br />
ella , 10 ha preparado 0 si : (+) 10 han preparado (+) se<br />
10 han preparado<br />
A-II (5) lte has preparado (+) el <strong>de</strong>sayuno tu misma 0 (+)<br />
te 10 han preparado?<br />
[el <strong>de</strong>sayuno<br />
yo me preparado<br />
yo: :<br />
yo mismo me Ihe preparado<br />
yo MISMA: ME: LO: HE: preparado<br />
[ME LO HE preparado , yo misma me 10<br />
he preparado<br />
preguntale a A-IO<br />
A-10 , ltu misma te tas preparado , te has preparado el<br />
tu <strong>de</strong>sayuDO?<br />
[TE HAS<br />
EL DESAyuno<br />
el <strong>de</strong>sayuno 0: olguien<br />
o ALGUIEN<br />
alguien te ha<br />
TE LO HA<br />
TE LO HA preparado<br />
repite todo sin parar<br />
JA._JA...JA...JA...JA...JA ...<br />
A-IO , ltu misma (++)<br />
TE HAS<br />
te has preparado el <strong>de</strong>sayuno 0 alguien te 10 he (++) te<br />
10 ha preparado?<br />
[TE LO HA<br />
yo mismo (+) me 10 he preparado (+) el <strong>de</strong>sayuno<br />
no entendi (+) repite mas alto<br />
AH: yo mismo me 10 he preparado<br />
muy bien (++) ahora, preguntale a: A-12 sobre A-13 (4 )<br />
preguntale (8)<br />
A-I2 (+) A-I3 nao (3)<br />
A-I3 (3) olvidate (+) A-13 (8)<br />
A-13 (2) se 10 he preparado el <strong>de</strong>sayuno?<br />
no , A-I3 (10) lc6mo es?<br />
«ininteligivel»<br />
A-I3 SE LO HA PREPARADO<br />
[lA-13<br />
preparado?<br />
se 10 ha preparado el <strong>de</strong>sayuno 0 (2) se 10 han<br />
muy bien: (11)<br />
A-13 si se se se 10 he pre se 10 ha prepa preparado<br />
[SE LO HA<br />
muy bien, preguntale a A-13 sobre A-II<br />
A-I3, all ehm: se he preparado el <strong>de</strong>sayuno<br />
A-I3 HA: preparado<br />
ha preparado el, el <strong>de</strong>sayuno 0 a alguem Ie<br />
SE LO HA<br />
se 10 ha pre preparado?<br />
A-II (+) se 10 ha preparado<br />
muy bien «interruP9do da grava9dO»<br />
A-13 , lcuando a ti se te hace la boca agua?<br />
a mi me hace<br />
a mi SE ME HACE<br />
a mi se me hace la boca agua cuando veo una (+) pizza<br />
muy bien , preguntale a A-II<br />
A-II, lcuando a ti: te hace la boca agua?<br />
lcuando a ti SE TE hace<br />
se te (+) lcuando a ti se te hace la boca aqua?<br />
a mi se me hace la boca agua cuando: veo: (+) un helado<br />
preguntale a ella<br />
A-I0 , lcuando a ti se te (+) se te hace la boca agua?
2-476<br />
2-477<br />
2-478<br />
2-479<br />
2-480<br />
2-481<br />
2-482<br />
2-483<br />
2-484<br />
2-485<br />
2-486<br />
2-487<br />
2-488<br />
2-489<br />
2-490<br />
2-491<br />
2-492<br />
2-493<br />
2-494<br />
2-495<br />
2-496<br />
2-497<br />
2-498<br />
2-499<br />
2-500<br />
2-501<br />
-502<br />
2-503<br />
2-505<br />
2-506<br />
2-507<br />
2-508<br />
2-509<br />
2-510<br />
2-511<br />
2-512<br />
2-513<br />
2-514<br />
2-515<br />
2-516<br />
2-517<br />
2-518<br />
2-519<br />
2-520<br />
2-521<br />
2-522<br />
2-523<br />
2-524<br />
2-525<br />
2-526<br />
2-527<br />
2-528<br />
2-529<br />
2-5<strong>30</strong><br />
2-531<br />
2-532<br />
2-533<br />
P-2<br />
-12<br />
P-2<br />
-12<br />
P-2<br />
arios<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-14<br />
-2<br />
a mi se me haee Ia boea agua euando veo una maearronada<br />
un espaguete<br />
un espaguete<br />
preguntale a A-12<br />
una lasana , A-12 , lcuando a ti (4)<br />
Geuando a ti<br />
leuando a ti (2) se te haee Ia boea agua?<br />
me haee Ia boe (++) se me haee la boea agua euando veio<br />
um jueo <strong>de</strong>l<br />
[SE ME HACE [UN JUGO<br />
un juga <strong>de</strong> najanjas<br />
un juga <strong>de</strong> naRANJAS<br />
un juga <strong>de</strong> naranjas<br />
preguntale , a A-II y a A-10 , euando a ellas se Ies haee<br />
Ia boea agua<br />
A-ll y A-10,<br />
tratales por vosotras<br />
leuan:do<br />
a voSOTRAS<br />
(2) a vosotros<br />
a vosotras (2) se (3) se os (2) hace la boea agua?<br />
a nosotras se nos haee la boea agua euando vemos un (+)<br />
espaguete<br />
preguntale a A-10 sobre A-12<br />
A-10 , leuando a A-12 (+) se Ie haee la boea agua? (6)<br />
[a A-12<br />
JA...JA.-JA...JA...JA._<br />
a A-12 se Ie gust (++) SE LE haee (+) la boea agua (+)<br />
euando , euando: (3) ve como el jueo <strong>de</strong> las naranjas<br />
[SE LE RACE [si:<br />
muy<br />
eh:<br />
bien, ahora pregufltale a'
2-534<br />
2-535<br />
2-536<br />
2-537<br />
2-538<br />
2-539<br />
2-540<br />
2-541<br />
2-542<br />
2-543<br />
2-544<br />
2-545<br />
2-546<br />
2-547<br />
2-548<br />
2-549<br />
2-550<br />
2-551<br />
2-552<br />
2-553<br />
2-554<br />
2-555<br />
2-556<br />
2-557<br />
2-558<br />
2-559<br />
2-560<br />
2-561<br />
2-562<br />
2-563<br />
2-564<br />
2-565<br />
2-566<br />
2-567<br />
2-568<br />
2-569<br />
2-570<br />
2-571<br />
2-572<br />
2-573<br />
2-574<br />
2-575<br />
2-576<br />
2-577<br />
2-578<br />
2-579<br />
2-580<br />
2-581<br />
2-582<br />
2-583<br />
2-584<br />
2-585<br />
2-586<br />
2-587<br />
2-588<br />
2-589<br />
2-590<br />
2-591<br />
2-592<br />
-593<br />
2-594<br />
-2<br />
A-ll<br />
P-2<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-12<br />
arios<br />
-2<br />
-12<br />
-13<br />
-2<br />
-13<br />
-2<br />
-13<br />
-2<br />
-13<br />
-2<br />
-13<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-1<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-11<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
p-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-13<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-13<br />
-2<br />
me va bien<br />
[me vai<br />
[me va<br />
me va bien<br />
lc6mo te va? lc6mo te va?<br />
me va bien<br />
preguntale a A-10<br />
A-I0 , Gcomo te va?<br />
me va bien<br />
preguntale<br />
A-12 lc6mo<br />
a A-12<br />
te va?<br />
me va bien<br />
J A...J A...JA...JA...JA._<br />
preguntale a A-13<br />
A-13 , Gc6mo te va?<br />
me va bien<br />
A-13 , pregtintale a A-II sobre A-IO<br />
A-II (+) lc6mo (2) c6mo te va<br />
lc6mo LE:<br />
lc6mo LE: va?<br />
es que mira, LE aqui no es reflex, aqui no vamos utilizar<br />
se reflexivo, vamos utilizar utilizar pronombres<br />
referidos a persona , a ella , lc6mo LE va a ella?<br />
A-II , lcomo Ie va A-IO?<br />
lc6MO LE VA A: A-IO?<br />
lc6mo Ie va A A-IO?<br />
A-IO (2)<br />
a ella<br />
a ella va<br />
a ella LE:<br />
a ella Ie: va, Ie va bien<br />
pregtintale a ella sobre A-12<br />
A-I0 (+) lc6mo va<br />
Gc6mo Ie va<br />
Gc6mo Ie va , A-12?<br />
a A-I2?<br />
a A-12?<br />
A-IO , lc6mo te Ie va a A-12?<br />
lc6mo Ie va a A-12?<br />
A-12 Ie<br />
A: A-12<br />
A A-12 Ie Ie va bien<br />
preguntale a el sobre (++) A-13<br />
A-12 (+) lc6mo Ie va a A-13?<br />
a A-13 Ie va te va bien<br />
a A-13 LE VA bien (+) preguntale a el sobre las dos<br />
A-13 lc6mo Ie les van?<br />
lc6mo LES VA: va:?<br />
lc6mo les va? (+) l 6mo les vaA:?<br />
lcomo les vaA:? si, mira porque aqui este va es<br />
impersonal es « 0 professor escreve no quadro negro»<br />
lc6mo la vida te va? entonces s610 va a cambiar el<br />
pronombre <strong>de</strong>pendiendo <strong>de</strong> la persona<br />
A-13 , lc6mo Ie va a A-I0 y::<br />
[lc6mo LES: les va?<br />
lc6mo<br />
A A-IO<br />
les va , A-IO<br />
a A-I0 y a A-IO<br />
a ella les va bien<br />
hum:: a ellAS les va bien (+) muy bien (+)<br />
bueno (++)<br />
lc6mo te encuentras? (+) lc6mo te encuentras?<br />
me encuentro bien<br />
muy bien (2) ahora mira, ahora el verba (+) ahora si es<br />
personal (+) yo me encuentro bien, tu te encuentras bien<br />
(+) es diferente leh?<br />
pregfintale a A-II<br />
A-II , lcoma te encuentras?
2-595 -11<br />
2-596 -2<br />
2-597 -11<br />
2-598 -2<br />
2-599 -11<br />
2-600 -10<br />
2-601 -2<br />
2-602 -10<br />
2-603 -12<br />
2-604 -2<br />
2-605 -12<br />
2-606 -13<br />
2-607 -2<br />
2-608 -13<br />
2-609 -2<br />
2-610 -13<br />
2-611 -11<br />
2-612 -2<br />
2-613 -11<br />
2-614 -10<br />
2-615 -2<br />
2-616 -10<br />
2-617 -12<br />
2-618 -2<br />
2-619 -12<br />
2-620 -14<br />
2-621 -2<br />
2-622 -14<br />
2-623 -2<br />
2-624 -14<br />
2-625 -11<br />
2-626 -14<br />
2-627 -2<br />
2-628 -11<br />
2-629 P-2<br />
2-6<strong>30</strong> -11<br />
2-631 -2<br />
2-632 -11<br />
6-633 _-10<br />
2-634 -14<br />
2-635 -11<br />
2-636 -2<br />
2-637 -14<br />
2-638 -10<br />
2-639 -2<br />
2-640 -11<br />
2-641 -10<br />
2-642 -2<br />
2-643 -14<br />
2-644 -2<br />
2-645 -14<br />
2-646 -2<br />
2-647 -14<br />
2-648 -11<br />
2-649 -2<br />
2-650 -14<br />
2-651 -11<br />
2-652 P-2<br />
2-653 -11<br />
me encuentro bien<br />
preguntale a A-I0<br />
tc6mo te encuentras?<br />
tc6mo TE: encuentras?<br />
TE: encuentras<br />
me encuentro bien<br />
preguntale a A-12<br />
A-12 , tc6mo te encuentras?<br />
yo m'incuentro be:m<br />
preguntale a A-13<br />
A-13 tc6mo te encuentras?<br />
me encuentro bien<br />
A-13 preguntale a A-II y a A-I0 (+) tratales por<br />
vosotras<br />
A-II y A-I0 , tc6mo (2) tos encuentran?<br />
tc6mo os: encontra:is?<br />
os encontrais , encontrais<br />
nos encontramos bien<br />
preguntale a A-I0 y a A-12<br />
A-I0 , tc6mo os encontrais?<br />
nos encontramos bien<br />
A-I0 , preguntale a A-12 sobre A-13<br />
A-I2 (+) ~c6mo (+) se encuen:tra A-I4?<br />
A-14 se encuentra bien<br />
preguntale a A-14 sobre A-II<br />
A-I4 , ~c6mo te encuen, 5e encuentra A-II?<br />
A-II se encuentra bien<br />
A-14 , preguntale a A-II , tratandola por usted (++) es<br />
la misma pregunta<br />
A-II , tc6mo se encuentra?<br />
tc6mo se encuentra usted?<br />
~usted?<br />
me encuentro bien<br />
les necesario?<br />
s.i , mejor , mejor <strong>de</strong>cir usted (++) ~c6mo se encuentra<br />
usted?<br />
yo me encu<br />
rME: :<br />
ME encuentro bien<br />
preguntale a a A-I0<br />
A-IO , tc6mo (+) 5e encuentra usted?<br />
yo me encuentro bien ((ocorre uma interrupgao na<br />
gravagao) )<br />
un libro<br />
no te 10 compro<br />
insiste<br />
c6mpramelo<br />
no voy a compratelo<br />
dile , A-IO , muy bien<br />
muy bien<br />
muy bien , JA...JA...JA. ..muy bien , humm: no se 10 compres<br />
muy bien , no se 10 compres (+) A-II , ahora a A-14<br />
otra vez como un ejemplo para diferente (+) A-I4 , dile a<br />
A-II que:: traiga un regalo para ti (+) siempre<br />
imperativo referido a tu teh<br />
tragame<br />
NO<br />
traigame<br />
un rega<br />
TRAEme , imperativo referido a tu (+) tra, verba traer ,<br />
imperativo , trae , traeme un regal0<br />
traeme un regalo<br />
no te 10 trago TRAigo<br />
muy bien (++) insiste<br />
traimelo<br />
no voy a traerte traelo<br />
trae<br />
[traerTELO<br />
traertelo
2-654 -2<br />
2-655 -10<br />
2-656 arios<br />
2-657 -2<br />
2-658 -10<br />
2-659 P-2<br />
2-660 -10<br />
2-661 -2<br />
2-662 -10<br />
2-663 -2<br />
2-664 -10<br />
2-665 -2<br />
2-666 -11<br />
2-667 P-2<br />
2-668 -11<br />
2-669 -10<br />
2-670 -2<br />
2-671 -10<br />
2-672 -2<br />
2-673 -10<br />
2-674 -2<br />
2-675 -11<br />
2-676 -2<br />
2-677 -11<br />
2-678 -2<br />
2-679 -11<br />
2-680 -10<br />
2-681 -2<br />
2-682 -12<br />
-683 P-2<br />
2-684 -10<br />
-685 -2<br />
2-686 -10<br />
2-687 -12<br />
2-688 -2<br />
2-689 -10<br />
2-690 -2<br />
2-691 -10<br />
2-692 -2<br />
2-693 -10<br />
2-694 arios<br />
2-695 -10<br />
2-696 -2<br />
2-697 -10<br />
2-698 -2<br />
2-699 -12<br />
2-700 P-2<br />
2-701 -2<br />
2-702 -12<br />
2-703 -2<br />
2-704 -10<br />
2-705 -2<br />
2-706 -10<br />
2-707 -2<br />
2-708· -12<br />
dile (+) muy BIEN<br />
muy bien:<br />
JA....JA_JA....JA....JA....<br />
muy bien, A-II (2)<br />
no te 10<br />
[no: (++) no traiga para el , no:?<br />
no se 10 (+) traiga<br />
no se 10 trAIGAS (+) no se 10 traigas<br />
lno es no es para el para el?<br />
si, entonces , pero tu has hablao con ella , A-II (+) A-<br />
II , no traigas para el no se 10 traigas<br />
si , si , no se 10 traigas<br />
A-II, dile a A-10 que::cuente (+) para ti (+) la verdad<br />
(++) dile a ella<br />
A-I0 , contem:<br />
[cuen:TA<br />
cuenta-me la verdad , a verdad<br />
no te 10 euento<br />
no te LA:<br />
no te la euento<br />
lno es la verdad?<br />
ah e, no te la euento<br />
insiste<br />
euentamelo<br />
euentamela<br />
euentamela<br />
repite<br />
euentamela<br />
no voy a con (++) no voy a eon: (+)tartela<br />
muy bien , A-12 , dile ahora<br />
muy bien , muy bien , A-II , no se 10:<br />
euen:tes<br />
[no: se:: [muy bien , no se la euentes (2) A-10<br />
(+) mira , eso es irnportante porque son eosas que en el<br />
lenguaje eorriente suee<strong>de</strong>n mueho , imaginate esta eosa ,<br />
por ejemplo , eso podria suee<strong>de</strong>r en eualquier, entre dos<br />
personas , euentaselo , se 10 euentes , no se que , ah ,<br />
ah , ah (+) bueno , bueno , A-I0 dile a A-12 ahora<br />
que:: que:: se<br />
JA....J A...J A....<br />
lave las m<strong>anos</strong><br />
dile , dile para lavarse las m<strong>anos</strong><br />
A-12 , lave las m<strong>anos</strong> , JA....JA....JA...<br />
lave las m<strong>anos</strong><br />
falta el pronornbre reflexivo<br />
reflexivo<br />
se lave las m<strong>anos</strong><br />
no<br />
lno?<br />
tratale por tu (+) leual es el pronornbre que se refiere a<br />
tu?<br />
ah::, A-12 , TE laves<br />
lavate , LAVATELAS<br />
lavate las m<strong>anos</strong><br />
imperativo , pronornbre, <strong>de</strong>spues<br />
la:vate las m<strong>anos</strong><br />
di que no<br />
no , yo no la (+) no me 10 (+) no me las lavos<br />
no me las<br />
no me las<br />
insiste<br />
lavate<br />
lavatelas<br />
lavatelas<br />
no voy:<br />
no voy (+)<br />
[no: [no ME<br />
lavo , repite<br />
lavo<br />
Progrlltrl:l <strong>de</strong> Pas - G rnduit('ll .' "<br />
em lfittras e Linguf:SlicfI<br />
~JFPE
2-709 -2<br />
2-710 -14<br />
2-711 -2<br />
2-712 -14<br />
2-713 ?<br />
2-714 -2<br />
2-715 -14<br />
2-716 -2<br />
2-717 -12<br />
2-718 -2<br />
2-719 -12<br />
2-720 -2<br />
2-721<br />
2-722<br />
2-723<br />
2-724<br />
2-725<br />
2-726<br />
2-727 -12<br />
2-728 -2<br />
2-729 -12<br />
2-7<strong>30</strong> -2<br />
2-731 -12<br />
2-732 -2<br />
2-733 -12<br />
2-734 -2<br />
2-735 -12<br />
2-736 -2<br />
2-737 -12<br />
2-738 -2<br />
2-739 -12<br />
2-740 -13<br />
2-741 -2<br />
2-742 -12<br />
2-743 -2<br />
2-744 -12<br />
2-745 -13<br />
2-746 -2<br />
2-747 -11<br />
2-748 -2<br />
2-749<br />
2-750<br />
2-751<br />
2-752<br />
2-753<br />
2-754<br />
2-755<br />
2-756<br />
2-757<br />
2-758<br />
2-759<br />
2-760<br />
2-761<br />
2-762<br />
2-763<br />
2-764<br />
2-765<br />
dile ahora , muy bien , A-12<br />
muy bien, A-12, no: te las (+)<br />
no te<br />
no te las laves<br />
[las lave<br />
no te las LAVES , imperativo negativo <strong>de</strong> lavar , <strong>de</strong> lava<br />
laves<br />
no te las laves, si<br />
A-12 , ahora (+) dile a: A-13 que:: haga el <strong>de</strong>sayuno para<br />
ti<br />
A-13 , hagame<br />
tratale por tu, imperativo referido a tu <strong>de</strong>l verba hacer<br />
haba , haba , habati , hag a , hagami , hagati,<br />
HAGAME esta correcto pero tu estas tratando el por usted<br />
tienes que tratar el por tu (+)<br />
[hagame [hagame [hagame<br />
haz (+)<br />
haz<br />
hazme<br />
hazme<br />
mira , haga es imperativo referido a usted (+) pero no<br />
quiero que trates , que Ie trates por usted , quiero que<br />
10 Ie trates por tu (+) repite<br />
to , to , habas<br />
HAZ , e haz , hache aceta<br />
HAZ , e haz , haz , haz , hache aceta<br />
HAZME<br />
[hahes , haceme<br />
HAZME<br />
haz<br />
HAZ~1E<br />
haz:-me<br />
repite entonces<br />
A-13 , hazme uno <strong>de</strong>sayuno<br />
un <strong>de</strong>sayuno , 0 el <strong>de</strong>sayuno (++) hazme el <strong>de</strong>sayuno<br />
el <strong>de</strong>sayuno (3) el <strong>de</strong>sayuno<br />
no: te 10 hago<br />
muy bien i insiste<br />
haz , harmelo<br />
hazmel0<br />
hazmelo<br />
no voy a hacertel0<br />
A-11<br />
muy bien , no (+) te ha:<br />
no, no, va a <strong>de</strong>cir a A-13, dile a A-13 que A-13 no no<br />
haga el el el <strong>de</strong>sayuno para A-12<br />
no se<br />
no te 10<br />
no te , no<br />
no se: 10: traigas<br />
hacer , hacer<br />
haz<br />
no se 10 hagas<br />
no se 10 HAGAS (+) repite<br />
no se 10 hagas<br />
muy bien<br />
no se: 10: hagas<br />
Gentendido?<br />
muy bien , no se 10 hagas<br />
ahora, dile a A-II que se pong a el , el abrigo (++)<br />
dile a ella<br />
lse pongas?<br />
lelIa se ponga?<br />
si , que ella misma se ponga el abrigo (+)<br />
abrigo , esta con frio , entonces diga que se<br />
(+) par ejernplo , A-II , dice , dile , expresa<br />
para A-13 que sientes frio , dile<br />
estoy con (+) fri , esto:y , no<br />
esta sin<br />
se ponga<br />
, expresa
2-767 P-2<br />
2-768 -11<br />
2-769 -2<br />
2-770 -11<br />
2-771 -2<br />
2-772 -14<br />
2-773 -2<br />
2-774 -14<br />
2-775 -10<br />
2-776 -14<br />
2-777 -2<br />
-778 -11<br />
2-779 P-2<br />
2-780 -2<br />
2-781 -14<br />
2-782 -11<br />
2-783 -2<br />
2-784 -11<br />
2-785 -2<br />
2-786 -11<br />
2-787 -2<br />
2-788 -10<br />
2-789 -2<br />
2-790 arios<br />
2-791 P-2<br />
2-792 arios<br />
2-793 -2<br />
2-794 -11<br />
2-795 A-12<br />
2-796 -2<br />
2-797 -11<br />
2-798 -2<br />
2-799 -12<br />
2-800 -11<br />
2-801 -2<br />
2-802 -11<br />
2-803 -10<br />
2-804 -2<br />
2-805 -10<br />
2-806 -11<br />
2-807 -2<br />
-808 -10<br />
2-809 -2<br />
2-810 -10<br />
2-811 -2<br />
2-812 -11<br />
2-813 A-10<br />
2-814 -2<br />
2-815 -11<br />
2-816 A-12<br />
2-817 -11<br />
2-818 -2<br />
2-819 A-11<br />
2-820 -2<br />
2-821 -11<br />
2-822 -10<br />
2-823 -2<br />
2-824 -10<br />
2-825 -2<br />
2-826 -11<br />
[no se utiliza el verbo estar para sentimiento , para<br />
sentimiento<br />
siento<br />
TEN go frio<br />
tengo frio<br />
l.entonces (2)<br />
eh (3) p6ngase<br />
PONTE<br />
ponte<br />
ponte el abrigo<br />
ponte el abrigo<br />
muy bien<br />
no 10 po (++) no me 10 pongo<br />
[NO:<br />
insiste<br />
p6ntelo<br />
no voy a (+) pon (+) ponermel0<br />
ALTO<br />
no voy a pon ponermel0<br />
poNERMELO<br />
poNERMELO<br />
muy bien, dile, A-IO, muy bien A-II, no:<br />
muy bien, A-II, no te 10 pongas<br />
muy bien:<br />
((ininteligivel» JA...JA....JA._<br />
[A-II , ahora (3)<br />
ah, nao agora comeqou por tras<br />
dile (+) con el verba <strong>de</strong>cir (+) manda que A-I0 diga (++)<br />
diga (+) diga la respuesta (+) a A-12, a A-12 no , diga<br />
la respuesta , a ti y a A-14 (7) para que ella diga la<br />
respuesta para ti y para A-14 (+) si , dile a ella<br />
digame (+) digamelos digamos (+) DIGANOS<br />
[dig<strong>anos</strong><br />
dig<strong>anos</strong> esta referido a usted , tienes que <strong>de</strong>cir referido<br />
a tli<br />
di: ga:<br />
dinos<br />
dinos<br />
dinos (+) eita meu <strong>de</strong>us<br />
verbo <strong>de</strong>cir:, mira ,uste<strong>de</strong>s tienen que estar con el<br />
imperativo, estamos revisan:do (+) verba <strong>de</strong>cir<br />
yo nunc a consegui <strong>de</strong>corar<br />
yo tambien<br />
DI:NOS: la verdad (+) repite (++) oh: la verdad , no , la<br />
respuesta<br />
[la respuesta<br />
A-10 , dinos la respuesta<br />
negativo<br />
no os 10 dire<br />
muy bien, repite<br />
no os 10 dire<br />
insiste<br />
hum: (3) ahm: (2) di dig a (+) sei nao<br />
[dinos) (2) dig a<br />
sabes (+) sabes (++) so s610 es afiadir un pronornbre mas<br />
di di:gas:melo<br />
l.dilo?<br />
l.dilo?<br />
vamos a vol ver , otra vez, empieza otra vez (+) pi<strong>de</strong>le<br />
otra vez que A-I0 diga la respuesta para ti y para el<br />
[dime (3) dinos<br />
DI NOS:<br />
dinos la respuesta<br />
no (++) no (+) os dire<br />
no os<br />
no os (+) 10 dire, la dire<br />
no os la dire , muy bien, ahora<br />
dimela
2-828<br />
2-829<br />
2-8<strong>30</strong><br />
2-831<br />
2-832<br />
2-833<br />
2-834<br />
2-835<br />
2-836<br />
2-837<br />
2-838<br />
2-839<br />
2-840<br />
2-841<br />
2-842<br />
2-843<br />
2-844<br />
2-845<br />
2-846<br />
2-847<br />
2-848<br />
2-849<br />
2-850<br />
2-851<br />
2-853<br />
2-854<br />
2-855<br />
2-856<br />
2-857<br />
2-858<br />
2-859<br />
2-860<br />
2-861<br />
2-862<br />
2-863<br />
2-864<br />
2-865<br />
2-866<br />
2-867<br />
2-868<br />
2-869<br />
2-870<br />
2-871<br />
2-872<br />
2-873<br />
2-874<br />
2-875<br />
2-876<br />
2-877<br />
2-878<br />
2-879<br />
2-880<br />
2-881<br />
2-882<br />
2-883<br />
A-14<br />
-11<br />
-2<br />
-11<br />
-10<br />
P-2<br />
-10<br />
-14<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
A-ll<br />
-10<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
A-I0<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
-11<br />
-10<br />
P-2<br />
-10<br />
P-2<br />
arios<br />
-10<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-10<br />
-2<br />
no es cierto (+)GTU NO HAS DICHO DINOS? GTU NO HAS DICHO<br />
DINOS?<br />
[dinosla<br />
si<br />
AHORA TU VAS A DECIR , DINOS-LA<br />
dinosla<br />
no voy (+) no voy a dlc (+) cir: (2) a: (+) <strong>de</strong> (++) <strong>de</strong>:<br />
ci: ros <strong>de</strong>cirosla<br />
[no voy a [DE:[ci ro [LA(+) ALTO<br />
NO VOY A DECIROS: AY<br />
JA._JA..<br />
correcto<br />
no voy a <strong>de</strong>CIROSLA<br />
bien<br />
<strong>de</strong>ciros: , nao e um danado (+) as os<br />
<strong>de</strong>cirosla (+) ahora, A-12, dile a A-I0 que no diga la<br />
respuesta para ellos dos: (+) entonces NO:<br />
digan (++) no 10s digas<br />
pronombre referido a ellos Gcual es?<br />
no se 10<br />
[no se 10<br />
NO SE LA: , porque es la respuesta<br />
no se la digas<br />
no se la digas , muy bien (2) lesta entendido , A-II?<br />
es porque no entendia isto aqui todinho , nao entendia<br />
esta mudanqa<br />
lpero ahorA entendiste , 0 no?<br />
entendi , si (++) s6 nao sei a imperativo<br />
[muy bien , vamos a repetir (+) VAMOS a repetir , vamos<br />
a repetir este caso , sin parar ahora (2) dile otra vez<br />
dinos<br />
(4 )<br />
la (+) la (+) re (+) dinos (+) dinos la respuesta<br />
no: , no te la digo (+) no: (+) no: (3)<br />
[mira , tienes que enten<strong>de</strong>r:<br />
no : (2 ) no: (3 )<br />
[ no es <strong>de</strong>cor, no tienes saber (+) no es para saber <strong>de</strong><br />
memoria memoria<br />
no os la dire<br />
muy bien<br />
dinosla<br />
JA.-JA.un<br />
ratito<br />
no VO:Y<br />
no voy: , hum: , a <strong>de</strong>-ci-ros , a <strong>de</strong>cirosla<br />
muy bien , A-12<br />
muy , muy bien , no: no se los digas<br />
no SE LA:<br />
DlGA<br />
DIGAS<br />
digas<br />
estas tratando ele por tu, mira que aqui siempre es<br />
irnperati:vo referi:do a tu (+) siempre referido a tu (+)<br />
afirmativo negativo (+) siempre referido a tu<br />
no se la digas<br />
no se la digas (3) A-I0 (2) ahora (+) dile a: A-12 (+)<br />
que compre para ti un lapiz<br />
A-12, c6mprame un lapiz<br />
A-I0 , no:: te 10 compro<br />
insiste<br />
COMPRAMELO<br />
JA._JA..JA...<br />
JA_~A.-JA.-, por favor<br />
no (++) comprartelo<br />
NO VOY<br />
no voy a comprar-te-lo<br />
no voy a comprartelo<br />
comprartelo (+)
1 2 884<br />
2-885 -<br />
-14<br />
-2<br />
2-886 -14<br />
2-887 -2<br />
2-888 -12<br />
2-889 -2<br />
2-890 -12<br />
2-891 -14<br />
2-892 -12<br />
2-893 -2<br />
2-894 -12<br />
2-895 -2<br />
2-896 -12<br />
2-897 -2<br />
2-898<br />
2-899<br />
2-900<br />
2-901<br />
2-902<br />
2-903<br />
2-904<br />
2-905<br />
2-906<br />
2-907<br />
2-908<br />
2-909<br />
2-910<br />
2-911<br />
2-912<br />
2-913<br />
2-914<br />
2-915<br />
2-916<br />
2-917<br />
2-918<br />
2-919<br />
2-920<br />
2-921<br />
2-922<br />
2-923<br />
2-924<br />
2-925<br />
2-926<br />
2-927<br />
-12<br />
-2<br />
-12<br />
-2<br />
A-12<br />
-12<br />
-2<br />
A-ll<br />
-12<br />
-2<br />
muy bien , no (++) se (+) la compres<br />
LO compres<br />
10 compres<br />
muy bien (2) A-12 , ahora (+) dile a (+) A-14 , que pida<br />
(+) pida: el dinero (+) a: (+) A-II (++) con el verba<br />
pedir (+) mandale que A-14 pida el dinero a A-II<br />
A-14 , pida (+) a A-II el dinero, dinero<br />
tratale<br />
pi<strong>de</strong>s<br />
pi<strong>de</strong><br />
pi<strong>de</strong><br />
por tu (+) imperativo referido a tu<br />
PIDE<br />
pi<strong>de</strong><br />
(+)<br />
y el pronombre que se refiere a A-12 ~cual es? (4)<br />
te: (4)<br />
tu estas hablando con A-14 y vas a pedir a el que el pida<br />
dinero a A-II<br />
pidasel: plda-te-la<br />
JA...JA...JA...JA...JA...<br />
esos imperati:vos (2) yo siempre he dicho que hay que<br />
estudiar Ios imperativos (+) hay que saber los<br />
imperati:vos<br />
pi-da-se-lo<br />
, hay que saber<br />
mira, tu vas a <strong>de</strong>cir a A-14 (++) que pida el dinero a A-<br />
ID (+) porque si tu , si tu no Ie dices y el no entien<strong>de</strong><br />
el a pedir a ti , es peor para ti ~eh, mejor que Ie<br />
digas , mejor que Ie digas ya (+) mejor que Ie pida a un<br />
cara porque va:<br />
pidalo<br />
PI-DE-LE:<br />
pi<strong>de</strong>le<br />
PIDELE (+) EL DINERO A A-II<br />
[pi<strong>de</strong>le<br />
pi<strong>de</strong>le (+) el dinero a A-II<br />
como es el verbo pedir , pi<strong>de</strong> , no pidas (+) pedid , no<br />
pidais , pida , no pida , pidan , no pidan , eh: (3 )<br />
entonces<br />
pi<strong>de</strong>le<br />
pi<strong>de</strong>le<br />
pi<strong>de</strong> tu a el1a (+) pi-<strong>de</strong>-le (+) ~cual es 1a duda , A-I0?<br />
(++) ~alguna duda? ~entendisteis el final 0 no? (+)<br />
~entendido<br />
(+) repite<br />
A-l1?(++) ~A-14? (+) pi<strong>de</strong>le el dinero a A-II<br />
A-14 , pi<strong>de</strong>1e el dinero a A-II<br />
contesta<br />
no (3) Ie (2) no la , no<br />
no Ie, cambia para SE porque va seguido <strong>de</strong> pronombre<br />
[no se la (+) pido<br />
no se LaO: (+) porque el dinero<br />
[el dinero (++) no se 10<br />
pido<br />
insiste<br />
pi<strong>de</strong>le<br />
dos pronombres , ahora<br />
ah: , pi<strong>de</strong>sele (+) pi<strong>de</strong>se:<br />
JA._JA...JA...JA...JA._<br />
10 has dicho «ininteligivel» el problema es que uste<strong>de</strong>s<br />
tienen que que saber , que saber el imperativo y<br />
saber (+) y saber 10 que estan <strong>de</strong>ciendo , porque·a veces<br />
yo yo me doy cuenta <strong>de</strong> que estan (+) hablando (+) como ,<br />
como dicen una cosa <strong>de</strong> memoria, sin saber 10 que estan<br />
diciendo (+) entonces , claro , no van a apren<strong>de</strong>r nunca<br />
«ininteligivel»<br />
pi<strong>de</strong>s<br />
tu has dicho (+) pi<strong>de</strong>le el dinero (+) ahora , cuando se<br />
dice per segunda vez , cuando se insiste , no repites el<br />
dinero<br />
10<br />
(+) ~cual es el prenombre que substituye <strong>de</strong>nero ?
-9<strong>30</strong><br />
2-931<br />
2-932<br />
2-933<br />
2-934<br />
2-935<br />
2-936<br />
2-937<br />
2-938<br />
2-939<br />
2-940<br />
2 941<br />
2-942<br />
2-943<br />
2-944<br />
2-945<br />
2-946<br />
2-947<br />
2-948<br />
2-949<br />
2-950<br />
2-951<br />
2-952<br />
2-953<br />
2-954<br />
2-955<br />
2-956<br />
A-12<br />
A-12<br />
-2<br />
-12<br />
A-II<br />
2-957 A-12<br />
2-958 A-14<br />
2-959 -2<br />
2-960 -14<br />
2-961 P-2<br />
2-962 -2<br />
2-963 -10<br />
2-964 -11<br />
2-965 -14<br />
2-966 -2<br />
2-967 -11<br />
2-968 -2<br />
2-969 -11<br />
2-970 -2<br />
2-971 A-11<br />
2-972 -2<br />
2-973 -11<br />
2-974 -2<br />
2-975 -11<br />
2-976 A-I0<br />
2-977 -2<br />
2-978 -14<br />
2-979 -11<br />
2-980 A-I0<br />
2-981 -2<br />
2-982 -10<br />
2-983 -2<br />
2-984<br />
2-985<br />
j;;-10<br />
-2<br />
10 (+) enton, cual es (+) pi<strong>de</strong> (+) Ie: (+) se Ie<br />
cambia para se porque no pue<strong>de</strong> ser le-lo (++) se-lo<br />
[se 10<br />
[ pi-<strong>de</strong>-le<br />
2-986<br />
2-987<br />
2-988<br />
2-989<br />
2-990<br />
2-991<br />
2-992<br />
2-993<br />
2-994<br />
2-995<br />
2-996<br />
2-997<br />
2-998<br />
2-999<br />
2-1000<br />
2-1001<br />
2-1002<br />
2-1003<br />
2-1004<br />
2-1005<br />
2-1006<br />
2-1007<br />
2-1008<br />
-1009<br />
2-1010<br />
2-1011<br />
2-1012<br />
2-1013<br />
2-1014<br />
2-1015<br />
2-1016<br />
-12<br />
-10<br />
-2<br />
~<br />
-12<br />
-2<br />
-14<br />
-11<br />
-2<br />
A-11<br />
-2<br />
-14<br />
-11<br />
P-2<br />
-12-<br />
-1<br />
-12<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-11<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
-10<br />
-2<br />
TURl«) c6Droo<br />
J:'ESSOAl<br />
3-001 P-3<br />
no (4) vamos<br />
no vamos<br />
no (++) vamos a <strong>de</strong>cir a A-II , que muy bien , que no <strong>de</strong><br />
la la llave a A-13 (3) dile<br />
no «ininteligivel»<br />
vamos aver , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el inicio , repite , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el inicio<br />
(+) otra vez<br />
dadme la llave<br />
no (+) te la dou, oh, no, no, no (3)<br />
estas hablando con eel:: in imaginate que estas hablando<br />
con<br />
[no te la damos, daremos<br />
muy bien<br />
dadmela<br />
no voy a<br />
[no vamos<br />
no vamos a dar:-te-la<br />
DAR:TELA<br />
DAR:TELA (3)<br />
muy bien , A-II<br />
muy bien , A-II<br />
me gustas que seas du:ra (++) no<br />
no<br />
NO<br />
no te la<br />
no se<br />
no se la: (2)<br />
<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>s<br />
NO SE LA DES:<br />
no se la <strong>de</strong>s<br />
no se , se refi ere a el , no se a el (+) la , la llave<br />
(+) tu, no <strong>de</strong>s, no se la <strong>de</strong>s (+) repite<br />
no se la <strong>de</strong>s<br />
mu bien<br />
<strong>de</strong>spues <strong>de</strong> la lectura <strong>de</strong> mir6: , vamos a: hacer una <strong>de</strong><br />
las tareas (+) que estamos acostumbrados a hacer otras<br />
veces (+) ya hablamos sobre convencer a alguien ,<br />
disuadir a alguien , hoy vamos a consolar en espanol , a<br />
consolar (+) entonces yo voy a colocar eh: el panorama ,<br />
la situaci6n y <strong>de</strong>spues iremos , poco a poco , montando el<br />
dialogo y <strong>de</strong>spues (+) intentaremos apren<strong>de</strong>rlo y<br />
escribirlo y tal , bueno , la situaci6n es la siguiente<br />
eh:: resulta que: A-16, que parece la mas consolable<br />
JA_JA_JA._JA ... JA_. bueno y entonces vamos a consolarla , 10<br />
siguiente (+) ella , resulta que (+) en su trabajo Ie<br />
habian dicho que (+) iria (+) a chile , a pasar quince<br />
dias para un curso <strong>de</strong> formaci60n <strong>de</strong> agentes y tal (+) y<br />
bueno pues ella ya conoce mucha gente <strong>de</strong> alli: y tal , ya<br />
habia escri:to , todo el mundo la espera:ba , y: ahora<br />
resul ta que , a punto <strong>de</strong> ir , como siempre pasa , a<br />
61 tima ho :ra , Ie han dicho que tenia que tener unos<br />
papeles , que al final no ha conseguido , en fin (+)<br />
resumiendo (+) en resumidas cuentas , no va a chile , y<br />
esta <strong>de</strong>sconsolada (+) Y est a <strong>de</strong>sconsolada (+) entonces<br />
vamos a intentar (+) montar el dialogo
3-005 -18<br />
3-006 -19<br />
3-007 -16<br />
3-008 -17<br />
3-009 -3<br />
3-010<br />
3-011 -19<br />
3-012 -18<br />
3-013 -17<br />
3-014 -16<br />
3-015 -3<br />
3-016 -19<br />
3-017 A-18<br />
3-018 A-16<br />
3-019 -3<br />
3-020 A-19<br />
3-021<br />
3-022 A-19<br />
3-023<br />
3-024<br />
3-025 P-3<br />
3-026<br />
3-027<br />
3-028 -16<br />
3-029 -3<br />
mira (+) gente (+) eh: la bee a<br />
chile (+) fuee: cancelada? (+)<br />
lastima , porque yo estaba (+)<br />
muitas ganas <strong>de</strong> viajar chile (+)<br />
muchos amigos (+) alIa y: (+)<br />
rever las personas eh: (+) la: (+)<br />
lastima<br />
que yo tenia (+ ) para<br />
cancelada (+) ees una<br />
preparada (+ ) y tenia<br />
chile (+) tenho tengo<br />
me gustaria mucho <strong>de</strong><br />
la ciuda:d (+) es una<br />
mujer , a mi me parece que si no si no vas agora , si no<br />
pue<strong>de</strong>s ir ahara pero pue<strong>de</strong>s ir el ana que viene (+) no te<br />
que<strong>de</strong>s asi estas estas muy triste (++) lsi? buena a veces<br />
nos pasa alga que no estamos prontos , per6 , bom , el<br />
gobierno cambia , los papeles pue<strong>de</strong>n (+) venir y cuando<br />
(+) venga otra vez la bee a ya estaras toda (+) ya estaras<br />
lista lno? (+) can todo pronto lno? (+) lque te parece?<br />
muy bien ehm: ehm: , esta bien (+) entonces ella ha<br />
colocado (+) el punta <strong>de</strong> partida , ha explicado mas 0<br />
menos su situaci6n y: A-17 Ie ha hecho un primer (+) ,<br />
un: (+) primer consuela , un intento <strong>de</strong> consuela lno? (+)<br />
bueno no te preocupes y tal (+) vamos aver l.que otro<br />
tipo <strong>de</strong> (+) frase para (+) salvar 10 castizo espanol , se<br />
Ie podria <strong>de</strong>cir? l.que frase se Ie podria <strong>de</strong>cir a<strong>de</strong>mas<br />
<strong>de</strong> una explicaci6n (+) cosas tipicas espanolas (+) aver<br />
, par ejemplo , (+) muJER:: no te preoCUPES (+) aver,<br />
repite (+) muJER<br />
muier , no te preocupes<br />
muier , no te preocupes<br />
muier no te preocupes<br />
otra vez sera (+)ehm: (2) lque se Ie pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>cir? aver<br />
otras cosas que se Ie podria <strong>de</strong>cir (+) se Ie pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>cir:<br />
(+) bueno a veces , mira (+) uno cree (+) que es 10 mejor<br />
y no sabes , no sabes nunc a que es 10 mejor<br />
no sabes nunca que es 10 meior<br />
rno sabes<br />
no hay mal<br />
no hay mal que por bien no venqa<br />
r entonces aqui estamos (+ ) JA._JA...JA. ..<br />
r((ininteliqivel ) / JA._JA._JA...<br />
si , yo diqo , esto aqui huele a <strong>de</strong>monios (+) JA.-JA._JA. ..<br />
ttininte1icrive1)) esto sea ha perdido la vicrencia?
3-0<strong>30</strong> arios<br />
3-031 -17<br />
3-032 -3<br />
3-033 -17<br />
3-034 A-19<br />
3-035 A-18<br />
3-036 A-19<br />
3-037 A-17<br />
3-038 -3<br />
3-039<br />
3-040<br />
3-041<br />
3-042<br />
3-043<br />
3-044<br />
3-045<br />
3-046<br />
3-047<br />
3-048<br />
3-049 ?<br />
3-050<br />
3-051<br />
3-052<br />
3-053<br />
3-054<br />
3-055<br />
3-056<br />
3-057<br />
3-058<br />
3-059<br />
3-060<br />
3-061<br />
3-062<br />
3-063<br />
3-064<br />
3-065<br />
3-066<br />
3-067<br />
3-068<br />
3-069<br />
((ininteligivel» pero aqui es como si se pusiese se<br />
pusiera padre<br />
podrido<br />
podrido , para que 10 «ininteliqivel» cerca<br />
ela dijo que «ininteligivel» es caduc el podrido es cad<br />
, cad<br />
ha caducado , ha caducado el plazo<br />
el plazo <strong>de</strong> viqencia lno?<br />
pero no se dice como aqui , esta caducan:do , no se dice<br />
(+) se dice es un viejo caduco , sf<br />
r JA...JA...JA...JA...JA.-JA...JA. ..<br />
bueno , entonces , no hay mal que por bien no VENGA (+)<br />
ale , DILE , DILE , no seas TONTAA:<br />
no seas tonta (++) no hay mal<br />
JA...JA-J A...JA-JA...JA_.<br />
ahora tu dile (+) la falta que haras tu en chile (+)<br />
dile , la falta JA... JA._JA...que haras tu en chile<br />
JA...J A...JA...JA...JA...JA...<br />
LA FALTA que harlas tu en chile (+) d~~Q , ~a fa~ta que<br />
harias tu en chile<br />
que harias tu en chile
3-076 -18<br />
3-077 -3<br />
3-078 -18<br />
3-080 -3<br />
3-081 -18<br />
3-082<br />
3-083<br />
3-084<br />
3-085<br />
3-086<br />
3-087<br />
3-088<br />
3-089<br />
3-090<br />
3-092<br />
3-093<br />
3-094<br />
3-095<br />
3-097<br />
3-098<br />
3-099<br />
3-100<br />
3-101<br />
3-104 ?<br />
3-105 -3<br />
3-106 ?<br />
dile<br />
mismo<br />
que esas reuniones son siempre iguales , es todo 10<br />
JA._JA.-JA._JA-.JA-.JA-.JA. ..<br />
AH: JA...JA-.JA-.JA-.esta reunion no sirve para na:da (++)<br />
JA ... JA... JA.-JA..<br />
rJA.-JA...JA...JA...JA...JA... rJA...JA...JA...JA...JA...<br />
la FAL:TA que harias tu en chile , que <strong>de</strong>cia mucho mi<br />
abuela (+) la falta bueno ahora vamos aver si 10<br />
organizamos ESTO<br />
[((ininteligivel» se pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>cir mas vale tar<strong>de</strong><br />
que nunca?<br />
mas vale tar<strong>de</strong> que nunca<br />
«(ininteliqivel)) la tormenta que: que ((ininteliqivel))<br />
runa tormenta en chile<br />
una tormenta en Santiaqo<br />
<strong>de</strong> buena te has libra:o JA ... JA...JA...JA...JA...JA... (4) escribe ,<br />
<strong>de</strong> buena te has liBRA:O , va<br />
rJA...JA_.JA...JA. ..JA... JA...JA.../ ( ininteliqivel ))<br />
[bueno , entonces ya hemos (+) visto (+)algunas<br />
frases (+) claro que se trata <strong>de</strong> (+) <strong>de</strong>cir frases que<br />
consuelen (+) pero 10 que mas interesa son lqs giros<br />
espanoles (+) entonces bueno (+) eh: , A-16 nos cuenta su<br />
vida ahora (+) y nos dice: 10 que ha pasao , otra vez ,<br />
va (+) cortito , porque ahora vamos a <strong>de</strong>cirte (+) frases<br />
cortitas (+) para ver si:<br />
(ininteliqivel))
3-107 -16<br />
3-108 arios<br />
3-109 -18<br />
3-110 -16<br />
3-111 A-18<br />
3-112 -3<br />
3-113 -16<br />
3-114 -17<br />
3-115 ?<br />
3-116 -3<br />
3-117<br />
3-118<br />
3-119<br />
3-120<br />
3-121<br />
3-122<br />
3-123<br />
3-124<br />
3-125<br />
3-126<br />
3-127<br />
3-128<br />
3-129<br />
3-1<strong>30</strong><br />
3-131<br />
3-132<br />
3-133<br />
3-134<br />
3-135<br />
3-136<br />
3-137<br />
3-138<br />
3-139<br />
3-140<br />
3-141<br />
3-142<br />
3-143<br />
lroira , qente , que ,que traqedia<br />
IJA ..JA...JA-JA._JA-JA...JA...<br />
I lque pasa , muie:r?<br />
lque pasa? minha beca minha beca (+)<br />
para (+) participar <strong>de</strong> un seminario<br />
can fue cancelada<br />
r dancou (+) JA-JA...JA...<br />
ha sido cancelada<br />
ha sido cancelada<br />
OSTRAS mas vale tar<strong>de</strong> que nunca no<br />
JA-JA-JA-JA-JA-JA-(+) es que aqui es nunca<br />
(+) 0 sea como si JA.-JA.-JA._ aver (+) bueno<br />
muy triste f aver<br />
r JA...JA...JA.JA...JA_JA...<br />
no te ponqas triste<br />
«ininteliqivel»<br />
dile la falta que tu haras<br />
momentanea da gravagao»<br />
animo , a<strong>de</strong>lan:te (+) non <strong>de</strong>sanimes<br />
f«ininteliqivel»<br />
f«ininteliqivel»<br />
para viajar chile ,<br />
(+) eh:: ta f fue<br />
cuidao (+)<br />
, no es tar<strong>de</strong><br />
(+) ella esta<br />
((ininteligivel» JA._JA._JA.<br />
.. aquele « ininteligivel) ) e:<br />
lsabes que ha: que ha tido una <strong>de</strong>sgracia en chile<br />
JA.._JA.._JA....JA-.JA_JA_ <strong>de</strong> buena te has librado<br />
lvenqa I va
3-145<br />
3-146<br />
3-14 7<br />
3-148<br />
3-149<br />
3-150<br />
3-151<br />
3-152<br />
3-153<br />
3-154<br />
3-155<br />
3-156<br />
3-157<br />
3-158<br />
3-159<br />
3-160<br />
3-161<br />
3-162<br />
3-163<br />
3-164<br />
3-165<br />
3-166<br />
3-168<br />
3-169<br />
3-170<br />
3-171<br />
3-172<br />
3-173<br />
3-174<br />
3-175<br />
3-176<br />
3-177<br />
3-178<br />
3-179<br />
3-180<br />
3-181<br />
3-182<br />
ha habido un terremoto , un terremoto no<br />
5e llama?<br />
un vulcao<br />
un volcan , una erupci6n vulcanica<br />
ha habido una torment a en chile<br />
<strong>de</strong> buena te has librado JA...JA...JA...JA. ..<br />
dile que no llore (++) dile que no 110re<br />
A-16 (+) no llores (+) e (+) muy bien , otra vez (+) 0<br />
otra (+) lc6mo que e outra «ininteligivel»?<br />
rmuy bien<br />
muy bien , vamos a repetirlo (+) otra vez (++) cada uno<br />
(++) no , no (+) vamos a , otra vez<br />
JA...JA...JA.../ lc6mo<br />
lque es creeme?<br />
[«ininteligive1» / creme /<br />
es creame<br />
f ((ininte1iqivel » JA...JA...JA...JA...JA._JA...<br />
ahora , es (++)<br />
((ininteliqivel»<br />
bueno , otra vez (+) otra vez (++) otra vez 10 mismo (+)<br />
empieza
-17<br />
3-186 -16<br />
3-187 -3<br />
3-188 -16<br />
3-189 -3<br />
3-190 -16<br />
3-192 -16<br />
3-193 -3<br />
3-194 -16<br />
3-195 -17<br />
3-196<br />
3-197<br />
3-198<br />
3-199<br />
3-200<br />
3-201<br />
3-202<br />
3-203<br />
3-204<br />
3-205<br />
3-206<br />
3-207<br />
3-208<br />
3-209<br />
3-210<br />
3-211<br />
3-212<br />
3-213<br />
3-214<br />
3-215<br />
3-216<br />
3-217<br />
3-218<br />
3-219<br />
3-220<br />
A-18<br />
mirad chi:cos (+) la (+) bee a que tenia para viajar<br />
chile: fue cancelada<br />
ha si<strong>de</strong> cancelada<br />
<strong>de</strong> buenas te has librado (+) es que esas reuniones son<br />
unas chorradas<br />
JA...JA._JA...JA...JA-JA. .. aver (+) ahora te toea a ti , lno?<br />
lque dices tu?<br />
r JA._JA..JA...JA_JA... r JA...JA._JA.-JA...JA.-JA ...<br />
mujer (+) mojer , no te preocupes (++) manana (+) pondras<br />
intentar otra vez lverdad?<br />
manana podras intentarlo otra vez (+) va (+) ale , tu<br />
muier (+) animo , no hay mal que por bien non venqa (++)<br />
incluso , semana pasada se ha pas ado una , una terrible<br />
(+) calamidad en chile (+) que toi mesmo ?<br />
JA...JA.-JA.-JA.-JA...JA.-JA.-<br />
r JA.-JA..JA-JA_JA.-JA...<br />
((ininteliqivel»<br />
<strong>de</strong> buena te has librado<br />
JA._JA...JA_.JA ... JA._JA...( e qritos e parada na qravaQao»)<br />
VALE<br />
((ininteliqivel»<br />
no no no I esta continuando I 10 he parado un momento I<br />
va<br />
creeme , la falta que harias en chile<br />
si , pero me qustaria mucho <strong>de</strong>: viaiar ahora<br />
aah: ,incluso <strong>de</strong> buenas te has librado (+) semana pasada<br />
se pas6 algo I una calamidad en chile (+) una tormenta<br />
terrible se abati6 sobre santiago (+) muchas personas<br />
morreran y , bueno I estas aca con nosotros (+) les un ,<br />
un consolo I no?<br />
un consuela
3-221 arios<br />
3-222 -3<br />
3-223 -16<br />
3-224 -3<br />
3-225 -16<br />
3-226 -3<br />
3-227 -16<br />
3-228 -3<br />
3-229 -16<br />
3-2<strong>30</strong> -17<br />
2-231 -3<br />
3-232 -16<br />
3-233 -3<br />
3-234 -19<br />
3-235 -17<br />
3-236<br />
3-237 -16<br />
3-238<br />
3-239<br />
3-240<br />
3-241<br />
3-242<br />
3-243<br />
3-244<br />
3-245<br />
3-246<br />
3-247<br />
3-248<br />
bueno r s610 para darle un poco <strong>de</strong> secuencia (+) entonces<br />
r cuent<strong>anos</strong> tu vida otra vez<br />
lmi vida'?<br />
mira r mirad chicos r eestou muy triste<br />
triste (+) la: la viaje a che chile fue<br />
el viaie<br />
la viaie<br />
el viaie<br />
porque (+) el (+) gobierno brasi1efio non sabe: (4) non,<br />
non , non tienen dinero<br />
muy bien<br />
mira , A-16 , ha habido un terremoto en chile , la semana<br />
pasada , <strong>de</strong> buena te has librado<br />
muy bien<br />
si , es verdad , y a<strong>de</strong>mas estas reu reuniones son unas<br />
chorradas y a<strong>de</strong>mas estan llenas <strong>de</strong> pelmos , l+eh:'?<br />
<strong>de</strong> pelmas<br />
pelmas r estan llenas <strong>de</strong> pelmas<br />
estan llenas <strong>de</strong> pelmas<br />
siempre es 10 mismo , vamos<br />
si a mi me tocara hacer un via;e estaria muerto yo (++)<br />
mu jer r animo , a<strong>de</strong>lan: te r creeme , a veces queres una<br />
cosa que non te conviene (+) lque faltas (2) la falta que<br />
harias (2) a<strong>de</strong>mas<br />
JA...JA. ..JA...<br />
r la falta que (+) ha: ras en chi:le?<br />
JA_JA...JA._JA...JA-JA...JA.../ ((ininteliqivel»
3-254<br />
3-255 -19<br />
3-256 -3<br />
3-258 P-3<br />
3-259<br />
3-260<br />
3-261<br />
3-262 -19<br />
3-263 -18<br />
3-264 -3<br />
3-265 -18<br />
3-266 -3<br />
3-267 -18<br />
3-268 -3<br />
bueno (++) vamos aver (+) si ahora tuvieramos que (+)<br />
escribirlo vamos aver si 10 escribimos , en un<br />
momentito 1 todo (+) bueno 1 pues 1 en todos los sitios ,<br />
claro , la gente tiene penas , llora y se entristece , y<br />
en todos los sitios , la gente se consuela (++) pero , 10<br />
10 que llama la atenci6n es que el espanol , para<br />
consolar , es un poquito asl (+) abrupto , un poco seco<br />
(+) l.eh? y a<strong>de</strong>mas (+) la psicologla parece que alli no<br />
tiene mucho futuro , 0 sea , JA-JA_ la gente no tiene<br />
mucho (+) esas cuestiones <strong>de</strong>: , <strong>de</strong> hacerse al otro<br />
esas esos ca ca, el concepto es Hcacoetes" (++)<br />
lc6mo se dice 1 esos: (+) eh: : pequenas manias<br />
psico16gicas que existen (+) en estados unidos en<br />
brasil (+) tal , y: en algunos palses , <strong>de</strong>l psicologismo<br />
(+) en espana , todava (+) claro , la gente mas joven ,<br />
quizas , sl , pero la gente mayor , no , eh: , entonces ,<br />
heemm: : (+) sobre consolar (++ ) l.que os parece? (2)<br />
este aspecto <strong>de</strong> emotividad (+) <strong>de</strong>l consolar quiza<br />
emotividad y clase social (+) lque os parece?<br />
a mi me parece que: (3) con relaci6n a la emotividad , en<br />
las clases sociales mas bajas (4) hay una una exa<br />
muchas veces 1 una exa , un exagera<br />
exaqeraci6n<br />
exageraci6n <strong>de</strong>: <strong>de</strong> (+) en relaci6n a <strong>de</strong>mostraci6n<br />
lloro: , <strong>de</strong> gritos (+) lsl? (++) las personas <strong>de</strong> (+)<br />
clase mas alta 0 clase media , intentan controlar (+)<br />
, un poco sus sentimientos (+) e: con certa recato<br />
con cierto recato<br />
lsl?<br />
<strong>de</strong><br />
una<br />
sus<br />
y: (+) lque te parece (+) el espanol , por temperamento ,<br />
ya que el espanol es asi mas secote , mas (2) cuando (+)<br />
hablamos <strong>de</strong> consolar , en espanol , a<strong>de</strong>mas <strong>de</strong>l gesto 1<br />
que es 10 mas importante , este aspecto metalingiilstico<br />
(+) <strong>de</strong>l gesto y tal , el aspecto <strong>de</strong> la palabra , estas<br />
frases que hemos dicho (+) lque te parece que reflejan?<br />
len todas las regiones , regiones? «recebe 0 microfone<br />
do gravador» ah: JA...JA._JA... ( +) len todas las re re<br />
regiones <strong>de</strong> espana: se comportan asi?<br />
rsl ,sl ,51<br />
51 , en general el espanol es muy diferente en la<br />
escultura , en las las lenguas son muy diferentes ,<br />
pero (+) el espanol es mas seco 1 pero el castellano es<br />
mucho mas , <strong>de</strong> castilla<br />
l<strong>de</strong> castilla es mas seco?<br />
es mas seco todavla que los <strong>de</strong>mas por:: su<br />
temperamento mas (+) el castellano no, pero , en<br />
general , el espanol tiene recato (+) al espanol Ie<br />
cuesta manifestar emociones en general , porque es<br />
(+) un pacoo: (+) eh:: 10 que se dice , l. c6mo se dice<br />
eso ? (++)<br />
es fraqil<br />
eh::<br />
51: 1 fragil , s1 (+) no , no es fragil 1 no , es que:<br />
(+) tiene: eh:: (+) no me acuerdo c6mo se dice esto (3)<br />
uhmm: (8) 51: , que (+) oculta sus sentimientos , 105:<br />
les verqtienza?<br />
no no es vergtienza<br />
REPRIMIDO<br />
ah: , es reprimido
3-271<br />
3-272<br />
A-18<br />
P-3<br />
3-273 -18<br />
3-274 -3<br />
3-275 ?<br />
3-276 -19<br />
3-277 -3<br />
3-278 -16<br />
3-279 arios<br />
3-280<br />
3-281 -16<br />
3-282<br />
3-283<br />
3-284<br />
3-285<br />
3-286<br />
3-287 ?<br />
3-288 A-19<br />
3-289 -3<br />
3-290 -18<br />
3-291 -3<br />
3-293 -19<br />
3-294<br />
3-295<br />
3-296<br />
si se reprime , es porque tiene vergtienza <strong>de</strong>: <strong>de</strong><br />
externar: (+) tiene vergtienza <strong>de</strong>: exteriorizar (3)<br />
«ininte1igive1» <strong>de</strong> exteriorizar , si ele<br />
r<strong>de</strong> exteriorizar<br />
[tanto es as1 , que aqu1 cuando<br />
estamos acostumbraos (+) cuando: , con<br />
tal (+) 1a afecti 1a afectividad en<br />
todav1a hoy , con 10s j6venes se nota<br />
ltodavia?<br />
(+) nosotros que<br />
nuestra mujer y<br />
publico es (+)<br />
con 10s j6venes (+) se nota un recato ,1a gente es mucho<br />
mas sue1ta , mucho mas:<br />
rah:<br />
mas ioven<br />
tambien asi como aqui 1a gente te aga:rra , y se<br />
abrazan (+) y se besan y se vue1ven «ininteligivel» par<br />
<strong>de</strong>tras<br />
UlH: (++ ) e lea: e·· JA-JA._JA...AY<br />
JA...JA...J A...JA...JA...<br />
(Cininteliqivel»<br />
no que aqui 105 namoraos<br />
no , en espana es:<br />
«ininte1igivel» pero en espana<br />
mas contenido (+) mas (+) la gente , mas reprimido , la<br />
palabra es mas reprimido<br />
todo<br />
r(Cininteliqive1»<br />
, mas reprimidos eh: (+) eso en<br />
[pero son verda<strong>de</strong>ros 0 son reprimidos I<br />
por 1a conveniencia social?<br />
es todo (+) es (+) que: (+) eso es hace parte <strong>de</strong> la<br />
cultura , y <strong>de</strong>: (+) la historia , <strong>de</strong> no manifestar en<br />
publico sentimientos (+) a la gente Ie molesta<br />
pero en cada epoca la moral se modifica<br />
no es moral , son costumbres tambien , leh:? (+) lque os<br />
parece esto? lno os parece que el espanol es un poquito<br />
mas seco , as1 mas (+) bur bur europeo, en general ,<br />
espanol , frances (+) tu que has estado en francia (+)<br />
lque te parece el frances?<br />
tambien es un poco reservado (+) en com , en relaci6n a<br />
10s brasi1enos (+) 10s brasi1enos son muy (+) son eh: son<br />
mais: soltos , no e tido e1 contacto directo con el (+)<br />
con 10s espafio1es y entonces no se <strong>de</strong>cir 1a gran<br />
diferencia con los con 10s franceses , pero los<br />
franceses son (+) eh: casi 1a misma cosa eles<br />
tienen: algunas<br />
lson forma1es , no?<br />
si , eles son bien forma1es , eles tienen algunas (+) eh<br />
frases para: <strong>de</strong>cir<br />
todo 1isto<br />
(+) es es como si fuera tudu pronto<br />
s1 , todo listo , para para <strong>de</strong>terminada situci6n <strong>de</strong>cimos<br />
isto , para esta otra <strong>de</strong>cimos aquillo y no no , no me<br />
pareci6 que: eran , algunas veces gue no eran exactamente<br />
aquilo que: (+) que sentian (+) es como si LUera una una<br />
necesidad <strong>de</strong> <strong>de</strong>cir porque estaba en la<br />
Progrnma <strong>de</strong> F 'j- Gr dU fl. (i Ii 0<br />
em tetras c
3-297 P-3<br />
3-298 -18<br />
3-299 -3<br />
3-<strong>30</strong>0 -16<br />
3-<strong>30</strong>1 -3<br />
3-<strong>30</strong>2 -17<br />
3-<strong>30</strong>3 A-19<br />
3-<strong>30</strong>4 -17<br />
3-<strong>30</strong>5 -3<br />
3-<strong>30</strong>6<br />
3-<strong>30</strong>7<br />
3-<strong>30</strong>8<br />
3-<strong>30</strong>9<br />
3-310<br />
3-311<br />
3-312<br />
f//ininteliqivel»<br />
situaci6n (+) enton tiene que <strong>de</strong>cir (+) pero no me<br />
pareci6 que era: natural que viniera<br />
por eso creo yo que (+) latinoamericano f iberoamericano<br />
brasileno f chileno se parecen mas Gno? (3) el<br />
brasileno , el chileno y el peruano<br />
silos latinos son bem mais mais mais (++ ) tienen<br />
tem mais ternura son mais sensibles (+) son mais<br />
calientes (+) JA-JA._JA-<br />
Gque te parece a tit<br />
a mi me parece que: el problema ah: (+) no no no se si es<br />
cuItural 0 a<strong>de</strong>mas <strong>de</strong>l clima f porque f la gente (+) la<br />
gente que coloniz6 america (+) principalmente america:<br />
(+) latina fue gente <strong>de</strong> europa f bueno ah ah f el clima<br />
no se siente <strong>de</strong> africa como se compuerta f pero si la<br />
gran mayoria <strong>de</strong> gente como 10s brasilenos fueron<br />
<strong>de</strong>scendientes <strong>de</strong>: <strong>de</strong> europeos el al comportamiento<br />
<strong>de</strong>beria ser el mismo lno? (+) es <strong>de</strong> se esperar que<br />
fuera la misma cosa (+) pero f pasa algo diferente en<br />
brasil f es (+) mas que en america latina (+) y es (+)<br />
mas que en .el mundo todo f no se si al a 10s ex<br />
extranjeros se sienten la misma cosa (+) en en relaci6n a<br />
su f a su pue pueblo por porque siempre que vienen al<br />
brasil hablan <strong>de</strong> la: (+) hospitalidad , principalmente f<br />
lno? solidariedad<br />
fhospitalidad /+) solida (+) solidaridad<br />
entonces f eh: f no conoces a un extranjero (+) pero se<br />
te pregunta a algo en las calles f te da la direcci6n<br />
correcta (+) a veces te da tu numero <strong>de</strong> telefono (+) es<br />
una cosa mu mucho mas intima (+) a mi me parece que los<br />
europeos en ge f en general f tienen miedo <strong>de</strong> see: re f<br />
<strong>de</strong> se re1acionar con las<br />
<strong>de</strong> relacionarse<br />
<strong>de</strong> relacionarse (+) exato f porque aquilo se va a acabar<br />
un dia 00 no se f a veces f es un poco <strong>de</strong>fensa f pero no<br />
se f no te quieres poner con alguien<br />
con los americ<strong>anos</strong> (+) tu has estado alIi tambien (+)<br />
Gque te parecieron los americ<strong>anos</strong> a tit<br />
llos americ<strong>anos</strong>?<br />
en ese sentido <strong>de</strong> ((ininteliqivel»<br />
no ha tenido oportunidad <strong>de</strong> convivir eh: mas<br />
estrechamente con ellos pero son personas: muy<br />
reser:vadas e f ehm: (+) le frias? fri:as e muy: (4)<br />
individuales (++) y mi hija noD ha nueve <strong>anos</strong> que: f ehm:<br />
f vive (+) en los estados unidos e si tiene cinco amigos<br />
americ<strong>anos</strong>
3-315 P-3<br />
3-316 :A.-17<br />
4-002<br />
4-003<br />
4-004<br />
4-005<br />
4-006<br />
4-007<br />
4-008 I<br />
a5DIOO<br />
PBSSOAL<br />
P-4<br />
A-21<br />
P-4<br />
A-20<br />
P-4<br />
A-20<br />
p-4<br />
A-21<br />
si , 10 que pasa eh , la impresi6n que yo tengo (+) es<br />
que (4) el (+) brasileno , que yo estoy mucho tiempo aqui<br />
(++) 10: que: si que: tiene <strong>de</strong> bueno , <strong>de</strong> muy bueno , es<br />
la convivencia (+) el temperamento vuestro para convivir<br />
(+) para el que viene <strong>de</strong> fuera , el espanol , es bueno ,<br />
porque teneis una: cierta paciencia natural sois mas<br />
tranquilos , a veces es una tranquilidad aparente porque<br />
hay gente que vive con muchas cosas interiores y<br />
aparentemente parece que no: , entonces , la: , ahora la<br />
impresi6n que tengo yo <strong>de</strong> brasil , es que el brasileno<br />
(+) tien<strong>de</strong> mas a la <strong>de</strong>presi6n (+) la impresi6n que tengo<br />
yo (+) porque , hay gente que dice (+) no , el brasilefio<br />
, la alegr1a y tal , y la impresi6n que tengo yo , es que<br />
eI brasiIeno , eI tipo medio , es mas , mas para la <strong>de</strong>pre<br />
, para la <strong>de</strong>presi6n (+) el espanol , es mas (+) eh: ,<br />
como <strong>de</strong>ciamos aqui , es mas compulsivo , mas impulsivo<br />
(+) mas <strong>de</strong> (+) nervioso (+) mas agitado (+) mas<br />
impaciente , eh: y vosotros sois mas tranquilos , mejores<br />
<strong>de</strong> convivencia , pero la ten<strong>de</strong>ncia es: , un poquito mas<br />
(+) la <strong>de</strong>presi6n (+) la impresi6n que me da (+) lque os<br />
parece? (2) lestoy en 10 cierto 0 DO?<br />
tambien , no se si es porque somos , fuimos , colonizados<br />
(+) entonces ,tenemos , siempre , en la ditadura todo ,<br />
somes tambien un poco (+) a , no, no, no conseguimos<br />
externar , todas las cosas a veces, tristezas(+) mucho<br />
mas facil <strong>de</strong> exteriorizar (+) las cosas<br />
r«ininteliqivel» es quiza<br />
es mas facil , ah , ponerlas las alegrias para fuera e<br />
repartir una alegria do que~a tristeza (+) entonces esto<br />
se queda un poco dif1cil a veces <strong>de</strong><br />
10 que pasa tambien: (+) es que la: , la clase media , as<br />
personas que estudian mas , tienen: , hacen analisis <strong>de</strong><br />
la situaci6n econ6mica social <strong>de</strong> brasil , entonces todos<br />
se quedan mas preocupadas con el futuro lsi?, entonces<br />
las camadas mas pobres <strong>de</strong> la , <strong>de</strong> la poblaci6n , non<br />
tienen acceso alas informaciones , y entonces , se: se:<br />
cambio alegre con el futbol ,con: el carnaval , con la<br />
bebida ls1? (+) nosotros <strong>de</strong> clase media , eh: ,tene:nos<br />
mas un: una una preocupaci6n en: el sentido <strong>de</strong>l<br />
reI sentido <strong>de</strong> la reaIidad<br />
sentido <strong>de</strong> realidad<br />
rea:les para nosotros<br />
muy bien<br />
vamos a la pagina 29, vamos a hacer el ejercicio (+)<br />
sobre 10 que hemos (+) visto la clase pasada (10)<br />
Termine las siguientes frases (4) voy a hacer asi (8 )<br />
lquereis recordar algo? (4)<br />
no estoy<br />
lno estas, estabas aqu1 la clase pasada? lestabas? (+) y<br />
lque, que vimos? (+) l.la pagina 28? (20) termine las<br />
siguientes frases (+) el empleio <strong>de</strong> (+) sUbjuntivo (+) y<br />
<strong>de</strong> (+) indicativo (14) bien (+) no veo nada que::(3)<br />
me interese<br />
me intere:se (+) lque tiempo es este? (3)<br />
presente <strong>de</strong> subjuntivo<br />
<strong>de</strong> subjuntivo, muy bien (+) que me:: <strong>de</strong> otra forMA<br />
I que me sea
4-009 P-4<br />
4-010 varios<br />
4-011 P-4<br />
4-012 A-21<br />
4-013 P-4<br />
4-014 A-21<br />
4-015 P-4<br />
4-016 varios<br />
4-017 Varios<br />
4-018 ?<br />
4-019 P-4<br />
4-020 A-21 e<br />
Varios<br />
4-021 P-4<br />
4-022 A-21<br />
4-023 varios<br />
4-024 P-4<br />
4-025 A-21<br />
4-026 P-4<br />
4-027 A-21<br />
4-028 P-4<br />
4-029<br />
4-0<strong>30</strong><br />
A-22<br />
P-4<br />
4-031 ?<br />
4-032 A-4<br />
4-033 A-21<br />
4-034 P-4<br />
4-035 A-23<br />
4-036 P-4<br />
4-037 A-23<br />
4-038 P-4<br />
4-039 A-23<br />
4-040 P-4<br />
4-041 A-23<br />
4-042 P-4<br />
4-043 A-23<br />
4-044 P-4<br />
4-045 A-20<br />
4-046 P-4<br />
4-047<br />
4-048<br />
4-049<br />
4-050<br />
4-051<br />
4-052<br />
A-24<br />
P-4<br />
A-25<br />
P-4<br />
A-20<br />
P-4 e<br />
varios<br />
A-21<br />
que seA:<br />
interesante<br />
muy bien (3) nadie dijo ninguna pa1abra que: (9)<br />
se aprovechara<br />
se A:<br />
se (+) aprovechara<br />
mira, nadie dijo (+) dijo es preterito in<strong>de</strong>finido <strong>de</strong><br />
indicativo (+) entonces va a correlacionarse CON:<br />
[in<strong>de</strong>finido<br />
con e1 imperfecto<br />
[e1 in<strong>de</strong>finido<br />
con e1 imPerfecto (+) entonces es una frase con e1<br />
imperfecto<br />
aprovechara / Gaprovechara no es?<br />
lohein:?<br />
aprovechara<br />
aprovecha5es<br />
aproveCHA::(++)<br />
ra<br />
AAH:: Ghas dicho aprovecharas? habla fuerte<br />
[HE D1CHO APROVECHARA<br />
lhas dicho aprovechara? , habla fuerte (+) que se<br />
aprovechara , bien, que fuera interesan:te (++) muy bien<br />
, perd6n (2) 1a frase siguiente (+) no hal:hamos <strong>de</strong><br />
ningun tema que: (+) A-22<br />
que FUE:RA (5) interesante «ininte1igive» (++) Gnao?<br />
5i , no hablamos esto pue<strong>de</strong> ser in<strong>de</strong>finido, pue<strong>de</strong> ser<br />
(++) pue<strong>de</strong> 5er indicativo , lno? (4) hable, habla5te ,<br />
hab16 , hablamos , habla5e5: (++) hablo , hablas , habla<br />
, hab1amos (+) nos es igua1 Gno? (+) pero (3) si no<br />
hab1amos , si estamos hab1ando en presente (+) hay que<br />
(++) corre1acionar esto con (+) presente <strong>de</strong> subjuntivo y<br />
si esto es un: preterito (+) preterito imperfecto , si<br />
con5i<strong>de</strong>ramos esto un:: (++)<br />
[PERFECTO<br />
imperfecto<br />
perfecto<br />
imperfecto (+) si, hum: , si, perfecto (2) 0: imperfecto<br />
<strong>de</strong> sUbjuntivo si consi<strong>de</strong>ramos esto un (+) un in<strong>de</strong>finido<br />
(3) lno? (3) diz (2) A-22 (++) COmo indicativo<br />
les esta frase , es? (++) no hab1amos (+)<br />
no haBLA-MOS<br />
<strong>de</strong> ningun tema que fuera <strong>de</strong>sconocido (+) no (3)<br />
no haBLAMOS (++)<br />
<strong>de</strong> ningun tema<br />
<strong>de</strong> ningun tema QUE:<br />
que fuera <strong>de</strong>sconocido<br />
entonces, no hab1amos, esto es in<strong>de</strong>finido para ti lno?<br />
si<br />
muy bien (+) mira, si estamos negando el antece<strong>de</strong>nte<br />
s610 po<strong>de</strong>mos usar e1 subjuntivo<br />
losi estamos?<br />
negando e1 antece<strong>de</strong>nte, e1 antece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 1a frase, 5610<br />
po<strong>de</strong>mos usar e1 sUbjuntivo (+) ahora S1 (+) e1<br />
antece<strong>de</strong>nte viene con:(+} <strong>de</strong>fini-do, cua1quier preterito<br />
<strong>de</strong> sUbjuntivo, excepte~: el preterito perfecto ,<br />
entonces tenemos que corre1acionarlo con e1: imp~rfecto<br />
y p1uscuamperfecto <strong>de</strong> subjuntivo (++) bien (5) A-24 (++)<br />
nunca yo yo nunca oy6 nada (6) <strong>de</strong>finido , oy6<br />
que no fuera bueno<br />
que no fuera buENO, muy bien (4) jumm:: A-25 (+) jaMAS:<br />
jamas habiamos vis to un perro que (+) tuviera pe10 rojo<br />
JA...JA.-JA.-JA.-JA.-JA.-JA...<br />
que latise, que latira<br />
que ladrara, ladrara (+) / ladrara, 1adrara tanto
4-055 A-25<br />
-056 P-4<br />
4-057 A-25<br />
4-058 P-4<br />
4-059 A-25<br />
4-060 P-4<br />
4-061 A-25<br />
4-062 P-4<br />
4-063<br />
4-064 P-4<br />
4-065<br />
4-066 P-4<br />
4-067 A-26,<br />
4-068 P-4<br />
4-069 A-21<br />
4-070 P-4<br />
4-071 ?<br />
4-072 ?<br />
4-073 A-21<br />
4-074 P-4<br />
4-075 A-20<br />
4-076 P-4<br />
4-077 Varios<br />
A-20<br />
4-078 P-4<br />
-079 A-20<br />
4-080 A-27<br />
4-081 P-4<br />
4-082 A-27<br />
4-083 P-4<br />
4-084 P-4<br />
4-085 A-21<br />
4-086 P-4<br />
4-087 A-27<br />
4-088 P-4<br />
4-089 A-27<br />
4-090 P-4<br />
4-091 A-27<br />
4-092 A-28<br />
4-093 P-4<br />
4-094 A-28<br />
4-095 P-4<br />
4-096 ?<br />
4-097 ?<br />
4-098 ?<br />
4-099 A-21<br />
4-100 P-4<br />
4-101 A-21<br />
lque hubiera ladrado tanto? (+) aver (+) nunea oy6 nada<br />
(+) no: jamas habiamos visto un pero (++) que hubiera<br />
ladrado tanto (+) si (+) claro (2) entao ja que co (+)<br />
hUbiERAMOS V1STO (++) lQUE tiempo es es-te? , A-25 (4)<br />
ai meu <strong>de</strong>us<br />
l<strong>de</strong> que modo? (4)<br />
lc6mo es? hubiERA<br />
hubieramos vis-to (++) NO, no es hubieramos, es habiamos<br />
vis-to (5)<br />
lpluscuamperfecto?<br />
plus::<br />
pluseuamperfecto<br />
habla fuerte y alto (++) pluscuamperfecto (++) la quien<br />
Ie toea? (4)<br />
yo<br />
lpue<strong>de</strong>s leer la frase?<br />
no conoeia ningun gitano que qUlslera trabajar (2)<br />
muy bien (+) que quisiera trabajar (++) A-26<br />
no dijo nada que (+) Ie interesaba<br />
complete usando el verbo entre parentesis (4) ahora es<br />
s610 u:na cuesti6n <strong>de</strong> correlaci6n<br />
los que venga a mi ca:sa que se trai-ga el bocadillo<br />
muy bien (+) 10s que vengan (++) vengan<br />
[los que vengan (+)<br />
[JA-.JA-.JA-.<br />
los que vengan<br />
muy bien (++) A-20<br />
lquien 11egue 0 11egar: ?<br />
quien(+) lque os parece? (+)<br />
e quien 11egue I el ultimo , tendra tendra que pagar una<br />
multa<br />
pagar::(2) pagar (3) a el una multa (++) bien (+)<br />
A-27 (5) fuerte , A-27 (2)<br />
[pagar (++) [pagar<br />
ehm: (4) los que: (2) 10s que: (3) es es-tu- dien (++)<br />
no (+) 10s que es-tu-dien (++) los que estudien (+)<br />
aprobaran el examen , no, no , es<br />
[ l<strong>de</strong> acuerdo? (15) lDE ACUERDO? (++)<br />
10s que estudien, aprobaran el examen<br />
WE ACUERDO? (3)<br />
lpor que no presente , los que estudian?<br />
llos que estudian:?<br />
es algo real esto, lno?<br />
los que estudian<br />
el que estudia aprobara lno? (+) esto no es una<br />
suposici6n<br />
entonces lno e5 una eorrelaci6n? (+)<br />
ES UN CORRELAC10N VERBAL , S1, (+) 10s que estudian (+)<br />
aprobaran (++) AH: , si , no es una eorrelaei6n verbal<br />
<strong>de</strong> indieativo can 5ubjuntivo , no (+) mira (++) a ver en<br />
tu libro (20) el que avisa no es traidor (++) es igual ,<br />
10s que estudian (++) aprobaran: (+) los que quieran ,<br />
los que quieren trabajar , pue<strong>de</strong>n (+) esto pue<strong>de</strong> hacer ,<br />
5i , sii: (6) euando el anteee<strong>de</strong>nte es conocido (4) se<br />
usa el indicativo (+) cuando el antece<strong>de</strong>nte no es<br />
conocido , se usa el 5Ubjuntivo (2) laqui conoeemos el<br />
antece<strong>de</strong>nte?(10)<br />
no<br />
el que<br />
llos que estuDIAN?<br />
si, 5i<br />
lconocemos estos?<br />
si<br />
no<br />
si<br />
no conocemos<br />
noo:<br />
no , no conocemos
4-102 A-20<br />
-103 p-4<br />
4-104 A-20<br />
4-105 P-4<br />
4-106 A-21<br />
4-107 ?<br />
4-108 P-4<br />
4-109 A-21<br />
4-110 P-4<br />
4-111 A-29<br />
4-112 P-4<br />
4-113 A-29<br />
4-114 P-4<br />
4-115 A-22<br />
4-116 P-4<br />
4-117 Varios<br />
4-118 P-4<br />
4-119 ?<br />
-120 P-4<br />
4-121 A-23<br />
4-122 P-4<br />
4-123 A-24<br />
4-124 P-4<br />
4-125 A-24<br />
4-126 P-4<br />
4-127 ?<br />
4-128 P-4<br />
4-129 ?<br />
4-1<strong>30</strong> P-4<br />
4-131 varios<br />
4-132 ?<br />
4-133 Varios<br />
4-134 P-4<br />
4-135<br />
4-136<br />
4-137<br />
4-138<br />
4-139<br />
4-140<br />
A-20<br />
P-4<br />
A-21<br />
P-4<br />
los que estudien<br />
los<br />
no<br />
que estudien laprobaran? (10)<br />
lpero esto no es algo (+) real? (4 ) no es algo real (2)<br />
los que estudian (+) l no aprovam el examen 0 no<br />
aprobaran si van a hacerlo ? (+) lno?<br />
si , si , pero no solamente aquellos que estudian 10 van<br />
a aprobar ellos<br />
[((ininteligivel)<br />
estudian<br />
) [los que estudian, aquellos que<br />
aquellos que estudian (4) si estudias (+) aprobaras el<br />
examen (+) lhein? las personas (+) 105 que estudian (+)<br />
las personas que estudian (3 ) aprobaran el examen (4 )<br />
lque os parece?<br />
e:, tiene raz6n (+) no es <strong>de</strong>sconocido , es implicito<br />
hu-hu (+) porque sabemos que a persona que estudia (+)<br />
esta aprobara el examen lno? (2) no es algoo: hipotetico<br />
(7) la quien Ie toea?<br />
yo (7)<br />
a mi (5)<br />
el que Ie digas la verdad , no tiene nunca problemas<br />
esto es igua:l (+) es una oraci6n subj substantiva (+)<br />
mira , esta esta frase hay una semejante a la pagina 28<br />
, el que avisa no es traidor (12) el que dice (2) la<br />
verdad (5) el que dice (+) la verdad (5) no tiene nunca<br />
problemas<br />
22<br />
(+) esta es (+) lno? (14) l<strong>de</strong> acuerdo ? (7) A-<br />
quienes (+) quienes 10: saben, que me 10 digan a mi?<br />
aqui,<br />
LO:<br />
aqui no conocemos quien sabe (2) entonces, quiENES<br />
saben<br />
sepa<br />
sepa<br />
/sepan<br />
quienes 10 sepa (3) que me 10 diga a mi (12) A-23<br />
la que esta a tu lado es mi cunada<br />
la que esta, es conocida (8) A-24<br />
quienes mejor vive son los git<strong>anos</strong> (5)<br />
quienes es plural lno? (4) quienes mejor vivEN:<br />
viven (2) son (+) son los git<strong>anos</strong><br />
son los git<strong>anos</strong> (7) entonces conoceis (+) 105 que viven<br />
mejor , entonces (+) quienes mejor viven (+) son los<br />
git<strong>anos</strong> (++) suprima<br />
JA...JA...JA. ..<br />
el antece<strong>de</strong>nte<br />
JA...JA...JA. ..<br />
JA_.JA_JA._<br />
su-pri-ma JA...JA...JA...JA...JA...<br />
[JA-JA-JA-JA-JA._ «ininte1igivel» JA-JA-JA-JA-JA<br />
[estamos sobre el mismo nivel<br />
JA...JA...JA...JA... / {estou atolada / « ininteligivel) )<br />
antece<strong>de</strong>nte en en en (+ ) mirad , mirad , mirad estas<br />
frases (+) <strong>de</strong> la pagina (+) veinti veintinueve (+) <strong>de</strong><br />
este ejercicio numero tres , vais a ver antes <strong>de</strong> los<br />
relati:vos::<br />
[veintinueve<br />
(3) una frase , algunas pa1abras , que esta (+) no esta<br />
sUbrayada , pero esta<br />
«ininteligivel»<br />
sii (2) por ejemplo, no se a : que lugar voy a ir, a que<br />
lugar (+) no esta escrito igual, entonces , antece<strong>de</strong>nte<br />
es el que viene en la primera oraci6n y antes <strong>de</strong>l<br />
relativo (4) en esta, uno es a que 1ugar (+) en 1a dos,<br />
la (+) cantidad <strong>de</strong> dinero que gasta, hasta antes <strong>de</strong> que<br />
(+) 1a cantidad <strong>de</strong> dinero (3) en la tres (++) los vas os<br />
<strong>de</strong> vino (3) en la cuatro, <strong>de</strong>l dia en (6)<br />
ls610 <strong>de</strong>l dia?<br />
<strong>de</strong>l dia, 5610 <strong>de</strong>l dia (+) e1 cache, en la quinta (+) la<br />
sexta, e1 hombre (+) la siete (++) el equipaje, 0 todo<br />
el equipaje (4) aah: VAMOS A SUPRIMIR
4-141<br />
4-142<br />
4-143<br />
4-144<br />
4-145<br />
4-146<br />
4-147<br />
4-148<br />
-149<br />
4-150<br />
4-152<br />
4-153<br />
4-154<br />
4-155<br />
4-156<br />
4-157<br />
4-158<br />
4-159<br />
4-161<br />
-162<br />
4-163<br />
4-164<br />
4-165<br />
4-170<br />
-171<br />
4-172<br />
4-173<br />
4-174<br />
4-175<br />
4-176<br />
4-177<br />
?<br />
P-4<br />
Varios<br />
P-4<br />
?<br />
?<br />
p-2<br />
?<br />
P-4<br />
Varios<br />
A-28<br />
P-4<br />
A-28<br />
P-4<br />
A-28<br />
P-4<br />
A-26<br />
P-4<br />
?<br />
P-4<br />
P-4<br />
P-4<br />
A-21<br />
A-20<br />
P-4<br />
A-26<br />
P-4<br />
A-21<br />
P-4<br />
A-21<br />
P-4<br />
[«ininteligivel»<br />
VAMOS A SUPRIMIR:<br />
[en la primera es, lcual es? LA PRIMERA lcua1 es?<br />
l.la primera?<br />
[l.d6n<strong>de</strong> voy<br />
[ld6n<strong>de</strong> voy air?<br />
la que lugar? (2) no se: (2) no se (3) repiteme<br />
ld6n<strong>de</strong> es el lugar?<br />
aah:<br />
ld6n<strong>de</strong>? / ad6n<strong>de</strong> (+) / ad6n<strong>de</strong> voy a ir (+) / ad6n<strong>de</strong> voy<br />
a ir<br />
ad6n<strong>de</strong> voy aIR: (+) no se ad6n<strong>de</strong> voy a ir (+) hay que<br />
poner pronombre relativo (4) la dos, A-29<br />
hernos oido hablar <strong>de</strong> cuanto que gasta<br />
o <strong>de</strong> 10 que (3)<br />
cuanTO<br />
<strong>de</strong> 10 QUE<br />
llo que gasta?<br />
gastas<br />
lc6rno? (++) lhemos oido hablar<br />
[hemos oido hablar <strong>de</strong> 10 que<br />
gastas , mira la pa:ginaa: treinta y seis (4) 10 (+) esa<br />
particula 10 , hace referencia a algo tornado GLObalmente<br />
(20) hemos oido hablar cuanto (+) cuanto ga5:ta , 0 , <strong>de</strong><br />
10 que (+) gastas (2) hemos oido hablar <strong>de</strong> 10 que gastas<br />
(4) l.<strong>de</strong> 10 que hernos oido hablar? (++) l.hein? (2) la<br />
tres , A-26<br />
no te imaginas los vasos <strong>de</strong> vino que ha bebido, no te<br />
imaginas (7)<br />
cuanto ha bebido (2)<br />
l10 cuanto ha bebido?<br />
llo? (4) 10 cuanto ha bebido 0 10 que ha?<br />
bebido(5)<br />
porque aqui vamos a aprovechar este que (+) 10 que ha<br />
bebido (+) ah: lhein? (6) 0 que gasta , <strong>de</strong> 10 que gasta<br />
(6 )<br />
por , por favor, P-4 , aqui dice asi:, a veces pue<strong>de</strong><br />
suprimirse el antece<strong>de</strong>nte , para ell0 po<strong>de</strong>mos utilizar<br />
el articulo ANte que (+) 0 bien quienes , y , segun 10s<br />
casos , don<strong>de</strong> , cuando 0 cuanto<br />
[uhm,uhrn<br />
cierto (++) cierto (+) entonces aqui , por ejernplo ,<br />
[lc6mo sabe cuando quee: tiene quel<br />
colocar: , eh , 10 que , y cuando , por ejemplo<br />
po<strong>de</strong>mos utilizar el articulo ANte que<br />
ante que (+) 0 bien guien , quienes<br />
[5i [el que avisa no es traidor , el qu<br />
avisa no es traidor , entonces , el que esta en lugar <strong>de</strong><br />
(+) el hombre, lnao e ? el hombre<br />
el hombre que avi5a , aquel que avisa<br />
te dare cuanto quiera5 , e te dare CUANTO DINERO quieras<br />
5i (3)<br />
laqui e es necesario colocar Ie dare 10 cuanto?<br />
no , y no estarnos colocando 10 cuanto <strong>de</strong> en la frase,<br />
hernos oido hablar <strong>de</strong> la <strong>de</strong> la cantidad <strong>de</strong> dinero que<br />
gasta e <strong>de</strong> 10 que gastas , <strong>de</strong> 10 que gasta , <strong>de</strong> 10 que<br />
gasta (5)<br />
PERO , PERO lNO SUBSTITUI (+) QUE (+) par (+) cuanto,<br />
don<strong>de</strong> 0 cuanto , 0 CUANDO?
4-180 A-21<br />
4-181 Varios<br />
4-182 P-4<br />
4-183 A-21<br />
4-184 P-4<br />
-185 A-21<br />
4-186 P-4<br />
4-187 A-20<br />
4-188 P-4 e<br />
Varios<br />
4-189 A-20<br />
4-190 ?<br />
4-191 P-4<br />
4-193 P-4<br />
4-194 A-20<br />
4-195 P-4<br />
4-196 A-20<br />
4-197 P-4<br />
-198 A-20<br />
4-199 P-4<br />
4-200 A-20<br />
4-201 P-4<br />
4-202 A-20<br />
4-203 P-4<br />
4-204 A-20<br />
4-205 P-4<br />
4-206 A-20<br />
4-207 P-4<br />
4-208 A-20<br />
4-209 varios<br />
4-210 P-4<br />
4-211 A-20<br />
4-212 P-4<br />
4-213 varios<br />
4-214 A-29<br />
no , no subs no SUSTITUI que , substitui el antece<strong>de</strong>nte<br />
que viene ante <strong>de</strong> que 0 <strong>de</strong> cuanto , <strong>de</strong> 0 <strong>de</strong> quienes(+)<br />
entonces tu pue<strong>de</strong>s poner un articulo (+) ante (+) que 0<br />
quienes 0 <strong>de</strong> quien 0 DONDE , cuando, cuanto , tu pue<strong>de</strong>s<br />
(+) poner EL ARTICULO (+) estamos poniendo un articulo<br />
neutro (4) por ejemplo aqui (+) EL que avisa ese<br />
articulo EL <strong>de</strong>lante <strong>de</strong> que (+) el que avisa no es<br />
traidor (3) tu pue<strong>de</strong> A VECES , A: VECES , no quiere<br />
<strong>de</strong>cir que siempre , a veces tu pue<strong>de</strong>s poner un articulo<br />
(2) ese articulo pue<strong>de</strong> ser (+) eh, <strong>de</strong>finido , pue<strong>de</strong> ser<br />
(+) neutro (+) neutro: que indica una globalidad (+) una<br />
totalidad (10) lhum? (11) aqui en esta , en esta frase<br />
suprima el antece<strong>de</strong>nte, aqui SOlo esta frase <strong>de</strong> medio es<br />
que se ha puesto un articulo antes , el que avisa no es<br />
traidor (+) entonces a veces se pue<strong>de</strong> poner (5) estamos<br />
poniendo aqui el articulo (2) antes <strong>de</strong>,<strong>de</strong> que (6) ld6n<strong>de</strong><br />
estamos, a quien Ie toea? (8) nunca se acuerda <strong>de</strong>l dia<br />
en que naci6<br />
es el mismo ejercicio «ininteligivel»<br />
JA.-JA.-JA.-JA.lte<br />
toea a ti?<br />
si<br />
Ah, esta es sin articulo<br />
entonces , mira (+) nunca se acuerda (+) cuando:naci6<br />
SII , CUANDO NACIO:<br />
lno es cuando quien naci6? quien naci6<br />
NOO , NOO I ((ininteliqivel»<br />
lpero el antece<strong>de</strong>nte no es <strong>de</strong>l dia?<br />
[ leI antece<strong>de</strong>nte no pue<strong>de</strong> ser suprimido?<br />
pue<strong>de</strong> ser suPRIMI:DO , si (+) no es que se suprima (+)<br />
aqui estamos (+) esta:mos: (+) cambiando la frase para<br />
(+) exprimir 10 mismo (+) expresar 10 mismo (10) A-20,<br />
el coche que viste no era el , no era mio<br />
el coche que viste no era mio (+) mio (+) para , para<br />
po<strong>de</strong>r tirar el coche , el el que viste (+) porque has<br />
dicho que la frase , la frase cuando estuviese tirar el<br />
cache ,<br />
[tirar , no<br />
entonces non se c6mo es <strong>de</strong>cir , como ha <strong>de</strong>cir<br />
y estoy estoy diciendo que este verbo retirar no esta<br />
(+) bien empleado<br />
si<br />
retirar , no (4) suprimir<br />
entonces, el<br />
l coche 0 el<br />
el coche<br />
[suprimir, si,<br />
coche, tu vas a<br />
coche ?<br />
lentonces ?<br />
suprimir el: coche<br />
entao l pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>cir:: (+)que<br />
o el 0 0 0 0 coche , porque tu tienes que poner aqui un<br />
arTICULO (2)<br />
[entonces , el que viste no era el mio<br />
EL QUE VISTE NO ERA EL MIO<br />
l.por que el que viste era el rodo?<br />
AH::, cuando suprimimos al:go, sabemos <strong>de</strong> 10 que estamos<br />
hablan:do<br />
[«ininteligivel»<br />
antes hablabamos <strong>de</strong> algo \<br />
esta claro porque<br />
sii: , sii:<br />
l.pue<strong>de</strong> ser 10 que viste no era mio?<br />
no, no porque esta muy bie muy bien <strong>de</strong>finido el coche<br />
(5) no es algo (2) <strong>de</strong>finido<br />
«ininteligivel»<br />
((ininteligivel) ) e:s el :sustantivo<br />
«ininteligivel» el sustantivo lno se pone?
4-217<br />
-218<br />
4-219<br />
P-4<br />
A-26<br />
P-4<br />
4-220 ?<br />
4-221 P-4<br />
4-222 A-29<br />
4-223 P-4<br />
4-224 varios<br />
-225 A-29<br />
4-226 P-4<br />
4-227 ?<br />
4-228 P-4<br />
4-229 ?<br />
4-2<strong>30</strong> ?<br />
-231 ?<br />
4-232 P-4<br />
4-233 ?<br />
4-234 P-4<br />
4-235<br />
4-236 P-4<br />
4-237<br />
4-238<br />
4-239<br />
4-240<br />
4-241<br />
4-242<br />
4-243<br />
?<br />
P-4<br />
?<br />
P-4<br />
A-20<br />
A-20<br />
P-4<br />
no el substantivo es que es un antece<strong>de</strong>nte (+)<br />
observar que el substanti:vo , el adjeti:vo, el<br />
adver: bio , son estos que SON ANTECEDENTES , en una<br />
frase (++) por eso observad la funci6n gramatical <strong>de</strong> los<br />
antece<strong>de</strong>ntes (+) entonces coche es un substanti vo, en<br />
esa frase es el antece<strong>de</strong>nte (6) la quien le toea? (+) la<br />
ti?<br />
el hombre que avisa no es traidor , el que avisa no es<br />
traidor<br />
muy bien<br />
lpue<strong>de</strong> ser quien avisa no es traidor?<br />
quien: avi-sa no es traidor (5) pero aqu.i hay que<br />
substituir el hombre (3) el (+) aquel que (3) quien es<br />
(+) muy in<strong>de</strong>finido (+) en esa frase Lno? quien avisa, el<br />
que avisa,y esto , quien, se dice mas en portugues, quem<br />
avisa amigo es , Lno? y:: en espanol <strong>de</strong>cimos aquel que 0<br />
(+) el que (++) en esa frase que es (+) un tanto:: mas<br />
eh diferente <strong>de</strong> nuestra construcci6n en portugues, el<br />
que avisa, y: este otro el eh: quien sale el ultimo (9)<br />
quien entre el ul time , quien salga el ultimo , que<br />
cierre la puerta (2) quien salga (3) 0 quien entre (+)<br />
el ultimo , que cierre la puerta (5 ) entonces: una<br />
construcci60n diferente <strong>de</strong> la nuestra (2) es <strong>de</strong>cir , <strong>de</strong><br />
la lengua portuguesa lno? QUIEN SAIR:<br />
«inintelig.ivel»<br />
A-29<br />
llevate todo el equipaje que encuentres<br />
habla fuerte , A-29 , habla fuerte para no dar trabajo a<br />
miguel<br />
JA.HJA-.JA_<br />
llevate todo el equipaje que encuentres , 11evate to-do<br />
10 que encuentres<br />
llevate LO QUE (5) llevate 10 que encuentres , todo el<br />
equipaje ,este 10 a es (8) 11evate 10 que encuentres (3)<br />
dime (3) entao<br />
[ai, P-4,<br />
lsim: ?<br />
item dais , quien - entre- el ultimo que cierre la<br />
puerta , lentre as presente <strong>de</strong> indicativo?<br />
no<br />
Lno:?<br />
no , es presente <strong>de</strong> subjuntivo<br />
«inintelig.ivel»<br />
quien salga el ultimo que cierre la puerta<br />
Lseria un subjuntivo?<br />
es sUbjuntivo (3) en la pagina treinta y seis (3) vamos<br />
a estudiar un poquito mas sobre LO , sobre la part.icula<br />
10 (13) 10 mas que mas fra:se (+) 10 mas <strong>de</strong> (4 ) mas<br />
adverbio , 10 mas <strong>de</strong> mas nombre<br />
ahi<br />
te dare 10 que quieras , 10 QUE quieras<br />
, es una frase lno? es una oraci6n ( 4) 10 que dices es<br />
cierto , 10 quE dices es cierto (+) es una oraci6n una<br />
frase completa (2) hace 10 <strong>de</strong> SIEMPRE,siempre es<br />
adverbio hace 10 DE: siempre (2) come 10 <strong>de</strong> la NEVE:RA<br />
(3) la nevera es substanti:vo, entonces nombre, come 10<br />
<strong>de</strong> la neve: ra (4 ) todo que encuentres en la nevera 0<br />
las( +) las cosas algo que vas a (+) comer en la,nevera<br />
, algo que yo se (+) come 10 <strong>de</strong> la nevera<br />
a<br />
hein (8) no sabe 10 que es bueno (+) 10 que, mas frase,<br />
es bueno (2) esta enterrado <strong>de</strong> 10 que dices (+) <strong>de</strong> 10<br />
QUE , frase , dices , es un ver es un verba forma Otra<br />
oraci6n (+ +) estoy segura <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> tu herma-NO , nombre<br />
, tu hermano JA...JA_JA...J~.JA-.JA ..Lno te gusta esta frase?<br />
[«ininteligivel»<br />
no, no es me gusta, es que eu procuro leerlo cierto y no<br />
busco:, busco enten<strong>de</strong>rla y
4-244<br />
4-245<br />
4-246<br />
4-247<br />
A-20<br />
P-4<br />
?<br />
P-4<br />
4-248 A-20<br />
4-249 P-4<br />
4-250 A-20<br />
4-251 P-4<br />
4-252 A-21<br />
4-253 P-4<br />
4-254 A-21<br />
4-255 P-4<br />
4-256 A-28<br />
4-257 P-4<br />
4-258 A-29<br />
4-259 P-4<br />
4-260 A-26<br />
4-261 P-4<br />
4-262 A-26<br />
5-001<br />
5-002<br />
5-003<br />
5-004<br />
5-005<br />
5-006<br />
5-007<br />
5-008<br />
5-009<br />
5-010<br />
5-011<br />
5-012<br />
5-013<br />
5-014<br />
5-015<br />
5-016<br />
5-017<br />
5-018<br />
5-019<br />
5-020<br />
5-021<br />
C6DlGO<br />
PESSOAL<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-31<br />
A-32<br />
A-31<br />
A-<strong>30</strong><br />
?<br />
A-32<br />
?<br />
A-32<br />
A-31<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-32<br />
A-<strong>30</strong><br />
P-1<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-31<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-31<br />
P-1<br />
A-31<br />
A-<strong>30</strong><br />
Sll: «ininteligivel»<br />
<strong>de</strong> tu hermano (+) estoy seguro <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> tu hermano, <strong>de</strong><br />
A:lgo <strong>de</strong> 10 que tu hermano dijo 0 hizo (+) entonces es<br />
segura (++)que tendra exito 00: ( 2) estoy segura <strong>de</strong> 10<br />
<strong>de</strong> tu hermano, l hein ?<br />
[«ininteligivel})<br />
TEN cuidado con 10 que hablas (+) verbo, entonces otra<br />
oraci6n (+) con 10 que (+) estoy a tuya disposici6n para<br />
10 que gustes: ( 5) lque han observado? (+) <strong>de</strong>, con,<br />
para, las preposiciones lno? (2) estoy a tu disposici6n<br />
para 10 <strong>de</strong> mafiAna (3) me ha invitado aa: hacer algo<br />
manana, estoy a tu disposici6n para 10 <strong>de</strong> mafiAna (3) a<br />
la fiesta, el cine, 10 que quieras ( 6) las formas 10<br />
mas que y 10 mas <strong>de</strong> pue<strong>de</strong>n ir precedidas por divERsas<br />
preposiciones (+) <strong>de</strong> , con, por , para, etcetera ( 7)<br />
entonces po<strong>de</strong>mos hacer un ejercicio aqui lno? (+) una<br />
practica oral (+) aver 10 que habeis entendido (+) 10<br />
que vi ayer fue maravilloso , 10 <strong>de</strong> ayer fue maravil10so<br />
(+) A-20 (3) lee toda la frase <strong>de</strong>spues<br />
10 que dijo sobre el piropo no es cierto (12) 10 que<br />
dijo no es cierto<br />
10 DEL piropo<br />
10 <strong>de</strong>l piropo no es cierto<br />
[no es cierto ( 5) A-21<br />
10 que hicieron en 10ndres fue (+) un error (+) un error<br />
(+) 10 <strong>de</strong> 10ndres fue un error<br />
lno entiend?<br />
porque es personas ( ) 10 <strong>de</strong> por , son personas<br />
muy bien , 10 <strong>de</strong> porque estamos trabajando con<br />
substantivos lno <strong>de</strong>spues ( 4) A-28<br />
repiti6 10 que siempre habia dicho (11)<br />
lrepiti6? (3)<br />
10 , 10 <strong>de</strong> siempre<br />
10 <strong>de</strong> siempre , luhm?<br />
10 que compraste en la plaza era muy caro (7) 10 <strong>de</strong> la<br />
plaza era muy caro<br />
repiteme, un poquito mas aI-to<br />
10 <strong>de</strong> la olaza era muv caro<br />
AULA 5<br />
TRAHSCRICAO DA INTERVENCAO<br />
quero tentar explicar por que, por que<br />
NO:<br />
yo:<br />
explicando, lno es que sea necesario?<br />
[lexplicarvos poe<strong>de</strong> ?<br />
yo explicarte<br />
explicarte<br />
yo<br />
ex:<br />
explicadlos (2) explicarlos<br />
ex-pli: (+) explicar<br />
explicarlos<br />
LOS<br />
explicarlos<br />
vamos aver (+) hay algo (+) ltodo bien?<br />
todo<br />
eh<br />
bien<br />
todo bien esta todinho?<br />
todo bien<br />
lesta bien todo bien?<br />
todo bien (+) JA-JA-JA<br />
JA...JA._JA... TODO BIEN<br />
lno?
5-022<br />
5-023<br />
5-024<br />
5-025<br />
5-026<br />
5-027<br />
5-028<br />
5-029<br />
5-0<strong>30</strong><br />
5-031<br />
5-032<br />
5-033<br />
5-034<br />
5-035<br />
5-036<br />
5-037<br />
5-038<br />
5-039<br />
5-040<br />
5-041<br />
5-042<br />
5-043<br />
5-044<br />
5-045<br />
5-046<br />
5-047<br />
5-048<br />
5-049<br />
5-050<br />
5-051<br />
5-052<br />
5-053<br />
5-054<br />
5-055<br />
5-056<br />
5-057<br />
5-058<br />
5-059<br />
5-060<br />
5-061<br />
5-062<br />
5-063<br />
5-064<br />
5-065<br />
5-066<br />
5-067<br />
5-068<br />
5-069<br />
5-070<br />
5-071<br />
5-072<br />
5-073<br />
5-074<br />
5-075<br />
5-076<br />
5-077<br />
5-078<br />
5-079<br />
5-080<br />
5-081<br />
5-082<br />
5-083<br />
5-084<br />
5-085<br />
5-086<br />
A-31<br />
?<br />
A-31<br />
P-1<br />
A-31<br />
P-1<br />
varios<br />
A-33<br />
P-1<br />
A-34<br />
A-31<br />
A-34<br />
A-33<br />
A-34<br />
A-<strong>30</strong><br />
P-1<br />
A-34<br />
A-33<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-32<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-32<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-34<br />
A-31<br />
A-34<br />
A-31<br />
A-34<br />
P-1<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-31<br />
A-32<br />
P-l<br />
A-33<br />
P-1<br />
A-34<br />
P-l<br />
A-34<br />
P-l<br />
A-31<br />
A-32<br />
A-3D<br />
A-32<br />
A-31<br />
A-32<br />
A-31<br />
A-34<br />
A-31<br />
?<br />
A-34<br />
A-31<br />
A-34<br />
A-31<br />
P-1<br />
A-34<br />
P-l<br />
A-34<br />
A-31<br />
A-34<br />
A-31<br />
A-34<br />
P-l<br />
A-31<br />
A-34<br />
P-l<br />
l.C6MO ESTAs?<br />
to do bien<br />
l.c6mo estas?<br />
no , todo bien no es espanol<br />
lc6mo estas? l.no?<br />
lCOMO ESTAS? (3) HOLA l.QUE TAL? (+) JA-JA.-JA...<br />
JA-JA-JA-JA. ..JA-JA...<br />
AH: tudo bueno (+)Gnao?<br />
tudo buena no, JA-JA-JA._<br />
lc6:MO? (++)<br />
l.c6mo estas? (++)<br />
l.c6mo estas?<br />
l.c6mo estas? lno?<br />
ve<strong>de</strong> (+) ver<strong>de</strong> (+) ve<strong>de</strong>s vosotros ?<br />
lque tal? (4) lved?<br />
ved<br />
ve<strong>de</strong><br />
ved (3) l.c6mo vas?<br />
l.ven?<br />
naa (+) ved<br />
ve<strong>de</strong> naa?<br />
mira?<br />
ve , mira, nao?<br />
VED<br />
miRAD<br />
ved<br />
mirad<br />
l.c6mo estas? (+) l.c6mo est~s tu? (++) lye tu: A-3D<br />
ve tu<br />
mirad e , es lc6mo esta?<br />
mira tu<br />
ved<br />
mira, y tu (2) bien lc6mo va?<br />
MIRA<br />
[l.c6mo estas tu?<br />
[sf, pero con el verba ver<br />
ver<br />
con el verba ver<br />
quia (+) quea (+ ) i-o (+) quia quio (++) quia quia ~'uio<br />
oh:: quia veo (+) quia<br />
vean<br />
[veo<br />
vean<br />
lvea?<br />
vean<br />
(.que ia vean ?<br />
que yo vea , que tu yeas<br />
l.que tu yeas? (++) l.que<br />
yo yo yo (+) veo<br />
lque yo (+) yo yeas?<br />
Yo VEO<br />
HOLA l.c6mo estas?<br />
HOLA l.c6mo estas?<br />
HOLA lc6mo estas?<br />
HOLA lc6mo estas?<br />
HOLA l.que tal:?<br />
ve c6mo las aparencias, c6mo las aparencias<br />
ved<br />
ved como las aparencias<br />
ved , ved<br />
lve tu?<br />
sf , ve tu<br />
le vosotros? (+) ve tu, ve vosotros<br />
ve tu<br />
5i , ve tu: (T) ved v050tros (3) ~podrla ser ved<br />
v050tro5?<br />
no
5-088 P-1<br />
5-089 A-34<br />
5-090 P-1<br />
5-091 A-32<br />
5-092 A-34<br />
5-093 P-1<br />
5-094 A-34<br />
5-095 A-31<br />
5-096 P-1<br />
5-097 A-32<br />
5-098 A-<strong>30</strong><br />
5-099 P-1<br />
5-100 A-31<br />
5-101 A-34<br />
5-102 A-31<br />
5-103 P-1<br />
5-104 A-34<br />
5-105 A-32<br />
5-106 A-34<br />
5-107 A-3D<br />
5-108 A-32<br />
5-109 A-<strong>30</strong><br />
5-110 A-31<br />
5-111 A-34<br />
5-112 A-31<br />
5-113 A-34<br />
5-114 P-l<br />
5-115 A-31<br />
5-116 A-34<br />
5-117 ?<br />
5-118 P-1<br />
5-119 A-34<br />
5-120 ?<br />
5-121 ?<br />
5-122 A-34<br />
5-123 P-1<br />
5-124 A-34<br />
5-125 A-31<br />
5-126 P-1<br />
5-127 A-31<br />
5-128 A-34<br />
5-129 P-1<br />
5-1<strong>30</strong> A-31<br />
5-131 A-34<br />
5-132 A-32<br />
5-133 a-34<br />
5-134 P-1<br />
5-135 A-31<br />
5-136 A-32<br />
5-137 A-34<br />
5-138 A-32<br />
5-139 A-31<br />
5-140 P-1<br />
5-141 A-31<br />
5-142 A-33<br />
5-143 A-32<br />
5-144 A-33<br />
5-145 P-1<br />
5-146 A-31<br />
5-147 A-32<br />
5-148 A-31<br />
5-149 P-1<br />
5-150 A-32<br />
5-151 A-34<br />
5-152 A-31<br />
5-153 A-34<br />
5-154 A-<strong>30</strong><br />
hola , lque tal?<br />
lpue<strong>de</strong> ser c6mo estas? (++) ah1 si que po<strong>de</strong>ria ser<br />
HOLA (+) HOLA (+) l.que tal? l.c6mo estas?<br />
ta certo<br />
ai, qualquer um (+) qualquer um<br />
entoncES: (+) hola l.que tal?<br />
hola , l.que tal?<br />
hola , l.que tal?<br />
VE:D (2) ve:d (2) l.c6mo? (2) a<strong>de</strong>lante<br />
las aparencias enganan<br />
engafian<br />
engafian<br />
engafian (+) engafian (3) hola lque tal?<br />
l.que:?(20)<br />
VE:D<br />
l.esta bien esto?<br />
aparencias<br />
sl<br />
sl<br />
si<br />
engafian<br />
«inintelig1vel»<br />
AH:?<br />
aparien apariencias<br />
apariencias, apariencias<br />
aparencias<br />
A:: a-pa-riE:N: JA-JA...JA-JA-JAapieENCIAS<br />
engafian<br />
[P-1 , si , si , si<br />
[apariencias<br />
muy bien<br />
apar: (3) si , si , no<br />
engafian<br />
[engafian<br />
sl:<br />
sii: (+) bueno (3) si fuera , si fuese (+) l.c6mo estas ,<br />
teria que ser , ve<br />
ve , ve<br />
ahi , no podria ser mas ved en la otra persona<br />
ve<br />
ve<br />
ve:, ve: c6mo las apariencias engafian<br />
ve c6mo las apariencias engafian<br />
he recibido una carta que<br />
yo veo<br />
me tiene <strong>de</strong>jado (+) preocupado<br />
l.c6mo? l.c6mo queda esto?<br />
he recebido<br />
[HE RE-CI-BIDO<br />
[he recibido I recibido<br />
recibido, recibido<br />
recibido carta, recebido (+)<br />
muy bie:n<br />
una carta que me he <strong>de</strong>jado preocupado<br />
[uma carta que me he <strong>de</strong>jado<br />
me <strong>de</strong>jado lno?<br />
me <strong>de</strong>jado<br />
len QUE quedamos , (8) l.me he <strong>de</strong>jado? l.he <strong>de</strong>jado?<br />
me he <strong>de</strong>jado<br />
me he <strong>de</strong>jado<br />
ME: (++) he <strong>de</strong>jado? (++)<br />
que me<br />
iNO: 1<br />
me ha <strong>de</strong>jado<br />
que me ha <strong>de</strong>jado<br />
que ma <strong>de</strong>jado (+) No (+) que <strong>de</strong>jado
5-155<br />
5-156<br />
5-157<br />
5-158<br />
5-159<br />
5-160<br />
5-161<br />
5-162<br />
5-163<br />
5-164<br />
5-165<br />
5-166<br />
5-167<br />
5-168<br />
5-169<br />
5-170<br />
5-171<br />
5-172<br />
5-173<br />
5-174<br />
5-175<br />
5-176<br />
5-177<br />
5-178<br />
5-179<br />
5-180<br />
5-181<br />
5-182<br />
5-183<br />
5-184<br />
A-32<br />
A-<strong>30</strong><br />
varios<br />
A-<strong>30</strong><br />
P-1<br />
A-34<br />
A-31<br />
A-34<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-31<br />
A-34<br />
A-31<br />
A-34<br />
A-31<br />
A-32<br />
A-34<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-32<br />
P-1<br />
A-31<br />
A-32<br />
P-1<br />
A-33<br />
A-31<br />
A-34<br />
A-34<br />
A-<strong>30</strong><br />
A-31<br />
P-1<br />
A-33<br />
TURNO o5DlOO<br />
PESSCW.<br />
6-001 P-5<br />
6-002 A-35<br />
6-003 P-5<br />
6-004 '2<br />
6-005 A-35<br />
6-006 P-5<br />
6-007 A-35<br />
6-008 P-5<br />
6-009 A-35<br />
6-010 ?<br />
6-011 P-5<br />
6-012 A-35<br />
6-013 P-5<br />
6-014 A-35<br />
6-015 P-5<br />
6-016 A-35<br />
6-017 P-5<br />
6-018 A-35<br />
6-019 P-5<br />
6-020 A-35<br />
6-021 P-5<br />
6-022 ?<br />
6-023 A-35<br />
que me ha<br />
que me ha <strong>de</strong>jado<br />
[que me ha <strong>de</strong>jado<br />
<strong>de</strong>jado<br />
que me ha <strong>de</strong>ja:do (4) muy bie:n<br />
preocupado<br />
[preocupado<br />
voy (+) ten tar (+) a explicar? 0 vou tentar vou ten tar<br />
[«ininteligivel»<br />
lexplicarvos?<br />
a explicar<br />
voy a ten tar<br />
voy a ten tar<br />
voy a ten tar explicar<br />
voy<br />
[voy a tentar voy a tentar<br />
[voy a tentar<br />
[voy a tentar<br />
len que quedamos?<br />
[voy a ten tar<br />
[voy a tentar<br />
lVoy a ten tar explicar 0 voy ten tar a explicar?<br />
ltentar a explica:r?<br />
voy a ten tar<br />
[voy a tentar<br />
yo creo que es voy a ten tar a explicar<br />
voy a ten tar<br />
voy a ten tar explicar<br />
voy a ten tar , JA...JA...JA...<br />
vov a tentar leh?<br />
AULA 6<br />
TRAHSCRICAO DA INTERVENCi.O<br />
por una ganga (3) , A-35 , lsueles participar <strong>de</strong> estas<br />
muchas?<br />
no<br />
(+) ldiarias?<br />
[lCasi siempre?<br />
[casi siempre<br />
no:<br />
JA...JA...JA...<br />
l par quee:? JA-JA-JA...<br />
no ten-go paciencia<br />
ly<br />
y<br />
pier<strong>de</strong>s el<br />
as vezes<br />
bom<br />
no<br />
precio?<br />
no , no se encuentra cosas: (4)<br />
buenas , son caras (+) a no ser que tengas muy mucha<br />
pacien paciencia para (+) pesquisar<br />
[buenas<br />
investigar<br />
investigar<br />
[buscar<br />
buscar ate encuentre una cosa que valha , generalmente<br />
[que valga , que valga<br />
que valga , generalmente , los, los , las tallas son muy<br />
gran<strong>de</strong>s<br />
JA...JA...JA... l tii crees?<br />
creo, as a veces lno? pero no ha , no hay personas que<br />
(+) tengan (+) tamana talla<br />
no , la talla numero tal<br />
[tal, lenten<strong>de</strong>u ?<br />
como hay una tienda que ven<strong>de</strong> (+) lc6mo 5e dice? el10s<br />
ven<strong>de</strong>n para gordos<br />
[ JA...JA...JA.<br />
[«ininteligivel»
6-025 varios<br />
6-026 P-5<br />
6-027 ?<br />
6-028 A-36<br />
6-029 P-5<br />
6-0<strong>30</strong> A-36<br />
6-031 ?<br />
6-032<br />
6-033 ?<br />
6-034 P-5<br />
6-035 A-36<br />
6-036 P-5<br />
6-037 A-36<br />
6-038 P-5<br />
6-039 A-36<br />
6-040 P-5<br />
6-041 A-37<br />
6-042 A-36<br />
6-043 A-37<br />
6-044 P-5<br />
6-045 A-37<br />
6-046 P-5<br />
6-047 ?<br />
6-048 P-5<br />
6-049 ?<br />
6-050 A-38<br />
6-051 P-2<br />
6-052 A-38<br />
6-053 P-5<br />
6-054 A-38<br />
6-055 P-5<br />
6-056 A-38<br />
6-057 P-5<br />
6-058 A-38<br />
6-059 P-5<br />
6-060 A-38<br />
6-061 A-35<br />
6-062 A-38<br />
6-063 P-5<br />
6-064 A-38<br />
6-065 A-35<br />
6-066 P-5<br />
6-067 ?<br />
6-068 P-5<br />
6-069 A-38<br />
6-070 P-5<br />
6-071 varios<br />
6-072 A-38<br />
6-073 P-5<br />
6-074 A-38<br />
6-075 P-5<br />
6-076 ?<br />
«ininteligivel» cincuenta y seis, lcomo eSt cincuenta y<br />
seis , talla solamente para gordos (+) ahora imaginaos ,<br />
es una talla y: tanto , ahora dime una cosa (+) y tu<br />
conoces a alguien que viva asi: e: buscando<br />
[JA...JA...JA...<br />
asi: , luchas por una ganga peleando por ganga<br />
[«ininteligivel»<br />
nao sei pero yo creo que hay mucha gente<br />
linteressada?<br />
interessada en eso<br />
pe pechinchas<br />
gangas<br />
«ininteligivel»<br />
A-36<br />
yo tengo un amigo mio<br />
JA...JA...JA...[l.que VA?<br />
que va , y otra cosa y el tern buen condiqoes<br />
buena condici6n <strong>de</strong> vida<br />
<strong>de</strong> vida (+) y: y el precisa , todo<br />
~ainvestiga<br />
«ininteligivel»<br />
el inves, investiga todo (+) don<strong>de</strong> hay rebajas , esta el<br />
[«ininteligivel» JA...JA...J&_<br />
«ininteligivel» tacano (2) es tacano ese<br />
[tacafio tacafio<br />
pero tu no crees ahora que estas hablando sobre tacafio ,<br />
ltu no crees que es importante sobre todo hoy dia en<br />
brasil (+) que se vive en un:<br />
[tern e P-5<br />
ah s1 muchas gracias (+) se que se vive <strong>de</strong> capitalismo<br />
salvaje (+) tu no crees que es importante eso? , luchar<br />
por una ganga JA...JA...J&_<br />
[«ininteligivel»<br />
sin duda , sin dud a<br />
l.tu: tu: luchas par gangas?<br />
yo:: siempree:: me hago hago lhago?<br />
hago<br />
hago una investigaci6n e: antes , <strong>de</strong> comprar eh: , claro<br />
que: no: compro cosas eh: (+)<br />
inutiles<br />
no malas<br />
malas cosas, con <strong>de</strong>fecto<br />
<strong>de</strong>: mala cualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> mala calidad<br />
<strong>de</strong> mala calidad eh:<br />
«ininteligivel»<br />
si tiene la misma cosa con precio <strong>de</strong> eh<br />
rebajado<br />
e , rebajado no soy tan: estupida <strong>de</strong>:<br />
[ah s1<br />
[yo tengo una (+) tan tonta l.no?, yo tengo<br />
una t1a que ella suele en estas muchas por gangas (+)<br />
ella va al al shoping y y vive ali buscando , yo siempre<br />
me encuentro , mira , hoy l.que estas haciendo aqui? ella<br />
, no , P-5 tu sabes es porque las cosas estan con los<br />
precios buenos bajos tenemos que comprarlos , ah1 yo Ie<br />
pregunto , lmisrno que tu no , la uses y la utilices? ah<br />
no me importa , porque un dia voy a necesitar<br />
[a mi no «inintelig1vel» asi no<br />
ah1 lque crees tu?<br />
yo cree<br />
l.tu crees que <strong>de</strong>be <strong>de</strong> comprar?<br />
JA...JA...JA...<br />
s1:<br />
y ltu no crees que es un consumismo asi <strong>de</strong>rnasiado ?<br />
[toallas (+) toallas lenqois<br />
sabanas<br />
eu cornpro
6-077 A-38<br />
6-078 P-5<br />
6-079 A-38<br />
6-080 ?<br />
6-081 P-5<br />
6-082 A-38<br />
6-083 Varios<br />
6-084 P-5<br />
6-085 A-39<br />
6-086 P-5<br />
6-087 A-39<br />
6-088 ?<br />
6-089 P-5<br />
6-090 A-39<br />
6-091 P-5<br />
6-092<br />
6-093<br />
6-094<br />
6-095<br />
6-096<br />
6-097<br />
6-098<br />
6-099<br />
A-38<br />
P-5<br />
A-38<br />
P-5<br />
A-38<br />
P-5<br />
A-38<br />
P-5<br />
sabanas<br />
10 que<br />
, no compro 0 0 0 que no voy<br />
eh 10 que no voy a usar , pero , cuando , llega , la hora<br />
<strong>de</strong> comprar (+)si tienes<br />
[JA...JA...JA_<br />
mas barato lpor que NO:?<br />
JA...JA...JA. ..ahi<br />
noo:<br />
JA...JA...JA...<br />
tu compras <strong>de</strong> montones<br />
mi tia compra <strong>de</strong> montones<br />
a comprar JA...JA...JA...<br />
[yo tambien<br />
, jabones AH:: dos cruceros voy<br />
ltu tambien 10 haces?<br />
[mi madre (+ ) mi madre (++ ) mi madre hace<br />
hace , eso y: compra <strong>de</strong>:comida<br />
[«ininteligivel»<br />
[no , comida es necesario<br />
cuando tiene eh un producto barato <strong>de</strong> mont6n<br />
es mi tio I si van a casa <strong>de</strong> mi tio I vais a ver I una<br />
cosa , eh es el mi tia y dos primos (+) mi tio compra<br />
asi <strong>de</strong> cantidad I por ejemplo ere crema <strong>de</strong> leche treinta<br />
I latas eh como se llama guisantes<br />
[eh: eh: a a hasta mismo mo<strong>de</strong>ss JA...JA...JAabsorventes<br />
'no?<br />
«ininteligivel»<br />
[ah estas cosas <strong>de</strong> utilidad « ininteligivel» yo po<br />
10 menos compro asi para seis siete meses cuando hay una<br />
rebaja porque son COSAS NECESARIAS utiles<br />
y y I Y brasil esta una: crisis muy:<br />
["f incluso<br />
muy gran<strong>de</strong><br />
[hubo un reportaje en la: , en el fantastico hablando<br />
sobre eso , economistas hablando y diciendo que es muy<br />
imnortante e estas cosas aue consumimos diariamentel_)
1. lCuando planta el agricultor los pimientos?<br />
2. lPor que no cultiva hortalizas?<br />
3. lQue se produce sobre todo en la finca <strong>de</strong>l senor Antonio?<br />
4. lPor que la siega es todavia para el una labor lenta?<br />
5. lD6n<strong>de</strong> Ilmpla y trilla el trigo?<br />
6. lPor que se <strong>de</strong>ja el terreno en barbecho?<br />
7. lQue trabajos hay que hacer con 105 frutales?<br />
8. lEs diferente el campo para un ciudadano y para un campesino?<br />
lPor que?<br />
1. Dejar <strong>de</strong>scansar la tierra una temporada<br />
2. Remover la tierra antes <strong>de</strong> sembrar<br />
3. Echar agua en las plantas<br />
4. Cortar las ramas Innecesarlas <strong>de</strong> los arboles<br />
5. Recoger la uva<br />
6. Poner simiente en los surcos<br />
7. Cortar la mles<br />
8. Utllizar la azada para remover la tierra<br />
9. Separar la paja <strong>de</strong>l grano.<br />
10. Poner abono en la plantaci6n<br />
EI olivo da aceitunas<br />
EI castano da castanas<br />
. EI almendro da almendras<br />
EI peral da peras<br />
EI albaricoquero da albaricoques<br />
1. La agricultura en su pais.<br />
2. Explique por que preflere la ciudad.<br />
La vid da uvas<br />
La higuera da higos<br />
3. EI campesino <strong>de</strong>sea abandonar el campo. lPor que?<br />
EI nogal da nueces
CORRIJA ESTETEXTO<br />
(repaso para el nivel 1A )<br />
Todo bien , gente ?<br />
Ve<strong>de</strong> como las aparencias<br />
enganam ...<br />
Pois... tengo recebido una<br />
carta que me tiene <strong>de</strong>jado<br />
preocupado. Voy tentar a<br />
explicar porque. Es <strong>de</strong> mi prima. Es<br />
<strong>de</strong>l Recife. Elle dice que ha muchos<br />
ninos en las calles sin <strong>de</strong>nero,<br />
pediendo a todos y quase ninguno da.<br />
Poco me gusta <strong>de</strong>ste<br />
problema. Por eso me estoy a pensar<br />
en la situacion suya; causame muy<br />
dolor esto; todavia, pienso que aun<br />
po<strong>de</strong> se solucionar se todos<br />
colaborarem. Basta un pouco <strong>de</strong><br />
voluntad y que 10 governo haga sua<br />
parte.<br />
Me diga sinceramente.<br />
1°. Haganlo individualmente (en un cuarto <strong>de</strong> hora).<br />
2°. Corrljanlo en grupo ( en media hora)<br />
3°. Revisenlo, en la pizarra , todos juntos.
Practicas orates<br />
Aspectos gramaticates<br />
1. No veo nada que .<br />
Todo 10 QUE dices es mentira.<br />
iVisteis ya la casa DONDE viviamos a~tes?f<br />
Aquel a QUIEN saludamos aver es amigo nuestro.<br />
2. Nadie dijo ninguna palabra que : _ .<br />
3. No hablamos <strong>de</strong> ningun tema que '" .. , .<br />
4. Nunca oyo nada .<br />
Los relativos se refieren siempre a un sustantivo a pronombre antes nombrado<br />
al que normal mente se llama antece<strong>de</strong>nte.<br />
5. Jamas habiamos visto un perro que .<br />
6. No conoda ningun gitano que .<br />
7 No dijo nada que .<br />
Te dare CUANTO quieras.<br />
EL QUE avisa no es traidor.<br />
OUIEN entre el ultimo que cierre la puerta.<br />
1. Los que (venir) a mi casa que se traigan el bocadillo.<br />
A veces pue<strong>de</strong> suprimirse el antece<strong>de</strong>nte. Para ello po<strong>de</strong>mos utilizar el articulo<br />
ante QUE. a bien QU/EN foES. y, segun los casas, DONDE. CUANDO<br />
o CUANTO.<br />
2. Quien (lie gar) el ultimo, tendra que pagar una mu Ita.<br />
3. Los que (estudiar) aprobaran el examen.<br />
4. EI que (<strong>de</strong>cir) ..' la verdad, no tiene nunca problemas.<br />
5. Quienes 10 (saber) , que me 10 digan a mf.<br />
6. La que (estar) a tu lado, es mi cufiada.<br />
Conocemos a una chica QUE sabe ruso.<br />
Buscaremos a una chica QUE sepa ruso.<br />
7. Quienes mejor (vivir) son los git<strong>anos</strong>.<br />
Los que quieran trabajar pue<strong>de</strong>n quedarse.<br />
Los que <strong>de</strong>seen comer que vayan al restaurante.<br />
Cuando el antece<strong>de</strong>nte es conocido se usa el INDICATIVO.<br />
Cuando el antece<strong>de</strong>nte no es conocido se usa el SUBJUNTIVO.<br />
1. No se a que lugar v.oy a ir. .. .<br />
2. Hemos oido hablar <strong>de</strong> la cantidad <strong>de</strong> dinero que gasta.<br />
3. No te imaginas 105 vasos <strong>de</strong> vino que ha bebido.<br />
No conocemos ninguna sala <strong>de</strong> fiestas que sea barata.<br />
No <strong>de</strong>cia nada que fuera interesante.<br />
lHay alguna persona que tenga fuego?<br />
4. Nunca se acuerda <strong>de</strong>l dia en que naci6.<br />
5. EI cache que viste no era mio.<br />
6. EI hombre que avisa no es traidor.<br />
Cuando negamos el antece<strong>de</strong>nte y tambien en las frases interrogativas<br />
se usa siempre el SUBJUNTIVO.<br />
7. Uevate todo el equipaje que encuentres.
fNDICE DE ~ICOS<br />
i