Letras Digitais: 30 anos de teses e dissertações

experiencia de comunicagao), e, em consequencia, a propria
realidade escolar.
Entre outras, e aprofundada a reflexao sobre a oralidade no
sentido de diferencia-la da escrita, sem dar muita chance
aquela leviandade de tentar rebaixa-la a uma linguagem de
segunda categoria: a fala passa a ser caracterizada como uma
atividade linguistica especifica marcada, por exemplo, pela
ocorrencia de urn maior nfrmero de justaposigoes, paralelismos,
repetigoes, etc.
Nao devera causar espanto, num quadro destes, que a
repetigao, depois de tao expurgada pela estetica literaria, em
bancas escolares onde se constatam relagoes professor / aluno
marcadas por, acentuada assimetria, chegue a ser olhada com
outros olhos. Especialmente a partir do momenta em que chega a
ser proclamada como forma basica da estruturagao do discurso
por Koch 13, ou reconhecida por" Marcuschi (1992a:2) como
produgao que funciona como estrategia de monitoragao ritmica da
frequencia, como recurso de persuasao, como contribuigao para a
progressao textual e, quando fator de coesao, textual, como
propiciadora de uma textualidade menos densa com a ocorrencia
de urnmaior grau de envolvimento, etc.
A nossa pesquisa e reflexao se insere neste ambito :>U
perspectiva do saber. 0 ponto de partida e a tipologia formal
e funcional das repetigoes elaborada por Mascuschi (1992a), por
13 Trabalho apresentado na 4sa Reuniao Anual da SBPC, em 14.7.93, no
Recife. Nele a autora apresenta sua tipologizac;:aodas repetic;:6ese a sua
importancia como atividade de composic;:aodo texto falado, tomando por
base as suas func;:oesrelativas a estruturac;:aode textos produzidos Em
interac;:oesface a face. Faz isto, ap6s analisar diversas contribuic;:oes:
a) Tannen, partindo de Freud, (como fonte de prazer por ser reexperimentac;:aode
algo) relacionando-as com 0 seu uso reiterado em
cumprimentos, agradecimentos, despedidas, com a Hsacralizac;:ao"de formas
estereotipadas rituais, com 0 gosto de repetir slogans, proverbios,
canc;:6esfamosas; b) Marcus (importancia por sua func;:aofatica na
diplomacia); c) Johnston (meio de criac;:aode categorias); d) Gibbs
(auxilio ao processamento e compreensao rapidos e imediatos); e) rannen,
Barthes, Maingueneau, Pecheux, Kristeva, Bakhtin_ (interage como eco de
enunciados anteriores). Tambem considera tabalhos de sintese de: a)
Johnston (como mecanisme coesivo ou textualizador; como recurso ret6rico;
de efeitos semanticos intensidade, enfase, iterac;:ao,frequencia,
continuac;:ao, progressao, habitualidade -; para a adquisic;:ao da
linguagem...); b) Jefferson (as significativas em contraste com as
marginais, em ordem a sua contribuic;:aopara com a linearizac;:aodo
discurso): c) Norris (orientadas para a pradugao au para a compreensaa,
diferenci"lndo as auto-realizadas das heterocondicionadas); d) Maynard
(destinadd - com Malinowski - a "comunhao fatica", a estabelecer lac;:os
emocionais e a preservac;:aodas faces; e) Ishikawa, Tannen (signo ic6nico
com dimensao interacional), etc.