Qual a perspectiva das PCH para futuro? - CERPCH - Unifei
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O Rio Verde nasce nas encostas ocidentais<br />
da Serra da Mantiqueira, na divisa dos<br />
estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de<br />
Janeiro a uma altitude média de 2665 m, e<br />
desenvolve-se no sentido sudestenoroeste,<br />
percorrendo uma distância de<br />
aproximadamente 250 km até constituir<br />
um dos braços do remanso do reservatório<br />
da Usina Hidrelétrica de Furnas (altitude de<br />
768 m), onde a área de contribuição da ba-<br />
2<br />
cia é de cerca de 7000 km . O Rio Verde é tributário<br />
do Rio Grande pela margem direita<br />
e tem como afluentes principais o Rio Lambari,<br />
São Bento e Palmela, à margem esquerda,<br />
e os rios Baependi, do Peixe e Ribeirão<br />
da Espera, à margem direita.<br />
As características principais do projeto<br />
que aborda as <strong>PCH</strong>s Boa Vista I e II e <strong>PCH</strong><br />
Penedo, bem como as alternativas <strong>para</strong> o<br />
aproveitamento, encontram-se descritas<br />
em anexo quadro 1.<br />
Na individualização dos impactos a serem<br />
ocasionados foi considerada toda a porção<br />
territorial passível de ser afetada direta<br />
ou indiretamente pelos impactos ambientais<br />
decorrentes do empreendimento nas<br />
fases de projeto, implantação e operação.<br />
Desta forma, definiu-se uma área de influencia<br />
Indireta (AII) e uma Área de Influencia<br />
Direta (AID) <strong>para</strong> os três empreendimentos.<br />
Como AII dos estudos socioeconômicos,<br />
foi considerada a superfície que<br />
abrange integralmente os municípios de<br />
Varginha e Elói Mendes , ao passo que as<br />
AID são constituí<strong>das</strong> pelas propriedades rurais<br />
e outros estabelecimentos que estão<br />
presentes no entorno do local escolhido <strong>para</strong><br />
o barramento <strong>das</strong> <strong>PCH</strong>s, além dos estabelecimentos<br />
que estarão a montante e a<br />
jusante dos reservatórios.<br />
Impactos Sociais<br />
A análise dos impactos ambientais realizada<br />
<strong>para</strong> as <strong>PCH</strong>s Boa Vista I, Boa Vista II<br />
e Penedo foi fundamentada em metodologia<br />
específica e seguiu a seguinte estruturação:<br />
elenco <strong>das</strong> ações do empreendimento<br />
geradoras de impactos ambientais,<br />
matriz de identificação de impactos e análise,<br />
qualificação e avaliação dos impactos.<br />
As ações geradoras de impactos ambientais<br />
estão diretamente relaciona<strong>das</strong> com<br />
as atividades de planejamento, implantação,<br />
enchimento dos reservatórios e operação<br />
dos empreendimentos. A identificação<br />
dos impactos, por meio da matriz, está vinculada<br />
às características dos empreendimentos.<br />
Já na análise dos impactos foram<br />
levados em consideração diversos fatores,<br />
como por exemplo, a magnitude e a importância<br />
dos impactos. Para estes fatores, os<br />
impactos socioeconômicos considerados foram:<br />
oferta de emprego, pressão sobre a infra-estrutura<br />
existente, interferência nos<br />
14<br />
cultivos de culturas de ciclos anuais, perenes<br />
e semiperenes, interferência nas atividades<br />
pecuárias e interferência no cotidiano<br />
<strong>das</strong> populações.<br />
Os fatores geradores de impactos, relacionados<br />
às fases de implantação e operação<br />
dos três empreendimentos são em ordem<br />
cronológica: contratação de mão de<br />
obra, implantação da infra-estrutura e serviços<br />
de apoio, desmatamento e terraplanagem,<br />
acessos, canteiro de obras, alojamentos,<br />
obras civis principais, desocupação<br />
da área a ser submersa pelo reservatório,<br />
desmatamento e limpeza da área de<br />
inundação, enchimento, operação da usina<br />
e geração de energia.<br />
Em resumo, <strong>para</strong> to<strong>das</strong> essas ações foram<br />
identificados 25 impactos ambientais,<br />
dos quais sete dizem respeito às alterações<br />
no meio socioeconômico, como as descritas<br />
a seguir.<br />
A elevação do lençol freático gera efeitos<br />
negativos em fundações de edificações,<br />
em estruturas enterra<strong>das</strong>, na estabilidade<br />
de encostas marginais, na contaminação<br />
de aqüíferos, na expansividade e colapsividade<br />
dos terrenos, além de ocasionar aumento<br />
<strong>das</strong> áreas úmi<strong>das</strong> e alagadiças que<br />
podem funcionar como área de criação de<br />
vetores de doenças. Estes vetores transmissores<br />
de doenças <strong>para</strong>sitárias de interesse<br />
médico poderão ter sua proliferação<br />
modificada, devido à interferência antrópica<br />
na região <strong>das</strong> <strong>PCH</strong>s. Na maioria dos casos,<br />
os vetores adultos freqüentam o ambiente<br />
terrestre, enquanto seus ovos e larvas<br />
proliferam em ambiente aquático, deste<br />
modo, a fragmentação deste ultimo, bem<br />
como as modificações estruturais definitivas<br />
na área <strong>das</strong> usinas, que ocorrem nas fases<br />
de implantação, operação e enchimento<br />
dos reservatórios, podem favorecer à formação<br />
de poças temporárias e alagados<br />
com regiões ribeirinhas rasas, o que incrementa<br />
as áreas de ocorrência desses insetos,<br />
afetando, conseqüentemente, a população.<br />
Além disso, a chegada de indivíduos<br />
já contaminados por doenças endêmicas<br />
transmiti<strong>das</strong> por vetores de interesse médico,<br />
a geração e acúmulo de lixo e a instalação<br />
de caixas d'água e cacimbas podem se<br />
constituir em ambientes responsáveis à<br />
proliferação de vetores.<br />
A etapa de desmobilização também é<br />
caracterizada como geradora de eventos<br />
que acarretam a propagação de vetores, pois<br />
nesta fase, observa-se o abandono do lixo<br />
e detritos, além de alterações físicas no<br />
meio ambiente. Como forma de mitigação<br />
desse impacto, deve ser adotada a medida<br />
preventiva de controle de vetores, através<br />
<strong>das</strong> técnicas usuais de eliminação de criadouros<br />
potenciais, implantação de equipamentos<br />
de saneamento básico, coleta de<br />
destinação adequada de lixo e resíduos gerados<br />
pelo empreendimento. A sobrecarga<br />
nos equipamentos de saúde da comunidade<br />
residente nas proximidades do empreendimento,<br />
também se caracteriza em um<br />
impacto negativo de grande importância,<br />
sendo necessários programas de reforço ao<br />
núcleo urbano envolvido.<br />
As per<strong>das</strong> de terras agricultáveis caracterizam-se<br />
em impactos inevitáveis e irreversíveis<br />
que ocorrem em to<strong>das</strong> as fases do<br />
empreendimento. Esses impactos, entretanto<br />
são bem diferentes entre si, tanto no<br />
que concerne aos fatores geradores quanto<br />
às características de reversibilidade, temporalidade,<br />
localização e principalmente<br />
em importância e magnitude. Os impactos<br />
em áreas agricultáveis podem ser se<strong>para</strong>dos<br />
em dois grupos, na fase de implantação,<br />
tratando-se de impactos localizados<br />
(AID), e na fase de enchimento dos reservatórios.<br />
Neste tipo de obra, a especulação imobiliária<br />
é comum, no entanto, programas<br />
de negociação podem ser aplicados com o<br />
intuito de minimizar este impacto negativo.<br />
Outro aspecto importante a ressaltar é a<br />
inundação de estra<strong>das</strong>, acessos e demais localidades,<br />
o qual se constitui num impacto<br />
negativo que ocorre na fase de enchimento<br />
do reservatório. Propostas de recomposição<br />
da infra-estrutura afetada são as medi<strong>das</strong><br />
mais apropria<strong>das</strong> <strong>para</strong> este caso.<br />
Por tratar-se de uma área onde a propagação<br />
do fogo no período de seca é evidente,<br />
a maior circulação de veículos e pessoas<br />
pode contribuir com o aumento da<br />
pressão sobre as comunidades vegetais,<br />
ocasionando incêndios, os quais prejudicam<br />
diretamente a população. Este impacto<br />
deverá ocorrer de formas localizada e inevitável,<br />
no caso de canteiros de obras, barragens<br />
e reservatórios e, generalizados e difusos,<br />
quando no entorno dos reservatórios<br />
e do local <strong>das</strong> obras. Além disso, considerou-se<br />
este impacto como reversível, de duração<br />
temporária e de média importância,<br />
uma vez que após o enchimento dos reservatórios,<br />
os níveis de pressão tendem a tornarem-se<br />
próximos aos atuais. Como medida<br />
mitigadora, destaca-se a educação ambiental<br />
e comunicação social.<br />
Os estudos de engenharia necessitam<br />
muitas vezes, de abertura de pica<strong>das</strong> <strong>para</strong><br />
instalação de soldagens mecânicas, nivelamentos<br />
geométricos, implicando, por vezes,<br />
em aberturas de poços e trincheiras,<br />
acarretando em acidentes com a população<br />
da área de entorno <strong>das</strong> obras (AID). Embora<br />
de caráter irreversível e localizado, esse<br />
impacto pode ser considerado de média importância,<br />
sendo que a comunicação social<br />
se constitui na medida mitigadora mais eficaz.