34 > > fevereiro Pano rápido Mau humor Seu Lunga, o homem mais mal humorado do mundo, tem uma loja de sucata em Juazeiro do Norte, no Ceará. A loja foi invadida por ratos. E lá se foi seu Lunga comprar veneno. — Tem veneno pra rato? — Tem, sim senhor. Vai levar? — Não! Vou trazer os ratos pra comer aqui. Canguru é pássaro Agosto de 1962. A Marinha do Brasil expulsou um navio francês que estava pescando lagosta na costa de Pernambuco. A França deslocou dois navios de guerra para águas internacionais, “próximas à região do conflito”. O Brasil mandou toda a sua esquadra. E os jornais não perderam tempo: Guerra da Lagosta! “As lagostas são pescadas enquanto nadam ou pulam, estando, portanto, na água e não em solo brasileiro, no momento em que são capturadas”, argumentavam os franceses. O almirante da Marinha do Brasil Paulo Moreira pediu a palavra. — Se lagosta é peixe, então, enquanto tá pulando, canguru é pássaro. Fez-se a paz. O cerne em questão O irreverente — e, às vezes, até grosseiro — poeta Eugênio Coimbra era fazedor de quadrinhas dedicadas aos seus desafetos políticos, literários e pessoais. Mas muitas delas eram gratuitas, apenas pra não perder o mote. A poetisa Edwirges Sá Pereira, precursora do movimento feminista e primeira mulher latino- americana a participar de uma academia de letras, foi uma de suas vítimas. Seu poema O cerne retorcido foi alvo da verve de Coimbra: Senhora Dona Edwirges, Me responda de inopino, Esse cerne que tu falas É o pau de Zé Quirino? Perseguida e famosa O escritor Hermilo Borba Filho conheceu um camarada em Palmares que só apreciava o traseiro das moças. Quando casou, a curiosidade tomou conta da cidade, todo mundo queria saber como tinha sido a lua-de-mel. O camarada não se fez de rogado: — Essa tal de vagina só tem é fama! Sem escolha Maria Júlia e Juliana, filha e neta de Léo e do pintor José Cláudio, moram nos Estados Unidos. Mas todos os anos vêm ao Brasil matar saudades afetivas e atávicas. No Restaurante Pra Você, no Pina, Galego, o garçom, recepcionou os fregueses e entregou o cardápio. Zé Cláudio nem abriu. — A gente veio comer agulha frita. — Branca ou preta? Só tem preta. Joca Souza Leão jocasouzaleao@gmail.com Protesto Estela é cozinheira da casa de Bóris Trindade há quarenta anos. Bóris, cozinheiro bissexto, tava fazendo uma feijoada. Haja atavios gordurosos: linguiça, paio, defumados, rabo, pé de porco, toucinho... Estela não se conteve: — Doutor, chega de tanta gordura. Senão, quando a gente cagar o cu nem sabe. No fundo, não No início de carreira, Plínio Duque fazia medicina social no interior de Pernambuco. Na Zona da Mata, a maioria dos pacientes era beneficiária do extinto Funrural — Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural. — A senhora tem Funrural? — Não, doutor. Só um corrimentozinho. No fundo não tenho nada, não senhor. As histórias aqui contadas têm compromisso com os contadores de história que as contaram. E não, necessariamente, com a História.
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