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Johan Huizinga ea crítica da cultura contemporânea - Curso de ...

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O que seria típico nessa época <strong>cultura</strong>l, então, na perspectiva <strong>de</strong> <strong>Huizinga</strong>, seria a<br />

convergência entre forma e conteúdo. O que na I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média era apenas um jogo <strong>de</strong> erudição<br />

limitado a um círculo restrito como o cultivo <strong>da</strong> antigui<strong>da</strong><strong>de</strong>, torna-se a partir <strong>da</strong> ação dos<br />

humanistas um <strong>da</strong>do presente <strong>da</strong> r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>, difundido por uma esfera imensamente mais<br />

ampla do que anteriormente, e ganha também o rigor <strong>de</strong> um conteúdo revisitado e<br />

ressignificado pelos estudos filológicos.<br />

Todos esses elementos são investigados a partir <strong>da</strong> reconstituição <strong>da</strong> trajetória do<br />

humanista e holandês Erasmus <strong>de</strong> Rotter<strong>da</strong>m. E o que se <strong>de</strong>staca <strong>de</strong>ssa tentativa é o encontro<br />

com uma personali<strong>da</strong><strong>de</strong> heterogên<strong>ea</strong> que carregava em si os elementos mais mesquinhos <strong>de</strong><br />

“homem medieval” melancólico e os mais altos valores <strong>de</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong> encarnados em seu<br />

amor e adoração pela antigui<strong>da</strong><strong>de</strong> clássica. É essa ambigüi<strong>da</strong><strong>de</strong> que há na alma <strong>de</strong> Erasmus<br />

que permite a <strong>Huizinga</strong> perceber a inutili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer uma periodização rígi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />

épocas históricas. Porque quem faz a história são os homens do século XVI e não o conceito.<br />

Os homens do século XVI por mais que tivesses ciência <strong>de</strong> que algo novo estava acontecendo<br />

não foram capazes <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar essa mu<strong>da</strong>nça em to<strong>da</strong>s as suas implicações. Por isso não se<br />

<strong>de</strong>ve olhar para Erasmus e buscar nele o reflexo <strong>da</strong>s características que hoje se espera que um<br />

humanista tenha. O que há nele é essa convivência entre duas referências <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. Mas o que<br />

faz <strong>de</strong>le um inovador, é o fato <strong>de</strong> que mesmo vivendo numa <strong>cultura</strong> cujo “subterrâneo” era<br />

ain<strong>da</strong> medieval, Erasmus teve a coragem para não ser um cavaleiro. E nisso está o germe <strong>de</strong><br />

um novo <strong>da</strong>do <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>.<br />

Se na I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média o id<strong>ea</strong>l que se convinha buscar era o do herói que encontrava uma<br />

forma <strong>de</strong> expressar seu id<strong>ea</strong>l no circulo restrito <strong>da</strong> Cavalaria, no século <strong>de</strong> Erasmus o id<strong>ea</strong>l <strong>de</strong><br />

perfeição no passado estava na Antigui<strong>da</strong><strong>de</strong> e nos gran<strong>de</strong>s sábios que ela produziu. Por mais<br />

que ambos estivessem animados pela mesma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> beleza que se po<strong>de</strong> encontrar nesse<br />

período <strong>da</strong> história, o que eles apresentam <strong>de</strong> distinto é que o id<strong>ea</strong>l <strong>de</strong> imitação do herói antigo<br />

pelo cavaleiro estava subordinado aos princípios medievais e já a imitação do “sages” se<br />

sustentava sobre novas bases. O olhar que se projetava para o passado era, agora, distinto. A<br />

antigui<strong>da</strong><strong>de</strong> no Humanismo foi toma<strong>da</strong> por ela mesma e ofereceu, mais do que formas <strong>de</strong><br />

ornamento para vi<strong>da</strong>, o conteúdo <strong>de</strong> uma <strong>cultura</strong> bas<strong>ea</strong><strong>da</strong> na razão e erudição.<br />

Mais uma vez, como em O Outono <strong>da</strong> I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média, esse impulso do homem <strong>de</strong><br />

projetar-se no passado mostra-se um esforço impregnado <strong>de</strong> valores éticos. O passado<br />

fornecia ao homem os parâmetros para compreen<strong>de</strong>r o mundo ao seu torno, mas para além

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