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Johan Huizinga ea crítica da cultura contemporânea - Curso de ...

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1.2 O ESPÍRITO NORTE-AMERICANO: A POBREZA DAS FORMAS<br />

Em 1919, quando <strong>Huizinga</strong> volta seu interesse para a civilização norte-americana e<br />

escreve seus quatro ensaios sobre Homem e massa nos Estado Unidos fica perceptível que a<br />

questão moral, que já estava presente em seus trabalhos, tinha tomado uma proporção maior. 29<br />

Até esta <strong>da</strong>ta, 1919, <strong>Huizinga</strong> não tinha visitado os Estados Unidos, mas mesmo assim estava<br />

convencido <strong>de</strong> que os europeus sabiam pouco sobre essa nova civilização do outro lado do<br />

Atlântico. Também havia reconhecido que as tradicionais formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição dos<br />

historiadores não eram suficientes para compreen<strong>de</strong>r essa nova r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>. Seu interesse pela<br />

<strong>cultura</strong> norte-americana estava embasado na idéia <strong>de</strong> que ali estava o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> uma<br />

civilização que ilustrava o <strong>de</strong>sejo humano <strong>de</strong> melhorar o mundo, em vez <strong>de</strong> interessar-se em<br />

esperanças mais distantes ou nas representações <strong>de</strong> glórias passa<strong>da</strong>s. Enfim, uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

que estava organiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma muito diversa <strong>da</strong>s <strong>cultura</strong>s que haviam interessado <strong>Huizinga</strong><br />

até então como a <strong>cultura</strong> medieval do século XIV e XV e a <strong>cultura</strong> humanista do século XVI.<br />

Esse contraste, que <strong>de</strong> forma mais ampla expandia-se para um contraste entre a<br />

civilização européia e a civilização norte-americana, suscitou um sentimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagrado por<br />

parte <strong>de</strong> <strong>Huizinga</strong> em relação aos rumos <strong>da</strong> civilização contemporân<strong>ea</strong>. A preocupação<br />

pessoal <strong>de</strong>ste historiador que esteve sempre presente em suas obras, em 1926, após sua<br />

viagem aos Estados Unidos, fez-se mais urgente diante <strong>de</strong>sse sentimento <strong>de</strong> “irreconciliação”,<br />

como argumenta Gombrich, com a <strong>cultura</strong> contemporân<strong>ea</strong>. 30<br />

A partir <strong>de</strong> sua experiência na América, este autor escreve algumas notas, como o<br />

ensaio Espírito Nort<strong>ea</strong>mericano, <strong>de</strong> 1926. Neste texto, <strong>Huizinga</strong> argumenta que o olhar do<br />

norte-americano fixado no presente e sua postura pragmática em relação às coisas do espírito<br />

culminaram na <strong>de</strong>turpação <strong>da</strong>s fronteiras entre indivíduo e socie<strong>da</strong><strong>de</strong>; essa atitu<strong>de</strong> tinha como<br />

seu principal <strong>de</strong>sdobramento o advento <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> mecaniza<strong>da</strong> e nivela<strong>da</strong>. A potência<br />

criadora <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> havia <strong>de</strong>sfocado-se: transferido-se do homem para a máquina. Sendo<br />

assim, a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> norte-americana havia tornado a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma experiência <strong>de</strong><br />

liber<strong>da</strong><strong>de</strong> e personali<strong>da</strong><strong>de</strong> apenas uma ilusão. 31<br />

O ensaio começa narrando a experiência que <strong>Huizinga</strong> teve entre os cientistas sociais<br />

norte-americanos. É possível perceber, na narrativa <strong>de</strong>ste historiador, o seu estranhamento<br />

29 Idid., p. 147.<br />

30 Ibid., p. 148.<br />

31 HUIZINGA, J. Espiritu nort<strong>ea</strong>mericano. Op.cit.

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