Johan Huizinga ea crítica da cultura contemporânea - Curso de ...
Johan Huizinga ea crítica da cultura contemporânea - Curso de ...
Johan Huizinga ea crítica da cultura contemporânea - Curso de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Em Erasmo, <strong>de</strong> 1924, o id<strong>ea</strong>l a se imitar era o do “sages”. A noção <strong>de</strong> perfeição que<br />
veio então a ocupar as mentes dos homens, no século XVI era aquela <strong>da</strong> antigui<strong>da</strong><strong>de</strong> grega e<br />
romana. 42 Tanto o id<strong>ea</strong>l do cavaleiro bas<strong>ea</strong>do no “heroísmo” quanto do humanista, para<br />
<strong>Huizinga</strong>, estava carregado <strong>de</strong> valores éticos. E eram nesses valores éticos que se encontrava a<br />
força e potência <strong>de</strong>ssas <strong>cultura</strong>s. Por isso a <strong>crítica</strong> <strong>de</strong>ste historiador à concepção tão difundi<strong>da</strong><br />
na América do Norte <strong>de</strong> que a imaginação era uma forma <strong>de</strong> escapismo. Porque <strong>Huizinga</strong> via<br />
neles uma forma <strong>de</strong> aprimoramento <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> e a base metafísica que, na sua concepção, era<br />
a base <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>.<br />
Essa “censura” aplica<strong>da</strong> ao homem norte-americano <strong>de</strong> evadir-se do presente para <strong>da</strong>r<br />
vazão às construções do espírito, portanto, o levava totalmente ao extremo oposto <strong>de</strong>ssa<br />
concepção metafísica <strong>de</strong> <strong>cultura</strong>. O que prevalecia na civilização norte-americana era uma<br />
atitu<strong>de</strong> extremamente arraiga<strong>da</strong> <strong>de</strong> antimetafísica. A mo<strong>de</strong>rna psicologia social dos Estados<br />
Unidos consi<strong>de</strong>rava a fé, em geral, como um ponto <strong>de</strong> vista superado. Ao contrário do<br />
pensador europeu que estava mais disposto a reconhecer que a ciência experimental e indutiva<br />
não era capaz <strong>de</strong> iluminar o fundo <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as coisas, na ciência norte-americana havia<br />
<strong>de</strong>saparecido aquela consciência direta e permanente do “mistério”. Ela havia rompido com o<br />
fundo metafísico <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> que era fun<strong>da</strong>mental para <strong>Huizinga</strong> para <strong>de</strong>finir o que era uma<br />
<strong>cultura</strong> autêntica.<br />
No pensamento norte-americano, impunha-se, naquele momento, um processo <strong>de</strong><br />
mecanização <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>. O homem teria que apren<strong>de</strong>r a viver em grupos, “renunciar as ilusões<br />
<strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> e personali<strong>da</strong><strong>de</strong>” em nome do progresso e do otimismo social. 43 Para <strong>Huizinga</strong>,<br />
“jamais e nem em parte alguma se <strong>de</strong>sfrutou <strong>da</strong> natureza e <strong>da</strong> técnica tão consistentemente,<br />
nem <strong>de</strong> um modo tão <strong>de</strong>liberado (...) como na América do Norte <strong>de</strong> hoje! Mas que assombrosa<br />
pobreza <strong>da</strong>s formas se plasma tudo isso! Golfe e auto, cinema e leituras fugazes, praias e<br />
“campings” e, <strong>de</strong> vez em quando, algum concerto: do que vale tudo isso como formas <strong>de</strong><br />
<strong>cultura</strong>?” 44 E é esse pergunta que nasce como sua experiência na América do Norte e que está<br />
presente em sua <strong>crítica</strong> posterior à <strong>cultura</strong> contemporân<strong>ea</strong>. Para ele, pareceu, com essa<br />
experiência, que gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> contemporân<strong>ea</strong> estava composta <strong>de</strong> coisas<br />
banais e secundárias. E como argumenta Gombrich, foi essa viagem que fez com que<br />
<strong>Huizinga</strong> investisse seus esforços para retornar ao fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>. 45<br />
42<br />
HUIZINGA, J. Historical Id<strong>ea</strong>ls of Life. Op.cit. p. 90.<br />
43<br />
Ibid., p. 431.<br />
44<br />
Ibid., p. 423.<br />
45<br />
GOMBRICH, E. Op,.cit. p.140.