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Johan Huizinga ea crítica da cultura contemporânea - Curso de ...

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<strong>de</strong> 30, o valor <strong>de</strong> <strong>da</strong>do fun<strong>da</strong>mental para a compreensão do que ele caracterizava como sendo<br />

um momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio <strong>da</strong> civilização oci<strong>de</strong>ntal. A per<strong>da</strong> do elemento lúdico, explicita<strong>da</strong> em<br />

Homo Lu<strong>de</strong>ns (1938), havia assinalado o fim <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira civilização, uma vez que para esta<br />

existir <strong>de</strong> forma autêntica, na visão <strong>de</strong> <strong>Huizinga</strong>, era necessário que o lúdico estivesse<br />

imbuído <strong>da</strong>s normas prescritas pela razão, pela humani<strong>da</strong><strong>de</strong> e pela fé. Gombrich chama a<br />

atenção também para o fato <strong>de</strong> que a questão moral e religiosa, que também sempre esteve<br />

presente na obra <strong>de</strong>sse historiador holandês, ganhou ain<strong>da</strong> mais relevo nessa “segun<strong>da</strong> fase”<br />

<strong>de</strong> sua produção. 25<br />

Essa inflexão na trajetória <strong>de</strong> <strong>Huizinga</strong> também é assinala<strong>da</strong> pelo historiador suíço<br />

Werner Kaegi. 26 Ele argumenta que o grupo <strong>de</strong> obras representa<strong>da</strong>s pelos livros Nas Sombras<br />

do Amanhã, Homo Lu<strong>de</strong>ns, L’uomo e la <strong>cultura</strong> 27 e o Mondo Disonarato 28 tem maior peso na<br />

consciência <strong>de</strong> numerosos espíritos para os quais <strong>Huizinga</strong> não é tanto um estudioso <strong>de</strong><br />

história, mas um guia para o presente e o futuro, tornando-se, <strong>de</strong>sse modo, um “admoestador<br />

do nosso tempo”.Kaegi consi<strong>de</strong>ra que este grupo <strong>de</strong> obras é por certo “obra histórica, embora<br />

num sentido mais profundo <strong>da</strong> palavra”. São obras históricas na medi<strong>da</strong> em que narram e<br />

discutem as preocupações e o estado <strong>de</strong> alma <strong>de</strong> um momento histórico específico marcado<br />

pela noção <strong>de</strong> colapso iminente <strong>da</strong> civilização; partindo <strong>de</strong>ssa consi<strong>de</strong>ração, Kaegi aponta<br />

para a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer um diálogo interpretativo com esse período <strong>da</strong> história<br />

através <strong>da</strong>s obras huizinguianas. Diferentemente <strong>da</strong> produção anterior <strong>de</strong> <strong>Huizinga</strong>, nesses<br />

últimos livros os acentos principais são colocados sobre o terreno religioso e ético, e a <strong>cultura</strong><br />

é compreendi<strong>da</strong> enquanto tendo como seu pano <strong>de</strong> fundo um problema metafísico. Kaegi<br />

também assinala outro elemento essencial: a importância <strong>da</strong> figura do humanista Erasmo na<br />

formulação <strong>de</strong> <strong>Huizinga</strong> <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> regeneração <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> oci<strong>de</strong>ntal. De Erasmo,<br />

esse historiador holandês extraiu as noções <strong>de</strong> renúncia ao supérfluo <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> em nome do<br />

que era r<strong>ea</strong>lmente fun<strong>da</strong>mental, retorno à simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> e a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma “fé renova<strong>da</strong>”<br />

a partir <strong>da</strong> retoma<strong>da</strong> dos laços com a tradição. Era a partir <strong>da</strong> aceitação <strong>de</strong>sses elementos por<br />

parte dos homens <strong>de</strong> bem, segundo <strong>Huizinga</strong>, que se po<strong>de</strong>ria esperar a salvação <strong>da</strong> civilização<br />

oci<strong>de</strong>ntal.<br />

25 GOMBRICH, E.H. Op.cit.<br />

26 KAEGI, W. Op. cit. p. 339.<br />

27 HUIZINGA, J. L’uomo e la <strong>cultura</strong>. Itália. Firenze: La Nuova Itália, 1948.<br />

28 Livro este não arrolado entre as fontes <strong>de</strong>sse trabalho tendo em vista o fato <strong>de</strong> que não foi possível consulta-lo,<br />

uma vez que não há tradução para o português e a edição italiana é <strong>de</strong> difícil acesso.

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