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Johan Huizinga ea crítica da cultura contemporânea - Curso de ...

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como sua figura mais eminente o alemão Carl Schimitt, era algo a ser combatido em nome <strong>da</strong><br />

preservação do equilíbrio entre os Estados e <strong>da</strong> manutenção <strong>da</strong>s particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s como um<br />

elemento enriquecedor <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>. A <strong>de</strong>svinculação do campo <strong>da</strong> política do campo vi<strong>da</strong> geral<br />

e a supressão dos valores éticos nesse domínio são para <strong>Huizinga</strong> o caminho <strong>da</strong> barbárie e <strong>da</strong><br />

homogeneização. 49<br />

Outro sintoma <strong>da</strong> crise que assola a <strong>cultura</strong> contemporân<strong>ea</strong> é o que <strong>Huizinga</strong><br />

<strong>de</strong>nominou “puerilismo”. É a per<strong>da</strong> do valor significante do jogo, que se torna um intento<br />

meramente estético sem qualquer ligação com os altos valores <strong>da</strong> ética, e a configuração <strong>de</strong><br />

uma conduta <strong>cultura</strong>l própria do adolescente. Para este historiador, houve uma confusão entre<br />

as fronteiras do jogo e <strong>da</strong> serie<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que culminou na falta <strong>de</strong> respeito pelo outro e numa<br />

excessiva concentração sobre sua própria personali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Contudo, mesmo que o livro Nas<br />

Sombras do Amanhã esteja perm<strong>ea</strong>do <strong>de</strong> metáforas negativas como “<strong>de</strong>mência” e<br />

“enfermi<strong>da</strong><strong>de</strong>”, <strong>Huizinga</strong> constrói suas consi<strong>de</strong>rações finais sobre um registro <strong>de</strong> esperança.<br />

Ele parte do diagnóstico para estabelecer a cura. Cura esta que tem sua fun<strong>da</strong>mentação na<br />

catarse <strong>da</strong> civilização oci<strong>de</strong>ntal a partir <strong>da</strong> regeneração interior do indivíduo e na restituição<br />

do sentimento <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> humana. O homem <strong>de</strong>ve querer ser mais do que um animal<br />

argumenta <strong>Huizinga</strong>, e nisso está à base <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>. E a condição <strong>de</strong> ser humano pressupõe o<br />

reconhecimento <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s eternas e universais; portanto, o redimir-se <strong>da</strong> civilização estaria<br />

num regresso, numa reconquista do senso e <strong>da</strong> virtu<strong>de</strong>.<br />

1.4 HOMO LUDENS (1938): OS LIMITES ENTRE O JOGO E O SÉRIO<br />

Torna-se assim evi<strong>de</strong>nte que o elemento lúdico e os limites entre o jogo e do sério<br />

estão no cerne <strong>da</strong> <strong>crítica</strong> <strong>de</strong> <strong>Huizinga</strong> à <strong>cultura</strong> contemporân<strong>ea</strong>. A caminha<strong>da</strong> <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

rumo ao imprevisível <strong>de</strong>veria ser marca<strong>da</strong> pelo <strong>de</strong>sejo do belo, <strong>da</strong> virtu<strong>de</strong> e <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>. E é<br />

sobre esses pilares que se alicerça a <strong>cultura</strong>. Na mesma linha temática <strong>de</strong> Nas Sombras do<br />

amanhã, em 1938 <strong>Huizinga</strong> lançou-se na empreita<strong>da</strong> <strong>de</strong> integrar o conceito <strong>de</strong> jogo no<br />

conceito <strong>de</strong> <strong>cultura</strong>, o que <strong>de</strong>u origem ao livro Homo Lu<strong>de</strong>ns. Entre esses dois livros há uma<br />

permanência evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> problemática; contudo, o caráter do jogo como elemento <strong>da</strong> <strong>cultura</strong><br />

que antes estava difuso, concentra-se como <strong>da</strong>do fun<strong>da</strong>mental para a compreensão do que<br />

<strong>Huizinga</strong> caracterizava como sendo um momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio. 50<br />

49 HUIZINGA, J. In commemoration of Erasmus. IN: _____. Men and Id<strong>ea</strong>s…Op.cit. p. 326.<br />

50 KAEGI, W. Op. cit. p. 339.

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