12.05.2013 Views

Johan Huizinga ea crítica da cultura contemporânea - Curso de ...

Johan Huizinga ea crítica da cultura contemporânea - Curso de ...

Johan Huizinga ea crítica da cultura contemporânea - Curso de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

pensamento norte-americano e se <strong>de</strong>sdobrava numa atitu<strong>de</strong> pragmática diante <strong>da</strong> ciência e dos<br />

comportamentos sociais <strong>de</strong> modo mais geral. Essa visão behaviorista tinha como pretensão,<br />

na perspectiva <strong>de</strong> John B. Watson, que para <strong>Huizinga</strong> era o profeta <strong>de</strong>sse sistema <strong>de</strong><br />

pensamento, extirpar sem ro<strong>de</strong>ios to<strong>da</strong>s as expressões dos domínios do espírito, o que acabava<br />

por consi<strong>de</strong>rar to<strong>da</strong> forma <strong>de</strong> atribuição <strong>de</strong> sentido a uma coisa, uma forma <strong>de</strong> superstição. 32<br />

Essa maneira <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> excluindo os domínios mais complexos do<br />

espírito <strong>da</strong>va as cores <strong>de</strong> uma conduta pragmática que marcava o pensamento norte-<br />

americano. To<strong>da</strong>s as ciências <strong>de</strong>veriam legitimar a sua existência através <strong>de</strong> alguma investi<strong>da</strong><br />

prática na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, “as mesmas forças que <strong>de</strong>terminam uma mecanização <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>, as<br />

maiores facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o intercâmbio dos pensamentos, a técnica refina<strong>da</strong>, a organização<br />

or<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> tudo, criaram ali uma conexão entre pensamento científico e a vi<strong>da</strong> social”. 33<br />

A postura pragmática adota<strong>da</strong> pelas ciências sociais era um indício, para <strong>Huizinga</strong>, <strong>da</strong><br />

construção, que então estava em an<strong>da</strong>mento, <strong>de</strong> uma nova ética <strong>de</strong>mocrática e social. E nessa<br />

nova ética a ciência ocuparia o lugar que em tempos anteriores havia sido ocupado pela<br />

religião. Um reflexo <strong>de</strong>ssa atitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria ser observado nos “homens e mulheres <strong>de</strong> ciência”<br />

que “renunciavam, mesmo sem sabê-lo, aos castelos no ar <strong>de</strong> seu próprio pensamento para<br />

po<strong>de</strong>r lavrar a terra para outros” 34 .<br />

Outro elemento que participaria <strong>de</strong>ssa concepção pragmática <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> é a escolha,<br />

segundo <strong>Huizinga</strong>, do norte-americano pela figura bíblica <strong>de</strong> Marta e não <strong>de</strong> Maria. Para eles,<br />

foi Marta que escolheu a melhor parte. Ao posicionar-se <strong>de</strong>ssa forma, o norte-americano<br />

revelava a sua postura diante do mundo: “ele vivia para isto, o aqui e o agora”. 35 A psicologia<br />

o havia ensinado que o fugir <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, o sair-se <strong>da</strong> r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> que o ro<strong>de</strong>ia, não é mais do que<br />

uma r<strong>ea</strong>ção <strong>de</strong> sua própria <strong>de</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A imaginação seria uma “fabricação compensatória”,<br />

uma “satisfação evasiva”, que careceria necessariamente <strong>de</strong> todo o valor. E essa carência<br />

estaria no fato <strong>de</strong> que ela não contribuiria para forjar novos meios, ferramentas ou coisas úteis<br />

para dominar esse mundo do presente.<br />

Isso fica claro quando este historiador argumenta sobre a origem <strong>da</strong>s criações<br />

artísticas: “Por que as épocas anteriores criaram gran<strong>de</strong>s obras <strong>de</strong> arte? Porque os meios <strong>de</strong><br />

que dispunham para dominar a vi<strong>da</strong> e o mundo, para fazer a vi<strong>da</strong> digna <strong>de</strong> ser vivi<strong>da</strong> eram tão<br />

32 Idib., p. 412.<br />

33 Idib., p.414.<br />

34 Ibid., p. 418.<br />

35 Idid., p.424.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!