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DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO - Ipea

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Retomada do Investimento Público federal no Brasil e a Política fiscal: em busca de um novo paradigma<br />

O ano de 2009 representa um ponto fora da tendência, na medida em que a crise econômica<br />

levou o governo a implementar, pela primeira vez na história recente, uma política fiscal<br />

anticíclica. Isto somente foi possível porque, além da inflexão que a política fiscal já vinha<br />

sofrendo desde o PAC, o governo desfrutava de uma posição patrimonial tal (credora em<br />

moeda estrangeira) que, quando a taxa de câmbio sofreu forte desvalorização, a dívida líquida<br />

do setor público caiu abruptamente, em vez de subir como em outras crises, criando-se maior<br />

espaço de manobra.<br />

A política anticíclica (e o argumento do governo sobre o cumprimento da meta fiscal)<br />

ocorreu em várias frentes, entre as quais: i) liberação da Petrobras das metas de superávit<br />

primário, o que significou uma dedução de 0,50% do PIB (antiga meta da Petrobras) na meta<br />

de 3,80% do PIB; ii) as metas do governo central e dos estados e municípios foram reduzidas,<br />

com o esforço fiscal fixado em 2,50% do PIB; e iii) o governo fez uso da margem do PPI,<br />

que atingiu o nível recorde de 0,51% do PIB em 2009, para justificar legalmente o resultado<br />

primário final obtido ao final do ano de 2,05% do PIB.<br />

TABELA 2<br />

Comparação das metas e valores realizados dos superávits primários (SP) antes e depois do PPI<br />

(Em % do PIB)<br />

Ano<br />

Meta de SP<br />

(A)<br />

Margem do PPI<br />

(B)<br />

SP realizado<br />

(C)<br />

PPI executado<br />

(D)<br />

Excedente<br />

(C+D-A)<br />

Antiga Nova Antiga Nova Antiga Nova Antiga Nova Antiga Nova<br />

2002 3,75 3,42 3,89 3,55 0,14 0,13<br />

2003 4,25 3,89 4,25 3,89 0,00 0,00<br />

2004 4,25 3,87 4,59 4,18 0,34 0,31<br />

2005 4,25 3,83 0,15 0,13 4,83 4,35 0,06 0,06 0,64 0,57<br />

2006 4,25 3,80 0,15 0,14 4,32 3,80 0,13 0,12 0,20 0,13<br />

2007 4,25 3,80 0,20 0,45 4,27 3,82 0,22 0,19 0,23 0,21<br />

2008 3,80 0,65 4,40 0,26 0,86<br />

2009 2,50 0,96 2,05 0,51 0,07<br />

fonte: Dados primários do BCB, STN e Contas Nacionais do IBgE.<br />

Elaboração dos autores.<br />

Obs.: A série nova corresponde aos valores após a mudança do novo sistema de contas nacionais do IBgE, em 2008, e a série antiga aos valores anteriores.<br />

A queda do superávit primário em 2009 não se explica, evidentemente, apenas pelo<br />

crescimento dos investimentos, mas também pela queda na receita e pelo aumento das despesas<br />

correntes, como gastos de salários e, principalmente, transferências de previdência e assistência<br />

social. Passada a crise e o episódio de desvalorização cambial, a dívida do setor público voltou<br />

ao seu patamar anterior. Ademais, o governo retomou sua meta de superávit primário padrão,<br />

fixada em 3,3% do PIB sem a Petrobras. A expansão fiscal pré-crise, entretanto, se manteve<br />

em 2010 tanto pelo lado dos investimentos quanto das despesas correntes. 23<br />

23. Para uma análise da evolução das despesas do governo federal, ver, neste livro, o capítulo governo gastador ou transferidor? um macrodiagnóstico<br />

macro das despesas federais no período de 2002 a 2010.<br />

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