DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO - Ipea
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O Regime de Crescimento Econômico Brasileiro: uma apreciação sobre o período 1995-2009<br />
gRáfICO 1a<br />
Regime de crescimento: regime de<br />
demanda e de produtividade<br />
fonte: Setterfield e Cornwall (2002) e Blecker (2009).<br />
Elaboração dos autores.<br />
gRáfICO 1b<br />
Regime de crescimento: regime e<br />
restrição no balanço de pagamentos<br />
No longo prazo, porém, como se tem verificado nos países latino-americanos, o<br />
crescimento é condicionado pelo equilíbrio no balanço de pagamentos. 3 Os modelos de<br />
crescimento com restrição de divisas, à la Thirwall (1979) e Thirwall e Hussain (1982),<br />
explicitam claramente que a expansão do produto depende da relação entre a renda do<br />
resto do mundo, os fluxos de capitais e as elasticidades-renda de exportações e importações.<br />
Segundo Blecker (2009), estes modelos de análise são compatíveis com as noções de<br />
regime de demanda e produtividade, possibilitando uma compreensão mais adequada<br />
do funcionamento da economia, tanto no médio como no longo prazo. Neste sentido,<br />
o gráfico 1b evidencia a interação entre o regime de crescimento e as restrições no balanço de<br />
pagamentos, mostrando que, no longo prazo, a taxa de variação do produto interno bruto<br />
(PIB) terá que convergir para aquela taxa determinada pelo equilíbrio das contas externas. 4<br />
A abordagem aqui proposta procura combinar a análise do “regime de crescimento”<br />
com os “modelos de restrição de divisas”. 5 Sua principal vantagem reside, por um lado, em<br />
apontar a importância dos fatores de oferta, ou seja, da organização do processo produtivo<br />
e de inovação, porém subordinando sua dinâmica à evolução da demanda agregada e aos<br />
aspectos institucionais da economia. Por outro, em explicitar o papel central do setor externo<br />
na trajetória de crescimento econômico no longo prazo.<br />
É necessário frisar que o regime de crescimento caracteriza o processo de expansão da<br />
economia no médio prazo, enquanto os modelos de restrição de divisas procuram descrevê-lo no<br />
longo prazo. Esta diferença é importante, pois se fosse possível distinguir no tempo calendário<br />
3. Diversos estudos empíricos têm mostrado que o crescimento dos países da América Latina no longo prazo é restrito pelo equilíbrio no balanço de<br />
pagamentos, entre eles Lopez e Cruz (2000), Mccombie e Roberts (2002) e holland, Vieira e Canuto (2004). Para o caso brasileiro tomado isoladamente,<br />
as evidências também parecem robustas e abundantes, como demonstram diversos estudos, entre os quais Bértola, higachi e Porcile (2002),<br />
Jayme Jr. (2003), Santos, Lima e Carvalho (2005), Lima e Carvalho (2008), Carvalho e Lima (2009).<br />
4. Note-se que o que está representado no gráfico é o caso típico dos processos de desenvolvimento das economias latino-americanas, em geral,<br />
e do Brasil, em particular, em que a taxa de crescimento de longo prazo é inferior à de médio prazo.<br />
5. Abordagens semelhantes a esta podem ser encontradas em Ocampo (2005), Cimoli, Primi e Pugno (2006), Naastepad (2006), Rada (2007), Jayme<br />
Jr. e Resende (2009), gala e Mori (2009), Bruno (2009), hein e Tarassow (2010), Carvalho (2010) e, de certo modo, Carneiro (2010).<br />
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