DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO - Ipea
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O Regime de Crescimento Econômico Brasileiro: uma apreciação sobre o período 1995-2009<br />
Em resumo, esta seção procurou sugerir que as melhorias na organização e na estrutura do<br />
processo produtivo e de inovação proporcionaram ganhos de produtividade para a indústria<br />
e para a economia como um todo, em decorrência tanto das políticas de desenvolvimento<br />
como do maior crescimento econômico, o que provocou um deslocamento do regime<br />
de produtividade para baixo e para a direita, ampliando, por meio deste canal, a taxa de<br />
crescimento do produto de médio prazo.<br />
Neste sentido, a constituição de um novo regime de demanda (seção 2), bem como<br />
um novo regime de produtividade (seção 3), parecem ter dado origem a um novo regime de<br />
crescimento econômico, com taxas mais elevadas e mais estáveis.<br />
5 O PaPEl DO SEtOR EXtERnO E O CRESCIMEntO ECOnÔMICO<br />
À primeira vista, o aumento da demanda externa e sua maior contribuição ao crescimento no<br />
período recente sugeriam que a economia brasileira estaria assumindo traços das chamadas<br />
economias export-led growth, porém, neste caso, com a predominância da exportação de<br />
commodities. Porém, como visto anteriormente, ainda que o setor externo tenha cumprido<br />
um papel importante na expansão do produto entre 1999 e 2006, sua maior contribuição<br />
neste período parece estar associada a uma diminuição temporária dos constrangimentos<br />
externos, 16 sobretudo no que diz respeito à liquidez internacional, em uma economia que<br />
passou a ser paulatinamente comandada pela demanda doméstica.<br />
Como se pode observar nos dados do gráfico 14, a evolução do saldo do balanço de<br />
pagamentos e sua composição sofreram modificações relevantes ao longo do período<br />
investigado. Durante a segunda metade da década de 1990, por exemplo, a combinação entre<br />
câmbio apreciado, aumento da renda real em decorrência da estabilização monetária e redução<br />
de tarifas de importação provocou a deterioração da balança comercial e significativos déficits<br />
em conta corrente, compensados de forma apenas parcial pela entrada de investimentos<br />
diretos e em carteira advindos do exterior. Os sucessivos déficits no balanço de pagamentos<br />
terminaram por precipitar a crise cambial de 1998 e a mudança no regime de câmbio.<br />
16. Esta ideia foi sugerida inicialmente por Raphael gouvêa, pesquisador do <strong>Ipea</strong>, em conversa informal, e recentemente apresentada pelo autor<br />
em um texto muito interessante. Evidentemente, a responsabilidade pelos argumentos aqui apresentados é do autor do presente trabalho. Veja-se,<br />
a este respeito, gouvêa e Lima (2010).<br />
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