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o silêncio das sereias: tempo, direito e violência ... - Domínio Público

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industrialização, não levaram ao almejado mundo utópico em que as máquinas trabalhariam<br />

para os homens. Mas, em sentido oposto, o que se observou foi a intensificação da<br />

exploração, a polarização <strong>das</strong> classes econômicas e o espraiar <strong>das</strong> ideologias do sistema<br />

capitalista de produção para to<strong>das</strong> as esferas da vida.<br />

Leide Turini traça a seguinte observação sobre Benjamin e Thompson:<br />

[...] nesses autores há uma ruptura com as verdades absolutas, com uma perspectiva<br />

mecanicista e abstrata da história e há um convite para recuperarmos a experiência<br />

com o passado, entendendo-o não como „morto incômodo mas necessário‟ do<br />

historicismo, mas como fonte de aprendizagem, de vida, enfim, como utopia que<br />

convida ao „despertar‟ no presente. 102<br />

Os estudos de Benjamin, sobre as questões em pauta, serão discutidos em tópicos<br />

subsequentes. 103 .<br />

3 – Passagens pela modernidade<br />

Agamben, quando realiza sua “Crítica do instante e do contínuo”, afirma que toda<br />

concepção da história sempre se encontra acompanhada de uma experiência do <strong>tempo</strong> que lhe<br />

é implícita, mas que também a condiciona e, por este motivo, ela deve ser explicitada 104 .<br />

Entende-se, de modo complementar à perspectiva de Agamben que não apenas toda<br />

concepção histórica possui uma experiência do <strong>tempo</strong>, mas que cada paradigma possui certa<br />

<strong>tempo</strong>ralidade, implícita e condicionante; e o filósofo que, em grande medida cumpriu a<br />

tarefa de trazer à luz a experiência do <strong>tempo</strong> da modernidade foi Benjamin. Por isso, a partir<br />

dos estudos de Benjamin, procurar-se-á enredar o <strong>tempo</strong>, a modernidade e os reflexos que<br />

essas categorias produziram nas relações sociais e nas experiências intersubjetivas.<br />

A modernidade foi concebida como o paradigma que romperia com os paradigmas<br />

anteriores. Assim, como proposta de uma nova cultura, formulou sua experiência do <strong>tempo</strong>,<br />

no sentido de que: “... toda cultura é, primeiramente, uma certa experiência do <strong>tempo</strong>, e uma<br />

nova cultura não é possível sem uma transformação desta experiência. 105 ”.<br />

102<br />

TURINI, L. D. A. “A crítica da história linear e da idéia de progresso: um diálogo com Walter Benjamin e<br />

Edward Thompson.”. Educação e Filosofia, v. 18, p. 93-125, 2004. p. 125.<br />

103<br />

Faz-se importante notar que esse tópico mantém um diálogo direto com o “3.3 – Subjetividade e perda da<br />

experiência.”. Optou-se por estruturá-lo como o último da seção em que as reflexões de Benjamin são<br />

apresenta<strong>das</strong>, pois ele se coloca no desfecho de um pensamento que possui suas especificidades, sua linguagem<br />

própria. Atravessar o capítulo contendo as considerações benjaminianas acerca do trabalho, sem explicações<br />

prévias sobre sua filosofia, não pareceu apropriado, pois poderia levar a interpretações equívocas ou parciais<br />

sobre esse filósofo.<br />

104<br />

AGAMBEN, G. Infância e história: destruição da experiência e origem da história. Belo Horizonte: Editora<br />

UFMG, 2005. p. 111.<br />

105<br />

AGAMBEN, G. Infância e história. p. 111.<br />

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