Prosa - Academia Brasileira de Letras
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Da latinida<strong>de</strong> à lusofonia<br />
como <strong>de</strong> <strong>de</strong>z sílabas métricas, também o são na pronúncia geral do Brasil e, não<br />
sem razão, o saudoso lingüista e filólogo patrício Silvio Elia o consi<strong>de</strong>rava o<br />
primeiro poeta brasileiro.<br />
A um português <strong>de</strong> hoje, os mesmos versos po<strong>de</strong>rão parecer metricamente<br />
mal elaborados, era o que pensava Antônio Feliciano <strong>de</strong> Castilho ao ler Camões<br />
com pronúncia lusitana do século XIX.<br />
Esta i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> relativa entre a observação <strong>de</strong> Fernão <strong>de</strong> Oliveira sobre o<br />
ritmo ca<strong>de</strong>nciado do português do século XVI e a pronúncia normal brasileira,<br />
que evita a síncope das vogais e sugere ao ouvinte uma pronúncia mais lenta,<br />
se explica pelo conservadorismo à língua transplantada; o português do<br />
Brasil não conheceu as mudanças que o português europeu experimentou <strong>de</strong>pois<br />
do século XVI: a intensificação da sílaba tônica que favoreceu a queda <strong>de</strong><br />
vogais átonas; a mudança <strong>de</strong> e fechado a a fechado em contacto com fonema<br />
palatal: beijo bâijo; espelho espâlho; bem bãi (rimando mãe com também).<br />
Chegando ao Brasil em 1500 com nossos <strong>de</strong>scobridores, praticamente só<br />
em 1534 foi introduzida a língua portuguesa com o início efetivo da colonização,<br />
com o regime das capitanias hereditárias. Conclui-se que a língua que chegou<br />
ao Brasil pertence à fase <strong>de</strong> transição entre a arcaica e a mo<strong>de</strong>rna, já alicerçada<br />
literariamente.<br />
Expansão da língua portuguesa e o Brasil<br />
No Brasil <strong>de</strong>ssa época encontraram os <strong>de</strong>scobridores e colonizadores portugueses<br />
uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> falares indígenas, no cômputo aproximado <strong>de</strong> 300,<br />
hoje reduzidos a cerca <strong>de</strong> 170, na opinião <strong>de</strong> um dos seus mais categorizados<br />
conhecedores, Aryon Dall’Igna Rodrigues. Gran<strong>de</strong> extensão territorial da<br />
nova terra era ocupada pela família Tupi-Guarani, que apresentava pouca diferenciação<br />
nas línguas que a integram.<br />
Veio <strong>de</strong>pois a contribuição das línguas africanas em suas duas principais<br />
correntes para o Brasil: ao Norte, <strong>de</strong> procedência sudanesa, e ao Sul, <strong>de</strong> procedência<br />
banto; temos, assim, no Norte, na Bahia, a língua nagô ou iorubá; no<br />
Sul, no Rio <strong>de</strong> Janeiro e Minas Gerais, o quimbundo.<br />
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