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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Linhares Filho<br />

ma vertida / durante um funeral / ou uma banana // tudo é real no mundo”.<br />

E, assim, a realida<strong>de</strong> concebida pela visão poética, como a do presente poema,<br />

chega a marcar-se pela espera da novida<strong>de</strong>, talvez da transformação, como a<br />

<strong>de</strong>scrita nos versos terminais do poema, segundo os quais o mundo “vive sempre<br />

à espera / <strong>de</strong> uma aurora boreal.”<br />

No presente livro, Lêdo Ivo sugere pren<strong>de</strong>r-se, em várias composições, à idéia<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida da vida, como que conscientizando encontrar-se na “Estação Final”<br />

(p. 1035), título <strong>de</strong> poema cujo significado dialoga com o do livro Estação<br />

Central (pp. 433-521), volume que registra uma quadra intermediária da vida do<br />

autor, com poemas <strong>de</strong> preocupações sociais, panoramas <strong>de</strong> viagens e com o nascimento<br />

<strong>de</strong> um filho, ocorrência focalizada na parte “Chegamento do Varão”<br />

(pp. 483-521). “Estação Final” apresenta um recorte subjetivo da realida<strong>de</strong>, vista<br />

através do signo do silêncio, palavra repetida anaforicamente, em várias frases<br />

con<strong>de</strong>nsadas, mercê da elipse verbal, até a frase última e <strong>de</strong>finitiva, o verso conclusivo,<br />

que mo<strong>de</strong>la a morte: “o silêncio dos lábios calados para sempre.”<br />

Não só nesse poema, mas ainda em outros <strong>de</strong> Plenilúnio, como já afirmamos,<br />

o poeta vislumbra o fim próximo. Destarte, várias vezes se encontra em meditações<br />

sobre o contraste entre a exuberância da vida a seu redor, representada<br />

pelo “esplendor <strong>de</strong>sperdiçado” (p. 1037) e a verificação da “batalha perdida”.<br />

(Ibi<strong>de</strong>m)<br />

A recorrência ao silêncio e o Leitmotiv da “estação” aparecem ainda no “Soneto<br />

Injurioso” (p. 1041), em que até com palavrão (“velha puta escrota”) se<br />

refere à morte:<br />

O silêncio suce<strong>de</strong> ao barulho infernal.<br />

Assim será a morte, assim será o dia<br />

em que a morte virá, fria como uma jia,<br />

trem que pára afinal na estação terminal. (Ibi<strong>de</strong>m)<br />

Em “Água Fria” (p. 1042), a frieza apaga o próprio fogo do amor, porque<br />

“Assim é a morte. / A água fria apaga / O fogo que ardia.” (Ibi<strong>de</strong>m) Enquan-<br />

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