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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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so que nada tem a ver com o enquadramento nas aca<strong>de</strong>mias e universida<strong>de</strong>s. A<br />

vocação é o <strong>de</strong>stino, ninguém a escolhe. Mas o exercício da vocação é livre, imprevisível,<br />

profundamente original.<br />

Na lição <strong>de</strong> Ortega lemos: “A vida é uma trajetória individual que o homem<br />

tem que escolher para ser. Mas as carreiras são trajetórias genéricas e esquemáticas:<br />

quando se escolhe uma por vocação, o indivíduo adverte muito bem que,<br />

não obstante, esta trajetória não coinci<strong>de</strong> com a linha exata da vida que seria, a<br />

rigor, sua precisa e individual vocação. Sem dúvida, quer ser médico, mas <strong>de</strong><br />

um modo especial em que se incluem muitos outros fazeres vitais que nada<br />

têm a ver com a medicina e sua prática. Isto nos permite aperfeiçoar a idéia anteriormente<br />

emitida sobre a vocação. A rigor, é uma abstração dizer que se tem<br />

vocação para uma carreira. A vocação estrita do homem é uma vocação para uma vida<br />

concretíssima, individualíssima e integral, não para os esquemas sociais que são as carreiras,<br />

as quais, entre outras coisas, <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> fora muitas or<strong>de</strong>ns da vida sem pre<strong>de</strong>terminá-las.”<br />

8<br />

Conclusão<br />

VII<br />

A pergunta pelo sentido da vida, em seu alcance abstrato e in<strong>de</strong>terminado,<br />

que <strong>de</strong>sorienta o espírito, vai ganhando mais niti<strong>de</strong>z à medida que restringe<br />

sua extensão. Não se trata da “vida” em geral, nem da vida biológica ou na linha<br />

da teoria da evolução, e sim da vida humana, da vida biográfica. E <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong>sta, o que se tem em vista é a vida <strong>de</strong> cada qual, a minha vida. A minha vida é<br />

a única que guarda compenetração e transparência consigo mesma. Indagar<br />

pelo sentido da vida significa, rigorosamente, perguntar pelo sentido da minha<br />

vida. É no âmbito da minha vida que encontro todas as <strong>de</strong>mais realida<strong>de</strong>s; por<br />

isso minha vida é a realida<strong>de</strong> radical; nela tem assento tudo o que eu encontro<br />

ou posso encontrar à minha volta.<br />

8 ORTEGA Y GASSET, “Sobre las carreras”, OC, V, pp. 171-2.<br />

O sentido da vida<br />

81

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